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INTRO

ARQ_URB
Prof. Sérgio Rivero
O que é arte, Arquitetura é arte?
O objeto cultural fotografado
a seguir é arte?
E o objeto cultural exposto a seguir?
E estes?
E estes?
A arte surge como “um auxílio mágico à
dominação de um mundo real
inexplorado”...
Se religião, ciência e arte eram
combinadas numa espécie de magia, a
arte passa a exercer o “papel de
clarificação das relações sociais, ao
papel de iluminação dos homens em
sociedades que se tornavam opacas”,
resultado de uma realidade, na maioria
das vezes, muito árida.
A arte então teria duas funções, a de
atender uma classe destinada a
transformar o mundo, no sentido de
“esclarecer e incitar à ação” e, ao
mesmo tempo, capaz de, “em todas as
suas formas de desenvolvimento, na
dignidade e na comicidade, na
persuasão e na exageração, na
significação e no absurdo, na fantasia e
na realidade, a arte tem sempre um
pouco a ver com a magia” (aspecto
simbólico, metafórico forte).
A arte
existe
porque a
vida não
basta
(Ferreira
Gullar)
Uma visão contemporânea da arte...
pág. 11 a 28
O autor avalia duas obras adquiridas
por museus, “3jolos” e “fila”,
espaçadas em 30 anos, 1972 e 2002,
e se surpreende com o silêncio da
mídia, no segundo momento...
A explicação reside no dinheiro.
Além de um inves3mento de vários
Países na construção e
requalificação de museus, surgiu
uma classe de inves3dores em arte,
inves3ndo nos “ar3stas vivos”, com
a “qualidade” que apresentam...
Arte é arte?
Good Feelings in Good Times 2007
Roman Ondák
Destaca o artista plástico Jeff Koons que
criou “Puppy” e “explode” no mercado de
arte depois desta obra... Assim como ele,
vários artistas ficaram ricos.
A mudança se deve também a uma nova
geração, de artistas e compradores, que
busca uma arte que espelhe seu tempo.
Alegre, jovial, colorida...
Se a compreensão desta arte torna-se um
desafio, não importa se ela é boa ou má,
o que importa é “compreender onde e
porque ela se encaixa na história da arte
moderna.”
Puppy
(1992)
Jeff Koons
Balloon Dog
1994
Jeff Koons
Campbell’s Soup Cans - 1962
Andy Warhol
The Physical Impossibility of Death
in the Mind of Someone Living
Damien Hirst
Duchamp sinaliza o que o futuro
traria ao mundo da arte: não importa
mais o meio pela qual a arte é
produzida, mas a ideia que a geraria.
O prazer esté3co, formal fica com o
designer. “Em essência, arte podia
ser qualquer coisa desde que o
ar3sta dissesse que sim. Era uma
grande ideia.”
A arte está, portanto, na ideia, não
no objeto. Nasce o Conceitualismo.
DUCHAMP...
Fountain
1917
Marcel
Duchamp
Para entender o artista na contemporaneidade...
Arte imitativa?
O senso comum repudia o artista (mal
sucedido), possivelmente sob a influência
de uma visão Platônica (Platão/Grécia)
que “expulsa” o artista da cidade (A
República) e que questiona a “cópia da
realidade”...
Por outro lado, Aristóteles, discípulo de
Platão, valoriza a expressão artística
(catarse) e exalta a importância da cópia
da realidade (Poética).
Assim, o senso comum (mainstream) ainda
valoriza o artista quanto mais hiper-
realista ele for em sua expressão...
@devonrodriguezart
Arquitetura é Arte?
corte

Do vencedor dos prêmio


airro de uma cidade qualquer, com novos Do vencedor dos prêmios José Saramago e Portugal Telecom Saramago e Portugal Te

Gonçalo M. Tavares
gando a cada dia e outros se despedindo. GONÇALO M. TAV

e que esses vizinhos são personagens


GONÇALO M. TAVARES O senhor Swedenborg e as
as obras das mais geniais mentes criati- investigações geométricas, de
res como T.S. Eliot, Paul Valéry, Italo Gonçalo M. Tavares, é inspirado
told Brecht, entre outros. na obra do cientista e teólogo
sueco Emanuel Swedenborg
ão O Bairro, de Gonçalo M. Tavares, so-
(1688-1772), reconhecido como
dos a esses moradores, um livro por vez.
o precursor do espiritismo. O
pirituosa, Tavares nos leva em uma via-

O SENHOR SWEDENBORG E AS INVESTIGAÇÕES GEOMÉTRICAS


Swedenborg fruto do imaginário
verso intelectual de escritores memorá-
-se com essas homenagens. de Tavares se utiliza das palestras
que seus colegas e as pessoas
que vivem no Bairro ministram o senhor
para ajudá-lo a repensar e dar a SWEDENBO
cabo de sua análise geométrica e as investiga
do mundo. Suas reflexões sobre geométricas
memória, sedução, desejo, morte
e dezenas de outros temas são
agudas observações sobre a
vida, sempre de uma perspectiva
matemática e lógica, escritas no
o senhor tom conhecidamente divertido
do autor.

SWEDENBORG
e as investigações
Obra apoiada pela Direcção-Geral do
Livro e das Bibliotecas / Ministério da
geométricas
Cultura de Portugal

ISBN 978-85-7734-196-2 www.casadapalavra.com

28/0
Sedução

1. O que é a sedução?

2. Um ponto a caminhar à frente de um quadrado. É


isto a sedução

3. O que é ser seduzido?

14
4. Os ângulos retos ganham formas curvas. É isto ser
seduzido

5. O que é ser seduzido?

6. Ser seduzido é perder a forma original

7. Ser seduzido é bom ou é mau?

15
8. Ser seduzido é perder a forma original e ganhar a
forma do sedutor

9. É bom ou é mau?

10. Ser seduzido é perder a forma original e ganhar a


forma geral do sedutor

16
opúsculo 14
— Pequenas Construções Literárias sobre Arquitectura —

Gonçalo M Tavares
arquitectura,
natureza e amor

dafne editor a
Ideia 1

a Toda a Natureza é mensurável e a cultura é a parte da natureza que já foi


medida.
Medir é colocar ordem no confuso, sem quan:ficar não me oriento:
perco-me. E o homem perdido tem medo.
A floresta é o expoente do natural: aí o medo faz casa.

b A cultura é assim a natureza a que re:rámos o medo, como se este fosse


uma substância, e esta substância desaparecesse com o acto de medir.
Medir é apagar a floresta, é fazer o seu desaparecimento.
Fazer desaparecer a Natureza ou ter a ilusão de que ela desapareceu
é a marca da cidade. Um vaso de flores não é uma floresta: Podemos rodear o
vaso — que não é uma síntese da natureza, mas uma redução — podemos
rodear o vaso, mas não rodeamos a floresta — só se es:vermos exteriores a
ela — somos sim rodeados pela floresta.

b1 Percorrer algo é digerir. Digerimos o vaso, somos digeridos pela floresta


quando nela nos perdemos.
Corolário da ideia 1

a1 Se a cultura é a natureza já medida, encaixotada (ou de uma


outra forma: se a cultura é a parte da floresta que transformámos
em vaso), a arquitectura é o expoente máximo do acto de medir,
de controlar. A arquitectura é um medir não apenas quan:ta:vo,
mas um medir qualita+vo. Digamos: um medir que se preocupa
com a componente esté:ca: o resultado da medição não deve
apenas ser certo, exacto — verdadeiro — mas também
confortável, agradável aos olhos — belo, portanto.

a2 Somos então obrigados em pensar a arquitectura como um


conjunto de números verdadeiros (põem ordem, acalmam no
homem o medo da floresta) e também belos (a medição não
provoca apenas tranquilidade, mas também entusiasmo,
exaltação; exaltação, essa, agora não nega:va — não medo — mas
posi:va — sinto-me bem, sinto-me capaz de saltar.)
Existem, em suma, números belos: eis a arquitectura.
a3 O arquitecto é aquele que procura os tamanhos verdadeiros e belos
das coisas e a sua relação de maior al:tude. Não basta ao arquitecto
dominar os concretos valores do peso das coisas e da distância entre elas
(paredes, vazios, funções, tectos, vazios), o arquitecto deverá também
saber manipular os materiais do pressen+mento que são a base do
oWcio do poeta e do ar:sta.

a4 Materiais concretos surgem no mundo humano apoiados/começados


pela fita métrica (o humano infiltrado na natureza: tenta:va de dominar,
através da ordem do número, o animalesco que rodeia a cultura)
enquanto os materiais do pressen:mento surgem no mundo humano
apoiados pelo ins:nto (ins+nto: esquecimento súbito, e com
consequências, da racionalidade — o animalesco infiltrado no humano).

a5 O animal não se esquece que é humano: mede, quan:fica, procura a


verdade.
O humano não se esquece que é animal: pressente, entusiasma-
se, exalta-se: procura o belo.
Arquitetura é ou não é Arte?
KOGAN & REIDY
PARA REFLETIR...

“… Um edifício é construído com determinado fim. Sua forma arquitetônica é a


exteriorização natural da função que lhe dá razão de ser, mas o seu ajustamento, ao
fim a que se destina, não lhe tira a condição de ser, essencial e fundamentalmente,
obra de arte…” ... (Affonso Eduardo Reidy)

“... Para mim, os caminhos da arquitetura, da escultura e da poesia se cruzam


também. Aí nascem as obras de arte...” ... (Oscar Niemeyer)

Pequeno vídeo com Niemeyer falando sobre Forma e Função...

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