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Autoconhecimento

Essa é a minha praia

"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo" é um aforismo grego que revela


a importância do autoconhecimento. E apesar de não se ter certeza sobre quem foi o autor
desta máxima, vários autores atribuem a autoria da frase ao sábio grego Tales de Mileto, já
outros, defendem teorias que afirmam que a frase foi dita por Sócrates, Heráclito ou Pitágoras.

Mas, independentemente da autoria, a frase ficou famosa mesmo na sua versão encurtada:
"Conhece-te a ti mesmo”. E traz como reflexão central, a ideia de que para alcançarmos o
verdadeiro conhecimento sobre a vida e o mundo, precisamos antes conhecer a nós mesmos.
Se queremos conhecer o mundo à nossa volta, devemos em primeiro lugar conhecer quem nós
somos.

O processo de autoconhecimento é contínuo e nos permite interagir melhor com o mundo e


com as outras pessoas, amplia o horizonte para um mundo de novas possibilidades. Além
disso, ao olhar para si mesmo, o indivíduo desenvolve sua identidade, e ganhando consciência
de quem se é, consegue se mover de maneira mais produtiva na sociedade.

Entre os grandes pensadores nesta seara do autoconhecimento estão Sócrates e Sêneca. O


primeiro, dedicou muito tempo tentando entender a sua própria natureza, afirmando,
inclusive, que nenhum indivíduo era capaz de praticar o mal consciente e propositadamente,
mas que o mal era um resultado da ignorância e falta de autoconhecimento. Já o segundo,
desenvolveu a teoria do “daimon interior”.

“A palavra “daímôn” é de difícil entendimento devido às sobreposições de significados que ela


recebeu ao longo do tempo na tradição da antiga Grécia. Na mitologia, pela narrativa do poeta
Hesíodo (750 e 650 a.C.) os daímones foram homens nobres pertencentes a uma “geração de
ouro” que, por determinação de Zeus, foram transformados em seres imortais e prudentes
guardiões, com a incumbência de vigiar as decisões e ações dos homens mortais.”¹

Mas apesar dos diversos significados aplicados à palavra “daímôn”, ela traz sempre o sentido
de algo externo que influencia a conduta humana, porém não necessariamente a determina.
Pode-se dizer que seria uma disposição interior, uma espécie de intuição a respeito da própria
natureza do ser. Uma espécie de bússola para escolhas e sucesso pessoais. Como dito em aula,
conhecer a si mesmo não basta, há de se ter coragem de apostar na própria natureza.

Somos o que escolhemos para nós

Na Grécia, na cidade de Delfos, em um templo originalmente dedicado a Apolo (deus da luz, da


razão e do conhecimento verdadeiro) é que foi inscrita, na porta de entrada do Templo de
Delfos, a célebre frase sobre conhecer a si mesmo. E para além das disputas sobre sua autoria,
a tradição nos conta uma história interessante sobre a inspiração ser atribuída a Sócrates.
Conta-se que ele, assim como muitos na Grécia Antiga, tinha o costume de consultar o oráculo
para se ter acesso à verdade. Sócrates então, conhecido por sua vasta sabedoria e considerado
o pai da Filosofia, dirigiu-se ao Templo a fim de saber o que era um sábio e se ele próprio
poderia ser considerado um.

O oráculo, por sua vez, ao receber as suas dúvidas, teria questionado: "O que você sabe?".
Sócrates teria respondido "Só sei que nada sei". O oráculo, ao ouvir a resposta do filósofo,
rebateu: "Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe."
Este diálogo tornou-se bastante significativo no estudo da Filosofia, pois demonstrou a
humildade do sábio diante da vida.

E a experiência de Sócrates nos permite entender que a postura assumida por uma pessoa
diante da vida diz muito sobre ela mesma. A maneira como encaramos a existência dita nossas
escolhas, e estas por si só dizem muito a respeito de nós. Quando nos apresentamos, falamos
das nossas escolhas, ou seja, daquilo que é importante para nós.

O mundo é um espelho

Uma discussão filosófica que reflete e resume o tema aqui estudado, já foi objeto de análise de
vários autores, como Espinosa, Mitchell e Freud, que seria o conceito chamado de espelho da
vida. Trata-se da teoria que aponta para o entendimento de que ao observarmos o mundo,
vemos a nós mesmos no mundo.

A forma como o mundo se apresenta nos permite descobrir coisas sobre nós mesmos, como
afinidades (vejo alguém cantando e percebo que gosto de música), apetites (experimento uma
maçã e percebo gostar desta fruta), e desejos (vejo pintura e desejo ser pintor), por exemplo.

É o que podemos chamar de imediatidade da vida percebida, ou seja, sem o mundo como é
não perceberíamos vários aspectos do nosso próprio eu.

“A vida é a soma das suas escolhas.”


Albert Camus

¹“A vida é apenas um espelho” – o conceito crítico de vida de Schopenhauer. Link para
leitura: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ethic/article/download/1677-
2954.2012v11nesp1p17/22991/86673

Atividade extra

Assistir ao vídeo: “Sócrates e o Método Socrático”. Link para


acesso: https://www.youtube.com/watch?v=9vbZ9_eBQGQ

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