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Uma vez que a fé cristã é histórica, nosso conhecimento a respeito dela em grande
parte depende do testemunho, tanto escrito quanto oral. Sem esse testemunho, não teríamos
nenhuma janela para eventos históricos, sejam eles cristãos ou de qualquer outra natureza.
“Na verdade, toda a história é, essencialmente, o conhecimento do passado com base no
testemunho. Se a confiança nesse testemunho parece dar à história um fundamento
vacilante, precisamos perguntar: de que outro modo aprenderemos do passado? Como
saberemos se viveu Napoleão? Nenhum de nós viveu naquela época. Não o vimos nem o
encontramos. Dependemos apenas do testemunho.”
Quando paramos pra pensar sobre o conhecimento que temos da história nos deparamos
com um problema: podemos ter a certeza que o testemunho é confiável? Já que nosso
conhecimento do cristianismo é baseado no testemunho dado num passado distante,
precisamos nos perguntar se podemos confiar em sua precisão. Será que as histórias orais
originais sobre Jesus erma dignas de crédito? Podemos confiar que eles transmitiram
corretamente o que Jesus disse e fez?
O autor acredita que sim. Ele diz que confia no testemunho dos apóstolos porque onze
deles morreram como mártires, permanecendo firmes com relação a duas verdades
fundamentais: a divindade de Cristo e sua ressurreição. Esses homens foram torturados e
açoitados, e a maioria sofreu a morte por alguns dos métodos mais cruéis:
E muitos podem até dizer: "Bem, então aqueles homens morreram por uma mentira.
Aconteceu com muitas pessoas. O que isso prova?"
Sim, muitas pessoas morreram por mentiras, mas o fizeram crendo que era a verdade. E no
caso dos discípulos? Se a ressurreição não tivesse ocorrido, é óbvio que eles saberiam.
Esses homens em particular não poderiam ser enganados. De outro modo, teriam não
somente morrido por uma mentira eis a armadilha -- como também saberiam que era uma
mentira. Seria difícil encontrar um grupo de homens, em qualquer ponto da história,
dispostos a morrer por uma mentira, se soubessem ser esse o caso.
Vejamos vários fatores que nos auxiliam a entender a verdade fatual daquilo em que os
discípulos creram.
Em seu livro de nível acadêmico, Jesus and the Eyewitnesses Richard Bauckham,
professor de Novo Testamento, demonstra que os quatro evangelhos oferecem testemunho
confiável que pode ser localizado nas próprias testemunhas.
Os apóstolos escreveram e outros discípulos falaram como testemunhas oculares dos
eventos que descreveram. Pedro disse:
Porque não seguimos fábulas engenhosas
quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo, pois fomos testemunhas
oculares da sua majestade (2Pe 1.16).
Temos então o livro Atos, onde Lucas descreve o período de quarenta dias após a
ressurreição, quando os seguidores de Jesus o observaram de perto:
Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus
começou, não só a fazer, mas a ensinar, Até ao dia em que foi
recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito
Santo, aos apóstolos que escolhera; Aos quais também, depois
de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis
provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e
falando das coisas concernentes ao reino de Deus. (Atos 1:1-3)
O tema central das testemunhas oculares é a ressurreição de Jesus. Os apóstolos
testemunharam sua vida ressurreta.
Quando Jesus morreu os apóstolos pensaram que tudo havia acabado. Quando Jesus
foi preso, eles se esconderam (v. Marcos 14.50). Quando lhes foi dito que o túmulo estava
vazio, a princípio não acreditaram (v. Lucas 24.11).
- Temos então Tomé, que declarou que não acreditaria na ressurreição se não
pusesse o dedo nas feridas de Cristo. Mais tarde Tomé morreu como mártir por causa de
Cristo. Ele estava enganado? Tanto não estava que apostou sua vida nisso!
- Houve também Pedro. Ele negou o Senhor diversas vezes durante o julgamento, e
por fim o abandonou. Mas alguma coisa transformou completamente esse covarde. Pouco
depois da crucificação e do sepultamento de Cristo, Pedro apareceu em Jerusalém,
pregando com ousadia, sob ameaça de morte, que Jesus era o Cristo que havia
ressuscitado, no final, Pedro foi crucificado (de acordo com a tradição, de cabeça para
baixo). O que transformou esse desertor apavorado em intrépido leão por Jesus? Porque
Pedro de repente estava disposto a morrer por Cristo? O apostolo foi enganado? De maneira
nenhuma! A única explicação que me satisfaz é o que diz em 1Co 15.5 que, após a
ressurreição, Cristo "apareceu a Cefas". Pedro foi testemunha da ressurreição do Senhor, e
creu — a ponto de morrer por aquilo em que acreditava.
- O exemplo clássico de um homem convencido contra sua vontade foi Tiago, irmão
de Jesus. Embora não estivesse entre os doze discípulos originais (v. Mateus 10.2-4), mais
tarde Tiago foi reconhecido como apóstolo (v. Gálatas 1.19), assim como o foram Paulo
e Barnabé (v. Atos 14.14). Enquanto Jesus estava crescendo e começou seu ministério,
Tiago não acreditava que seu irmão fosse filho de Deus (v. João 7.5). Sem dúvida, Tiago
participou com seus irmãos de zombarias em relação a Jesus, dizendo coisas como: Quer
que as pessoas acreditem em você? Por que não vai a Jerusalém, e faz uma grande
apresentação, com todos os seus milagres e curas? Com certeza Tiago se sentia humilhado
porque seu irmão mais velho saía por toda a parte, envergonhando a família e fazendo que
as pessoas os ridicularizassem com suas declarações endoidecidas: Eu sou o caminho, a
verdade e a vida; ninguém chega ao Pai, a não por mim (Jo 14.6); "Eu sou a videira, vós, os
ramos" (João 15.5); Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem
(Jo 10.14). Acredito que todos aqui agiriam da mesma forma se tivesse um irmão que saia
falando essas loucuras.
No entanto alguma coisa aconteceu com Tiago. Depois que Jesus foi crucificado e
sepultado, Tiago passou a pregar em Jerusalém. Sua mensagem era que Jesus morreu por
nossos pecados, ressurgiu e estava vivo. Tiago se tornou um dos líderes na igreja de
Jerusalém e escreveu a Epístola de Tiago. Começou o livro dizendo: Tiago, servo (escravo)
de Deus e do Senhor Jesus Cristo (Tg 1.1). Finalmente, Tiago morreu apedrejado por ordem
de Ananias, o sumo sacerdote. O que teria transformado Tiago de envergonhado zombador
em homem disposto a morrer por amor à divindade de seu irmão? Será que Tiago estava
enganado? Não. A única explicação plausível é a que lemos em ICoríntios 15.7: Depois (da
ressurreição de Jesus), apareceu a Tiago. Tiago viu Jesus Cristo ressurreto, e creu nele.