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JESUÍTAS BRASIL
Em
INFORMATIVO DOS
JESUÍTAS DO BRASIL
EDIÇÃO 73
ANO 8
JAN/FEV 2021
especial pág. 11
SUMÁRIO EDIÇÃO 73 | ANO 8 | JAN/FEV 2021
6 EDITORIAL
• Fé e Ciência, uma reflexão necessária
12 ESPECIAL
• Fé e ciência: um diálogo necessário
Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ e frutuoso
• A relação entre fé e medicina
7 CALENDÁRIO LITÚRGICO
• Quer saber mais?
4 Em
Em INFORMATIVO DOS
JESUÍTAS DO BRASIL
JESUÍTAS BRASIL
23
www.jesuitasbrasil.org.br
PROMOÇÃO DA JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL
DIRETOR GERAL
• SJMR Brasil lança campanha Pe. Élcio José de Toledo, SJ
“Mais hospitalidade” em Manaus
• SJMR Porto Alegre inaugura novo centro DIRETOR EDITORIAL
Paulo Vicente Moregola
de atendimento
EDITORAS E JORNALISTAS RESPONSÁVEIS
24 EDUCAÇÃO
• O papel da arquitetura na educação inaciana
Ana Claudia Klein (DRT/RS 8741)
Silvia Lenzi (MTB: 16.021)
REDAÇÃO
Ana Claudia Klein
Cristiane Garcia Azevedo
Maria Eugênia Silva
Matheus Kiesling dos Santos
Silvia Lenzi
Wellerson Soares
PODCAST
Vinhetas: Paulo Vicente Moregola
Produção e locução: Maria Eugênia Silva
Edição: Érica Rodrigues
Trilha sonora: Blue Dot Sessions
VÍDEO
Vinheta e Edição: Érica Rodrigues
Produção: Érica Rodrigues;
Maria Eugênia Silva; Wellerson Soares
Trilha sonora: Blue Dot Sessions
JOVEM APRENDIZ
Amanda Neves dos Santos
25 NA PAZ DO SENHOR
• Pe. José Odelso Schneider, SJ
COLABORADORES DA 73ª EDIÇÃO
Ana Ziccardi (Revisão); Ana Paula Nogueira
Campos Ludwig; Bruno Victor; Lilian Saback.
Em 5
EDITORIAL
FÉ E CIÊNCIA,
UMA REFLEXÃO
NECESSÁRIA
Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ radiação atmosférica) e Pierre Teilhard do Brasil participa. Lançada em janeiro,
Provincial do Brasil de Chardin (teólogo, filósofo e paleon- a iniciativa visa incentivar a vacinação
tólogo que desenvolveu uma visão inte- contra o novo coronavírus. Para o pre-
gradora entre ciência e teologia). sidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira
N
esta edição do Em Compa- Em pleno século XXI, o alinhamen- de Azevedo, devemos assumir o com-
nhia, a matéria especial pro- to da fé e da ciência tem se tornado promisso com a verdade e, no momen-
põe uma reflexão sobre fé e ainda mais necessário para a supera- to, a verdade é que vacina é a arma mais
ciência, relação que, para alguns, pode ção dos desafios impostos por pautas eficaz no combate ao vírus. “A vacina,
parecer antagônica. Para a Companhia mundiais urgentes, como o combate à fruto da dedicação de muitos pesquisa-
de Jesus, o saber sempre foi um bem desigualdade social e a preservação do dores, é a esperança para livrar o mun-
precioso e a busca por ele incentivada nosso planeta. Temas presentes tam- do da covid-19”, ressaltou, finalizando
por Inácio de Loyola, desde os primór- bém em duas das quatro Preferências que “vacinar é um ato de amor à sua
dios da Ordem. Ele mesmo, ainda pere- Apostólicas Universais da Companhia vida e ao próximo”.
grino, entendeu que, para ajudar os ou- de Jesus: Colaborar no cuidado da Casa Na mesma data, entidades da Igre-
tros na vida espiritual, precisava suprir Comum e Caminhar com os Pobres. ja Católica* também defenderam a
o atraso em seus estudos. Assim, retor- Nos últimos meses, a concretiza- vacinação e, em nota conjunta, desta-
nou aos bancos escolares para estudar ção desse desafio se deu por meio da caram: “Ciência e fé geram qualidade
gramática latina em Barcelona (Espa- pandemia de covid-19, uma crise que de vida, conhecimento da natureza e
nha) e, posteriormente, Artes (Filosofia engloba questões sanitária, econômi- sentido espiritual à existência. Pela fé,
e Teologia), em Paris (França). ca, social e política. Superar esse mo- descobrimos a origem e a finalidade do
Ao longo da história, vários reli- mento tão triste da humanidade, em universo e da vida e, pela ciência, como
giosos, fundamentais para os avanços que milhares de vidas já foram perdi- funcionam um e outro. Tudo isso im-
da ciência, foram responsáveis por das, exige fé e confiança na ciência para porta pouco se não nos conduz ao es-
descobertas que mudaram o destino da combater, inclusive, a disseminação de sencial: uma civilização na qual o amor
humanidade. Entre esses cientistas, po- fake news, que geram calúnias, divisões seja também uma exigência política e
demos destacar alguns jesuítas: no sé- e são muito prejudiciais à sociedade. nos leve a superar a cultura do indivi-
culo XVII, Matteo Ricci, missionário na Diante desse cenário, todos nós dualismo e da indiferença diante do
China (cientista, geógrafo e cartógrafo) devemos apoiar a Campanha Abrace a sofrimento, da dor e da morte”.
e Cristóvão Clavius (matemático e as- Vacina, (www.abraceavacina.com.br) Que fé e ciência, juntas, nos guiem
trônomo), no século XVII; e, no século promovida pelo Direitos Já! Fórum pela para alcançarmos um mundo mais jus-
XX, temos Theodor Wulf (um dos pri-
.
Democracia e pela Frente pela Vida, da to e fraterno.
meiros físicos a detectar o excesso de qual a Conferência Nacional dos Bispos Boa leitura!
* Nota conjunta assinada por: Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB),
Conferência Nacional dos Institutos Seculares do Brasil (CNISB), Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP),
Comissão Nacional dos Diáconos (CND), Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) e Centro Nacional de Fé e
Política Dom Helder Câmara (CEFEP).
6 Em
calendário litúrgico FEVEREIRO
Próprio da Companhia de Jesus
MARÇO
Em 7
COMPANHIA DE JESUS
† PEREGRINOS EM MISSÃO
A SERVIÇO DE UM
BEM MAIOR
Atual diretor nacional da Rede Mundial de
Oração do Papa e do Movimento Eucarístico
Jovem Brasil (MEJ), padre Eliomar Ribeiro
encontrou na Companhia de Jesus o espaço
Pe. Eliomar Ribeiro, SJ
para fazer o que sempre sonhou: estar a
serviço de um bem maior. Das páginas dos
livros de história para o discernimento da
“vontade de Deus”, encontrou sua vocação.
Em entrevista ao informativo Em Companhia,
o cantor e compositor de 56 anos, filho
Conte-nos um pouco sobre sua história. de Marlino e Eli, nos conta um pouco de
Sou Eliomar Ribeiro de Souza, filho sua trajetória como jesuíta, tendo como
de Marlino e Eli, o mais velho de cinco exemplos missionários São Francisco Xavier
irmãos. Nasci numa primeira sexta-feira,
e o Beato José de Anchieta.
era o dia 1º de janeiro de 1965, na zona
rural de Iúna, sul do Espírito Santo. Minha
família tem raízes indígena e portuguesa.
Com oito anos, fui morar com meus avós
paternos em Guaçuí, onde estudei e traba- sejo e a vontade de Deus. Entrei no Noviciado, em Salvador
lhei. Aí também estive presente na comu- (BA), no dia 10 de fevereiro de 1985, decidido a seguir os
nidade eclesial, nos grupos de jovens e passos missionários de São Francisco Xavier e do Beato José
de teatro. de Anchieta.
8 Em
COMPANHIA DE JESUS
† PEREGRINOS EM MISSÃO
amor: eu descubro, a cada dia, o que quero com Deus; o que vivendo nos últimos anos é valorizar o que
quero fazer da minha vida. A mim, foram confiadas várias a Igreja definiu como “serviço eclesial”, le-
missões nestes anos: acompanhamento vocacional de vando as pessoas a abrirem seus corações
jovens, animação de juventude, formação de liturgia, páro- numa disponibilidade apostólica. No Bra-
co, sócio provincial, superior de comunidade, diretor de sil, temos mais de 2 milhões de membros
casa de retiros e, nos últimos anos, acolhi a missão de dire- nos grupos do Apostolado da Oração. São
tor nacional do Apostolado da Oração e do Movimento Eu- pessoas simples, que todos os dias ofere-
carístico Jovem. Vivo em São Paulo com o coração espalha- cem a vida, rezam com a intenção de ora-
do por todo o Brasil. Tive a oportunidade de visitar 110 ção do Papa, servem às suas comunidades
dioceses para animar a caminhada dos grupos. Estive em eclesiais, estão atentas às necessidades e
Roma (Itália) duas vezes: com jovens, no Centenário do aos apelos sociais de nosso mundo. Trata-
MEJ, e com adultos, nos 175 anos do Apostolado da Oração. -se, portanto, de um serviço missionário
oferecido à humanidade que sofre.
O senhor está há alguns anos à frente do Movi-
mento Eucarístico Jovem. Quais os ensinamentos apre- A música sempre esteve presente
endidos nesse período de maior proximidade com a em sua vida. Como a musicalidade se
juventude? reflete em sua jornada apostólica?
Os jovens sempre me ensinam que vale a pena a aven- A música é um pouco a linguagem da
tura da vida. É a fase da criatividade, do vigor, da esperança alma. Busco escrever o texto, compor a
nas mãos e no coração. Aprendo muito com os vários jo- melodia e cantar o que acredito e vivo.
vens que vou encontrando pela vida. Os jovens do MEJ, que Desde antes de entrar na Companhia, a
são mais de 10 mil nos grupos espalhados em todo o Brasil, música tem sido minha companheira de
vêm nos ensinando que é possível fazer coisas grandes caminhada. Produzi, nestes anos, alguns
com poucos recursos. Há tanta criatividade e desejo de textos e melodias que ajudam na cami-
mudar o mundo. Eles querem “viver ao estilo de Jesus” ten- nhada vocacional e celebrativa da vida
do a vida marcada pela Eucaristia, o Evangelho e a Missão. das comunidades. A última composição,
Sinto que é preciso confiar mais na força dos jovens. É pre- em 2018, foi Caminho do Coração, para
ciso abrir as portas de nossas casas e de nossas institui- cantar o itinerário espiritual que se ofere-
ções, mas é ainda mais importante abrir a porta do coração ce aos membros da Rede Mundial de Ora-
para acolher os jovens e ajudá-los a encontrar sentido para ção do Papa, está gravada no CD Ao Coração
suas vidas e histórias. de Cristo, publicado pela Paulus em parce-
ria com a Sede Nacional do Apostolado da
O senhor é também diretor nacional da Rede Mundial Oração. A experiência mais profunda de
de Oração do Papa. Qual a importância desse Apostolado composição foi a música A morte já não
e como vem sendo trabalhado aqui no Brasil? mata, que compus sob o impacto do mar-
A Rede Mundial de Oração do Papa é o Apostolado da tírio dos jesuítas em El Salvador em 1989.
Oração e o MEJ no Brasil. O Apostolado nasceu com jovens, Nasceram juntas letra e melodia, quase
numa casa de formação jesuíta na França. Oferecer a vida como uma prece lamento em favor da
diária pela missão é o objetivo original. Depois, acrescentou-
-se a devoção ao Coração de Jesus. O processo que estamos .
vida: “do chão regado em sangue a flor
brota mais forte”.
Em 9
O MINISTÉRIO DE UNIDADE NA IGREJA
† SANTA SÉ
A
Jornada Mundial da Juven- nacional que recebeu mais de uma ninguém… Era uma alegria imensa”,
tude (JMJ) de Lisboa 2023 já centena de candidaturas. recordou João Paulo Vaz. “Parti do
tem seu hino oficial: a canção Entre os requisitos para a partici- tema da Jornada do Panamá [“Eis aqui
“Há pressa no ar”, escrita pelo padre pação na competição, o hino oficial a serva do Senhor. Faça-se em mim se-
João Paulo Vaz, com música do profes- deveria se inspirar no lema definido gunda a tua palavra” Lc 1, 38], porque
sor e músico Pedro Ferreira, ambos da pelo Papa Francisco para a JMJ Lisboa achei que devia haver uma ponte com
diocese de Coimbra, em Portugal. Com 2023 e nos objetivos do encontro, a edição de Lisboa. Depois, meditei
arranjos do músico Carlos Garcia, o com foco na evangelização e na cultu- também nos temas propostos pelo
cântico foi apresentado no dia 27 de ra portuguesa. O tema foi gravado em Papa para cada ano da JMJ”, conta. “O
janeiro e tem inspiração no tema da português e recebeu versão interna- tema da edição de Lisboa levou-me a
JMJ Lisboa 2023, “Maria levantou-se a cional em inglês, espanhol, francês rever a minha relação com a Mãe e,
partiu apressadamente (LC1,39)”, que e italiano. portanto, o processo criativo da letra
se desenvolve em torno do ‘sim’ de
Maria e de sua pressa para ir ao encon-
Parceiros em vários projetos musi-
cais, padre João Paulo Vaz e o professor
tornou-se um tempo de oração muito
profundo para mim”, destacou. .
tro da prima Isabel, como relata a pas- e músico Pedro Ferreira, decidiram
sagem da Bíblia. concorrer tão logo que souberam do
O hino é um convite universal concurso. O sacerdote conta que, ao re- Acesse o
para que os jovens identifiquem-se ceber a chamada telefônica informan- QR Code e
com Maria, colocando-se, assim, a do que sua música havia sido selecio- confira
serviço, à missão e à transformação nada como hino da JMJ Lisboa 2023, o vídeo de
do mundo em que vivemos. A letra sentiu-se tomado pela emoção pela li- lançamento
também evoca a festa da JMJ e a ale- gação que tem com o encontro. “Quan-
https://bit.ly/37G2AES
gria centrada na relação com Deus. A do me comunicaram que tínhamos
canção foi escolhida por um júri com- ganhado, estava fora do país. Naquele
posto por profissionais das áreas da dia, já não vi nada. Estava com um gru-
música e das artes, em um concurso po de padres, de amigos, mas já não vi Fontes: Vatican News e JMJ Lisboa 2023
10 Em
COMPANHIA DE JESUS
† JUVENTUDE E VOCAÇÕES
E
ntre os dias 29 de janeiro e 7 de
fevereiro, foi realizada a Experi-
ência Cardoner, na Casa de En-
contros e Retiros Santo Inácio, em
Campinas (SP), uma iniciativa do Eixo
Vocações do Programa MAGIS Brasil. A
atividade reuniu jovens rapazes in-
quietos vocacionalmente, desejosos
por construir o seu projeto de vida para
alcançar o magis, aprofundar o conhe-
cimento sobre a vida de Santo Inácio
de Loyola e aproximar-se da Compa-
nhia de Jesus.
Um dos jovens que tiveram a opor-
tunidade de participar, Guilherme Gu-
tierrez, de Rosana (SP), partilhou que “a
Experiência Cardoner é uma provoca-
ção a avançar nos sentidos da sua vida e
da sua existência, no seu tempo e na Ao se entregar com liberdade nesse caminho, todos “viram Deus em todas
sua história. Na perspectiva vocacio- mergulho interno e partilhar a vida em as coisas e todas as coisas n’Ele”.
nal, para além de questões religiosas, comunidade, Renan de Sousa Teixeira, Ao viver dias tão ricos, preparados
ajuda a gente a problematizar ques- de Fortaleza (CE), avaliou que a Cardo- e oferecidos com tanto zelo e cuidado,
tões da vida e problematizar seu pro- ner é “uma experiência muito constru- Marcos Bueno, de Vargem Grande do
jeto de vida e rezar por ele também”, o tiva de enxergar a Companhia, enxergar Sul (SP), reconheceu que a Experiên-
que ele acredita ser o mais importante os jesuítas de maneira mais próxima, cia Cardoner “traz vivências em co-
nesse processo. de maneira aberta. E, assim, também munidade muito importantes, além
Todo esse percurso se concretizou perceber o que ela traz de beleza por de propiciar momentos de oração, de
com o apoio dos jesuítas e dos noviços meio das experiências dos Exercícios interiorização, de autoconhecimento
admitidos, que colocaram os vocacio- Espirituais, das orações comunitá- e momentos que nos trazem questio-
nados ao lado de Inácio no Rio Cardo- rias[...], mas perceber também esse namentos, inclusive, sobre a nossa
ner e os motivaram a fazer a travessia Cristo que peregrina, que é amigo.” vocação. Faz com que sintamos aque-
do rio da existência, mergulhando nas Além dos momentos intensos de las nossas peculiaridades que coinci-
profundezas da vida, lugar privilegiado espiritualidade inaciana, convivências, dem com características que nós per-
onde Deus se revela. A experiência esportes e lazer, foram apresentadas as cebemos no trabalho da Companhia e
marca o início de um acompanhamen- Preferências Apostólicas Universais e a nos jesuítas. [...] isso dá muita clareza
to vocacional que quer conduzi-los a missão local da Companhia de Jesus, para a tomada de decisão, nos deixa
um processo de expansão. com a construção coletiva de várias re- mais tranquilos, mais seguros para
Partindo do chamado a ser pes- flexões e percepções a respeito de cada escolher qual caminho trilhar”, afir-
soa, com tantas ondas e ventos con- uma. De acordo com os jovens, o ponto mou o jovem.
trários, mas também com brisas e alto da experiência foi a Peregrinação, Nessa travessia, “acompanhar os
correntezas a favor do barco da vida, saindo da Casa Santo Inácio, em Cam- jovens na criação de um futuro cheio
os jovens contemplaram a pessoa de pinas (SP), até o Mosteiro de Itaici, em de esperança” é uma Preferência Apos-
Jesus Cristo, por meio de Inácio, e Indaiatuba (SP). Foram cerca de 33 km tólica da Companhia de Jesus, por
identificaram em sua história muitas percorridos, marcados não só por parti- esse motivo, intensifiquemos nossas
semelhanças com as vivências trazi- lhas de vida, de companheirismo, de orações pelas vocações, a fim de que
das por cada um e, sem dúvida, en- dores, de marcas no corpo, mas tam- muitos se sintam chamados e envia-
.
contraram nele inspiração para conti- bém de muita alegria e superação. Ao dos a inflamar o mundo com a força
nuar a travessia. sentir, ouvir, olhar, cheirar e saborear o do Evangelho.
Em 11
ESPECIAL
FÉ E CIÊNCIA: UM DIÁLOGO
NECESSÁRIO E FRUTUOSO
Refletir sobre a relação entre fé e ciência é de extrema urgência
na atualidade. Complexo, muitas vezes, esse assunto é abordado
apenas pelo viés da oposição, como se os dois temas
fossem antagônicos, medindo forças num eterno cabo de guerra
para ver quem ganha a batalha.
N
a tentativa de responder a al- por caminhos específicos, estarem a
gumas das principais questões serviço da humanidade?
acerca dessa relação, o Em Com- De acordo com o Pe. Anderson Pe-
panhia preparou um conteúdo especial droso, "a ciência e a religião se relacio-
sobre o tema e, nas próximas páginas, nam de maneira paradoxal: ao mesmo
convidou Marcelo Gleiser, físico bra- tempo em que são diferentes, elas se
sileiro radicado nos Estados Unidos, atraem. Em suas origens prática e cien-
Pe. Adelson Araújo dos Santos, jesuíta e tífica, admitiram misturas, hibridis-
professor de Teologia Espiritual na Pon- mos, misticismo, como, por exemplo,
tifícia Universidade Gregoriana (PUG) e no caso dos alquimistas. Porém, com a
Pe. Anderson Antonio Pedroso, jesuíta, emergência da ciência moderna, se es-
professor e vice-reitor da PUC-Rio, para tabeleceu uma relação de oposição em
auxiliar nessa reflexão. que as divergências se tornaram acirra-
Quando nos deparamos com o das. Apesar disso, os conflitos entre re-
tema, algumas das primeiras pergun- ligião e ciência não são, por si mesmos,
tas que nos vêm à mente são: em que negativos. Pelo contrário, podem fazer
medida ciência e religião se relacio- crescer ambos os lados. A questão é
nam? Como elas podem, mesmo que sobre em quais bases se discutem tais
12 Em
ESPECIAL
A CIÊNCIA E A RELIGIÃO SE
RELACIONAM DE MANEIRA PARADOXAL:
AO MESMO TEMPO EM QUE SÃO
DIFERENTES, ELAS SE ATRAEM.
Pe. Anderson Pedroso, SJ
Em 13
ESPECIAL
UMA MAIOR 2020, durante um encontro com um tuoso para ambas” (LS, 62). Nessa luta
APROXIMAÇÃO DA IGREJA grupo de defensores do meio ambien- pela salvação do planeta e da própria
te da França, Francisco afirmou estar humanidade, o Papa defende que deve-
A partir do movimento do Renasci- certo ‘de que a ciência e a fé podem de- mos “construir uma ecologia que nos
mento, a Igreja passou a se preocupar senvolver um diálogo intenso e frutu- permita reparar tudo o que temos des-
com os meios que possibilitam as des- oso’ para mitigar as graves consequên- truído” e, para isso, “nenhum ramo das
cobertas científicas, defendendo que os cias, ‘não somente ambientais, mas ciências e nenhuma forma de sabedo-
processos para essa evolução não de- também sociais e humanas’, que afe- ria pode ser transcurada, nem sequer a
vem ser à custa de vidas humanas. Ao tam a humanidade”, recordou o sacer- sabedoria religiosa com a sua lingua-
mesmo tempo, a Igreja compreende que dote jesuíta. gem própria” (LS, 63).
não tem mais a palavra final na ciência. Outro exemplo marcante é a Lauda- “Em sua visão de ecologia integral
Desse modo, ela busca criar espaços de to Si’, encíclica do Papa Francisco, de presente na Laudato Si’, o Papa Francis-
diálogo, pois entende que o desenvolvi- 2015, na qual a Igreja propõe um novo co afirma várias vezes que tudo está in-
mento científico é preciso, mas, para paradigma para o conceito de ecologia, terligado e conectado, já que vivemos
isso, é necessária a ética da religião. chamando-a de ecologia integral, isto em uma Casa Comum. Creio que essa
Segundo o Pe. Adelson, o Papa é, que tem a ver com toda a vida exis- mesma imagem pode ser usada para
Francisco não tem dúvida da impor- tente no planeta, incluindo a dos pró- mostrar a interconexão das quatro
tância do conhecimento científico prios seres humanos. Recordando que grandes Preferências Apostólicas da
para a construção de um mundo me- toda criação é fruto do amor de Deus, o Companhia de Jesus, indicando que
lhor, com qualidade de vida para to- Papa reafirma o dever sagrado que cabe cada uma delas deve buscar responder,
dos, e que saiba responder aos gran- a nós de sermos guardiões e bons ad- dentro do seu campo específico de atu-
des desafios que a humanidade hoje ministradores dessas obras e criaturas ação, aos desafios impostos pela situa-
enfrenta, como é o caso da pandemia divinas. Em vista disso, ele insiste que ção global e local, quanto à defesa e à
da covid-19 e como são as constantes “a ciência e a religião, que fornecem di- proteção da vida dos mais fracos e mais
agressões à Casa Comum, em espe- ferentes abordagens da realidade, po- vulneráveis, como também da nossa
cial, à Amazônia. “Em setembro de dem entrar num diálogo intenso e fru- Casa Comum”, opinou Pe. Adelson.
14 Em
ESPECIAL
Em 15
ESPECIAL
A RELAÇÃO ENTRE
FÉ E MEDICINA
A
fé e a espiritualidade são fundamentais no dia a dia e se mostram ainda mais
importantes nos momentos de adversidades. No caso das doenças, é por meio
das crenças que muitas pessoas encontram alento diante de tantas incertezas,
tendo esperança em um tratamento eficaz. Para nos
aprofundarmos nesse assunto, conversamos com o médico
e escritor Roque Marcos Savioli, doutor em cardiologia
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(FMUSP), integrante da Sociedade Paulista e Brasileira
de Cardiologia e médico assistente da Unidade de
Cardiogeriatria do Instituto do Coração do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (INCOR – HC FMUSP).
16 Em
ESPECIAL
» Como cardiologista, o senhor já vivenciou situações sional da saúde com o paciente) espiritual
em que a fé foi importante para o sucesso do tratamento que podemos utilizar na consulta médica.
médico? De que forma? Particularmente, utilizo o modelo do Ame-
rican College of Physicians, em que faço as
Na minha vida profissional, quase sempre vivencio a impor-
seguintes perguntas ao paciente:
tância da fé na evolução do tratamento das pessoas. É nítida a
• A fé é importante para a sua vida
relevância de um credo no tratamento das doenças. Claro que,
pessoal? Tem algum tipo de religião
nem sempre, acontece a cura física, mas, sempre, ocorre a espiri-
ou crença?
tual, passaporte necessário para nossa vida eterna.
Publiquei, em 2002, o livro “Milagres que a medicina não
• Acredita que a fé seja importante
na cura da sua doença?
contou”, que, com a graça de Deus, vendeu mais de 500 mil có-
pias. Nele, revelo 13 casos em que a fé, efetivamente, mudou o • Como resolve suas necessidades
rumo da doença. Neste ano, publiquei uma atualização desse espirituais? Frequenta algum tipo
livro, na qual acrescento alguns casos. O título do livro é “20 de reunião, culto ou missa?
anos do Milagres que a medicina não contou” e, nele, conto com • Gostaria que falássemos sobre religião?
detalhes como a Igreja oficializa um milagre de Lourdes. A aplicação dessas perguntas tem sur-
tido efeitos maravilhosos, abrindo, real-
» Existem estudos que comprovem que a fé auxilia no mente, um ponto de contato enorme entre
sucesso do tratamento ? o médico e o paciente. O médico, no entan-
Existe uma enormidade de estudos científicos comprovando to, precisa estar preparado para falar sobre
a importância da fé na saúde. Na última diretriz para prevenção religião, principalmente, pela existência de
das doenças cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardio- várias denominações religiosas. No entan-
logia, há um capítulo mostrando como a espiritualidade pode to, um aspecto deve ser lembrado: o consul-
ajudar no tratamento e no cuidado das enfermidades. tório médico não é um púlpito religioso,
por isso o médico deve sempre respeitar os
conceitos religiosos dos pacientes.
» A fé e a espiritualidade são importantes para uma
boa saúde, auxiliando no bem-estar físico e emocional?
De que maneira?
Existem dois mecanismos: o primeiro são os hábitos de
vida saudáveis que a própria religião promove, lembrando
sempre que nosso corpo é templo do Espírito Santo. Daí vêm os
cuidados que devemos ter como não fumar, manter o peso den-
tro de padrões normais, estar sempre fazendo visitas de pre-
venção a seu médico etc. O segundo mecanismo parece estar
conectado a centros cerebrais que são ativados durante a ora-
ção, que estariam ligados aos promotores da imunidade. Exis-
tem alguns estudos revelando o que chamam de ‘centro da fé’.
Detalho alguns desses estudos no meu livro “Fronteiras da ci-
ência e da fé”.
Em 17
ESPECIAL
18 Em
ESPECIAL
Fé e ciência na
educação
A fim de auxiliar as refle-
xões sobre a relação entre fé
e ciência, convidamos a Ir.
Cláudia Chesini, da Congre-
Conexão: entrevista com Fábio do Prado gação das Irmãs de Santa Ca-
Procurando responder a uma das mais antigas discus- tarina, para este episódio do
sões da humanidade, Fábio do Prado, doutor pelo Instituto podcast do Em Companhia.
Nacional de Pesquisas Espaciais e, na época, reitor da Fun- Refletindo os desafios da educação católica em mos-
dação Educacional Inaciana (FEI), contou ao canal Jesuítas trar aos estudantes que fé e ciência não são excludentes,
Brasil sobre sua experiência na conciliação entre as áreas Ir. Cláudia comenta sobre a perspectiva da formação inte-
de fé e ciência. gral e contextualiza a Lei de Diretrizes
Assista ao vídeo: e Bases e o recente Pacto Educativo
» https://bit.ly/3bcczTu Global, proposto pelo Papa Francisco.
Ouça a entrevista:
» http://bit.ly/3aYiQmI
Os jesuítas e as ciências
Em entrevista concedida para a revista on-line do Institu-
to Humanitas (IHU), o padre jesuíta português Alfredo Dinis
conta sobre a contribuição da Companhia de Jesus para a re-
novação científica da Idade Moderna. Contrariando a ideia de
que o cristianismo e a Companhia de Jesus se opuseram às
inovações e se mantiveram na defesa de tradições herdadas
da Idade Média, Pe. Alfredo fala sobre como Inácio de Loyola
influenciou para que mudanças na concepção do saber fos-
sem possíveis.
A entrevista relata como a ordem religiosa inaciana buscou
harmonizar filosofia, teologia e ciência. Leia aqui:
» http://bit.ly/3d3HxQ8
Em 19
A COMPANHIA DE JESUS NA AMÉRICA LATINA
† CPAL
PRINCÍPIOS DA
ESPIRITUALIDADE
INACIANA QUE
PODEM AJUDAR NO
PÓS-PANDEMIA
Christina Kheng
Consultora da Conferência Jesuíta
da Ásia-Pacífico
O
ano novo é oportunidade para ais na primeira semana. Por isso, mui- movendo-se por suas necessidades e
colocar o coração e a mente em tas de nossas reuniões não começaram atuando concretamente na Encarna-
´modo de reconstrução´, mes- com uma discussão de soluções para a ção. Da mesma forma, podemos seguir
mo que a pandemia não tenha diminu- Igreja e para a sociedade, mas, com esse apelo à missão no pós-pandemia,
ído. Ao enxergar, pelos olhos da fé, o um intercâmbio honesto sobre como evitando os extremos: seja o do heroís-
ano que passou, pode-se dizer que este cada um de nós foi afetado pela pan- mo impulsivo, seja o da inatividade
tempo de pandemia foi um momento demia. Por meio dessa troca, torna- indefesa ou da preocupação excessiva
de graça para a família inaciana: para mo-nos mais conscientes de nós com o cuidado interior de nós mesmos
viver mais plenamente a nossa espi- mesmos e da presença de Deus em ou da Igreja. Além disso, um olhar
ritualidade e até descobrir novos ho- nossa própria vida e nos damos conta demorado e amoroso para a realidade
rizontes surpreendentes pelas suas de que não estamos sós. Essas experi- ajuda a garantir que nossas respostas
possibilidades. Quais são algumas das ências preciosas – se estivermos aber- sejam adaptadas às pessoas, aos luga-
lições que, até agora, pudemos apren- tos a realizá-las – recordam-nos que res e aos tempos. Ela nos ajuda a ver
der com nossas experiências de res- não devemos perder nossa apreciação nossa própria necessidade de conver-
posta à pandemia? da vulnerabilidade, mesmo depois são e sua conexão com os problemas
Em primeiro lugar, a realidade da que a pandemia e o impacto socioeco- atuais da Igreja e da sociedade.
vulnerabilidade dos seres humanos nômico tiverem sido controlados. Junto com esses conhecimentos,
passou ao primeiro plano em muitas Outra ideia importante que temos também temos nos dado conta, em
de nossas reflexões. O que é notável é adquirido neste tempo é o apelo à mis- terceiro lugar, da necessidade de ter
que não se vê a vulnerabilidade, prin- são por meio do discernimento comu- um olhar especial para ver o mundo.
cipalmente, como algo negativo, mas nitário: uma forma que não é, simples- Ler os sinais dos tempos não significa,
como uma graça preciosa. Para refor- mente, uma reação impulsiva às crises, simplesmente, tomar nota do que está
mular uma frase de um filme de famí- mas que começa com um olhar con- sendo informado nas mídias sociais e
lia popular: “nossas feridas são as bre- templativo do mundo e continua com nos meios de comunicação, especial-
chas que deixam entrar a luz”. Na passos pequenos, mas concretos, numa mente, quando há tantas notícias fal-
verdade, a vulnerabilidade reacende a resposta sensata. Aprendemos a per- sas e reportagens tendenciosas com
nossa necessidade de Deus e dos ou- manecer com as perguntas e a sentir- ênfase desproporcional aos aspectos
tros e neutraliza as atitudes pelagianas -nos cômodos com a incerteza. Ao políticos e econômicos da pandemia.
(atitudes humanas que dispensam a mesmo tempo, vimos a necessidade de Um olhar relevante e crítico deriva e
graça divina), insulares e, muitas ve- dar respostas concretas, embora apa- alimenta os nossos valores funda-
zes, autossuficientes em nosso meio rentemente modestas e provisórias, mentais e carisma. Na segunda sema-
tecnocrático. Não é de estranhar que a especialmente por meio da colabora- na dos Exercícios Espirituais, somos
vulnerabilidade dos seres humanos e ção. Nos Exercícios Espirituais, a se- convidados a contemplar a vida de
a misericórdia de Deus sejam os pon- gunda semana oferece uma meditação Cristo procurando ver como Cristo vê.
tos de partida dos Exercícios Espiritu- sobre a Trindade olhando o mundo, Assim, adquirimos uma visão mais
20 Em
A COMPANHIA DE JESUS NA AMÉRICA LATINA
† CPAL
Em 21
COMPANHIA DE JESUS
† CÚRIA GERAL
P
ara valorizar o legado dos santos da comunidade cristã relacionando o
jesuítas, a Cúria Geral inaugurou exemplo de vida desses importantes
uma série de vídeos dedicada à personagens com discussões atuais que
vida desses personagens que marcaram têm pautado a sociedade. Para ele, os
a história da Companhia de Jesus e o santos são pessoas que levaram a espe-
mundo. Intitulada O que os santos jesuí- rança e o amor de Deus para a sociedade
tas podem nos ensinar hoje?, a obra traça de suas épocas, e podem ser modelos de
paralelos com a vida moderna. generosidade para os nossos tempos.
Idealizado pelo jornalista Luca Piro- “As pessoas hoje precisam de exem-
la, integrante do Gabinete de Comunica- plos, precisamos de incentivo em nos-
ção da Cúria Geral Jesuíta, o projeto res- sas vidas. Ela nos apresenta muitos de-
gata o legado de vida e missão de grandes safios, nos ajuda a olhar para trás, para
personagens e os relaciona com temas os santos que nos inspiraram, como São
importantes da atualidade. “Este tem sido um projeto incrível Francisco Xavier, missionário do século
Nomes como São Pedro Claver, que de se trabalhar. […] Sei que, em minha XVI que inspirou tantos jovens a entrar
trabalhou em Cartagena (Colômbia) com própria vida, me beneficiei por ter pes- na Companhia de Jesus, ou São Luís
escravos e pode servir de inspiração so- soas que foram exemplos de como viver Gonzaga, o jovem santo jesuíta que
bre o assunto Vidas negras importam; Ru- uma vida boa. Estamos todos em uma morreu de peste enquanto estendia a
.
tilio Grande, que lutou pelos direitos hu- jornada e cada um de nós precisa de mão abnegadamente para as vítimas da
manos em El Salvador, pode nos guiar na ajuda ao longo do caminho”, declarou doença”, disse Cebollada.
busca pela democracia nos dias de hoje; Luca Pirola, que propôs a ideia pelo fas-
São Luís Gonzaga, que cuidou de vítimas cínio por uma sala na Cúria, em Roma
da peste em Roma (Itália), tem muito a (Itália), que tem as paredes cobertas
dizer em uma época de pandemia; São com retratos de personalidades impor-
Francisco Xavier foi missionário na Ásia tantes da história da Companhia de Je-
e pode ajudar a compreender este mun- sus: de Santo Inácio de Loyola e São
do cada vez mais globalizado; e Santo Francisco Xavier a inúmeros outros
Alberto Hurtado, que dedicou sua vida santos jesuítas do século passado.
para apoiar os pobres do Chile, pode au- O Postulador Geral da Companhia,
xiliar a entender como enfrentar a crise Pe. Pascual Cebollada, ressalta a impor-
econômica e social. tância que o trabalho trará para a vida
22 Em
COMPANHIA DE JESUS
† PROMOÇÃO DA JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL
O
agravamento da pandemia de tensificou a arrecadação e a distribui-
covid-19 no estado do Amazo- ção de alimentos para migrantes, mas
nas vem provocando impac- a procura por apoio como pagamento
tos sociais, econômicos e políticos. Na de aluguel, alimentos e outros itens de
cidade de Manaus, o colapso do siste- higiene pessoal e limpeza continua
ma de saúde afetou a vida de milhares crescente. “O SJMR tem acompanhan-
de pessoas, inclusive, de famílias mi- do de perto todo o agravamento da
grantes e refugiadas que foram direta- pandemia no Amazonas e estamos
mente atingidas e necessitam de ajuda solidários e comprometidos em inten-
humanitária urgente. sificar nossa assistência emergencial.
Para somar esforços às iniciativas e refugiadas que se encontram em Portanto, a campanha Mais hospitali-
de assistência humanitária emergen- situação de extrema vulnerabilidade. dade incentiva a um gesto de solida-
cial na capital amazonense, o Serviço O objetivo é angariar, aproximadamen- riedade, como forma de socorrer ur-
Jesuíta a Migrantes e Refugiados Brasil te, 46 mil reais para comprar cerca de gentemente nossos irmãos mais
(SJMR Brasil) lança a campanha Mais 300 cestas básicas e 300 kits de higiene. vulneráveis, mas alimentar também a
hospitalidade, destinada à arrecadação De acordo com o diretor nacional esperança de tantos migrantes e refu-
de alimentos e kits de higiene pessoal do SJMR Brasil, padre jesuíta Agnaldo giados que sofrem com o desemprego
para ações de socorro imediato às pes-
soas migrantes, solicitantes de refúgio
Júnior, como resposta humanitária, o
centro de atendimento de Manaus in- .
e a crise econômica causada pela pan-
demia”, ressalta.
Fonte: SJMR Brasil
Em 23
COMPANHIA DE JESUS
† EDUCAÇÃO
O PAPEL DA ARQUITETURA
NA EDUCAÇÃO INACIANA
“A
arquitetura sempre foi um mento das pessoas, já que cores, for- canto Manresa recebeu esse nome de-
fundamento para a fé e mas, tipos de mobiliário, ventilação e vido à importância da cidade catalã de
para a missão da Compa- iluminação dos espaços afetam o pro- Manresa (Espanha) na vida de Santo
nhia de Jesus”, afirma Eduardo Zarza, cesso de aprendizagem e de formação Inácio de Loyola. Foi lá que ele desco-
que atua no Colégio dos Jesuítas (MG) de cada um. briu a vocação religiosa e começou a
como arquiteto e como coordenador Entre suas maiores inspirações, escrever os Exercícios Espirituais, em
de Comunicação e Design Institucio- Eduardo Zarza citou a história da Com- 1522, que serviram de fundamento
nal. Responsável pelos projetos Capela panhia e a biografia de Santo Inácio de para a Companhia”, detalhou. Já sobre
do Recanto Manresa e Espaço Nossa Se- Loyola: “Nelas, podemos encontrar o nome do Espaço Nossa Senhora Ima-
nhora Imaculada Conceição, ele acredita muitas lições e momentos inspirado- culada Conceição, o arquiteto ressal-
que a educação jesuíta sempre esteve res”. Quando perguntado sobre a esco- tou que, na fundação do Colégio, no
atrelada a uma formação social, emo- lha dos nomes dos projetos, o arquite- ano de 1956, esse foi o primeiro nome
cional, espiritual e pedagógica. to mencionou o resgate da memória que a instituição recebeu: “Estamos fa-
A Capela do Recanto Manresa, loca- histórica do Colégio dos Jesuítas e da zendo uma tradição viva da nossa his-
lizada em meio à Mata Atlântica, na Companhia de Jesus. “A Capela do Re- tória, considerando-a como um funda-
cidade de Juiz de Fora (MG), é uma mento e uma base para construir
construção octogonal de 80 m². Antes processos novos no futuro”.
da pandemia, sediou celebrações e ati- Eduardo também citou como fonte
vidades formativas para estudantes e de inspiração a encíclica Laudato Si’ e a
educadores, proporcionando momen- definiu como um marco na maneira de
tos de espiritualidade e de aprendiza- ver o mundo e na percepção da respon-
gens reflexivas e transformadoras. A sabilidade social que temos. Para ele,
obra visa inspirar a meditação e o esta- “a inspiração vem de várias correntes,
do contemplativo em seus visitantes. tanto teológicas como filosóficas e
O Espaço Nossa Senhora Imaculada pedagógicas, porque nunca podemos
Conceição, cuja pedra fundamental foi esquecer que, como arquitetos de um
colocada em 25 de janeiro, tem o obje- colégio jesuíta, temos a responsabili-
.
tivo de confirmar o compromisso do Espaço Nossa Senhora Imaculada dade de favorecer como finalidade
Colégio dos Jesuítas com o desenvolvi- Conceição primária a educação”.
mento da consciência sobre a relação
do homem com a natureza. O novo es-
paço terá mais de 5.500m² e abrigará
desde a Educação Infantil, a partir do
Maternal III, até o 2º ano do Ensino
Fundamental.
Eduardo explicou que os projetos
se relacionam com a história da Com-
panhia de Jesus: "Os jesuítas estabele-
ceram conceitos de espaços multifun-
ções. Além de ter uma composição
arquitetônica relativamente simples,
os espaços eram divididos em várias
partes e poderiam ter, por exemplo, um
espaço para o culto a Deus, para o traba-
lho e para a moradia”. Sobre aspectos
emocionais e motivacionais, ele defen-
deu que a arquitetura tem influência
direta no bem-estar e no desenvolvi- Capela do Recanto Manresa
24 Em
NA PAZ DO SENHOR
PE. GERALDO ANTÔNIO
COÊLHO DE ALMEIDA, SJ
Por Pe. Carlos Henrique Müller, SJ
P
adre Geraldo nasceu no municí- Em 1989, trabalhou no Centro Social, veu às eras (pré e pós-conciliares), mas
pio de Brejões, no interior da onde morou. No CAV, atuou também deu-lhes mais senso e sentido. Era res-
Bahia, em 19 de janeiro de 1940, na pastoral da juventude e fez parte peitado pelos pares de sua geração,
filho de Teodulino Ribeiro de Almeida da comissão econômica da Província. bem como pelos 'padres graves', aque-
e de Eulélia Vieira Coêlho. Foi batizado Foi ecônomo do Colégio Antônio Vieira les que, um dia, foram seus mestres-
na mesma cidade, no dia 20 de junho de 1993 a 1996. Assumiu o papel de revi- -escola e alcançaram-lhe também como
daquele ano. sor das Arcas. Esteve na residência Pe. superior. E o respeito obtido entre estes
Ingressou na Companhia de Jesus Arrupe (Cúria Provincial), foi sócio e pelo seu testemunho sério e leve, brin-
em 1962, em 23 de fevereiro, e emitiu os admonitor do Provincial, diretor admi- calhão e profundo, converteu-se ainda
primeiros votos no dia 24 de fevereiro nistrativo do Colégio Antônio Vieira, em admiração, proximidade e carinho
de 1964, em Itaici, Indaiatuba (SP). Seus ecônomo da Província e coordenador para os jesuítas jovens a quem ele sem-
estudos filosóficos foram feitos em da Comissão Vocacional. pre tinha palavras abundantes para edi-
Gallarate (Itália), na Faculdade de Filo- De 2000 a 2009, viveu em Roma ficação e enriquecimento cultural de
.
sofia Aloisianum. Realizou os estudos (Itália), como reitor do Colégio Pio Bra- todos que com ele quisessem gastar
teológicos em São Leopoldo (RS), no sileiro. Voltando ao Brasil, ficou no CAV tempo de qualidade”.
Colégio Máximo Cristo Rei, de 1969 a de 2009 a 2015. Foi superior da Comu-
1972. Foi ordenado presbítero no dia 16 nidade e reitor do Santuário. Colabo-
de dezembro de 1972. Em 14 de agosto rou também na direção espiritual do
UM ERUDITO
de 1977, proferiu os últimos votos e, no Seminário de Alagoinhas e do Arqui-
dia 28 de janeiro de 1987, fez os votos diocesano. De 2016 até sua morte, tra- POPULAR, UM
de professo. balhou em Capim Grosso (BA), na esta-
Grande parte dos ministérios exer- ção Missionária, foi vigário paroquial
HISTORIADOR
cidos pelo Pe. Geraldo, ao longo de sua e diretor espiritual dos Encontros de POETICAMENTE
vida sacerdotal, estão ligados à cidade Casais com Cristo (ECC). Além disso,
de Salvador, na Bahia. De 1973 a 1984, foi presidente da Comissão de História
SENSÍVEL, UM
trabalhou na Cúria Provincial e Centros Inaciana da Bahia (COHIBA). BAIANO UNIVERSAL,
Sociais, coordenou o centro Mangueira, Pe. Roberto Barros, que o conhecia
colaborou nas Paróquias de São Jorge, muito bem, assim se expressa sobre o
UM JESUÍTA QUE,
foi vigário cooperador de Nossa Senho- Pe. Geraldo: “Um erudito popular, um MESMO COM O PESO
ra da Piedade, capelão do Colégio Nossa historiador poeticamente sensível, um
Senhora das Vitórias (Marista) e na pas- baiano universal, um jesuíta que, mes- DOS ANOS, OS ANOS
toral da Juventude, no Colégio Antônio mo com o peso dos anos, os anos não NÃO LHE PESAVAM.”
Vieira (CAV). De 1985 a 1988, trabalhou lhe pesavam. Assim descreveria o Pe.
como sócio do Mestre de Noviços e Geraldo Coêlho de Almeida. Era uma
coordenador da pastoral do Noviciado. dessas almas raras que não só sobrevi- Pe. Roberto Barros, SJ
Em 25
NA PAZ DO SENHOR
PE. JOSÉ ODELSO SCHNEIDER, SJ
Por Pe. Carlos Henrique Müller, SJ
P
adre José Odelso Schneider nas-
ceu em São Pedro da Serra (RS), FOI PELAS MÃOS DE UM PADRE JESUÍTA
em 8 de outubro de 1931. Filho
de Pedro Schneider Sobrinho e Elfrida
QUE, EM 1902, NASCEU O COOPERATIVISMO
Knack Schneider, foi batizado pelo Pe. MODERNO NO BRASIL. E PELAS MÃOS DO
Bley, titular da Paróquia São Pedro.
Ingressou na Companhia de Jesus
PROFESSOR E DOUTOR JOSÉ ODELSO SCHNEIDER,
em 28 de fevereiro de 1958, em Pareci UM ENORME LEGADO FOI CONSTRUÍDO.”
Novo (RS), aos 21 anos de idade. Emitiu
os primeiros votos em 6 de março de Thiago Luiz Schmidt
1960, no Colégio Cristo Rei, em São Leo-
poldo (RS). Depois dos estudos em filo- Além disso, de 1999 a 2011, nos segun- ceu o cooperativismo moderno no Bra-
sofia, sociologia e teologia, foi ordena- dos semestres, ministrava o curso sobre sil. E pelas mãos do professor e doutor
do sacerdote em 8 de abril de 1978, por Cooperativismo na Pontifícia Universi- José Odelso Schneider, um enorme le-
Dom Antônio do Carmo Cheuiche. Pe. dade Gregoriana, em Roma (Itália). gado foi construído. Quantos alunos
Odelso fez a terceira provação nos anos Dedicou-se com muito empenho ao puderam ser tocados por seus conheci-
de 1984 e de 1985, na Vila Kostka, em In- estudo e à propagação do cooperativis- mentos, quantas pessoas tiveram aces-
daiatuba (SP). Um ano depois, proferiu mo, chegando, inclusive, a participar so às suas bibliografias, quantas vidas
os últimos votos. de eventos nacionais e internacionais puderam conviver e aprender com esse
Seu ministério apostólico foi reali- sobre o tema. Padre Peter-Hans Kolven- ser humano de espírito elevado, humil-
zado a maior parte do tempo em São Le- bach, na celebração do jubileu de ouro de, inteligente e sempre bem-humora-
opoldo, onde atuou ao longo de quase de vida religiosa do Pe. Odelso, chamou do. É com pesar que nos despedimos
cinco décadas. Entre as missões exerci- atenção e agradeceu pela dedicação tão dessa grande referência para o coopera-
das, foi professor e pesquisador do Pro- concentrada nesse modo de organiza- tivismo brasileiro, que não poupou es-
grama de Pós-Graduação em Ciências ção, especialmente, no mundo da agri- forços e entusiasmo em prol da educa-
Sociais da Universidade do Vale do Rio cultura e da pecuária. ção e da diminuição das diferenças
dos Sinos (Unisinos); colaborador no Pe. Odelso faleceu em São Leopoldo, sociais. Daqui para frente, não mais
Instituto Humanitas Unisinos (IHU); no dia 21 de dezembro de 2020, com 83 poderemos ter a honra de sua presença
colaborador no Centro de Documenta- anos de idade e 62 anos de Companhia. física, mas suas palavras ecoarão para
ção e Pesquisa (Cedope) da Unisinos; Tiago Luiz Schmidt, presidente do sempre em nossos corações cooperati-
professor na Universidade Federal do conselho de administração do Sistema vistas. Com sentimento de gratidão e
Rio Grande do Sul (UFRGS); assistente de Crédito Cooperativo (Sicredi), por de admiração, reforçamos nosso com-
religioso da Federação dos Círculos ocasião da morte do Pe. Odelso, enviou promisso de honrar a memória do Pe.
Operários, de 1986 até 2009; vigário na
Paróquia Medianeira, em São Leopoldo.
a seguinte mensagem: "Foi pelas mãos
de um padre jesuíta que, em 1902, nas- obra em nossa cooperativa". .
Odelso. Seguiremos semeando a sua
26 Em
JUBILEUS 60 ANOS DE COMPANHIA
Em 23 de fevereiro
25 ANOS DE COMPANHIA
Em 7 de fevereiro
Pe. Theodoro Paulo Severino Peters Ir. Napoleão Nunes de Oliveira
75 ANOS DE COMPANHIA Em 28 de fevereiro Pe. Valério Paulo Sartor
Em 2 de fevereiro Pe. Dionysio Seibel Em 9 de fevereiro
Pe. Leopoldo Adami Pe. Renato Roque Barth Pe. Ponciano Petri
Em 1 de março Em 10 de fevereiro
Pe. Isidro Sallet 50 ANOS DE COMPANHIA Pe. Marco Antonio de Oliveira Santos
Em 24 de fevereiro
Pe. Hildo Inácio Rasch 50 ANOS DE SACERDÓCIO
Em 25 de fevereiro Em 9 de janeiro
Pe. Expedito Miguel do Nascimento Filho Pe. Dionysio Seibel
Em 16 de janeiro
Pe. Matias Martinho Lenz
AGENDA MARÇO
12 A 14 15 A 18
CURSO: CULTIVO DA INTERIORIDADE MINI CURSO: INTRODUÇÃO AO
E A INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL LIVRO DE SALMOS
14 26 A 28
A FORMAÇÃO ESPIRITUAL COMO
CAP ITINERANTE -
MOVIMENTO DO MEDO PARA O AMOR
ETAPA II - 2021
E DA EXCLUSÃO PARA A INCLUSÃO
Serviço Inaciano de Espiritualidade (SIES) Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI)
Local Salvador (BA) Local São Leopoldo (RS)
Facilitador Padre Emmanuel Araújo, SJ Orientador Pe. Raniéri Gonçalves, SJ
Site www.siessalvador.org E-mail cecrei@cecrei.org.br
Tel.: (51) 3081-4200
Em 27