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Caros alunos e alunas,
Esse exercício não é tão simples ou fácil como pode aparentar.
I. Ao responder as três primeiras questões (tema-problema-hipótese), você já
terá nas mãos o objeto de pesquisa. Com ele você não irá se perder no caminho
da investigação científico-jurídica (e filosófica). Tendo um objeto de pesquisa
claramente delineado, por um lado, você não se perderá no caminho (odos) da
coleta dos dados, selecioná-los e interpretá-los. Por outro lado, não se perderá
no caminho (odos) da construção de sua arguição na defesa de sua proposição-
tese (esta virá na superação da hipótese, uma vez justificada pelos dados
levantados e alinhavados argumentativamente).
Vale ressaltar que objeto de pesquisa não se reduz ao tema ou assunto de uma
pesquisa. Essa é uma forma equivocada muito comum, mesmo em autores de
obras de metodologia. Ele se refere propriamente ao binômio problema-
hipótese, estabelecido sob o enquadramento de um modelo teórico-conceitual
em relação a um determinado tópico que se extrai de um determinado contexto
temático, submetido à problematização.
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Figura 1 - Tríplice dimensão do objeto da pesquisa científico-jurídica e seus respectivos domínios epistêmicos
segundo Prof. Dr. Bianco Zalmora Garcia
Figura 2 - Tríplice diferenciação das hipóteses e respectivas pretensões de validade resgatáveis discursivamente na
pesquisa científico-jurídica segundo Prof. Dr. Bianco Zalmora Garcia
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II. No momento inicial, a construção do objeto de pesquisa se dá intuitivamente,
mas para que possa delineá-lo e defini-lo com precisão e clareza, será necessário
aprofundar a revisão bibliográfica ou revisão sistemática de literatura.
A revisão sistemática de literatura - dentro dos limites do campo temático -
tem duas funções interdependentes: primeira, a de aprofundar o conhecimento
sobre as diferentes interfaces desse campo, suas interconexões e suas relações
com o contexto prático, tendo por intuito identificar, delimitar e especificar o
tópico que será submetido à problematização; segunda, a de explicitar e se
apropriar, nas teorizações anteriores acerca desse tópico, as principais
categorias conceituais (aportes teórico-conceituais) que, uma vez alinhavadas
coerentemente, constituirão a plataforma teórica – mais especificamente, a
teoria - sobre a qual você realizará sua pesquisa (modelo analítico-conceitual da
pesquisa).
Cabe ressaltar que o objeto de pesquisa não se constrói no vazio teórico,
tampouco dissociado da prática. Em outras palavras, não se desenvolve
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III. A partir do delineamento do objeto (tópico-problema-hipótese) será
determinado o propósito da pesquisa (objetivo geral). Para realizar esse
propósito será necessário estabelecer as estratégias metodológicas adequadas
para operacionalizar, de acordo com os objetivos específicos, a coleta, seleção e
análise dos dados, de modo a submetê-los a um tratamento hermenêutico-
crítico até a estruturação lógico-argumentativa da dissertação orientada para a
demonstração da hipótese levantada em relação ao problema fundante da
pesquisa. Eis a quinta questão, a das estratégias metodológicas para a
operacionalização da pesquisa. Convém destacar que, no âmbito jusfilosófico
ou propriamente filosófico, a pesquisa é essencialmente teórica.
Importa que você não se perca no caminho da construção de sua arguição na
defesa (demonstração) de sua proposição-tese. Só se chega à proposição-tese
na superação da hipótese, quando justificada, de modo rigoroso e consistente
(isto é, sob o enquadramento do modelo teórico-conceitual), pelos dados
suficientemente levantados e alinhavados argumentativamente na redação da
monografia.
Os dados, por si próprios, não possuem o condão de serem interpretados e
alinhavados na elaboração da Dissertação. Sem a mediação teórica na
orientação demonstrativa da pesquisa, os dados não “falam” por si. Isso vale
para as fontes da pesquisa teórica de natureza jusfilosófica ou filosófico-política.
De acordo com o propósito demonstrativo que orienta o desenvolvimento da
pesquisa (em relação ao objeto), todos os dados levantados estão relacionados
com as variáveis estabelecidas na questão-chave (problema) e da
correspondente hipótese. Os dados coletados são submetidos à análise e
interpretação nos estudos de natureza exploratória, analítico-descritiva e
explicativa para sustentar a relação dessas variáveis. Somente assim se atinge o
nível demonstrativo da pesquisa: a redação da dissertação.
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IV. Uma última questão, que não foi formulada no exercício, refere-se à
justificação da pesquisa, conforme figura 6. Vamos discutir essa questão
durante a aula.
Figura 7 - Justificação da Pesquisa Científico-Jurídica segundo Prof. Dr. Bianco Zalmora Garcia
⧫ GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2002. Cap. 1 – Como encaminhar uma pesquisa? Cap. 2 - Como formular
um problema de pesquisa? Cap. 3 - Como construir hipóteses?
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ANEXO I
RESUMO TÉCNICO DA DISSERTAÇÃO [Em construção]
De antemão, sobre o resumo, convém esclarecer algumas diferenciações
importantes:
Em primeiro lugar, não se pode confundir o resumo simples de um artigo
científico destinado à publicação em algum periódico especializado com o
resumo técnico de uma proposta de pesquisa científica e de apresentação dos
resultados de uma pesquisa científica. Trata-se de um equívoco muito comum
concebê-lo como uma análise preliminar ou uma mera descrição abreviada da
temática a ser abordada na pesquisa proposta.
Na redação científica (especificamente para a dissertação de mestrado ou tese
de doutorado), o resumo técnico refere-se ao documento que apresenta os
resultados de um estudo para disseminação junto à comunidade científica e/ou
para a avaliação de uma Banca Examinadora. Esse documento apresenta tema
único e bem delimitado em sua extensão e tem por objetivo reunir, analisar e
interpretar informações ou dados levantados em um determinado campo de
conhecimento.
Em segundo lugar, o resumo técnico não pode ser reduzido a uma exposição
genérica e abreviada da introdução do texto científico (dissertação ou tese). Isso
se aplica também para o resumo do artigo científico para fins de publicação.
Esse, por sua vez, apresenta-se mais enxuto do que o resumo técnico de uma
dissertação ou tese destacando, de modo geral, o objeto e a metodologia,
atendo-se ao conteúdo.
Em terceiro lugar, para o resumo técnico de uma dissertação ou tese exige-se
que seu conteúdo seja de natureza demonstrativa. Portanto, deve fornecer os
elementos relativos ao objeto de pesquisa (tópico/problema/hipótese) e ao
propósito demonstrativo da investigação, as principais categorias conceituais
contidas na matriz analítico-conceitual (plataforma teórica) e todas as demais
informações necessárias para uma avaliação do texto apresentado.
O resumo técnico de uma dissertação ou tese deve responder às seguintes
questões: Qual o objeto de pesquisa (o problema e a respectiva enunciação
proposicional da hipótese)? Qual paradigma e aportes analítico-conceituais
constituem a plataforma teórica da pesquisa? Qual a modalidade da pesquisa e
procedimentos que sustentam o trabalho apresentado (pesquisa teórica,
pesquisa empírica, pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa
histórica, etc.)? Mediante quais procedimentos metodológicos e técnico-
operacionais foram utilizados para a consecução do objetivo geral do trabalho?
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OBJETO DE PESQUISA
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
MODELO ANALÍTICO-CONCEITUAL
METODOLOGIA