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FUNDAMENTOS DE UX

Cleane Fernandes dos Santos


Sumário
INTRODUÇÃO������������������������������������������������� 3

INTERAÇÃO HOMEM VERSUS


COMPUTADOR����������������������������������������������� 4

NOÇÕES BÁSICAS DE COGNIÇÃO,


PROCESSOS PERCEPTIVOS E
COGNITIVOS DO USUÁRIO�������������������������� 13
Processos perceptivos e cognitivos do usuário��������������� 15

CONCEITUAÇÃO DE UX E SUA
IMPORTÂNCIA��������������������������������������������� 20

ESTRATÉGIA DE PRODUTO������������������������� 24
Mas o que é estratégia de produto ou product strategy? 25

DESK RESEARCH����������������������������������������� 32
Como fazer desk research?����������������������������������������������� 33

ANÁLISE COMPETITIVA������������������������������ 38
Como fazer uma análise competitiva?������������������������������ 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS���������������������������� 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS &


CONSULTADAS�������������������������������������������� 48

2
INTRODUÇÃO
Neste e-book você conhecerá os temas-base para
qualquer profissional de UX/UI Design, entenden-
do o que é a interação humano-computador e/ou
interação humana com computadores (IHC). Você
conhecerá como ocorre essa interação entre má-
quinas, sistemas e humanos. Traremos as noções
básicas de cognição, processos perceptivos e cog-
nitivos do usuário, entendendo como as atividades
cognitivas do cérebro humano funcionam e como
isso influencia na nossa percepção.

Você estudará os conceitos de UX de modo que


possa aplicá-los de maneira prática e abordaremos
a estratégia de produto, tema bastante importante
para que você entenda as etapas e o que devemos
considerar para desenvolver uma estratégia de
produto.

Discorreremos sobre a desk research com um passo


a passo que irá contribuir para que você aprenda
a fazê-la para seus projetos e, por fim, falaremos
sobre análise competitiva, que é fundamental para
que você passe a pensar estrategicamente e a
analisar os cenários de concorrência entre produ-
tos e/ou serviços. Esse conhecimento será muito
significativo para seus projetos empreendedores
e/ou da empresa na qual você trabalha. Vamos
começar?

3
INTERAÇÃO HOMEM
VERSUS COMPUTADOR
Começaremos nosso estudo compreendendo o
que é interação homem versus computador, como
ela acontece e, além disso, conheceremos seu
histórico.

A interação humano-computador (IHC) é uma área


de estudo da Ciência da Computação e das Ciên-
cias Sociais e Comportamentais, que se unem para
compreender e analisar a interação homem versus
computador e os comportamentos que moldam e
fazem acontecer essa interação. O acrônimo IHC
tem também o termo em inglês human-computer
interaction (HCI), que pode ser comumente encon-
trado em materiais de língua estrangeira.

A IHC pode ser compreendida como uma interação


entre os seres humanos e os computadores, ou má-
quinas, a qual é possível por meio de uma interface
utilizada como meio para que essa relação ocorra.
É por meio de ações realizadas pelas pessoas, os
usuários, que as máquinas e/ou computadores
enviam respostas, programadas por um sistema.
Essa interface mediadora é, portanto, composta
por software e hardware.

Foi na década de 1970 que o tema IHC surgiu


no campo da pesquisa, sendo essencial para se

4
solucionar os problemas considerados comple-
xos na sociedade, pois, por meio da pesquisa e
estudo do comportamento humano, a ciência da
computação obtém os dados necessários para
se abstrair as informações que desencadeiam as
soluções esperadas.

Profissionais de softwares, engenheiros, progra-


madores, designers e pesquisadores de diversas
áreas – tanto tecnológicas, quanto das ciências
sociais – costumam estar envolvidos nos proces-
sos de pesquisa, desenvolvimento e aplicação
de interatividade em sistemas, de modo que seja
possível ocorrer um diálogo entre o computador
e/ou máquina e usuários.

Assim como o ser humano, que possui seu próprio


estilo de roupa, os computadores também têm
os seus. Não conseguimos ver outro ser humano
internamente enquanto conversamos com ele,
certo? Com os computadores não é diferente,
não é possível que o usuário veja o interior de um
computador que é composto, por exemplo, por “dí-
gitos binários, codificados em dois níveis de carga
elétrica”. Toda a funcionalidade de um computador
e/ou máquina é previamente programada e todo
o diálogo entre computador e usuário ocorre por
uma interface que é desenvolvida por designers
especialistas em design da user interface (UI).

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Observe na figura a seguir a origem e a linha do
tempo resumida da IHC.

Figura 1: Linha do tempo resumida da interação


humano-computador.
1973 1977 1981 1983 1984 1990 1998 Séc XX

Xerox Alto Apple II IBM PC Lisa Machintosh Ascensão Fundação Impacto


do e-mail e do Google Social
Internet e IOT

O Xerox Alto foi desen- Até os anos 1970 os Em 1980 e IBM lançou o
volvida pela Xerox, que computadores eram bem primeiro computador
desenvolveu o primeiro grandes e também oper- pessoal da marca, o Per-
esboço de uma interface ados por poucas pes- sonal Computer - Micro-
gráfica, embora não ter soas, por isso eles fica- soft Basic, que vinha
ocupado lugar no merca- vam fechados em salas apenas com teclado o
do, por ter peças caras, refrigeradas. Isso mudou usuário poderia utilizar a
ficou de portfólio e inspir- com as alterações feitas televisão como tela.
ou as marcas Machin- por Steve Jobs e Steve
tosh e Windows. Wozniak em Apple I e,
principalmente, Apple II -
computador pessoal.

Fonte: Adaptado de https://aelaschool.com/


designdeinteracao/interacao-humano-computador-
tudo-que-voce-precisa-saber/#:~:text=A%20
Intera%C3%A7%C3%A3o%20Humano%2DComputador%20
%C3%A9,problemas%20mais%20complexos%20da%20
sociedade.

A interação homem versus computador só é possí-


vel se esse computador contar com algum tipo de
processamento. A ciência da computação ocupa um
papel fundamental nesse quesito porque é ela que
avalia a experiência do usuário e sua relação com
computadores que são compreendidos em seus
diversos formatos como computadores desktop,
notebooks, smartphones, tablets e eletrodomésti-
cos, dentre outros.

6
Analise por um exemplo prático: pense no micro-
-ondas, o qual nos permite programar o tempo de
preparo ou de aquecimento de alimentos. Essa
possibilidade de tarefa é uma programação feita
no sistema que faz o micro-ondas funcionar e há a
interface criada para esse aparelho, ou computador,
que possibilita a interação entre humano (pessoas)
e computador (máquinas/sistemas). Ficou mais
claro esse conceito? Se você ficar com muitas
dúvidas, não hesite em pesquisar mais sobre, há
uma literatura vasta sobre esse tema.

Já podemos compreender, portanto, que a Ciência


da Computação está voltada para a jornada do
usuário durante sua interação com computadores
e/ou máquinas. Nessa jornada do usuário, indepen-
dentemente do computador e/ou máquina, além
dos quesitos de sistemas, a interface é considerada
em sua totalidade essencial para a experiência
humana, pois além das funcionalidades o design
faz toda a diferença para a interação que deverá
ocorrer entre homem e computador e também
as técnicas – que são as tecnologias utilizadas
para o desenvolvimento de hardware, software,
sistemas, aplicações e meios de comunicação –
são necessárias para que o processo de interação
aconteça de maneira efetiva, ou seja, deve ser real,
prática e útil.

7
Para conceber um sistema interativo mais adequado
ao mundo onde será inserido, a área de IHC (e, sob
alguns aspectos, também, a área de Engenharia de
Requisitos) busca seguir uma abordagem de “fora
para dentro”[...]. Nessa abordagem, o projeto de um
sistema interativo começa investigando os atores
envolvidos, seus interesses, objetivos, atividades,
responsabilidades, motivações, os artefatos utili-
zados, o domínio, o contexto de uso, dentre outros,
para depois identificar oportunidades de interven-
ção na situação atual, a forma que a intervenção
tomará na interface com o usuário e, finalmente,
como o sistema viabiliza essa forma de intervenção
(BARBOSA, 2011, p. 09).

Você percebeu que é importante conhecer o com-


portamento humano e as necessidades sociais para
que os sistemas de interação sejam desenvolvidos?
Antes de criar uma interface, todo design precisa
acompanhar as pesquisas relacionadas a um
projeto, pois a interface de um computador e/ou
máquina só atenderá às necessidades levantadas
se elas estiverem claras. As perguntas a serem
feitas são: quais são essas necessidades? Quem
são os usuários? Qual é o melhor caminho para
que ocorra a Interação Humano-Computador?

Cabe observarmos que cada contexto tem suas


particularidades, utilizar uma interface de um smar-

8
tphone é bastante diferente de utilizar a interface
de um notebook, por exemplo. Quando você usa
um micro-ondas, a experiência está relacionada ao
contexto de alimentação, que é uma necessidade
básica de todo ser humano.

A interface de cada computador possui sistemas


e funcionalidades específicas, baseadas em con-
textos de necessidades: o micro-ondas possui
um sistema interativo que permite às pessoas
realizarem tarefas práticas e úteis, além disso,
resolve um problema real.

Precisamos destacar que a busca pela melhor


experiência para os usuários deu origem ao UX/
UI Design, que tem como propósito desenvolver
interfaces intuitivas que não exigem muito dos
usuários. Essas interfaces precisam ser simples,
intuitivas, funcionais e devem resolver problemas,
além disso, necessitam ser acessíveis às pessoas
com necessidades especiais, dentro do possível,
para que todas as pessoas possam interagir com
computadores.

Podemos afirmar que já não é possível vivermos


e realizarmos nossas atividades sem os computa-
dores. Para muitas tarefas o uso de computadores
é praticamente a única opção, como o acesso às
empresas que fornecem serviços necessários e
que só funcionam on-line, o que exige do usuário

9
que ele tenha um computador para resolver seus
problemas relacionados aos serviços dessa em-
presa 100% digital.

A IHC é, portanto, um espaço de execução conjunta


de tarefas que acontece pela ação e capacidade
do ser humano em utilizar as máquinas, compreen-
dendo seu funcionamento. Em uma escala menos
complexa: é entender sua interface, já em uma
escala mais complexa: é entender seu sistema
e interface. Contudo, a IHC está concentrada no
desenvolvimento da interação de pessoas com
computadores, priorizando sempre a melhor expe-
riência no fluxo dessa interação, em que pessoas,
por um lado, conseguem executar ações e com-
preender as funcionalidades das máquinas, e as
máquinas, por outro lado, entendem os comandos
e respondem com a entrega do que foi solicitado
e previamente programado.

Por falar em programação, a ação de programar


uma função no micro-ondas devolve a resposta
(interação) do resultado obtido, desde que o sis-
tema e as funcionalidades da interface estejam
intactos, então se o sistema do micro-ondas estiver
com falhas a IHC não existirá.

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SAIBA MAIS

Algo a ser pensado em nossa sociedade, que está em


constantes mudanças tecnológicas, é sobre acessibili-
dade. Para que você saiba mais sobre o tema, fica como
dica de leitura o artigo O papel da Interação Humano-
-Computador na inclusão digital. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/tinf/a/Swf9dHT3KPYS6WgnSgz9btG/
abstract/?lang=pt. Acesso em: 16 set. 2022.

Agora, estude o infográfico a seguir, que exemplifica


o processo da IHC.

Figura 2: O processo da IHC.

Interface
3 Sistema
Meio para interação
Interpretação

Aplicação
Meio para resultados

2 IHC
Intermediação

Usuário Ação
O usuário realiza Resultado
uma ação Experiência
1

Fonte: Elaboração própria.

11
Note que tudo começa com a ação do usuário
(humano), por meio da interface (proporciona a
interação – software e hardware), que resulta na
resposta pela aplicação (o que é funcional e está
disponível no sistema). O sistema realiza a inter-
pretação da necessidade do usuário e envia uma
resposta, assim, o usuário passa pela experiência
que é intermediada pela IHC.

Por fim, o que precisa ficar claro é que a IHC está


alicerçada no conhecimento sobre humanos e no
conhecimento sobre as máquinas, as quais são
desenvolvidas com critérios bem estabelecidos por
profissionais dedicados à busca por resoluções de
problemas existentes na sociedade, promovendo
o melhor em experiência para os usuários.

Por isso, a IHC é definida como estudo, projeto, de-


senvolvimento e implementação de softwares para
usuários, com a finalidade de que esses softwares
sejam utilizados de maneira autônoma por meio
da interface do usuário (IU), que é o exato espaço
onde se dá a interação homem versus computador.

12
NOÇÕES BÁSICAS DE
COGNIÇÃO, PROCESSOS
PERCEPTIVOS E
COGNITIVOS DO USUÁRIO
Neste tema discutiremos brevemente sobre cognição
e processos perceptivos e cognitivos do usuário, de
modo que você possa compreender como essas
atividades mentais do cérebro humano acontecem.

Todo ser humano observa e armazena informações


em seu cérebro, as quais lhe permitem realizar in-
terpretações e ter certas noções sobre as coisas.
Além de fazermos associações baseadas em fatos,
esse conjunto de processos é denominado cognição.
Existe uma série de teorias sobre o funcionamen-
to do sistema humano. Na década de 1980, os
principais estudos eram realizados pela ciência
da cognição, que visava a entender como ocorria
o processamento de informação no sistema hu-
mano e, para isso, eram considerados os aspectos
físicos e psicológicos.

As ciências cognitivas são formadas por algumas


áreas como Neurociência, Psicologia, Linguística,
Filosofia e inteligência artificial. Podemos conside-
rar cada uma dessas áreas igualmente importante
para os estudos e pesquisas em UX e, logo, para o

13
desenvolvimento da Interação humano-computador,
já que o comportamento humano é um mapa para
construir o processo de experiências por meio de
produtos e/ou serviços.

A psicologia cognitiva, de modo geral, estuda os


processos de reconhecimento de informações que
ocorrem por meio da memória, da atenção e da
percepção, ou seja, as atividades realizadas pelo
cérebro humano. Podemos dizer, sem receio, que é
exatamente por isso que a experiência do usuário
é importante e está nos holofotes pelo mundo,
pois experiências boas e ruins são rememoradas
pelo nosso cérebro.

Por definição, cognição se refere aos conheci-


mentos que uma pessoa adquire ao longo de sua
vida, os quais são construídos pelas experiências
e aprendizagens que são mediadas pelos senti-
dos como o tato, o olfato, o paladar, a audição e
a visão, e é por isso que os estudos da cognição
estão presentes durante o desenvolvimento e
implementação de projetos e/ou softwares que
são feitos para pessoas. A seguir, entenderemos
os processos perceptivos e cognitivos do usuário.

14
PROCESSOS PERCEPTIVOS E
COGNITIVOS DO USUÁRIO
A percepção do usuário é determinada por alguns
processos que geralmente são ignorados por conta
das diversas sensações sentidas e interpretadas
ao longo de um dia ou ao longo de uma vida.

As informações na mente das pessoas são orga-


nizadas de acordo com os objetos, figuras, sons e
cenas que criam um significado completo de um
contexto, a experiência é única e não ocorre por
partes separadas. Analise o seguinte: ao olharmos
um cachorro, nós o percebemos por completo, não
apenas sua pata, seu focinho, sua orelha ou seus
olhos, percebemos e reconhecemos o conjunto
como um cachorro que pode ser nosso, do vizinho
ou de algum desconhecido, o que importa, nesse
exemplo, é o reconhecimento da figura cachorro,
como ela é percebida pela nossa mente.

Partindo desse exemplo, o mesmo ocorre em re-


lação às interfaces utilizadas pelos usuários, as
quais permitem a IHC. O usuário olha a interface
completa e, ao identificar suas partes, por meio de
sua percepção e cognição, ele consegue executar
uma ação.

A percepção, portanto, é a capacidade de perceber


o que é visível ou não, é perceber por meio dos
sentidos, do conhecimento e da experiência, pois

15
trata-se de uma representação da realidade. O pro-
cesso perceptivo é influenciado pelas experiências
vivenciadas, pelos valores e atitudes, pela motivação,
pela cultura, pelas expectativas e pelo grupo social
do qual fazemos parte, sendo assim, a percepção
ocorre, em nível específico, individualmente, e em
nível macro, por grupos, que é definida conforme
o conjunto de características físicas, cognitivas e
psicológicas, que permitem interpretar e compre-
ender as informações ao seu entorno.

É importante ressaltarmos que o processo per-


ceptivo do usuário é influenciado pelo estímulo
do ambiente (físico ou virtual), pois a percepção
está baseada em características químicas (olfato,
paladar), ou características físicas (visão, audição
e tato), portanto, a percepção é a função cerebral
que trabalha com o envio de estímulos que recebem
significados pelos cinco sentidos.

Em sentido mais técnico, as informações do córtex


– que organiza as emoções, ações e julgamentos –
são unificadas pela percepção que lhes dá sentido,
associando-as com as memórias de experiências
passadas, assim ocorre o reconhecimento que
está ligado ao sistema perceptual.

Retomando, agora, os processos cognitivos, vamos


recordar dois pontos importantes, psicologia e
comportamento. Já estudamos que a cognição é

16
uma ciência estudada por algumas áreas, como a
Psicologia Cognitiva, que muito interessa aos pro-
fissionais de UX, devido ao foco em pesquisas para
compreender o comportamento do usuário, suas
motivações, frustrações e como o usuário aprende
em cada contexto, ou seja, são consideradas nos
processos cognitivos as questões emocionais, de
aprendizagem e as questões físicas. Analise a ta-
bela a seguir, que apresenta exemplos de cognição
e processos cognitivos. Esse estudo lhe ajudará a
ter uma visão macro e explicativa em relação aos
processos cognitivos.

Tabela 1: Cognição e processos cognitivos.


COGNIÇÃO E PROCESSOS COGNITIVOS
Percepção: ligada aos 5 sen- Atenção: organiza, prioriza
tidos, ocorre por ambientes ou ignora os estímulos, é
de influências químicas ou um processo de seleção e
físicas. categorização.
Associação: é o reconhe- Imaginação: é processo de
cimento de experiências cognição do mundo exterior,
passadas por estímulos pode-se recordar eventos
relacionados ao momento recentes ou antigos, imagi-
da experiência, podem ser nar e planejar o futuro, as
emocionais ou físicos, a as- experiências são apoio para a
sociação traz a interpretação imaginação).
para compreender uma nova
experiência, por exemplo.
Juízo: é o julgamento decor- Raciocínio: por meio de julga-
rente de experiências vividas mentos, tira-se novas apren-
(pode-se definir como boa ou dizagens e/ou decodifica-se
ruim). uma informação de modo
consciente que pode ajudar a
resolver problemas.

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COGNIÇÃO E PROCESSOS COGNITIVOS
Memória: registra e armaze- Foco: o foco ajuda a identifi-
na informações que podem car rapidamente um estímulo
ser recuperadas por algum e a concentrar-se nele para
estímulo. algum resultado.
Linguagem: é o processo Controle: é controlar os
mental crítico e de interpreta- impulsos e as emoções para
ções verbais e/ou ilustrativas, tomar decisões conscientes,
habilidade de comunicação. não induzidas pelo oposto, o
descontrole.

Fonte: Elaboração própria.

Faça uma pesquisa se desejar aprender mais


sobre essa área que possui uma vasta literatura
e conteúdos disponíveis na web como vídeos,
podcasts, artigos, além de outros recursos como
livros e revistas.

Em UX/UI Design é preciso ensinar ao usuário


como o sistema de um computador e/ou máquina
funciona, isso ocorre por meio da interface que
deve ser intuitiva, deve ser o mais simples possível
e agradável, sem exigir muito esforço cognitivo do
usuário durante sua experiência, o contrário pode-
rá causar grande desconforto, cansaço e fazê-lo
desistir da tarefa que procurava realizar, isso gera
um problema ainda maior.

18
Por fim, uma experiência ruim será sempre lem-
brada como ruim, e mais difícil de convertê-la, pois
os usuários se tornam mais exigentes, por isso,
conhecer os processos perceptivos e cognitivos
do usuário é obter uma rica fonte de saberes que
influenciam positivamente no desenvolvimento
de produtos e/ou serviços com qualidade, úteis e
desejáveis pelos usuários.

19
CONCEITUAÇÃO DE UX E
SUA IMPORTÂNCIA
Chegamos ao momento de entender a tão falada
UX, acrônimo do termo em inglês user experience,
traduzida para o português como experiência do
usuário.

É necessário que você conheça a pessoa por trás


desse grande avanço em colocar o usuário no
centro das experiências. Foi Don Norman quem
propagou o termo user experience, nos anos 1990,
no entanto tem-se registros de que em 1986 foi
quando o termo começou a aparecer, no livro
User centered system design: new perspectives on
human-computer interaction, organizado por Don
Norman e Stephen W. Draper.

Don Norman é cientista cognitivo, design thinker,


professor de ciência cognitiva e de ciência da
computação, também é cofundador do Nielsen
Norman Group (grande referência para UX/UI De-
sign) e defensor da experiência do usuário.

User experience diz respeito às experiências como


um todo, naturais ou desenvolvidas, para seres
humanos, sejam elas por meio de produtos ou por
meio de serviços. O objetivo da UX é olhar para o
que não está bom para o usuário em característi-

20
cas físicas e/ou aplicações, e como solucionar os
problemas identificados em usabilidade.

Mas é importante diferenciar UX de interfaces,


telas, botões, criação de sites e aplicativos. Todos
esses elementos fazem parte da UX, mas não
resumem sua finalidade, ou seja, um profissional
de UI que só se preocupa com “fazer botões” e
que só “faz botões” não pode ser definido como
um profissional especialista em UX, pois para tal
especialidade é preciso conhecer e considerar toda
a bagagem exigida pela UX, como pesquisa com
usuários, testes de usabilidade, entendimento de
personas, conhecimento sobre metodologias e
processos ágeis, saberes cognitivos e processos de
funcionamento do cérebro humano, dentre outros.

SAIBA MAIS

No vídeo a seguir, Don Norman explica o conceito de


UX. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=9BdtGjoIN4E. Acesso
em: 16 set. 2022.

Você sabia que existem algumas subáreas dentro


de UX? Isso mesmo, a UX está dividida em UX
Research, UX/UI Design, UX Writing e UX Strategy.
Normalmente, equipes de UX são formadas por

21
profissionais qualificados para cada subárea da
UX, justamente para garantir que as melhores ex-
periências sejam oferecidas aos usuários.

Com base no que estudamos até agora, fica mais


claro qual é a importância da UX, certo? Afinal,
as pessoas estão cada vez mais conscientes e
exigentes em relação aos produtos e/ou serviços,
elas querem não somente obter um objeto, mas
experimentar algo diferente, além de resolver pro-
blemas de maneira simples.

Embora pareça óbvio, quando falamos de experiên-


cia do usuário, ou experiência humana, precisamos
ter consciência de que nem sempre o usuário (ou
consumidor) foi considerado de maneira tão humana
quanto nos últimos tempos. Sua impressão, seus
sentimentos, motivações, desejos e necessidades
são importantes e é por isso que a UX existe e é
tão difundida.

Então, vamos finalizar esse tema com as palavras


de Don Norman: “a ‘experiência do usuário’ abrange
todos os aspectos da interação do usuário final
com a empresa, seus serviços e seus produtos”.

REFLITA

Você já parou para pensar em como as coisas mudaram


de algumas décadas passadas para a nossa contempo-

22
raneidade? Como as tecnologias e as possibilidades de
serviços e produtos são diversas, simples e complexas
ao mesmo tempo? Se voltarmos aos anos de 1914 – em
que Henry Ford criou o sistema de produção conhecido
como Fordismo –, todas as pessoas que tinham poder
aquisitivo compravam um carro preto, era a única cor
disponível para todas as pessoas. Na época era uma
novidade e, embora muitas pessoas quisessem um
carro preto da Ford, poucos tiveram essa experiência.
Falando em experiência, como será que as pessoas
se sentiam ao olhar para as ruas e ver que todos os
carros eram exatamente iguais? A ênfase na UX, nessa
época, ainda estava brotando... não à toa houve a crise
do fordismo (além de questão sociais e econômicas,
claro), afinal, as pessoas são diferentes, certo? Ainda
bem que as coisas mudaram. Com isso, conseguimos
expandir nossa percepção sobre a importância da user
experience, você não acha?

23
ESTRATÉGIA DE PRODUTO
Vamos conhecer as estratégias de produto? Hoje
o que mais percebemos são produtos e serviços
para todos os lados, físicos e digitais, mas é im-
portante saber o que está por trás dessas entregas
para os usuários que recebem tudo pronto para o
consumo e/ou experiência.

Antigamente, quem estava à frente de uma fábrica


não sabia o que o cliente queria, como estava sua
demanda, quanto havia de estoque em cada local,
como poderia distribuir. Imaginemos uma fábrica
de calçados na década de 1940 no Brasil. Na época,
o que se podia fazer era imaginar que tipo de pro-
duto teria uma venda melhor, produzi-lo, estocá-lo
e tentar vendê-lo. Sendo quase impossível obter
informações (era preciso ligar para alguém, que
fazia perguntas e explicava por telefone situação de
cada item), o estoque era a solução. É bom lembrar
que até mesmo o aparelho de fac-símile, o fax, não
existia (ZORZO, 2015, p. 52).

Gerenciar um produto é uma grande responsa-


bilidade, uma tarefa que exige do profissional a
organização dos processos, além disso, é preciso
ter estratégias para motivar e influenciar a equipe
envolvida no desenvolvimento do produto, somente
assim é possível obter-se um resultado satisfatório.

24
Atualmente, em muitas empresas, quem gerencia
produtos é o product manager (gerente de produto),
cabe a ele, ou ela, gerenciar a equipe e as atividades
necessárias para que o produto e/ou serviço seja
desenvolvido de acordo com os objetivos estabe-
lecidos, de modo que possa atender às metas da
empresa e, ao mesmo tempo, às necessidades
dos usuários, em uma jornada de experiência po-
sitiva. O primeiro passo a ser dado pelo product
manager, ao lado da equipe de desenvolvimento,
é compreender quais são os problemas a serem
solucionados em determinada fatia, público-alvo,
da sociedade, ou de um produto que já se encontra
no mercado.

MAS O QUE É ESTRATÉGIA DE


PRODUTO OU PRODUCT STRATEGY?
A estratégia de produto diz respeito aos objetivos
que a empresa quer alcançar, por meio de produtos
e/ou serviços, e os caminhos a serem percorri-
dos para que esses objetivos sejam atingidos, ou
seja, as ações a serem realizadas para alcançar
os objetivos traçados pela empresa. É essencial
conhecer bem quais são os objetivos e o posicio-
namento que o produto deve apresentar, algumas
perguntas devem ser feitas para que as respostas
norteadoras apareçam. Observe a seguir quais são
as principais perguntas que você deverá responder

25
antes de iniciar o planejamento do desenvolvimento
de um produto.

Figura 3: Perguntas que norteiam o desenvolvimento de


uma estratégia de produto.
O produto será útil pra quem? Qual é a
Persona?

Como o público consumidor do produto


será beneficiado?

Quais são os objetivos do produto em


seu ciclo de vida?

Qual será o diferencial do produto


perante a concorrência?

Tem espaço no mercado para o


produto?

Fonte: Elaboração própria.

A estratégia de produto é como um roteiro – ou


roadmap, em inglês –, que fornece a visão detalhada
do produto. Isso é importante porque, ao pensar
em produto, não podemos deixar de lado as me-
tas a serem atingidas, com o roadmap podemos
mensurar as metas de um produto e/ou serviço.

Dentro da estratégia de produto há um quesito


que faz com que um produto e/ou um serviço
sejam planejados e desenvolvidos, é a lei da
oferta e da demanda da economia apresentada
por Adam Smith.

26
SAIBA MAIS

Para compreender melhor como a lei de oferta e deman-


da funciona, na prática, leia o artigo que apresenta um
estudo de caso. Oferta e demanda de tecnologia: um
estudo de caso no entorno do Porto do Açu. Disponível
em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/cdf/
article/view/58746/38355. Acesso em: 18 jul. 2022.

Ao iniciarmos uma estratégia de produto, devemos


sempre buscar referências, estudar a concorrência
direta e indireta e nos inspirar nos resultados obtidos
por grandes marcas que são bem-posicionadas e
desejadas por inúmeras pessoas. As marcas com
posicionamentos fortes têm uma ótima estratégia
de produto por trás. Além disso, uma equipe em-
penhada no desenvolvimento dos produtos dessa
marca, sempre leva ao usuário a melhor experiência
possível, fazendo com que ele passe do status de
apenas consumidor para fã da marca, seguindo-
-a pelas mídias digitais, procurando informações
relacionadas a ela e procurando por mais produtos
dessa marca.

REFLITA

Tomando como exemplo a área de tecnologia, que


nome vem à sua mente quando alguém lhe pergunta
qual marca de computadores e/ou smartphones você

27
gosta? Provavelmente, muitas pessoas indicariam Apple,
Samsung, Motorola, Xiaomi, Huawei, dentre outras. Por
que será que os produtos dessas marcas são sempre os
mais lembrados? A dica que vou deixar é: elas priorizam
o UX/UI Design.

A estratégia de produto está relacionada à visão


de longo prazo para e ao que se deseja alcançar
nesse período com o produto. Você já deve ter tido
a experiência, ou ainda terá, de trabalhar no desen-
volvimento de produtos e/ou serviços, e perceberá
a estratégia de produto, ainda que parcialmente,
na rotina do projeto que estará desenvolvendo.

Durante o processo, antes de se produzir tudo e


entregar ao usuário final pelas prateleiras físicas ou
digitais do mercado, algumas entregas são feitas.
O que isso quer dizer? Que partes do produto, ou de
serviços, dependendo do contexto e da estratégia,
vão sendo desenvolvidas e entregues aos pou-
cos, o que permite realizar ajustes e implementar
aprimoramentos ao longo do desenvolvimento do
todo, até que os objetivos e as metas finais sejam
alcançados.

Ter uma visão do produto é saber a razão de sua


existência, o motivo pelo qual ele está sendo desen-
volvido. Imagine que você deseja criar um produto,
uma bolsa ecológica para celulares, sua visão é
criar um produto que seja sustentável e ao mesmo

28
tempo útil para o usuário. A sua estratégia é se
posicionar como um produto sustentável e prático
que oferece ao usuário um leque de modelos de
bolsas colecionáveis e modernas, que combinem
com diversos estilos, sem se preocupar com o
consumo em excesso que agride o meio ambiente.

Considerando sua visão e estratégia, você irá uti-


lizar o roadmap para definir como essa estratégia
será realizada, ou seja, como seu produto será
desenvolvido. O roadmap é uma ferramenta que irá
ajudar você nessa tarefa. Após definir como será
desenvolvida sua estratégia, você terá o backlog
com tudo que será preciso fazer para materializar a
visão estratégica em produto. Backlog é uma lista
de tarefas que prioriza as tarefas pela ordem de
urgência em seu desenvolvimento.

Resumindo as principais questões (perguntas a


serem feitas) para se desenvolver uma estratégia
de produto, observe a seguir as respostas contex-
tualizadas no exemplo da bolsa ecológica.

1) O mercado e as necessidades desse mercado


– quem são os clientes e os usuários e o porquê
deles precisam do produto: os clientes de bolsas
ecológicas para celulares são pessoas que se
preocupam com questões ambientais e querem
guardar e proteger seus celulares em uma bolsa
moderna, leve e segura, sem perder o estilo;

29
2) As funcionalidades-chave (características) –
como o produto se diferencia e o que oferece como
benefício?: a bolsa ecológica para celulares é uma
proteção extra para os celulares dos usuários, é
confortável, produzida com papel biodegradável,
possui diversos modelos com diferentes cores,
estampas e personagens que podem ser colecio-
náveis, além disso, pode ser utilizada com, ou sem,
alça. Além disso, o diferencial é ser um produto
ecológico, moderno e útil para o dia a dia, e oferece
promoções mensais no site para usuários que já
compraram;

3) As metas (objetivos) de negócios – expectativa


da empresa em relação ao produto: gerar lucro para
os desenvolvedores, expandir a oferta da bolsa
ecológica para celulares para diversos estados no
Brasil e vender a bolsa em uma loja física.

Então, gostou do tema estratégia de produto? Espero


que os exemplos tenham ajudado você. Lembre-
-se de que você pode realizar outras pesquisas,
ler artigos ou assistir a vídeo na internet sobre o
assunto para complementar seus estudos.

SAIBA MAIS

Observe as dicas a seguir para que você possa explorar


alguns modelos de roadmap e criar o seu para a sua
estratégia de produto. Vamos lá?

30
1. Pesquise no banco de imagens Freepik o termo “ro-
admap”, você verá uma série de modelos que podem
ser reutilizados, ou seja, você pode fazer o download e
utilizar um software editor para alterar as informações
do template. Disponível em: https://br.freepik.com.
Acesso em: 16 set. 2022.

2. Você pode pesquisar alguns modelos na internet para


criar o seu roadmap do zero, lembre-se de que um roa-
dmap é um roteiro das ações que você irá realizar para
desenvolver sua estratégia de produto. Uma ferramenta
bastante utilizada por profissionais, que possui versão
gratuita, é o Miro, acesse a ferramenta e conheça suas
funcionalidades para que você possa utilizá-la em seus
projetos. Disponível em: https://miro.com/pt/. Acesso
em: 16 set. 2022.

Você já parou para pensar sobre o que é um produto?


Vamos considerar a definição do dicionário Aulete
para produto: “1. Aquilo que é resultado de uma
atividade humana ou de processo natural (produto
industrial; produto intelectual); PRODUÇÃO; 2. Coisa
ou objeto produzidos como bem de consumo ou
de comércio; ARTIGO; MERCADORIA”.

Considerando outra visão, para compararmos as


informações, vamos ficar com a definição de Ko-
tler (2000, p. 416): “um produto é algo que pode
ser oferecido a um mercado para satisfazer uma
necessidade ou um desejo”.

31
DESK RESEARCH
Você já deve ter visto esse termo pela internet ou
alguém comentando, mas se ainda não compreen-
de bem o que é desk research, esse é o momento
para eliminar qualquer dúvida.

Desk research é um método utilizado em pesquisa


para a coleta de dados e informações que já foram
analisadas por terceiros, ou seja, por outras pesso-
as, empresas e/ou pesquisadores. Esses dados e
informações estão disponíveis na internet ou em
outros meios de comunicação mais tradicionais
como revistas, jornais, livros, rádio etc.

Todo meio de informação é válido para o assunto


ou tema que desejamos ter maior entendimento.
Por dispensar a necessidade de se investigar – ir
atrás das informações, por exemplo, realizar uma
pesquisa de campo – é que a desk research é defi-
nida como pesquisa inicial, ou pesquisa secundária.
Literalmente, desk research é uma “pesquisa de
mesa”, pois os dados e as informações já foram
gerados e o objetivo da desk research é analisá-los
para que se tenha clareza sobre o tema pesquisado,
principalmente quando sabemos pouco ou nada
sobre o assunto que nos leva a fazer a pesquisa.

Vamos a um exemplo: imagine que você deseja


criar um aplicativo do zero, e sozinho, mas há um

32
problema: você não sabe nada sobre o desenvolvi-
mento de aplicativos. Assim, você faz uma pesquisa
na internet para obter informações e dicas sobre
como criar um aplicativo. Você procura por cursos,
tutoriais e faz uma seleção dessas informações
que estão disponíveis, separando os links de pági-
nas da web, de vídeos tutoriais ou de cursos que
atendam ao seu propósito. Todo esse processo é
uma pesquisa inicial e/ou secundária, ou seja, é
uma desk research.

A desk research faz parte da rotina de quem trabalha


com desenvolvimento de softwares, de produtos e/
ou serviços, e é direcionada ao usuário, para des-
cobrir necessidades, desejos e comportamentos
do consumidor – para obter informações sobre
produtos similares no mercado e para entender
o cenário econômico, por exemplo. O ponto forte
da desk research é a economia de tempo, pois
os dados e as informações já estão disponíveis.
Além disso, ajuda-nos a entender profundamente
determinado tema quando necessitamos.

COMO FAZER DESK RESEARCH?


O primeiro passo para iniciarmos uma desk research
é definir o objetivo – qual conhecimento pretendo
obter, o que quero saber? Isso nos ajuda a manter
o foco no tema a ser pesquisado.

33
O segundo passo é selecionar as fontes de pes-
quisas. Precisamos fazer um mapeamento dessas
fontes de pesquisa, organizar uma lista com as
fontes ideais, ou melhor, as fontes especialistas no
tema. Atente-se à qualidade da fonte de informação,
na internet há uma série de conteúdos duvidosos,
por isso, faça filtros.

O terceiro passo é definir quanto tempo será inves-


tido na desk research. Definir o tempo é importante
para que possamos ficar atentos e não nos perca-
mos olhando outros assuntos durante o processo.
Concentre-se sempre nas fontes definidas.

O quarto passo é colocar a mão na massa e ini-


ciar a pesquisa seguindo o que foi planejado nos
passos anteriores, ou seja: objetivo, seleção de
fontes/referências, tempo de pesquisa.

O quinto passo é analisar todos os dados coleta-


dos e extrair as informações que façam sentido e
ajudem a alcançar o objetivo. Observe a reputação
das empresas, escolas físicas e/ou virtuais que
oferecem cursos para o seu objetivo, leia o método
de ensino, descubra vídeos didáticos e vídeos de
profissionais, por exemplo, no YouTube, busque
informações na web. Confira a seguir o passo a
passo estruturado mais objetivamente:

34
1) Objetivo: aprender a desenvolver aplicativos;

2) Seleção de fontes: três vídeos tutoriais do


YouTube, um curso gratuito on-line, um artigo e um
guia passo a passo de uma empresa e/ou marca
referência no mercado;

3) Tempo de pesquisa: 10 horas;

4) Início da pesquisa: acessar as fontes selecio-


nadas, coletar os dados e informação, separar em
um arquivo digital ou anotá-los;

5) Análise dos dados: os dados e informações


mais viáveis para aprender, começar seu projeto
e desenvolver o aplicativo.

SAIBA MAIS

Leia o artigo a seguir para compreender ainda mais


e complementar seus estudos sobre a desk research
(lembre-se de que se não compreender o texto na língua
inglesa, você poderá utilizar o recurso de tradução da
página web). Disponível em: https://invotech.co/blog/
what-is-desk-research-and-how-to-do-it/. Acesso em:
16 set. 2022.

Agora, você precisa conhecer a metodologia do


double diamond (em português: duplo diamante),
que é bastante utilizada no processo de design,
criada em 2015 pelo British Design Council.

35
Por que esse double diamond é importante? Porque
a desk research faz parte desse processo de design,
está na etapa de discover (em português: descoberta).
Discover é justamente o momento de entendimento
do contexto e/ou cenário, e para isso várias técnicas
são utilizadas, uma delas é a desk research.

O Double Diamond é uma representação visual do


processo de design e inovação. É uma maneira sim-
ples de descrever os passos tomados em qualquer
projeto de design e inovação, independentemente
dos métodos e ferramentas utilizados [...]. É claro
que os modelos de processo em forma de pipa
foram referenciados desde os anos 60, mas os
modelos de design não foram amplamente com-
partilhados neste momento. Parte da razão do
Conselho de Design para criar o Double Diamond
foi para resolver essa falta de visibilidade. (BRITISH
DESIGN COUNCIL, 2019).

Fazer uma desk research é praticamente descobrir


informações sobre determinado assunto, por isso
que essa etapa faz parte do discovery no double
diamond, afinal, quando pesquisamos sobre algo,
logo descobrimos informações que desconhecía-
mos, certo? Observe a figura a seguir, um modelo
do double diamond. Você pode encontrar outras
versões (em português, por exemplo) na web. Faça
uma pesquisa e estude mais essa metodologia.

36
Figura 4: Double diamond – processo de design do British
Council Design.

Fonte: https://www.atulprd.com/blog/
find-products-for-your-customers/

Lembre-se: há outros métodos de pesquisa, a desk


research é um dos métodos mais utilizados, mas
ela não é um método de pesquisa primária e não
é o único método. Ela serve para que possamos
entender um tema ou assunto e, por meio dos da-
dos e informações coletadas, confrontar todas as
informações obtidas e os conhecimentos adquiridos
para alcançarmos o conhecimento desejado, pois,
por meio de informações existentes, podemos
desenvolver novos conhecimentos e identificar
necessidades novas. Que tal você praticar a desk
research? Utilize essa ferramenta para descobrir
algo que deseja e implementar em algum projeto.

37
ANÁLISE COMPETITIVA
A análise competitiva é uma prática de marketing
que faz análises de mercado com o objetivo de
analisar seus concorrentes para obter informações
que permitam enxergar o cenário do mercado no
qual a empresa participa. Na análise competitiva,
ao colher as devidas informações, enquanto donos
de um negócio, ou mesmo gerente de produto,
poderemos traçar nossa estratégia de negócio,
por isso, a análise competitiva é, antes de qualquer
coisa, pesquisa de mercado.

Por meio da análise competitiva avaliamos os


nossos concorrentes diretos e indiretos, realiza-
mos um mapeamento de tudo que precisamos
saber para comparar as forças e as fraquezas da
concorrência, entre elas e com o nosso negócio.

Esse mapeamento nos auxilia na tomada de deci-


sões estratégicas e, para isso, é preciso constante-
mente acompanhar o que a concorrência faz que
dá certo, ou que dá errado, porque aprendemos
com isso, também. Devemos observar continua-
mente as práticas de mercado, prever quais são
as tendências, atentar-nos aos novos concorrentes
entrantes no mercado, adaptar-se às mudanças que
são inevitáveis, sempre verificar as oportunidades
para a empresa investir, ter mais participação no

38
mercado e identificar no cenário externo os fatores
que afetam a empresa.

Com os avanços tecnológicos e os diversos novos


e contínuos negócios, a competitividade está sem-
pre em corda bamba, porque as disputas são mais
aquecidas, já que não é mais necessário estar em
um só território para oferecer produtos e serviços
desejados pelos usuários.

Por isso, toda empresa precisa conhecer o espa-


ço onde está assentada, conhecendo seus con-
correntes o máximo possível. Os resultados da
concorrência podem ajudar o seu negócio a evitar
riscos, encontrar oportunidades, afinar seu negócio
e seus produtos e identificar novas necessidades
dos usuários.

Resumidamente, você, como dono de negócio, ou


gerente de produto/serviço, precisa fazer um ben-
chmarking para compreender como as empresas
concorrentes são vistas pelos usuários e como
elas se posicionam no mercado. Essa impressão
em relação à concorrência pode ser levantada pela
perspectiva dos usuários, por prospects e clientes,
obtendo feedbacks direto de usuários sobre outros
negócios e/ou produtos. Essa prática pode ser um
diferencial estratégico para sua pesquisa.

39
Outras ferramentas digitais, como as disponibili-
zadas no Google, podem ser utilizadas para o seu
benchmarking, como o buscador do Google, que
mostra a empresa pesquisada e sugere outras
empresas do mesmo ramo de negócio; o Google
Forms pode ser utilizado para colher informações
ou obter feedbacks de clientes; o Google Ads para
pesquisas por palavras-chave que tenham a ver
com o produto ou o negócio.

Assim, empresas da mesma fatia de mercado


podem ser localizadas. Além disso, não podemos
deixar de lado as redes sociais nas quais a maioria
das empresas participam.

Percebeu quantos caminhos existem para realizar


sua pesquisa de mercado? Comece a colocar em
prática seu benchmarking.

A concorrência direta nada mais é do que as em-


presas que oferecem o mesmo tipo de produto e/
ou serviço – ou produtos similares – que o nosso,
que participam da mesma fatia de mercado na qual
nosso negócio participa. Além da concorrência
direta, existe a concorrência indireta, que são as
empresas que oferecem o mesmo produto e/ou
serviço que oferecemos, porém, a maneira com
que elas obtêm lucros é diferente, porque o objetivo
dessas empresas também é diferente do nosso.

40
Uma maneira de entender essa concorrência é to-
mando como exemplo o Google versus o Facebook,
que estão no mesmo tipo de negócio mas possuem
estratégias e objetivos diferentes para lucrar e
continuar competindo no mercado, por meio de
serviços e/ou produtos. Também há as empresas
que são de outro nicho de mercado, mas que de
algum modo podem influenciar na participação e
competitividade com o nosso negócio ou produto,
por exemplo, Facebook e Netflix, duas gigantes
que não são concorrentes diretas, mas estão no
nicho de mercado digital. Ambas oferecem conte-
údos e, no caso do Facebook, espaço para que os
usuários compartilhem conteúdos de serviços de
streamings diversos, inclusive de outras empresas
diferentes da Netflix. Você conseguiu entender? De
um modo, ou de outro, sempre há uma influência
na competitividade e participação no mercado,
seja direta ou indiretamente.

SAIBA MAIS

Se você tem dúvidas sobre benchmarking, leia o artigo


Benchmarking: o que é, como fazer e 4 exemplos práti-
cos. Por meio dessa leitura você poderá reforçar seus
estudos para aperfeiçoar sua prática. Disponível em:
https://neilpatel.com/br/blog/benchmarking/. Acesso
em: 16 set. 2022.

41
COMO FAZER UMA ANÁLISE
COMPETITIVA?
Para realizar uma análise competitiva na prática,
é preciso começar pelas informações gerais da
empresa concorrente, considerando as métricas
que indicam o crescimento da empresa e o finan-
ciamento, depois você deve analisar a receita e os
clientes. Em geral, você deve ter em mãos todas
as informações e dados desde a data em que a
empresa foi fundada, a relação de funcionários,
hierarquia e todas as movimentações financeiras
internas e/ou externas. Veja a seguir duas das
principais ferramentas que auxiliam na Análise
Competitiva:
y Awario: é uma ferramenta digital que permite
monitorar o próprio negócio ou a concorrência,
você consegue saber o quanto a empresa/marca/
produto é mencionada e pode receber um alerta,
quando programado, toda vez que a empresa for
mencionada. É a análise do share of voice.
y Marketing: saber trabalhar com marketing é
parte de qualquer negócio, porque há uma lista de
ferramentas importantes para a análise competitiva
como SEO, mídias sociais (já mencionadas), publi-
cidade, conteúdo, vendas, atendimento, influencers,
estratégia de expansão e diferenciais que não são
encontrados em outras empresas e/ou produtos.

42
Você poderá realizar uma pesquisa de market share
para informações e análise mais global, isso se o
objetivo for ter uma visão mais ampla e do todo
sobre a concorrência direta e indireta, consideran-
do outros territórios. Já a análise restrita permite
a comparação da concorrência mais próxima ao
negócio, produto e/ou serviço porque é uma análise
mais específica, digamos assim.

Você já ouviu falar em Matriz SWOT e as 5 Forças


de Porter? Se você não conhece, saiba que são
instrumentos/modelos mais utilizados em análise
competitiva. Vamos entender a seguir cada uma
delas? Vamos lá!

A Matriz SWOT – também conhecida como FOFA,


em português – possui quatro elementos-chave para
que possamos entender um período de um contexto
do mercado analisado. Se você observar, perceberá
que é um diagrama que estrutura algumas das prin-
cipais informações para que possamos compará-las
e enxergarmos o cenário do nosso negócio ou da
concorrência, isso torna a matriz SWOT um instru-
mento estratégico por conta da possibilidade de
avaliar o mercado antes de tomar decisões.

Registros históricos apontam que a Matriz SWOT


surgiu na década de 1960 e que foi criada por Albert
S. Humphrey. Desde então, após algumas mudanças
no método SWOT, ela vem sendo utilizada.

43
Figura 5: Matriz SWOT (FOFA).

F orças F raquezas
Produto exclusivo Baixo investimento em
Preço de mercado publicidade
Variedades Loja apenas virtual

O portunidades A meaças
Pouca concorrência Barreira de entrada
Pública interessado Crise financeira
Crescimento de compras Produtos genéricos
on-line

Fonte: Elaboração própria.

As 5 Forças de Porter, elaborado por Michael


Porter, é um modelo utilizado por empresas para
fazer análise competitiva e para identificar o po-
sicionamento em que se encontra no mercado de
determinado setor.

44
Figura 6: 5 Forças de Porter.

O poder de negociação pode


ser influenciado por alguns
fatores, aumentando ou
5 FORÇAS DE
PORTER
diminuíndo. Um exemplo é o
custo da produção.

Para entrar no mercado


PODER DE dependerá da rivalidade, AMEAÇA DE
NEGOCIAÇÃO quanto maior, mais difícil
será, quem já participa PRODUTOS
DOS continua investindo em SUBSTITUTOS
FORNECEDORES estratégias como Marketing.

Produtos que atendem às


Dependendo da força das RIVALIDADE mesmas necessidades dos
marcas, da economia dos ENTRE OS usuários, como ubstitutos
custos de instalação, pode que podem ser produtos
se identificar o nível de CONCORRENTES melhores.
ameaça.
Quando há várias opções
AMEAÇA DE disponíveis no mercado que
ENTRADA DE são similares ao produto e o PODER DE
NOVOS
usuário pode escolher, o que
pode pressionar as
NEGOCIAÇÃO
CONCORRENTES estratégias de preço dos DOS CLIENTES
produtos.

Fonte: Elaboração própria.

A característica diferencial das 5 Forças de Porter


é que elas não se alteram, enquanto houver mer-
cado e competitividade, ela será estável porque
tem como enfoque analisar:
y A rivalidade entre os concorrentes;
y O poder de barganha dos fornecedores;
y O poder de barganha dos clientes;
y As ameaças de novos concorrentes entrantes
no mercado;
y As ameaças de novos produtos e/ou serviços.

45
O que achou desses instrumentos, A Matriz SWOT
(ou FOFA) e as 5 Forças de Porter? Muito interes-
sante, não é mesmo? Faça algumas pesquisas para
compreender melhor e identificar o uso desses
modelos estratégicos em produtos e empresas que
competem no mercado. Aliás, esse estudo poderia
até ser o tema de uma desk research, pense nisso!

46
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste e-book você estudou temas importantes para
o seu desenvolvimento profissional, como intera-
ção homem versus computador, que é necessário
para todo UX/UI Design. Além disso, e não menos
importante, abordamos o comportamento dos
usuários pelos temas sobre processos cognitivos e
perceptivos, além do conceito básico de cognição.

Você aprendeu o que é UX e pôde compreender


sua importância, estudou estratégia de produto
e como desenvolvê-la por questionamentos que
norteiam o processo. Também conhecemos o que
é a desk research e como fazê-la com a utilização
de metodologias.

Por fim, você aprendeu sobre análise competitiva,


seus caminhos e estratégias para acompanhar o
mercado, analisar a concorrência e o posiciona-
mento de uma empresa, realizando suas análises
com instrumentos e modelos como a Matriz SWOT
e as 5 Forças de Porter.

Bastante conteúdo, não é mesmo? Sugiro que


estude mais esses temas. Se achar necessário,
releia o material e faça pesquisas extras. Até mais!

47
Referências Bibliográficas
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