Você está na página 1de 12

Sociologia I

AULA 4
A contribuição de
Émile Durkheim e a
consolidação da
Sociologia

Prof. Renato Herbella


Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia

Objetivo da aula

Nesta aula estudaremos a contribuição do francês Émile Durkheim para consolidação


da Sociologia como ciência no século XIX. Veremos qual o principal legado deixado por seus
estudos, analisando principalmente a sua metodologia no estudo dos “fatos sociais”, a investi-
gação da sociedade como um organismo vivo - fruto da influência da biologia -, o conceito de
consciências (individual e coletiva) e o que vem a ser a “solidariedade” (mecânica e orgânica),
conceito chave em suas obras.

Por fim, abordaremos os reflexos de seus estudos no Direito, sendo este, para Durkheim
um importante fator para o controle e ordem, fortalecendo, portanto a coesão social.

Temas

1. Introdução 2

2. Durkheim e o “fato social” 4

3. Sociedade como um organismo vivo. As consciências de Durkheim: Consciência


Individual e Consciência Coletiva 5

4. Consciências e a Solidariedade: Solidariedade Mecânica e Orgânica 6

5. Durkheim e os reflexos no Direito 8

6. Conclusão 9

7. “Mergulhando no conteúdo” 10

8. Referências 11

Professor
Renato Tinti Herbella

1
Sociologia I Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia

1. Introdução

Bem-vindo a mais uma aula de Sociologia EAD.

Ao contrário das últimas aulas, nesta, iniciaremos com um problema.

Imagine o contexto de uma sala de audiência no Fórum de sua cidade. Mas ora, como
imaginar isso se você nunca foi ao Fórum? Simples. Caso nunca tenha ido ao Fórum, reco-
mendamos que vá. Aliás, vale lembrar a importância de, desde o primeiro ano do curso, ter
contato direto com o mercado de trabalho - que no Direito é muito amplo -, para já ir traçando
os passos de sua trajetória acadêmica de acordo com seus objetivos profissionais.

Retomando. Imagine uma sala de audiência clássica, com o Juiz no fundo, sentado
atrás de sua mesa e seu assistente ao lado, ambos de frente para outra mesa, na qual as
partes (Autor e Réu), juntos de seus advogados, ficam de cada lado dela. Imaginou? Continue-
mos. Vislumbre agora que o Advogado do Réu estava atrasado e, ao chegar à audiência, não
vestia o tradicional traje forense (terno e gravata), mas apenas uma camiseta regata, bermuda
e chinelo.

A primeira impressão dos que estão na sala é, sem dúvida, de surpresa. Afinal aque-
les trajes não são compatíveis com o que é comum, com o que os advogados habitualmente
usam.

Fácil perceber que o Advogado de imediato sofrerá uma coerção com relação a sua ma-
neira de se vestir. Nítido observar que há uma espécie de repressão, pois todos na audiência
irão analisa-lo com um “olhar ridicularizante”, já que o Advogado violou uma regra geral de
conduta, qual seja, todos os atuantes na audiência devem estar vestidos conforme a socieda-
de já determinou (geralmente, terno e gravata aos homens e roupas sóbrias às mulheres).

Por fim, é possível perceber ainda que esta “obrigação” em usar a “roupa adequada”
é externa ao Advogado do Réu, pois, não foi ele, sozinho, que estabeleceu como adequado

2
Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia
o uso do terno, mas sim a sociedade. Portanto, além de geral é exterior a ele, já existia esta
regra de conduta antes mesmo dele se tornar Advogado.

Concordam?

Pois é, com essa singela narrativa você pode perceber as principais características do
fato social, a coercitividade, a generalidade e a exterioridade.

Mas qual a importância disto?

Para David Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo que iremos estudar na aula de hoje,
a “Sociologia é o estudo dos fatos sociais”. São fatos sociais, a língua, o sistema financei-
ro, a religião, as leis, o Direito e uma infinidade de outros fenômenos com essas mesmas três
características.

Os estudos desse grande pensador francês foram fundamentais para a consolidação da


Sociologia como ciência, inaugurada por Auguste Comte. Com ele, o método desta nova ciên-
cia ganhou maior relevância, o que contribuiu para sua solidificação e importância no campo
acadêmico e científico.

Outra noção importante trazida com Durkheim, e que iremos estudar na aula de hoje,
são os conceitos de consciência (individual e coletiva) e solidariedade social.

Pausa para pergunta: - Você considera que suas atitudes, seu jeito de se vestir, seu
comportamento com sua família, sua maneira de trabalhar, estudar, etc., dependem única e
exclusivamente de suas vontades individuais?

Pois bem, veremos como a sociedade nos transforma e nos molda a partir da proposta
de “consciências” feita por Durkheim.

Considerando estes conceitos, Durkheim realizou a intepretação da sociedade a partir


de sua coesão. Ou seja, ao invés de procurar, analisar e compreender a origem dos conflitos
sociais, ele se dedicou ao estudo da estabilidade social, assim, sua sociologia se desenvolveu
nas reflexões sobre a autoridade, a norma, a coerção, tudo voltado para um sentido de com-
preensão da ordem social.

Desta forma, iremos estudar o método científico, o fato social, a consciência individu-
al e coletiva, a solidariedade (orgânica e mecânica) e seus reflexos no Direito. Estudaremos
Durkheim, pois, além de ser um autor clássico e fundamental para a compreensão da Sociolo-
gia, também é muito cobrado em provas de concursos e frequentemente utilizado na pesquisa
acadêmica - mesmo com críticas contemporâneas feitas ao seu conservadorismo e a sua su-
posta decadência.

Sendo assim, vamos ao conteúdo!

3
Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia
2. Durkheim e o “fato social”

Como vimos na aula passada, Comte foi o responsável por desenvolver uma metodolo-
gia para que a Sociologia fosse investigada como ciência e isto se deu a partir da sistematiza-
ção proporcionada pelo positivismo.

Durkheim, por sua vez, consolidou a metodologia empregada no estudo da Sociologia,


principalmente em sua célebre obra “As Regras do Método Sociológico” (1895).

A grande questão metodológica era a delimitação do objeto de estudo da Sociologia.


Para este pensador a sociedade deveria ser analisada a partir dos fatos sociais. Tal como a
química estuda os elementos, a biologia a vida e seus desdobramentos, a Sociologia deveria
repousar seu conhecimento nos fatos sociais.

Com a concepção de fato social, a Sociologia se tornou mais objetiva. Isto é, não se
deve interpretá-la a partir de elementos valorativos, morais, filosóficos. Deve-se tratar o fato
social como uma “coisa”, para garantir uma objetividade científica (MASCARO, 2009, p. 75).

Durkheim não traz em sua obra o exato conceito de fato social, porém deixa claro que
tudo que acontece na sociedade possui caráter social, mas nem tudo é fato social.

Assim, ele delimita o fato social a partir de três elementos particulares que lhe são ine-
rentes:

a) coercitividade
b) exterioridade
c) generalidade

O primeiro - coercitividade - exerce sobre nós uma força repressiva imposta pelo social,
obrigando-nos a comportamentos que não partem de nós como indivíduos. Como exemplo,
podemos citar o dado na introdução desta aula, ou seja, a “sanção” que o Advogado sofreu
por não seguir as regras de conduta impostas. Mas há também outros exemplos, como as
“punições religiosas” referente as nossas crenças, a ridicularização e/ou correção quando nos
expressamos de forma errada, isto é, referente a nossa língua, ou até mesmo as punições do
direito, como uma pena após o cometimento de um crime ou, as multas após o descumprimen-
to de um contrato, ou seja, coerção a partir do fato social das leis no nosso sistema jurídico.

O segundo - exterioridade - pressupõe que as regras, os valores, as normas de conduta,


enfim, que elas já existam previamente ao indivíduo, isto é, são exteriores a ele. Assim, por
exemplo, quando nascemos já existiam as regras de socialização que seguimos, já existiam as
regras gramaticais do português, já existia o Código Penal, já existia o Código Civil.

Por fim, a última característica é a generalidade, isso quer dizer que o fato social possui
uma representatividade na sociedade. Todos se sentem envolvidos e integrantes de um corpo
único, que segue os mesmos comportamentos. Portanto, geral.

4
Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia
Antonio Sergio Spagnol (2009, p. 26) define fato social como “o comportamento imposto
por meio da educação, segundo valores preexistentes e que determinam o comportamento
geral de uma sociedade”.

Durkheim resume da seguinte forma (2007, p. 13):

“É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma
coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade
dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações
individuais.”

Compreendido o que é ou, quais são as características do fato social, fica mais fácil en-
tender o conceito de consciências (individual e coletiva) desenvolvido por Durkheim, os quais
servirão para a compreensão da solidariedade, ou seja, para desvendar coesão social estuda-
da por este grande pensador Francês.

Saiba mais

• O Direito também pode ser visto como um fato social. Aliás, há uma obra
elementar para compreensão deste tema, a qual recomendamos: MIRANDA
ROSA, Felippe Augusto de. Sociologia do direito: O fenômeno jurídico
como fato social. Jorge Zahar Editor.

3. Sociedade como um organismo vivo. As consciências de


Durkheim: Consciência Individual e Consciência Coletiva

Durkheim, além de Comte, também foi influenciado pelas lições de Charles Robert Darwin
(1809-1882) e Herbert Spencer (1820-1903) e, assim, no mesmo sentido se valeu da biologia
para analisar a sociedade. Pois, se esta é um agrupamento de animais humanos, a ciência
natural mais próxima seria a biologia (estudo da vida) e não a química, por exemplo.

Outros sociólogos, conforme estudaremos, partiram de pontos diferentes, como da eco-


nomia, traço marcante em Karl Marx.

Influenciado, portanto, pelos estudos de biologia, a sociedade para Durkheim e outros


era vista como um complexo organismo vivo, com diversas partes servindo para diferentes
finalidades. Assim, seus estudos procuravam descobrir o que mantinha a sociedade coesa e
garantia a ordem, o que mantinha esse “organismo” em funcionamento.

Pois bem, para entender essa ordem, Durkheim explicou que os indivíduos possuíam
duas consciências. Uma delas representada pelas vontades individuais, pela personalidade, e

5
Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia
a outra, coletiva, na qual os comportamentos sociais influenciariam nas tomadas de decisões.

Haveria, portanto, duas consciências:

a) consciência individual
b) consciência coletiva

A consciência coletiva prevaleceria sobre a individual, isto é, ela seria responsável por
moldar nosso comportamento. Assim, quanto mais preponderante fosse a consciência coleti-
va, mais coesão haveria na sociedade, pois, os indivíduos do grupo se sentiriam mais atraídos
pelas suas semelhanças.

Com essa noção é possível perceber a influência da sociedade no indivíduo. O surgi-


mento do “ser social”. Pois, por exemplo, você não nasceu sabendo comer com garfo e faca,
ou seja, a “sociedade” o educou de tal forma, influenciando sobremaneira no seu modo de
vida. Concordam?

Para refletir e pesquisar

• Atualmente você acredita que é capaz de tomar atitudes basea-


do única a exclusivamente em sua personalidade? Até que ponto o
comportamento social influenciariam nas suas escolhas?

• O seu modo de consumir mercadorias, por exemplo, pode ser ex-


plicado pela influência da publicidade?

4. Consciências e a Solidariedade:
Solidariedade Mecânica e Orgânica

As consciências estudadas no tópico anterior são ligadas de tal forma que seriam uma
só. Solidárias, portanto. Assim, segundo Durkheim, ao analisar as sociedades, seria possível
classificá-las de acordo com o tipo de solidariedade.

A solidariedade seria os laços que unem os membros da sociedade entre si e ao próprio


grupo, a qual pode ser orgânica ou mecânica, de acordo com o tipo de sociedade, cuja coesão
pretendem garantir (QUINTANEIRO, 2009, p. 78). Evidente, que esta solidariedade não pode
ser confundida com a ideia cristã de auxiliar o próximo.

O Direito, por exemplo, é símbolo para identificar o tipo de sociedade. Isto é, os tipos de
normas do direito indicariam, para Durkheim, o tipo de solidariedade que predomina em uma

6
Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia
sociedade.

A solidariedade mecânica é aquela que pode ser encontrada nas sociedades anteriores
ao advento da Revolução Industrial e do capitalismo. Nelas não haviam complexas divisões de
trabalho e os códigos de identificação social se davam diretamente por meio dos laços familia-
res, religiosos e tradicionais. Os membros da sociedade se reconheciam como semelhantes e
afastavam o diferente do convívio social.

Nesses casos, a consciência coletiva era responsável pela manutenção da coesão so-
cial, porquanto ela exerceria um forte poder de coerção sobre o indivíduo.

A solidariedade orgânica, por sua vez, é a encontrada nas sociedades em que há uma
complexa divisão de trabalho, sendo, portanto, o oposto da mecânica. Nesses casos, há uma
dependência mutua dos indivíduos que, ao mesmo tempo em que fortalecem, estreitam os
laços sociais. Os indivíduos são mais dependentes uns dos outros.

São sociedades marcadas pelo forte divisão social do trabalho, sendo constituídas por
atividades cada vez mais especializadas. Desta forma, se o indivíduo passa a maior parte do
tempo se dedicando a uma atividade especializada, menos tempo ele terá para produzir sua
comida ou suas roupas, por exemplo. Então, quanto maior for a divisão do trabalho, quanto
mais específico forem os trabalhos, maior será a dependência de um indivíduo em relação ao
outro, mais será a dependência deles em relação à sociedade.

Surge, porém, um aparente conflito, pois quanto mais atividades especializadas são
realizadas, mais as pessoas se enxergam como diferentes. Isto é, imagine um lavrador e um
professor, um médico e um advogado, todos se veem muito diferente uns dos outros. Portanto,
a divisão social do trabalho, ao mesmo gera a diferenciação dos indivíduos, mas também a
necessidade de integração entre eles. Afinal, todos são indispensáveis para o adequado “fun-
cionamento” da sociedade.

Para refletir e pesquisar

• Você acredita que seria possível viver nos dias de hoje sem a de-
pendência da sociedade?

7
Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia
5. Durkheim e os reflexos no Direito

Diante de todas essas informações trazidas por Durkheim em seus estudos de Sociolo-
gia, seria possível analisa-las de acordo com o Direito? Sem dúvida. Aliás, o próprio pensador
fez isso ao estudar as espécies de sociedade de acordo com sua solidariedade, ou seja, de
acordo com sua coesão, pois se a sociedade é um conjunto de fatos autônomos, por que ela
se manteria em ordem e não se desarticularia?

Para ele isto se deve em razão de mecanismos de controle social.

Controle social, neste caso, pode ser visto como algo que promove a integração dos fa-
tos sociais, recorrendo, se necessário, à força física. Portanto, são formas de controle social, a
família, a religião, a escola, o Estado, o Direito, sendo este último o que passaremos a estudar.

Para Durkheim o Direito tem como objetivo assegurar a solidariedade impedindo que
fatos contrários à coesão social fiquem impunes. Ou seja, os órgãos estatais como a polícia,
por exemplo, atua na fiscalização e repressão das pessoas que eventualmente cometam infra-
ções atentatórias aos padrões socialmente estabelecidos, isto é, condutas contrárias às leis.
Um crime, por exemplo.

Considerando a divisão de sociedades entre as que possuem uma solidariedade mecâ-


nica e orgânica, o Direito na primeira é essencialmente repressivo e, na segunda, restitutivo.
Portanto, para Durkheim, temos:

a) Solidariedade Mecânica - Direito Repressivo

b) Solidariedade Orgânica - Direito Restitutivo

Por conta da coesão social na solidariedade mecânica, na qual predomina a consciência


coletiva, há uma unificação maior, pois, os vínculos se formam a partir de relações familiares,
por exemplo. O Direito, portanto, é essencialmente penal - punitivo -, pois o “diferente” deve
ser excluído do grupo, vez que seu comportamento destoa dos demais.

Na solidariedade orgânica (mais complexa), por sua vez, não obstante haja o aparente
conflito entre individualidades que reforçam as diferenças, há também a dependência do indi-
víduo com os demais, ou seja, há a necessidade das pessoas se relacionarem.

O Direito, nestes casos, não tem o objetivo de punir e excluir o diferente, mas sim res-
taurar as relações. Deve, então, restitui-las ao estado anterior à violação de conduta, reparan-
do os danos causados pela conduta ilícita.

Neste sentido, em uma sociedade marcada pelo aprofundamento das diferenças sociais
(devido à especialização dos indivíduos) deve existir leis gerais e abstratas, isto é, que se des-
tinam a todos irrestritamente.

Importante ressaltar que nenhum direito é exclusivamente repressivo ou restitutivo, am-


bos são aparentes nos dois tipos de sociedade. Porém, em determinada sociedade um preva-
lecerá sobre o outro.

8
Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia
Conclui-se que ao identificar o “tipo de direito” que predomina em uma sociedade, identi-
fica-se o tipo de solidariedade existente. Se predomina o Direito Repressivo, uma maior quan-
tidade de normas é mantida pela consciência coletiva, trata-se, então da solidariedade me-
cânica. Se predomina o Direito Restitutivo, uma menor quantidade de normas diz respeito à
sociedade como um todo, então, será a solidariedade orgânica.

Por fim, há uma última observação a ser feita, um crime é um fato social, isto é, para
Durkheim, um comportamento ilícito é uma ofensa à consciência coletiva e à coesão social.

Por ser um fato social, é possível analisa-lo objetivamente - é um dos objetos de estudo
da Criminologia, inclusive - como algo normal em qualquer sociedade, vez que sempre haverá
desvio de regras, e isso, é fundamental para compreender as transformações sociais, a dinâ-
mica social.

Exemplificando, determinada conduta que era considerada como crime, num futuro po-
derá não ser mais, indicando a necessidade de mudança no sistema jurídico.

Já houveram inúmeras condutas tidas por ilícitas que hoje não mais são, como o crime
de adultério, ou até mesmo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, dentre outras infini-
dades de transformações sociais, ou seja, as sociedades e seus direitos se transformaram,
cabendo aos cientistas sociais a análise destes fenômenos.

6. Conclusão

Nesta aula pudemos constatar a importância do pensador francês Émile Durkheim para
consolidação da sociologia como ciência no século XIX. Momento em que as grandes transfor-
mações sociais geradas pelas Revoluções Industrial e Francesa ainda eram muito recentes.

Vimos que para Durkheim a sociologia deve se debruçar no estudo dos “fatos sociais”,
que possuem três características marcantes, a coercitividade, a exterioridade e a generalida-
de.

Constatamos também a importância da consciência social para moldar o nosso compor-


tamento, a nossa forma de pensar e agir. Ou seja, percebemos o surgimento do “ser social”.

Ainda, estudamos os conceitos de solidariedade, sendo a mecânica com um direito pu-


nitivo predominante nas sociedades pré-capitalistas, na qual a divisão social do trabalho era
pouco complexa e a consciência coletiva era um elemento crucial para manutenção da ordem
social.

Em oposição a este pensamento, vimos que a solidariedade orgânica e o Direito res-


titutivo é predominante nas sociedades capitalistas, as quais possuem um certo conflito de
consciências em razão da especialização do trabalho.

9
Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia
Vimos a importância do pensamento de Auguste Comte para as ciências sociais, pois,
com suas teorias houve uma ruptura significativa do modo de analisar a sociedade e, até mes-
mo, a própria história da humanidade.

Destacamos, por fim, que o pensamento de Durkheim é intimamente ligado com as no-
ções positivistas definidas por Comte. Aliás, é possível perceber que as transformações entre
as sociedades mecânicas para as orgânicas, guardam relação com os “três estados” idealiza-
dos por Comte. Enfim, esperamos que com a aula de hoje você consiga avanças na disciplina
e se aprofundar no tema de hoje.

7. “Mergulhando no conteúdo”

Caso queira se aprofundar nos temas abordados nesta aula, abaixo estão sugestões de
filmes e livros:

• A Vila - M. Night Shyamalan

• O Bicho de Sete Cabeças - Laís Bodanzky

• Os utilizados nas referências bibliográficas da aula.

• MIRANDA ROSA, Felippe Augusto de. Sociologia do direito: O fenômeno jurídico


como fato social. Jorge Zahar Editor.

10
Aula 04 - A Contribuição de Émile Durkheim e a
Consolidação da Sociologia

8. Referências

FERREIRA, Delson. Manual de sociologia: dos clássicos à sociedade da informação. 2ª ed. 9.


reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.

DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. Tradução Paulo Neves. Revisão Eduar-
do Brandão. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. (Coleção Tópicos)

______. Da divisão do trabalho social. Tradução Eduardo Brandão. 2ª ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1999. (Coleção Tópicos)

MASCARO, Alysson Leandro. Lições de Sociologia do Direito. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin,
2009.

MIRANDA ROSA, Felippe Augusto de. Sociologia do direito: O fenômeno jurídico como fato
social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.

QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2ª ed. rev. e atual.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

SPAGNOL, Antonio Sergio. Sociologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2013. (Coleção direito
vivo / coordenação José Fabio Rodrigues Maciel)

Glossário

Autor e Réu: São as partes em um processo judicial. Tradicionalmente podemos dizer que o autor
ajuíza uma demanda contra o Réu, e esta será decida pelo Juiz (Estado).

Coerção: o ato de induzir, pressionar ou compelir alguém a fazer algo pela força, intimidação ou
ameaça; Repressão; Coação;

Coesão social: É o termo que representa as forças que mantém os homens formados em uma
estrutura social, permitindo-lhes o convívio em consenso e ordem.

Método: Em ciência, em geral, o método científico é constituído por uma série de passos que se
têm de tomar, de forma mais ou menos sistemática para atingir um determinado objetivo, como a
comprovação de uma hipótese, por exemplo.

11

Você também pode gostar