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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica


Instituto Federal Catarinense - Campus Brusque
Curso Técnico Subsequente em Cervejaria

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


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CLEAN IN PLACE (C.I.P): Uma proposta sustentável para nano e micro


cervejarias
CLEAN IN PLACE (C.I.P): a sustainable proposal for nano and micro brewery´s

Autores: João Luís CARDOSO1


Romulo dos Santos RAIOL2
Orientador: Prof. Rossano LINASSI

Resumo: O CIP - Clean In PLace busca promover a limpeza, higiene e sanitização de


forma sustentável, e tem como objetivo reduzir o impacto ambiental e prevenir a saúde
dos colaboradores, não se utilizando de nenhum agente químico como soda cáustica,
ácidos ou qualquer outro, desta forma não transmitindo contaminantes para o produto
final, a cerveja. Este artigo visa demonstrar que é possível realizar o CIP apenas com
água, detergente neutro, álcool 70° e equipamento adequado, como a bomba CIP de
alta pressão. Este método já é utilizado por diversos cervejeiros caseiros e artesanais,
vem sendo utilizado e testado a mais de 2 anos na cervejaria artesanal Peregrinus
(objeto deste estudo), sendo produzidos ao todo, cerca de 9 mil litros de cervejas,
utilizando uma cozinha de 250 litros e um tanque fermentador de 500 Litros, os quais
serviram de meio para demonstrar a utilização do CIP sustentável.

Palavras-chave: CIP-Clean In Place. Meio Ambiente e Saúde. Colaboradores.

Abstract: CIP - Clean In Place seeks to promote cleaning, hygiene and sanitization in a
sustainable way, and aims to reduce the environmental impact and prevent the health of
employees, not using any chemical agent such as caustic soda, acids or any other, in this
case of way without transmitting contaminants to the final product, beer. This article aims
to demonstrate that it is possible to perform CIP with just water, neutral detergent, 70°
alcohol and appropriate equipment, such as a high-pressure CIP pump. This method is
already used by several home and craft brewers, and has been used and tested for more
than 2 years at the Peregrinus craft brewery (object of this study), with a total of around
9 thousand liters of beer being produced, using a kitchen of 250 liters and a 500 liter
fermenter tank, which served as a means of demonstrating the use of sustainable CIP.

Keywords: CIP-Clean In Place. Environment and Health. Employees.

1
Discente do Curso Técnico de Cervejaria - IFC Campus Brusque
2
Discente do Curso Técnico de Cervejaria - IFC Campus Brusque
Introdução

A produção cervejeira cumpre etapas bem definidas, sendo estas conhecidas


como: moagem, brassagem, fermentação, maturação e, por fim, o envase. Toda a
produção de cerveja também emprega um procedimento chamado Clean In Place
(C.I.P), o qual, caracteriza-se como a limpeza, higienização e sanitização dos
equipamentos cervejeiros utilizados para a produção (Biosan, 2022).
Dessa forma, o presente estudo tem como Objetivo Geral realizar a comparação
entre uma proposta de CIP sustentável e o CIP tradicional. Para tal, buscou-se descrever
o impacto ambiental do CIP sustentável; comparar os custos e o impacto ambiental entre
os dois métodos de CIP e verificar a eficiência dos dois métodos de CIP.
Ainda que este estudo tenha, como afirmado anteriormente, seu foco no CIP, para
melhor compreensão, faz-se necessário um breve detalhamento do processo de
produção como um todo. Assim a primeira etapa é a moagem, que trata os grãos para a
produção.
A moagem do malte tem como objetivo quebrar e expor seus conteúdos. Existem
dois tipos básicos de moagem: com rolos ou em moinhos do tipo martelo. A
diferença básica é que na moagem com rolos a casca é preservada, enquanto o
moinho do tipo de martelo reduz o malte praticamente em pó. Essa diferença
exerce influência no tipo de filtração A desintegração total da parte interna do
grão (endosperma) é importante para que a ação enzimática atinja todos os
elementos que o constituem. O malte moído logo se deteriora, não pode ser
estocado por longo tempo (Morgado, 2017, p.130).

Já a mosturação, segunda etapa do processo, tem como objetivo misturar o grão


moído com uma quantidade específica de água, a partir de uma temperatura pré definida,
com o objetivo de extrair os açúcares necessários para a produção cervejeira. Em
seguida tem-se a fermentação que, conforme Morado (2017, p. 134) “[...] consiste
basicamente na transformação, pela levedura, de açúcares em gás carbônicos (CO2) e
etanol (C2H6O)”. Em seguida, na etapa da maturação, constituída como uma forma de
amadurecimento, tem-se um desenvolvimento da formação dos processos de aroma e
sabor, os quais irão trazer suas características à cerveja. Ainda, para a clarificação da
cerveja, a maturação é feita com temperaturas entre 3 e 0 graus Celsius.
Para finalizar o processo, a fase de envase, que consiste no armazenamento da
cerveja, sendo este adequado conforme a necessidade ou as características do produto
em questão, os quais, em geral são realizados utilizando-se garrafas, latas e barris de
inox ou PET, despachados ao setor de logística ou de entrega, para saída do espaço
fabril.
De acordo com as etapas apresentadas, o uso de produtos químicos de higiene
e sanitização comumente acontece após as etapas de mostura, fermentação e envase,
que deixam sujidades e resíduos no equipamento. Dessa forma, podem ser utilizados
vários produtos químicos distintos, como por exemplo: detergentes alcalinos (soda
cáustica) - para desincrustar sujidades, e o ácido peracético, usado para desinfecção
(Biosan, 2022). Todavia estes agentes podem ser substituídos por produtos menos
agressivos ao ser humano e a natureza, favorecendo o processo de limpeza para uma
abordagem mais sustentável. Desta forma, o presente estudo busca propor um método
que pode ser mais adequado em produções de menor escala e atender a demanda de
nano e micro cervejarias sem agredir o meio ambiente (Fagundes, 2021).

Clean in Place (CIP): o processo de limpeza e sanitização em cervejarias

Nas indústrias de alimentos e cervejarias é frequente o uso do processo Clean in


Place (CIP), sendo este um sistema automático no qual os equipamentos e tubulações
são higienizados sem desmontagem. Para se ter ideia do processo, normalmente é
realizado um pré-enxague com água à temperatura de 38ºC a 46°C, para a remoção de
resíduos grossos, seguido pela circulação de solução alcalina à temperatura de 80°C,
enxague para a remoção do alcalino, circulação da solução ácida e novo enxágue (Forni,
2007).
A lavagem alcalina é realizada geralmente com hidróxido de sódio e a ácida, com
ácido nítrico ou fosfórico, produtos originalmente selecionados pela habilidade de
remover resíduos orgânicos (proteínas e lipídeos) e inorgânicos (fosfatos de cálcio e
outros minerais), respectivamente. Assim, para melhorar o controle da contaminação
microbiana, o sistema de CIP deve ser complementado com sanitizantes. Por meio de
circulação dessas soluções, podem ser higienizadas tubulações, válvulas, bombas,
centrífugas, pasteurizadores, evaporadores, etc. (Menezes, 2018).
Dentre os principais fatores que podem contribuir para a contaminação da cerveja,
estão a falta de higienização e sanitização de todo o equipamentos como panelas,
tubulações, válvulas, mangueiras e fermentadores na hora de produzir, como também
em garrafas, latas e barris na hora do envase. Neste contexto, a limpeza adequada é
fundamental para que não haja problemas futuros na cerveja acabada. Além disso, a
contaminação microbiológica não se resume somente nos equipamentos em si, mas
também em algumas matérias-primas (Forni, 2007).
A água utilizada na produção da cerveja deve ser potável e livre de qualquer
microrganismos contaminantes e/ou patogênicos, cloro, metais pesados e apresentando
pH ideal. O lúpulo é bastante conhecido por inibir a proliferação das bactérias na cerveja,
em razão disso, é famoso por conta do seu efeito bactericida. Quando relacionamos o
lúpulo com a contaminação não estamos falando da matéria prima, mas sim da técnica
de lupulagem chamada dry hopping, que é basicamente adicionar lúpulos na fase fria do
processo (durante a fermentação ou maturação). Quando o processo é feito de maneira
inadequada pode apresentar sabor e aspectos diferentes no padrão desejado da cerveja,
gerando defeitos que são chamados de off-flavors.
A levedura é a fonte mais comum de contaminação bacteriana no processo de
fabricação de cerveja e é a manipulação das leveduras a que pode transferir
contaminantes de fermentação em fermentação, especialmente no caso de reúso do
fermento, sem o devido controle de qualidade. Qualquer contaminação microbiana no
starter ou na biomassa utilizada, pode gerar problemas no produto final e, em muitos
casos, a única saída é o descarte de todo lote produzido (Menezes, 2018, p. 242).
Outro fator que pode ser responsável pela contaminação da cerveja em uma
cervejaria é o ambiente, deve-se ter bastante cuidado com o local onde é produzida e
envasada a cerveja, e também nas demais áreas da fábrica, porque correntes de ar
propiciam o carreamento de microrganismos contaminantes para várias áreas da
cervejaria.

Agentes contaminantes: como evitá-los?

Existem dois grandes grupos de microrganismos responsáveis pela contaminação


do mosto e da cerveja que são as bactérias e as leveduras selvagens. As mais
conhecidas como deteriorantes são as do tipo Gram-positivas, especialmente a do
gênero lactobacillus e pediococcus, que são bactérias ácido-láticas. Esses
microrganismos são responsáveis por 50% a 90% das contaminações da cerveja (Silva,
2017).
Os lactobacillus são bacilos em forma de bastões, a mais conhecida é a
lactobacillus L. brevis que é heterofermentativa, ou seja, produz álcool e ácido lático a
partir dos açúcares, e a segunda mais comum é a lactobacillus L. lindneri que produz
forte acidificação da cerveja, mas que não produz diacetil (Silva, 2017).
As bactérias pediococcus são homofermentativas, que significa transformar a
glicose para produzir apenas ácido lático. Esse microrganismo é responsável por
produzir principalmente o subproduto diacetil e favorecer a turbidez. A pediococcus da
espécie damnosus é a mais frequentemente encontrada na cerveja, uma das
características da bactéria pediococcus damnosus é ser resistente ao lúpulo e ocorrer
durante a fase final da fermentação (Silva, 2017).
As leveduras selvagens são classificadas como não-saccharomyces e
saccharomyces selvagens. Segundo Menezes (2018, p. 253) “o crescimento de
leveduras selvagens podem levar a defeitos importantes nas cervejas, como formação
de compostos fenólicos, ésteres, acidez e turbidez”. Toda levedura selvagens irá
prejudicar a cerveja, mas a presença dela é, normalmente, consequência de um
problema sanitário da fábrica. Cabe destacar que algumas cervejas, principalmente da
escola Belga, se utilizam de leveduras selvagens para produção de alguns estilos de
cerveja, neste caso, sendo utilizadas de maneira proposital pelas cervejarias.
Um controle rígido da deterioração microbiana nas cervejas é primordial para que
haja a eliminação dos pontos de contaminação existentes na fábrica. Algumas técnicas
são utilizadas para inibir ou diminuir a contaminação, através da análise para determinar
baixos números de organismo contaminantes como microscopia, cultura e análise de
ATP.

Neste sentido, para melhor compreensão do processo, exemplifica-se aqui o


emprego de estratégias convencionais de controle das indústrias de bebidas: 1) A
utilização de temperaturas elevadas para a extinção de microrganismo; 2) Equipamentos
e projetos adequado na produção, isso inclui materiais e o desenho da cervejaria onde
se evitem “pontos mortos”; 3) Uma divisão adequada das áreas físicas da fábrica, para
evitar a circulação de microrganismos; 4) Aplicação de um sistema de envase onde se
tenha um sistema de assepsia para evitar contaminações.

Metodologia e Procedimentos

A metodologia escolhida é uma pesquisa aplicada, exploratória e qualitativa.


Nesse contexto, buscou-se utilizar a ferramenta de comparação de tempo de realização
da limpeza e produtos químicos utilizados no processo. O presente estudo visa
apresentar ao cervejeiro uma proposta que contribua como opção para o processo de
CIP e desenvolva aptidões que contribuam especialmente ao cervejeiro de pequeno
porte.
Nesta perspectiva, o presente estudo se estabeleceu a partir da prática em si, pois
foram testados os diferentes métodos pelos autores deste trabalho. Assim, busca-se aqui
apresentar o processo de CIP regular, que foi realizado entre os dias 05/03/2023 e
15/07/2023 no laboratório de produção de cerveja do IFC.
Já o processo de C.I.P. sustentável, foi realizado durante 02 (dois) anos (2020 a
2022) sempre após a fermentação final e envase da cerveja e início de uma nova
brassagem, e durante as 4 (quatro) estações do ano, geralmente durante o dia.

C.I.P. (Clean In PLace ) de forma sustentável para nano e micro cervejarias

O CIP de forma sustentável consiste em um método que evita o uso de produtos


químicos como soda cáustica, ácido peracético e outros produtos abrasivos e nocivos
para pessoal envolvido na fabricação, ao meio ambiente e claro ao nosso produto final a
cerveja. Neste método, os materiais utilizados são detergente neutro biodegradável,
álcool 70° e água à temperatura entre 90 e 95 graus centígrados.
A pesquisa realizada para o TCC dos alunos Sorgetz et al. (2021), realizado com
cervejeiros caseiros, demonstrou que o sanitizante mais utilizado pelos cervejeiros era o
Álcool 70°. Sendo assim, pode-se observar que o mesmo é tão eficiente quanto ácido
peracético, e que o ácido pode ser substituído sem problema algum pelo álcool 70°, Tal
resultado pode ser explicado devido à facilidade de manuseio, alta estabilidade e baixa
toxicidade do etanol, que muitas vezes é utilizado também como antisséptico, deixando
assim nosso líquido precioso mais puro possível.
Na metodologia adotada, será abordado uma proposta de higienização e de
sanitização no processo CIP para nanos e micros cervejarias artesanais, buscando
ganhos econômicos e redução de custo com produtos químicos, promovendo maior
segurança operacional humana e ambiental. O CIP foi realizado na cervejaria
Peregrinus, no município de Itajaí - SC, na cozinha com capacidade para 250 litros e no
fermentador com capacidade total de 500 litros entre os anos de 2020 a 2022. Abaixo é
apresentado o quadro 1, que compara o método tradicional e o CIP sustentável.
Quadro 1: Comparativo entre o CIP tradicional e Sustentável
CIP tradicional CIP Sustentável
Usa agente como soda na sua limpeza o que Não utiliza agentes químicos tais como soda e
exige um cuidados na dosagem e cuidados com ácidos.
seu manuseios
É usado Ácido Peracético para a sanitização de Após a limpeza é utilizado Álcool 70 para a
todos os mecanismos do processo de sanitização de todos os mecanismos do
fabricação antes de uma brassagem. processo de fabricação antes de uma
brassagem
Preocupação com o descarte dos recipientes Não precisa se preocupar com descarte dos
pois os mesmos podem parar em rios ou recipientes usados no processo
efluentes
Pode causar danos a saúde, queimaduras e Não causa qualquer dano a saúde dos
outras moléstias pelo contato com agentes de colaboradores, por contato com produtos
limpeza e sanitização tradicional como soda ou utilizados no CIP
ácidos usados no processo
O descarte deve seguir o recomendado por É possível descartar seus dejetos após a
cada município e de acordo com a leis locais, limpeza em esgoto ou caixa de gordura padrão
podendo ou não ser colocado na rede coletora residencial pois não haverá nenhum risco de
com ou sem tratamento agressão ao meio ambiente
Higienização de forma rápida e imediata (menos 12 a 24 horas para a realização do processo,
de 3 horas) pois o mesmo exige um tempo para que os
resíduos que ficam nas paredes do mecanismo
utilizado fiquem em contato com água e
detergente
Vários agentes químicos como Soda cáustica e É possível agregar um valor maior ao produto
ácidos, o que requer cuidados de manuseio final. Pois podemos assegurar que o produto
tanto com descartes ao meio ambiente e não gera qualquer dano ao meio ambiente ou
intoxicação dos colaboradores no processo e aos seus colaboradores.
com contaminação do produto final.
Método eficiente e comprovado, utilizado em Vem se mostrando promissor e eficiente dentre
várias cervejarias por muitos anos os cervejeiros caseiro e de uma nanocervejaria
com produção mensal de 1500 litros mês por 2
anos sendo que nunca houve qualquer tipo de
contaminação seja química ou por bactérias,
causados por higiene e/ou limpeza mal feita
Fonte: os Autores, 2023.

Nesta perspectiva, pode-se observar, a partir do Quadro 1, as diferentes formas


dos processos de CIP tradicional e CIP sustentável, visando assim, compreender as
diferentes propostas aqui apresentadas. Ainda, para desenvolvimento mais adequado,
apresenta-se o caminho realizado para tal processo.

Resultados e Discussões

O processo começa com a limpeza e higienização dos equipamentos: tanque,


bomba CIP, mangueiras e sistema de trasfega, logo após o tanque de fermentação ser
baixado (esvaziado) como pode-se observar nas Figuras 1, 2 e 3.
Figura 1: Início do processo de limpeza, inspeção e início de higienização do tanque.
Fonte: Autores (2022)

Nesse processo foi utilizado apenas água corrente, uma bucha de limpeza lisa e
detergente neutro, com esse processo inicial removemos o resíduo aparente deixado
pela fermentação da cerveja. O processo em si não exige nenhum cuidado especial com
descarte de material líquido no meio ambiente e também não traz nenhum risco para a
saúde do colaborador que o realiza.
Na Figura 2, pode-se observar o início do processo de esgotamento e descarte de
efluentes. O processo de esgotamento é necessário para remover as impurezas que
ficam alojadas no interior do fermentador. Já a Figura 3, demonstra o final da primeira
etapa de limpeza.

Figura 2: Esgotamento dos resíduos inicial processo de limpeza e higienização do tanque


Fonte: Autores (2022)
Figura 3: Finalização do processo inicial de limpeza e higienização do tanque.
Fonte: Autores (2022)

Após finalizar o processo de limpeza e higienização, que leva mais ou menos 1


hora, inicia-se o processo de higienização e sanitização do tanque visando remover
todos os possíveis resíduos que possam causar contaminação do produto final.
O processo é feito em um tanque fermentador de 550 litros no qual são
adicionados 530 litros de água e 200 ML de detergente neutro. Assim que o tanque está
cheio, o mesmo é fechado e deixado de molho por no mínimo 12 horas (Figuras 4 e 5).

Figura 4: Detergente neutro comum usado na limpeza do dia a dia.


Fonte: Autores (2022)
Figura 5: Tanque cheio com água e detergente neutro, fechado e deixado de molho de 12 a 18hs
Fonte: Autores (2022)

Após as 12 horas retiram-se aproximadamente 370 litros de água (Figuras 6 e 7)


deixando o restante para recircular por 20 minutos com uma bomba CIP de alta pressão
(Figura 8). Esse processo visa remover qualquer partícula que possa ter ficado aderida
a parede do tanque ou na tubulação, em seguida esvazia-se o tanque.

Figura 6: Processo de esgotamento do tanque (370 litros aproximado da água com detergente)
Fonte: Autores (2022)
Figura 7: Líquido com detergente restante no tanque de fermentação com 150 litros aproximadamente
Fonte: Autores (2022)

Figura 8: Utilização uma bomba CIP de alta pressão


Fonte: Autores (2022)

Com o restante do líquido no tanque de fermentação é feito uma recirculação


pelas mangueiras tubulações e chiller, para a remoção de resíduos sólidos que possam
ter ficado na parede do tanque ou suas tubulações. Após o processo de recirculação da
água com detergente, é enxaguado mais uma vez com água, para a remoção do
detergente que possa ter ficado no tanque, chiller e tubulações.
Finalizado o processo de higienização e limpeza do tanque, inicia o processo de
sanitização do tanque, chiller, panelas e tubulações. O processo inicia com o
aquecimento de água a até 95° C, em seguida é transferido para o tanque. Após sua
trasfega, é iniciado mais uma recirculação de 20 minutos para uma limpeza mais
profunda, eliminando algum resíduo de detergente ou alguma partícula que possa ter
permanecido no tanque. Esse processo também cria uma pressão no tanque entre 1
(um) e 1,5 (um e meio) bar criando um processo de autoclave, praticamente esterilizando
o tanque de fermentação. Finalizando essa parte, a água é armazenada para a limpeza
de barris, extratoras e até garrafas. Após o esvaziamento do tanque e seu resfriamento,
é realizada a borrifação de álcool 70°, finalizando a sanitização, deixando todo
equipamento pronto para receber mais uma brassagem e fermentação (Figura 10).

Figura 10: Processo de água quente


Fonte: Autores (2022)

Nesta perspectiva, a finalização do processo de CIP acaba por deixar os


equipamentos aptos ao próximo processo de produção, fazendo assim com que a
cervejaria, seja ela nano ou micro, possa dinamizar toda a higienização e sanitização de
maneira mais sustentável, barata e adequada.
Considerações Finais

A limpeza e a sanitização são extremamente importantes para a produção de


cervejas, evitando os processos de contaminação. Neste contexto, entende-se que as
grandes cervejarias necessitem de um processo mais invasivo, dadas as questões de
tempo de produção. Contudo, o CIP sustentável é uma importante ferramenta para a
sanitização de produções de menor escala.
Após 2 anos de aplicação em 32 brassagens e aproximadamente 17.000 litros de
cerveja produzidas, utilizando o processo de CIP sustentável (sem uso de soda ou ácidos
nocivos a natureza e aos colaboradores), constatou-se que esse processo foi eficiente,
apesar de requerer um pouco mais de tempo para sua completa aplicação, podendo o
mesmo, ser aprimorado e implementado a cervejarias com maior produtividade,
buscando produzir cervejas ainda melhores e ter um ambiente fabril mais sustentável.
A proposta de fazer o CIP desta forma, tem relação com a sustentabilidade, a
preocupação com o meio ambiente, e até mesmo o pessoal envolvido no processo, que
terá menor contato com agentes nocivos à saúde. Para novos estudos, sugere-se a
utilização do CIP sustentável em outros equipamentos, tais como cozinha e bombas de
transferências, barris e etc e ainda a aplicação de controle laboratorial, buscando
comprovar a eficiência do método, quando comparado ao tradicional.

Referencias

BIOSAN. O que é o clean in place (CIP) e como funciona: sistema clean in place.
Disponível em: https://biosan.net.br/o-que-e-clean-in-place-cip-e-como-funciona/.
Acesso em: 09 nov. 2023.
FAGUNDES, G. Otimização do sistema CIP em micro cervejarias. 2021. 46 f. TCC
Curso Superior em Tecnologia em Alimentos da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – UTFPR – Campus Londrina. Disponível em:
https://riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/27282/1/sistemacipmicrocervejaria.pdf. Acesso
em 12 jun. 2023. 2021.
FORNI, R. Projeto Mecânico de um Sistema de Higienização CIP (Cleaning in
Place). 2007.114 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Mecânica, Escola
Politécnica da Universidade São Paulo, São Paulo, 2007.
MORADO, R. Larousse da cerveja: a história e as curiosidades de uma das bebidas
mais populares do mundo. São Paulo: Alaúde Editorial, 2017.
SILVA, S.A. Contaminantes microbianos no processo de produção de cerveja.
2017. 51 f. Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Pós-graduação em
Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. Disponível em:
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ICBB-BDAN2J/1/monografia especializacao
sibele final.pdf. Acesso em: 14 jul. 2023. 2017.
SORGETZ, D.; SCHOLOSSER, L.H.; RODRIGUES, S.; COUTINHO, T.S. Análise dos
sanitizantes utilizados pelos cervejeiros artesanais. 2021. 14 f. TCC curso técnico
em cervejaria. IFC Campus Brusque. 2021.

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AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a todas as pessoas que estiveram comigo, me


apoiando e me dando suporte durante todos estes anos de formação. Agradeço a todos os
professores, em especial ao meu professor orientador Rossano por toda dedicação e
ensinamento, onde todos deram o seu melhor para garantir a qualidade de ensino. Por fim,
agradeço também à minha família em especial aos filhos Joao Gabriel, Jessica e Pietra (Familia
Cardoso) e minha namorada Jussara Ferreira Baitaca, ao meu companheiro de trabalho de TCC
Romulo, e demais alunos da Turma 2022, por fim um agradecimento especial aos amigos e
sócios e da cervejaria Peregrinus, Roberto Machado e Leandro Andrade, por todo o incentivo,
que foi fundamental para para mim, especialmente nos momentos mais difíceis da formação.

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