Você está na página 1de 9

Reviews/Resenhas 339

REVIEWS/RESENHAS O texto centralizador da análise é a


comédia musical Ópera do Malandro
(1978), de Chico Buarque de Holanda,
definida pela autora como uma
Malandro, m alandra, m alandrinha transposição criativa, uma refração de
e m alandrógino: o espaço A ópera do mendigo (1728), do
intersticial de identidade e gênero teatrólogo John Gay, e de A ópera dos
na ópera de Chico Buarque de três vinténs (1928), recriação da peça
Hollanda inglesa por Bertolt Brecht. A
representação da figura do malandro
by Lúcia Helena de Azevedo Vilela em toda sua ambigüidade por Chico
Buarque reflete, na visão da autora,
Oliveira, Solange Ribeiro de. De uma representação da identidade
mendigos e malandros: Chico Buarque, brasileira e do ideário nacional. Em sua
Bertolt Brecht e John Gay – uma leitura transposição para o contexto cultural
transcultural. Ouro Preto: Editora brasileiro as personagens criadas por Gay
UFOP, 1999. 202 páginas. e Brecht assumem características
surpreendentes, dentre as quais inclui-
se a aparente harmonização de opostos,
Em De mendigos e malandros, Solange cuja ambigüidade revela-se na escolha
Ribeiro de Oliveira percorre os caminhos de seus nomes por Chico Buarque,
das articulações intertextuais e enfatizada pela autora como parte
intersemióticas, da tradução lato sensu e fundamental do processo de
das transposições histórico-culturais em transcriação.
sua análise das ambivalências e conflitos
presentes na imagem que nós brasileiros Aspectos históricos e sociológicos
construímos de nós mesmos – sintetizada associados à gênese do termo
na figura emblemática do malandro e sua “malandro” parecem ter contribuído
escorregadia localização em um espaço para o que Solange Oliveira identifica
intersticial entre o bandido e o herói, entre como uma falsa aproximação entre as
a censura e a admiração. A ambigüidade noções de malandragem e ociosidade ou
proporcionada pela própria definição do preguiça: após a vigência da escravidão
termo gera uma série de articulações e do Império, uma parcela da população
dentre as quais encontram-se as brasileira, constituída por homens livres
representações da mulher e do sem propriedade e sem trabalho regular
homossexual – a malandra, a digno, situava-se em um entrelugar
malandrinha e o malandrógino. social – nem trabalhadores, nem

Ilha do Desterro Florianópolis nº 42 p.339-347 jan./jun. 2002


340 Reviews/Resenhas

proprietários. Nesse espaço intersticial, transformando o “cinto de Vênus” –


situava-se o sambista, que de acordo objeto mitológico de transmissão de
com o código penal republicano seria atrativos do amor da canção de Gay –
vadio, ou malandro, conforme a acepção nos acessórios cedidos às prostitutas por
negativa da palavra. O artista/ Vitória. Os versos de Chico Buarque,
malandro torna-se um mediador entre entretanto, na visão de Solange Oliveira,
os marginalizados e os grupos sociais são permeados de um lirismo que os
dominantes. Na representação do distinguem dos do conteúdo
caráter nacional verifica-se uma pornográfico e sombrio dos de Brecht e
ambigüidade na avaliação do trabalho: do erotismo dos de Gay. O aspecto lírico
o artista, por exemplo, é um malandro/ aparece também na transcriação de Chico
trabalhador. O malandro/sambista Buarque de Teresinha. A filha da senhora
concebido por Chico Buarque – João Peachum, Polly, transforma-se em
Alegre – revela-se um lutador anônimo, Teresinha, retirada da balada popular –
um revolucionário. Na visão da autora, Teresinha de Jesus – que remete à
a Ópera do Malandro realiza uma vivência da mulher na sociedade
metamorfose cultural das personagens patriarcal, cercada das três figuras
ao transformar o mendigo inglês de Gay masculinas que marcam sua juventude,
em malandro brasileiro. da infância ao amadurecimento para o
amor: o pai, o irmão, o noivo. Nos versos
Essa metamorfose ocorre também nas
de Chico Buarque as três personagens
representações da mulher e do
masculinas passam de um namorado
homossexual. A senhora Peachum, de
juvenil a um conquistador arrojado. A
Gay, mulher de um intermediário entre
Teresinha ingênua da cantiga de roda
a polícia e o crime organizado,
transforma-se em cópia da figuras
transforma-se na Vitória de Chico
exploradoras do pai, Duran, e do
Buarque, mulher de Duran, que é um
marido, o contrabandista Max.
malandro com significação pejorativa,
um produtor de espetáculos e A prostituta arredia e indiferente da obra
beneficiário da prostituição. Vitória de Gay, Jenny, transforma-se em travesti
apresenta-se como patronesse e atriz, – Geni – na obra de Chico Buarque, sendo
mas como malandra também no sentido chamado por Solange Oliveira de
pejorativo, prepara mulheres para atuar “malandrógino.” Geni é também
no bordel do marido, fornecendo Genivaldo, contrabandista apaixonado
acessórios para exercício do sexo. por seu chefe, Max. Na canção do
Mistura prostituição e religião ao instruir malandrógino, vem a revelação de um
uma prostituta nordestina e referir-se a fato inusitado: a população de uma
ela com a utilização de expressões como cidade é salva por Geni, que se sacrifica
“missionária.” As canções da senhora entregando-se a um visitante celeste que
Peachum passam por um processo de ameaça destruir o local. As ironias
transcriação na obra de Chico Buarque, utilizadas na canção do malandrógino
Reviews/Resenhas 341

revelam a ambigüidade de gênero e What is a Woman?


Woman?
grupo social.
by Conceição Monteiro
Nos diferentes grupos de personagens
recriadas por Chico Buarque, permeia a
ambigüidade característica do Moi, Toril. What is a Woman and Other
malandro, que culmina na representação Essays. Oxford: Oxford University
de João Alegre, espaço de mediação Press, 1999.
entre o bandido e o herói, entre os
marginalizados e as classes dominantes.
Além de apresentar um atraente
Na visão de Solange Ribeiro de Oliveira, prefácio, a obra distribui seus onze
as personagens centrais das obras de ensaios em três partes: “A Feminism of
Gay e Brecht transferem-se para o solo Freedom: Simone de Beauvoir”,
brasileiro em um processo de “Appropriating Theory: Bourdieu and
metamorfose cultural, caracterizando- Freud” e “Desire and Knowledge:
se pela ambigüidade e situando-se em Reading texts of Love”.
um espaço intersticial. Através da
dupla força da refração transcultural, a A primeira parte, principal interesse
Ópera de Chico Buarque de Hollanda desta resenha – e que constitui, sem
revela personagens brasileiras como João dúvida, um livro per se (assim o
Alegre, Vitória, Teresinha e Geni – considera a própria autora) –, compõe-
malandro, malandra, malandrinha e se de dois ensaios: “What is a Woman?
malandrógino. João Alegre e Geni, em Sex, Gender, and the Body in Feminist
especial, situam-se, portanto, em um Theory” e “‘I am a Woman’: The
espaço intersticial de identidade e Personal and the Philosophical”. Aqui
gênero. Moi discute as tendências dominantes no
pensamento feminista contemporâneo,
Referências bibliográficas optando pelo que chama “feminismo de
Brecht, Bertolt. A ópera dos três vinténs. liberdade”, que tem como base o
Trad. Lya Luft. Rio de Janeiro: Paz e trabalho filosófico e feminista de Simone
Terra,1992, v. 3. (Teatro Completo) de Beauvoir, em The Second Sex, dado
que, segundo enfatiza a ensaísta, a
Gay, John. The Beggar’s Opera. London: liberdade é a concepção fundamental do
Penguin, 1986. feminismo de sua referência francesa.
Hollanda, Chico Buarque de. Ópera do No primeiro ensaio, ao longo de seus
Malandro. São Paulo: Cultura, 1978. cinco capítulos, retomam-se tópicos
recorrentes na teoria feminista – sexo,
gênero e corpo –, desafiando-se a idéia
segundo a qual a distinção entre sexo e
gênero seria fundamental para a teoria
342 Reviews/Resenhas

feminista, uma vez que tal distinção acusações excludentes desta ou daquela
nunca se apresenta clara o suficiente para teoria” (p. 9), Moi, de forma simples e
servir de base a um sistema teórico. Moi precisa, sugere um feminismo que esteja
busca então expor uma teoria do corpo engajado na busca de justiça e igualdade
orientada pela diferença sexual, para as mulheres, “no sentido comum
consciente, contudo, de que nenhuma da palavra” (p. 9).
reelaboração dos conceitos de sexo e de
“O que é uma mulher?”, então, constitui
gênero será capaz de produzir um
questão para a qual existem várias
conjunto teórico consistente acerca do
respostas possíveis, que fogem das
corpo ou da subjetividade, donde a
amarras tanto da distinção sexo/gênero,
irrelevância da distinção, caso o objetivo
quanto da polaridade essência/
seja construir uma compreensão
construção. Assim, ao contrário do que
histórica do que significa ser mulher ou
postulam os teóricos pós-
homem em uma determinada sociedade.
estruturalistas, para os quais a relação
Reconhece a autora, no entanto, que a
entre sexo e gênero é arbitrária, a melhor
distinção entre essas categorias não é de
defesa contra o determinismo biológico
todo irrelevante para o projeto feminista,
é negar que qualquer base biológica
embora ela não se preste à produção de
justifique normas sociais, visto que a
uma teoria da subjetividade.
natureza não pode ser usada para
Em contrapartida, Simone de Beauvoir explicar arranjos sociais particulares. Em
é que forneceria as bases para uma outros termos, de acordo com fatores
compreensão do corpo de natureza não- biológicos o sexo não pode ser negado,
essencialista, concreta, histórica e social. porém sociedades podem ser
Assim, segundo Moi, a investigação produzidas onde os gêneros se
sobre o significado da feminilidade em multipliquem ou mesmo se eliminem,
contextos históricos e teóricos demonstrando-se, desse modo, que a
específicos é indispensável ao projeto biologia não justifica normas sociais.
feminista que queira compreender e
Coerente com tais diretrizes de base, nas
transformar práticas e tradições
pegadas de Beauvoir e Merleau-Ponty –
culturais sexistas.
que mostram que a relação entre corpo
Um dos pontos mais importantes no e subjetividade não é nem necessária,
trabalho de Moi está na observação de nem arbitrária, mas contigente –, a
que ser uma mulher envolve pluralidade autora prossegue chamando a atenção
e descentramento, embora nem isso seja para a compreensão de casos concretos,
passível de generalização, pois pode para que se possa pensar na viabilidade
suscitar outro conceito igualmente de uma teoria do corpo e da
reificado de feminilidade. Desse modo, subjetividade. Uma “teoria feminista”
como qualquer tentativa de definição ideal, nesse caso, seria um tipo de
incorre no risco de uma “proliferação de pensamento que “procurasse desfazer
Reviews/Resenhas 343

confusões a respeito do corpo, do sexo, elíptico, pois tudo é relativo, tudo é


da diferença sexual, das relações de situacional.
poder entre homens e mulheres,
As questões que Moi levanta nos dois
heterosexuais e homosexuais” (p. 120).
ensaios sobre o corpo, o pessoal e o
Essa teoria – ela insiste – nos libertaria
impessoal, bem como sobre a utilidade
da prisão metafísica, e nossas palavras
política da teoria, são, segundo ela
então poderiam voltar-se para a esfera
própria sustenta, calcadas em um
comum, ou seja, para a esfera em que a
compromisso fundamental com a
nossa luta política e pessoal pudesse
liberdade da mulher. Rejeita-se assim,
tornar-se realidade, com o que a crítica
para a pergunta “O que é uma Mulher?”,
feminista estaria de fato questionando
qualquer resposta que se nutra de um
práticas e concepções que realmente
fundamento metafísico, essencialista, ou
importa questionar.
que se baseie no determinismo biológico.
No segundo ensaio, Toril Moi reflete Ao contrário, a fim de que se alcance
sobre a relação entre o pessoal resposta aceitável, será indispensável
(subjetividade), o filosófico e o uso libertar o termo “mulher” do binarismo
político da teoria, sem negligenciar as sufocante em que a teoria
revindicações do pessoal e do impessoal, contemporânea tenta aprisioná-lo. Nesse
do objetivo e do universal. Daí usar sentido, é estratégico o tratamento que
como gancho The Second Sex , pela Simone de Beauvoir dá ao corpo como
interdisciplinaridade que caracteriza a situação, à medida que fornece uma
proposição desta obra, texto que rompe alternativa ao pensamento sobre sexo e
com fronteiras genéricas, ao mover-se gênero, alternativa que tanto rejeita o
livremente por entre várias disciplinas, determinismo biológico, quanto nos
da literatura à filosofia. aparelha com “uma forte compreensão
(...) histórica e socialmente situada do
Acompanhando o pensamento de
corpo concreto, material, que vive e que
Beauvoir neste ensaio está Stanley
morre” (p.x).
Cavell, que trata do pessoal não como
algo dado, mas como uma tarefa. Para Sem dúvida a teoria feminista tem
o autor o pessoal não é uma posse, avançado bastante no que concerne à
porém algo a ser apreendido e refinado. ideologia sexista, entretanto pouco se
Moi tem uma percepção clara de que fala sobre a significação do ser mulher
não existe uma forma única de “ser ou da subjetividade individual. Deve-
pessoal”, ou uma forma monolítica de se assinalar, a propósito disso, que Moi
“escrever teoria”, a não ser que se opte contribui nesse campo, ao fugir de uma
por cair no abismo profundo da teoria que se preocupa tão-somente com
opressão e do silêncio. Desse modo, até a relação de poder que envolve o
mesmo um texto explicitamente binarismo dominação/subordinação,
autobiográfico pode ser revelador ou avançando para uma teoria mais
344 Reviews/Resenhas

complexa em que essas noções estejam é uma realidade fixa, mas está sempre
acopladas a significações históricas e em processo de fazer-se o que é, através
sociais concretas do corpo. Como a de experiências vividas, sedimentadas
distinção entre sexo e gênero é muito através do tempo e de interação com o
pouco adequada quando se trata de mundo. Moi rejeita assim a noção de
pensar o que é uma mulher, pois uma gênero enquanto efeito de uma estrutura
mulher ou um homem constituem mais social de poder opressiva, apoiando-se
que “realidades” cuja explicação se na noção de corpo sugerida por Beauvoir,
esgote em sexo e gênero, Moi assinala segundo a qual nos definimos através
que raça, idade, classe, orientação de nossa experiência, donde a
sexual, nacionalidade e experiência imprevisibilidade do ser humano.
pessoal idiossincrática são outras Conseqüência desse ponto de vista é
categorias que molduram a experiência afirmar que somente a morte nos impede
de ser de um sexo ou de outro. Desssa a possibilidade de mudança, e que o
forma, a autora busca fugir da corpo é uma situação, não um destino.
categorização da mulher como soma de A mulher passa assim a ser concebida
sexo mais gênero, ou nada mais que sexo, mais do que simplesmente como gênero,
ou nada mais que gênero, como forma sendo portanto encarada como ser
de não reduzi-la à diferença sexual. Esse humano completamente embodied, que
reducionismo – ela conclui – é a antítese não pode ser reduzido à diferença
de tudo que o feminismo deveria acatar, sexual, quer esta diferença seja vista
pois o mais importante é a noção clara como decorrência da natureza, quer seja
de que os parâmetros estreitos dessas entendida como efeito da cultura.
noções nunca abarcarão a experiência e
Por conclusão, cabe assinalar que a
o significado da diferença sexual nos
leitura que Moi faz de The Second Sex é
seres humanos.
um belo ponto de partida para futuras
Moi mostra assim que se pode chegar a investigações feministas, por implicar a
uma compreensão concreta e rejeição tanto do determinismo biológico
historicizada do corpo e da quanto da distinção reducionista entre
subjetividade sem depender da sexo e gênero, salvaguardando-se assim
distinção sexo/gênero. A grande a liberdade do ser humano de definir o
contribuição de Beauvoir, segundo a seu sexo da forma que lhe aprouver. Ser
autora, não só para a teoria feminista, uma mulher, então, não significa que
mas também como uma alternativa tipo de mulher eu sou, donde a
poderosa e sofisticada para as teorias incompatibilidade dos estereótipos com
contemporâneas de sexo e gênero, é a de o pensamento de Beauvoir. What is a
que o corpo é uma situação – definível Woman? é, assim, um trabalho que
como algo concreto, experienciado ilumina o “feminismo de liberdade”, por
enquanto significação e situado social e recusar-se a fazer uma teoria
historicamente –, ou seja, a mulher não universalizante, excludente. Reconhece,
Reviews/Resenhas 345

no entanto, a impossibilidade de In the Introduction, Quintana’s strategy


escrever sem generalizar, procurando is similar to that of many Chicana
assim inscrever o Eu e o Outro por dentro theorists: she uses personal narrative as
da bainha do texto, do que resulta um a springboard to an inquiry into a
discurso engajado como tal definido politics of identity based on race, class,
pela própria autora: “Se não existe and gender. Quintana also establishes
engajamento na escritura é difícil the scope of her work – contemporary
engajamento no leitor, e sem Chicana literature written in English –
engajamento não há nem pensamento and its purpose – to interpret this
nem compromisso político” (p. 123). literature, using an interdisciplinary
approach which “draws upon
anthropological, feminist, historical and
literary sources.” Laying out her plan of
work by providing brief summaries of
the six chapters of the book, Quintana
Alvina Quintana’s Home Girls: offers the readers useful information
Chicana Literary Voices
Voices about the focus of each chapter. While
by Leila Assumpção Harris the first two deal, respectively, with
Chicana aesthetics and discourse, the
remaining four discuss specific works
Quintana, Alvina. Home Girls: Chicana by Gloria Anzaldúa, Ana Castillo,
Literary Voices. Philadelphia: Temple Denise Chavez, Sandra Cisneros and
University Press, 1996. Cherríe Moraga. Quintana justifies her
choice of writers based on the revisionist
nature of their writings, which represent
After explaining that “Home Girls” is a the multiplicity of Chicana perspectives.
term commonly used in the United States
to refer to “women of color,” Alvina Chapter 1, “Politics, Representation and
Quintana introduces herself as “a Emergence of Chicana Aesthetics,”
Chicana who thrives on the writing examines the historical, political and
produced by [her] Chicana ‘Home social contexts that have contributed to
Girls’”. The reader of Home Girls soon the development of Chicana aesthetics.
realizes, however, that besides Here Quintana draws upon diverse
possessing inside knowledge of the issues sources such as Paulo Freire and Julia
addressed in Chicana literature, Kristeva, among others, to chronicle the
Quintana is equally at ease when emergence of a literature that offers
discussing contemporary social/critical resistance to “cultural containment and
theorists and incorporating their female subordination.” In this chapter
perspectives in her analysis. Quintana also surveys the three book-
length studies of Chicana literature,
pointing out their strengths and
346 Reviews/Resenhas

limitations and underscoring the Quintana compares Castillo’s novel with


importance of including ideological Marjorie Shostak’s Nisa: The Life and
considerations when analyzing Chicana Words of a Kung Woman, highlighting
literature. the relationship between the creative
process and “feminist ethnographic
Chapter 2, “Classical Rifts: The Fugue
methods.” Quintana concludes that
and Chicana Poetics” argues
Castillo’s text, which consists of letters
convincingly that the cultural modes of
recording daily Mexican and American
articulation preferred by Chicana
experiences, is a serious parody (as
writers, namely poetry and story-telling,
defined by Linda Hutcheon) of
are as relevant as the theoretical
ethnographic writing.
discourse of Anglo feminists. Quintana
identifies four modes of Chicana Chapter 5, “Orality, Tradition and,
literature—apology, rage and Culture: Denise Chavez’s Novena
opposition, struggle and identification, Narrativas and The Last of the Menu
and new vision, emphasizing that these Girls” focuses on the relationship
modes are interdependent rather than between oral and written culture, paying
sequential and illustrating the fact that close attention to the narrative issues
a particular work may draw upon any involved in moving “from silence to print
or all of these modes. without dismissing the significance of
oral culture.” Both works, the first a
Chapter 3, “ The House on Mango Street:
series of dramatic monologues and the
An Appropriation of Word, Space and
latter a novel composed of interrelated
Sign” focuses on the strategies Sandra
stories, present multiple female voices,
Cisneros uses in her novel, subverting
dismissing essentialist notions about
conventional literary forms and rebelling
Chicanas. Quintana suggests that
against cultural and economic
defying literary form while conforming
oppression. Quintana disagrees with
to traditional Mexican ideology, Chavez
those who consider House “too
“writes to open rather than to close
assimilationist” and argues that choice
discussions on culture and gender.”
of a young, naive narrator is a narrative
strategy which allows Cisneros to expose Chapter 6, “New Visions: Culture,
gender, culture and class oppression in Sexuality, and Autobiography”, the
a gentle fashion, without alienating longest of the chapters, provides a
mainstream audiences. synthesis of issues previously discussed.
Quintana starts by underscoring the
Chapter 4, “ Shades of the Indigenous
importance of the 1981 publication of
Ethnographer: Ana Castillo’s
This Bridge Called my Back , the
Mixquiahuala Letters” returns to a point
anthology, co-edited by Cherríe Moraga
that has been broached in previous
and Gloria Anzaldúa, which helped
chapters: the similarities between
launch an oppositional movement by
Chicana literature and ethnography.
Reviews/Resenhas 347

“women writers of color”. Quintana then


focuses on the autobiographies of Cherríe
Moraga, Loving in the War Years, and
Gloria Anzaldúa, Borderlands/La
Frontera, showing that the two writers
employ themes and narrative strategies
from Bridge to create models of Chicana
feminist theories, which, unlike
mainstream feminist theories, address
“race, ethnicity, and class as modes of
female subjectivity”.
I assume it is not by chance that
Quintana uses poems to begin and end
her book. After all, she has shown
convincingly that poetry is a valid and
effective mode of articulation often
chosen by Chicana writers. The first
poem, “Legal Alien”, by Pat Mora,
highlights the duality of the Chicana, “an
American to Mexicans/ a Mexican to
Americans”; the closing poem, “To Live
in the Borderlands Means You”, by Gloria
Anzaldúa, advocates hybridity and
“liv[ing] sin fronteras”. Both poems are
quite appropriate for a book which
develops a cogent argument about the
politics of difference and about the
multiple perspectives embodied in
contemporary Chicana literature.

Você também pode gostar