Audiencia 20.11.2023 - Audiencia Realizada

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Legenda
... – pausa, interrupção do discurso ou mudança de tópico
[...] – palavra/trecho incompreensível
(hipótese) – hipótese da palavra/trecho ouvido
[comentário] – comentários do transcritor
(F) – palavra grafada pelo fonema
TESTEMUNHA DA ACUSAÇÃO
CRISÓGNO CONCEIÇÃO CARNEIRO DOS SANTOS
JUIZ: Processo número 0000089-83.2018 desta Comarca De Teofilândia na Bahia,

audiência de instrução e ação penal movida pelo Ministério Público em relação aos
senhores Iran dos Anjos Almeida, Adolfo Cordeiro de Almeida, Alan dos Anjos
Almeida e Willian dos Anjos Almeida, todos aqui presentes e acompanhados dos
seus advogados. Nela é presente o Ministério Público [...] testemunha que se
encontra na sala passiva da Comarca de Valente, senhor Crisógno Conceição
Carneiro dos Santos. Seu Crisógno, bom dia.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Bom dia.
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JUIZ: O senhor vai responder às perguntas que forem feitas, primeiro pelo Ministério
Público, depois pela Defesa. Só para saber, o senhor é parente de algum dos
acusados?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não.
JUIZ: Ok. O senhor, então, aqui está na condição de testemunha, deve dizer a
verdade sobre o que for perguntado. O senhor entendeu?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Certo, ok.
JUIZ: Ok. Doutor Márcio tem a palavra.
PROMOTOR: Bom dia, Crisógno, você me ouve bem?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Bom dia. Ouço sim, doutor.
PROMOTOR: Pronto. Vou começar fazendo algumas perguntas a você. Vou

remontar ao ano de 2016, certo?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Certo.
PROMOTOR: Especificamente ao mês de julho. Qual era a função? O senhor

trabalhava em que, nessa época?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Doutor, eu trabalhava como coordenador da Bahiater,

no território do sisal.
PROMOTOR: Certo. E quais eram as funções exercidas pelo senhor?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Era coordenador. Eu fazia o trabalho de coordenação

de 20 municípios do território de sisal; 20 municípios.
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PROMOTOR: Certo. Nesse trabalho que o senhor fazia, o senhor tinha por
atribuição determinar a distribuição de sementes, de grãos, para os municípios da
região?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Sim, sim.
PROMOTOR: Certo. Você trabalhava, fisicamente, em Serrinha? Era isso?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Exatamente, certo, correto.
PROMOTOR: Pronto. Vamos em relação ao fato aqui agora. O que está sendo
apurado aqui [...] suposto desvio de grãos, de milho, de feijão, ocorrido no dia 07 de
julho de 2016. Grãos esses que teriam saído de Serrinha com destino a Araci, mas
que teriam parado na Fazenda Carrancudo em Teofilândia, certo? Em relação a
esse fato específico, seu Crisógno, o senhor autorizou a saída desses grãos da
cidade de Serrinha?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Sim. Por quê? Esse programa é da SUAF, né? Com
participação da Bahiater, como a gente está na base aqui do território, a gente
recebia essas sementes, já vinha de lá a quantidade exata de sementes para ser
distribuída por cada município, conforme a quantidade de agricultores familiares que
cada município detinha, tá bom?
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Essa semente já vinha direcionada para todos

municípios a quantidade. Araci foi, pegou as sementes, saiu de Serrinha, levou as
sementes. Que o correto é o quê? Levar para um local do município, entendeu?
Para daí fazer essa distribuição desse programa.
PROMOTOR: Certo. Essas sementes, elas vêm armazenadas em sacos, é isso?
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TESTEMUNHA CRISÓGNO: É, armazenadas em sacos específicos, entendeu? Da

própria empresa que vende através de licitação para o Estado.
PROMOTOR: Isso seguia um padrão? Os sacos, eles tinham, eram sacos de 20 kg?
O senhor sabe dizer se existia um padrão ou os sacos variavam? Saco de 50? De
30?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Doutor, os sacos lá são padrões, saco padrão,

entendeu? Porque sendo sacos padrões a gente sabe mais ou menos a quantidade
exata para cada município, sabe? Às vezes, quando tem um pouco a mais, a gente
coloca, em vez de colocar meio saco, coloca um saco; dá um pouco a mais,
entendeu? Das cotas. Mas os sacos são todos padronizados da quantidade ideal
exata.
PROMOTOR: Certo. E esses sacos são de quantos quilos, o senhor sabe dizer? Ou
eram de quantos quilos?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Doutor, eu não me lembro, não me recordo não, eu

não me recordo. Porque cada programa tinha saco de 20 kg, às vezes tinha saco de
50. Na época eu não me lembro, não me recordo. Para ser sincero.
PROMOTOR: Certo, certo. E esses sacos, eles vinham, o senhor já disse aí,
padronizados com estampa do programa, não era isso?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não, do programa não, da empresa que vendeu. Vinha

em nome, vinha assim, da empresa que foi fornecedor do produto, sabe?
PROMOTOR: Perfeito, perfeito.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: [...].
PROMOTOR: Como é que esse saco chegava ao destinatário, o beneficiário final,

que eram os agricultores da zona rural, gente humilde daí da região sisaleira? Como
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é que ele chegava? Era nessa embalagem padrão mesmo, que já distribuía aos
agricultores, era?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Normalmente, nessa parte de distribuição, quem ficava

a cargo era o município, a cargo da Secretaria da Agricultura, para fazer essa
distribuição, tá bom? Porque assim, cada produtor detinha ali, por exemplo, 3 kg do
milho, ou 3 ou 4 kg de feijão. Então lá eles faziam essa triagem e distribuía em
sacos específicos. Deu para entender? É porque eu já acompanhei alguma
distribuição desse ponto. Aí [...].
PROMOTOR: Então o município que determinava? O município determinava: “o

agricultor X vai receber uma carga de 5 kg”, né? Então, se o saco fosse de um
tamanho maior, o município que dividia, repartia e distribuía. Era assim?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Exatamente isso.
PROMOTOR: O senhor já mencionou aí, eu quero adentrar também nesse assunto.

A distribuição era feita para o município. O município, ele armazenava, era comum
ele armazenar isso em propriedades particulares, ou ele tinha um setor, um espaço
público, para armazenamento e distribuição?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Olha, doutor, normalmente, as recomendações, às

vezes, eram o quê? Para levar para o município. Do município, fazer essa
distribuição. Tanto que, nesses conselhos que existem nos municípios, faz parte
algumas entidades, entendeu? Para fazer esse acompanhamento, entendeu? Como
o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e etc. Entendeu?
PROMOTOR: Certo. O senhor era coordenador da Bahiater, não é isso?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Coordenador, exatamente isso.
PROMOTOR: A Bahiater era o que mesmo? Esse nome aí, essa designação [...]?
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TESTEMUNHA CRISÓGNO: Na verdade a Bahiater, porque, antigamente, existia a

EBDA; existia a EBDA, entendeu? E cada território tinha suas gerências, né? Aí,
com essa mudança de governo, a EBDA foi extinta, aí montaram o SETAF. O
SETAF, que nesse SETAF existe dois órgãos: existe o órgão da [...] e o da Bahiater,
em Serrinha. Entendeu?
PROMOTOR: Entendi.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Aí eu era responsável pela coordenação da Bahiater

que faz todo o processo, como se fosse o processo que, antigamente, a EBDA fazia;
mesma coisa. Projetos, divisão de sementes, etc. Programas do Governo do
Estado.
PROMOTOR: Então o senhor não tinha, por função, fiscalizar a efetiva entrega dos
grãos às famílias beneficiárias, aos agricultores?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: De maneira nenhuma. Aí era de cargo da Secretaria

da Agricultura, com a comissão [...] município, para fazer essa distribuição. Minha
obrigação era o quê? Distribuir para os municípios, de acordo com a quantidade
exata, né, que era pertinente a cada município. Lá, a fiscalização era feita pela... eu
acho que era uma comissão.
PROMOTOR: Certo. Seu Crisógno... é Crisógno, né?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Crisógno.
PROMOTOR: Crisógno, quem é que define a quantidade que ia para cada

município, era o senhor?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não, não. Vinha de já da SUAF já a quantidade certa,

conforme a quantidade de agricultores que tinha no município. Deu para entender?
Um exemplo, [...].
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PROMOTOR: Eu só não ouvi aí, o senhor falou: “vinha de lá”, “vinha de lá” eu não
consegui escutar.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não, já tinha determinado de lá de cima da SUAF.
PROMOTOR: Da SUAF.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: A SUAF que determinava, a SUAF determinava. Cada

município, de acordo com a quantidade de agricultores, recebia uma quantidade de
semente. Entendeu? E essa quantidade, eles davam assim, 5 kg para cada
produtor. Mais ou menos assim. Já vem de lá de cima. Eu não tinha autonomia para
definir nada.
PROMOTOR: Certo. O senhor ficava, então, nesse armazém, esse depósito em

Serrinha, e dali fazia a distribuição. Como é que o senhor documentava a
distribuição? Como era? Era assinado? O recebedor dava uma nota de recebido?
Como era isso?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Tinha documentos, tinha documentos, sim, né? Ficava

um documento com o secretário da agricultura, [...] com o documento de
recebimento e uma na Bahiater, no SETAF.
PROMOTOR: Certo. Em relação a esse fato que nós estamos apurando aqui, e
foram cerca, de acordo com a denúncia aqui, 5200 kg de grãos, de sementes de
milho e de feijão, que teriam sido entregues a pessoa de Iran dos Anjos Almeida. Me
conte aí como foi que ocorreu essa distribuição, essa entrega desses grãos, por
favor?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Como é ocorrido? A gente agenda com eles. Eles vão,
leva a caçamba, um caminhão, entendeu? Vai e recebe esses graus. Assina os
termos de compromisso, entendeu? Tira de lá do depósito de Serrinha e é
direcionada para o município.
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PROMOTOR: Certo. E esse especificamente, nesse caso específico aqui, o senhor

lembra com quem o senhor contatou? Quem foi que entrou em contato com o
senhor? A quem o senhor se dirigiu? Esses grãos se dirigiram a que município?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Araci.
PROMOTOR: Araci. Quem foi que o senhor contatou para ir buscar esses grãos?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Se eu me recordo bem, estava o Willian, estava o

Willian. Eu não me lembro se estava iran, mas o Willian estava, porque o Willian era
secretário na época, da agricultura. Eu não lembro se o Iran estava.
PROMOTOR: O Willian era secretário municipal de agricultura de Araci, é isso?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Na época, na época acho que era sim.
PROMOTOR: Pronto. E aí o senhor lembra quem foi buscar? Se ele foi

pessoalmente? Quem foi que ele mandou?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Willian foi. Se não me engano, acho que o Willian foi.
[...].
PROMOTOR: Além do Willian, quem mais foi?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Tinha outras pessoas que eu não recordo o nome,

entendeu? Entendeu como é?
PROMOTOR: Aham. Certo. Houve a formalização de algum documento de entrega,

neste caso em específico?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Houve, houve sim, houve sim. Sempre, tudo o que sai
de lá da Bahiater e vai para distribuição de semente, tem documentos formalizados.
Tem sim.
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PROMOTOR: Certo. E esses grãos, eles teriam como destino a cidade, o município
de Araci?
PROMOTOR: O senhor sabe dizer por que esses grãos foram parar em uma zona
rural, em uma fazenda de nome Fazenda Carrancudo, povoado de Poeira, zona
rural do município de Teofilândia, o senhor sabe esclarecer o por que disso daí?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: [...] não. Não sei, não sei. A partir do momento que sai
do depósito isso daí, que assina os termos de compromisso, de entrega, aí fica a
cargo do município levar os grãos e fazer essa distribuição. Eu não sei. Eu soube
depois. que eu fui ouvido, né, uma vez. Eu soube depois.
PROMOTOR: Certo. O senhor, até então, tomou conhecimento que esses grãos,
eles foram apreendidos nessa fazenda, né?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Eu soube sim. Eu fui ouvido na delegacia, eu fui

ouvido na delegacia de Teofilândia na época.
PROMOTOR: Quando o senhor fez a entrega em Serrinha, lhe falaram que esses
grãos iam para Teofilândia, para essa propriedade rural aí? Essa informação foi
passada para o senhor na entrega?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não, não, não.
PROMOTOR: Não.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: O correto é ir para Araci, era do município de Araci, ele

tem que ir para Araci, eu não estava consciente de nada disso.
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PROMOTOR: Certo, certo. E esses grãos, neste caso específico, também estavam
nessas embalagens padrões, né, como o senhor cita, com emblema, inclusive da
empresa [...]?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: [...].
PROMOTOR: Certo. Seu Crisógno, o senhor já conhecia o Iran, o Alan, o Willian e

Adolfo que estão sendo acusados aqui nesse processo?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: O Iran, eu conheço. O Willian, eu conheço, por já ter

trabalhado em alguns programas sociais, alguns programas do Governo do Estado,
e esse Adolfo eu não conheço, não.
PROMOTOR: Não conhece o Adolfo. Certo. Quer dizer, então, que o conhecimento
que o senhor tem deles é um conhecimento em razão do trabalho que o senhor tem,
não é isso?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Exatamente isso. Eu não tomei conhecimento de nada

desse processo, não, eu sou apenas um gestor do território da distribuição das
sementes, só isso.
PROMOTOR: Quer dizer, então, que quando o senhor entrou em contato com a
pessoa de Araci, foi em razão do trabalho que o senhor já desempenhava e, em
razão desse trabalho, o senhor já conhecer o secretário, não é isso? De agricultura
de Araci?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Exatamente isso. Porque quando a gente assume um

cargo desse, eu entrei em 2015, né, 2015, e saí em 2020. Entendeu? Então a gente
já teve que ter contato com o secretário, que Secretaria de Agricultura, vai até a
agricultura, então [...] contato, fazer esse trabalho, esse processo de assistência
técnica. Entendeu? E até de um modo geral.
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JUIZ: Só um instante aqui, doutor e testemunha, doutora Juliana pediu a palavra.
DOUTORA JULIANA: Boa tarde, Excelência, [...]. Estou ponderando aqui,

Excelência, a inquirição de um fato [...], mas o tom da inquirição está sendo todo o
tempo de afirmativas [...], então gostaria que o Magistrado fizesse o controle aí
dessa inquirição. Porque a todo o tempo a testemunha só está corroborando
afirmações que são feitas por Sua Excelência o Promotor de Justiça. Então seria
interessante que Vossa Excelência reformulasse para que não haja uma sugestão
da testemunha. Notadamente que nós estamos em um fato que dista,
temporalmente, mais de sete anos.
PROMOTOR: Doutora, se a senhora entender que minha pergunta está sendo

afirmativa, a senhora tem que impugnar no momento da formulação da pergunta.
Mas eu não estou fazendo perguntas afirmativas.
JUIZ: Doutor e doutora, eu vou pedir aqui...
PROMOTOR: E muito menos induzindo resposta.
JUIZ: Eu vou pedir a colaboração, tendo em vista que é uma instrução grande, são
muitas testemunhas a serem ouvidas, tem testemunhas em outras Comarcas. Eu
observo aqui o ponto colocado pela doutora que tem alguma procedência, em
alguns casos, mas várias perguntas também, formuladas pelo doutor promotor,
foram de forma franca, aberta, para que a testemunha respondesse. Então, eu vou
pedir que, a medida do possível, o promotor faça a pergunta de forma aberta, para
não trazer nenhum conteúdo que possa direcionar o depoimento. E a doutora
também posso dar alguma margem de liberdade nessas perguntas, para que a
gente não precise ficar interrompendo toda hora. Mas claro, se entender que, em
algum momento, foi excessivo o direcionamento, a doutora tem a palavra para
impugnar, e depois a gente vai ouvir o promotor, e vou analisar a situação se é de
indeferimento ou não da pergunta. Ok? Mas eu peço a colaboração, assim, para que
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a gente possa fazer essa audiência com a maior tranquilidade possível. Doutor
Márcio, tem mais perguntas a testemunha?
PROMOTOR: [...].
JUIZ: Pode ficar à vontade.
PROMOTOR: Se antes desse fato ocorrido, como era a forma de entrega dessas
sementes, desses grãos, em relação ao município de Araci? Se ele contatava a
mesma pessoa que ele contatou nesse fato?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Eu não entendi bem, [...], não entendi bem.
PROMOTOR: Como era o procedimento? Quem o senhor contatava para fazer as

entregas? Era a mesma pessoa que o senhor contatou nessa ocasião aí?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Olha, assim, a gente chega, manda, liga, às vezes,

para o município: “olha, chegou semente”. Pronto, chegou a semente, eles marcam
o dia de ir buscar, providenciam o transporte e vai buscar a semente. Só isso.
Sempre foi assim.
PROMOTOR: É isso, mas eu quero saber a pessoa que o senhor contatava em

relação ao município de Araci. Foi a mesma pessoa que o senhor contatou nessa
vez aí, em julho de 2016?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Para buscar as sementes em 2016?
PROMOTOR: Sim, sim, sim.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: [...] é de acordo, como diz, é de acordo o município.

Nessa época o secretário era o Willian.
PROMOTOR: Sim.
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TESTEMUNHA CRISÓGNO: Entrou em contato com a pessoa, a Secretaria entrou

em contato com ele: “chegou a semente, que dia você pode vir buscar?”. Pronto, aí
eles foram buscar a semente. Entendeu? [...].
PROMOTOR: Certo, certo, certo, entendi. Então era direcionado ao secretário

municipal de agricultura? Era isso [...]?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: É o secretário da agricultura que assinava os termos

de compromissos direitinho, recebia a semente, e aí fazia a distribuição para o
município. Só isso.
PROMOTOR: Tá bom. Sem mais, Excelência.
JUIZ: OK. Doutores, tem alguma preferência de ordem para [...]?
DOUTOR ALBERTO: [...] duas perguntas.
JUIZ: Pode ficar à vontade.
DOUTOR ALBERTO: Olá, bom dia a todos, bom dia, testemunha. O senhor já fez
entrega de sementes, antes, a qualquer um dos réus, para ser distribuído à
população, antes deste fato?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Antes desse fato?
DOUTOR ALBERTO: Sim. Se já foi entregue sementes destino a Araci, entregues

ao Willian, Iran, Alan ou Adolfo?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Já teve sim, algumas vezes, nos anos anteriores,

quando tinha um programa. Sim.
DOUTOR ALBERTO: Certo. Já soube...
TESTEMUNHA CRISÓGNO: [...] anual. Oi?
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DOUTOR ALBERTO: Anual? Pode explicar. O programa era anual, é isso?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Os programas eram anuais, entendeu? Às vezes, tinha

ano que não distribuía, por quê? Porque a quantidade de chuva era insuficiente, às
vezes o governo não tinha recurso disponível, entendeu? Mas sempre, todo ano,
entendeu? Na maioria das vezes que eu participei da Bahiater, entregava semente,
sim, é um programa da SUAF, do Governo do Estado.
DOUTOR ALBERTO: O senhor já soube de algum uso indevido de semente por

parte dos réus? Já chegou para o senhor alguma denúncia referente ao uso indevido
das sementes?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Olha, eu fui ouvido, eu soube disso. Fui ouvido lá na

delegacia de Teofilândia, e falei as mesmas coisas que eu estou falando para vocês
aqui agora, entendeu? [...].
DOUTOR ALBERTO: Eu falo em relação a outras distribuições. Teve, em algum

momento, chegou alguma queixa, alguma reclamação, sobre o uso das sementes lá
no município de Araci?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Distribuição? Como assim? Eu não entendi bem o que

o senhor está querendo referir. Repita de novo aí.
DOUTOR ALBERTO: Tá. Toda vez que era entregue semente em Araci, depois
vinha uma prestação de contas, não era isso? Em relação à entrega das sementes.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Sim, [...]. A prestação de contas era feita por quê? A
prestação de contas era feita pela comissão no município que existia, para fazer
esse levantamento, fazer essa distribuição de acordo à demanda, entendeu? Que já
era direcionada à semente, e aí, daí eles faziam o quê? Distribuíam. Só isso.
Entendeu?
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DOUTOR ALBERTO: Já chegou para o senhor algum questionamento em relação a

essa distribuição? O uso indevido dessas sementes. Alguma vez alguém denunciou,
questionou isso ao senhor? Não?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: O pessoal, não. Eu só fui mesmo intimado em

Teofilândia dessa vez só. Entendeu?
DOUTOR ALBERTO: Ok. Sem mais perguntas.
DOUTORA JULIANA: Bom dia, senhor Crisógno.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Bom dia.
DOUTORA JULIANA: Eu sou Juliana, advogada aqui dos acusados.

Especificamente o senhor Alan dos Anjos, o senhor conhece?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Alan?
DOUTORA JULIANA: Sim.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Alan não, Iran, o Iran.
DOUTORA JULIANA: Alan.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não. Não.
DOUTORA JULIANA: Alan dos Anjos, o senhor conhece?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não. Conheço o Willian.
DOUTORA JULIANA: Há quantos anos o senhor trabalha para esse órgão?

Trabalhava nesse órgão, ou ainda trabalha?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não. Eu trabalhei de 2015 a 2020.
DOUTORA JULIANA: 2015 a 2020.

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TESTEMUNHA CRISÓGNO: O meu contato era com o Willian, o meu contato era
com o Willian e com o Iran. Mas o Willian que era o secretário da agricultura.
DOUTORA JULIANA: Com base em que o senhor está afirmando que o Willian era
secretário de agricultura?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Na época?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Eu estou afirmando por quê? Porque o Willian foi lá

buscar. Ou era o Iran ou era o Willian. Eu não lembro, não me recordo. Entendeu?
Não me recordo. A semente foi distribuída, distribuída para o município de Araci. Se
teve esse vizinho, para essa propriedade, aí é pertinente a quem recebeu essa
semente. Eu não sei se era o Willian ou era... entendeu? Mas o Willian sempre foi o
secretário, sempre foi gestor do município, na época do governo, do governo lá de
Araci. Entendeu? São perguntas que são feitas, estão fazendo perguntas que,
muitas vezes, eu estou sendo o quê? Estou dizendo o que realmente aconteceu. É
isso.
JUIZ: Seu Crisógno, caso o senhor não se recorde, o senhor pode informar [...].
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Eu não me recordo.
JUIZ: Não se recorda. Pronto, certo.
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Eu não me recordo, entendeu?
JUIZ: Mas perguntas o senhor responde, né, conforme se lembre, já que o senhor
está sob o compromisso de dizer a verdade, ou diz que não se recorda. Não tem
problema. Agora, não cabe ao senhor ficar questionando [...] do promotor ou da
defesa. Ok?
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TESTEMUNHA CRISÓGNO: Certo, ok,
JUIZ: Eu vou retornar a palavra.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe informar o que é comissão territorial de

distribuição de semente e quem eram os seus integrantes?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: O que era comissão?
DOUTORA JULIANA: Territorial de distribuição de sementes?
DOUTORA JULIANA: O senhor não sabe? Não. Sabe quem eram seus integrantes
na época?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não lembro não.
DOUTORA JULIANA: O senhor... Excelência, haveria a possibilidade de expor

para... eu
sei que os recursos tecnológicos aqui, contamos com um pouco de dificuldade. Se

ele reconhece essa assinatura como sendo a assinatura dele, doutor?
JUIZ: Está nos autos?
DOUTORA JULIANA: Está nos autos.
JUIZ: Qual é a página? É mais fácil compartilhar aqui. Ok, eu vou compartilhar a tela
aqui, secretário, você vai ver aí o documento que a doutora se refere, certo? Na tela.
Só um instante.
JUIZ: Pode ficar à vontade, doutora, para fazer a referência.
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DOUTORA JULIANA: Senhor Crisógno, o senhor reconhece essa assinatura nesse

documento aí?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: A assinatura? Exatamente, sou eu. Foi o que foi

apontado, a semente que eu distribuí à época. Entendeu?
DOUTORA JULIANA: Tá certo. Obrigada. Uma última, duas últimas perguntas.

Havia alguma situação de excepcionalidade em relação à entrega dessas sementes
no contexto? Alguma urgência na distribuição ou esse processo de distribuição, ele
seguiu a tramitação que o senhor referiu a Sua Excelência, o promotor, a tramitação
normal?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: A semente chegava no depósito, a gente comunicava

aos municípios, relacionado à distribuição. Eles pegavam caçamba, o caminhão, iam
buscar essas sementes para ser direcionado para o município.
DOUTORA JULIANA: Na época, houve notícia de algum fato delituoso envolvendo

essas sementes que estavam sob o seu controle? Antes da distribuição?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Antes da distribuição, não. Que eu me lembre, não.
DOUTORA JULIANA: O senhor não se recorda. O senhor teve contato depois da

oitiva do senhor, em sede de delegacia de polícia, com o seu depoimento?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Depois?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Contato com quem?
DOUTORA JULIANA: Não. O senhor teve acesso ao seu depoimento antes dessa
audiência?
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TESTEMUNHA CRISÓGNO: Eu devo... fiz depoimento logo depois do fato ocorrido

lá em Teofilândia.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe qual era o cargo ocupado pelo senhor Iran
dos Anjos?
DOUTORA JULIANA: Se ele tinha algum cargo ou qual era a função dele?
TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não, não lembro, não me recordo, não me recordo.
DOUTORA JULIANA: Não. Sem perguntas, Excelência.
JUIZ: Ok. Eu não tenho perguntas adicionais. Eu vou encerrar a gravação. Seu
Crisógno, aguarde só um instante para a gente conferir aqui. Se estiver tudo
tranquilo, já posso te liberar.
ROMÁRIO OLIVEIRA DE ALMEIDA
JUIZ: Oitiva da testemunha de acusação, o senhor Romário Oliveira de Almeida, já

qualificado nos autos. Senhor Romário, acompanhado de seu procurador. O senhor
Romário é interditado? Não é isso?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: É, doutor.
JUIZ: Ok, então não presta o compromisso nos termos do artigo 208 do Código de
Processo Penal, mas sem prejuízo de que seja ouvido e manifeste o seu
entendimento conforme se recorde. Ok? Doutor Márcio tem a palavra.
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PROMOTOR: Doutor, eu não ouvi aí o nome da testemunha. Por favor.
JUIZ: Romário Oliveira de Almeida. [...].
PROMOTOR: Certo. Bom dia, seu Romário. Oi?
JUIZ: Só que eu fiz a observação que ele é interditado, então não presta o
compromisso de testemunha, ok? Mas será ouvido. [...]. Só uma observação aqui do
curador, que ele pode aumentar aí o grau de nervosismo, aí o curador precisa ficar
perto aqui. Ok, mas pode formular as perguntas, doutor.
PROMOTOR: Certo. Bom dia, seu Romário, o senhor me ouve bem?
JUIZ: Ele está na tela aqui, viu? É esse aqui.
PROMOTOR: O senhor está me ouvindo, senhor Romário?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Estou ouvindo.
PROMOTOR: Bom dia para o senhor.
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Bom dia.
PROMOTOR: O senhor trabalhava na Fazenda Carrancudo, no ano de 2016?

TESTEMUNHA ROMÁRIO: Trabalhava.
PROMOTOR: Trabalhava e morava lá também?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Morava.
PROMOTOR: Certo. O senhor trabalhava para quem? Quem era o seu

empregador?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: [...]?
JUIZ: Quem era seu empregador?

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PROMOTOR: Seu patrão?
JUIZ: Seu patrão?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Adolfo, de primeira era Adolfo. [...].
PROMOTOR: O Adolfo?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: É. Eu e o meu irmão.
PROMOTOR: Certo. No mês de julho do ano de 2016, senhor Romário, o senhor

lembra de ter chegado um caminhão com sementes lá na fazenda? Semente com
grãos de feijão e milho, o senhor se recorda desse fato?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Estava lá dentro.
PROMOTOR: Estava lá dentro?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Estava. [...].
PROMOTOR: O senhor descarregou ou ajudou a descarregar essa semente?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Não, não, não ajudei não.
PROMOTOR: Não?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Não.
PROMOTOR: O senhor sabe dizer por que é que essas sementes, esses grãos,
foram para lá, para a fazenda, o senhor sabe dizer?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Não sei, não.
PROMOTOR: Não sabe. Quem foi que levou? Foi um caminhão que chegou lá com
essas sementes, foi?
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TESTEMUNHA ROMÁRIO: Foi [...].
PROMOTOR: Quem foi que estava no caminhão, o senhor se lembra?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Lembro não.
PROMOTOR: Lembra não.
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Não lembro quem foi não.
PROMOTOR: Certo. E o senhor disse que descarregou e botou essas sementes

onde? Esses grãos estavam sendo armazenados onde?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Na fazenda onde eu morava.
PROMOTOR: Foi nessa Fazenda Carrancudo, foi isso?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: [...].
PROMOTOR: Certo. E o senhor sabe qual seria o destino, a destinação que ia dar a
esses grãos?
PROMOTOR: Não?
PROMOTOR: Não. O senhor sabe dizer se houve troca do saco? Tirou esses grãos
de um saco, colocou em outro?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Tiraram, estavam tirando.
PROMOTOR: Ah-hã, tá bom, então.
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Estava trocando o saco.
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PROMOTOR: Tá bom, então. Obrigado, viu? Sem mais, Excelência.
JUIZ: Ok. A defesa.
DOUTOR ALBERTO: Olá, seu Romário. Bom dia.
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Bom dia.
DOUTOR ALBERTO: Essas sementes estavam aonde? Foram guardadas aonde?

Saíram do caminhão e foram para onde?
DOUTOR ALBERTO: E ela foi guardada em que lugar da propriedade? Estava

aonde?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: [...] fazenda.
DOUTOR ALBERTO: Em que lugar da fazenda?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Carrancudo.
DOUTOR ALBERTO: Mas em que lugar lá da fazenda estava?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Na casa dele.
DOUTOR ALBERTO: Na casa?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Na casa.
DOUTOR ALBERTO: Estava dentro da casa?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Estava dentro da casa.
DOUTOR ALBERTO: Quem é o dono dessa fazenda?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: É meu irmão [...].

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DOUTOR ALBERTO: O dono dessa fazenda, quem é?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Foi de meu pai, a gente tem direito ao uso. É nossa
DOUTOR ALBERTO: Naquela época, essa fazenda era de quem?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: De meu pai, Excelência.
DOUTOR ALBERTO: Sempre foi de seu pai?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Foi.
DOUTOR ALBERTO: O senhor Adolfo tem alguma propriedade lá?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: Ele tem uma propriedadezinha lá.
DOUTOR ALBERTO: O documento dessa propriedade está em nome de quem,

você sabe?
TESTEMUNHA ROMÁRIO: [..].
DOUTOR ALBERTO: Essa que o senhor mora?
PROMOTOR: Doutor, pela ordem.
DOUTOR ALBERTO: Pois não, doutor?
PROMOTOR: Não está a câmera virada para o declarante aí. Eu não estou
conseguindo gravar bem.
DOUTOR ALBERTO: O senhor tem razão, [...].
PROMOTOR: Obrigado.
DOUTOR ALBERTO: Sem mais, perguntas.

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JUIZ: Doutora? Sem perguntas?
DOUTORA JULIANA: [...] em razão da condição dele [...].
JUIZ: Não tenho outras perguntas.
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LEANDRO DA CRUZ COSTA
JUIZ: Oitiva da testemunha Leandro da Cruz Costa, já qualificada nos autos. Senhor
Leandro, bom dia.
TESTEMUNHA LEANDRO: Bom dia.
JUIZ: [...] juiz. O senhor é parente de algum desses acusados aí? Desses réus?
TESTEMUNHA LEANDRO: Não.
JUIZ: Nenhum parente, né? Ok. Então o senhor está aqui na condição de
testemunha, deve dizer a verdade sobre o que for perguntado. O senhor entendeu?
TESTEMUNHA LEANDRO: Tá.
JUIZ: Ok. Doutor Márcio, tem a palavra.
PROMOTOR: Bom dia, Leandro. Você me ouve bem?
TESTEMUNHA LEANDRO: Tudo.
PROMOTOR: Leandro, vamos fazer algumas perguntas aqui a respeito de um fato

que aconteceu em 2016, no mês de julho de 2016. O senhor me responde aí o que o
senhor se recorda, tá bom?
TESTEMUNHA LEANDRO: Tá.
PROMOTOR: Nesse mês desse ano aí, o senhor trabalhava aonde?
TESTEMUNHA LEANDRO: No motor do sisal.
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PROMOTOR: Como é?
TESTEMUNHA LEANDRO: A fazenda de... no motor de sisal.
PROMOTOR: Na fazenda de quem?
TESTEMUNHA LEANDRO: Do senhor doutor, do senhor Adolfo.
PROMOTOR: Senhor Adolfo. Certo.
TESTEMUNHA LEANDRO: É.
PROMOTOR: Qual era a função que o senhor exercia?
TESTEMUNHA LEANDRO: Lá a função é que a gente trabalha na roça, assim,

botando palha, trabalhando com sisal mesmo, botando palha no motor.
PROMOTOR: Certo. Qual era a fazenda que o senhor trabalhava especificamente?
TESTEMUNHA LEANDRO: Fazenda Carrancudo.
PROMOTOR: Carrancudo, certo. Nesse mês de julho do ano de 2016, o senhor

lembra de ter chegado uma carga com grãos, com sementes, nessa fazenda?
TESTEMUNHA LEANDRO: Lembro. Feijão e milho.
PROMOTOR: Feijão e milho, feijão e milho, certo. Essa carga chegou como?
TESTEMUNHA LEANDRO: Rapaz, nós vinha do serviço, já umas cinco horas da

tarde. Aí o seu Adolfo que chegou lá, perguntou a gente se a gente queria
descarregar a carga para ganhar um dinheiro. Aí nós saímos de Barroca para lá,
para a fazenda lá, que é muito distante, e nós estava para ganhar dinheiro lá, que a
gente que trabalha em roça é assim, né? Aí ele ofereceu um dinheiro, nós foi,
descarregou. Isso [...] foi na quarta-feira, dia 7, [...], e foi isso que aconteceu.
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PROMOTOR: Não ouvi aí, Excelência, porque travou um pouco. Eu ouvi ele
começar a falar na terça-feira e não ouviu o resto. Pode repetir, por favor?
JUIZ: O senhor pode repetir [...].
TESTEMUNHA LEANDRO: Que as polícias chegou na terça, na quarta-feira, que

nós descarregou a carga na terça, na quarta as polícia chegou lá. Aí deu isso aí,
esse resultado aí [...].
PROMOTOR: Certo. O senhor se recorda quanto foi pago ao senhor para fazer esse
serviço aí, descarregar?
TESTEMUNHA LEANDRO: Ele ofereceu 50 reais.
PROMOTOR: Certo. A carga chegou em um caminhão, foi isso?
TESTEMUNHA LEANDRO: Foi.
PROMOTOR: E vocês colocaram a carga em que lugar da propriedade ali?
TESTEMUNHA LEANDRO: Foi dentro, na fazenda, em todo lugar; quarto, na sala,

no que tinha lá, lugar, nós descarregamos.
PROMOTOR: Você lembra como essa carga, ela estava acondicionada? Ela estava
dentro de quê?
TESTEMUNHA LEANDRO: Ela estava em um saco de... uns pacotinhos, parece

que era de 20 kg. Só que quando a gente descarregou [...].
PROMOTOR: Certo. E era de naylon? Era de papelão? Esse saco era de quê?
TESTEMUNHA LEANDRO: Era de... eu sei que era em um saquinho de 20 kg.

Agora não sei a espessura de que era, se era de...
PROMOTOR: Você lembra...

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TESTEMUNHA LEANDRO: Papelão. [...].
PROMOTOR: Certo. Você lembra se essa embalagem aí, ela tinha algum emblema
de alguma empresa? Tinha alguma imagem?
PROMOTOR: Não lembra?
TESTEMUNHA LEANDRO: Eu não lembro não, porque eu sou fraco de leitura. Eu

não lembro.
PROMOTOR: Certo. Você lembra se vocês trocaram a embalagem? Colocaram,

tiraram dessa embalagem aí que o senhor disse que era de 20 kg, para uma outra?
TESTEMUNHA LEANDRO: Foi assim, nós descarregamos ela na terça-feira. Onde

foi na quarta-feira, de meio-dia em diante, que as polícias chegou lá, já estava em
outro saco. Era num saco de linhagem daqueles de 80 litros. [...].
PROMOTOR: Certo. E o senhor participou dessa transferência das sementes? O

senhor fez [...]?
PROMOTOR: Não.
TESTEMUNHA LEANDRO: Não. O que eu só, fizemos, foi carregar o caminhão de

novo, já em outro saco, em outra embalagem.
PROMOTOR: Certo. O senhor conhece o Iran?
TESTEMUNHA LEANDRO: Quem?
PROMOTOR: Iran dos Anjos Almeida.
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TESTEMUNHA LEANDRO: Não. [...].
PROMOTOR: Não. Alan dos Anjos Almeida, o senhor conhece?
TESTEMUNHA LEANDRO: Não, também não.
PROMOTOR: Willian dos Anjos Almeida, o senhor conhece?
TESTEMUNHA LEANDRO: Não, não, nunca vi na vida. Estou vendo aqui agora.
PROMOTOR: Certo. Seu Leandro, né? Perdoe-me aqui. Leandro o seu nome?
TESTEMUNHA LEANDRO: Isso, Leandro.
PROMOTOR: Leandro, o senhor já tinha feito algum outro serviço igual a esse que o
senhor fez de descarregar caminhão nessa fazenda aí, a pedido do Adolfo?
TESTEMUNHA LEANDRO: Não, foi a primeira vez.
PROMOTOR: Foi a primeira e única vez?
TESTEMUNHA LEANDRO: Foi, isso aí.
PROMOTOR: O senhor chegou a perguntar o porquê daqueles grãos estarem

sendo descarregados ali? O senhor chegou a perguntar para o Adolfo?
TESTEMUNHA LEANDRO: Não, porque a fazenda era dele, eu também não

entendia, né? Porque um senhor dessa idade aí, nós... e ele é bem de vida, tem
condições. Às vezes era dele, que ele tinha comprado, então tinha chegado lá.
PROMOTOR: O senhor não perguntou, né?
PROMOTOR: O senhor não perguntou também que destino, qual a destinação ia

ser dada àquele produto ali?
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TESTEMUNHA LEANDRO: Também não, que nós estava muito trabalho. Que nós
só, ele só chegou e pediu para nós descarregar. Nós pegamos e descarregamos a
carga.
PROMOTOR: Sem mais, Excelência, obrigado.
TESTEMUNHA LEANDRO: De nada.
JUIZ: Só um instante. Pela defesa?
DOUTOR ALBERTO: Sem nenhuma pergunta.
JUIZ: Doutora Juliana?
DOUTORA JULIANA: Qual a cultura dessa fazenda lá? O que eles cultivam, [...]?
TESTEMUNHA LEANDRO: A cultura [...].
DOUTORA JULIANA: Não. Eles cultivam o quê lá?
TESTEMUNHA LEANDRO: Na fazenda?
TESTEMUNHA LEANDRO: Eu não sei lhe falar, porque nós estava lá em trabalho,
no motor de sisal, entendeu? Nós ficava lá com motor de sisal. Que o motor é de
meu pai. Aí tira o sisal. Nós só trabalhava com o [...].
DOUTORA JULIANA: O senhor era empregado fixo da fazenda?
TESTEMUNHA LEANDRO: É que o dono do motor é meu pai, entendeu? E o motor

tem arrenda. Aí ele estava lá com o motor. Que ele tem os campos de sisal, aí tem
dono de motor que vai para os campos e sisal para tirar o sisal. Aí lá eles têm uma
arrenda lá; eles têm os dois. Aí eles tiram lá o sisal lá, negocia lá, nós tira o sisal.
Quando acaba o sisal nós vai para outro canto de sisal.
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DOUTORA JULIANA: Uma última pergunta. Embora o senhor fez referência aqui a
dias de semana, mas eu queria que isso ficasse claro. O senhor falou que houve um
descarregamento em uma data. Não foi isso que o senhor falou?
TESTEMUNHA LEANDRO: Foi.
DOUTORA JULIANA: E que a polícia chegou em outra, é isso? [...].
TESTEMUNHA LEANDRO: Nós [...], nós descarregamos em um dia e a polícia

chegou em outro. Não foi no mesmo dia.
DOUTORA JULIANA: Sem perguntas, Excelência. Obrigada.
JUIZ: Não tenho perguntas adicionais. Pode encerrar a gravação.
EDILENO DA CRUZ COSTA
JUIZ: Testemunha Edileno da Cruz Costa, já qualificada nos autos. Senhor Edileno,
bom dia, [...]. O senhor é parente de algum desses senhores aí?
TESTEMUNHA EDILENO: Não.
JUIZ: Não. Então o senhor está aqui na condição de testemunha, deve dizer a
verdade sobre o que for perguntado, está bem?
TESTEMUNHA EDILENO: Tá bom.
JUIZ: Doutor Márcio tem a palavra.
PROMOTOR: Bom dia, Edileno.

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JUIZ: É na tela aqui. Doutor Márcio é o promotor.
PROMOTOR: Bom dia. O senhor me ouve bem? O senhor ouve bem?
TESTEMUNHA EDILENO: Ouço. Desculpe.
PROMOTOR: Eu vou lhe fazer algumas perguntas a respeito do ano de 2016, certo?
Especificamente do mês de julho do ano de 2016. Onde é que o senhor trabalhava
nessa época aí que eu citei?
TESTEMUNHA EDILENO: Nessa época eu estava trabalhando no motor do sisal,

na fazenda de seu Adolfo.
PROMOTOR: Seu Adolfo. Essa fazenda era localizada onde? Como era o nome
dessa fazenda?
TESTEMUNHA EDILENO: É Fazenda Carrancudo.
PROMOTOR: E ela fica aonde?
TESTEMUNHA EDILENO: Fica no povoado de Poeira de Araci.
PROMOTOR: Araci? Pertence à Araci esse povoado?
TESTEMUNHA EDILENO: Eu acho que sim.
PROMOTOR: Tá certo. O senhor, então, qual era a função que o senhor exercia
nesse trabalho aí que o senhor desempenhava?
TESTEMUNHA EDILENO: Não entendi.
PROMOTOR: O que o senhor fazia de trabalho?
TESTEMUNHA EDILENO: Bater, batia palha de sisal no motor.
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PROMOTOR: Certo. O senhor se lembra se no mês de julho de 2016 chegou um

carregamento lá nessa fazenda, de grãos, de sementes?
TESTEMUNHA EDILENO: Sim.
PROMOTOR: Certo. O senhor chegou a trabalhar, ajudar a descarregar essas

sementes, esses grãos?
TESTEMUNHA EDILENO: Me ofereceu um dinheiro para descarregar, eu fui

ajudar. [...]
PROMOTOR: Quem lhe ofereceu?
TESTEMUNHA EDILENO: Seu Adolfo.
PROMOTOR: Seu Adolfo, certo. Quanto foi que foi oferecido ao senhor?
TESTEMUNHA EDILENO: Se não engano, parece que foi 100 reais para eu e mais
três irmãos meu
PROMOTOR: Ah-hã. Aí os senhores descarregaram essa carga aí e colocaram

essa carga aonde? Em que lugar da fazenda?
TESTEMUNHA EDILENO: Lá dentro mesmo, na fazenda, dentro da sede.
PROMOTOR: Certo. O senhor se lembra a embalagem que esses grãos estavam

acondicionados?
TESTEMUNHA EDILENO: Eu lembro assim, que era em um saco, um saco médio,

assim, um saco de papel. Agora...
PROMOTOR: Eram uns sacos todo padrão, é? Era padronizado, tudo igual, os
sacos?
TESTEMUNHA EDILENO: Sim.

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PROMOTOR: O senhor sabe dizer se houve a troca dos sacos? Vocês trocaram
desse saco onde o grão veio para um outro saco?
TESTEMUNHA EDILENO: Não, nesse aí eu não estava, não sei [...].
PROMOTOR: Certo. A função do senhor foi só descarregar o caminhão, foi isso?
TESTEMUNHA EDILENO: [...] descarregar e depois carregar de novo.
PROMOTOR: E depois carregar de novo. Certo. O senhor já tinha feito esse serviço
anteriormente nessa fazenda aí, a pedido do Adolfo?
PROMOTOR: Foi a primeira vez?
TESTEMUNHA EDILENO: Foi a primeira vez.
PROMOTOR: Foi a única vez também?
TESTEMUNHA EDILENO: Isso, a única vez.
PROMOTOR: O senhor sabe dizer o porquê daqueles grãos desses sacos aí terem
chegado nessa fazenda?
TESTEMUNHA EDILENO: Não sei informar de jeito nenhum.
PROMOTOR: Sabe dizer o destino desses grãos? Se eles ficariam na fazenda?

Seriam distribuídos para alguém? Sabe dizer?
TESTEMUNHA EDILENO: Não, também não, não sei.
PROMOTOR: Tá bom, então. Sem mais, Excelência. Obrigado.
JUIZ: Ok. Doutor? Doutora?
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DOUTOR ALBERTO: O senhor teve contato nesse dia com o senhor Iran?
DOUTOR ALBERTO: Outra pergunta, o senhor percebeu algumas embalagens que

estavam furadas?
TESTEMUNHA EDILENO: Não lembro também não.
DOUTOR ALBERTO: Quando o senhor foi ouvido na delegacia, tem aqui no seu
depoimento a seguinte afirmação: que as embalagens estavam intactas, que poucas
estavam furadas, que eu penso que os sacos estragaram no transporte. Você
lembra de ter dito isso na delegacia?
TESTEMUNHA EDILENO: Não lembro.
DOUTOR ALBERTO: Quem pediu ao senhor para poder fazer o descarrego do

caminhão?
TESTEMUNHA EDILENO: Quem pediu para fazer o descarrego foi seu Adolfo.
JUIZ: Doutora?
DOUTORA JULIANA: Boa tarde. Qual o período que o senhor trabalhou nessa
fazenda?
TESTEMUNHA EDILENO: O período que eu trabalhei na fazenda?
DOUTORA JULIANA: Sim. De tempo, quanto tempo, mais ou menos?
TESTEMUNHA EDILENO: Tinha, mais ou menos, uns dois meses, mais ou menos,
que nós estávamos tirando o sisal. Que meu pai botou o motor lá para tirar o sisal, e
nós estava trabalhando tirando o sinal.
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DOUTORA JULIANA: Eu sei que passaram muito tempo. Se o senhor não se

recordar, o senhor diz que não se recorda, mas enfim. O senhor se recorda qual foi
a data que esse carro, supostamente, que esse caminhão, supostamente, chegou
até a fazenda? Esse caminhão que o senhor diz ter descarregado. O senhor se
recorda?
TESTEMUNHA EDILENO: Parece que foi dia 6 de 2016. Acho que sim.
DOUTORA JULIANA: O senhor se recorda [..], assim, o senhor se recorda?
TESTEMUNHA EDILENO: Não, [...] papel, porque eu nem lembrava mais.
DOUTORA JULIANA: O senhor leu o seu depoimento antes de vir para cá para a
audiência?
TESTEMUNHA EDILENO: Não, eu não li porque eu não sei ler direito. Eu pedi a
uma menina fazer, ler para mim. Eu não sei ler.
DOUTORA JULIANA: Houve apreensão da carga?
DOUTORA JULIANA: Não houve apreensão pela polícia dessa carga?
TESTEMUNHA EDILENO: Se houve?
DOUTORA JULIANA: Sim. O senhor disse; vamos lembrar aqui. O senhor disse
que descarregou esse caminhão. Não foi isso que o senhor falou?
TESTEMUNHA EDILENO: Foi.
DOUTORA JULIANA: Depois disso, essa carga permaneceu na fazenda?
TESTEMUNHA EDILENO: Permaneceu e nós voltemos a carregar. Agora não

lembro se tava a carga completa, eu sei que nós voltemos a carregar de novo.
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DOUTORA JULIANA: Voltou a carregar a pedido de quem?
TESTEMUNHA EDILENO: Aí já foi a Justiça que mandou nós carregar.
DOUTORA JULIANA: Quem? Quem da Justiça, o senhor sabe?
TESTEMUNHA EDILENO: Não sei. Só chegou [...] carregar de volta, e nós

carregamos.
DOUTORA JULIANA: E foi no mesmo dia que o caminhão chegou?
TESTEMUNHA EDILENO: Não, não.
DOUTORA JULIANA: Passou quanto tempo?
TESTEMUNHA EDILENO: Parece que foi, acho que foi na terça ou foi na quarta.
Acho que foi na quarta-feira que nós voltamos a carregar de novo, depois que nós
foi lá na delegacia e voltamos, aí nós fomos e voltamos a carregar.
DOUTORA JULIANA: A última pergunta. Foi no mesmo dia?
TESTEMUNHA EDILENO: De quê?
DOUTORA JULIANA: O dia do descarregamento do caminhão.
DOUTORA JULIANA: Que o senhor afirmou que houve o carregamento, foi o

mesmo dia que o senhor colocou para dentro do caminhão novamente?
TESTEMUNHA EDILENO: Não. Um outro dia depois.
DOUTORA JULIANA: O senhor conhece o senhor Willian dos Anjos?
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DOUTORA JULIANA: Alan dos Anjos?
TESTEMUNHA EDILENO: Também não.
DOUTORA JULIANA: Sem mais, Excelência.
JUIZ: Ok. Não tenho outras perguntas.
JEAN DA CRUZ COSTA
JUIZ: Oitiva da testemunha Jean da Cruz Costa, já qualificada nos autos. Senhor
Jean, bom dia.
TESTEMUNHA JEAN: Bom dia.
JUIZ: O senhor é parente de alguns dos acusados aí?
TESTEMUNHA JEAN: Não.
JUIZ: Não. Ok. Então o senhor está aqui na condição de testemunha, deve dizer a
verdade sobre o que for perguntado. Tudo nem? Ok, Primeiro o promotor vai te fazer
perguntas, ele está na tela aí. Doutor Márcio, tem a palavra.
PROMOTOR: Bom dia, Jean. Está me ouvindo bem?
TESTEMUNHA JEAN: Estou. Bom dia.
PROMOTOR: Bom dia. Jean, no ano de 2016, especificamente em julho, o senhor

trabalhava com o que e para quem?
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TESTEMUNHA JEAN: Pronto, estava trabalhando no motor nesse dia.
PROMOTOR: O senhor trabalhava para quem?
TESTEMUNHA JEAN: Trabalhava com o meu pai mesmo, no motor dele.
PROMOTOR: Certo. O senhor se lembra onde o senhor trabalhava? Em que lugar

era?
TESTEMUNHA JEAN: Numa fazenda com o nome Carrancudo.
PROMOTOR: Certo. Essa fazenda, ela é de quem? De propriedade de quem?
TESTEMUNHA JEAN: Não sei de quem é não. O dono eu não conheço não.
PROMOTOR: Certo. E nessa fazenda aí que o senhor trabalhava, o senhor fazia

que tipo de trabalho? Qual era a função? O que o senhor fazia especificamente?
TESTEMUNHA JEAN: Eu estendia só o sisal.
PROMOTOR: Só?
TESTEMUNHA JEAN: Era.
PROMOTOR: O senhor se lembra se em julho deste ano aí de 2016, chegou o

caminhão com grãos, sementes, nessa fazenda?
TESTEMUNHA JEAN: Rapaz, quando eu vi, já estava na fazenda. Eu não vi nem

quem foi que levou. Eu cheguei lá, vi só o carro parado.
PROMOTOR: Certo. E você sabe dizer se descarregaram esse saco, os sacos lá na

fazenda, que esse caminho transportava?
TESTEMUNHA JEAN: Não escutei.
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PROMOTOR: O senhor sabe se descarregaram alguma coisa desse caminhão na

fazenda?
TESTEMUNHA JEAN: Rapaz, nós descarregou o caminhão lá e deixou na fazenda

mesmo. [...]
PROMOTOR: O que o caminhão transportava? O que é que o caminhão trazia?
TESTEMUNHA JEAN: Milho e feijão.
PROMOTOR: Certo. E esse milho e feijão, eles estavam acondicionados em quê?

Que tipo de embalagem era? O senhor sabe dizer o peso?
TESTEMUNHA JEAN: [...].
PROMOTOR: Oi? Não ouvi.
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA JEAN: Estava em um saco de 20 kg, umas embalagens de 20 kg.
PROMOTOR: Eram embalagens padronizadas? Eram todas iguais? Eram?
TESTEMUNHA JEAN: Era.
PROMOTOR: Certo. O senhor sabe dizer se houve uma transferência dessa

embalagem desses grãos que estavam nessa embalagem de 20 kg aí para alguma
outra?
TESTEMUNHA JEAN: Tirou e botou em um daqueles mais grandes de 80 litro.
PROMOTOR: Certo. Quem é que foi que determinou? Aliás, o senhor participou
desse descarregamento aí?
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TESTEMUNHA JEAN: Participei.
PROMOTOR: Quem foi que pediu ou mandou o senhor fazer esse serviço?
TESTEMUNHA JEAN: O dono.
PROMOTOR: Quem era o dono?
TESTEMUNHA JEAN: Rapaz, eu esqueci o nome dele, era um senhor.

Entendeu? Não sei o nome dele não, esqueci.
PROMOTOR: Um senhor. Quem foi que trabalhou descarregando, além de você?
TESTEMUNHA JEAN: Foi entre três irmãos, com eu.
PROMOTOR: O senhor lembra quanto recebeu para descarregar isso daí?
DOUTORA JULIANA: Afirmativa por presunção, Excelência. Eu vou questionar,

porque a partir do momento que ele está afirmando que ele já recebeu, a pergunta já
[...].
PROMOTOR: Não. Eu perguntei quanto ele recebeu. Isso é [...].
Dra Pois é, [...] pressupõe que ele recebeu.
PROMOTOR: Mas ele falou que recebeu.
DOUTORA JULIANA: [...] afirmativa por presunção.
PROMOTOR: Espera aí. Espera aí. Excelência, eu fiz uma pergunta se ele recebeu.
Ele me falou que sim. Eu estou perguntando quanto foi. Isso é indução?
JUIZ: Doutor, doutora, mais uma vez, eu vou fazer rememorar aqui a exortação que
eu fiz no início da audiência. Mas acompanhando aqui, a doutora vai apresentar uma
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questão formal de ordem, vai fazer um requerimento e [...] dessa observação. Se

não for, eu vou autorizar aqui o depoente que responda a pergunta.
DOUTORA JULIANA: Não, fiz apenas uma insurgência que fossem evitadas
perguntas afirmativas por presunção. Quando eu pergunto quanto alguém recebeu,
já está embutido que a pessoa recebeu alguma coisa. Então, nesse sentido, acho
que a pergunta deveria ser indeferida. Só esse é o requerimento da defesa.
JUIZ: Ok. Só para esclarecer, então, senhor Jean, o senhor recebeu alguma coisa
pelo trabalho?
JUIZ: Ok. Então, doutor Márcio, pode continuar a partir daí, considerando que a
testemunha disse que não recebeu nada pelo trabalho.
PROMOTOR: Certo. O trabalho foi só de descarregar?
TESTEMUNHA JEAN: Nós descarregou no saco pequeno. Depois voltou a polícia

[...] carregar no outro saco, [...] 80 litros.
PROMOTOR: Certo. Isso foi no mesmo dia?
TESTEMUNHA JEAN: Não. Já foi no outro dia
PROMOTOR: No outro dia. Certo. Quando os senhores descarregaram, colocaram

esses sacos em que lugar da fazenda?
TESTEMUNHA JEAN: Na sala da fazenda.
PROMOTOR: Na sala, né, certo. O senhor já tinha incluído esse trabalho antes?
TESTEMUNHA JEAN: Eu não.
PROMOTOR: Não. Foi a única vez que o senhor fez?
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TESTEMUNHA JEAN: Foi.
PROMOTOR: Certo. O senhor sabe dizer o porquê, qual era o motivo de estarem
chegando aqueles grãos ali na fazenda?
PROMOTOR: O senhor sabe dizer qual o destino que seria dado a esses grãos?
PROMOTOR: Não. Certo. O senhor sabe dizer quem conduzia o caminhão quando
o caminhão chegou?
TESTEMUNHA JEAN: Não, porque quando eu cheguei já estava parado lá. Não sei
quem foi que estava, não.
PROMOTOR: Certo. O senhor conhece Adolfo Cordeiro de Almeida?
PROMOTOR: Não. Willian dos Anjos Almeida, conhece?
TESTEMUNHA JEAN: Conheço não.
PROMOTOR: Conhece ou não conhece? Não?
PROMOTOR: Alan dos Anjos Almeida, conhece?
PROMOTOR: Iran dos Anjos Almeida?
TESTEMUNHA JEAN: Conheço não.
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PROMOTOR: Certo. Quem era o seu empregador nessa época aí? Quem era seu
patrão?
TESTEMUNHA JEAN: Trabalho com meu pai.
PROMOTOR: Como é o nome do seu pai?
TESTEMUNHA JEAN: Epaminondas [...] Costa.
PROMOTOR: Seu pai também trabalhava nessa fazenda?
TESTEMUNHA JEAN: Não, ele só levava o motor lá e largou lá para nós trabalhar.
PROMOTOR: Como é? Não entendi, não ouvi.
TESTEMUNHA JEAN: Ele deixou o motor lá e nós ficou trabalhando na fazenda.

Ele não estava não.
PROMOTOR: O seu pai não estava?
PROMOTOR: Certo. O seu pai tinha um patrão? Tinha um empregador?
PROMOTOR: Não. O senhor sabe dizer que tipo de semente, que tipo de grão tinha
nesses sacos?
TESTEMUNHA JEAN: Tinha milho e feijão, [...] milho e feijão.
PROMOTOR: Milho e feijão. Tá bom, então. Sem mais, Excelência.
JUIZ: Ok. Defesa?
DOUTOR ALBERTO: Tenho sim. tudo bom?
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TESTEMUNHA JEAN: Tudo.
DOUTOR ALBERTO: O senhor conhece [...]?
TESTEMUNHA JEAN: Não, nunca ouvi falar não.
DOUTOR ALBERTO: [...]?
DOUTOR ALBERTO: Sem perguntas.
JUIZ: Doutora.
DOUTORA JULIANA: Boa Tarde.
TESTEMUNHA JEAN: Boa tarde.
DOUTORA JULIANA: Como é que o senhor ganhava lá| em relação a esse

trabalho? Os senhores arrendavam a terra? Empregados?
TESTEMUNHA JEAN: Trabalhava por semana. Trabalhava, ganhava por semana.

Produção, fazia e ganhava.
DOUTORA JULIANA: O que é que se cultivava naquela fazenda ali, naquela

fazenda?
DOUTORA JULIANA: O senhor estava no dia que a polícia chegou?
TESTEMUNHA JEAN: Estava.
DOUTORA JULIANA: O senhor pode dizer como foi essa chegada da polícia ao
local?
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TESTEMUNHA JEAN: Rapaz, ela chegou de vez. Ela chegou mandando nós pôr as
mãos para cima. [...] todo mundo que estava lá. Aí, de lá, levou a gente para Araci,
[...] de novo. Aí quando nós voltou, ela fez carregar o carro todinho de novo, a
carreta.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe se nesse dia o dono da fazenda estava lá?
TESTEMUNHA JEAN: Não, estava não.
DOUTORA JULIANA: O senhor se recorda quem estava lá? Se existia alguém lá,
além do senhor? O senhor falou que estava o senhor e eus irmãos, é isso?
TESTEMUNHA JEAN: [,,,].
DOUTORA JULIANA: Tinha alguém mais, além dos senhores?
TESTEMUNHA JEAN: Tinha. Tinha um filho de Adolfo. Agora, não sei qual deles
era.
DOUTORA JULIANA: Sem perguntas, Excelência.
JUIZ: Eu tenho. O senhor falou que tinha um filho de Adolfo é isso? O senhor
conhece Adolfo?
TESTEMUNHA JEAN: Já ouvi falar por nome, mas conhecer, eu conheço não...
JUIZ: O senhor sabia que existia um filho de uma pessoa chamada Adolfo, mas não
conhece o Adolfo?
TESTEMUNHA JEAN: É.
JUIZ: Esse filho o senhor conhecia, antes?
TESTEMUNHA JEAN: Nunca tinha visto não.
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JUIZ: O senhor sabia que era o filho dessa pessoa Adolfo. O senhor informou aí
sobre a chegada da polícia. No momento da chegada da polícia, o senhor estava
onde? Estava dentro da casa? Fora da casa?
TESTEMUNHA JEAN: Estava do lado de fora.
JUIZ: Do lado de fora. Certo. Me descreva, por favor, como é essa propriedade,
essa zona, essa fazenda, ela é próxima da estrada? Ela é longe da estrada?
TESTEMUNHA JEAN: Ela é longe.
JUIZ: È longe da estrada.
TESTEMUNHA JEAN: Fica no meio da roça.
JUIZ: No meio da roça essa saída
JUIZ: Aí no caso, para a polícia chegar até lá, a casa, ela teve que ir...
TESTEMUNHA JEAN: Por dentro da roça.
JUIZ: Por dentro da roça. Certo. Essa roça é da mesma propriedade? Parecia ser da
mesma propriedade?
JUIZ: Tá. O senhor se recorda quantos policiais chegaram no local?
TESTEMUNHA JEAN: Rapaz, mais ou menos uns oito a dez nesse dia.
JUIZ: Oito a dez policiais. O senhor sabe dizer [...]? Se era [...]?
TESTEMUNHA JEAN: Não, eu não olhei, não. Não lembro.
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JUIZ: E no momento dessa chegada, o senhor e os os demais estavam fora, pelo

que o senhor falou. Existia algum material desses que o senhor estavam carregando
e descarregando fora da propriedade ou estava tudo dentro da propriedade?
TESTEMUNHA JEAN: Estava tudo dentro.
JUIZ: Tudo dentro. Estava só o caminhão fora, é isso?
TESTEMUNHA JEAN: Foi.
JUIZ: Certo. O senhor se recorda mais alguma coisa dessa abordagem? Quem é
que chegou? Quem é que explicou?
TESTEMUNHA JEAN: Não me recordo.
ELISEU OLIVEIRA DA SILVA
JUIZ: [...] Eliseu Oliveira da Silva, policial civil já qualificado nos autos. Só dizer, bom
dia, tudo bom?
TESTEMUNHA ELISEU: Bom dia.
JUIZ: O senhor é parente de algum dos acusados?
TESTEMUNHA ELISEU: Não, senhor.
JUIZ: Ok, o senhor está aqui na condição de testemunha, deve dizer a verdade
sobre o que for perguntado. Tudo bem?
TESTEMUNHA ELISEU: Tudo bem.

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JUIZ: Doutor Márcio, tem a palavra.
PROMOTOR: Bom dia, Eliseu, tudo bom? Você me ouve?
TESTEMUNHA ELISEU: Bom dia, doutor, tudo bem.
PROMOTOR: Eliseu, esse processo aqui é relativo a um fato que aconteceu no ano
de 2016, né? O que está sendo imputado aqui é um suposto desvio de grãos. O
senhor trabalhou na elucidação desse fato?
TESTEMUNHA ELISEU: Sim, doutor, trabalhei. Eu estava lá no dia.
PROMOTOR: Certo. Como foi que esse fato chegou ao conhecimento da polícia e
esclareça aí para gente, por favor, quais foram as ações que os senhores tomaram?
TESTEMUNHA ELISEU: Meu colega Rubenilson, ele recebeu uma denúncia que
havia uns produtos na Fazenda Carrancudo, que pertence ao senhor Adolfo. Aí ele
me contatou, a gente foi para lá, comunicou o delegado, foi para lá e constatamos
que havia uma descarga de milho e feijão com, acho que uns quatro funcionários.
PROMOTOR: Sim.
TESTEMUNHA ELISEU: E aí nós identificamos um dos funcionários que era, eu

acho que filho de Adolfo, que era Alan, que confirmou para a gente que Adolfo que
teria pedido para eles descarregarem aquele caminhão.
PROMOTOR: Certo. O senhor se lembra onde a carga estava armazenada?
TESTEMUNHA ELISEU: A gente encontrou a carga na fazenda, em frente a uma

residência.
PROMOTOR: Certo.
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TESTEMUNHA ELISEU: Essa carga estava sendo descarregada para essa

residência. Uma casa que tinha de frente ao caminhão.
PROMOTOR: Eliseu, você lembra como essa carga, ela estava acondicionada?
Como era a embalagem?
TESTEMUNHA ELISEU: Acho que era embalagens de papelão que estava sendo
descarregadas e colocadas nesses sacos de plástico ou de linho.
PROMOTOR: Certo, certo. E aí, quando vocês chegaram, então, o senhor disse aí
que encontrou foi o Alan, foi isso?
TESTEMUNHA ELISEU: Alan. Foi.
PROMOTOR: Que é filho [...].
TESTEMUNHA ELISEU: [...]. Que estava descarregando também o veículo,

juntamente com outros funcionários, e que é filho de senhor Adolfo.
PROMOTOR: Certo. E aí, quando vocês indagaram aí Alan e aos funcionários, o

que foi que eles disseram?
TESTEMUNHA ELISEU: Ele falou que a carga estava sendo...ele só falou isso, que
a carga estava sendo descarregada a mando de seu Adolfo, que era o proprietário.
PROMOTOR: Certo. Mas o porquê da carga estar sendo descarregada ali naquele
lugar, e qual seria o destino dessa carga, eles chegaram a afirmar para o senhor?
TESTEMUNHA ELISEU: Que eu lembre não, doutor.
PROMOTOR: Certo. E aí vocês fizeram o quê? Fizeram a apreensão daquela

carga?
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TESTEMUNHA ELISEU: Fizemos a apreensão. O doutor solicitou a perícia. Os

peritos fizeram, no local, a perícia, e o pessoal foi encaminhado para depor, à
delegacia de Araci. Eu acho que era mais próxima, na época. E eles foram ouvidos
lá.
PROMOTOR: Eliseu, essa propriedade aí que o senhor citou, Fazenda, como é o

nome?
TESTEMUNHA ELISEU: Carrancudo.
PROMOTOR: Carrancudo. Ela fica na zona rural de qual município? Daqui de

Teofilândia?
TESTEMUNHA ELISEU: De Teofilândia.
PROMOTOR: De Teofilândia. Certo. O senhor tomou conhecimento com evoluídas

investigações, qual seria a destinação dessa carga?
TESTEMUNHA ELISEU: Não, não, doutor.
PROMOTOR: E a origem dela, de onde ela tinha vindo, o senhor tomou

conhecimento também?
TESTEMUNHA ELISEU: A gente teve uma informação que havia um registro de

ocorrência em Serrinha, de um furto de carga, né? Mas eu não sei, posteriormente,
se tinha uma relação dessa carga com esse produto que foi encontrado lá.
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA ELISEU: Porque a denúncia foi recebida por meu colega, então ele
teria mais informações que eu.
PROMOTOR: Como é o nome dele?
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TESTEMUNHA ELISEU: É Rubenilson, meu colega de profissão.
PROMOTOR: Rubenilson, certo. Senhor Eliseu, em relação ao caminhão, o senhor

já disse que tinha um caminhão aí descarregando. O senhor lembra se esse
caminhão tinha algum emblema de alguma prefeitura municipal? Se era algum
caminhão a serviço de algum município daqui da região? O senhor se lembra
disso?
TESTEMUNHA ELISEU: Não lembro, não, doutor. Se eu disser eu vou estar

mentindo. Eu não lembro.
PROMOTOR: A propriedade, a propriedade daquele caminhão, vocês chegaram a

averiguar a quem pertencia aquele veículo?
TESTEMUNHA ELISEU: Não, que eu me lembre. Eu só sei que tinha um outro carro
menor. Mas também acho que não tinha muita relação, não. E acho que esse carro
era de seu Adolfo, era uma Strada.
PROMOTOR: Certo. Quando o senhor chegou, esse senhor Adolfo, ele estava no
lugar, no local?
TESTEMUNHA ELISEU: Não, o senhor Adolfo não. O senhor Adolfo, ele esteve,
acho que na noite anterior à descarga, ele esteve lá na propriedade, segundo a
gente soube. Mas no dia ele não estava [...].
PROMOTOR: Certo. O senhor conhece os outros acusados no processo aqui? Iran?

Alan? Alan o senhor já disse que encontrou, né? O Iran e o Willian?
TESTEMUNHA ELISEU: Não. Conhecer assim, pessoalmente, não. Eu sei assim,

que são filhos de, acho que é o Iran, se não me engano o Iran é filho de seu Adolfo.
Eu não sei se os dois. Alguma coisa assim. Mas que eu conheço, assim, não.
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PROMOTOR: Certo. Mas o senhor não encontrou nenhum desses dois, Willian ou
Iran, no local, na fazenda? Também não?
TESTEMUNHA ELISEU: Não. Conhecimento, não.
PROMOTOR: Certo. Senhor Eliseu, o senhor se recorda se, nesse saco; o senhor já
falou aí que era embalagem de papelão. Se tinha algum emblema, se eram
embalagens padronizadas, e se tinha algum emblema de alguma empresa, algum
símbolo?
TESTEMUNHA ELISEU: Doutor, porque tem muito tempo. Eu acho, eu não sei, eu
não sei lhe dizer, mas eu acho que tinha emblema [...]. Não, eu não sei afirmar se
realmente. Tenho, eu tenho para mim que existia esse nome [...]. Alguma coisa
assim.
PROMOTOR: Certo. Essa carga, ela estava toda armazenada nessas embalagens?
O senhor sabe dizer se houve transferência do produto para alguma outra
embalagem?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu informei antes. Elas estavam em uma embalagem de

papelão, papel, e estavam sendo transferidas para embalagens de linho, esse
material de linho; esses sacos de, acho que de 60 kg.
PROMOTOR: Maiores, né? Sacos maiores do que aquela embalagem original. E a

razão de ser feita essa transferência aí, o senhor indagou ali das pessoas por que
estavam transferindo, estavam fazendo essa mudança aí?
TESTEMUNHA ELISEU: Doutor, que eu lembre, eu não, eu não indaguei não.

Porque até o doutor estava também, eu acho que ficou a cargo do delegado. E a
gente estava monitorando o pessoal também para saber quem era quem, né? Eu e
meu colega.
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PROMOTOR: Certo. O senhor sabe dizer se essa carga, ela tinha destinação a
alguma Secretaria Municipal de algum município aqui do Estado da Bahia?
TESTEMUNHA ELISEU: Pela informação que a gente tinha, essa carga seria para a
Secretaria de Araci.
PROMOTOR: Certo, certo.
TESTEMUNHA ELISEU: E se não me engano, um dos meninos, Iran ou Willian, era

o secretário, na época. Só não lembro qual.
TESTEMUNHA ELISEU: Secretário de Araci? Municipal de alguma pasta de Araci, é

isso?
TESTEMUNHA ELISEU: Creio que sim. Da agricultura.
PROMOTOR: Certo. Tá bom. Então, o senhor trabalhou, então, nesse momento aí

da apreensão, não foi, Eliseu?
TESTEMUNHA ELISEU: Trabalhei sim.
PROMOTOR: Apreensão de [...] pessoas ali no local. Essas pessoas foram

conduzidas para a delegacia?
TESTEMUNHA ELISEU: Foram conduzidas para a delegacia de Araci para serem

ouvidas.
PROMOTOR: Certo. Quem participou dessa diligência aí, quando da apreensão?

Foram vocês da Polícia Civil? Teve apoio da Polícia Militar? Quem foi a equipe?
TESTEMUNHA ELISEU: Que eu lembre, doutor, tinha eu, meu colega Rubenilson, e
acho que dois colegas da delegacia de Araci.
PROMOTOR: Todos da Polícia Civil, é isso?
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TESTEMUNHA ELISEU: Civil. Exatamente.
PROMOTOR: Não contou com o apoio da Polícia Militar, não?
TESTEMUNHA ELISEU: Não, que eu lembre, não.
PROMOTOR: Certo. Me explique aí a localização dessa fazenda, Eliseu, por favor.

Que eu não conheço. Essa fazenda, ela distava, mais ou menos, quantos
quilômetros, ou metros, da via principal, da rodovia principal? O senhor sabe
precisar, mais ou menos? Entendeu minha pergunta? A distância da fazenda.
TESTEMUNHA ELISEU: [...].
PROMOTOR: A fazenda onde foram localizados aí, a carga, para a rodovia principal
aí, que é a BR 116.
TESTEMUNHA ELISEU: A BR?
PROMOTOR: Sim.
TESTEMUNHA ELISEU: É, é um pouco distante. Ela, na realidade, fica entre o

povoado de Teofilândia e Araci; um povoado chamado de Poeira e a cidade de
Araci. Então, fica em uma zona rural um pouco distante.
PROMOTOR: Certo. Os senhores, então, foram para lá porque, o senhor disse aí,
que tinham recebido uma informação, foi isso? [...].
TESTEMUNHA ELISEU: Foi. Meu colega recebeu a denúncia e aí passou para a

gente, e a gente foi para o local.
PROMOTOR: Certo. Então os senhores foram com o propósito de averiguar essa

informação, foi isso?
TESTEMUNHA ELISEU: Sim, sim.
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PROMOTOR: Certo. Esta Fazenda Carrancudo aí, me perdoe aqui. O senhor falou
que era de propriedade de quem? O senhor chegou a falar isso?
TESTEMUNHA ELISEU: Propriedade de seu Adolfo.
PROMOTOR: Seu Adolfo. Pronto. Tá bom, então. Eu dou por encerrado. Muito
obrigado, viu, Eliseu? Sem mais, Excelência.
JUIZ: Ok. Pela defesa.
DOUTOR ALBERTO: Sim. Bom dia, bom dia, doutor. Você sabe quem fez essa
denúncia para o seu Rubenilson?
TESTEMUNHA ELISEU: Não, [...].
DOUTOR ALBERTO: Se foi pessoa física? Ligação?
TESTEMUNHA ELISEU: Não tenho conhecimento. Ele só me passou a denúncia.
DOUTOR ALBERTO: [...]. Foi o senhor que fez a descrição do fato quando ele fez a
ocorrência?
TESTEMUNHA ELISEU: A ocorrência fui eu.
DOUTOR ALBERTO: Só para esclarecer um pouco essa chegada da polícia lá. O

senhor disse, salvo engano, que tinha um caminhão lá no local. Quando o senhor
descreve a ocorrência, o senhor diz que após a chegada dos policiais [...] certidão,
os produtos já haviam sido retirados nas embalagens originais e ensacados em
sacos de 60 kg.
TESTEMUNHA ELISEU: Praticamente quase todos. Tinha uma grande quantidade

já dentro da casa, mas ainda estavam concluindo a descarga.
DOUTOR ALBERTO: [...]. O motorista do caminhão estava no local?
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TESTEMUNHA ELISEU: [...]
DOUTOR ALBERTO: Quem foi conduzido para a delegacia civil?
TESTEMUNHA ELISEU: Não sei, não, tem muito tempo. Eu sei que um dos
meninos, o Alan, teve um momento que, já escurecendo, porque a gente passou o
dia quase todo. Aí ele aproveitou um descuido e ele evadiu-se do local. Eu creio que
os outros que estavam descarregando, que foram [..].
DOUTOR ALBERTO: A carga, na sua maioria, estava em que local da

propriedade?
TESTEMUNHA ELISEU: Dentro da casa. Tinha na na sala, tinha nos quartos, [...],
além das sacas, né?
DOUTOR ALBERTO: [...] dia esse material chegou lá na propriedade?
TESTEMUNHA ELISEU: O dia não sei, não sei lhe informar, [...].
DOUTOR ALBERTO: Sabe se a apreensão ocorreu no mesmo dia que a carga

chegou lá?
TESTEMUNHA ELISEU: Não sei lhe dizer.
DOUTOR ALBERTO: O senhor Rubenilson teria mais informações, porque o que

recebeu a denúncia. Quem fez a retirada dessa carga lá da propriedade? Qual
veículo?
TESTEMUNHA ELISEU: A carga total?
DOUTOR ALBERTO: Sim.
TESTEMUNHA ELISEU: O delegado que [...]
DOUTOR ALBERTO: Mas em que tipo de veículos?

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TESTEMUNHA ELISEU: Acho que um caminhão.
DOUTOR ALBERTO: Sabe descrever o caminhão?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu acho que era o caminhão do senhor chamado... era de

Araci, eu não me recordo o nome agora. Ele iria transportar esses produtos [...] mais
seguro.
DOUTOR ALBERTO: O senhor se recorda se o motorista estava presente no

aumento da chegada da polícia?
TESTEMUNHA ELISEU: Não me recordo, não.
DOUTOR ALBERTO: Que horas foi essa chegada de vocês na propriedade?
TESTEMUNHA ELISEU: Vamos ver. Tem muito fato que, pela tempo, eu não
lembro. Eu creio que, acho umas nove horas, por aí.
DOUTOR ALBERTO: Da manhã?
TESTEMUNHA ELISEU: Da manhã. Não sei precisar horário.
DOUTOR ALBERTO: Sem mais perguntas.
JUIZ: Doutora?
DOUTORA JULIANA: Bom dia, senhor a Eliseu.
TESTEMUNHA ELISEU: Bom dia.
DOUTORA JULIANA: O senhor referiu que o seu colega Rubenilson recebeu uma
denúncia. Após a recepção dessa denúncia, entre a recepção dessa denúncia e o
deslocamento da polícia para a fazenda, o senhor se recorda qual foi o lapso
temporal?
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TESTEMUNHA ELISEU: Não, não lembro, não.
DOUTORA JULIANA: Sabe nem dizer se foi no mesmo dia, se foi dois dias? Não
lembra?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu creio que tenha sido no mesmo dia, mas não tenho,
não tenho como precisar não.
DOUTORA JULIANA: Quando foram feitas essas, quando chegou essa denúncia,
houve alguma providência policial? Os senhores fizeram alguma investigação, ou já
se deslocaram para a fazenda?
TESTEMUNHA ELISEU: Assim que ele me passou a informação a gente foi

averiguar. [...] em contato com o pessoal de Araci. Não fui eu. E a gente chegou até
o local.
DOUTORA JULIANA: O senhor tinha mandado judicial para entrar na fazenda?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu não.
DOUTORA JULIANA: A autoridade policial?
TESTEMUNHA ELISEU: O delegado estava presente.
DOUTORA JULIANA: Estava presente?
TESTEMUNHA ELISEU: Estava.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe dizer se o delegado tinha mandado judicial

para entrar na propriedade?
TESTEMUNHA ELISEU: Não sei.
DOUTORA JULIANA: Não sabe dizer. O senhor pode descrever, se o senhor puder
falar um pouquinho mais alto, eu te agradeço. Só por causa da gravação, porque
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depois, para poder degravar, fica difícil. Por gentileza. O senhor pode descrever
geograficamente essa fazenda do primeiro cancelo até o local que o senhor se
reportou como sendo a sede da fazenda?
TESTEMUNHA ELISEU: Doutora, para descrever assim é complicado, porque a

fazenda, ela é um pouco escondida. Entendeu? Além de ter a rodovia, tem outra
estrada vicinal que dá acesso a Teofilândia e Araci, e tem uma entrada onde vai
para essa fazenda, que é um pouco distante né? Estrada com curvas. Então, para
lhe descrever, assim, é complicado.
DOUTORA JULIANA: Mas a sede, a casa sede. Que eu achei que a gente chama o
sofrer de referência, ela está mais próxima da beira da rua, da estrada vicinal?
TESTEMUNHA ELISEU: Da estrada vicinal não.
DOUTORA JULIANA: Ou está em que estrada?
TESTEMUNHA ELISEU: Fica um pouco distante. Tem a entrada que a gente

percorre um bom... eu não sei dizer quantos quilômetros.
DOUTORA JULIANA: Tem cancelo?
TESTEMUNHA ELISEU: Para a gente chegar até a cancela [...].
DOUTORA JULIANA: Tem cancelos? Tem cancelos até chegar lá? Existem
cancelos?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu não lembro se a gente passou por alguma cancela.

Creio eu que sim, mas não lembro.
DOUTORA JULIANA: A equipe pediu, qualquer pessoa da equipe, pediu

autorização ao proprietário, ou qualquer das pessoas que estavam dentro da
fazenda, para ingressar na fazenda?
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TESTEMUNHA ELISEU: Que eu lembre, não.
DOUTORA JULIANA: Quando o senhor chegou - isto é muito importante. Se o

senhor não se recordar, obviamente, o senhor vai dizer que não se recorda - havia
algum caminhão dentro da casa ou fora da casa? Caminhão.
TESTEMUNHA ELISEU: Em frente à casa.
DOUTORA JULIANA: Mas esta casa fica dentro da fazenda ou fora da fazenda?
TESTEMUNHA ELISEU: Da propriedade, dentro da propriedade. [...].
DOUTORA JULIANA: Dentro da propriedade.
DOUTOR ALBERTO: A propriedade estava mais próximo da sede do município de

Araci ou da sede do município Teofilândia?
TESTEMUNHA ELISEU: Creio que mais próximo da cidade de Araci.
DOUTORA JULIANA: Outra informação. O senhor estava dentro da fazenda. O

senhor teve conhecimento se esse caminhão, ele foi retirado da fazenda, e quando
ele foi, se ele foi retirado?
TESTEMUNHA ELISEU: Não, não lembro, não.
DOUTORA JULIANA: Essa carga foi aprendida pela polícia?
TESTEMUNHA ELISEU: Sim.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe quem foi...
TESTEMUNHA ELISEU: [...] este ano.
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DOUTORA JULIANA: [...]. O senhor sabe se houve determinação para que essa
carga fosse retirada da fazenda e colocada novamente no outro veículo? Como foi
essa saída, pelo que o senhor [...]?
TESTEMUNHA ELISEU: [...] feito sobre a determinação do delegado. Após a

perícia, ela foi, acho que foi, se não me engano, foi colocada em outro caminhão;
que é o rapaz que eu não me lembro o nome, que é de Araci. E aí o destino, eu não
lembro qual foi o destino.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe se no dia deste fato, [...], o senhor, vossa
senhoria entrou, esteve na fazenda, o senhor encontrou o seu Willian? O senhor
Willian estava lá?
TESTEMUNHA ELISEU: Que eu lembre, não.
DOUTORA JULIANA: O senhor Adolfo estava lá?
TESTEMUNHA ELISEU: Não.
DOUTORA JULIANA: Sobre o senhor Alan, o senhor fez referência que ele estava,
e que ele teria, nas suas palavras, se evadido pela noite. Eu creio que isso é um
ponto importante também, que o senhor esclarecesse como foi a abordagem em
relação ao seu Alan. [...] foi algemado?
TESTEMUNHA ELISEU: Foi.
DOUTORA JULIANA: Foi algemado. Quem algemou o seu Alan?
TESTEMUNHA ELISEU: Não lembro.
DOUTORA JULIANA: Não se recorda?
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DOUTORA JULIANA: O senhor sabe quanto tempo ele ficou algemado?
TESTEMUNHA ELISEU: Doutora, não lembro, não, viu?
DOUTORA JULIANA: Ele foi preso em flagrante?
TESTEMUNHA ELISEU: Não. À noite, à noite, a gente ficou até à noite, e ele
aproveitou um descuido, e aí evadiu-se do local.
DOUTORA JULIANA: Mas essa suposta evasão teria sido antes de ele ter sido
algemado? Depois de ele ter sido algemado?
TESTEMUNHA ELISEU: Ele foi algemado, depois foi retirada a algema dele e,
nesse momento, ele estava até ajudando na carga, fechar tudo, e nisso ele
aproveitou esse descuido e evadiu-se.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe se, além do senhor Alan, havia outra pessoa
na fazenda? Além dos senhores, da polícia.
TESTEMUNHA ELISEU: Tinha Alan e tinha, se não me engano, mais uns três
funcionários que estavam fazendo a descarga. [...].
DOUTORA JULIANA: E algum parente do senhor Alan? O senhor sabe se existia

[...] de uma outra pessoa? Outra pessoa, por exemplo, que tivesse presenciado esse
fato de ele ter sido algemado.
TESTEMUNHA ELISEU: Doutora, eu lembro vagamente. Me parece, eu não sei se

posso afirmar, me parece que tinha algum irmão de seu Adolfo, que ele toma conta,
ou fica na fazenda. Eu não posso afirmar isso com certeza, mas eu acho que existia
essa pessoa. Eu não lembro quem, não sei quem é. Eu acho que ele mora no local.
Acho que em casa separada, entendeu?
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DOUTORA JULIANA: Então, eu pergunto o seguinte. Eu vou só reformular, peço

desculpas às autoridades. Quando o senhor chegou, a polícia chegou, o senhor Alan
fugiu? Ele correu?
DOUTORA JULIANA: Ou ele permaneceu onde ele estava?
TESTEMUNHA ELISEU: Estava no local.
DOUTORA JULIANA: O senhor poderia fornecer uma estimativa de tempo em que

a [...] e o senhor permaneceram na fazenda?
TESTEMUNHA ELISEU: O horário que a gente chegou à saída?
TESTEMUNHA ELISEU: É isso, doutora, eu creio que a gente deve ter chegado lá
umas oito, nove horas, por aí, e a gente saiu de lá bem tarde. Acho que já
escurecendo. Não sei precisar o horário, mas já quase escurecendo.
DOUTORA JULIANA: O delegado chegou junto com os senhores ou ele chegou

após?
TESTEMUNHA ELISEU: Não me lembro se ele estava ou se ele fugiu. Eu não

lembro, doutora.
DOUTORA JULIANA: O senhor também se recorda se esse caminhão, o senhor

disse que não sabe de quem era, mas era um caminhão da autoridade policial? O
senhor pode afastar essa afirmação? A propriedade desse caminhão?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu não sei de quem era, eu não sei de quem era o
caminhão. E não sei te dizer se era de algum policial. Se foi essa pergunta.
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DOUTORA JULIANA: Depois o senhor falou que houve a perícia, e que essa carga,
ela teria sido apreendida. O senhor sabe qual o destino dessa carga?
DOUTORA JULIANA: Posteriormente a isso?
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe onde ficou custodiada essa carga?
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe se a prefeitura municipal de Araci tem

depósito para guarda de semente?
TESTEMUNHA ELISEU: Não sei.
DOUTORA JULIANA: Só mais uma pergunta. O caminhão que estava a semente

no dia que você chegou, foi o mesmo? Você sabe falar se foi o mesmo que levou a
semente para lá?
DOUTOR ALBERTO: Você não sabe ou não era?
TESTEMUNHA ELISEU: Não. Pelo que eu me recordo, veio outro caminhão e fez a
recarga de volta, e foi conduzido para, acho que sentido Araci.
JUIZ: Acho que essa pergunta foi diferente [...]. O senhor perguntou em relação ao
dia anterior, quando a carga teria chegado.
DOUTOR ALBERTO: Não, a recarga.
JUIZ: [...], entendi errado.
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DOUTOR ALBERTO: [...] a polícia chegou lá, afirmou que tinha material em cima do
caminhão. Esse caminhão foi quem trouxe a [...] todo esse produto para a
delegacia?
TESTEMUNHA ELISEU: Que eu lembre foi outro caminhão que teve lá e

transportou.
DOUTOR ALBERTO: Você chegou [...] carga no caminhão?
TESTEMUNHA ELISEU: E o caminhão.
DOUTOR ALBERTO: Depois, como foi essa diligência em relação a esse

caminhão? O que foi feito com esse caminhão?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu creio que foi solicitado outro caminhão. Porque eu não
lembro, porque tem muito tempo, né? Eu creio que foi solicitado outro caminhão e
essa carga foi colocada nesse outro caminhão. Eu não sei se foi feito fiel depositário,
alguma coisa desse tipo, e aí foi transportada, se não me engano, para HC. Aí, de
lá, eu não sei o destino.
DOUTOR ALBERTO: Esse proprietário do caminhão nunca foi ouvido [...]?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu não sei, doutor, porque eu não acompanho as oitivas.
DOUTORA JULIANA: O senhor se recorda de ter conduzido o senhor Bruno Neves

dos Anjos até a autoridade policial ou ter deixado ele em algum local? A polícia ter
dado alguma carona ao senhor Bruno Neves dos Anjos?
TESTEMUNHA ELISEU: Não recordo não.
DOUTORA JULIANA: O senhor se recorda, [...] porque o senhor disse que não se
recorda se existe uma outra pessoa lá. O senhor conhece Bruno dos Anjos? É o filho
do senhor Alan? O senhor conhece ele?
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TESTEMUNHA ELISEU: Não, me recordo que existiam outras pessoas. Tinha mais
três pessoas, além de Alan, e uma pessoa que é parente. Eu disse que eu não sei.
Eu sei vagamente.
DOUTORA JULIANA: Se é filho? Se é irmão?
TESTEMUNHA ELISEU: Me parece que é irmão dele, do seu Adolfo, que mora no
local.
DOUTORA JULIANA: Mas o senhor se recorda se, em relação ao senhor Alan, ele
estava acompanhado de mais alguém? Tinha outra pessoa, além da polícia? Se o
filho dele estava lá? Se houve outras testemunhas no local ou era só a polícia e os
trabalhadores?
TESTEMUNHA ELISEU: Espera aí, doutora. Reformule, de novo.
DOUTORA JULIANA: Desculpa. O senhor chegou, o senhor afirmou que ele foi
algemado. Alguém presenciou esse fato? O senhor se recorda? Além do senhor.
Tinha mais alguém, além do senhor e dos trabalhadores?
TESTEMUNHA ELISEU: Tinha os trabalhadores. Que eu me recorde tinha Alan,

tinha os trabalhadores, e a gente, e os policiais.
DOUTORA JULIANA: O senhor não se recorda. O senhor se recorda da presença

do menor de idade Bruno dos Anjos?
TESTEMUNHA ELISEU: Bruno eu não estou lembrado não.
DOUTORA JULIANA: O senhor se recorda, à época, [...]. O senhor sabe qual [...] o
Willian estava com um cargo público, à época dos fatos?
TESTEMUNHA ELISEU: Foi o que eu falei anteriormente. Eu acho que o Iran ou o

Willian era secretário, ou fazia parte da Secretaria de Araci.
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DOUTORA JULIANA: O senhor sabe o que é a comissão territorial de distribuição

de sementes?
DOUTORA JULIANA: O senhor conhece Crisógno?
DOUTORA JULIANA: Pronto, eu estou satisfeita, Excelência.
JUIZ: Ok. Seu Eliseu, [...] não ficou bem claro aqui no momento, caso o senhor se
recorde, quando a equipe policial, que o senhor falou que a equipe policial vem pela
BR, depois pega a estrada vicinal, né, aí na entrada da fazenda pode ou não ter um
cancelo, o senhor não se recorda, mas o senhor acha que tem, não é isso?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu creio que tenha cancelo.
JUIZ: Mas, depois que entra, o senhor ainda percorre uma estrada rural, até chegar
à sede?
TESTEMUNHA ELISEU: Até chegar na sede.
JUIZ: Quando o senhor chegou na sede, o senhor viu a sede e o caminhão, é isso?
TESTEMUNHA ELISEU: Sim.
JUIZ: Nesse momento já foram vistas pessoas? Ou as pessoas estavam dentro da

casa, dentro do caminhão, estava descarregando...? O senhor consegue descrever
essa cena?
TESTEMUNHA ELISEU: Eu creio, doutor, que estavam descarregando, não sei se

todos, mas que estavam descarregando.
JUIZ: [vozes sobrepostas].

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TESTEMUNHA ELISEU: Mas eu não sei te precisar.
JUIZ: Ok. O senhor se recorda que foi encontrado essas sementes dentro do
caminhão e dentro da casa?
TESTEMUNHA ELISEU: Dentro da casa, exato.
JUIZ: O caminhão, o senhor lembra quem abriu, se chamaram alguém para abrir, se
os próximos policiais abriram, se o caminhão já estava aberto...?
TESTEMUNHA ELISEU: Não, o caminhão já estava aberto.
JUIZ: Ah, o caminhão é daqueles que são abertos?
TESTEMUNHA ELISEU: É, que é aberto, não é baú, não.
JUIZ: Então, quando o senhor chegou, o senhor viu... já era possível ver a
mercadoria em cima?
TESTEMUNHA ELISEU: Em cima do caminhão.
JUIZ: Disso aí, o senhor se recorda como foi que entraram na casa?
TESTEMUNHA ELISEU: Como a gente entrou?
JUIZ: É, se o senhor viu o material lá, os senhores não foram conferir no caminhão e
depois entraram na casa, chamaram alguém, como é que foi essa parte?
TESTEMUNHA ELISEU: A gente viu o material ser descarregado e, como estava

em frente à casa, a gente viu que tinha várias sacas na casa, a gente entrou pra ver
a quantidade que tinha, tinha sacas em vários quartos, na sala. ..
JUIZ: Entendi. O senhor se recorda a partir de que momento, né, a equipe policial
entendeu que a notícia inicial que o investigador Rubenilson havia recebido seria
procedente, que levaram a fazer essa diligência de forma a ir para a delegacia,
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apreensão, e tal, o senhor se recorda a partir de que momento se entendeu que

aquilo ali poderia ser um ilícito, de fato.
TESTEMUNHA ELISEU: É, no momento que ele recebeu a denúncia, a gente

comunicou o delegado, o delegado pediu para gente averiguar, a gente foi averiguar,
eu só não me lembro se ele foi com a gente ou se ele foi após.
JUIZ: Certo.
TESTEMUNHA ELISEU: Não sei se foi o suficiente.
JUIZ: Pronto, mas chegando lá no local, né, a partir de que momento o senhor
entendeu que aquela notícia inicial poderia ser procedente?
TESTEMUNHA ELISEU: Doutor, eu não sei te dizer porque foi o momento em que o
doutor conduziu o pessoal para ser ouvido, né? Aí, é por isso que eu te falo assim,
acho que o Rubenilson teria mais condições de informar porque ele recebeu toda a
denúncia, talvez ele não tenha me passado toda a denúncia, entendeu?
JUIZ: Ok, já vamos dar por encerrado aqui.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
DOUTORA JULIANA: [...].
JUIZ: Diga, doutora.
DOUTORA JULIANA: Está gravando agora? [...] meu parecer.
JUIZ: Está. Pode ficar aguardando aí, só um instante.
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DOUTORA JULIANA: Excelência, pela ordem, sua Excelência, o promotor, [...] ele
desistiu, ele formulou a desistência da testemunha Gilvanês da Cruz Costa.
JUIZ: Só para constar, doutora, [...] na gravação, mas não está [...] mas confirma a
desistência da testemunha Gilvanês e Joseval, não é isso?
PROMOTOR: Isso, Excelência, o Ministério Público manifesta desistência da oitiva

de Gilvanês da Cruz Costa e Josivaldo Carlos Farias, insistindo nas oitivas de Carlos
[...] da Costa e Arailton Mendes Farias.
JUIZ: Ok, pode seguir, doutora.
DOUTORA JULIANA: Eu gostaria de ponderar com o juiz a seguinte situação: A

defesa técnica dos senhores Allan dos Anjos e William dos Anjos entende que a
melhor interpretação do princípio da comunhão das provas leva à conclusão de que
uma parte não poderia desistir da inquirição da testemunha arrolada sem anuência
[...] da parte ex-adversa, né, porque como já houve a admissibilidade no andamento
probatório, ainda que de forma precária [...] de... em sede inquisitorial, entendemos
que esse [...] de informação passou a entregar o acervo posto à disposição e a tese
deixa a defesa, particularmente quanto ao senhor Gilvanês da Cruz Costa, foram
elaboradas dentro daquilo que se espera do seu depoimento, de modo que eu
gostaria de fazer o registro que a defesa técnica dos dois aqui não [...] interesse [...]
Gilvanês da Cruz Costa ou [...] absoluta como tem decidido o Tribunal de Justiça da
Bahia, decisão da 2ª Câmara do Tribunal, da 2ª Turma, notadamente [...] 26
[ininteligível, ruídos sobrepostos] requer a não homologação da desistência da oitiva
da testemunha Gilvanês Cruz Costa. Particularmente, quanto à testemunha José
Farias, como o fato [...] esclarecimentos não tem relação com a imputação constante
na denúncia [...] esta defesa não faz nenhuma objeção à desistência dessa segunda
testemunha.
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JUIZ: Está bem, doutora. Sobre o requerimento, se manifeste o doutor Márcio, pelo
MP.
PROMOTOR: Excelência, o artigo 401, par. 2º, do Código de Processo Penal é

enfático ao descrever que a parte poderá desistir da inquirição de quaisquer das
testemunhas arroladas, ressalvando-se apenas o artigo 209, que diz respeito às
testemunhas requeridas da qual o próprio juízo pode determinar a inquirição. O
Código de Processo Penal não faz nenhuma ressalva à necessidade de
aquiescência da parte ex-adversa para que se desista da testemunha arrolada em
se a defesa entendia que a testemunha era importante dentro da tese defensiva,
deveria tê-la arrolado na resposta à acusação. Então, o Ministério Público requer
que não seja acatado, acolhido o requerimento formulado pela defesa [...] a
desistência já manifestada por este parquê.
JUIZ: [...], decido a questão de ordem pelo indeferimento, com base na [...]
semelhante [...] do Ministério Público, do Código de Processo Penal traz essa
possibilidade de desistência e, inclusive, o próprio CPP traz uma definição diferente
para o procedimento do Júri, no procedimento de Júri é necessária a anuência dos
doutores jurados [...] desistência da testemunha, já no procedimento ordinário, [...]
não relativos a crimes contra a vida, não há essa necessidade [...], não seria
necessário, e aqui também [...] em relação a casos ordinários, que é o caso [...]
comprovado [...] arrolar testemunhas [...], então, a desistência seria para adequar
[...] que podem ser [...]. Então, não caberia manter a testemunha para que se [...] o
rol legal das testemunhas que seriam ouvidas pelo Ministério Público. Então,
decidindo questão de ordem, passo à oitiva da testemunha, seu Carlos Oliveira [...]
Costa.
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CARLOS OLIVEIRA COSTA
JUIZ: Seu Carlos, bom dia. O senhor me ouve?
TESTEMUNHA CARLOS: Bom dia.
JUIZ: Bom dia. Meu nome é Igor, eu sou o juiz, certo? O senhor vai ser perguntado
aí primeiramente pelo Ministério Público e depois pela defesa. Seu Carlos, o senhor
pode [...] algum funcionário aí do fórum de Araci que esteja próximo, seu Allan ou
algum outro funcionário? Que eu vou pedir para eles pedirem silêncio para qualquer
tipo de ruído aí para não atrapalhar a gravação.
SERVIDOR ALAN: Certo, doutor.
JUIZ: Prontos? Obrigado, você ouviu aí, né? Então, Allan, pede silêncio absoluto aí
porque está dando [...] no microfone aí e está dando ruído aqui e a gravação não vai
ficar boa.
SERVIDOR ALAN: [...] só está nós dois.
JUIZ: Se tiver alguém fora também conversando, pede para fazer silêncio porque o
microfone está captando.
SERVIDOR ALAN: Ok.
JUIZ: Pronto, agora ficou bom. Seu Carlos, o senhor é parente de algum dos
denunciados, senhor Iran, senhor Adolfo, senhor Allan ou senhor William? O senhor
é parente? Senhor Carlos, o senhor me ouve? Caiu a...
SERVIDOR ALAN: Teve uma queda aqui.
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JUIZ: Pronto. Seu Carlos, o senhor é parente de algum dos réus: Adolfo, Iran, Allan
ou William?
TESTEMUNHA CARLOS: Não, senhor.
JUIZ: Ok.
TESTEMUNHA CARLOS: Não sou parente, não.
JUIZ: Pronto. O senhor está aqui como testemunha e deve dizer a verdade sobre o
que for perguntado, ok?
TESTEMUNHA CARLOS: Hum-rum, se eu souber, eu digo, né?
JUIZ: Pronto. Doutor Márcio tem a palavra.
PROMOTOR: Bom dia, seu Carlos, o senhor me ouve bem?
TESTEMUNHA CARLOS: Bom dia, doutor. Mais ou menos, né? [Risos].
PROMOTOR: Certo. Eu vou tentar falar alto aqui para o senhor me compreender.
TESTEMUNHA CARLOS: Velho escuta pouco, né? Velho escuta pouco [Risos].
PROMOTOR: Seu Carlos o senhor já foi secretário municipal de agricultura de

Araci?
TESTEMUNHA CARLOS: Fui.
PROMOTOR: Quando foi que o senhor começou e quando foi que terminou essa
função aí?
TESTEMUNHA CARLOS: Eu não tenho a data porque eu fui secretário na última

gestão do senhor Américo, né?
PROMOTOR: Certo.
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TESTEMUNHA CARLOS: Foi um período que não foi longo, né? Foi dois anos e
pouco, entendeu? [...] por exemplo, esse [...] de William, ele era o secretário, quando
ele resolveu sair candidato a vereador, não sei, o senhor Américo foi lá em casa me
convidar para eu assumir o lugar de William, né?
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA CARLOS: Aí, aí eu falei até a questão que eu não era formado, que
eu não tinha tanta sabedoria, que era trabalhador rural, como sou, né? Mas ele
questionou, questionou e ficou... e minhas filhas acharam que eu não deveria, e foi
aquela conversa, até que ele fez uma certa conversa e pediu para eu assumir, para
eu comparecer, para ajudar, fazer caridade, entendeu, e eu fui e assumi esse
período, né?
PROMOTOR: Então eu vou fazer uma pergunta aqui: Em junho de 2016 o senhor
era secretário de agricultura de Araci, não é isso?
TESTEMUNHA CARLOS: Sim, mais ou menos isso.
PROMOTOR: Certo. O fato que está sendo apurado aqui nesse processo aconteceu
nessa época aí, em julho de 2016. O senhor se recorda se chegou a conversar com
alguém para que o Município de Araci recebesse uma carga de grãos de milho e
feijão nesse mês aí de julho de 2016?
TESTEMUNHA CARLOS: Não, a gente, no caso, através do prefeito do município,

eu, como secretário, solicitava na Secretaria de Agricultura do Estado, [...] que servia
para conseguir a semente do plantio do pessoal do Município de Araci, aí pegamos
cerca de... não me lembro assim, mas foi 16, umas 16 toneladas de sementes em
duas viagens. Quando nós pegamos, como foi? Pegamos em um caminhão do pátio,
que é da agricultura, uma caçamba, e como não tinha a semente toda, o rapaz que
passava lá, que parece que chamava [...], aí ele liberou e ficou [...] no outro dia a
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gente pegava, pode ser no final de maio para junho mesmo, e nós pegamos outra
viagem com semente que foi distribuída na secretaria, foi para a Secretaria do
Município e aí eu, como eu tinha afinidade com o prefeito e com a comunidade em
si, eu distribuí essa semente para a população.
PROMOTOR: Deixa eu entender, então: O senhor pegava a semente em Serrinha,

era isso.
PROMOTOR: E essa semente, ela chegava em Araci, não é isso?
TESTEMUNHA CARLOS: Isso.
PROMOTOR: E ficava armazenada aonde?
TESTEMUNHA CARLOS: Ela chegava de manhã e quando chegou de noite... nós

pegamos de noite e no outro dia de manhã a comunidade já estava todo mundo lá
na secretaria para receber cada comunidade sua quantidade, entendeu?
PROMOTOR: Então... então, essa semente, ela era... ela era descarregada onde,
na secretaria mesmo?
TESTEMUNHA CARLOS: Na secretaria mesmo.
PROMOTOR: Tinha um pátio?
TESTEMUNHA CARLOS: É, tinha tipo um armazenzinho no fundo da secretaria e aí

descarregava [falha na gravação] pouco espaço, mas em pouco tempo a
comunidade, que nós tinha 90 comunidades no município e cada um levava o seu
punhado, cada presidente de sua associação de cada lugar vinha com sua turma e
apanhava 30 litros, 60, o que fosse para levar e levava, aí [...].
PROMOTOR: Deixa eu perguntar aqui... deixa eu fazer uma pergunta para o senhor.
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JUIZ: Só um instante, é que teve uma parte aí da resposta do senhor Carlos que
ficou travada aí, se o senhor puder repetir a pergunta para o seu Carlos se
manifestar novamente sobre o assunto.
PROMOTOR: Qual foi, doutor? Porque pra mim não travou, não. Foi a última
pergunta?
JUIZ: Foi a última pergunta.
PROMOTOR: Eu me recordo que eu perguntei se na secretaria havia um galpão,

uma espécie de depósito ou armazém para que essas sementes fossem
armazenadas. Responda, de novo, seu Carlos, que travou lá pra eles.
JUIZ: Senhor Carlos, repita a resposta, por favor, que aqui a gente teve uma perda
na gravação, pode repetir.
TESTEMUNHA CARLOS: Na secretaria existia um galpão, não é nem um galpão,

era como se fosse um quarto que guardava determinadas sementes, né, porque o
espaço, o perímetro era curto, que a semente já chegava atrasada, então o pessoal
estava tudo lá ansioso para receber suas quantidades de semente, para já pegar e
plantar. Mas era rápido, rápido, era chegando e saindo, o caminhão chegou,
descarregou, o pessoal da comunidade já chegou, já pegando.
PROMOTOR: É isso que eu queria perguntar para o senhor; é isso que eu queria
fazer a pergunta ao senhor: Quando chegava, essa semente demorava mais ou
menos quanto tempo na secretaria?
TESTEMUNHA CARLOS: Não, não demorava nem cinco dias, não demorava
porque o povo já estava ansioso para receber para plantar, que já estava esperando,
entendeu?
PROMOTOR: Entendi.
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TESTEMUNHA CARLOS: [Vozes sobrepostas].
PROMOTOR: Essas sementes, seu Carlos, elas vinham embaladas de que forma,
em sacos de quantos quilos?
TESTEMUNHA CARLOS: Era tudo em embalagem, em pacotes de 20 quilos [vozes

sobrepostas].
PROMOTOR: Certo, e vocês faziam [vozes sobrepostas]?
TESTEMUNHA CARLOS: Naqueles pacotes de papel.
PROMOTOR: Certo, entendi; vinha padronizado, é isso?
TESTEMUNHA CARLOS: Ah-hã, [vozes sobrepostas].
JUIZ: Repete, por favor, essa parte; por favor.
PROMOTOR: Oi, doutor?
JUIZ: Porque travou aqui.
PROMOTOR: Posso continuar?
JUIZ: Travou aqui, eu pedi para repetir, ele estava falando sobre o pacote de 20
quilos.
PROMOTOR: Pronto, eu perguntei se isso era padronizado, se vinham todas nesses

pacotes de 20 quilos.
TESTEMUNHA CARLOS: Era padronizado, tanto o feijão como o milho, tudo em

pacote de 20 quilos.
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PROMOTOR: Pronto. E vocês da secretaria, quando recebiam essa carga, vocês

transferiam essas sementes para pacotes menores ou distribuíam para a população
nesses sacos de 20 quilos mesmo?
TESTEMUNHA CARLOS: Nós pegava, por exemplo, na comunidade de Tapuio

tinha 70 famílias, aí vinha as sementes, só que o presidente da associação chegava
lá junto com seu povo, fazia o balanço e pegava seus pacotes, tipo, vai 90 quilos de
semente para Tapuio, aí aquela associação pegava, todo mundo sabendo, já,
pegava aqueles carros [...], né, pegava os pacotes de semente e carregava para
distribuir lá na comunidade, assinava o recibo que tinha ali, aquele documento que
tinha recebido, né, e levava, todo mundo era dessa forma, todo mundo, pelo menos
no período que eu estava lá.
PROMOTOR: Certo. Então, o procedimento era esse: O senhor solicitava, que era o
secretário que solicitava os grãos?
TESTEMUNHA CARLOS: Era, a secretaria que solicitava, o pessoal da Secretaria

de Estado, e a secretaria mandava para cá para a Secretaria do Município de
Serrinha, né, e aí a gente pegava lá em Serrinha mesmo.
PROMOTOR: O senhor pegava em Serrinha ou tinha outros lugares também?
TESTEMUNHA CARLOS: É, aí depois, voltando o assunto, o prefeito me chamou:

"Carlinhos, eu estive com alguém do Erecê, eu consegui mais seis toneladas, três de
milho e três de feijão para ir buscar", aí eu falei: "Mas vai buscar como, prefeito?",
ele diz: "Pega a caçamba do PAC, porque você tem o poder, você é o secretário,
convoca o pessoal, eles libera a caçamba e você vai", aí pegamos a caçamba do
PAC, eu junto com o rapaz, com o motorista, e fomos na caçamba. Quando nós
chegamos lá no Erecê, o rapaz [...] "secretário, o povo já tinha avançado no feijão,
você só vai levar o milho", aí nós trouxe mais 3 mil quilos de milho, o mesmo
procedimento, entendeu?
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PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA CARLOS: Tudo empacotado em pacotes de 20 quilos, né? [Vozes

sobrepostas].
PROMOTOR: Espera aí. Esse fato que o senhor está se referindo, de Erecê
aconteceu quando?
TESTEMUNHA CARLOS: Foi no mesmo período, assim, no final de maio, no final

do plantio, de maio para junho, foi tudo embutido no período, assim, encarregado.
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA CARLOS: Eu venho da roça e eu sempre falei para o prefeito:

"Prefeito, tem que pegar a semente no período de plantio, não adianta pegar em
julho e nem em agosto, porque agosto é época de colheita", aí ele falou: "Não, então
vamos pegar lá", aí nós [...], foi só isso mesmo, eu não tenho mais outra intervenção
sobre semente, né?
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA CARLOS: E também, [...] semente, depois que teve essa coisa, aí já
chegou um período que aí também o prefeito me pediu a secretaria de volta, que ele
tinha não sei o que com alguém e me devolveu e eu saí, né?
PROMOTOR: Certo. O que está sendo apurado nesse processo aqui, seu Carlos, é
um fato que aconteceu em julho de 2016.
TESTEMUNHA CARLOS: Ah-hã.
PROMOTOR: Em que teria sido desviada uma carga de cerca de 5.200 grãos de
milho e de feijão.
TESTEMUNHA CARLOS: Quantos?

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PROMOTOR: 5.200 quilos de milho e feijão.
TESTEMUNHA CARLOS: Ah-hã.
PROMOTOR: Certo? Que foram apreendidos pela polícia na Fazenda Carrancudo,

povoado de Poeira.
TESTEMUNHA CARLOS: Isso aí eu não... esse aí [vozes sobrepostas].
PROMOTOR: O senhor se lembra de ter solicitado essa carga de grãos?
TESTEMUNHA CARLOS: Eu não tive conhecimento; eu tive conhecimento, assim:

Eu estou aqui na secretaria, aí "Rubão", né, de Teofilândia, ligou pra mim: "Seu
Carlinho, tem como o senhor comparecer aqui, comparecer aqui na delegacia de
Teofilândia hoje, às seis horas da tarde?", eu até brinquei com ele: "Rubão, de três
para quatro horas eu estou ocupado, tenho que ir para minha casa, que eu moro na
roça, mas vou ouvir a declaração, aí [...] uma hora, duas horas, eu estou sem carro,
mas eu pego até um carro aí na pista e vou", aí minha menina chegou com o
carrinho que ela tinha e diz: "Vai com meu carro", aí eu fui. Quando eu cheguei lá,
quando eu cheguei lá, que eu entrei ali no portão, tinha um carro estacionado do
lado e tinha dois rapaz, eu perguntei: "O delegado se encontra?", ele disse: "Não,
ele foi [...], ele foi resolver uma desinteligência aí para o lado de Juazeiro", [vozes
sobrepostas].
JUIZ: Seu Carlos, só... o senhor pode repetir? Que ficou ruim aqui. O senhor chegou
e perguntou pelo delegado, para o senhor continuar dessa parte aí que a gravação
tinha travado. O senhor chegou e perguntou pelo delegado, e aí?
TESTEMUNHA CARLOS: Eu não entendi, se eu perguntei?
JUIZ: Pode explicar para ele aí?
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PROMOTOR: Seu Carlos, o pessoal não conseguiu captar lá, o senhor disse que
chegou, procurou o delegado...
TESTEMUNHA CARLOS: Foi.
PROMOTOR: Aí, repita aí essa parte.
TESTEMUNHA CARLOS: Quando eu cheguei lá, eu perguntei ao rapaz que estava

assim, ao lado, né, aí eu digo: "O delegado se encontra?", aí ele respondeu o
seguinte: "Não se encontra, ele foi resolver uma desinteligência em Juazeiro [...]",
né, e aí ele diz: "Por quê?", aí eu digo: "Porque Rubão mandou um chamamento [...]
comigo", né? Aí [...] "então vamos pra cá conversar".
JUIZ: Seu Carlos, seu Carlos, deixa eu perguntar aqui [...] travou novamente, o
senhor vai precisar repetir que a gente não conseguiu captar aqui, que ficou travado.
TESTEMUNHA CARLOS: Sim. Quando eu cheguei na delegacia lá de Teofilândia,

eu perguntei ao pessoal que estava ali, que estava parado do lado ali, eu perguntei
ao cidadão que estava encostado assim no carro: "O delegado se encontra?", ele
disse: "Não"; "e Rubão?"; "não, eles foram ver uma desinteligência aqui para o lado
de Juazeiro e só voltam à noite ou amanhã, o senhor queria falar com eles?", aí eu
disse: "Rubão mandou eu vir que ele disse que queria falar comigo, também não me
disse o assunto", aí eles [...], ele chamou uma moça do lado, que devia ser escrivã,
né, e aí ele me fez essas perguntas, se eu tinha conhecimento de uns cereais que
tinham sido desviados de Serrinha, que saiu cereais em nome de Araci e tinha ido
para a fazenda de Adolfo, se eu sabia onde era, eu falei: "Conheço a região, agora,
eu nunca fui na fazenda dele, nunca estive nessa cidade, eu sei onde fica a região,
mas nunca fui lá, né, e também não sei o destino dessas sementes", eu sei que aí
eu falei com ele, aí ele voltou e me perguntou: "E o senhor já fez algum carrego de
sementes?", eu digo: "Já, com certeza", aí eu falei a mesma coisa para ele: "Peguei
duas vezes em Serrinha, que eu estou [...] 16 ou 17, que eu não me lembro mais",
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[...] que eu não estou mais lá, né, e peguei, depois, consegui com o próprio prefeito,
seu Américo, [...] a semente de milho, que era milho e feijão, só que quando chegou
lá no Erecê, o rapaz secretário falou: "Senhor, o seu município perdeu só o feijão
porque o povo aqui resolveu atacar e carregar, só ficou o milho, três toneladas de
milho, dá para levar?"; "eu já estou com a caçamba aqui", que e era a caçamba do
próprio PAC, né, da secretaria [falha na gravação].
PROMOTOR: Seu Carlos...
TESTEMUNHA CARLOS: Só a única coisa que eu sei é essa.
PROMOTOR: A caçamba, a secretaria tinha carros à disposição para fazer esse

transporte dos grãos?
TESTEMUNHA CARLOS: É, a caçamba é aquela caçamba do programa do PAC,

que era, na época, não sei hoje, que eu não tenho mais relação com eles, com
ninguém, a caçamba é destinada para serviços das secretarias ou dos agricultores,
né? [...].
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA CARLOS: Como a caçamba prestava serviço, na segunda viagem,

ela prestava outros serviços, a segunda viagem não deu para ir, foi uma caçamba
que trabalhava locada para a prefeitura, o rapaz foi e fez o mesmo carreto, o mesmo
procedimento, a mesma devolução, deixou no mesmo local, foi [...] ficou tudo lá e foi
tudo distribuído para a comunidade, entendeu?
PROMOTOR: Certo, entendi. Quem é que o senhor contatava em Serrinha?
TESTEMUNHA CARLOS: [vozes sobrepostas].
PROMOTOR: Seu Carlos, quem é que o senhor contatava em Serrinha?
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JUIZ: [falha na gravação].
DOUTORA JULIANA: Doutor, só um minutinho, doutor Márcio, desculpa a

intervenção, é que a dicção aqui está muito ruim para a gente, só para eu não ter
que perguntar novamente, ele está se referindo a esses fatos aí, são os fatos
objetos da denúncia? Porque está travando aqui o nosso sistema e a dicção está um
pouco complicada para eu entender, então, não está claro pra mim se ele está
falando dos fatos, objetos da denúncia, ou de procedimentos anteriores ao objeto da
denúncia; só isso, se o senhor me permitir, se o senhor puder esclarecer.
PROMOTOR: Só para esclarecer, doutora, acho que é um problema da Internet aí

de Teofilândia, tá? Porque eu estou conseguindo ouvir perfeitamente tudo que ele
responde, então vai ficar gravado, eu acho que na gravação vai estar perfeito para
os senhores e para todo mundo ouvir. Ele se referiu a alguns outros fatos também, o
fato de Erecê, me parece até que esse último, essa última foi referente a esse outro
fato. Eu já fiz perguntas em relação ao fato, certo? Mas eu vou dar prosseguimento
aqui.
DOUTORA JULIANA: Tá, obrigada, desculpe a interrupção.
PROMOTOR: Mas está perfeita a gravação aqui, eu estou conseguindo ouvir tudo,
eu acho que na hora que soltar o link no site vai estar bom.
JUIZ: Na próxima oitiva, a gente pode trocar aqui a gravação.
PROMOTOR: É, porque, pra mim, eu estou ouvindo perfeito. Seu Carlos...
JUIZ: [...].
PROMOTOR: Quem era a pessoa que o senhor contatava em Serrinha para receber
os grãos e as sementes?
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TESTEMUNHA CARLOS: Na verdade, quem era o responsável era várias pessoas

na Serrinha, mas o cabeça, o cabeça lá era o Crisógno que era o... ou era o
presidente ou era do sindicato de lá, [...] onde eles trabalhavam, né? Na secretaria
lá, entendeu?
PROMOTOR: Certo. Seu Carlos, o senhor disse...?
TESTEMUNHA CARLOS: [vozes sobrepostas].
PROMOTOR: O senhor disse aí que quem o antecedeu na Secretaria de Agricultura

de Araci foi... foi o William, não é isso? William é filho do Adolfo?
TESTEMUNHA CARLOS: É, pelo que eu... pelo que eu conheço da história dele, é
filho de Adolfo, né? [...] depois que o William saiu da secretaria, eles foram e me
colocaram para eu assumir [...] do próprio William, né?
PROMOTOR: Pronto. Eu vou fazer uma pergunta aqui para o senhor: Depois que
William saiu da secretaria, ele ainda... assim, ele continuava, ele fez alguma
intermediação para receber grãos e sementes a favor de Araci?
TESTEMUNHA CARLOS: Que eu saiba, não.
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA CARLOS: Eu não... não tenho conhecimento.
PROMOTOR: O senhor conhece Iran dos Anjos Almeida e Allan dos Anjos Almeida?
TESTEMUNHA CARLOS: A gente conhece pessoalmente porque eles são um povo

que mexe [...] no Município de... inclusive, antes, antes trabalhava na... tinha um
cargo na prefeitura, né? Eu acho, né? Pelo que eu sei.
JUIZ: Seu Carlos, travou aqui, o senhor pode repetir acerca de se o senhor conhece
o Iran? Que travou aqui, pode repetir, por favor?
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TESTEMUNHA CARLOS: O conhecimento que eu tenho de Iran é depois de eu

virar secretário, que me [...] o costume que eu tenho de ir lá e [...] e o próprio William
foi nesse período, né?
PROMOTOR: Está bom. Doutor, eu não tenho mais perguntas, obrigado aí à

testemunha.
JUIZ: Obrigado. Defesa?
DOUTOR ALBERTO: Eu tenho só duas perguntas. Bom dia, seu Carlos, tudo bem?
TESTEMUNHA CARLOS: Tudo, mas pode ficar melhor. [Risos].
DOUTOR ALBERTO: Onde é que ficava a sede da secretaria quando o senhor foi
secretário? A secretaria ficava onde?
TESTEMUNHA CARLOS: A secretaria ficava nessa... eu não sei o nome da rua, eu

sei que a casa onde funcionava a secretaria era de um rapaz chamado João Vieira,
né, que era o nome dele, eu nem me lembro... ele é conhecido por João Vieira, que
eu lembre, era uma casa velha, um prédio, né, no andar de cima e no térreo, né?
[vozes sobrepostas].
DOUTOR ALBERTO: Então lá era uma casa?
TESTEMUNHA CARLOS: Lá era uma casa, agora, ela era alugada como secretaria
desde quando... desde outros governos, né?
DOUTOR ALBERTO: Entendi. Sem mais, Excelência.
JUIZ: Doutora?
DOUTORA JULIANA: Bom dia, senhor Carlos. Bom dia, senhor Carlos. O senhor
me escuta?
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TESTEMUNHA CARLOS: Bom dia.
DOUTORA JULIANA: Quanto tempo o senhor trabalhou nessa secretaria?
TESTEMUNHA CARLOS: Eu vou dizer à senhora que eu não trabalhei muito

tempo, cerca de dois anos, dois anos e pouco.
DOUTORA JULIANA: O senhor pode dizer qual foi o período exato que o senhor
trabalhou lá, de que ano a que ano?
TESTEMUNHA CARLOS: Rapaz... de cor, assim, de cabeça, eu não vou nem [...],
né? Porque eu, nem pegar um documento que indicasse isso eu não peguei, né?
Mas eu me lembro que eu distribuí semente em uma gestão e na outra já não fui eu,
então eu fiquei dois anos, dois anos e pouco ali, né? Que aí mudou, trocou [...] e o
prefeito pediu justamente a chave, que tinha compromisso com outras pessoas,
então, aí também eu não fiz questão, que eu fui para a secretaria fazer um favor a
ele, para ajudar ele.
DOUTORA JULIANA: Está certo. O senhor trabalhou... o senhor tinha algum

subordinado nessa secretaria que senhor trabalhava?
TESTEMUNHA CARLOS: Não entendi.
DOUTORA JULIANA: O senhor tinha algum subordinado nessa secretaria?
TESTEMUNHA CARLOS: Algum...?
DOUTORA JULIANA: Subordinado, alguém que o senhor dava ordem.
TESTEMUNHA CARLOS: A gente, bom, todo mundo que trabalhava ali, que era
funcionário da secretaria, faria alguma coisa, né? Eu [vozes sobrepostas].
DOUTORA JULIANA: [vozes sobrepostas]?
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TESTEMUNHA CARLOS: [vozes sobrepostas] ó, tinha [...] técnico de meio

ambiente, tinha técnico de agricultura, essas pessoas eram pessoas que
trabalhavam com a gente em conjunto, né?
DOUTORA JULIANA: [vozes sobrepostas] eram contratados, também contratados

pela prefeitura?
TESTEMUNHA CARLOS: Tinha, sim, com certeza tinha.
DOUTORA JULIANA: O senhor conhece Ana Maria Ferreira dos Reis?
TESTEMUNHA CARLOS: Ana Maria, não lembro, não; Ana Maria... [...].
DOUTORA JULIANA: O senhor foi ouvido na delegacia de polícia por quem? Quem
foi que ouviu o senhor?
TESTEMUNHA CARLOS: Na delegacia de Teofilândia?
TESTEMUNHA CARLOS: Quem me convidou para ir lá foi o "Rubão", o "Rubão"

que me perguntou, ligou pra mim um dia, eu estava na secretaria, saindo já para ir
para a roça, ele ligou, perguntando se eu podia ir lá em Teofilândia que o delegado
diz que ia conversar comigo.
DOUTORA JULIANA: Certo, mas quando o senhor chegou lá...?
TESTEMUNHA CARLOS: Aí [vozes sobrepostas].
DOUTORA JULIANA: Quando o senhor chegou lá na delegacia, que o senhor

sentou para prestar seus depoimentos, quem foi que lhe fez as perguntas?
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TESTEMUNHA CARLOS: Foi um rapaz, eu não sei nem o nome, deve ser algum
agente de lá da delegacia, foi o rapaz, o rapaz me fez as perguntas e uma moça que
trabalha lá ficava digitando.
DOUTORA JULIANA: Foi o "Rubão" que fez as perguntas? Foi "Rubão" que fez as
perguntas? Foi o "Rubão" que fez as perguntas?
TESTEMUNHA CARLOS: Não, "Rubão" tinha viajado, aí, quando eu cheguei lá,
"Rubão" não se encontrava, eu perguntei ao rapaz: "O delegado se encontra por
aqui?", aí o rapaz disse assim: "Ele viajou, ele e Rubão, viajaram os dois, uma
desinteligência", aí [...] pelo que eu entendi, "eles só retornam à noite ou amanhã, o
senhor quer o quê?", eu falei: "Ele mandou eu vir, que queria conversar comigo
sobre um feijão", aí eu disse: "Não sei nada de feijão, não", aí ele falou: "Vamos
conversar", então, aí ele me perguntou se eu conhecia Adolfo, perguntou se eu
conhecia William, perguntou se eu se sabia onde era a fazenda [...] que eu disse:
"Eu sei, mas eu nunca fui lá em Auxiliador".
DOUTORA JULIANA: Certo. Uma pergunta objetiva, a pergunta é simples: Foi o

delegado que ouviu o senhor?
TESTEMUNHA CARLOS: Não entendi.
DOUTORA JULIANA: Foi o delegado que ouviu o senhor?
TESTEMUNHA CARLOS: O delegado não conversou comigo, não, o delegado não

se encontrava lá na delegacia nesse dia, segundo eles, né? [vozes sobrepostas].
DOUTORA JULIANA: [...] prestou seu depoimento, certo. O senhor falou aí, usou a
palavra para o doutor promotor, o senhor usou a palavra caçamba. Caçamba, para o
senhor aí, é a mesma coisa de caminhão?
TESTEMUNHA CARLOS: É, [vozes sobrepostas].
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DOUTORA JULIANA: [vozes sobrepostas]. Só um minuto, senhor. A prefeitura tem

um veículo, tem um carro próprio para transportar essas sementes? Tem algum
carro da prefeitura próprio para transportar isso?
TESTEMUNHA CARLOS: Próprio, eu não sei se eles têm, eu sei que foi
transportado em um caminhão caçamba, transportado em um caminhão caçamba
que é do programa PAC, que é do agricultor, é da agricultura, da Secretaria de
Agricultura, e [...] nós pegamos [...] eu não me recordo na memória, [...] nada, aí
pegamos o outro caminhão do outro cidadão que estava locado, trabalhando para a
prefeitura, nesse período, não sei se ainda continua, não sei, e pegando a segunda
viagem, tudo imediatamente, assim, em um período de um dia para o outro, né?
DOUTORA JULIANA: Além dessa caçamba... doutor, me desculpe eu estar falando

alto [vozes sobrepostas] aos tímpanos dos senhores, é que como ele está aqui do
outro lado, para a gente está muito ruim a audição. Existia, senhor, além desse
caminhão caçamba que o senhor fez referência, o senhor fez referência aí que a
prefeitura contratava particulares para transportar também esses produtos, o senhor
poderia dizer o nome de algum desses motoristas?
TESTEMUNHA CARLOS: Como, na verdade, o caminhão que era... que a gente

tinha locado, que fazia o serviço de prefeitura, se não me falha a memória, era José
Raimundo, Raimundo de tal, não sei, entendeu? Além da caçamba, que era do PAC,
que a gente sabia que era de trabalhador mesmo, né?
DOUTORA JULIANA: O senhor já ouviu falar em uma pessoa chamado Arailton

Almeida Farias?
TESTEMUNHA CARLOS: Não ouvi.
DOUTORA JULIANA: Arailton Almeida Farias, o senhor já ouviu falar, conhece?
TESTEMUNHA CARLOS: Eu conheço.

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DOUTORA JULIANA: [vozes sobrepostas]?
TESTEMUNHA CARLOS: Arailton, eu conheço particularmente aqui nessa cidade,

mas não sei, não tenho nenhuma relação com ele, certo?
DOUTORA JULIANA: Certo.
TESTEMUNHA CARLOS: Conheço, mas não tenho nenhuma intimidade,

entendeu?
DOUTORA JULIANA: O senhor... a última, as duas últimas perguntas. Quando

desse caso aqui, que foi objeto da denúncia, que é o caso que está sendo apurado
aqui, que está sendo investigado, o senhor sabe se o senhor Arailton prestou serviço
à prefeitura de Araci?
TESTEMUNHA CARLOS: Sei, não, se prestava, eu não tenho conhecimento.
DOUTORA JULIANA: Não tem conhecimento ou não se recorda?
TESTEMUNHA CARLOS: Não conheço, nunca tive conhecimento que ele prestasse
serviço, que esse cidadão prestasse serviço nenhum para a prefeitura, apesar de eu
não ter muita ligação na prefeitura, né? Eu nunca tive, eu estive esse pequeno
período na secretaria, mas nunca fui servir de envolvimento com prefeitura e nem de
nada, entendeu?
DOUTORA JULIANA: No período em que o senhor esteve no cargo, o senhor

William foi secretário de alguma coisa?
TESTEMUNHA CARLOS: Se era secretário de alguma coisa?
DOUTORA JULIANA: No período em que o senhor teve o seu cargo aí.
TESTEMUNHA CARLOS: Meu cargo era secretário.
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DOUTORA JULIANA: Hã?
TESTEMUNHA CARLOS: Secretário, entendeu? Mas era... eu não tinha... eu nunca

loquei nenhum veículo, eu não tinha conhecimento com todo movimento da
prefeitura, não, eu tinha... meu movimento era com o trabalhador na secretaria,
fazendo a atividade da Secretaria de Agricultura.
DOUTORA JULIANA: O senhor conhece Allan, Allan dos Anjos?
TESTEMUNHA CARLOS: Hã?
DOUTORA JULIANA: O senhor conhece Allan dos Anjos?
TESTEMUNHA CARLOS: Allan é filho de Adolfo, não é isso?
DOUTORA JULIANA: É, sim.
TESTEMUNHA CARLOS: Eu conheço Allan, eu conheço Allan.
DOUTORA JULIANA: O senhor já tratou em algum momento sobre sementes com

ele?
TESTEMUNHA CARLOS: Não, não tenho nenhum conhecimento de sementes com

ele.
DOUTORA JULIANA: Sem mais perguntas, obrigada.
TESTEMUNHA CARLOS: Como é, senhora?
JUIZ: Eu também não tenho perguntas, vou encerrar a gravação.
ARAILTON ALMEIDA FARIAS

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JUIZ: Oitiva da testemunha Arailton Almeida Farias, já qualificado nos autos. Senhor
Arailton, o senhor é parente de algum dos réus?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não.
JUIZ: Ok. Então o senhor aqui vai depor como testemunha, deve dizer a verdade
sobre o que for perguntado. O senhor entendeu? O senhor entendeu sua condição
de testemunha?
TESTEMUNHA ARAILTON: Oi?
JUIZ: O senhor entendeu que o senhor está na condição de testemunha e tem que
falar a verdade sobre o que for perguntado?
TESTEMUNHA ARAILTON: Senhor, eu não estou entendendo, [...] depoimento no

dia que eu fui lá na delegacia.
JUIZ: Senhor Arailton, eu vou repetir a pergunta. O senhor está aqui no juízo para
ser ouvido na condição de testemunha e deve dizer a verdade sobre o que for
perguntado, o senhor entendeu isso?
TESTEMUNHA ARAILTON: Entendi.
JUIZ: Pronto, ok. Doutor Márcio, o doutor tem a palavra.
PROMOTOR: Arailton, bom dia. Você está me ouvindo bem?
TESTEMUNHA ARAILTON: Bom dia, estou ouvindo.
PROMOTOR: Pronto. Eu vou lhe fazer algumas perguntas relativas ao ano de 2016,
certo? Mais especificamente ao mês de julho, fatos que aconteceram no mês de
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julho de 2016, certo? Nessa época aí, o senhor possuía um caminhão que fazia
serviço de transportes de cargas?
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu fazia transporte de carga com caminhão.
PROMOTOR: Pronto. O que está sendo apurado aqui nesse processo é o suposto
desvio de grãos, de sementes de milho e feijão que teriam sido... teriam sido
distribuídos em Serrinha, né, e tendo destinação Araci, mas foram parar em uma
fazenda em Teofilândia. O senhor se recorda, se entre 05 e 06 de julho de 2016, o
senhor pegou uma carga de grãos em Serrinha?
TESTEMUNHA ARAILTON: Me recordo.
PROMOTOR: Pronto. Quem foi que solicitou ao senhor que fosse em Serrinha
buscar essa carga?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi Iran.
PROMOTOR: Iran dos Anjos Almeida?
TESTEMUNHA ARAILTON: Acho que é o nome, eu não sei, não, o sobrenome.
PROMOTOR: Esse Iran é filho de Adolfo?
TESTEMUNHA ARAILTON: É filho de Adolfo.
PROMOTOR: Pronto. Como foi que ele lhe solicitou? Foi por telefone, foi
pessoalmente, como ele pediu, especificamente?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi por telefone.
PROMOTOR: Certo. E o que é que ele pediu ao senhor?
TESTEMUNHA ARAILTON: Para pegar uma semente em Serrinha.
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PROMOTOR: Em Serrinha e levar para onde?
TESTEMUNHA ARAILTON: O destino era Araci, né? [...] porque era semente da
associação, para Araci, agora eu fui lá para pegar e ele me deu o destino lá dessa
fazenda.
PROMOTOR: O senhor foi contratado para fazer esse serviço, o senhor foi
remunerado para fazer esse serviço?
TESTEMUNHA ARAILTON: Fui, pela prefeitura.
PROMOTOR: Pela prefeitura. Quanto foi que o senhor recebeu?
TESTEMUNHA ARAILTON: 400 reais.
PROMOTOR: Certo. Chegando em Serrinha, o senhor procurou quem? Quem foi

que lhe entregou esse material?
TESTEMUNHA ARAILTON: Quando eu cheguei em Serrinha, eu encontrei eles lá

em Serrinha, eles me levaram lá.
PROMOTOR: Eles quem?
TESTEMUNHA ARAILTON: Iran e... Iran e... Iran, e William, e Adolfo.
PROMOTOR: Iran, William e Adolfo. Você encontrou eles em Serrinha?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi.
PROMOTOR: E como é o seu caminhão? Seu caminhão é um caminhão baú

fechado, como é?
TESTEMUNHA ARAILTON: É um caminhão truck, 1620.
PROMOTOR: Me esclareça aí que eu não conheço, eu não sei como é, é grande?
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TESTEMUNHA ARAILTON: É [...].
PROMOTOR: É o quê?
TESTEMUNHA ARAILTON: Gambeleiro.
PROMOTOR: Gambeleiro. Ele é fechado, tem baú fechado?
TESTEMUNHA ARAILTON: É tipo um baú, só que ele é fechado de lona em cima,

tem a lona em cima.
PROMOTOR: Ah, entendi.
TESTEMUNHA ARAILTON: [vozes sobrepostas].
PROMOTOR: Entendi, certo. Você lembra mais ou menos o horário que você
chegou em Serrinha?
TESTEMUNHA ARAILTON: Olha, eu não lembro não, o horário.
PROMOTOR: Certo. E aí, o senhor carregou ali e aí seguiu rumo...?
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu carreguei [...] eles estavam [...].
PROMOTOR: Eles estavam de carro? Eles estavam de carro, no mesmo carro?
TESTEMUNHA ARAILTON: Estavam em outro carro, eles estavam em um carro

que eles foram pra lá.
PROMOTOR: Certo. Só que o senhor não chegou a Araci, foi isso que o senhor
falou? O senhor foi para onde?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, eu não cheguei, parou no Barreiro.
PROMOTOR: Onde é o Barreiro?
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TESTEMUNHA ARAILTON: Onde é?
PROMOTOR: O Barreiro é aonde, em Teofilândia?
TESTEMUNHA ARAILTON: É em Teofilândia.
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA ARAILTON: Aí parou no Barreiro.
PROMOTOR: Certo. Parou no Barreiro e fez o quê?
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu aguardei chegar Adolfo para poder levar esse

negócio para a fazenda.
PROMOTOR: Que fazenda foi essa? O senhor se lembra o nome da fazenda?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, não lembro, não.
PROMOTOR: Essa fazenda pertencia a quem, ou aparentava pertencer a quem?
TESTEMUNHA ARAILTON: Aparentava, eu não sei a quem pertence que eu não vi

documento nenhum, não me deram nada.
PROMOTOR: Mas eu estou perguntando a aparência, quem parecia ao senhor ser o

proprietário daquela fazenda, o dono?
TESTEMUNHA ARAILTON: O dono, eu acho que era herança que Adolfo teve, de
Adolfo e os herdeiros, entendeu? De herança, é a conversa, agora eu não sei, não.
PROMOTOR: Quem conduziu o senhor até essa fazenda aí foi quem?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi Adolfo.
PROMOTOR: Certo. O senhor disse que encontrou o Iran e o William lá em

Serrinha, o Iran e o...?
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TESTEMUNHA ARAILTON: [Vozes sobrepostas].
PROMOTOR: Oi?
TESTEMUNHA ARAILTON: [...] oi?
PROMOTOR: O senhor nos disse aqui que encontrou o Adolfo, o Iran e o William
em Serrinha, foi isso?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi, isso aí.
PROMOTOR: Aí eu estou te perguntando se Adolfo, Iran e William também foram

para essa fazenda.
TESTEMUNHA ARAILTON: Foram não; foram não.
PROMOTOR: Certo. Então quem conduziu o senhor foi quem?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi Adolfo.
PROMOTOR: Adolfo, certo. Chegando lá, o que foi feito com a carga?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi descarregado, descarregado o carro e...
PROMOTOR: E essa carga, ela foi deixada onde, no chão?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi, na casa de morada, na casa da fazenda.
PROMOTOR: Certo. Quando o senhor... o senhor chegou a perguntar por que a

carga estava indo para aquela fazenda, e não para Araci?
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu não perguntei, não, que eu estou sozinho, eu não

perguntei nada, não.
PROMOTOR: O senhor perguntou também qual seria o destino daquela carga, a

destinação, melhor dizendo?
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TESTEMUNHA ARAILTON: A destinação, que eu sabia, é que a destinação era a

secretaria, mas eu estava sendo [...] que estava atrasada a semente para distribuir
para os agricultores, estava atrasado, eu não sei onde [...].
PROMOTOR: Quem lhe falou que estava atrasado? Quem lhe passou essa
informação que estava atrasado, foi quem?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, o [...] atrasado que eu falo é o plantio do ano,

entendeu? Que a semente era para plantio.
PROMOTOR: Ah, então, ao que se pratica comumente, estava, no seu entender,

atrasado, é isso?
TESTEMUNHA ARAILTON: Atrasado, tanto no inverno quanto o [...].
PROMOTOR: O senhor se lembra quem era, nessa época aí, o secretário municipal
de agricultura de Araci?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não sei, não.
PROMOTOR: O senhor conhecia o senhor Carlos Oliveira da Costa?
TESTEMUNHA ARAILTON: Carlos... [...] eu não conheci, não.
PROMOTOR: Não conhecia, não? Não conhece ele? Não conhece?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, o Carlos, eu [...] inclusive desse negócio aí.
PROMOTOR: Não, eu estou perguntando em relação àquele tempo lá, 2016, eu não
estou perguntando de agora, se senhor viu ele, não. Naquela época o senhor
conhecia um Carlos Oliveira da Costa?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não.
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PROMOTOR: Não. O senhor em algum momento tratou com esse Carlos.... não, ele
não conhece. Deixa eu lhe perguntar: Depois que descarregou a carga, o senhor foi
para onde?
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu vim para Araci.
PROMOTOR: O senhor sabe me dizer se a carga foi completamente descarregada,

ou seja, tirou tudo que tinha ali no seu caminhão?
TESTEMUNHA ARAILTON: Tirou tudo, tirou tudo.
PROMOTOR: O pagamento foi feito de que forma? Foi feito em espécie?
TESTEMUNHA ARAILTON: O pagamento, eu tirei uma nota fiscal para a prefeitura,

para poder receber.
PROMOTOR: Uma nota fiscal para a prefeitura para receber?
TESTEMUNHA ARAILTON: [Depoente balançou a cabeça afirmativamente].
PROMOTOR: E o senhor recebeu quando esse pagamento? Aliás, o senhor

recebeu, efetivamente?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, demorou uns dias.
PROMOTOR: E como foi esse pagamento? Foi em espécie, foi em transferência

bancária, como foi?
TESTEMUNHA ARAILTON: Rapaz, foi em espécie, a gente recebia o dinheiro lá em

espécie.
PROMOTOR: Quem foi que te deu esse dinheiro?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi Iran.
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PROMOTOR: Iran. E Iran ocupava alguma função pública na prefeitura de Araci?
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu não sei, não, informar.
PROMOTOR: Não sabe me dizer. Mas o senhor recebeu em espécie, não é isso?
TESTEMUNHA ARAILTON: Isso.
PROMOTOR: O senhor já tinha feito algum outro transporte de carga a pedido de

algum dos acusados aqui, de Adolfo...?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, de carga, só essa daí que eu fiz. Eu fiz uma de
bloco, que foi para a associação, de carga só foi essa.
PROMOTOR: De grãos, né, foi a primeira e única vez que o senhor fez?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi.
PROMOTOR: Certo. O senhor chegou a ver se houve... aliás, deixa eu te perguntar:

O senhor se recorda como esses grãos e essas sementes estavam acondicionados?
Estavam em embalagens? Como era essas embalagens que estavam esses grãos?
TESTEMUNHA ARAILTON: Eram embalagens de sacos de papel.
PROMOTOR: O senhor se recorda de quantos quilos, mais ou menos?
TESTEMUNHA ARAILTON: Acho que era 20 quilos nas embalagens.
PROMOTOR: O senhor viu... o senhor viu se houve, nessa fazenda aí, onde o
senhor deixou a carga, a transferência dessas embalagens de papelão de 20 quilos
por alguma outra embalagem? O senhor viu isso?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, eu não vi isso, não, ver eles trocar, eu não vi, não.
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PROMOTOR: Não viu, certo. O senhor se recorda quem foi que fez o
descarregamento desses sacos aí, de 20 quilos, na fazenda?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foram os funcionários, os caras que trabalham em

sisal, batendo sisal, que trabalhava na fazenda, eles que descarregaram.
PROMOTOR: Eram funcionários do Adolfo?
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu não sei, não; eu não sei, não, eu sei que... é porque
é [...] motor de... motor de sisal, eles empreita.
PROMOTOR: Eram trabalhadores daquela fazenda?
TESTEMUNHA ARAILTON: É, da fazenda.
PROMOTOR: Certo. O senhor já tinha ido nessa fazenda anteriormente?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, primeira vez.
PROMOTOR: Certo. O senhor foi solicitado outro dia para pegar novamente essa
mesma carga que estava na fazenda?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, eu fui pegar, fui pegar novamente outra vez a
mesma carga, eu fui buscar depois.
PROMOTOR: Certo.
TESTEMUNHA ARAILTON: Aí [...] fui buscar depois.
PROMOTOR: Certo. Está bom, então.
JUIZ: Só um instante, pode repetir, por favor, a resposta?
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TESTEMUNHA ARAILTON: A carga que eu descarreguei, eles me chamaram para

pegar novamente, algum agente fiscal, para pegar novamente as sacas lá de novo
na fazenda.
PROMOTOR: Isso foi no dia seguinte? Quanto tempo foi depois?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi logo depois que eu deixei lá, no dia seguinte eles
foi lá, no outro dia.
PROMOTOR: E aí, qual foi o destino? O senhor disse que pegou aí e levou para
onde?
TESTEMUNHA ARAILTON: Aí eu levei para Coité, Conceição de Coité.
PROMOTOR: E deixou lá, descarregou em Coité?
TESTEMUNHA ARAILTON: Isso.
PROMOTOR: Está bom, então. Sem mais perguntas, Excelência. Obrigado, senhor
Arailton.
TESTEMUNHA ARAILTON: Ok.
JUIZ: Doutor... pode permanecer aí, senhor Arailton. Doutor, pela defesa,
perguntas?
DOUTOR ALBERTO: Seu Arailton, tudo bom? O senhor Iran ajudou a descarregar
esse caminhão?
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, Iran não estava, não.
DOUTOR ALBERTO: Quem pediu para o senhor ir lá buscar essa carga para levar
para Coité?
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TESTEMUNHA ARAILTON: Para levar para Coité foi o delegado, o delegado de

Teofilândia.
DOUTOR ALBERTO: Sem mais perguntas.
JUIZ: Doutora?
DOUTORA JULIANA: Seu Arailton, boa tarde.
TESTEMUNHA ARAILTON: Boa tarde.
DOUTORA JULIANA: Está me ouvindo?
TESTEMUNHA ARAILTON: Estou ouvindo.
DOUTORA JULIANA: O senhor se... se recorda de quem foi que... para quem o
senhor prestou depoimento na Delegacia de Polícia?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi o delegado e o escrivão, e "Rubão", que estava lá.
DOUTORA JULIANA: O senhor falou que a carga foi completamente descarregada;

eu lhe pergunto: O senhor pode precisar o lapso temporal, o período, quanto de
tempo esse caminhão ficou no interior da fazenda no dia que o senhor foi levar?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi em torno de uma hora e pouco, uma hora e vinte,
uma hora e pouco; uma hora e vinte, mais ou menos.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe informar... só um minuto. Se o senhor William

dos Anjos estava na fazenda no momento que o senhor fez o descarregamento
desse... desse... desse... desse caminhão, no momento em que foi encarregado.
TESTEMUNHA ARAILTON: Não, estava não.
DOUTORA JULIANA: Só um minuto, doutor.
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DOUTOR ALBERTO: Seu Arailton, quando o senhor foi buscar esse feijão lá na
fazenda, levar em Coité, tinha algum caminhão na fazenda?
TESTEMUNHA ARAILTON: Fui buscar na fazenda, eu fui buscar depois que eu

descarreguei, né?
DOUTOR ALBERTO: Isso.
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu fui buscar depois.
DOUTOR ALBERTO: Tinha algum caminhão lá quando você foi buscar?
TESTEMUNHA ARAILTON: Tinha não.
DOUTOR ALBERTO: Satisfeito.
DOUTORA JULIANA: Não, ele já disse que não ficou, ficou claro, Excelência, que o
caminhão não estava? O senhor pode precisar? Eu acho que... eu não sei se foi
essa pergunta que eu fiz, eu peço [...]. O senhor falou que foi no dia seguinte, o
senhor tem certeza disso ou o senhor não se recorda? Do dia que o senhor esteve
na fazenda para descarregar esse veículo, segundo o senhor afirmou, e o dia que o
senhor retornou para retirar novamente a pedido da autoridade policial, segundo o
senhor informa, quanto tempo se passou?
PROMOTOR: Pela ordem, Excelência.
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu descarreguei... eu descarreguei...
PROMOTOR: Ele já respondeu isso, Excelência.
JUIZ: Só um instante. Diga, doutor Márcio.
PROMOTOR: Na verdade, é uma pergunta repetida que até eu mesmo já fiz e já

houve resposta da testemunha sobre isso.
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JUIZ: Já foi respondida, mas só para gente [...] eu vou permitir que repita. Pode
responder, seu Arailton.
TESTEMUNHA ARAILTON: Eu descarreguei à tarde, no final da tarde; no passar do

dia me chamaram de novo, no outro dia, é a lembrança que eu tenho.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe por que razão essa carga... por que o senhor
foi nomeado como fiel depositário pela autoridade policial para guardar, para ficar
com essas sementes no seu veículo?
TESTEMUNHA ARAILTON: Foi porque foi no final de semana e eu não tinha onde
deixar o caminhão na delegacia porque a delegacia era aberto e aí eu tinha garagem
no galpão lá, aí ficou guardado lá no terreno.
DOUTORA JULIANA: O senhor sabe quanto tempo ficou lá?
TESTEMUNHA ARAILTON: Ficou até a segunda-feira.
DOUTORA JULIANA: Sem mais, Excelência.
JUIZ: Eu não tenho outras perguntas, dou por encerrado o depoimento. O senhor
aguarda só um instante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
JUIZ: Iniciando a gravação, a defesa pediu a palavra para suscitar uma questão de
ordem.
DOUTOR ALBERTO: Excelência, a defesa dos réus Iran e Adolfo requer que seja
realizada a acareação entre a testemunha, a última testemunha ouvida, senhor
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Eliseu, e qualquer das testemunhas ouvidas anteriormente que estavam presentes

no momento que a polícia chegou para realizar a operação, isso porque o policial
Eliseu, que foi o responsável pela certidão para relatar os fatos que chegaram ao
conhecimento da polícia, em nenhum momento disse, em nenhum de seus
depoimentos, na fase de inquérito, que havia [falha na gravação] presença da um
caminhão quando a polícia chegou até a Fazenda Carrancudo e as testemunhas
anteriormente ouvidas, senhor Leandro, Edileno e Jean da Cruz Costa, todos,
ninguém relatou a presença de um caminhão e todos informaram que, quando a
polícia chegou, toda a carga estava dentro da casa e toda a carga já havia sido
armazenada em outras embalagens. Assim pede deferimento.
DOUTORA JULIANA: No mesmo sentido, a defesa técnica do senhor Allan dos

Anjos e do senhor William dos Anjos reitera o pedido do colega porque as
afirmações feitas, notadamente as derradeiras afirmações pelo policial Eliseu, elas
não encontram nenhuma ressonância em todos os elementos de informação
colhidos em sede policial, inclusive por ele próprio, nem em nenhum dado das
evidências probatórias dos elementos já coletados nessa assentada e nem mesmo
consta do laudo de exame preliminar, cujas fotografias essa defesa técnica tem
questionado a quebra da cadeia de custódia, mas nem mesmo nesse laudo que a
defesa entende emprestado, o próprio caminhão não parece nessa cena.
Entendemos, Excelência, que o indeferimento geraria um prejuízo muito grande para
a defesa técnica dos acusados porque a nossa principal tese e aqui de defesa
indubitavelmente é a nulidade absoluta dessa... dessa investida, dessa empreitada
policial, por inobservância de todas essas garantias constitucionais previstas na
constituição. Nesse sentido, pede deferimento, que seja acolhida a questão de
ordem colocada pelo colega.
JUIZ: Ok. Doutor Márcio, pode se manifestar aí sobre a questão suscitada.
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PROMOTOR: Excelência, o Ministério Público entende a formulação defensiva, mas

sob a nossa ótica, essa questão da existência do caminhão, primeiro, não foi negado
pelas outras testemunhas ouvida anteriormente ao depoimento do Eliseu e [falha na
gravação] então não há uma [...], não há uma contradição de afirmações, e ainda
que houvesse, ainda que houvesse essa imaginada contradição, isso não tem
relevância para o conhecimento do mérito da causa, nem tampouco em relação à
tese aí que está sendo aventada pelas defesa, de nulidade da investigação. Então,
tendo em vista que não se consegue vislumbrar [...] entre as testemunhas e [...]
ainda que houvesse, isso não seria relevante para a decisão sobre o mérito do fato
que está sendo imputado. É que o Ministério Público vai se manifestar
contrariamente a essa acareação pretendida.
JUIZ: Doutor, obrigado. Passo a decidir, então, a... [ajustes técnicos]. Passo a
decidir a questão de ordem que a defesa formulou, o pedido para que fosse
acareado o senhor Eliseu Elias da Silva em relação a qualquer outra das
testemunhas que estiveram no local no momento da abordagem para fins de
esclarecimento acerca da presença do caminhão, isso seria relevante e teria havido
uma divergência também tendo em vista os relatos. O Ministério Público
manifestou-se contrariamente por não entender que não haveria relevância e,
mesmo assim, que o mérito poderia ser decidido sem essa, essa complementação
da prova. No momento entendo que não é cabível acareação, não porque a questão
não seja relevante, eu acho que existe, sim, uma relevância, tendo em vista as
questões jurídicas já levantadas pela defesa em relação à nulidade, a possível
nulidade, tendo em vista a aplicação dos entendimentos [...] jurisprudenciais
relativos à questão da validade da prova quando se faz uma entrada domiciliar sem
o mandado judicial, mas não vejo como a situação possa ser submetida a
acareação, primeiro, de um lado, porque a acareação, como regra, tem muito pouco,
muito pouco resultado, tendo em vista que cada testemunha mantém a sua versão
no sentido de reafirmar os fatos como afirmou anteriormente, e, em segundo lugar,
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os fatos são antigos, né, então os fatos remontam aí a quase dez anos e é possível
que haja essa divergência entre uma testemunha e outra sem que necessariamente
a testemunha consiga se recordar do que seria o verdadeiro fato, né? E terceiro
ponto, né? Durante o depoimento da testemunha Eliseu, a defesa não apresentou
exatamente arguição mais ampla acerca desse ponto como forma de o desconstituir,
o juiz chegou também a perguntar, só posteriormente, depois de já encerrado o
depoimento e dispensada a testemunha surgiu a questão, então, com base nesses
três fundamentos que eu vou indeferir a questão de ordem consignada em ata. O
seu objeto, de forma breve, e o resultado, a decisão, ok? Vou encerrar essa
gravação para que a gente aguarde quando Araci estiver pronta.
JUIZ: Ok, finalizada a oitiva das testemunhas arroladas pela acusação, seria iniciada
a oitiva das testemunhas arroladas pela defesa, contudo, foi requerido tanto pelo
Ministério Público, quanto pelos advogados aqui de defesa, que fosse feito o
adiamento, tendo em vista o adiantado da hora e todos têm outros compromissos
pela tarde. Então acolho esse requerimento, ficam cientes as testemunhas
presentes, os advogados, o Ministério Público e também os acusados da
remarcação da audiência, né, só para constar que as testemunhas presentes, o
senhor Josevaldo Carmo Farias, José da Silva Souza, Éverton Carvalho Nobre,
Orlando Mota Lima, Bruno Neves dos Anjos e José Carlos Cabral dos Santos, todos
clientes da remarcação da audiência para o dia 14/12, 14 de dezembro de 2023,
uma quinta-feira, às oito e trinta. Novamente, as testemunhas que residem na
Comarca de Araci podem comparecer à sala passiva da Comarca de Araci ou, caso
preferiram, podem comparecer também aqui em Teofilândia e ficam cientes que
devem comparecer, eu sei que está sendo um tormento aí comparecer a tantas
audiências, né, e são remarcadas, mas é um dever legal da testemunha comparecer
e, caso não compareça, é aplicada uma multa processual, ok? Todas as pessoas
que compareceram e não foram ouvidas, ainda assim, podem obter uma certidão de
que compareceram para apresentar no trabalho, caso necessário, ok? Ficam todos
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intimados. Eu vou constar também a determinação para que eventuais testemunhas

de defesa que não tenham sido... não tenham comparecido, apesar de intimadas,
sejam novamente... sejam, na verdade, conduzidas coercitivamente no dia da
audiência e, se de outra comarca, que seja deprecada a condução. A defesa viu
quem é a testemunha?
DOUTORA JULIANA: [...]. Doutor, na verdade, eu tinha [vozes sobrepostas] meu

cliente, só ontem e ele me reportou no caminho para cá que uma das testemunhas
está o marido na UTI, em Lagoinha, que ele está em coma profundo, então, na
verdade, doutor, ela informou ele e, como eu não tenho contato com ela, pode ser
que informou [...] acho que não seria o caso nesse sentido, [...] cometer a
indelicadeza, pelo quadro informado aqui.
SERVIDOR ALAN: Doutor, eles já estão saindo, tá?
JUIZ: Certo, ok, não tem problema, eu vou... obrigado, viu? [Vozes sobrepostas].
Não foi, o Josivaldo? Ah, tá, é verdade. Ô Araci, Allan de Araci, por favor, avise ao
Josivaldo que, na verdade, ele não precisa comparecer porque ele foi dispensado,
certo? Só Josivaldo, os outros precisam comparecer, avisa aí, por favor, para eles
não... pronto. E em relação a Ana Maria...
DOUTORA JULIANA: Ana Maria, [vozes sobrepostas] o marido dela está em coma
profundo e ela está com ele [...] inclusive está residindo lá, não é isso, doutor?
DOUTOR ALBERTO: [...].
JUIZ: Tem o contato dela aí? Ela pode ser ouvida lá em Lagoinha, se for o caso, tem
o telefone dela?
DOUTORA JULIANA: A gente informa no processo.
JUIZ: É que aí eu já consto em ata para já saírem todas as... as observações.
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DOUTOR ALBERTO: É 75...
JUIZ: 75.
DOUTOR ALBERTO: 992...
JUIZ: 992...
DOUTOR ALBERTO: 00...
JUIZ: 00...
DOUTOR ALBERTO: 12
JUIZ: 12...
DOUTOR ALBERTO: 18.
JUIZ: 18. Tem mais alguma observação sobre alguma outra testemunha?
DOUTORA JULIANA: Não, considerando [...].
JUIZ: Não tem problema, não, eu vou constar só a nova intimação aqui, nesse
número, né, e já que ela não está no seu endereço habitual [falha na gravação]. Há
mais alguma testemunha de defesa, alguma que tenha sido intimada e não tenha
sido encontrada?
DOUTORA JULIANA: [...] só um minuto, doutor.
DOUTOR ALBERTO: Foram intimadas, n]e? Eram aquelas que estavam lá em

Araci.
JUIZ: Pronto.
DOUTORA JULIANA: [...]. José Adailton nós vamos dispensar.
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JUIZ: A defesa vai dispensar.
DOUTORA JULIANA: A testemunha José Adailton.
JUIZ: José Adailton. Ele não tinha comparecido, né, em Araci?
DOUTORA JULIANA: Não.
JUIZ: José Adailton.
DOUTOR ALBERTO: Está dispensado.
JUIZ: Ok, José Adailton dispensado, então não vai precisar conduzir
coercitivamente. Alguma observação sobre alguma outra testemunha [...]
DOUTORA JULIANA: Não, eu só vou... doutor, eu só vou, só para esclarecer, na

presença de Vossa Excelência [...] e na presença do meu cliente, [...] um dos
argumentos que Vossa Excelência utilizou para indeferir a nossa [...] acareação foi o
fato de não ter havido ainda divergência materializada nos autos, né? [...] há uma
divergência manifesta entre o que foi dito pelo policial Eliseu [...] e o que foi dito pelo,
pelo... pelo pessoal do caminhão, [...], então nesse sentido eu gostaria de deixar aí
reiterado que a defesa continua entendendo pela importância dessa acareação.
JUIZ: Está certo, ok. Consta aqui. Mantenho a decisão anterior pelos mesmos
fundamentos. Alguma outra observação, doutor? Doutora? Doutor Márcio, alguma
outra observação?
PROMOTOR: Não, não, Excelência.
JUIZ: Ok. Então dou por encerrada essa audiência, saindo todos intimados da nova
audiência de instrução para continuidade. Espero a finalização da instrução, ok?
Tenham todos uma...
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... – pausa, interrupção do discurso ou mudança de tópico

[...] – palavra/trecho incompreensível

(hipótese) – hipótese da palavra/trecho ouvido

[comentário] – comentários do transcritor

(F) – palavra grafada pelo fonema

CRISÓGNO CONCEIÇÃO CARNEIRO DOS SANTOS

JUIZ: Processo número 0000089-83.2018 desta Comarca De Teofilândia na Bahia,

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Bom dia.

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não.

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Certo, ok.

JUIZ: Ok. Doutor Márcio tem a palavra.

PROMOTOR: Bom dia, Crisógno, você me ouve bem?

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Bom dia. Ouço sim, doutor.

PROMOTOR: Pronto. Vou começar fazendo algumas perguntas a você. Vou

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Certo.

PROMOTOR: Especificamente ao mês de julho. Qual era a função? O senhor

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Doutor, eu trabalhava como coordenador da Bahiater,

PROMOTOR: Certo. E quais eram as funções exercidas pelo senhor?

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Era coordenador. Eu fazia o trabalho de coordenação

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Sim, sim.

PROMOTOR: Certo. Você trabalhava, fisicamente, em Serrinha? Era isso?

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Exatamente, certo, correto.

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Essa semente já vinha direcionada para todos

PROMOTOR: Certo. Essas sementes, elas vêm armazenadas em sacos, é isso?

TESTEMUNHA CRISÓGNO: É, armazenadas em sacos específicos, entendeu? Da

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Doutor, os sacos lá são padrões, saco padrão,

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Doutor, eu não me lembro, não me recordo não, eu

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não, do programa não, da empresa que vendeu. Vinha

PROMOTOR: Perfeito, perfeito.

TESTEMUNHA CRISÓGNO: [...].

PROMOTOR: Como é que esse saco chegava ao destinatário, o beneficiário final,

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Normalmente, nessa parte de distribuição, quem ficava

PROMOTOR: Então o município que determinava? O município determinava: “o

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Exatamente isso.

PROMOTOR: O senhor já mencionou aí, eu quero adentrar também nesse assunto.

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Olha, doutor, normalmente, as recomendações, às

PROMOTOR: Certo. O senhor era coordenador da Bahiater, não é isso?

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Coordenador, exatamente isso.

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Na verdade a Bahiater, porque, antigamente, existia a

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Aí eu era responsável pela coordenação da Bahiater

TESTEMUNHA CRISÓGNO: De maneira nenhuma. Aí era de cargo da Secretaria

PROMOTOR: Certo. Seu Crisógno... é Crisógno, né?

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Crisógno.

PROMOTOR: Crisógno, quem é que define a quantidade que ia para cada

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não, não. Vinha de já da SUAF já a quantidade certa,

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não, já tinha determinado de lá de cima da SUAF.

TESTEMUNHA CRISÓGNO: A SUAF que determinava, a SUAF determinava. Cada

PROMOTOR: Certo. O senhor ficava, então, nesse armazém, esse depósito em

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Tinha documentos, tinha documentos, sim, né? Ficava

PROMOTOR: Certo. E esse especificamente, nesse caso específico aqui, o senhor

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Araci.

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Se eu me recordo bem, estava o Willian, estava o

PROMOTOR: O Willian era secretário municipal de agricultura de Araci, é isso?

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Na época, na época acho que era sim.

PROMOTOR: Pronto. E aí o senhor lembra quem foi buscar? Se ele foi

PROMOTOR: Além do Willian, quem mais foi?

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Tinha outras pessoas que eu não recordo o nome,

PROMOTOR: Aham. Certo. Houve a formalização de algum documento de entrega,

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Certo.

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Eu soube sim. Eu fui ouvido na delegacia, eu fui

TESTEMUNHA CRISÓGNO: Não, não, não.