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INSTITUTO TÉCNICO EDUCACIONAL POLIVALENTE

PROGRAMA TRILHAS DE FUTURO

FARMACOLOGIA II

CURSO TÉCNICO EM FARMÁCIA


SUMÁRIO

1. OBJETIVOS.............................................................................. Erro! Indicador não definido.

2. PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA ............................................................................................ 6

2.1. Notificação de Receita "A"....................................................................................................14

2.1.1. Como preencher Notificação de Receita Amarela.................................................................14

2.2. Notificação de Receita "B".......................................................................................................15

2.2.1. B1– Psicotrópicos................................................................................................................16

2.2.2. B2 – Psicotrópicos Anorexígenos.........................................................................................16

2.3. Notificação de Receita "C" ......................................................... Erro! Indicador não definido.7

2.3.1. C1 – Outras substâncias sujeitas a controle especial.....................................................17

2.3.2. C2 - Substâncias retinóicas............................................................................................17

2.3.2.1. Como preencher Notificação de Receita Branca C2...................................................19

2.3.3. C3 – Substâncias imunossupressoras.............................................................................20

2.3.4. C5 – Substâncias anabolizantes.....................................................................................20

2.3.4.1. Receita de Controle Especial em 2 vias......................................................................20

3. Farmacos que atuam nos processos alérgicos .......................................................................... 22

3.1. Histaminas.............................................................................................................................22

3.2. Anti-histamínicos..................................................................................................................27

3.3 Anti-inflamatórios não esterodais (AINES) ................................................................................. 30


3.4 Antirreumáticos e fármacos usados na gota ............................................................................. 34

4. Fármacos que atuam sobre as funções renal e cardiovascular ................................................. 36

4.1. Diuréticos ................................................................................................................................. 36

4.2 Anti-hipertensivos ....................................................................................................................... 38

4.3 Antiarritmicos ............................................................................................................................... 39

4.4 Cardiotônicos................................................................................................................................ 40

4.5 Vasodilatadores ............................................................................................................................ 41

5. FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA RESPIRATÓRIO ............................................ 43

5.1 Tratamento da asma.......................................................................................................................43

5.2 Tratamento de renite alérgica........................................................................................................47

5.3 Tratamento da tosse.......................................................................................................................49

6. FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA DIGESTIVO .................................................... 50

6.1 Farmacos que controlam a acidez gástrica e tratamento das úlceras pépticas...............................50

6.2 Eméticos e antieméticos................................................................................................................55

6.3 Fármacos que atuam sobre a motilidade intestinal: laxantes e constipantes.................................57

7. FÁRMACOS USADOS NAS PARASITOSES ...................................................................... 60

7.1 Anti-helmínticos............................................................................................................................60

7.2 Antiprotozoários............................................................................................................................64

8. FÁRMACOS QUIMIOTERÁPICOS ...................................................................................... 67


8.1. Antimicrobianos .......................................................................................................................... 67

8.2 Fármacos antifúngicos .................................................................................................................. 75

8.3 Fármacos antivirais........................................................................................................................78

9. FÁRMACOS QUE AFETAM OUTROS SISTEMAS ORGÂNICOS ................................... 80

9.1. Disfunção erétil, osteoporose e obesidade ............................................................................... 80

9.2 Fármacos que atuam no sistema endócrino...................................................................................83

9.2.1 Hormônios da tireoide ............................................................................................................... 85

9.2.2 Insulina e fármacos hipoglicemiantes orais ............................................................................... 87

9.2.3 Anticonepcionais........................................................................................................................92

10 BIBLIOGRAFIA BÁSICA............................................................................................................94
1. OBJETIVOS

Ao término da disciplina o estudante deverá ser capaz de: Identificar os grupos de


fármacos que atuam nos processos alérgicos e na inflamação, nas funções renais e
cardiovascular, no sistema respiratório, digestório, parasitoses, quimioterápicos, sistemas
orgânicos, bem como seus usos clínicos e efeitos colaterais.

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2. PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA

É uma ordem escrita dirigida ao farmacêutico, definindo como o fármaco deve ser
fornecido ao paciente. E a este, determinando as condições em que o fármaco deve ser
utilizado.
É um documento legal de responsabilidade de quem prescreve (CD) e quem
despenca a medicação (farmacêutico). As normas gerais para a prescrição foram escritas
pela Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Medicamentos (DIMED) do ministério
da Saúde.
A prescrição deve ser escrita de forma clara, com letra legível, a forma que o
medicamento vem e como deve ser administrado. É constituído pelo cabeçalho, super
inscrição, inscrição, subinscrição, transcrição, data e assinatura.
De acordo com a Portaria 344/98, as substâncias das listas A (A1 e A2-
entorpecentes/ A3-psicotrópicos) devem ser prescritas com a Receita tipo A, de cor
amarela. As substâncias das listas B (B1-psicotrópicos/ B2 – anorexígenos) devem ser
prescritas com a Receita tipo B, de cor azul. Já as substâncias das listas C (C1- outras
substâncias sujeitas a controle especial/C2 –retinóides/ C4 – antiretrovirais/C5-
anabolizantes) devem ser prescritas com a Receita tipo C, de cor branca.

2.1.Notificação de Receita "A"

• Cor da notificação: Amarela


• Receita A1/A2/A3
• A1-Entorpecentes
• A2- Entorpecentes de uso permitido em concentrações especiais
• A3- Psicotrópicos
• Válida em todo território nacional (desde que acompanhada a justificativa de
uso, para aquisição em outra unidade federativa).
• Quantidade máxima por receita: 30 dias de tratamento ou 5 ampolas – 1
medicamento ou substância
• Validade da receita: 30 dias corridos

2.1.1. Como preencher Notificação de Receita Amarela

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1. Sigla da Unidade federativa (estado, UF);
2. Número de 8 dígitos disponibilizado pela Vigilância Sanitária, sendo que os
2 primeiros dígitos são referentes ao código da Autoridade Sanitária Estadual;
3. Identificação do emitente (nome, inscrição no conselho, nome da instituição,
CNPJ e endereço completo);
4. Nome do medicamento dispensado, quantidade, forma farmacêutica,
concentrações e posologia;
5. Data da prescrição, assinatura e carimbo do profissional prescritor;
6. Nome completo do paciente e endereço;
7. Dados da gráfica responsável pela impressão da notificação (já vêm
preenchida);
8. Espaço para o farmacêutico preencher os dados do comprador
9. Dados de quem está dispensando a medicação

2.2. Notificação de Receita "B"


• Cor da notificação: Azul
• Receita B1/B2
• B1 – Psicotrópicos
• B2 - Psicotrópicos Anorexígenos
• Válido em todo território nacional
• Validade da receita: 30 dias corridos

Observação:
A Notificação de Receituário Azul pode ser impressa pelo próprio profissional,
instituições, hospitais ou clínicas, desde que respeitadas as normas e padronizações
estabelecidas pela Portaria 344/98 e Resolução SES 1370/99. No rodapé do talonário em
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cada folha deverá ainda conter:
Número CPF do profissional prescritor;
Numerações inicial e final (concedidas pelo órgão sanitário).

2.2.1. B1– Psicotrópicos

1. Unidade federativa (UF);


2. Dados os prescritor ou instituição
3. Nome do medicamento, quantidade, forma farmacêutica, concentração e
posologia;
4. Dados do paciente;
5. Dados da gráfica responsável pela confecção;
6. Informações do comprador;
7. Dados do dispensador do medicamento;
8. Numeração inicial e final da impressão
• Quantidade máxima por receita: 60 dias de tratamento ou 5 ampolas – 1
medicamento ou substância

2.2.2. B2 – Psicotrópicos Anorexígenos

• Utilizada para dispensação de medicamento com substâncias Psicotrópicos


Anorexígenos da lista B2;

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• Possui validade de 30 dias;
• As notificações de receita B2 deverão vir acompanhadas de Termo de
Responsabilidade do Prescritor em 2 vias (assinada pelo paciente);
• 1º via fica com o paciente;
• 2º via fica arquivada na farmácia ou drogaria juntamente com a notificação
B2.
• Quantidade máxima por receita: 30 dias de tratamento, no caso de
Sibutramina tratamento para até 60 dias– 1medicamento ou substância.
• O preenchimento da notificação de receita azul B2 acontece semelhante ao
preenchimento da notificação de receita azul B1.

2.3. Notificação de Receita "C"


• Cor da notificação: Branca
• Receita C1/ C2

2.3.1. C1 – Outras substâncias sujeitas a controle especial


Quantidade máxima por receita: 5 ampolas/3 medicamentos ou substâncias
Quantidade por período de tratamento: 60 dias
Válida em todo território nacional – 30 dias

2.3.2. C2 - Substâncias retinóicas

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Usada para dispensação de medicamentos com substâncias Retinóides de uso
sistêmico da Lista C2;
Validade de 30 dias e somente dentro do Estado que concedeu a numeração para
o talonário;
Apresenta a seguinte indicação: “Risco de graves defeitos na face, nas orelhas, no
coração e no sistema nervoso do feto”;
O prescritor deverá fornecer ao paciente o Termo de Consentimento de Risco e
Consentimento Pós-Informação.
Quantidade por período de tratamento: 30 dias - 1 medicamento ou substância
O medicamento deve ser prescrito formulário próprio – “Notificação de Receita
Especial Retinóides Sistêmicos” de cor branca e deve vir acompanhada do
Termo de Consentimento Pós-Informação.
Válida em todo território nacional.
Termo de conhecimentos de risco e consentimento pós-informação.

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Termo de conhecimentos de risco e consentimento

2.3.2.1. Como preencher Notificação de Receita Branca C2

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1. Unidade federativa (UF);
2. Dados do prescritor ou instituição;
3. Nome do medicamento (apenas 1 por receita);
4. Posologia;
5. Data da prescrição, assinatura e carimbo do prescritor;
6. Dados do paciente;
7. Dados do comprador;
8. Nome do dispensador e data da dispensação;
9. Número da impressão do talonário.

2.3.3. C3 – Substâncias imunossupressoras


Usada para substâncias Imunossupressores da Lista C3;
Possui validade de 20 dias para receita e 30 dias para o tratamento;
Válida somente para o estado que emitiu o talonário de notificação;
Deve ser dispensada somente acompanhada de termo de esclarecimento e termo
de responsabilidade;
Quantidade por período de tratamento: 30 dias
Validade em todo território nacional – 20 dias
O Termo de Responsabilidade/Esclarecimento deve preenchido e assinado pelo
prescritor e paciente, em 3 (três) vias, sendo que a primeira via deve ficar retida no
prontuário; a segunda via deve ser arquivada na farmácia e a terceira via deve ser entregue
ao paciente.

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2.3.4. C5 – Substâncias anabolizantes
Quantidade máxima por receita: 5 ampolas e demais substâncias para 60 dias de
tratamento – 3 substâncias ou medicamentos.
Quantidade por período de tratamento: 30 dias
Válida em todo território nacional.

2.3.4.1. Receita de Controle Especial em 2 vias


1. Dados do profissional prescritor devidamente habilitado ou instituição;
2. Dados e informações do paciente;
3. Nome do medicamento, dose, quantidades, forma farmacêutica e
posologia;
4. Dados do comprador;
5. Nome, data, assinatura do farmacêutico responsável.

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Além de ficar atento e saber como preencher receita e notificações de receita, a
farmácia também precisa contar com um bom software para fazer o controle dos
medicamentos no SNGPC.

3. FÁRMACOS QUE ATUAM NOS PROCESSOS ALÉRGICOS

3.1. Histamina

A histamina é um mensageiro químico gerado principalmente nos mastócitos.


Por meio de sistemas receptores múltiplos, ela medeia uma ampla quantidade de
respostas celulares, incluindo as reações alérgicas e inflamatórias, a secreção de
ácido gástrico e a neurotransmissão em algumas regiões do cérebro. A histamina
não possui aplicações clínicas, mas os fármacos que interferem na sua ação (anti-
histamínicos ou bloqueadores do receptor da histamina) têm importantes aplicações
terapêuticas.
Modulador de diversos processos:
✓ Alérgicos e inflamatórios;
✓ Proliferação celular;
✓ Angiogêneses;

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✓ Permeabilidade vascular

✓ Anafilaxia;
✓ Secreção gástrica

✓ Neurotransmissão – estado de vigília.


As ações da histamina são mediadas pela sua ligação a 4 subtipos de
receptores: todos são receptores acoplados a proteína G (H1, H2, H3 E H4).
Ações da histamina:
✓ Broncoconstrição – Receptor H1
✓ Vasodilatação: arteríolas e vênulas pós-capilares – Receptor H1 ( NO);
choque anafilático – hipotensão grave ↓perfusão sanguínea e hipóxia.
✓ Venoconstrição – Receptor H1 (Ca2+-calmodulina) - ↓ retorno venoso.

✓Contração e separação das células endoteliais – edema – Receptor H1. Ex.:


edema de glote.
✓Sensibilização terminação aferentes – Receptor H1. Dor e urticária.
✓Aumenta secreção gástr ica – Receptor H2

✓Pequeno aumento da F.C. e contração – Receptor H2


✓ Neurotransmissão (vigília) – Receptor H3.

✓ Papel proeminente na reação de hipersensibilidade mediada por IgE.


Diaminoxidase – enzima liberada na corrente sanguínea que metaboliza a
histamina, diminuindo a alergia/inflamação
A histamina é uma substância liberada durante reações inflamatórias ou alérgicas.
Os anti- histamínicos são usados para combater as reações alérgicas (ex: rinite alérgica),
urticária, picadas de inseto e hipersensibilidade aos fármacos.

A histamina não possui aplicações clínicas, mas os fármacos que interferem na


sua ação (anti-histamínicos ou bloqueadores do receptor da histamina) têm importantes
aplicações terapêuticas.

Onde encontramos a histamina?


Ela é encontrada em altas concentrações nos mastócitos e basófilos.
Presente em praticamente todos os tecidos, com quantidades significativas nos:
• Pulmões

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• na pele
• nos vasos sanguíneos
• no trato gastrintestinal.
• No cérebro (funcionando como neurotransmissor)
• como componente de venenos
• nas secreções de picadas de insetos.
SÍNTESE DA HISTAMINA
A histamina é sintetizada a partir do aminoácido L-histidina.
A enzima histidina descarboxilase catalisa a descarboxilação da histidina a 2-(4-
imidazolil)etilamina, comumente conhecida como histamina.
A síntese de histamina ocorre nos:
1. Mastócitos e basófilos do sistema imune,
2. Nas células enterocromafim-símiles (ECL) da mucosa gástrica
3. E em certos neurônios no sistema nervoso central (SNC) que utilizam a
histamina como neurotransmissor.
OBS: histidina-descarboxilase está presente nas células de todo o organismo,
inclusive nos neurônios, nas células parietais gástricas e nos mastócitos e basófilos.
LIBERAÇÃO DA HISTAMINA
A histamina é um dos mediadores químicos liberados nos tecidos em resposta aos
estímulos como:
• Destruição das células (como resultado de frio, de toxinas de organismos,
de traumas, de venenos de insetos e aranhas), alergias e anafilaxias (alergia grave).
AÇÃO DA HISTAMINA
Auxilia na inflamação através de:
• Liberação de óxido nítrico pelo endotélio vascular -> causando vasodilatação
dos pequenos vasos sanguíneos.
• Aumenta a secreção de citocinas pró-inflamatórias em vários tipos de células
e em tecidos locais.
• aumento da permeabilidade dos capilares.
A histamina liberada liga-se a vários tipos de receptores (H1, H2, H3 e H4)
gerando efeitos como:
1. receptores H1 age na:
O receptor H1 ativa a hidrólise do fosfatidilinositol mediada pela proteína G,
resultando em aumento do trifosfato de inositol (IP3) e diacilglicerol (DAG). O

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IP3 desencadeia a liberação de Ca2+ das reservas intracelulares, aumentando a
concentração citosólica de Ca 2+ e ativando as vias distais.
O DAG ativa a proteinocinase C, resultando em fosforilação de numerosas
proteínas- alvo citosólicas. Em alguns tecidos, como músculo liso brônquico, o
aumento do Ca 2+ citosólico provoca contração do músculo liso em decorrência
da fosforilação da cadeia leve de miosina mediada por Ca2+/calmodulina. Em
outros tecidos, particularmente nos esfíncteres arteriolares pré-capilares e vênulas
pós-capilares, o aumento do Ca2+ citosólico provoca relaxamento do músculo liso
ao induzir a síntese do óxido nítrico.
A estimulação dos receptores H1 também leva à ativação do NF-kB, um fator de
transcrição importante e ubíquo que promove a expressão de moléculas de adesão
e citosinas pró-inflamatórias.
Esses receptores medeiam reações inflamatórias e alérgicas. As respostas
teciduais específicas à estimulação dos receptores H1 incluem:1. Edema,2.
Broncoconstrição e 3. Sensibilização das terminações nervosas aferentes
primárias.Os receptores H1 também são expressos em neurônios histaminérgicos
présinápticos no núcleo túbero-mamilar do hipotálamo, onde atuam como auto-
receptores para inibir a liberação adicional de histamina. Esses neurônios podem
estar envolvidos no controle dos ritmos circadianos e no estado de vigília

 RECEPTORES H1 E H2 AGEM NO(a):


Sistema cardiovascular = reduz a pressão arterial sistêmica, o que reduz a
resistência periférica. Provoca cronotropismo positivo (mediado pelos receptores H2) e
inotropismo positivo (mediado pelos receptores H1 e H2).
Pele = a dilatação e o aumento na permeabilidade dos capilares resulta no
vazamento de proteínas e líquido para os tecidos. Na pele, isso resulta na clássica “tríplice
resposta”: edema, rubor devido à vasodilatação local e calor.
 RECEPTOR H2 AGE NO:
A principal função do receptor H2 consiste em mediar a secreção de ácido gástrico
no estômago.
Esse subtipo de receptor é expresso nas células parietais da mucosa gástrica, onde
a histamina atua de modo sinérgico com a gastrina e a acetilcolina, regulando a
secreção ácida.

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Os receptores H2 também são expressos nas células musculares cardíacas,
em algumas células imunológicas e em certos neurônios pré-sinápticos. Os
receptores H2 encontrados nas células parietais ativam uma cascata de AMP
cíclico dependente da proteína G, resultando em liberação aumentada de prótons,
mediada pela bomba de prótons, no líquido gástrico
Assim os processos patológicos da histamina são:
• rinite alérgica, dermatite atópica, conjuntivite, urticária, broncoconstrição,
asma e anafilaxia.
QUADRO 1 Principais efeitos fisiológicos da Histamina

Diaminoxidase – enzima liberada na corrente sanguínea que metaboliza a


histamina, diminuindo a alergia/inflamação.
A histamina é um mediador essencial das respostas imunes e inflamatórias. A
histamina desempenha papel proeminente na reaçã o de hipersensibilidade mediada por
IgE (reação alérgica.).
Numa reação alérgica localizada, um alérgeno (antígeno) penetra inicialmente
numa superfície epitelial (por exemplo, pele, mucosa nasal).
Com a ajuda das células T auxiliares (TH), o alérgeno estimula os linfócitos B a
produzirem anticorpos IgE, que são específicos contra este alérgeno.A seguir, a IgE liga-
se a receptores Fc sobre os mastócitos e os basófilos, em um processo conhecido como
sensibilização.Uma vez “sensibilizadas” com anticorpos IgE, essas células imunes são
capazes de detectar e de responder rapidamente a uma exposição subseqüente a um
mesmo alérgeno. Caso haja reexposição, o alérgeno liga-se e estabelece uma ligação
cruzada dos complexos IgE/receptor Fc, desencadeando a desgranulação da célula.

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3.2 ANTI-HISTAMÍNICO
Anti-histamínico é o nome de uma classe de medicamentos usados no alívio dos
sintomas das manifestações alérgicas, como na rinite, conjuntivite alérgica, gripe (com
muita coriza), urticária, reações de hipersensibilidade, enjôos e vômitos. Age bloqueando
os receptores "H" da histamina.
Existem três classes de antagonistas da histamina: os antagonistas dos receptores
H1 H2 e H3.
Os anti-histamínicos são denominados segundo o receptor para histamina com
o qual interagem. Agem como agonistas inversos, inativando os receptores. Mesmo
na ausência de histamina endógena, os agonistas inversos reduzem a atividade
constitutiva do receptor.

3.2.1. Tipos de anti-histamínicos


Existem duas classes principais de receptores de histamina: receptores H-1 e
receptores H-2. Drogas anti-histamínicas que se ligam aos receptores H-1 são geralmente
usadas para tratar alergias, como rinite alérgica, tosse seca alérgica e prurido.
Os anti-histamínicos H1 são divididos na primeira e segunda geração. Entre os
primeiros anti-histamínicos destacam-se a difenidramina, hidroxizina, clorfeniramina e
prometazina que possuem semelhança por atravessarem mais facilmente a barreira
hematoencefálica. Seus efeitos colaterais contam com sonolência, sedação e fadiga que
promovem a redução das funções cognitivas, de memória e no desempenho psicomotor.
Primeira geração: sedantes.
✓Altamente lipofílicos: conseguem atravessar a barreira hematoencefálica.

✓ H1 cerebrais – sedação.
✓Atuam em outros receptores (reações adversas) – agem antagonizando
receptores de serotonina (apetite) e de acetilcolina = ↓ produção de saliva, contenção
urinária e constipação.

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✓ Rapidamente absorvidos (interações medicamentosas) e metabolizados ( 3-
4 doses/dia – maiores r eações adversas ).
Os de segunda geração se ligam seletivamente aos receptores de histamina-1
periféricos, que levam a diferentes perfis terapêuticos e de efeitos colaterais. Os exemplos
mais conhecidos são loratadina, desloratadina e cetirizina.
Segunda geração: não sedantes.
✓ Menos lipofílicos, ligam -se a album ina (dificulta passagem pela barreira
hematoencefálica).
✓ Ionizados em pH fisiológico (dificuldade de atravessar membranas).

✓Baixo potencial sedativo.


✓Tem alta afinidade e seletividade pelo receptor H1 periférico.

✓ Efeito manifestado por 24 horas, podendo ser empregado uma vez ao dia.
Efeitos farmacológicos e usos clínicos:
Os anti-histamínicos H1 são mais úteis: rinite, conjuntivite, urticária e prurido,
mas não são úteis no controle da obstr ução nasal. Os anti-H1, são ineficazes com o
medicação única na asma, na anafilaxia ou angioedema grave com edema de laringe
(Adrenalina é o tratamento de escolha – é um antagonista fisiológico da histamina,
promove a broncodilatação, vasoconstricção, inverte o edema, além de impedir que os
mastócitos liberem mais histam ina) As propriedades anti-inflamatórias são atribuíveis
à supressão da via do NF-kβ (fator nuclear capa).
Efeitos adversos:
1. Anti-histamínicos de primeira geração
✓ Baixa especificidade em receptor es H1;

✓ Agem em receptores muscarínicos colinérgicos, alfadrenérgicos e


serotoninégicos.
✓ Sedação: ação em receptores do SNC
✓ Efeitos anticolinérgicos: r essecamento nasal, xerostomia, retenção urinária

✓ Estimulante de apetite: antagoniza serotonina no centro do apetit e (Ex.:


Ciproeptadina).
2. A nti-histamínicos de segunda geração:
✓ Mais comum é a cefaleia.

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✓Os mais antigos causam cardiotoxicidade: prolongam o intervalo QT em
pacientes com disfunção cardíaca preexistente (foram retirados do mer cado).
✓ Devido aos efeitos sedativos limitados, esses anti-H1 de segunda geração
são preferidos para uso prolongado.
✓A Loratadina, Desloratadina e Fexofenadina são os únicos aprovados para
uso por pilotos de aeronaves.
PRINCI PAIS ANTI –HISTAMÍNICOS
DEXCLORFENIRAMIN: Polaramine®, Histamin®, polaryn® Anti-
histamínico de 1ª geração. Efeito antialérgico e anti-inflamatório. Categoria B – pode ser
usado durante a gestação.
Indicação: Rinite alérgica, Urticária, Alergia medicamentosa
Reação: Causa sonolência
Também associado a betametasona: Asma grave, rinite, afecções alérgicas.
Formas medicamentosas: disponível solução oral: associado a
descongestionante (pseudoefedrina) nasal + guaifenesin (expectorante).
LORATADINA: Claritin®, Histadin®, Alergaliv® Anti-histamínico de 2ª
geração.
Efeito antialérgico e anti-inflamatório. Categoria B.
Indicação: Rinite alérgica, Urticária e outras alergias da pele.
Formas medicamentosas: Disponível xarope: associado a descongestionante
( pseudoefedrina) nasal (Claritin D® - associação não indicável para crianças, pois pode
causar taquicardia). Associado a corticoide – casos mais graves de alergia.
Metabolização hepática (interações) e excreção renal. Pode causar alterações
cardíacas (evitar em cardiopatas).
DESLORATADINA: Desalex®, Deslin®, Aviant® Anti-histamínico de 2ª
geração.
Efeito antialérgico e anti-inflamatório. Categoria C. É um metabolito ativo da
Loratadina
Indicação:Rinite alérgica, Urticária e outras alergias da pele.
Formas medicamentosas: Disponível comprimido: associado a
descongestionante (pseudoefedrina) nasal (Desalex D12® - não indicável para
crianças). Xarope, solução oral.

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Parece causar menos interações. Não demonstraram alterações cardíacas (mais
segura).
FEXOFENADINA: Allegra®, Fexoliv®, Altiva® Anti-histamínico de 2ª
geração.
Efeito antialérgico e anti-inflamatório. Cat egoria C.
Indicação: Rinite alérgica, Urticária
Formas medicamentosas: Disponível comprimido: associado a
descongestionante (pseudoefedrina) nasal (Allegra D® - cuidado em crianças e
cardiopatas). Também disponível em suspensão oral. Parece causar menos interações.
Janela terapêutica ampla (mais seguro). Segurança cardiovascular (indic ável para
cardiopatas ).
CETIRIZINA (Zyrtec®, Cetirtec®) e LEVOCETIRIZINA (Zyxem®) Anti-
histamínicos de 2ª geração. Ef eito antialérgico e anti-inflamatório. Categori a B.
Indicações: rinite e urticária.
Levocetirizina é o R-enantiômero ativo da cetirizina. Duas vezes mais
afinidade pelo receptor H1 que a cetirizina. É rápida e extensamente absorvida e
minimamente metabolizado.
Formas medicamentosas: Disponíveis em comprimido e solução oral.
POLARAMINE: Indicado para o tratamento de alergias, no tratamento da
rinite alérgica, urticária, coceira, vermelhidão, rinites alérgicas e picadas de inseto.
3.3. ANTIINFLAMATÓRIO NÃO ESTEROIDAIS (AINES)

A inflamação é a resposta de proteção normal do corpo a uma lesão. Ocorre


quando os nossos glóbulos brancos lutam para nos proteger de uma infecção, por exemplo
por bactérias ou vírus. Também pode ocorrer quando os nossos corpos sofrem lesões, por
exemplo, se tiver uma distensão durante a prática de esportes esta a área afetada pode,
tornar-se dolorosa, inchada e inflamada.

O processo inflamatório caracteriza-se como um mecanismo de defesa do


organismo, e esta defesa constitui na ação de destruir (fagocitar), diluir (plasma
extravasado) e isolar (malha de fibrina) o agente agressor, além de que inicia o processo
reparativo de cicatrização e regeneração deste tecido que foi lesionado.

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Os anti-inflamatórios não esteroides são uma classe de medicamentos prescritos
para controlar a dor, a febre e a inflamação. Também fazem parte dessa classe drogas
como o ácido acetilsalicílico, o ibuprofeno e o naproxeno.
Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) encontram-se entre os
medicamentos mais prescritos em todo o mundo. Essa classe heterogênea de fármacos
inclui a aspirina e vários outros agentes inibidores da ciclo-oxigenase (COX), seletivos
ou não.

Mecanismo de ação dos AINES: os antiinflamatórios não esteroidais atuam na


cicloxigenase impedindo que se forma a prostaglandina a partir do ácido aracdônico. Os
AINES podem ser seletivo para uma determinada Cox ou não seletivo, por exemplo, a
aspirina inibe a Cox1 e a Cox2, sendo mais específico para a Cox1. O Acetaminofeno
(paracetamol) tem mais afinidade a Cox3. Já o Diclofenaco é inespecífico, atuando tanto
na Cox1 como na Cox2, contudo não possui afinidade pela Cox3. Portanto, os anti-
inflamatório se diferem entre si de acordo com a sua especificidade e de acordo com a
sua meia vida. Os AINES possuem como ação primária inibir a Cox e então deve ter 3
efeitos:

• Antiinflamatório: modifica a reação inflamatória.


• Efeitos analgésicos: redução de certos tipos de dor.
• Efeitos antipiréticos: diminuição da resposta febril.
Os quadros inflamatórios surgem quando há um aumento da produção de uma
substância chamada prostaglandina. A prostaglandina é gerada através da ação de
uma enzima chamada ciclooxigenase (COX).

Os anti-inflamatórios agem inibindo a ação dessa enzima COX. Sem COX, há


menor produção de prostaglandinas e menos estímulo para ocorrer inflamações.
Como é a presença da prostaglandina que estimula o surgimento de inflamação, dor
e febre, a sua inibição pelos AINES acaba tendo efeito analgésico, antipirético e
anti-inflamatório.

O problema é que existem mais de um tipo de prostaglandina e de ciclooxigenase.


Nem toda prostaglandina causa inflamação ou febre e nem toda COX age sobre
todos os tipos de prostaglandinas. Como a ação dos anti-inflamatórios sobre a

2
3
produção de prostaglandinas não é seletiva, além de abortar a inflamação, podem
surgir também os efeitos colaterais.

Existem dezenas de anti-inflamatórios, alguns exemplos são:

DICLOFENACO.
FARMACODINAMICA: Inibe reversivelmente as enzimas ciclooxigenase 1 e 2
(COX-1 e 2), o que resulta na diminuição da formação de precursores de prostaglandinas;
tem propriedades antipiréticas, analgésicas e anti-inflamatórias. Outros mecanismos
propostos não totalmente elucidados (e possivelmente contribuindo para o efeito anti-
inflamatório em vários graus) incluem inibir a quimiotaxia, alterar a atividade dos
linfócitos, inibir a agregação/ativação de neutrófilos e diminuir os níveis de citocinas pró-
inflamatórias.
FARMACOCINÉTICA:
DISTRIBUIÇÃO: LIGAÇÃO A PROTEÍNAS PLASMÁTICAS
>99%, principalmente para albumina. Distribui-se no liquido sinovial.
METABOLISMO: O metabolismo do diclofenaco é hepático, com metabolização
de primeira passagem resultando em vários metabólitos.
ELIMINAÇÃO: A meia vida de eliminação é de aproximadamente 1,4 hora. Tem
eliminação de, aproximadamente, 65% renal e 35% pela bile.
IBUPROFENO.
FARMACODINÂMICA: Seu principal mecanismo de ação é a inibição da
atividade da enzima ciclo-oxigenase, que participa da síntese das prostaglandinas, de
maneira que reduz a síntese dessas últimas, o que promove o alívio sintomático da
inflamação, dores e febre.
FARMACOCINÉTICA: absorvido rapidamente no trato gastrointestinal. Essa
droga se liga de maneira extensiva às proteínas plasmáticas. Possui excreção renal e a
meia-vida da substância é de 2 horas.
Nimesulida.
a é um inibidor seletivo da enzima que sintetiza as prostaglandinas, a
ciclooxigenase. A nimesulida inibiu, in vitro e in vivo, preferencialmente a COX-2, que
aparece durante a inflamação, com atividade mínima contra a COX-1, que age como
proteção da mucosa gástrica.

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FARMACOCINÉTICA: Via(s) de administração: Oral, rectal, tópico.
Metabolismo: Hepático Ligação plasmática >97.5%. Excreção: Renal (50%), fecal
(29%).
Indometacina.
Cetoprofeno.
Ácido mefenâmico.
Piroxicam.
Celecoxibe.
Etoricoxibe.
AAS (ácido acetilsalicílico).
Mecanismo de ação: inibição irreversível da enzima ciclooxigenase, acetilando o
resíduo serina do sítio ativo da COX-1 e da COX-2. A acetilação da COX-1 destrói a
atividade de ciclooxigenase da enzima, impedindo a formação de prostaglandinas,
tromboxanos e prostaciclinas derivados da COX-1.
Após a administração oral, o ácido acetilsalicílico é rapidamente e completamente
absorvido no trato gastrointestinal, dependendo dos alimentos, álcool e pH gástrico.
Durante e após a absorção é hidrolisado por esterases na mucosa GI, glóbulos vermelhos,
líquido sinovial e sangue a salicilato, seu principal metabólito ativo.
A principal forma de excreção ocorre via renal pela urina.
EFEITOS COLATERAIS DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS

Os AINES são medicamentos seguros, se administradas com indicação médica. O


problema é que essa seja, talvez, a classe de fármacos mais utilizada como automedicação
pela população.

Existem inúmeros efeitos colaterais e interações com outros medicamentos que


devem ser considerados antes de tomar um anti-inflamatório.
Alguns dos efeitos adversos mais comuns dos anti-inflamatórios são:
Agravamento da hipertensão.
Inibição da ação dos diuréticos.
Agravamento da insuficiência cardíaca.
Agravamento da função renal.
Síndrome nefrótica.
Hepatite medicamentosa.

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Interação com Varfarina.
Reação alérgica.
Perda de audição nos idosos.
Aumento do risco de doenças cardiovasculares.
3.4. ANTIREUMÁTICOS E FÁRMACOS USADOS EM GOTAS

A artrite reumatoide (AR) é uma condição de inflamação crônica que afeta cerca de
1% da população, tornando-a uma das artrites inflamatórias mais comuns na prática
médica.[1] Ela afeta principalmente as pequenas articulações das mãos e dos pés e, se não
tratada agressivamente, pode ser a principal causa de incapacitação no trabalho, qualidade
de vida diminuída, necessidade de cirurgia de substituição da articulação e
mortalidade.[2] O diagnóstico clínico da AR é realizado com exames laboratoriais e
radiográficos que ajudam a confirmar o diagnóstico, fornecendo informações
prognósticas úteis.
As drogas antirreumáticas modificadoras de doença (DMARDs) são uma categoria
de fármacos, farmacologicamente não relacionados, que tem a característica comum de
induzir a remissão ou controle da artrite reumatoide e outras doenças imunomediadas.
Quando você tem artrite reumatoide, o sistema imunológico, que normalmente
combate infecções, passa a atacar os tecidos de suas articulações, tornando-os inflamados.
Essa inflamação deixa as articulações quentes, inchadas, rígidas e doloridas. As pequenas
articulações das suas mãos e pés geralmente são afetadas primeiro. Se a inflamação
permanecer sem tratamento, pode levar a danos nas articulações. Uma vez que a
articulação estiver danificad aoa, ela não pode ser reparada, de modo que o tratamento
precoce da artrite reumatoide é essencial.
A artrite reumatoide é uma doença imunológica qe provoca efeitos sistêmicos
significativos, reduz o tempo de sobrevida e diminui a mobilidade e a qualidade de vida.
O interesse vem sendo focado na descoberta de tratamento passíveis de deter- ou, pelo
menos, retardar – essa progressão ao modificar a própria doença.
Os principais DMARDs são:
Hidroxicloroquina
Sulfassalazina
Leflunomida
Metotrexato
Sais de ouro

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Penicilamina
Actarite
Mecanismo de ação: O abatacepte é um agente biológico, modulador de
coestimulação, que inibe a ativação das células T. Depois que ma célula T entra em
contato com uma célula apresentadora de antígeno, um segundo sinal é produzido pelo
CD28 na célula T, que interage com aticação de célul ou CD86 na APC, levando à
ativação de da célula T. O abatacepte liga-se ao CD80 e ao CD86, inibindo, assim, a
ligação ao CD2 e impedindo a ativação das células T.
Farmacocinetca: O abatacepte é administrado em três doses de “indução” na forma
de infusão intravenosa, seguidas de infusão mensamelnte. A dose baseia-se no peso
corporal; os pacientes com menos de 60kls reebem 500mg, os pacientes com 60 a 00 kg
recebem 750 mg, e aqueles com mais de 100 kg recebe 1000mg. A meia vida sérica
terminal é de 13, a 16 dias.

A gota é uma doença metabólica por episódios recorrentes de artrite aguda, devido
a depósitos de urato monossódico nas articulações e nas cartilagens. Além disso, podem
ocorrer cálculos renais de ácido úrico, tofos e nefrite intersticial. A gota costuma estar
associada a níveis séricos elevados de ácido úrico (hiperuricemia), uma substância pouco
solúvel, que é o principal produto final do metabolismo das purinas. Na maioria dos
mamíferos, a uricase converte o ácido úrico em alantoína mais solúvel; essa enzima eá
ausente nos seres humanos. Embora os episódios de gota clínica estejam associados à
hiperuricemia, a maioria dos indivíduos com hiperuricemia pode nunca desenvolver um
quadro clínico em decorrência da deposição de cristais de urato.

O tratamento da gota tem por objetivo aliviar os ataques agudos da doença e evitar
episódios recorrentes de gota e litíase de urato. O tratamento da gota aguda baseia-se no
conhecimento atual dos eventos fisiológicos que ocorrem nessa doença (FIGURA 1). Os
cristais de urato são inicialmente fagocitados por sinoviócitos, que então liberam
prostaglandinas, enzimas lisossômicas e IL-1. Atraídos por esses mediadores
quimiotáticos, os leucócitos polimorfonucleares migram para o espaço articular e
amplificam o processo inflamatório em curso. Nas fases mais avançadas da crise,
aparecem números aumentados de fagócitos (macrófagos), que ingerem os cristais de
urato e liberam mais mediadores da inflamação. Essa sequencia de eventos sugere que os

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agentes mais efetivos para o tratamento da inflamação aguda induzida por cristais de urato
consistem em fármacos que suprimem as diferentes fases da ativação dos leucócitos.

FIGURA 1 Eventos fisiopatológicos em uma articulação acometida pela gota. Os sinoviócitos fagocitam os cristais de
urato e, a segir, secretam mediadores da inflamação, que atraem e ativam os leucócitos polimorfonucleares (PMNs) e
os fagócitos mononucleares (FMNs) (macrófagos). Os fármacos ativos na gota inibem a fagocitose dos cristais e a
liberação de mediadores inflamatórios pelos leucócitos PMNs e macrófagos. PG, prostaglandinas; IL-1, interleucina-
1; LTB, leucotrieno B4.

4 FÁRMACOS QUE ATUAM SOBRE AS FUNÇÕES RENAL E


CARDIOVASCULAR

As doenças cardiovascula res podem resulta r de defeitos congênitos oudoenças e


hábitos adquiridos posteriormente. Fatores que predispõem a essas doenças:
hereditariedade, sexo, idade ,raça, hábito de fumar, obesidade , tensão, sedentarismo,
pressão sanguínea alta, níveis lipídicos e diabete .No tratamento das doenças coronárias,
os fármacos mais utilizados são os vasodilatadores e os betabloqueadores . Na
insuficiência cardíaca utilizam- se os cardiotônicos e os diuréticos. Em arritmias são
utilizados os antiarritimicos. Na hipertensão ar terial os anti-hiper tensivos.

4.1 DIURÉTICOS

Os diuréticos aumentam a taxa de excreção de Na+, Cl-ou HCO3. Eles também


diminuem a reabsorção tubular (processo quecompreende o transporte ativo de
eletrólitos). Empregados no alívio de edemas e como coadjuvantes no tratamento da
hipertensão arterial. Tradicionalmente a classificação dos diuréticos era baseada em seu
local de ação (Ex. diuréticos de alça), em sua eficácia (Ex. diuréticos de altolimiar),
estrutura química (Ex. diuréticos tiazídicos), semelhança com a ação de outros diuréticos
(Ex. diuréticos semelhantes aos tiazídicos), efeitos na excreção de K (Ex. diuréticos
poupadores de potássio), entre outros.

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É possível classificá-los com base em seus mecanismos de ação.
1. Inibidores da anidrase carbônica
2. Diuréticos Osmóticos
3. Inibidores do simporte de Na+K+2Cl-
4. Inibidores do simporte de Na+Cl-
5. Inibidores dos canais de Na+do epitélio renal
6. Antagonistas dos receptores mineralocorticoides.
1 Inibidores da anidrase carbônica: o mais empregado é a cetazolamida. As
células epiteliais do túbulo proximal possuem uma metaloenzima de zinco (anidrase
carbônica), encontrada nas membranas e no

Sítio de ação: Túbulo Contorcido proximal.


Mecanismo de ação: inibe a anidrase carbônica renal, diminuindo a reabsorção
de bicarbonato de sódio.
2. Diuréticos Osmóticos: glicerina, isossorbitol, manitol e ureia. São agentes
livremente filtrados no glomérulo, que sofrem reabsorção limitada pelo túbulo renal e são
relativamente inertes do ponto de vista farmacológico. Esses são administrados,
normalmente via intravenosa ou oral . No interior do néfron, o principal efeito é exercido
sobre as partes que são livremente permeáveis à água: o túbulo proximal, o ramo
descendente da alça de Henle e no ducto coletor. A reabsorção passiva de água encontra-
se reduzida devido à presença do soluto não-reabsorvível no interior do túbulo,exercendo
um efeito secundário de reduzir a reabsorção de Na+. Por conseguinte , os principais
efeitos dos diuréticos osmóticos consistem em aumentar a quantidade de água excretada,
com aumento relativamente menor de Na+.
Sítio de ação: Túbulo proximal alça de Henle e túbulo coletor.
Mecanismo de ação: Exerce efeito osmótico, dminuindo a reabsorção de sódio e
água (túbulo proximal); aumenta o fluxo sanguineo medular para diminuir a
hipertonicidade e reduzir a reabsroção de sódio e água (alça de Henle); diminui a
reabsorção de sódio e água devido a reduzida hipertonicidade medular e elevado fluxo

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urinário (túblo coletor).
Usos: Profilaxia da insuficiência renal aguda por cirurgias ou hemorragia severa.
3. Inibidores do simporte de Na+K+2Cl-

Os inibidores do simpor te de Na+K+2Cl-formam um grupo de diurético capazes


debloquear simporte de Na+K+2Cl-na alça de Henle, sendo também denominados de
diuréticos de alça. Ex: furosemida, bumetanida, azosem ida, piretanida, tripamida,
muzolimina, ácido etacrínico, torsemida. Bloqueia o simporte de Na+K+2Cl-no ramo
ascendente espesso da alça de Henle eassim inibe a reabsorção de NaCI. São diuréticos
de alta potência porque causam um aumento significativo na excreção de água e de cloreto
de sódio.
A insuficiência cardíaca congestiva (IC ou ICC) é uma das causas mais comuns de morte.
Este é uma síndrome clínica complexa decorrente dadisfunção ventricular (aguda ou
crônica) sistólica ou diastólica. Nestecaso o coração é incapaz de suprir a demanda das
necessidades metabólicas do organismo.O termo “congestiva” descreve a situação na qual
ocorre co ngestão dacirculação sistêmica e pulmonar com sobrecarga de líquidos,
resultando em edema periférico e pulmonar.

4.2 CARDIOTÔNICOS
Cardiotônicos são fármacos que aumentam a força contrátil do coração e exercem ações
importantes na excitabilidade, automaticidade, velocidade de condução e períodos
refratários do coração. São indicados principalmente na insuficiência cardíaca congestiva.
Glicosídeos cardiotônicos: Os glicosídeos possuem origens variadas (animal,
vegetal,sintética) e possuem a propriedade de aumentar a contratilidade das fibras
musculares cardíacas.
Planta Digitalis ou dedaleira –dá origem a digoxina e digitoxina. Os efeitos benéficos da
ação dos cardiotônicos consistem na sua capacidade de promover efeito inotrópico
positivo bem como diminuir a atividade simpática.
Efeitos adversos: uso prolongado ou superdosagem pode levar a intoxicação cujos
primeiros sintomas são anorexia, salivação, vômito e diarreia.
Cardiotônicos mais utilizados são:
•Digoxina
•Digitoxina
•Acetildigoxina

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•Celanida
•ouaabaína
Mecanismo de ação: Inibem a enzima Na+K+-ATPase presente na membrana do
miócito do coração.
Essa inibição causa o aumento de Na +intracelular e assim diminui o gradiente de Na +.

Isso leva a diminuição o trocador Na+/Ca+2 que utiliza o gradiented o Na para


movimentar o Ca+2 para fora da célula. O Ca+2 acumula no citoplasma. Esse acumulo
de Ca+2 nos estoques intracelulares resulta em maior quantidade liberada a cada potencial
de ação cardíaco e assim maior força de contração.

4.3 ANTIARRÍTMICOS
O funcionamento do coração é determinado pela sequencia ordenada de potenciais de
ação pelos tecidos cardíacos, desde o nodo sinoatrial até o músculo ventricular. Arritmias
correspondem a anormalidades na geração ou propagação do impulso cardíaco, bem
como na duração ou configuração de cada potencial de ação.
Os fármacos antiarrítmicos são divididos em 4 grupos:
Classe 1: Fármacos que atuam na fase 0, bloqueando a entrada de Na⁺
Classe 2: Fármacos bloqueadores dos receptores B-adrenérgico
Classe 3: Fármacos que atuam na fase 3, bloqueando os canais de K⁺
Classe 4: Fármacos que atuam na fase 2, bloqueando os canais de Ca²⁺.

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1
4.4 ANTI-HIPERTENSIVOS

Os anti-hiper tensivos constituem classe heterogênea de fármacosutilizados, dentre


outras indicações, no tratamento da hiper tensãoar terial.Os agentes anti-hipertensivos
incluem estruturas químicasamplamente variadas e assim, são melhor classificados em
funçãodo seu mecanismo de ação.
Diuréticos: Diuréticos tiazídicos (benzotiazida, clortalidona, diidrocorotiazida,
hidroclorotiazida, meticlotiazida, indapamida), Diuréticos de “alto teto”(ácido etacrínico,
bumetamida, furosemida, xipamida), Diuréticos poupadores de potássio (espironolactona
, amilorida, triantereno).
Simpatolíticos:
Drogas de ação central: Metildopa, clonidina, guanabeno, guanadrel, reserpina,
Antagonista de receptor β- adrenérgico: propanolol, esmolol, atenolol,
Antagonistas de receptor α1-adrenérgico: prazosina, terazosina e adoxazosina.
Bloqueadores de canais de Ca 2+: Os bloqueadores de canais de cálcio reduzem a
pressã o arterial ao relaxar omúsculo liso arteriolar e reduzir a resistência vascular
periférica. São substâncias que inibem o influxo de cálcio (Ca++) nas células miocárdicas
eleito vascular arterial, levando a vasodilatação, e consequente diminuição dapressão
arterial (efeito inotrópico negativo).
São divididos em classes:
Fenilalquilaminas: verapamil
Benzotiazepínicos: diltiazem

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Diidropiridínicos: nifedipina, nicardipina, isradipina, amlodipina, felodipina, lacidipina,
nisoldipina e nimodipina)
Diarilaminopropilamínico (bepridil)

4.5 VASODILATADORES DIRETOS


Minoxidil, Hidralazina, Nitroprussiato e Diazóxido
Hidralazina: um dos primeiros anti-hipertensivos orais ativos comercializado. Provoca
o relaxamento direto do músculo liso arteriolar. Em geral, a hidralazina não é utilizada
como fármaco isolado no tratamento prolongado da hipertensão.
Minoxidil: inativo. É metabolizado pela sulfotransferase hepática formando ometabólito
ativo (sulfato de minoxidil). Este relaxa a musculatura lisa vascular (abrecanais de
potássio no m. liso). Este é utilizado mais para casos de hipertensão grave que não
responde a outras medicações. Não deve ser utilizado com omonoterapia.
Diazóxido: utilizado para emergencias hipertensivas. Este ativa canais de K sensíveis a
ATP e assim hiperpolariza as células do m. liso arterial levando ao relaxamento da
musculatura lisa arteriolar.
Nitroprussiato de sódio: nitrovasodilatador. É metabolizado pelos vasos sanguíneos em
seu metabólito ativo o óxido nítrico.

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3
NO ativa adenilatociclase levando a formação de GMP cíclico e vasodilatação.
Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA): Captopril , cilazipril,
enalapril, lisinopril, quinapril, ramipril, fosinopril, trandolapril e perindropil.
Antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II (AT II): Losartan,
irbesartan , condesartan, valsartan e telmisartan
ANTAGONISTAS DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA
Atuam inibindo a enzima conversora de angiotensina que promove a conversãoda
Angiotensina I em II (potente vasoconstrictor) e degrada as cininas
(substânciavasodilatadora). Consequentemente inibe também a produção de aldosterona
(liberação estimulada por Ang II). Assim esses antagonistas promovem vasodilatação por
diminuírem Ang II, por causarem o acumulo de cinina e promoverem natriurese devido a
diminuição da aldosterona.
Captopril: primeiro agente desenvolvido para o tratamento da hipertensão.
Outros agentes disponíveis: cilazipril, enalapril, lisinopril, quinapril,
ramipril,fosinopril, trandolapril e perindropil.
Inibidores de ECA
Agem fundamentalmente pela inibição da ECA, bloqueando a transformação da
angiotensinaIem II no sangue e nos tecidos, embora outros fato respossam estar
envolvidos neste mecanismo de ação.

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ANTAGONISTAS DE RECEPTORES AT1 DA ANGIOTENSINA II (AT
II)
Antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio específico de seus
receptores AT 1. São eficazes no tratamento da hipertensão. Estudos recentes comprovam
seu efeito benéfico em insuficiência cardíaca congestiva.
Os bloqueadores de receptor At1 (receptor de Ang II-age levando a
vasoconstrição, libera aldosterona, reabsorção de sódio pelos túbulos proximais). Classe
nova de anti-hipertensivos: losartan, irbesartan, condesartan,valsartan e telmisartan. A
tosse, que constitui um dos efeitos adversos dos inibidores de ECA,não tem sido associada
aos bloqueadores de receptor AT 1. Os efeitos adversos podem ser considerados no
contexto dos inibidoresde ECA. Esses efeitos consistem em hipotensão, hiper potassemia.

5 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA RESPIRATÓRIO

5.1 TRATAMENTO DA ASMA

ASMA BRÔNQUICA: A asma é uma doença pulmonar obstrutiva e


inflamatória. O componente obstrutivo caracteriza-se por broncoconstrição, enquanto o
componente inflamatório, por edema das vias respiratórias, hiperplasia das células
caliciformes, secreção de muco e infiltração por células imunes e inflamatórias que
liberam citocinas.
- Doença crônica mais comum em crianças de países desenvolvidos, também
comum em adultos;
- Doença inflamatória na qual é obstrução recorrente e irreversível das vias aéreas
em resposta a estímulos irritantes;
- A obstrução causa sibilos e merece tratamento medicamentoso;
- A reversibilidade da resposta vias aéreas na asma contrasta com a DPOC, em
que a obstrução não é reversível, incompletamente reversível por broncodilatadores.
Características da Asma: - Pacientes apresentam crises intermitentes de sibilos,
falta de ar – dificuldade na expiração e tosse. As crises agudas são reversíveis, mas o
distúrbio patológico subjacente pode progredir em pacientes mais idosos, até um estado
crônico que se assemelha superficialmente à DPOC. A asma grave aguda (também
conhecida como estado de mal asmático) não é facilmente revertida e causa hipoxemia.
É necessária a hospitalização, pois a condição, que pode ser fatal, exige tratamento pronto

3
5
e enérgico. A asma se caracteriza por:
a) inflamação das vias aéreas;
b) hiper-reatividade brônquica;
c) obstrução reversível das vias aéreas.
Os medicamentos utilizados no tratamento da asma atuam de duas maneiras →
relaxamento do m. liso brônquico ou prevenção e tratamento da inflamação.
Patogênese da Asma: A asma consiste em duas fases principais: uma imediata
e uma tardia.
1) Fase Imediata: É causada por espasmo da musculatura lisa brônquica; A
interação do alérgeno com a IgE fixada em mastócitos causa liberação de histamina,
leucotrieno B4 e prostaglandina (PG) D2; - Várias quimiotaxinas e quimiocinas atraem
leucócitos (eosinófilos e células mono nucleares) preparando para a fase tardia;
2) Fase Tardia: Pode ser noturna; Reação inflamatória progressiva cujo início
ocorreu durante a 1ª fase, sendo de particular importância o influxo de linfócitos Th2 ; As
células inflamatórias incluem eosinófilos ativados. Estes liberam cisteinil -leucotrienos;
interleucinas IL-3, IL-5 e IL-8; e as proteínas tóxicas, proteína catiônica de eosinófilos ,
proteína básica maior e neurotoxina derivada de eosinófilos . Estas desempenham uma
parte importante nos eventos da fase tardia, sendo que as proteínas tóxicas causam lesão
e perda de epitélio.
FÁRMACOS USADOS EM PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA ASMA:
1) Broncodilatadores : Revertem o broncoespasmo da fase imediata;
Doença leve pode ser controlada por broncodilatador de ação curta;
Doença persistente sem controle acrescenta- se broncodilatador de ação
prolongada (salmetrol ), minimizando a necessidade de aumento das doses de corticoides
inalatórios;
Os principais fármacos usados como broncodilatadores são agonistas B2-
adrenérgicos, outros incluem teofilina, antagonistas dos receptores de cisteinil -
leucotrienos e antagoni stas muscarínicos;
a) Agonistas de Receptores B-adrenérgicos: - Dilata os brônquios por ação
direta sobre os receptores B2-adrenérgicos da musculatura lisa; - Antagonistas
fisiológicos dos broncoconstritores, relaxam o músculo brônquico; Inibem a liberação de
mediadores de mastócitos e a liberação de TNF-al fa de monócitos, além de aumentarem
a remoção do muco por ação so bre os cílios; Os agonistas B2-adrenérgicos são
administrados por inalação de aerossol, pó ou solução nebulizada, mas podem ser por via

3
6
oral ou parenteral; - Há duas categorias de agonistas B2-adrenérgicos: curta e prolongada.

Ação curta (SABA): salbut e terbutalina. Administrados por inalação; efeito
máximo em 30 minutos e a duração é de 3-5horas; prevençã o ou tratamento de sibilos
em pacientes com doenças obstrutivas reversíveis das vias aéreas; -
Ação prolongada (LABA): sameterol e fermoterol. Administrados por inalação;
duração de 8 a 12 horas; prevenção de broncoespasmos ;
Efeitos Adversos: Tremor, taquicardia e arritmia cardíaca;
1) METILXANTIN AS (Teofilina): -
Mecanismo de ação: Com a inibição das isoenzimas fosfodiesterase (PDE), há
um efeito relaxante sobre a musculatura lisa, com aumento do AMPc ou do GMPc. As
concentrações necessárias para inibir as enzimas isoladas excedem a faixa terapêutica das
concentrações plasmáticas. O antagonismo competitivo da adenosina nos receptores A1
e A2 da adenosina pode contribuir, mas o inibidor da PDE emprofili na, um potente
broncodilatador, não é um antagonista da adenosina. A PDE tipo IV está implicada em
células inflamatórias, e as metilxantinas podem ter certo efeito anti-inflamatório. (O
roflumilaste, um inibidor da PDE tipo IV, é mencionado adiante no contexto de DPOC.)
A teofilina ativa a histona desacetilase (HDAC) e pode, portanto, reverter a resistência
aos efeitos anti-inflamatórios dos corticosteroides. As metilxantinas são estimulantes do
SNC e a estimulação respiratória pode ser benéfica em pacientes com DPOC e respiração
reduzida, causando retenção de CO2.
- Efeitos Adversos: Quando a teofilina é empregada na asma, seus outros efeitos
(sobre o SNC, cardiovasculares, gastrointestinais e diuréticos) resultam em efeitos
colaterais indesejáveis (p. ex., insôni a, nervosismo). O efeito cardiovascular mais sério
são arritmias (principal mente durante a administração intravenosa de aminofilina), que
podem ser fatais. Podem ocorrer crises convulsi vas com concentrações de teofilina no
limite superior da faixa terapêutica ou pouco acima dele, e podem ser fatais em pacientes
com comprometimento da respiração por asma grave. A monitoração da concentração de
teofilina é útil para a otimização da dose.
- Aspectos Farmacocinéticos: administrada via oral em preparo de liberação
prolongada; é metabolizada pelas enzi mas P450 no fígado; a meia vida é cerca de 8 horas
em adultos, ela aumenta a hepatopatia, insuficiência cardíaca e infecçõe s virais.
- Interações medicamentosas indesejáveis são clinicamente importantes: sua
concentração plasmática diminui com fármacos que induzem as enzimas P450 (incluindo

3
7
rifampicina, fenitoína e carbamazepina). A concentração aumenta por fármacos que
inibem as enzimas P450, como eritromicina, claritromicina, ciprofloxacino, diltiazem e
fluconazol.
b) Antagonistas de Receptores Muscarínicos: - Principal composto usado
como broncodilatador: ipratrópio.
1) IPRATRÓPIO (SAMA): - Uso clínico: asma → coadjuvante dos antagonistas
B2-adrenérgcios e esteroides; DPOC → fármaco de ação longa; broncoespasmo; -
Derivado da atropina; - Seu bloqueio de autorreceptores M2 nos nervos colinérgicos
aumenta a liberação de acetilcolina e reduz a eficácia de seu antagonismo nos receptores
M3 na musculatura lisa; Não é eficiente contra estímulos por alérgen os, mas inibe o
aumento da secreção de muco que ocorre na asma e pode aumentar a depuraçã o
mucociliar das secreções brônqui cas; Não tem efeito sobre a fase inflamatória tardia da
asma; - Administrado em aerossol por inalaç ão; - Não é bem absorvido na circulação; O
efeito máximo ocorre depois de 30 minutos após a inalação e persiste por 3 a 5 horas;
Tem poucos efeitos colaterais , é seguro e bem tolerado; Pode ser usado com agonistas-
b2- adrenérgicos.
2) TIOTRÓPIO (LAMA): Ação prolongada usado no tratamento de
manutenção da DPOC;
c) Antagonistas dos receptores de Cisteinil -Leucotrienos: Atuam nos
receptores CysLT1 e CysLT2, express os na mucosa respiratória e nas células
inflamatórias infiltrativas; - Fármacos da classe “lucaste” antagonizam somente o
receptor CysLT1; Os lucastes (monrelucaste e zafirlucaste) reduzem reações agudas à
aspirina em pacientes sensíveis, mas não são eficazes para a asma sensível à aspirina;
Inibem a asma induzida pelo exercício e diminuem respostas precoces e tardias a alérgeno
inalatório; Relaxam as vias aéreas na asma leve, mas são menos eficazes que o salbut; -
Reduzem eosinofilia do escarro; - São administrados via oral em combinação com
corticosteroide inalatório e não s ão bem tolerados; -
Os efeitos adversos comuns são cefaleia e distúrbios gastrointestinais;
d) Antagonis tas dos receptores H1 da histamina: - Eficazes na asma atópica
leve, especialment e quando esta é precipitada por liberação aguda de histamina em
pacientes com alergia concomitante, como febre do feno intensa;
2) Agentes Anti-In flamatórios:
a) Glicocorticoides: - Principal tratamento para os pacientes com asma; -
Impedem a progressão da asma crônica e são eficazes na asma grave aguda;

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Mecanismo de ação: Os glicocorticoides restringem a proliferação clonal das
células Th através da redução da transcrição do gene da IL-2 e diminuem a formação das
cito cinas (Th2), que recrutam e ativam eosinófilos e são responsáveis por promover a
produção e expressão de receptores IgE. Eles também inibem a geração dos vasodi
latadores PGE2 e PGI2 por inibirem a indução de COX-2. Os corticosteroides inibem
o influxo , induzido por alérgenos, de eosinófilos para o pulmão. Os glicocorticoides
suprarregulam os receptores B2-adrenérgicos, dimi nuem a permeabilidade
microvascular e reduzem indiretamente a liberação de mediadores dos eosinófil os,
inibindo a produção de citocinas que ativam os eosi nófilos; A redução da síntese IL-3
explica por que o tratamento a longo prazo com esteroides reduz o número de mastócitos
na mucosa respiratória e suprime a resposta da fase inicial a alérgenos ao exercício; Os
glicocorticoides são algumas vezes ineficazes, devido ao número de receptores, mas,
outros mecanismos estão inclusos, como a redução da atividade da histona desacetilase
(HDAC) nos tabagistas.
Medicamentos: beclometasona, budesonida , fluticasona, mometasoa e
ciclesonida; - São administrados por inalação por meio de um inalador com válvula
medidora da dose ou inalador de pó seco, sendo atingido o efeito pleno sobre a hiper-
responsividade brônquica somete depoi s de semanas ou meses de terapia; os
glicocorticoides orais são destinados para pacientes com do enças mais graves.
b) Tratamento com anti-IgE: - Inativação ou remoção dos anticorpos anti - IgE
da circulação pode atenuar a resposta aguda a um alérgeno inalado. - O Omalizumabe é
um anticorpo monoclonal murinho humanizado, que se liga ao domínio de ligação de alta
afinidade do receptor IgE na IgE humana. Ele diminui a quantidade de IgE circul ante e
impede a remoção da IgE remanescente, ele afeta as respostas asmáticas tanto na fase
inicial quanto na fase tardia, além da redução esperada com a simples remoção da IgE
circulante. - Em resposta a níveis circulantes mais baixos de IgE, ocorre infrarregulação
do receptor em mastócitos, basófilos e células dendríticas. - Essa infrarregulação dos
receptores diminui a estimulação dos linfócitos TH2 e a resposta asmática de fase tardia.
Isso dimi nui as exacerbações da asma em pacientes tratados com omalizumabe. - Ele
precisa ser adminis trado por via subcutânea, a cada 2 a 4 semanas.
5.2 TRATAMENTO DE RENITE ALÉRGICA
Inflamação da mucosa de revestimento nasal, caracterizada pela presença de um
ou mais sintomas: obstrução nasal, rinorreia, espirros, prurido e hiposmia. A
fisiopatologia da rinite envolve a reação de hipersensibilidade tipo 1 mediada por IgE e

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mastócitos. A resposta imediata resulta em histamina → rinorreia, prurido e espirro, já a
resposta tardia envolve citocinas e leucotrienos.
Os receptores da histamina são:
• H1 – células endoteliais e musculares lisas (inflamação e alergias) ;
• H2 – células parietais da mucosa gástrica;
• H3 – neurônios histaminérgicos pré-sinapticos no SNC e células ECL no
estomago;
• H4 – mastócitos, eosinófilos e basófilos.
Anti-Histamínicos:
Mecanismo de Ação → são agonistas inversos, mais do que antagonistas dos
receptores H1. Favorecem o estado inativo do receptor H1.
Anti-Histamínicos H1 (primeira geração):
Medicamentos: difenidramina, hidr oxizina, clorfeniramina, prometaxina; - São
utilizados com maior frequência; São neutros em pH fisiológico e atravessam a barreira
hematoencefálica, onde bloqueiama a ação dos neurônios histaminérgicos no SNC;
• Corticoesteroides: - Medicamentos: beclometasona, budesonida, fluticasona,
ciclesonida, mometasona, triancinolona; São medicamentos eficazes para o tratamento da
rinite alérgica; - Melhoram os sintomas e absorção sistêmica é mínima. Os efeitos
adversos são localizados. Para pacientes com rinite crônica, a melhor a pode não ser
percebida antes de 1 a 2 semanas após o tratamento;
• Anti-Histamínicos H1 (segunda geração): - Loratadina, cetirizina, fexofenadina,
levocetirizina, desloratadina. São ionizados em pH fisiol ógico e não atravess am com
precisão a barreira hematoencefálica; - Os efeitos adversos são diferentes, tendem a
causar depress ão no SNC – sonolência e boca seca; Os anti-histamínicos H1 são de
grande utilidade no tratamento dos dis túrbios alérgicos para aliviar sintomas de rinite,
conjuntivite, urticária e prurido. Eles bloqueiam fortemente o aumento da permeabilidade
capilar necessário para a formação de edema, portanto são mais efetivos quando usados
de modo profilático do que após a ocorrência de uma reação alérgica. Tanto de primeira
geração, quanto de segunda, são eficazes no tratamento de urticária crônica e rinite
alérgica. Os de segunda geração são preferíveis para uso clínico prolongado. Enquanto
isso, a maioria dos anti-histamínicos H1 administrados via oral não produz alívi o
significativo dos sintomas e congestão nasal. Os anti-histamínicos são usados para
diminuir a permeabilidade, ou seja, edema, espirros, rinorreia e prurido. São ineficazes
sozinhos para anafilaxia ou edema de glote e asma. Para cinetose, náusea e vômito, é

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usado Dimenidrinato, difenidramina e prometazina. Para efeito de ansiol ítico fraco,
insônia ou hipnóticos são usados o Dimenidrinato, difenidramina, hidroxizina e
prometazina.
Os efeitos colaterais são: sedação, diminuição de neurotransmis são e rendimento
cognitivo; visão turva, xerostomia, constipação e retenção urinária.
• Anti-Histamínico H1 intranasal: - Medicamento: Azelastina; - Inibe a
liberação de histamina, leucotrienos e serotonina; - Eficaz para rinorreia, congestão e
prurido; - Tem duração de 12 horas, podem causar s edação e tonturas;
• Vasoconstritores (neosoro): - Medicamentos: oximetazolina, nafazolina,
fenilefrina; - Eles promovem a vas oconstrição diminui ndo a permeabilidade celular e o
extravasamento plasmático; - Melhora a passagem do ar; - O uso prolongado pode causar
necrose tecidual, devido à baixa oxigenação;
• Estabilizadores de Mastócitos: - Medicamentos: cromoglicato, nedocromila;
- Impedem a liberação de histamina dos mastócitos; - Inibem a liberação de citocinas dos
linf ócitos e suprime a ativação de outros leucócitos. É administrado via nasal e é
excretado pelos rins e bile. Efeitos adversos: sibilos, cefaleia e náuseas.

5.3 TRATAMENTO DA TOSSE


A tosse é um mecanismo de defesa importante do sistema respiratório contra
irritantes e é uma causa comum para procura de cuidados médicos. A tosse tem diversas
etiologias: resf riado, sinusite ou doença respiratória crônica.
Tratamento - Antitússicos : Sempre que possível, tratar a causa subjacente e não
a tosse
●Antitussígenos: Diminuem ou inibem a tosse seca somente em casos de tosse
não produtiva e decurta duração;Fármacos: Clobutinol - antitussígeno de ação seletiva no
centro da tosse; dropropizina e levodropropizina;difenidramina/prometazina (anti-
histamínico); dextrometorfano (isomero da codeína sem propriedadesanalgésicas que age
elevando o limiar da tosse); codeína (supressor moderado).
Mecanismo de Ação : Atua bloqueando o reflexo da tosse, no centro da tosse,
podendo suprimir tosses detodas as etiologias.
Efeitos Adversos : Pode causar hipotensão e arritmias
●Expectorantes: Indicado para o tratamento da tosse produtiva e agem
localmente, na secreção∟ Mucolíticos: Diminuem a viscosidade das secreçõesFármacos:
Acebrofilina (brondilat) - broncodilatador, mucolítico e expectorante; Ambroxol

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(anabron,mucosolvan) - inibe a liberação de citocinas.
Mecanismo de Ação: Facilitam a excreção da secreção brônquica que se
apresenta espessa e purulenta,reduzindo a viscosidade do muco ou ainda, promove o
aumento do conteúdo líquido, aumentando a fluidezda secreçãO.
Fluidificantes:
Fármacos: Iodeto de potássio - quase não há provas da sua eficácia clínica;
Guaifenesina (xarope vick).
Mecanismo de Ação : Aumenta o fluxo das secreções.
Efeitos Adversos : Contém açúcar - cuidado com diabéticos

6 FÁRMACOS QUE ATUAM NO APARELHO DIGESTIVO


6.1Fármacos que controlam a acidez gástrica e tratamento da úlceras
pépticas
A secreção gástrica pelas células parietais da mucosa gástrica é estimulada
pela ACh, histamina e gastrina. As ligações da ACh, histamina ou gastrina com seus
receptores estimulam a bomba de prótons H+/K+ ATPase a secretar íons hidrogênio
em troca de K+ para o lúmen do estômago. Em contraste, a ligação de
prostaglandina E2 e somatostatina aos seus receptores diminui a produção de ácido
gástrico.
Os fármacos são bloqueadores de receptores H2 da Histamina:
Cimetidina
Famotidina
Nizatidina
Ranitidina
Eles inibem de modo a secreção gástrica ácida noturna, a estimulada por
alimento e a basal após uma única dose. A cimetidina é o protótipo dos antagonistas
do receptor H2. Todavia sua utilidade é limitada pelos seus efeitos adversos e
interações medicamentosas.
- Ações: Os antagonistas do receptor H2 da histamina atuam seletivamente nos
receptores H2 do estômago, dos vasos sanguíneos e de outros locais, mas não têm
efeito nos receptores H1. Eles são antagonistas competitivos da histamina e são
completamente reversíveis. Ainda que os antagonistas do receptor H2 bloqueiem as
ações da histamina em todos os receptores H2, o seu uso clínico principal é inibir a
secreção ácida gástrica, sendo particularmente eficazes contra a secreção ácida

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noturna. Bloqueando competitivamente a ligação da histamina aos receptores H2,
esses fármacos reduzem as c oncentrações intracelulares de AMPc e, assim, a secreção
do ácido gástrico.
- Usos terapêuticos: O uso desses fármacos diminuiu com o advento dos
IBPs.
Úlceras pépticas: Os quatro fármacos são igualmente eficazes em promover
a cicatrização das úlceras gástricas e duodenais. Contudo, é comum haver recorrência
depois da interrupção do tratamento com antagonistas H2 . Os pacientes com úlceras
induzidas por AINES devem ser tratados com IBP, pois esses fármacos curam e
previnem úlceras futuras melhor do que o s antagonistas H2.
Úlceras de estresse agudo: Os anti-histamínicos H2 são administrados
normalmente por infusão IV para prevenir e lidar com úlceras de estresse agudo
associadas c om pacientes de alto risco nas unidades de tratamento intensivo.
Entretanto, como pode ocorrer tolerância com estes fármacos, o uso dos IBP também
vem av ançando nesta indicação.
Doença do refluxo gastresofágico: Doses baixas de antagonistas H2, parecem
eficazes na prevenção e no tratamento da queimação (refluxo gastresofágico) somente
em cerca de 5 0% dos pacientes. Os antagonistas de receptor H2 atuam bloqueando
a secreção, por isso eles podem demorar até 45 minutos para aliviar os sintomas.
Os antiácidos neutralizam de forma mais rápida e eficiente o ácido secretado presente
no estômago, mas sua ação é só temporária. Por todas estas razões, atualmente, os
IBP são preferidos no tratamento deste distúrbio.
- Farmacocinética
Cimetidina
A cimetidina e os outros antagonistas H2 são administrados por via oral e
distribuídos amplamente pelo organismo (incluindo o leite e a placenta) e são
excretados principalmente na urina. A cimetidina normalmente tem breve meia-vida
sérica, que aumenta na insuficiência renal. Aproximadamente 30% da dose de
cimetidina é lentamente inativada pelo sistema oxigenase de função mista
microssomal hepático e pode interferir na biotransformação de inúmeros outros
fármacos. Os 70% restantes são excretados inalterados na urina. A dosagem de
todos esses fármacos deve ser diminuída em pacientes com insuficiência hepática ou
renal. A cimetidina inibe o CIP450 e pode diminuir a biotransformação e potencializar
a ação de vários fármacos (p. ex., varfarina, diazepam, fenitoína, quinidina,

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carbamazepina, teofilina e imipramina), algumas vezes resultando em graves efeitos
adversos.
Ranitidina
Comparado com a cimetidina, a ranitidina tem ação mais longa e é entre
5 e 1 O vezes mais potente. A ranitidina tem efeitos adversos mínimos e não produz
os efeitos antiandrogênicos ou estimulante de prolactina da cimetidina. Diferente da
cimetidina, a ranitidina inibe o sistema oxigenase de função mista no fígado e,
assim, não afeta a concentração de outros fármacos. Famotidina A famotidina é similar
à ranitidina na sua ação farmacológica, mas é entre 20 e 50 vezes mais potente do que
a cimetidina e 3 a 20 vezes mais potente do que a ranitidina.
Nizatidina
A nizatidina é similar à ranitidina na sua ação farmacológica e potência.
Em contraste com a cimetidina, ranitidina e famotid ina, que são biotransformadas
no fígado, a nizatidina é eliminada principalmente pelos rins. Como ocorre pouca
biotransformação de primeira passagem com a nizatidina, sua biodisponibilidade é
próxima dos 100% .
- Efeitos adversos: Os efeitos adversos da cimetidina, em geral, são leves
e associados com redução da produção de ácido gástrico, sua principal atividade
farmacológica. Os efeitos adversos só ocorrem em um pequeno número de pacientes
e, em geral, não é necessário suspender o fármaco. Os efeitos adversos mais comuns
são cefaleia, tonturas, diarreia e dor muscular. Efeitos no SNC (confusão e
alucinações) ocorrem mais em pacientes idosos ou após administração IV. A
cimetidina também tem efeitos endócrinos, pois atua como um antiandrogênio não
esteroidal. Os efeitos incluem ginecomastia e galactorreia (liberação ou ejeção
contínua de leite). Fármacos como o cetoconazol, que dependem de um meio ácido
para absorção gástrica, podem não ser absorvidos adequadamente se ingeridos com
um desses antagonistas de receptor H2.
 Antiácidos
Os antiácidos são bases fracas que r eagem com o ácido g ástrico formando água
e um sal, para diminuir a acidez gástrica. Como a pepsina é inativa em pH acima de 4, os
antiácidos também reduzem a atividade da pepsina.
- Os fármacos são:
Hidróxido de alumínio
Carbonato de cálcio

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Hidróxido de magnésio
Bicarbonato de sódio
Química dos antiácidos
Os antiácidos variam amplamente em composição química, capacidade de
neutralizar o ácido, conteúdo de sódio, palatabilidade e preço. A capacidade
neutralizadora de ácido de um antiácido depende da sua capacidade de neutralizar
o ácido clorídrico gástrico e de se o estômago está repleto o u vazio (o alimento
retarda o esvaziamento do estômago, permitindo mais tempo para o antiácido reagir).
Os antiácidos comumente usados são sais de alumínio e magnésio, como hidróxido
de alumínio ou hidróxido de magnésio isolados ou em associação. O carbonato de
cálcio reage com o ácido clorídrico para formar C02 e CaCl2 e é uma preparação
comumente usada. A absorção sistêmica do bicarbonato de sódio pode provocar
alcalose metabólica temporária, por isso esse antiácido não é recomendado para uso
por longo período.
- Usos terapêuticos: Os antiácidos contendo alumínio e magnésio são usados
para o alívio sintomático da úlcera péptica e da azia, eles também podem promover
a cicatrização de úlceras duodenais . Contudo, eles são usados como última escolha
contra úlceras g ástricas agudas porque a evidência de eficácia é menos convincente.
- Efeitos adversos: O hidróxido de alumínio tende a causar constipação, ao
passo que o hidróxido de magnésio tende a produzir diarreia. Medicamentos que
associam esses fármacos ajudam na normalização da função i ntestinal, ou seja, se
um causa diarreia e o outro constipação, um anula a ação adversa do outro. A ligação
de fosfato aos antiácidos que contêm alumínio pode causar hipofosfatemia. Além do
potencial de causar alcalose sistêmica, o bicarbonato de sódio libera C02,
provocando eructação e flatulência. A absorção dos cátions dos antiácidos (Mg2 +,
Al3 +, Ca2 +), em geral, não é problema em pacientes com função renal normal.
Entretanto, podem ocorrer efeitos adversos em pacientes com comprometimento
renal, causado pelo acúmulo de magnésio, cálcio, sódio e outros eletrólitos. O conteúdo
de sódio nos antiácidos pode ser uma consideração importante em pacientes com
hipertensão ou insuficiência cardíaca congestiva.
IBPs: inibidores da bomba de prótons H+/K+ATPase
O omeprazol é o primeiro de uma classe de fármacos que se liga ao sistema
enzimático H+/K+ATPase (bomba de próto ns) das células parietais e suprime a
secreção de íons hidrogênio no lúmen gástrico. A bomba de prótons ligada à

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membrana é a etapa final da secreção de ácido gástrico. - O fármacos são:
Omeprazol
Lansoprazol
Omeprazol e lansoprazol estão disponíveis em medicamentos de venda livre para
o tratamento de curta duração da azia.
- Ação : Esses fármacos são pró-fármacos com um revestimento entérico
ácido resistente para protegê-los da degradação prematura pelo ácido gástrico. O
revestimento é removido no meio alcalino do duodeno, e o pró-fármaco, uma base
fraca, é absorvido e transportado aos canalículos da célula parietal. Ali ele é
convertido na forma ativa, que reage com o resíduo cisteína da H+/K+ATPase,
formando então uma ligação covalente e estável. São necessárias cerca de 18 horas
para que a enzima seja ressintetizada. Em doses-padrão, todos os IBPs inibem as duas
secreções gástricas, a basal e a estimulada em mais de 90%. Obs.: existe um produto
oral contendo omeprazol associado com bicarbonato de sódio para absorção mais rápida
disponível para ser prescrito.
- Uso terapêutico: A superioridade dos IBPs sobre os antagonistas H2 na
supressão da produção de ácido e na cicatrização das úlceras pépticas os tornaram
os fármacos preferidos no:
a. Tratamento e prevenção de úlceras de estresse;
b. Tratamento de esofagites erosivas e úlcera duodenal ativa;
c. Tratamento de l onga duração de condições hiperssecretoras patológicas
(p. ex., a síndrome de Zollinger-Ellison, em que o tumor produtor de gastrina causa a
hipersecreção de ácido clorídrico); Os IBPs estão aprovados também para o tratamento
da azia e levam vantagem sobre os antagonistas H2. Estudos clínicos mostraram
que os IBPs diminuem o risco de sangramento da úlcera causado pelo ácido
acetilsalicílico e outros AINES . Finalmente, eles também são usados com sucesso
com antibacterianos, para erradicar H. pylori. Para obter o efeito máximo, os IBPs
devem ser ingeridos 30 minutos antes do desjejum ou da principal (maior) refeição do
dia. Se for necessário também um antagonista de receptor H2, ele deve ser ingerido
bem depois do IBP para obter o melhor efeito, porque os antagonistas H2 reduzem a
atividade da bomba de prótons e os IBPs precisam da bomba ativa para serem eficazes.
Pacientes com azia, nos quais o IBP uma vez ao dia só é parcialmente eficaz,
podem melhorar o controle dos sintomas adotando regime de duas doses diárias ou
manter o IBP pela manhã e acrescentando o antagonista H2 à tarde.

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- Farmacocinética: Todos esses fármacos são eficazes por via oral. (Nota:
alguns também estão disponíveis em forma injetável IV.) Os metabólitos desses
fármacos são excretados na urina e nas fezes.
- Efeitos adversos: Os IBPs, em geral, são bem tolerados, mas há
preocupações com relação à segurança de longo prazo devido ao aumento do risco de
fraturas da bacia, punho e coluna vertebral. O risco maior está associado aos pacientes
que tomam o IBPs por um ano ou mais.
Os IBPs, particularmente o omeprazol, diminuem a eficácia do clopidogrel
devido à inibição da CIP2C19. É questionável se existe uma relação causa-e-efeito
entre estes dois fármacos. Entretanto, o FDA recomenda contra o uso simultâneo
destes dois fármacos devido a um possível aumento do risco de eventos
cardiovasculares.
O omeprazol inibe a biotransformação de varfarina, fenitoína, diazepam e
ciclosporina por meio da inibição competitiva das enzimas CIP450.
O tratamento prolongado com fármacos que suprimem o ácido gástrico,
como os IBPs e os antagonistas H2, pode diminuir a disponibilidade de
cianocobalamina (vitamina B1 2), pois o ácido é necessário para a sua absorção em
um complexo com o fator intrínseco.
Outro problema com a elevação prolongada do pH gástrico é o potencial
de absorção incompleta dos produtos com carbonato de cálcio. Uma opção eficaz é o
uso de citrato de cálcio como fonte de cálcio para os pacientes que usam medicação
supressiva do ácido prolongada, pois a absorção dos sais citrato não é afetada pelo pH
gástrico.
Há registro do aumento de incidência de diarreia e colite por Clostridium
difficile em comunidades de pacientes recebendo IBPs. Os pacientes devem ser
aconselhados a interromper o tratamento com IBP se apresentarem diarreia por
diversos dias e a contatar seu médico para acompanhamento.

6.2. Eméticos e antieméticos


Medicamentos que vão ser usado para o tratamento o vomito e da ná usea, vomito
na maioria das vezes não é uma patologia, geralmente é um reflexo onde ele coloca pra
fora o que não esta sendo bem tolerado na parte intestinal, uma substancia toxica qu e ta
muito tempo ali. O problema da formação do vomito é que tem uma série de receptores

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envolvidos e ai co nsegue ter uma grande gama de medicações. Tendo três fases do
vomito:
1. Pré-ejeção: relaxamento da mucosa gástrica e uma retro peristalse
2. Ânsia de vomito : que tem a ação de músculos que faz contração de
musculatura abdominal, intercostais e do diafragma contra a glote fechada.
3. Ejeção: contração vigorosa dos músculos abdominais e relaxamento do
esfíncter esofágico superior.
Os antieméticos são classificados de acordo com os receptores predomin antes
nos quais atuam, medicamentos que vão agir a nível de receptor centro emético
principalmente na zona do gatilho, ou mesmo agindo a nível periférico.
ANTAGONISTAS DO RECEPTOR 5-HT3
• ONDANSETRONA Muito utilizad o em pacientes que fazem quimioterapia,
por conta da quimioterapia dar muit a náusea, vomito principalmente quando tem
irradiação. Uso na obstetrícia na hiperemese gestacional devido aos ef eitos colater ais
não serem tão pronunciados. Nome comercial da O NDANSETRONA é o VONAU. Por
diminuir essa motilidade e por antagonizar o receptor dopaminérgico pode causar
constipação, diarreia ou cefaleia.
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DA DOPAMINA Antagonizam os
receptores dopaminérgicos D2 na zona de gatilho ZDQ.
• METOCLOPRAMIDA -nome comercial PLASIL
• CLORPROMAZINA Usado para distúrbios da motilidade do trato
gastrointestinal, náuseas e vômitos relacionados a quimioterapia, ou gastroparesia de
pós-operatório.
ANTI-HISTAMINICOS
Antagonistas dos receptores h istamínicos H1
• PROMETAZINA
• DIFENIDRAMINA -dramin
• CICLIZINA
• HIDROXIZINA
Usados em pacientes com cinetose, vômitos pós operatórios, pacientes que tem
cinetose quando vai fazer uma viagem.
AGENTES ANTICOLINÉRGICOS
• ESCOPOLAMINA- buscopan Que ao fazerem antagonistas de receptores
muscarínicos ele diminui a contração, tanto a contração da parte uterina, quanto n o

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tratamento da cinetose, pode ser usado tanto para profilaxia quanto p ara tratar. Pode atuar
também em pacientes que tiverem vômitos pós-operatórios e tratamento das n áuseas
induzidas pela quimioterapia. Mas esse medicamento são bem menos utilizados que a
ONDANSETRONA, METROCLAPRAMIDA E DIFENIDRAMINA.
OUTROS ANTIEMÉTICOS
• BROMOPRIDA Comum no uso de pronto-soc orro. Tratam náuseas e vômitos
de modo geral, pode ser associada a pacientes que tem distúrbio de refluxo g
astresofágico (porque além desses pacientes estarem toma ndo inibidores da bomba de
prótons, prescreve junto uma bromoprida para aumentar a motilidade TGI ).
6.3 Fármacos que atuam sobre a motilidade intestinal: laxantes e
constipantes
LAXANTES:
Os laxantes são comumente usados contra a constipação,para acelerar o
movimento do alimento por meio do TGI.Esses fármacos podem ser classificados
com base no seumecanismo de ação. Usados cronicamente, eles podemcausar
desequilíbrios eletrolíticos. Vários desses fármacostêm risco de dependência para o
usuário.
Irritantes e estimulantes:
a) Senna: Este é um laxante estimulante amplamente usado.Seu componente
ativo é um grupo de senosídeos, umcomplexo natural de glicosídeos antraquinônicos.
Usadopor via oral, causa evacuação de 8 a 10 horas. Ele tambémcausa secreção
de água e eletrólitos para o interior dointestino. Em produtos associados contendo
o amolecedorde fezes docusato, esse fármaco é útil no tratamento dasconstipações
causadas por opioides.
b) Bisascodil: Disponibilizado como supositório ecomprimidos revestidos
entéricos, o bisacodil é um potenteestimulante do colo do intestino. Ele atua
diretamente nasfibras nervosas na mucosa do colo do intestino. Óleo derícino: Este
produto é hidrolisado no intestino delgado emácido ricinoleico, que tende a irritar
muito o estômago e,logo, aumenta o peristaltismo. Ele deve ser evitado emgestantes,
pois pode estimular contrações do útero.
Aumentadores de volume:
Os laxantes aumentadores de volume incluem coloideshidrofílicos (de partes
não digeríveis de frutas e vegetais).Eles formam géis no intestino grosso, causando
a retençãode água e a distensão intestinal, aumentando, assim, aatividade peristáltica.

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Ações similares são produzidas pormetilcelulose, sementes de linho (Psyllium) e
fibras. Elesdevem ser usados com cautela em pacientes que seencontram
imobilizados, devido ao potencial de causarobstrução intestinal.
Salinos e osmóticos:
Os catárticos salinos, como citrato de magnésio, hidróxidode magnésio e
fosfato de sódio, são sais não absorvíveis(ânions e cátions) que retêm água no
intestino por osmose.Isso distende o intestino, aumentando a atividade intestinale
produzindo defecação em poucas horas. Soluçõeseletrolíticas contendo
polietilenoglicol (PEG) são usadascomo lavagens colônicas para preparar o intestino
paraprocedimentos endoscópicos ou radiológicos. Pó de PEGpara solução está
disponível como laxante emmedicamentos receitados e também de venda livre.
Essefármaco causa menos cólicas e gases do que outroslaxantes. A lactulose é um
dissacarídeo semissintético quetambém atua como laxante osmótico. Ela não
consegue serhidrolisada pelas enzimas gastrintestinais. As dosagensorais alcançam
o colo do intestino e são degradadas pelasbactérias colônicas em ácidos lático,
fórmico e acético.Isso aumenta a pressão osmótica, causando acúmulo delíquidos
que distende o colo do intestino, amolece as fezese causa defecação. A lactulose
é usada também para otratamento da encefalopatia hepática, por reduzir os níveisde
amônia.
Amolecedores de fezes:
Os fármacos ativos em superfície que se tornamemulsificados com as fezes
produzem fezes amolecidas efacilitam sua progressão. Estão incluídos aí o docusato
desódio e o docusato de cálcio. Eles podem demorar diaspara fazerem efeito e
geralmente são usados na profilaxia,em vez de no tratamento agudo. Os
amolecedores de fezesnão devem ser ingeridos simultaneamente com óleomineral,
devido ao risco de absorção do óleo mineral.
Lubrificantes:
O óleo mineral e os supositórios de glicerina sãoconsiderados lubrificantes
e agem facilitando a passagemde fezes endurecidas. O óleo mineral deve ser
ingerido porvia oral em posição ereta (de pé) para evitar a aspiração euma potencial
pneumonia lipídica ou lipoide.
Ativadores dos canais de cloro:
A lubiprostona, atualmente o único fármaco desta classe,atua ativando os
canais de cloreto para aumentar asecreção de líquidos no lúmen intestinal. Isso

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facilita aprogressão das fezes e causa pouca alteração no equilíbrioeletrolítico. A
lubiprostona é usada no tratamento daconstipação crônica, particularmente porque
não foramdemonstradas intolerância ou dependência associadas aeste fármaco.
Interações entre fármacos também parecemmínimas, pois a biotransformação ocorre
rapidamente noestômago e no jejuno.
► FÁRMACOS QUE ESTIMULAM A MOTILIDADE DOTGI
Fármacos colinomiméticos:
Estimulam os receptores muscarínicos do TGI (M3)aumentando o trânsito
intestinal. Betanecol e Inibidores daacetilcolinesterase (Neostigmina). Muitos efeitos
colinérgicos: Salivação excessiva, Náuseas e vômitos,Diarreia e Bradicardia. Estão
em desuso!
Antagonistas dos receptores D2:
Metoclopramida e Domperidona. A Dopamina inibe oestímulo colinérgico,
portanto, os antagonistasdopaminérgicos aumentam o estímulo colinérgico.
Aumentam a amplitude peristáltica do esôfago, aceleram oesvaziamento gástrico e
nenhum efeito sobre intestinodelgado ou cólon. Esses dois fármacos bloqueiam
osreceptores D2 na zona de gatilho quimiorreceptora dobulbo: Efeito antináusea e
antiemética. Efeitos colaterais: Efeitos extrapiramidais, discinesia tardia, evitar
usoprolongado em idosos, galactorréia, ginecomastia,impotência e distúrbios
menstruais. Domperidona nãoatravessa a BHE!
Macrolídeos:
Eritromicina e azitromicina estimulam diretamente osreceptores de motilina
no músculo liso GI. Usados emgastroparesia, rápido desenvolvimento de
tolerância,usados em pacientes com hemorragia gastrointestinal altaaguda e usado
para esvaziamento gástrico de sangue antesda endoscopia.
► FÁRMACOS ANTIDIARREICOS
Fármacos antidiarreicos podem ser utilizados comsegurança em pacientes
com diarreia aguda leve amoderada (não deve ser administrado em
diarreiasanguinolenta, febre alta ou toxicidade sistêmica!), diarreiacrônica (Síndrome
do intestino irritável e DoençaInflamatória Intestinal).
Agonistas Opioides:
Causam constipação, inibem os nervos colinérgicos pré-sinápticos nos plexos
submucosos e mioentéricos, efeitosno SNC limitam seu uso como antidiarreico.
Loperamida(Imosec): Não atravessa a BHE e sem potencial analgésico,2mg 1 a 4

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vezes ao dia.
Octreotida:
Análogo da somatostatina. Diminui a secreção líquidaintestinal, diminui a
motilidade intestinal, inibe a liberaçãode gastrina, serotonina, entre outros.

7 FÁRMACOS USADOS NAS PARASITOSES


7.1 Anti-helmínticos
CARACTERÍSTICAS DAS DOENÇAS:
ASCARIDÍASE:
• Causada pelo nematódeo intestinal Ascaris lumbricoides que parasita o
intestino humano e causa uma infecção, a transmissão ocorre principalmente pela
ingestão de água ou a limentos contaminados com ovos de Ascaris e a maioria d os
pacientes são a ssintomáticos, podendo surgir sintomas durante a fase inicial da
infecção quando a larva migra pelos pulmões (síndrome de Loeffler, que cursa com
tosse seca, dispneia, febre, chiado no peito, desconforto sube sternal e escarro com
sangue) ou na fase tardia intestinal (desconforto abdominal, náuseas, v ômitos e
diarreia). A principal complicação é a obstrução intestinal.
TRICURÍASE:
• Causada pelo Trichuris trichiura, está associada à falta de higiene com
ingestão de alimentos ou água contaminada com ovos do verme. A maioria das
infecções é assintomática, podendo apresentar sangue e muco nas fezes, colite e prolapso
retal.
TENÍASE:
• Pode ser causada por d uas espécies principais: Taenia saginata (carne b
ovina) e Taenia solium (carne suína). Na teníase os bois ou porcos ingerem
vegetação contaminada com ovos ou proglótides da Taenia e desenvolvem cisticercos
nos músculos estriados, os seres humanos são contaminados através da ingestão de
carne infectada crua ou mal-cozida contendo os cisticercos. Nos humanos a tênia
se aloja no intestino delgado, e ge ralmente é assintomático, podendo apresentar
náuseas, anorexia e dor epigástrica.
ENTEROBIOSE:
• Causado pelo Enterobius vermicularis, é uma infecção mais frequente em
crianças (5-10 anos), a transmissão ocorre pela ingestão de al imentos ou água
contaminados com os ovos do ve rme ou pelo manuseio de roupas de cama

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contaminadas. Os vermes se al ojam no TGI (principalmente ceco e no apêndice).
As fêmeas grávidas migram pelo reto para a pele perianal para depositar ovos à
noite, ca usando o sintoma mais comum da Enterobíase, o prurido perianal, podendo
apresentar também dor abdominal, náusea e vômito.
ANSILOSTOMOSE:
• É causada por duas espécies de nematódeos: Ancylostoma duodenale e
Necator americanus. O ciclo de vida dos ancilostomídeos começa com a passagem d
os ovos de um hospedeiro para as suas fezes, esses ovos eclodem no solo, liberando
larvas rabditoides que amadurecem como larvas filaridoides, capazes de penetrar na
pele, as larvas passam pe los pulmões e intestino delgado (amadurecem) e retiram
sangue da parede intestinal. As manifestações clínicas envolvem a penetração das
larvas na pele (erupção maculopapular pruriginosa local), a passagem da s larvas
pelas v ias aéreas (síndrome de Loeffler) e a presença de vermes adultos no intestino
com sintomas gastrointestinais (náusea, diarreia, vômito, flatulência) e anemia.
FARMACOLOGIA DAS DOENÇAS:
ALBENDAZOL, MEBENDAZOL:
• Informações gerais: podem ser administrados via oral, possuem um a mplo
espectro de ação e atuam localmente no intestino contra larvas e vermes adultos
impedindo o movimento do verme e diminuindo sua fixação na parede intestinal.
• Mecanismo de ação: atuam ligando-se à beta-tubulina, inibindo a
polimerização d o microtúbulo e impedindo a divisão celular, assim, há inibição do
transporte de glicose e a fumarato redutase, enzima mitocondrial envolvida na síntese
de ATP, afetando o metabolismo do parasita e causando a morte.
Usos clínicos: eficaz no tratamento da a scaridíase, enterobíase, teníase,
tricuríase, ancilostomía se e neurocisticercose (Albendazol).
• Efeitos adversos: podem causar distensão e dor abdominal, diarréia, tontura
e cefaléia.
• Contraindicações: é contraindicado o uso em gestantes e em crianças
menores de 2 anos.
PAMOATO DE PIRANTEL:
• Informações gerais: podem ser administrados via oral, pouco absorvida no
TGI e possuem um amplo espectro.
• Mecanismo de ação: atuam provocando paralisia dos vermes, é um
bloqueador neuromuscular despolarizante e anticolinesterásico, a ssim, o verme se

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solta de sua fixação no trato intestinal e é expelido do hospedeiro.
• Usos clínicos: eficaz no tratamento da a scaridíase, enterobíase e
ancilostomíase. • Efeitos adversos: são raros, leves e transitórios, podendo causar
náuseas, vômitos, diarreia, cólicas abdominais, sonolência, cefaleia, erupção cutânea e
febre.
• Contraindicações: é contraindicado o uso em pacientes com
hipersensibilidade ao Pirantel ou qualquer componente da formulação e evitar o uso
em ge stantes e em crianças menores de 2 anos.
IVERMECTINA:
• Informações gerais: podem ser administrados via oral e não é ativos para a
teníase.
• Mecanismo de ação: atuam ativando canais de cloro regulados por
glutamato (presentes nos invertebrados). A hiperpolarização gera paralisia muscular,
comprometendo a fixação do parasita no intestino.além disso, também atua como
agonista de re ceptores GABA, potencializando o efeito de paralisia muscular e
contribuindo para a morte do parasita.
• Usos clínicos: eficaz no trata mento da Estrongiloidíase e Oncocercose, podendo
ser usada também no tratamento da ascaridíase, escabiose e tricuríase.
• Efeitos adversos: geralmente resultam da morte das microfilárias e e stão
diretamente relacionados à carga parasitária e tempo de evolução da d oença, os
mais comuns são fadiga, tontura, diarreia, náusea, vômitos, dor abdominal, prurido,
erupção cutânea, taquicardia, hipotensão ortostática, artralgia, alterações séricas de
enzimas hepáticas e convulsão (dose dependente).
• Contraindicações: é contraindicado o uso em pacientes com
hipersensibilidade à ivermectina ou a qualquer componente da formulação, crianças
com menos de 5 anos e gestantes.
NICLOSAMIDA:
• Informações gerais: podem ser administrados via oral, esse fá rmaco não
promove a morte ou paralisa do parasita (aumenta o ri sco de cisticercose em caso
de infestação por T. solium).
• Mecanismo de ação: atua in ibindo a fosforilação oxidativa mitocondrial,
tornando o cestódeo suscetível às enzimas proteolíticas do hospedeiro: promove a
digestão parcial do escólex e dos proglotes que são eliminados pelas fezes.
• Usos clínicos: eficaz no tra tamento da teníase.

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• Efeitos adversos: pode causar n áusea, vômito, diarréia, dor abdominal e
anorexia.
• Contraindicações: é contraindicado o uso em pacientes com
hipersensibilidade a qualquer dos compone ntes da fórmula, além de nã o ser
recomendada para mulheres com gravidez de risco e em fase de lactação e para
pessoas com insuficiência hepática ou renal.
CARACTERÍSTICA DAS DOENÇAS:
TENÍASE:
• Pode ser causada por duas espécies principais: Taenia saginata (carne b
ovina) e Taenia solium (carne suína). Nos humanos a tênia se aloja n o intestino
delgado, e geralmente é assintomático, podendo apresentar náuseas, anorexia e dor
epigástrica.
CISTICERCOSE:
• Pode ser causada por dua s espécies principais: Taenia saginata (carne b
ovina) e Taenia solium (carne suína). No caso da cisticercose, a doença é adquirida
através da ingestão de ovos do parasita por meio de verduras e legumes mal lavados ou
água contaminada. Os sintomas variam com o local que o cisticerco está alojado:
▪ Neurocisticercose (cisticercos alojados no cérebro): pode causar dores de
cabeça frequentes, convulsões e confusão mental.
▪ Musculatura: pode causar inchaço, inflamação e dificuldade na execução de
movimentos.
▪ Cisticercose ocular: pode causar cegueira.
ESQUISTOSSOMOSE:
• As principais espécies causadoras da doença são Schistosoma mansoni, S.
japonicum e S. haematobium. A infecção ocorre através da pene tração de cercárias
na pele humana, os vermes adultos se alojam em vênulas mesentéricas e os ovos
depositados por eles podem migrar para o lúmen do intestino, sendo eliminados na
s fezes, fígado (hipertensão portal), pul mões (hipertensão pulmonar) e cérebro
(neuroesquistossomose). A maioria dos indivíduos não desenvolve sintomas.
FARMACOLOGIA DAS DOENÇAS:
PRAZIQUANTEL:
• Informações gerais: podem ser administrados via oral.
• Mecanismo de ação: o fármaco aumenta a permeabilidade da membrana
celular ao cálcio, resultando em elevada contração, paralisia e morte.

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• Usos clínicos: eficaz contra a maioria dos cestódeos e trematódeos,
principalmente a esquistossomose.
• Efeitos adversos: são leves e transitórios, podendo causar dor abdominal,
anorexia, náuseas, diarréia, tontura e cefaleia. Podem surgir febre baixa, prurido,
erupção cutânea, eosinofilia, mialgia e artralgia devido à liberação de prote ínas dos
vermes mortos.
• Contraindicações: a cisticercose ocular é uma contraindicação ao uso da
Praziquantel pois a destruição dos parasitas no olho pode causar lesão irreparável.
O uso deve ser evitado na gestação.

7.2 Anti-protozoários
Infecções por protozoários tem grande relevância, commanifestações que variam
desde parasitoses intestinaisaté doenças sistêmicas severas como a leishmaniosevisceral
e a malária. Dessa forma, entre os principaisfármacos antiprotozoários podemos incluir
derivadosimidazólicos, fármacos amebicidas, leishmanicidas eanti-malária, anti-
tripanossomatídeos e anti-toxoplasma.
Derivados Nitroimidazólicos:
Tem ação contra bactérias anaeróbias gram-positivas egram-negativas (utilizadas
em infecções ginecológicaspor Gardnerella e infecções abdominais), quanto comvários
protozoários. Dos protozoários, podemos destacarsua ação na giardíase, amebíase e
tricomoníase.
Farmacocinética: os azóis podem se apresentar porcomprimidos, suspensões,
óvulos ou cremes vaginais,sendo que quando ingeridos por via oral, ligam-se deforma
fraca a proteínas plasmáticas. Sua metabolizaçãoé hepática e tem meia-vida de 6-12
horas, sendoeliminado pela urina e passando pelo leite e placenta.
Mecanismo de Ação: estes fármacos, quando clivados,formam metabólitos
tóxicos e reatogênicos, sendo quecomo os anaeróbios não possuem mecanismos para
lidarcom agentes oxidantes, isso resulta em destruição demacromoléculas e dano ao
DNA. Logo, há mecanismogiardicida, tricomonicida e amebicida, além da suaatividade
em bactérias como Gardnerella eBacteroides.
Usos Clínicos: as drogas são metronidazol, secnidazol etinidazol. Todos esses
podem ser utilizados para aterapia da amebíase intestinal e extra-intestinal,tricomoníase
(assintomática ou sintomática), giardíase,além das indicações na antibioticoterapia. O que
valedestacar é que em relação a perfil de efeitos adversos, ometronidazol costuma ter o

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maior número, ao passo queo tinidazol, como é mais recente, possui menos.
Efeitos Adversos: são fármacos não indicados nagestação (categoria C e D para
o metronidazol), que podem causar efeitos do trato gastrointestinal, disgeusiametálica,
cefaléia, xeroftalmia e outros efeitosneurológicos e cardiovasculares menos comuns.
Entre asinterações mais comuns, se destacam com a warfarina ecom o etanol (há efeito
antabuse ou dissulfiram-like,com náuseas, cefaléia, fotofobia e vômitos).
Fármacos Amebicidas:
Essa classe de fármacos hoje é menos utilizada em facede seu espectro reduzido,
sendo substituída pelosnitroimidazólicos. Como representante, tem-se ainda aemetina,
que é administrado por via subcutânea.Emetina: trata-se de um fármaco com alta absorção
eque atinge níveis terapêuticos hepáticos consideráveis,agindo principalmente sobre os
trofozoítos de ameba(pouca ação nos cistos). Age inibindo a síntese protéicae sua dose é
de 1mg/kg e tem por efeitos adversos dor,dormência, rigidez, fraqueza muscular e
eczema, tendocomo contraindicações a gestação, insuficiência renal,cardiopatias,
desnutrição e doenças respiratórias, sendopouco usada atualmente.
Fármacos Leishmanicidas:
Os leishmanicidas são fármacos de baixo espectro que sedestinam principalmente
para cobertura de espéciescomo Leishmania infantum (leishmaniose visceral) e
L.braziliensis (leishmaniose tegumentar americana). Nestegrupo, se incluem os
antimoniais pentavalentes e aanfotericina B, que já foi vista na
antibioticoterapia.Farmacodinâmica: o antimoniato de meglumina ouglucantime, age
reagindo com os grupos tiólicos dasenzimas das leishmanias, o que resulta em uma
inibiçãode enzimas essenciais à sobrevida, efeito leishmanicida.
Efeitos Adversos: o glucantime tem como principaisefeitos adversos náuseas,
vômitos, exantema, febre,tosse, cefaléia, síncope, dor abdominal e dispnéia. É umadroga
de uso primordialmente parenteral, seja viaintramuscular ou endovenosa, sendo que o
regime maiscomum de tratamento (em especial na leishmaniosevisceral) é com
internação hospitalar.
Contra-Indicações: são tuberculose, insuficiênciahepática ou renal grave,
miocardite ou gestação.
Fármacos Anti-Maláricos
A malária se caracteriza por acessos de febre, sudorese,náusea, vômitos, tosse,
cefaléia, síncope e dispnéia porlesão eritrocitária. No país, as espécies causadoras sãodo
gênero Plasmodium, com destaque ao P. vivax eP.malarie (febre terçã benigna) e o P.

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falciparum (febreterçã maligna). Entre as formas evolutivas, destacam-seos gametas, os
esquizontes hepáticos e sanguíneos e oshipnozoítos (exclusivos do P. vivax eP. malariae).
Artemeter: é utilizado nas infecções por P. falciparum, einibe a conversão do
grupo heme em hemozoína (opigmento malárico), o que junto a metabólitos tóxicos
eoxidação das hemácias tem ação esquizonticidasanguínea. Ele é usado por via oral em
conjunto com alumefantrina, tendo meia-vida curta. Efeitos adversos,são sintomas
gastrointestinais, tontura e sonolência e écontraindicado na gestação e crianças menores
de 5 kg.
Artesunato: fármaco da mesma classe e com perfil deefeitos adversos
semelhante, sendo uma droga parenteralde administração endovenosa que é utilizada
junto com aclindamicina na malária complicada por P. falciparum.
Lumefantrina: inibe a conversão do grupo heme emhemozoína, além de inibir a
síntese de proteínas e DNA.Como o Artemeter, é usada na malária por P. falciparumnão
complicadas, tendo meia-vida longa. Os efeitosadversos e contraindicações são iguais ao
artemeter.
Cloroquina: tem ação esquizonticida que inibe o DNA eRNA polimerase,
impedindo a síntese do DNA e deproteínas. Tem alguma ação sobre os gametócitos,
masnão age no P. falciparum. Pode ter diversas interaçõesmedicamentosas (sistema do
citocromo P450). Emboraseus efeitos adversos tendam a ser restritos ao tratodigestivo,
pode gerar agranulocitose e neurotoxicidade.É de escolha na malária não-falcípara e pode
ser feitacomo profilaxia, além de ter ação na amebíase hepática.
Quinina: quinina ou quinidina (estereoisômero) tem açãosemelhante à cloroquina,
sendo uma droga mais antigaque é reservada aos casos graves de P. falciparum quesejam
resistentes aos estágios iniciais. Ela é mais tóxicae se distribui menos nos tecidos, tendo
mais efeitosgastrointestinais, hemólise, púrpura, agranulocitose ealterações visuais,
vestibulares e auditivas. Geralmente éutilizada junto à pirimetamina ou às sulfas.
Primaquina: a primaquina produz metabólitos tóxicosque interferem no
transporte de elétrons, o que leva àdepleção de ATP. É um fármaco que age apenas
noshipnozoítos hepáticos, estando indicado na malária porP. vivax eP. ovale (em
associação com a cloroquina),tendo como efeitos adversos mais comuns os do
tratogastrointestinal. É contraindicado na gestação.
Fármacos Anti-Tripanossomatídeos
A doença de chagas, promovida pelo Trypanosoma cruzié uma condição que
cursa, cronicamente, comcomplicações como insuficiência cardíaca, megaesôfagoe

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megacólon, sendo que o tratamento farmacológico nafase aguda pode extinguir o
parasito, sendo importante.
Benzonidazol: derivado imidazólico, tendo o mesmomecanismo de ação do
metronidazol. Ele é disponívelpor via oral, tendo boa ação nas formas tripomastigotas
eação em amastigotas (formas teciduais crônicas). É aprimeira escolha no tratamento da
doença de chagasaguda, pois é bem tolerado, tem efeitos gastrointestinais,neuropatia
reversível, exantemas e mielossupressão(incomum). Não é indicado em
gestantes.Nifurtimox: tem um mecanismo de ação semelhante aobenzonidazol, mas
possui maior toxicidade e menormeia-vida, o que atrapalha o uso como primeira
escolha.Os efeitos adversos incluem anorexia, náusea, febre,exantema, perda de peso,
insônia, convulsões,neuropatias, febre e efeitos psicomiméticos.
8 FÁRMACOS QUIMIOTERÁPICOS
8.1 ANTIMICROBIANOS
Os fármacos antimicrobianos agem destruindo ou interferindo no crescimento dos
microrganismos, no entanto, esses fármacos devem agir dentro do hospedeiro, sem causar
dano a ele. Esse é o importante princípio da toxicidade seletiva. Antibiótico, substância
produzida pelos microrganismos que, em pequenas quantidades, inibe outro
microrganismo. Mais da metade dos nossos antibióticos são produzidos por espécies de
Streptomyces, bactérias filamentosas que comumente habitam o solo. Alguns poucos
antibióticos são produzidos por bactérias formadoras de endósporos, como os Bacillus, e
outros são produzidos por bolores, a maioria pertencente aos gêneros Penicillium e
Cephalosporium.
Um fator primordial envolvido na toxicidade seletiva de ação antibacteriana reside
na camada externa de lipopolissacarídeos de bactérias gram-negativas e nas porinas, que
formam canais aquosos através dessa camada. Fármacos que atravessam os canais de
porinas precisam ser relativamente pequenos e, preferencialmente, hidrofílicos. Fármacos
que são lipofílicos (apresentam afinidade por lipídeos) ou especialmente grandes não
conseguem penetrar imediatamente em uma bactéria gram-negativa.
Principais mecanismos de ação dos fármacos antibacterianos

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Os fármacos antimicrobianos podem ser bactericidas (destroem os micróbios
diretamente) ou bacteriostáticos (impedem o crescimento dos micróbios). Na
bacteriostase, as próprias defesas do hospedeiro, como a fagocitose e a produção de
anticorpos, normalmente destroem o microrganismo.
Inibição da síntese de parede celular
A penicilina, o primeiro antibiótico verdadeiro a ser descoberto e utilizado (não
se considerando as sulfas), é um exemplo de inibidor da síntese de parede celular. A
penicilina e alguns outros antibióticos previnem a síntese de peptideoglicanos intactos;
consequentemente, a parede celular fica enfraquecida, e a célula sofre lise.
Uma vez que a penicilina age sobre o processo de síntese, apenas células que
estejam crescendo ativamente são afetadas por esses antibióticos – e, já que as células
humanas não têm parede celular constituída por peptideoglicano, a penicilina apresenta
pouca toxicidade para as células do hospedeiro.
Inibição da síntese proteica
Uma diferença notável entre procariotos e eucariotos é a estrutura de seus
ribossomos. As células eucarióticas têm ribossomos 80S, ao passo que as células
procarióticas têm ribossomos 70S. A diferença na estrutura ribossomal é a razão da
toxicidade seletiva dos antibióticos que afetam a síntese de proteínas.

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Contudo, as mitocôndrias (importantes organelas eucarióticas) também contêm
ribossomos 70S similares àqueles de bactérias. Dessa forma, antibióticos que afetam os
ribossomos 70S podem causar efeitos adversos nas células do hospedeiro. Entre os
antibióticos que interferem na síntese proteica estão o cloranfenicol, a eritromicina, a
estreptomicina e as tetraciclinas.
Cloranfenicol: Liga-se à porção 50S e inibe a formação da ligação peptídica
Estreptomicina: Modifica a conformação da porção 30S, resultando na leitura
incorreta do código do mRNA
Tetraciclinas: Interfere no acoplamento do tRNA ao complexo mRNA-ribossomo
Danos à membrana plasmática
Determinados antibióticos, principalmente aqueles compostos por polipeptídeos,
provocam mudanças na permeabilidade da membrana plasmática, que resultam na perda
de metabólitos importantes pela célula microbiana.
Alguns fármacos antifúngicos, como a anfotericina B, o miconazol e o
cetoconazol, são eficientes contra uma gama considerável de doenças fúngicas. Esse
fármacos se associam aos esteróis da membrana plasmática fúngica e danificam a
membrana. Uma vez que as membranas plasmáticas bacterianas geralmente não possuem
esteróis, esses antibióticos não apresentam ação contra bactérias.
Inibição da síntese de ácidos nucleicos
Vários antibióticos interferem nos processos de replicação e transcrição do DNA
nos microrganismos. Alguns fármacos com essa atividade apresentam utilidade
extremamente limitada, pois também interferem no metabolismo do DNA e do RNA de
mamíferos.
Inibição da síntese de metabólitos essenciais
Uma atividade enzimática em particular de um microrganismo pode ser inibida
competitivamente por
uma substância (antimetabólito) que se assemelha intimamente ao substrato normal da
enzima. Um exemplo de inibição competitiva é a relação entre o antimetabólito
sulfanilamida (fármaco sulfa) e o ácido paraminobenzoico (PABA). Em muitos
microrganismos, o PABA é o substrato para uma reação enzimática que leva à síntese de
ácido fólico, vitamina que atua como coenzima para a síntese de bases purínicas e
pirimidínicas de ácidos nucleicos e de muitos aminoácidos.
Antibióticos antibacterianos: inibidores da síntese de parede celular
Para que um antibiótico funcione, ele geralmente precisa afetar estruturas ou

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funções microbianas diferentes das estruturas ou funções dos mamíferos. A célula
eucariótica dos mamíferos geralmente não tem
parede celular; em vez disso, ela tem apenas uma membrana plasmática. Até mesmo essa
membrana difere em composição da membrana plasmática de células procarióticas. Por
essa razão, a parede celular microbiana é um alvo atraente para a ação dos antibióticos.
Fármacos agrupados de acordo com o mecanismo de ação
Rifampicina: Inibe a síntese de mRNA; tratamento da tuberculose
Ácido nalidíxico, norfloxacina, cipofloxacina: inibem a síntese de DNA; amplo
espectro de ação; infecções do trato urinário
Etambutol: inibe a incorporação do ácido micólico na parede celular de
Mycobacterium spp.
Oxacilina: resistente à penicilinase
Penicilina
Todas as penicilinas têm uma estrutura central comum, contendo um anel beta-
lactâmico, chamado de núcleo. Os tipos de penicilina são diferenciados pelas cadeias
laterais químicas associadas aos seus núcleos. Elas impedem a ligação cruzada entre
peptideoglicanos, o que interfere nos estágios finais da construção das paredes celulares,
principalmente de bactérias grampositivas. As penicilinas podem ser produzidas de forma
natural ou semissintética.
Penicilinas naturais As penicilinas extraídas de culturas do bolor Penicillium são
chamadas de penicilinas naturais. O composto protótipo de todas as penicilinas é a
penicilina G. Ela tem um espectro de atividade restrito, mas útil, e frequentemente é o
fármaco de escolha contra a maioria dos estafilococos, estreptococos e diversas
espiroquetas. A penicilina V, que é estável na acidez estomacal e pode ser administrada
oralmente, e a penicilina G são as penicilinas naturais utilizadas com mais frequência.
As penicilinas naturais apresentam algumas desvantagens. As principais são o seu
estreito espectro
de atividade e a sua suscetibilidade a penicilinases. As penicilinases são enzimas
produzidas por muitas bactérias, principalmente espécies de Staphylococcus que clivam
o anel -lactâmico da molécula de penicilina.

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Penicilinas semissintéticas: parte da penicilina é produzida pelo bolor e parte é
adicionada sinteticamente.
Penicilinas de espectro estendido: com o objetivo de resolver o problema do
espectro restrito de atividade das penicilinas naturais, as penicilinas semissintéticas de
amplo espectro foram desenvolvidas. Essas novas penicilinas são eficientes contra muitas
bactérias gramnegativas e também contra gram-positivas, embora elas não sejam
resistentes a penicilinases. As primeiras penicilinas dessa categoria foram as
aminopenicilinas, como a ampicilina e a amoxicilina.
Quando a resistência bacteriana a elas se tornou comum, as carboxipenicilinas
foram desenvolvidas. Membros desse grupo, que inclui a carbenicilina e a ticarcilina,
apresentam, ainda, maior atividade contra bactérias gram-negativas e têm a vantagem
especial de serem ativos contra Pseudomonas aeruginosa.
Penicilinas associadas a inibidores da -Lactamase Uma abordagem distinta para
combater a proliferação da penicilinase é associar penicilinas ao clavulanato de potássio
(ácido clavulânico), substância produzida por um estreptomiceto. O clavulanato de
potássio é um inibidor não competitivo da penicilinase sem qualquer ação antimicrobiana
própria. Ele tem sido associado a algumas novas penicilinas de amplo espectro, como a
amoxicilina.
Carbapenemos
Esses antibióticos inibem a síntese da parede celular e têm um espectro de
atividade extremamente amplo. Um representante desse grupo é a Primaxina.
Monobactamos O espectro de atividade do aztreonam é surpreendente para um composto
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relacionado à penicilina – antibiótico que apresenta toxicidade excepcionalmente baixa e
afeta apenas determinadas bactérias gram-negativas, incluindo as pseudomonadas e. coli.
Cefalosporinas
As cefalosporinas inibem a síntese da parede celular de forma essencialmente
similar à ação das penicilinas.
Antibióticos polipeptídicos
Bacitracina
É um antibiótico polipeptídico efetivo principalmente contra bactérias gram-
positivas, como estafilococos e estreptococos. A bacitracina inibe a síntese da parede
celular bacteriana em uma fase anterior àquela em que a penicilina e a cefalosporina
agem. Ela interfere na síntese das fitas lineares dos peptideoglicanos.
Inibidores da síntese proteica
Cloranfenicol
O cloranfenicol inibe a formação de ligações peptídicas nas cadeias nascentes de
polipeptídeos pela reação com a porção 50S do ribossomo procarioto 70S. Outros
antibióticos que inibem a síntese proteica pela ligação ao mesmo sítio ribossomal atingido
pelo cloranfenicol são a clindamicina e o metronidazol.
Aminoglicosídeos
Os antibióticos aminoglicosídicos interferem nas etapas iniciais da síntese
proteica, alterando a conformação da porção 30S do ribossomo procariótico 70S. Essa
interferência leva à leitura incorreta do código genético impresso no mRNA.
Provavelmente, o aminoglicosídeo mais conhecido é a estreptomicina.
Tetraciclinas
Esses antibióticos interferem na ligação do tRNA, carreando aminoácidos
específicos à porção 30S do ribossomo 70S procariótico, impedindo a adição de
aminoácidos às cadeias polipeptídicas nascentes.
Glicilciclinas
O exemplo mais conhecido é a tigeciclina (Tygacil). Esse antibiótico
bacteriostático de amplo espectro se liga à subunidade ribossomal 30S, bloqueando a
síntese proteica. Uma vantagem essencial é que as glicilciclinas inibem os efeitos do
efluxo rápido, importante mecanismo da resistência bacteriana aos antibióticos.
Macrolídeos
O mais bem conhecido macrolídeo utilizado na prática clínica é a eritromicina.
Seu modo de ação consiste na inibição da síntese proteica. Entretanto, a eritromicina não

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é capaz de penetrar na parede celular bacteriana da maioria dos bacilos gram-negativos.
Estreptograminas
Elas bloqueiam a síntese proteica por sua ligação à porção 50S dos ribossomos, a
exemplo de outros antibióticos, como o cloranfenicol. A dalfopristina bloqueia um
estágio inicial da síntese de proteínas.
Danos à membrana plasmática
A síntese da membrana plasmática bacteriana requer a produção de determinados
ácidos graxos, que funcionam como blocos de montagem. Um antibiótico lipopeptídico
eficaz apenas para bactérias gram-positivas é a daptomicina. O mecanismo de ação
aparente consiste em atacar a membrana da célula bacteriana, e a resistência é incomum.
Esse mecanismo é tão singular que o antibiótico frequentemente é utilizado quando a
infecção é causada por bactérias resistentes a inúmeros fármacos.
Inibidores da síntese de ácidos nucleicos
Rifamicinas
O derivado mais conhecido da família de antibióticos das rifamicinas é a
rifampicina. Esses fármacos são estruturalmente relacionados aos macrolídeos e inibem
a síntese de mRNAs.
Inibição competitiva de metabólitos essenciais
Sulfonamidas
Os fármacos sulfas são estruturalmente similares a um precursor do ácido fólico,
chamado de ácido paraminobenzoico (PABA), o que permite que elas se liguem
competitivamente à enzima destinada ao PABA e, assim, bloqueiem a produção de ácido
fólico. Os fármacos são bacteriostáticos e não provocam danos às células humanas, uma
vez que não sintetizamos o ácido fólico, mas sim captamos da dieta.
Resistência a fármacos antimicrobianos
Algumas diferenças genéticas se originam de mutações aleatórias. Essas mutações
podem se espalhar horizontalmente entre as bactérias por processos como a conjugação
ou a transdução. A resistência a fármacos frequentemente é carreada por plasmídeos ou
por pequenos segmentos de DNA, denominados transposons, os quais podem saltar de
um pedaço de DNA para outro.

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Mecanismos de resistência
Destruição ou inativação enzimática do fármaco A destruição ou a inativação
enzimática afetam principalmente antibióticos que são produtos naturais, como as
penicilinas e as cefalosporinas. Os antibióticos do tipo penicilina/cefalosporina, e também
os carbapenemos, compartilham uma estrutura, o anel -lactâmico, alvo das enzimas -
lactamases que o hidrolisam seletivamente.
Prevenção da entrada no sítio-alvo dentro do micróbio
Bactérias gram-negativas são relativamente mais resistentes a antibióticos devido
à natureza de suas paredes celulares, que restringem a absorção de muitas moléculas e
seus movimentos a aberturas, denominadas porinas. Alguns mutantes bacterianos
modificaram a abertura das porinas, de forma que os antibióticos são incapazes de entrar
no espaço periplasmático. Talvez ainda mais importante, quando as -lactamases estão
presentes no espaço periplasmático, o antibiótico que entra é degradado nesse espaço
antes que ele consiga penetrar na célula.
Alterações no sítio-alvo do fármaco
A síntese de proteínas envolve o movimento de um ribossomo ao longo de uma
fita de mRNA. Diversos antibióticos, principalmente aqueles pertencentes aos grupos dos
aminoglicosídeos, tetraciclinas e macrolídeos, utilizam um mecanismo de ação que inibe
a síntese proteica nesse sítio. Pequenas modificações no sítio podem neutralizar os efeitos
dos antibióticos sem que ocorram alterações significativas nas funções celulares.
Efluxo rápido (ejeção) do antibiótico
Certas proteínas na membrana plasmática de bactérias gram-negativas agem

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como bombas que expelem os antibióticos, impedindo que alcancem uma concentração
efetiva. Esse mecanismo foi originalmente observado em antibióticos do tipo tetraciclina,
mas também é responsável pela resistência a praticamente todas as principais classes de
antibióticos. As bactérias normalmente apresentam muitas dessas bombas de efluxo para
eliminar substâncias tóxicas.
Variações dos mecanismos de resistência
Variações nesses mecanismos também ocorrem. Como exemplo, um micróbio
pode se tornar resistente ao trimetoprim pela síntese de grandes quantidades da enzima
contra a qual o antibiótico age. Por outro lado, antibióticos polienos podem se tornar
menos eficazes quando organismos resistentes passam a produzir quantidades menores
dos esteróis contra os quais o fármaco é eficiente.

8.2 Fármacos Antifúngicos


Fungos e infecções fúngicas
Microrganismos multicelulares, pluricelulares. • Possuem núcleo verdadeiro. •
São arqui-inimigos das bactérias. • Células eucarióticas sem mobilidade (não realizam
fotossíntese). • Natureza parasitaria. • Importância (cogumelos). Manufatura de outros
produtos (fermentação de bebidas, produção de antibióticos). • A maio ria dos f ungos
não sã o patogênicos, aproximadamente 50 são patogênicos. • Comensais. • Os fungos
causam doenças se cundárias, a maioria deles é oportunista (ataca sistema
imunológicos frágeis). • 1970 (↑ da s infecções fúngicas secundárias grave) X uso
antibióticos. • AIDS, imunossupressores e Ag quimioterápicos (↑ de infecções
oportunistas). • OBS: antifúngicos são tipos de antibióticos.
Classificação
Forma leveduras: apresentam-se caracteristicamente sob forma unicelular. ➢
Fermentação de bebidas e pão.
➢ Cryptococcus neoformans é uma levedura encapsulada que pode viver
tanto em plantas como em animais.
➢ Criptococose: a maioria das infecções ocorrem nos pulmões, contudo, a
meningite f úngica, especialmente como infecção secundaria em pacientes com SIDA.
• Fungos semelhantes a leveduras: produzem estrutura similar ao micélio
(aglomerado de hifas).
• Cândida albicans: candidíase ou moniliase.

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➢ As infecções: região geninal feminina e masculina¸ pele, boca, esôfago, vias
urinarias.
➢ A candidíase não costuma provocar quadros graves em pessoas com
sistema imunológico funcionante, todavia, em idosos, pacientes com doenças graves ou
indivíduos imunossuprimidos pode provocar infecções generalizadas e graves.
• Fungos filamentosos com micélio verdadeiro.
• Aspergillus fumigatus (família trichocomacese).
➢ É um fungo saprofita presente no ar atmosférico e habitante da mucosa
das vias respiratórias de animais.
➢ Agente etiológico da aspergilose.
Farmacos antifungicos – classificaçao
• Antibióticos antifúngicos: polienos equinocandinas.
• Fármacos si ntéticos: azói s e pirimidinas fluoradas.
ANTIBIOTICOS ANTIFUNGICOS - POLIENOS
• Anfotericina B: são AB antifúngicos (streptomyces nodosus).
• Química: macrolideo poliênico anfotérico.
• Apresenta muitos efeitos colaterais.
• Só é administrado em hospitais.
ANFOTERICINA B •
Mecanismo de ação: Suspensão coloidal e desoxicolato sódico. Sistema de l
iberação associado a lipídeos (complexos com lipossomos). Melhora a f armacocinética
e reduz efeitos adversos (ligação com o ergosterol). Seletividade parcial (liga-se ao
ergosterol presente na membrana celular fúngica). A anfotericina B quando entra em
contato com o fungo ela vai d estruir o ergosterol presente na parede cel ular, o
lipídeo do fungo, com isso ele morre. Mais afinidade ao ergosterol, mais liga-se a
outros esteróis (toxicidade). Seu lado rico em lig ação dupla aos lip ídeos e suas
hidroxilas ligam-se as fa ses aquosas abrindo poros na membrana (extravasamento
de íons e macromoléculas intracelulares).
• Aspecto farmacocinético: Usualmente injetável. Demora 15 dias para
metade s er excretado pelo corpo. (meia vida de 15 dias, 30 dias para sair
completamente do organismo). Pouco absorvidos oralmente (só é efetivo para
infecções do TGI). Fortemente ligada as proteínas plasmáticas. Pouca penetração na
BHE (aumenta na meningite). Eliminada lentamente pelos rins (meia vida de 15

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dias).
• Espectro de ação: AF de maior espectro.
Resistência: cândida lusitaniae e pseudallescheria boydii.
Usos clínicos:
Administração local, intratecal e sistêmica.
Pneumonia fúngica grave, meningite criptococica, sepse fúngica.
Obtida resposta clinica continua terapia com azois (toxicidade).
• Efeitos adversos:
Toxicidade renal (mais grave).
Hipocalemia e hipomagnesemia. (déficit eletrolítico).
Anemia (↓ eritropoetina pelas células renais lesadas).
Comprometimento da função hepática, trombocitopenia, reações anafiláticas,
tromboflebites locais (injeção).
Febres, calafrios, espasmos, vômitos e cefaleia (na infusão) – administrar
1mg IV (observar reações).
Neurotoxicidade (terapia intratecal).
Nistantina
Nistantina – isolada a partir de streptomyces noursei.
• Estrutura semelhante a anfotericina B.
• Medicamento encontrado na fo rma de pomada, creme e suspensão.
• Candidíase oral e volvovaginal.
• Orientação do uso da nistatina: Deve-se bochechar uma colher de sopa
3X ao dia por 7 a 14 dias. Orientar o paciente a não se alimentar ou beber água por
30min após o bochecho. Se candidíase oral – não engolir. Candidíase orofaríngea –
engolir.
• Efeitos colaterais para nistatina de engolir: Náuseas. Vomito. Diarreia.
Azois
Agentes fungi státicos sintéticos. Amplo espectro de atividade antifúngica.
Inibem a enzima fúngica 3ª do ci tocr omo P450. Responsável pela conversão do
lanosterol em ergosterol (principal esterol na membrana celular fúngica). Altera a
fluidez da membrana. Interfere na ação das enzimas associadas à membrana. Inibição
da replicação. Inibem a transformação da s células de levedura de cândida em hifas
(forma i nvasiva e patogênica do parasito). Depleção do ergosterol da membrana reduz
os locais de ligação da anfotericina.

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Cetoconazol
Primeiro azol com administração oral. Eficaz contra vários tipos de MO. Tóxico.
oRecidiva é comum depois do tra tamento aparentemente bem-sucedido. Bem a
bsorvido pelo TGI e a mplamente distribuído através do s tecidos e dos lí quidos
teciduais. Não atinge concentrações terapêuticas no SNC.
Metabolização hepática e excreção renal e na bile.
Meia-vida: 8 horas.
Efeitos adversos: toxicidade hepática, alterações GI e prurido. → Doses
elevadas: ginecomastia.
Interações: ciclosporina, astemizol, antagonistas dos receptores H2 de
histamina, antiácidos e rifampicina.
Posologia: 1 comp (200 mg) 1x ao d ia junto com uma refeição. → Resposta
clínica i nsuficiente: aumentar a dose para 2 comp 1 x ao di a. → Candidíase mucocutânea
crônica: 2 a 4 semanas
Fluconazol
Bem absorvido via oral ou IV. Concentrações elevadas no líquido
cefalorraquidiano e nos líquidos oculares. → Tratamento de meningites fúngicas.
Concentrações fungicidas também alcançam o tecido vaginal, a saliva, pele e unhas.
Excreção renal.
Efeitos adversos: náuseas, cefaleia e dor abdominal.
Posologia: dermatomicoses por cândidas. → Dose oral única semanal de 150 mg.
(2 a 4 semanas).
Itraconazol
Ativo contra uma série de dermatófitos. Administrado por via oral ou IV. Extensa
metabolização hepática. Não penetra no líquido cefalorraquidiano.
Efeitos adversos: hepatotoxicidade e síndrome de Stevens-Johnson, a
lterações G I, cefaleia e reações alérgicas na pele.
Miconazol
Administrado topicamente (como gel). Se o correr absorção sistêmica
significativa, as interações farmacológicas podem ser um problema. Meia-vida curta.
Inativado no fígado. Bem distribuído nos ossos, articulações e tecido pulmonar. Não
atravessa barreira hematoencefálica.
Efeitos adversos: a lterações do TGI, pruridos, discrasia sanguínea e
hiponatremia.

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→ Relatos isolados de lesão hepática.
Posologia: não usar em crianças menores que 6 meses.
→ Dose infantil (6 a 24 meses): 1 /4 colher de chá 4x ao dia.
→ 2 a nos e adultos: 1/2 colher d e chá (2,5 ml) 4x ao dia.
→ Cobrir a lesão (não comer nem beber por 30 min após a aplicação).
8.3 Fármacos Antivirais
Inibidores da neuraminidase viral
Tratamento de Influenza A: Reduzir duração dos sintomas e ocorrência de
complicações.
Mecanismo de ação: Bloqueiam a ação da neuraminidase viral, ou seja,
impedem a quebra da ligação entre ácido siálico e a hemaglutinina viral, inibindo que
ocorra a fase final da replicação viral (brotamento).
Oseltamivir : Fármaco de 1ª escolha; absorvido VO; pode ser adm para
crianças maiores de 1 ano; toxicidade inclui náusea e desconforto abdominal;
resistência ocorre por mutação da neuramidase viral.
Zanamivir Casos de intolerância GI grave, alergia ou resistência ao
Oseltamivir; Administrado via inalatória (não deve ser usado em asmáticos pelo risco
de broncoespasmo severo); pode ser adm para crianças > de 7 anos.
Inibidores da DNA polimerase viral
Mecanismo de ação: Inibição da DNA polimerase viral e interrupção da
cadeia nucleotítica Se liga na DNA polimerase viral, bloqueando o alongamento da
cadeia.
Resistência: Mutações nas enzimas virais timidilato quinase ou DNA polimerase
viral.
Toxicidade: Náusea, diarreia, prurido, dor de cabeça.
Aciclovir, Valaciclovir e Famciclovir: Tratamento de Herpesvírus simples e
varicela-zóster.
Ganciclovir e Valganciclovir: Tratamento de Citomegalovírus; pode causar
mielossupressão.
Foscarnet: Usado para CMV resistente à ganciclovir ou HSV resistente à
aciclovir; Nefrotoxicidade.
Inibidores da transcriptase reversa
ITRN - inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleosídeo
Lamivudina, Tenofovir, Abacavir, Zidovudina e Entecavir.

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Tratamento de HIV; Lamivudina e Tenofovir também são usados no tratamento
Hepatite B.
Mecanismo de ação: Fosforilados pelas células do hospedeiro, derivados
trifosfatados que são substratos para a transcriptase reversa, inibem a incorporação de
nucleotídeos, bloqueando a replicação do genoma viral. Apresentam baixa afinidade pela
DNA polimerase da célula hospedeira, mas podem inibir a DNA polimerase
mitocondrial.
Efeitos adversos: anemia, granulocitopenia, miopatia, neuropatia periférica,
pancreatite e acidose láctica.
ITRNN - inibidor da transcriptase reversa não análogo de nucleosídeo:
Efavirenz, Etravirina e Nevirapina.
Tratamento de HIV.
Mecanismo de ação: Ligam-se em uma cavidade alostérica hidrofóbica
longe do sítio catalítico Inibidores não competitivos da enzima. - Reduzem a
flexibilidade conformacional da enzima, fixando a enzima em uma conformação inativa.
Não inibem DNA polimerase humana. São todos substratos da CYP3A4. Rápido
aparecimento de resistência!
Inibidores de integrase (INI): merase humana. Tratamento de HIV.
Dolutegravir (contra-indicado no 1º trimestre em gestantes portadoras de
HIV pelo risco de má -formação congênita fetal) e Raltegravir (indicado em situação
de co-infecção com hepatite e TB).
Mecanismo de ação: Bloqueio da atividade catalítica da integrase, que integra o
DNA viral ao genoma do hospedeiro. Não existe enzima similar (uma integrase) na
célula hospedeira, a ssim os efeitos colaterais são mínimos.
Inibidores de protease (IP): Tratamento de HIV.
Ritonavir, Atazanavir, Liponavir e Darunavir.
Mecanismo de ação: IP são semelhantes a peptídeos, inibindo comp
etitivamente a aspartil protease viral, bloqueiam a maturação do vírus. - Não inibem as
aspartil proteases humanas. Uso com inibidores da transcriptase reversa. Combinação de
2 IP potencializa o efeito. O aparecimento de resistência é rápido, porém não tão
rápido quanto os inibidores não -nucleosídeos de transcriptase reversa.
Inibidores da fusão: Tratamento de HIV.
Enfuvirtida.
Mecanismo de ação: Se liga na glicoproteína viral gp-41 responsável pela

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ligação do vírus aos receptor na célula hospedeira, inibindo a fusão. Administração IV
ou subcutânea; administrada 2 x ao dia; apresenta alto custo. Apenas em casos de
resistência ou intolerância a outros fármacos.
Análogo de nucleosídeo Remdesevir.
Mecanismo de ação: Aná logo da adenosina trifosfato se liga na RNA
polimerase dependente de RNA do SARS-CoV-2 interrompe replicação viral.
Indicação: tratamento do COVID-19 em adultos e adolescentes (com idade
igual ou superior a 12 anos e peso m ínimo 40 Kg) com pneumonia que requerem
administração suplementar de oxigênio. A aplicação inicial recomendada é em dose
única, de 200mg, administrado por infusão intravenosa. A partir do segundo dia, a
dosagem é reduzida para 100mg e o máximo de tempo de uso contínuo indicado
são dez dias.
9 FÁRMACOS QUE AFETAM OUTROS SISTEMAS ORGÂNICOS
9.1Disfunção erétil, osteoporose e obesidade
A disfunção erétil (ED) ou impotência é uma disfunção sexual caracterizada pela
incapacidade de promover ou manter a ereção do pênis durante a atividade sexual. Uma
ereção peniana é o efeito hidráulico causado pela penetração e retenção de sangue no
corpo esponjoso, dentro do pênis. O processo é mais frequentemente iniciado como
resultado da excitação sexual, quando os sinais são transmitidos do cérebro para os nervos
no pênis. As causas orgânicas mais importantes de impotência são doenças
cardiovasculares, diabetes, problemas neurológicos (por exemplo, trauma de cirurgia de
prostatectomia), insuficiências hormonais (hipogonadismo) e efeitos adversos de
drogas.A impotência psicológica se dá quando a ausência de ereção ou penetração ocorre
devido a pensamentos ou sentimentos do paciente (razões psicológicas), e não em função
de uma impossibilidade física. Essa condição é mais frequente e também mais facilmente
tratada. Notavelmente, na impotência psicológica há uma forte resposta ao tratamento
com placebos.
Cabe destacar que a disfunção erétil pode ter graves consequências psicológicas,
uma vez que pode estar ligada a dificuldades de relacionamento e autoimagem
(masculina).Muitas vezes é possível tratar a disfunção erétil atacando suas causas
secundárias, como a deficiência de potássio ou a contaminação por arsênico. Contudo, o
tratamento de primeira escolha consiste nos fármacos inibidores da fosfodiesterase 5. Em
alguns casos, o tratamento pode envolver a administração de prostaglandina na uretra,
injeções diretas no pênis, a colocação de uma prótese peniana ou uma cirurgia vascular

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reconstrutiva.
A seguir estão listados os principais fármacos relacionados ao tratamento da
disfunção erétil.
• Sildenafila, tadalafila e vardenafila:
1 – Mecanismo de ação: inibem a fosfodiesterase 5 presente no corpo cavernoso
peniano, aumentando o fluxo de sangue mediante a estimulação sexual. A fosfodiesterase
5 degrada moléculas responsáveis pelo relaxamento da musculatura lisa dos vasos
penianos; dessa forma, a inibição dessa enzima promove um relaxamento mais acentuado
da vasculatura, aumentando o fluxo sanguíneo;
2 – Indicação: disfunção erétil e hipertensão pulmonar;
3 – Efeitos adversos: cefaleia, rubor, dispepsia, congestão nasal, distúrbios na
visão colorida. Pacientes com riscos cardiovasculares devem tomar esses fármacos com
cautela. É importante ressaltar também que esses medicamentos têm ação vasodilatadora
e podem causar interações medicamentosas nocivas quando administrados com outros
vasodilatadores (nitratos orgânicos), com antagonistas alfa-1 e com alguns antibióticos
(claritromicina e eritromicina).
Tratamento farmacológico da osteoporoseA osteoporose é uma doença que
diminui a resistência óssea, aumentando o risco de fraturas (sobretudo entre idosos). Os
ossos podem enfraquecer a tal ponto que um pequeno trauma pode levar a uma fratura,
ou ela pode ocorrer espontaneamente. Os ossos mais susceptíveis normalmente são os da
coluna vertebral, do antebraço e do quadril. Por ser assintomática, a osteoporose costuma
ser diagnosticada após a fratura óssea. A osteoporose pode se dar em razão de uma menor
mineralização e, consequentemente, aumento na perda óssea. Essa perda tende a
aumentar, nas mulheres, após a menopausa, devido a níveis mais baixos de estrogênio.
A osteoporose também pode ocorrer como consequência de uma série de doenças ou
tratamentos, incluindo alcoolismo, anorexia, hipertireoidismo, remoção cirúrgica dos
ovários e doença renal. Certos medicamentos também aumentam a taxa de perda óssea,
como alguns anticonvulsivantes, medicamentos quimioterápicos, inibidores da bomba de
próton, inibidores seletivos da recaptação da serotonina e esteroides. A falta de exercício
físico e o tabagismo também são fatores de risco. A osteoporose é definida como uma
diminuição na densidade óssea de 2,5 desvios-padrão abaixo da densidade óssea de um
adulto jovem. A prevenção da osteoporose inclui uma dieta adequada desde a infância,
além da evitação de medicamentos que propiciem essa condição; mudanças no estilo de
vida, como parar de fumar e não álcool, também podem ajudar. No caso de pessoas com

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osteoporose, a prevenção de fraturas se dá com base em uma dieta adequada, exercícios
físicos e prevenção de queda. Trata-se de uma patologia que se torna mais comum com o
avançar da idade: entre pessoas de 50 anos, cerca de 15% apresentam osteoporose; já
entre aquelas com 80 ou mais, esse valor sobe para 70%. Vale salientar que essa doença
é mais comum em mulheres do que em homens, e que indivíduos brancos e asiáticos
também apresentam maior predisposição a desenvolver essa enfermidade.
Fármacos usados no tratamento da osteoporose
A seguir estão listados os principais fármacos voltados para o tratamento da
osteoporose.
• Bisfosfonatos – os principais fármacos incluídos nessa categoria são os
derivados de pirofosfato (alendronato, risedronato, ibandronato e ácido zoledrônico).
1 – Mecanismo de ação: esses fármacos são capazes de diminuir a reabsorção
osteoclástica do osso por meio de vários mecanismos, como diminuição da formação dos
osteoclastos, ativação osteoclástica, aumento da apoptose osteoclástica e inibição da
biossíntese do colesterol (importante para a função osteoclástica); tais ações resultam em
um pequeno, porém gradual, ganho de massa óssea, pois os osteoblastos não são inibidos
pelos bisfosfonatos;
2 – Indicação: tratamento de distúrbios do remodelamento ósseo (como a
osteoporose), tratamento da doença de Paget, metástases ósseas e hipercalcemia dos
tumores;
3 – Efeitos adversos: diarreia, dor abdominal e dor musculoesquelética; podem,
às vezes, induzir esofagite e úlceras esofágicas.
• Calcitonina:
1 – Mecanismo de ação: reduz a reabsorção óssea;
2 – Indicação: é menos eficaz que os bisfosfonatos, porém auxilia o tratamento
em pacientes que sofreram recentemente fraturas ósseas, principalmente de vértebras;
3 – Efeitos adversos: rinite e sintomas de desconforto nasal (em razão da
administração do fármaco por via intranasal).
• Raloxifeno:
1 – Mecanismo de ação: modulador seletivo do receptor de estrógeno;
2 – Indicação: prevenção ou tratamento da osteoporose em mulheres em período
pós-menopausa (por apresentar baixo risco de câncer de mama e de tromboembolismo
pulmonar, pode ser indicado como alternativa para reposição hormonal pós-menopausa);
3 – Efeitos adversos: fogachos e câimbras nas pernas.

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• Teriparatida:
1 – Mecanismo de ação: é uma porção do paratormônio humano. Esse hormônio,
quando administrado continuamente, leva à dissolução do osso; contudo, se aplicado de
forma subcutânea uma vez ao dia, produz o efeito de síntese óssea; isso se deve ao fato
de aumentar a atividade do osteoblasto sem afetar a atividade dos osteoclastos. Dessa
forma, aumenta a densidade óssea espinhal, minimizando o risco de fraturas vertebrais
(vale ressaltar que esse é o único fármaco que estimula a formação óssea);
2 – Indicação: osteoporose e osteoporose induzida por glicocorticoides;
3 – Efeitos adversos: aumento do risco de osteossarcoma.
• Denosumabe:
1 – Mecanismo de ação: é um anticorpo monoclonal que bloqueia a ativação
osteoclástica;
2 – Indicação: tratamento de osteoporose em mulheres em etapa pós-menopausa
e com alto risco de fraturas;
3 – Efeitos adversos: aumento do risco de infecções, tumores secundários,
hipocalcemia e reações dermatológicas.
Tratamento farmacológico da obesidade
A obesidade é uma patologia caracterizada pelo excesso de gordura corporal
acumulada, com possíveis efeitos maléficos ao organismo. Um indivíduo é considerado
obeso quando seu índice de massa corporal (IMC), uma medida obtida pela divisão do
peso de uma pessoa pelo quadrado de sua altura, é superior a 30 kg/m2, sendo a faixa de
25-30 kg/m2 definida como a de um indivíduo com sobrepeso.
Trata-se de uma enfermidade geralmente causada pela combinação de ingestão
alimentar excessiva, falta de atividade física e susceptibilidade genética, no entanto, em
alguns casos, pode ser ocasionada por genes, distúrbios endócrinos, medicamentos ou
doenças mentais. A obesidade aumenta a probabilidade de várias doenças: diabetes tipo
2, apneia obstrutiva do sono, osteoartrose, depressão, certos tipos de tumores e,
particularmente, doenças cardíacas. A visão de que as pessoas obesas comem pouco e
ainda ganham peso pelo fato de ter um metabolismo lento muitas vezes não corresponde
à realidade: em média, as pessoas obesas têm um gasto de energia maior que as pessoas
magras, em razão da energia necessária para manter sua massa corporal acima da média.
A obesidade pode ser evitada através de uma combinação de mudanças sociais e
escolhas pessoais; as alterações com relação a dieta e a exercício físico são os principais
tratamentos para essa patologia. A qu ali da de da dieta pode ser melhorada por meio da

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redução do consumo de alimentos ricos em energia (como aqueles com alto teor de
gordura e açúcares) e do aumento da ingestão de fibra dietética. Medicamentos podem
ser administrados juntamente com uma dieta adequada, para reduzir o apetite ou diminuir
a absorção de gordura. Se a dieta, o exercício e a medicação não forem eficazes, poderão
ser cogitados o uso de um balão gástrico ou a realização de uma cirurgia; dessa forma,
será possível reduzir o volume do estômago (ou o comprimento do intestino), levando o
paciente a sentir-se saciado com uma menor quantidade de alimentos ou obter a
capacidade de absorver menos nutrientes dos alimentos.
Nos dias atuais, a obesidade é a principal patologia com causas evitáveis de morte
em todo o mundo, com taxas crescentes em adultos e crianças. Em todo o mundo em
2014, 600 milhões de adultos (13% da população) e 42 milhões de crianças menores de
cinco anos eram obesos. A obesidade é mais comum em mulheres do que em homens e,
embora já tenha sido vista como um símbolo de riqueza e fertilidade em outros momentos
da história (e ainda seja vista assim em algumas partes do globo), trata-se de uma doença
bastante estigmatizada em grande parte do mundo moderno (particularmente no mundo
ocidental).
9.2 Hormônios da tireoide
Os distúrbios envolvendo a tireoide afetam a função da glândula (o órgão
endócrino encontrado na frente do pescoço).
Os principais distúrbios tireoidianos são:
• hipotireoidismo (baixa função): causado pela ausência da quantidade adequada
de hormônios tireoidianos;
• hipertireoidismo (alta função): é o caso oposto; trata-se do excesso de
hormônios tireoidianos;
• anormalidades estruturais que levam ao aumento da glândula tireoide;
• tumores, que podem ser benignos ou malignos. Os sintomas mais comuns do
hipotireoidismo incluem fadiga, baixa energia, ganho de peso, incapacidade de tolerar o
frio, ritmo cardíaco lento, pele seca e constipação. Os sintomas comuns do
hipertireoidismo incluem irritabilidade, perda de peso, batimentos cardíacos acelerados,
intolerância ao calor, diarreia e aumento da tireoide. Em ambas as patologias pode surgir
um inchaço de uma parte do pescoço, conhecido como bócio.
O diagnóstico muitas vezes pode ser feito através de testes laboratoriais, sendo
analisados, para tanto, os níveis do hormônio estimulante da tireoide (TSH), que estão
geralmente abaixo do normal no caso do hipertireoidismo e acima do normal no

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hipotireoidismo. Outro teste útil de laboratório é o da tiroxina (ou T4 livre); já os níveis
de tri-iodotironina total e livre (T3) são menos utilizados. Também pode ser pesquisada
a presença de autoanticorpos antitireoide. Nessa situação, um número elevado de
anticorpos de antitiroglobulina e antitireoide são comumente encontrados no
hipotireoidismo de Hashimoto; no hipertireoidismo causado pela doença de Graves, são
encontrados anticorpos do receptor de TSH. Procedimentos como ultrassom, biópsia e
varredura com iodo radioativo também podem ser usados para ajudar no diagnóstico.
O tratamento da doença da tireoide varia com base no tipo de enfermidade. A
levotiroxina é o principal suporte do tratamento para pessoas com hipotireoidismo,
enquanto as pessoas com hipertireoidismo causado pela doença de Graves podem ser
tratadas com terapia com iodo, medicação antitireoidiana ou remoção cirúrgica da
glândula tireoide. Uma cirurgia também pode ser realizada para remover um bócio
obstruindo estruturas próximas ou mesmo um nódulo (ou lóbulo) da tireoide, para biópsia.
O hipotireoidismo afeta 3%-10% dos adultos, com uma maior incidência em
mulheres e idosos. Estima-se que um terço da população mundial atualmente viva em
áreas com baixos níveis de iodo na dieta, tornando essa deficiência a causa mais comum
de hipotireoidismo e bócio endêmico. Em regiões com grave deficiência de iodo a
prevalência de bócio é tão alta que chega a 80%, ao passo que em áreas onde a deficiência
de iodo não é encontrada o tipo mais comum de hipotireoidismo é um subtipo autoimune
chamado tireoidite de Hashimoto, com uma prevalência de 1%-2%. Quanto ao
hipertireoidismo, a doença de Graves, outra condição autoimune, é o tipo mais comum,
com prevalência de 0,5% nos homens e 3% nas mulheres. Embora os nódulos tireoidianos
sejam comuns, o câncer de tireoide é raro, sendo responsável por menos de 1% de todos
os cânceres no Reino Unido (embora seja o tumor endócrino mais comum e constitua
mais de 90% de todos os cânceres das glândulas endócrinas).
Os hormônios tireoidianos facilitam o crescimento normal e a regulação adequada
do metabolismo nos tecidos. Os dois principais hormônios são a tri-iodotironina (T3) e a
tiroxina (T4). A T3 e a T4 precisam dissociar-se das proteínas plasmáticas ligadoras de
tiroxina antes de entrar nas células, por difusão ou por transporte ativo. Na célula, a T4 é
desiodinada e vira T3, que é transportada ao núcleo e se liga a receptores específicos. A
ativação desses receptores promove a síntese proteica.
Fármacos utilizados no tratamento do hipotireoidismo
O hipotireoidismo em geral resulta da destruição autoimune da glândula e é
diagnosticado pelo alto nível de TSH. Essa enfermidade pode ser tratada com

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levotiroxina (T4), um fármaco administrado uma vez ao dia devido a sua longa meia-
vida, e o estado de equilíbrio é alcançado em 8 semanas. A toxicidade depende dos níveis
de T4 e se manifesta por meio de nervosismo, palpitações cardíacas e taquicardia,
intolerância ao calor e perda inexplicada de massa corporal.
Fármacos utilizados no tratamento do hipertireoidismo
Quantidades excessivas de hormônios tireoidianos na circulação levam a uma
diminuição no nível de TSH plasmático devido à retroalimentação negativa. O objetivo
do tratamento é diminuir a síntese e a liberação desse hormônio em quantidade excessiva,
o que pode ser obtido por meio da remoção parcial ou total da glândula, inibindo, assim,
a síntese do hormônio ou bloqueando a sua liberação na corrente sanguínea.
A seguir estão listados os principais fármacos dessa classe.
• Propiltiouracil:
1 – Mecanismo de ação: inibidor da síntese dos hormônios tireoidianos; também
age inibindo a conversão de T4 em T3;
2 – Indicação: hipertireoidismo (tirotoxicose);
3 – Efeitos adversos: agranulocitose, urticárias e edema.
• Propranolol:
1 – Mecanismo de ação: bloqueador não seletivo dos receptores beta-
adrenérgicos;
2 – Indicação: crise tireóidea (essa condição apresenta sintomas extremos de
hipertireoidismo, e os betabloqueadores são indicados para controlar a estimulação
simpática generealizada que caracteriza essa crise);
3 – Efeitos adversos: os efeitos adversos dos betabloqueadores não seletivos já
foram descritos.
• Iodeto:
1 – Mecanismo de ação: inibe a iodinação das tirosinas durante a síntese dos
hormônios tireoidianos, mas esse efeito dura poucos dias; inibe também a liberação dos
hormônios da tiroglobulina por mecanismos ainda desconhecidos;
2 – Indicação: crise tireóidea ou prévio à cirurgia;
3 – Efeitos adversos: desprezíveis
9.3 INSULINA E FÁRMACOS HIPOGLICEMIANTES ORAIS
O diabetes mellitus (DM) é um conjunto de doenças metabólicas que apresentam
como característica principal hiperglicemia por longos períodos. Os sintomas da
hiperglicemia incluem micção frequente (poliúria) e intensificação das sensações de sede

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e fome. Se não for tratado, o diabetes poderá causar muitas complicações, como
complicações agudas da cetoacidose diabética, coma hiperosmolar não cetótico ou morte.
Outras complicações graves a longo prazo incluem doença cardíaca, acidente vascular
cerebral, insuficiência renal crônica, úlceras de pé e danos aos olhos. O diabetes surge
devido à incapacidade do pâncreas de produzir uma quantidade suficiente de insulina ou
às células do corpo não responderem adequadamente à insulina produzida (resistência
periférica à insulina). Existem três tipos principais de diabetes mellitus:
• DM tipo 1 – Atinge principalmente adolescentes e se caracteriza pela falta
absoluta de insulina causada por uma lesão intensa das células produtoras de insulina no
pâncreas (células beta). A necrose pode ter relação com causas autoimunes, infecções ou
toxicidade de substâncias, e, como resultado dessa necrose, o pâncreas deixa de responder
à glicemia e os sintomas clássicos surgem.
• DM tipo 2 – Tem início com a resistência à insulina, uma condição em que as
células não respondem à insulina adequadamente. A maioria dos diabéticos tem o tipo 2,
que é determinado por fatores genéticos, idade e obesidade. As perturbações metabólicas
são mais sutis do que as observadas no diabetes tipo 1, mas as consequências clínicas a
longo prazo são igualmente importantes. Como a doença é crônica, há uma progressão
gradual que pode resultar também em uma deficiênica na produção de insulina pelo
pâncreas.
• Diabetes gestacional – É a terceira forma principal e ocorre quando mulheres
grávidas e sem histórico prévio de diabetes apresentam hiperglicemia durante a gravidez,
havendo um total restabelecimento após o parto.
A prevenção e o tratamento dessa enfermidade envolvem dieta saudável, exercício
físico regular, peso corporal adequado e abolição de tabaco. O controle da pressão arterial
e a manutenção do cuidado adequado dos pés são importantes para as pessoas portadoras
dessa doença. O DM tipo 1 deve ser tratado com injeções de insulina; o DM tipo 2 pode
ser tratado com medicamentos com ou sem insulina associada.
A insulina é um hormônio polipeptídico sintetizado como precursor (pró-
insulina), e sua secreção é regulada não só pelos níveis sanguíneos de glicose, mas
também por certos aminoácidos, outros hormônios e mediadores autonômicos. A
secreção é mais acentuada e importante quando há hiperglicemia. A glicose no sangue é
captada pelas células beta pancreáticas e rapidamente metabolizada, gerando altos níveis
de ATP (adenosina trifosfato) nessas células. Tal aumento de ATP leva ao bloqueio dos

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canais de K+, levando à despolarização da membrana e à internalização de Ca2+,
responsável pela exocitose pulsátil da insulina do interior da célula.
Insulinoterapia
A insulina é degradada no trato gastrointestinal e, portanto, está descartado seu
uso por via oral, sendo administrada geralmente por via subcutânea. As preparações de
insulina variam nos seus tempos de início e de duração de ação, o que se deve às
diferenças na sequência de aminoácidos dos polipeptídios. A dose, o local da injeção, a
vascularização, a temperatura e a atividade física, por exemplo, podem afetar a duração
da ação de várias preparações. A insulina é degradada principalmente pelo fígado e pelos
rins, que apresentam enzimas próprias para essa metabolização. O quadro a seguir resume
o início de ação, o tempo até o pico e a duração de ação de vários tipos de insulina
atualmente em uso (a sigla NPH significa “insulina protamina neutra de Hagedorn”).
Preparações de insulina de ação rápida ou curtaAs preparações de insulina de ação
rápida são: insulina regular, insulina lispro, insulina asparte e insulina glulisina. Veja a
seguir mais detalhes sobre cada uma delas.
• Insulina regular: é uma insulina de zinco cristalina, em geral administrada por
via subcutânea, que reduz rapidamente a glicemia.
• Insulina lispro: por via subcutânea, tem uma absorção mais rápida que a insulina
regular, agindo, consequentemente, de forma mais veloz. Os picos de insulina lispro são
observados de 30 a 90 minutos após a injeção, e sua administração deve ser feita 15
minutos antes ou imediatamente após as refeições.
• Insulina asparte e insulina glulisina: apresentam propriedades cinéticas e
dinâmicas similares à da insulina lispro. São administradas para imitar a liberação
prandial de insulina e geralmente não são usadas sozinhas, mas associadas a uma outra
insulina, de longa duração, para garantir o controle adequado da glicemia. Uma diferença
importante entre as duas é o momento de administração: a insulina glulisina deve ser
tomada 15 minutos antes ou dentro de 20 minutos após iniciada a refeição; já a insulina
asparte deve ser administrada imediatamente antes ou até 15 minutos após a
refeição.Preparações de insulina de ação intermediáriaA insulina neutra com protamina
de Hagedorn (insulina NPH) é uma suspensão de insulina de zinco cristalina associada
em pH neutro a uma proteína de carga positiva, a protamina. Sua ação é intermediária
devido à lenta absorção da insulina em conjugação com a protamina. A insulina NPH só
deve ser administrada por via subcutânea (nunca IV) e é útil no tratamento de todas as
formas de diabetes, exceto o diabetes cetoacidótico e a hiperglicemia de emergência. Ela

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é utilizada para controle basal e geralmente associada à insulina de ação
rápida.Preparações de insulina de ação prolongadaQuanto à insulina de ação prolongada,
há duas preparações utilizadas: insulina glargina e insulina detemir.
• Insulina glargina: apresenta poder alto de precipitação após injetada (a
administração é subcutânea), o que ocasiona o prolongamento de sua ação. Seu início é
mais lento do que o da insulina NPH e apresenta um efeito hipoglicêmico achatado e
prolongado sem pico.
• Insulina detemir: essa insulina tem a adição de um ácido graxo que aumenta sua
associação com a albumina. A lenta dissociação da albumina resulta em propriedades de
longa ação semelhantes às da insulina glargina. Nem a insulina detemir nem a insulina
glargina devem ser misturadas na mesma seringa com outras insulinas, pois isso pode
alterar suas propriedades farmacodinâmicas e farmacocinéticas
Fármacos hipoglicemiantes orais
Esses fármacos são úteis no tratamento de pacientes com diabetes tipo 2, mas que
não conseguem controlar a doença apenas com dietas. Pessoas que desenvolvem o
diabetes após os 40 anos e que têm apenas 5 anos do início de tratamento respondem
melhor aos hipoglicemiantes orais. Pacientes com a doença há mais de 5 anos em
tratamento devem associar os hipoglicemiantes orais à insulinoterapia. Esses fármacos
não devem ser utilizados em pacientes com diabetes tipo 1. Os hipoglicemiantes orais
podem ser classificados, de acordo com seu mecanismo de ação, em secretagogos de
insulina, sensibilizadores à insulina, inibidores da alfa-glicosidase e inibidores da
dipeptidil peptidase IV.Secretagogos de insulinaEsses fármacos promovem a liberação
de insulina das células beta do pâncreas.
Os principais fármacos dessa categoria são as sulfonilureias, como glibenclamida,
glipizida e glimepirida, e as glinidas, como repaglinida.
1 – Mecanismo de ação: bloqueadores de canais de K+ sensíveis ao ATP. Essa
inibição leva à despolarização das membranas das células beta pancreáticas, o que resulta
em aumento da exocitose da insulina. Além disso, reduzem a produção de glicose pela
gliconeogênese hepática e aumentam a sensibilidade periférica à insulina;
2 – Indicação: são recomendados para diabetes tipo 2 e gestacional;
3 – Efeitos adversos: aumento de massa corpórea, hiperinsulinemia e
hipoglicemia; devem ser administrados com cautela a pacientes com insuficiência
hepática e renal.Sensibilizadores à insulinaDuas classes de hipoglicemiantes orais, as

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biguanidas e as tiazolidinadionas (glitazonas), melhoram a resposta da insulina, não
interferindo em sua liberação pelo pâncreas.
• Biguanidas: metformina.
1 – Mecanismo de ação: redução do débito hepático e da glicose, inibindo a
gliconeogênese hepática. Retarda a absorção intestinal de glicose e melhora sua captação
e uso periférico. Também é capaz de diminuir modestamente a hiperlipidemia.
Geralmente esses efeitos são sentidos após 8 semanas de uso. Há redução de massa
corporal por inibição do apetite;
2 – Indicação: é o fármaco de primeira escolha para pacientes que iniciam o
tratamento de diabetes tipo 2;
3 – Efeitos adversos: distúrbios gastrointestinais (é contraindicada para
pacientes com doenças hepáticas e renais, infartos cardíacos, insuficiência cardíaca
congestiva e infecção grave e, a longo prazo, interfere na absorção da vitamina B12).
• Glitazonas: pioglitazona.
1 – Mecanismo de ação: são potencializadores da resposta periférica da insulina.
Seu mecanismo de ação não está elucidado, porém sabe-se que promovem maior
sensibilidade à insulina no tecido adiposo, no fígado e no músculo esquelético. São
capazes de melhorar a hiperglicemia, a hiperinsulinemia e a hipertriacilglicerolemia. Não
há interferência nos níveis de LDL, mas aumentam o HDL;
2 – Indicação: são os fármacos de segunda escolha para pacientes que não
respondem à metformina;
3 – Efeitos adversos: aumento de massa corporal e retenção de líquidos. São
contraindicados na insuficiência cardíaca devido ao efeito de retenção hídrica. Podem
provocar osteopenia e aumento de fraturas ósseas. Provocam, ainda, o reinício da
ovulação em algumas mulheres que não ovulam mais.
Inibidores da alfa-glicosidase
A acarbose e o miglitol são os fármacos pertencentes a essa classe terapêutica.
1 – Mecanismo de ação: ingeridos no início das refeições, retardam a digestão
dos carboidratos, resultando em níveis glicêmicos pós-prandiais mais baixos. São
inibidores reversíveis da alfa-glicosidase intestinal. Não atuam estimulando a liberação
de insulina nem aumentam sua resposta periférica;
2 – Indicação: são usados no tratamento de diabetes tipo 2 em pacientes que
apresentam perfil hiperglicêmico pós-prandial;

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3 – Efeitos adversos: flatulência, diarreia e cólicas intestinais (pacientes com
distúrbios intestinais devem evitar o uso desses fármacos).Inibidores da dipeptidil
peptidase IV (DPP-IV).
São exemplos de fármacos pertencentes a essa classe a sitagliptina e a
saxagliptina.
1 – Mecanismo de ação: inibem a DPP-IV responsável pela inativação dos
hormônios incretina e peptídeo 1 similar ao glucagon (GLP-1). O aumento nos níveis
desses hormônios promove um acréscimo na liberação de insulina em resposta à refeição
(esses fármacos são mais efetivos quando associados a outros hipoglicemiantes orais);
2 – Indicação: na monoterapia ou associados a outros hipoglicemiantes orais no
tratamento da diabetes tipo 2;
3 – Efeitos adversos: nasofaringite e cefaleia.
9.4ANTICONCEPCIONAIS
O controle de natalidade, também conhecido como contracepção e controle de
fertilidade, é um método ou dispositivo utilizado para prevenir a gravidez. O controle de
natalidade tem sido usado desde tempos antigos, mas métodos eficazes e seguros só se
tornaram disponíveis no século XX. Planejar, disponibilizar e usar o controle de
natalidade é chamado de planejamento familiar. Algumas culturas limitam ou
desencorajam o acesso ao controle de natalidade porque o consideram moralmente,
religiosamente ou politicamente indesejável.
Há muitos fármacos disponíveis para essa função, lançando mão, para tanto, de
mecanismos diversos, como prevenir a ovulação, impedir a gametogênese, inibir a
maturação dos gametas ou interferir na gestação. As principais classes de contraceptivos
são apresentadas a seguir.
• Contraceptivos orais: medicamentos contendo a associação entre um estrogênio
e um progestógeno. A principal associação contém uma dose constante de estrogênio e
progestógeno administrada durante 21 dias e seguidos de 7 dias de placebo; o
sangramento ocorre durante o intervalo sem hormônio. O estrogênio mais comumente
empregado é o etinilestradiol, e os progestógenos mais comumente usados são
noretindrona, norgestrel, levonorgestrel, desogestrel e drospirenona. Trata-se de fármacos
altamente eficazes para a contracepção.
• Adesivo transdérmico: adesivos que contêm etinilestradiol e norelgestromina.
Um adesivo deve ser aplicado semanalmente, durante 3 semanas, no abdômen, no dorso
superior ou nas nádegas. Tem uma eficácia comparável à dos contraceptivos orais. Esse

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método de aplicação, no entanto, aumenta o risco de tromboembolismo.
• Anéis vaginais: um anel contendo etinilestradiol e etonogestrel é inserido na
vagina, onde permanece por 3 semanas. Na quarta semana, o anel deve ser retirado,
ocorrendo, então, o sangramento. Tem eficácia semelhante à dos contraceptivos orais,
porém, às vezes, pode desprender-se do local e ser expelido acidentalmente.
• Pílulas apenas com progestógenos: são pílulas que podem ser administradas em
uso contínuo. Têm eficácia menor que os contraceptivos associados. Podem ser receitadas
a mulheres que estejam amamentando, porém causam alterações no ciclo menstrual.
• Progestógenos injetáveis: contraceptivos administrados por via subcutânea ou
intramuscular que podem ser aplicados a cada três meses e contêm medroxiprogesterona.
Esses fármacos costumam levar a um aumento de massa corpórea, podendo ocasionar
também amenorreia e predispor a osteoporose ou fraturas. Não devem ser utilizados por
mais que dois anos.
• Implantes de progestógenos: implantes subdermais contendo etonogestrel que
propiciam uma contracepção de longa duração (aproximadamente três anos). Devido ao
fato de não ser necessária a contribuição diária do paciente, apresenta uma eficácia maior
que os contraceptivos orais. Contudo, algumas mulheres podem apresentar cefaleia e
alteração do ciclo menstrual.
• Dispositivo intrauterino com progestógeno: consiste em um dispositivo
intrauterino com levonorgestrel. Esse método apresenta alta eficácia na contracepção e é
de longa duração, tendo validade por 5 anos.
• Contracepção pós-coital: a contracepção pós-coito (ou de emergência) reduz a
probabilidade de gestação para algo em torno de 0,2% a 3%. A contracepção de
emergência usa altas doses de estrogênio (etinilestradiol) e de progestógeno
(levonorgestrel) e precisa ser administrada até 72 horas após o coito sem proteção (pílula
do dia seguinte). Para maior eficácia, uma segunda dose deve ser administrada após 12
horas da primeira dose. Cabe destacar que a eficácia do método é maior quanto mais cedo
ingerido o fármaco. A mifepristona também pode ser utilizada como contraceptivo de
emergência.
Efeitos adversos dos contraceptivos
A maioria dos efeitos adversos é atribuída ao componente estrogênico. Dentre os
principais efeitos adversos constam: repleção da glândula mamária, depressão, retenção
de líquidos, cefaleia, náuseas e êmese. Embora seja raro, pode haver distúrbios
cardiovasculares (principalmente tromboembolismo).

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
FUCHS, F. D. & Farmacologia clinica: fundamentos da terapêutica racional. 4.
Ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2010.
Farmacologia. Rang, H.P, Dale, M.M. Editora Guanabara koogan, 5° edição,
2004.
Farmacologia Humana, Brody, Editora Elsevier, 4° edição, 2006.
Farmacologia Básica e Clínica. Katzung, B. G. Editora Guanabara koogan, 10°
edição, 2010.
Farmacologia. Silva, Penildon. Editora Guanabara koogan, 7° edição, 2010.

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