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O IMPACTO DA EROSÃO PLUVIAL NA VILA DO DISTRITO DE HOMOINE,

PROVÍNCIA DE INHAMBANE, EM MOÇAMBIQUE

Nilza Romão Fernando Cumbane

Maxixe, Marco/2024

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Curso de Licenciatura em Administração Pública

O IMPACTO DA EROSÃO PLUVIAL NA VILA DO DISTRITO DE HOMOINE,


PROVÍNCIA DE INHAMBANE, EM MOÇAMBIQUE.

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em Ensino de Geografia da UnISCED.

Tutor:.

Nilsa Romão Fernando Cumbane

Maxixe, Março/2024

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INDICE

1.INTRODUÇÃO.........................................................................................................................4
1.2 Objectivos...............................................................................................................................5
1.2.1. Objectivo geral....................................................................................................................5
1.2.2. Objectivos específicos.........................................................................................................5
2METODOLOGIA.......................................................................................................................6
2.1. Tipo de Pesquisa.....................................................................................................................6
1.2. Métodos de Pesquisa............................................................................................................6
1.2.2. Método de Abordagem......................................................................................................6
1.2.3. Método de Procedimento..................................................................................................6
1.3. Modelo de análise dos dados................................................................................................7
2. Desenvolvimento.................................................................................................................8
3.1. Situação Ambiental de Referência.........................................................................................8
3.1.2. Clima.................................................................................................................................8
Eventos extremos..........................................................................................................................9
3.1.3. Topografia e geologia.......................................................................................................9
Sismicidade..................................................................................................................................10
Recursos minerais........................................................................................................................10
3.2. Solos Tipologia de solos....................................................................................................10
Risco de erosão............................................................................................................................10
3.3. Factores Condicionantes da Erosão...................................................................................12
3.3.2. Chuva..............................................................................................................................12
3.3.3. Relevo.............................................................................................................................13
3.3.4. Acção Antrópica ou Humana..........................................................................................13
3.4. Métodos de Prevenção, Controle e Recuperação de Erosão..............................................13
3.4.2. Práticas de Prevenção de Erosão.....................................................................................15
4. Considerações Finais..........................................................................................................16
Referências Bibliográficas...........................................................................................................17

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1.INTRODUÇÃO

A erosão de solos afecta muitos pontos do país, resultando em prejuízos materiais e económicos
avultados incluindo a degradação de infra-estruturas sociais e económicas, perda de fertilidade dos
solos, perturbação de ecossistemas sensíveis, entre outros. Várias acções têm sido levadas a cabo, de
forma isolada, tendentes a controlar a erosão dos solos em todo o país pelos diferentes intervenientes
na gestão ambiental em prol do desenvolvimento sustentável. As experiências de combate ou
mitigação dos efeitos de erosão, no país, mostram que as acções implementadas são, regra geral, de
carácter correctivo, sendo poucas as medidas de carácter preventivo. As medidas correctivas são,
geralmente, implementadas em estado catastrófico, respondendo a situações de emergência que se vão
reportando um pouco por todo o país.

O desconhecimento da dimensão real dos problemas causados pela erosão não tem permitido
compreender a gravidade do problema. Além disso, existe a ausência de mecanismos para a
identificação de soluções apropriadas e há falta de definição clara das acções concretas e das
responsabilidades para os diferentes actores que devem agir para fazer face ao problema de erosão no
país. Estes factores motivaram a presente pesquisa de monografia que desenvolve o tema ‘’Analise do
Impacto da Erosão na Vila do Distrito de Homoine, Província de Inhambane’’.

A Vila do Distrito de Homoine, localiza-se em Moçambique, na Província de Inhambane e é objecto


de estudo deste trabalho. O processo de erosão pode ser definido como a desagregação e remoção de
partículas do solo ou de fragmentos e partículas de rochas (Salomão e Iwasa, 1995, p. 35). Pode se
dizer que o principal agente causador desse fenómeno são as águas pluviais. Erosões formam
voçorocas, isto é, formação de grandes buracos de erosão causados pela chuva e intempéries, em solos
onde a vegetação é escassa e não mais protege o solo, que fica cascalhento e suscetível de
carregamento por enxurradas.

Pode-se dizer que, factores como a erosividade do agente (potencial de erosão da água) e a
erodibilidade do solo (susceptibilidade à erosão do solo) contribuem para intensificar a erosão, e m
especial, as voçorocas. Agentes a n t r ó p i c o s , g e o l ó g i c o s , p e d o l ó g i c o s e
geomorfológicos também são apontados por Bacellar (2006) como determinantes para o
desenvolvimento e surgimento de áreas ravinadas.

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1.2 Objectivos
1.2.1. Objectivo geral

 Avaliar o Impacto da Erosão Pluvial na Vila do Distrito de Homoine, Província de


Inhambane, em Moçambique.
1.2.2. Objectivos específicos

 Identificar as áreas susceptível a erosão pluvial na Vila do Distrito de Homoine;


 Identificar os factores que contribuem para a erosão pluvial na Vila do Distrito de
Homoine;
 Descrever os impactos ambientais resultantes da erosão pluvial na Vila do Distrito de
Homoine; e
 Propor medidas de para contenção/mitigação e prevenção da erosão pluvial na Vila do
Distrito da Vila de Homoine.

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2.METODOLOGIA

2.1. Tipo de Pesquisa

 Quanto aos objectivos, a pesquisa é explicativa, visto tem como objectivo principal
explicar e aprofundar os conceitos referentes sobre a erosão pluvial da Vila do Distrito
de Homoine.
 Quanto a abordagem, a pesquisa é quantitativa, pois esta traduz em números as
opiniões e informações relacionadas ao impacto das variáveis em análise, para em
seguida classifica-las e organiza-las, utilizando algumas ferramentas estatísticas.
 Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa é documental, visto que baseia-se na
observação directa e colecta de dados secundários na Vila do Distrito de Homoine,
para em seguida apurar os resultados.
 Quanto ao objecto, a pesquisa é bibliográfica, visto que foi elaborada a partir de
material já publicado, com matérias documentais relacionadas.

1.2. Métodos de Pesquisa

Segundo Lakatos e Marconi (1995, p. 106), os métodos podem ser subdivididos em métodos de
abordagem e métodos de procedimentos.

Segundo Garcia (1998, p.44), o método representa um procedimento racional e ordenado (forma de
pensar), constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar a reflexão e a experimentação, para
proceder ao longo do caminho (significado etimológico de método) e alcançar os objectivos
preestabelecidos no planeamento da pesquisa (projecto).

1.2.2. Método de Abordagem

O método de abordagem desta pesquisa é o dedutivo, pois a mesma parte de teorias e leis mais gerais
para a ocorrência de fenómenos particulares, no caso em estudo dos impactos dos agentes erosivos.

1.2.3. Método de Procedimento

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Para Fachin (2001, p. 46), este método se fundamenta nos conjuntos de procedimentos apoiados na
teoria da amostragem e, como tal, é indispensável no estudo de certos aspectos da realidade social em
que se pretenda medir o grau de correlação entre dois ou mais fenómenos. O método de procedimento
usado para o presente trabalho, é o estatístico, este implica apresentação de dados em números,
percentagens, análises estatísticas e, probabilidades. Na maioria dos caos, este tipo de método associa-
se à pesquisa quantitativa.

1.3. Modelo de análise dos dados

“Segundo Richardson (1999), a análise de conteúdo é um instrumento metodológico particularmente


utilizado para estudar o material qualitativo e quantitativo, que se aplica a discursos tanto escrito como
orais. Portanto, para o caso em estudo será usado o método comparativo.

Método Comparativo: será utilizado para confrontar os resultados do trabalho do campo realizados na
Vila do Distrito de Homoine e, as abordagens sustentadas por diversos autores que versam assuntos
similares e explicar também divergências e, a comparação dos resultados com os pressupostos e com
estudos idênticos.

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2. Desenvolvimento

3.1. Situação Ambiental de Referência

O Distrito de Homoíne localiza-se na Província de Inhambane (ver Figura 1), apresentando como
limites os indicados na Tabela 1. A área do distrito é de 1.918 km2

Tabela 1: Limites Geográficos do Distrito de Homoíne

Fonte: INE, 2010

3.1.2.Clima

Temperatura, precipitação e vento

Apresenta-se na Figura 2 a precipitação e a temperatura média mensal na estação meteorológica de


Inhambane (estação a Leste, na zona costeira, mais próxima da área em análise).

A precipitação média mensal apresenta uma variação sazonal relevante destacando-se:

 Um período húmido, entre Novembro e Abril, onde ocorre um valor de precipitação


equivalente a cerca de 74 % do valor total anual da precipitação, sendo o mês de
Fevereiro o mês mais chuvoso com precipitação média mensal de cerca de 136 mm;
 Um período seco entre Maio e Outubro com médias mensais de precipitação entre 30
mm (Agosto) e 56 mm (Junho).

A precipitação média anual em Inhambane é de 936 mm havendo, contudo, uma variação inter anual
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significativa. A evapotranspiração é sempre superior à precipitação em todos os meses do ano.
Fevereiro é o mês com menor défice. A temperatura média anual é de 24,0 ºC,

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ocorrendo uma amplitude térmica anual relativamente baixa, de cerca de 4,8ºC. Janeiro é o mês mais
quente (28,6 ºC) e Julho o mais frio (19,C)

No sistema de ventos predominam os ventos de Sudeste e Sul durante a primeira metade do ano, e
ventos do Norte e Nordeste na segunda metade do ano intercalado com um período com ventos do
Sudoeste. A média anual da velocidade dos ventos é de 6,4 km/h. Distinguem se assim cinco períodos
Com os seguintes ventos Dominantes e Velocidades médias

(km/h):
 Nos meses de Janeiro a Abril com ventos de Sudeste e Sul (6,2 km/h);
 Nos meses de Maio a Junho com ventos de Sul e Sudeste (5,0 km/h);
 No mês de Agosto com ventos dominantes de Norte e Nordeste (6,0 km/h);
 Em Setembro, Novembro e Dezembro com ventos de Nordeste e Norte (7,7 km/h);
 Em Outubro com ventos de Sudeste e Norte (6,4 km/h).

Eventos extremos

Estatisticamente, a Província da Inhambane é propensa à ocorrência de ciclones, sendo o Distrito de


Homoíne classificado como tendo um risco alto de ser atingido por um ciclone (Figura 3). Este
distrito, nos últimos 40 anos, foi atingido pelos ciclones Eve em 1969, Caroline em 1972, Domoina em
1984 e Gloria em 2000. No que respeita a cheias, o risco do distrito é baixo a este tipo de fenómeno
(MICOA1, 2007). Por outro lado, este distrito apresenta um risco baixo à ocorrência de secas
(MICOA, 2007).

3.1.3. Topografia e geologia

Caracterização geral

O Distrito de Homoíne situa-se na zona das grandes planícies costeiras do país, com a altitude a
aumentar suavemente da costa para o interior do distrito, embora não esteja exactamente na costa mas
na zona contígua A altitude máxima do distrito situa-se na classe dos 200 aos 500 m, mas com
pequena expressão espacial (menos de 3% da área do distrito).

Apesar de não ser um distrito costeiro a sua zona oriental tem áreas com menos de 5 m de altitude (o
que corresponde a menos de 0,1 % da área total do distrito). A principal classe

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Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA); ...actuamente denomina-se: Ministério da
Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

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altimétrica é a da classe dos 100 aos 200 m (cerca de 57% do distrito), sendo que 8% do distrito tem
áreas com menos de 50 m de altitude e 89% da área tem altitudes entre os 50 e os 200 m

Todas as rochas do distrito são sedimentares, sendo que o distrito é ocupado essencialmente por rochas
do Quaternário1, em cerca de 99 % da área do distrito com a área restante ocupada por pequenas
unidades do Terciário 2 (calcário e calcário

brechóide e grés conglomerático da Formação de Jofane). Em todo o distrito ocorrem dunas interiores
de areia eólica vermelha (cerca de 85 %) com aluviões recentes (13%) e algum calcário nos sistemas
fluviais e lacustres, estes distribuídos por todo o distrito.

As formações do terciário compreendem essencialmente calcários a norte do distrito e grés


conglomerático no centro do distrito, áreas inferiores a 0,8 % da área total do distrito.

Sismicidade

Relativamente ao risco de ocorrência de sismos, não se encontra informação sistematizada sobre este
tipo de evento para o Distrito de Homoíne. Para a Província de Inhambane o risco de sismos é
relativamente alto com epicentros limitados a Machaze causado pelos movimentos tectónicos do
Grande Vale do Rift.

Recursos minerais

De uma forma geral, em Homoíne, o calcário é o recurso mineral com potencial produtivo para a
produção de cimento.

3.2.Solos

Tipologia de solos

No Distrito de Homoíne predominam os solos arenosos (cerca de 97 % da área total do distrito) de


diferentes tipologias (Ah, dA e dAJ), sendo os 3 % restantes ocupados por solos de mananga (MA e
MC) e solos de aluviões (FS). As restantes tipologias não têm expressão significativa. Todo o distrito é
constituído essencialmente por solos arenosos de fase dunar (dA, com cerca de 80 % da área do
distrito) com pequenas áreas (cerca de 7 %) com solos arenosos hidromórficos nas áreas de lagoas.
Os solos de mananga encontram-se na fronteira com o Distrito de Inharrime. Os solos arenosos
alaranjados de fase dunar (dAJ) ocorrem essencialmente na sede do distrito e na fronteira com o
Município da Maxixe (9 %).

Risco de erosão

O risco de erosão do solo no Distrito de Homoíne foi considerado baixo num inventário elaborado pelo
Ministério da Coordenação Ambiental (MICOA, 2007), tendo este problema sido considerado como
pouco crítico em 2007. Apesar disto, o Plano de Acção para a Prevenção e Controlo da Erosão de
Solos para 2008 -2018, (MICOA, 2007), prevê algumas acções prioritárias para este distrito,
nomeadamente, construção de infra-estruturas e plantio de algumas espécies para estabilizar encostas
de declive acentuado.

3.3. Factores Condicionantes da Erosão

O movimento do solo pela água é um processo complexo, influenciado pela quantidade, intensidade e
duração da chuva, natureza do solo, cobertura vegetal, e declividade da superfície do terreno. Em cada
caso, a força erosiva da água é determinada pela interacção ou balanço dos vários factores,
favorecendo, alguns, o movimento do solo, e outros, opondo-se a ele.

Para encontrar soluções adequadas ao problema da erosão, é necessário conhecer as interrelações dos
factores contribuintes, pois, ainda que alguns não se possam modificar directamente, todos podem ser
controlados (Bertoni; Lombardi Neto, 2008). Os principais factores condicionantes do processo
erosivo podem ser descritos da seguinte forma:

3.3.2. Chuva

A gota de chuva e o escoamento superficial são considerados dois agentes erosivos distintos.
Nishiyama (1995) afirma que, parte da erosividade da chuva, que segundo Zuquette (1987) é a
capacidade de erosão da chuva; é consequência direita do impacto da gota, enquanto a outra parte é
consequente do escoamento superficial.

Lal (1990) considera a gota da chuva como o mais importante agente responsável pela iniciação da
erosão difusa do solo. Esta, ao atingir a superfície desprotegida do solo, desloca as partículas de sua
posição original, pelo processo conhecido como splash, que se refere à saltacção de partículas
juntamente com as gotas de chuva.

De acordo com Guerra (2010), o fenómeno do splashvaria tanto com a resistência do solo ao impacto
das gotas de água, quanto com a própria cinética das gotas de chuva, ou seja, a ruptura dos agregados
vai ocorrer com maior ou menor facilidade dependendo da energia impactada contra o solo. Muitos
autores consideram a chuva é um dos factores de maior importância na erosão dos solos. Dentre os
factores climáticos relevantes, tais como intensidade, duração e frequência da chuva, a intensidade
destaca-se como o mais importante na erosão.

Bertoni & Lombardi Neto (2008) afirmam que chuvas torrenciais ou pancadas de chuvas intensas
constituem a forma mais agressiva de impacto da água no solo. Em Moçambique, as chuvas médias
anuais não são bem distribuídas, pois ocorre uma concentração no período de Setembro a Março,
justamente na época em que o solo está sendo cultivado. Estes factos tornam nosso clima um factor
altamente favorável ao desencadeamento de processos erosivos, principalmente no meio rural. O
índice que expressa a capacidade da chuva provocar erosão é conhecido como erosividade, sendo um
importante parâmetro para a quantificação de perdas de solo.

3.3.3. Relevo

O relevo é um factor natural que actua na determinação da velocidade dos processos erosivos. De
acordo com Ayres (1936), quanto maior a declividade do terreno, maior será a velocidade do
escoamento e haverá menos tempo para a absorção da água pelo solo. A quantidade, ou volume, do
escoamento também tem grande influência na erosão, sendo este determinado, em função do tamanho
e formato área de contribuição; de modo que o comprimento de uma encosta é mais importante do que
sua largura.

Além da declividade, o comprimento e o perfil das encostas são características que podem afectar a
erodibilidade dos solos (Rodrigues, 1982). Em encostas com grandes comprimentos de rampa o
escoamento superficial tem facilidade em se concentrar dado o percurso mais longo (Rodrigues, 1982).

3.3.4. Acção Antrópica ou Humana

O Homem tem actuado como agente acelerador dos processos erosivos, de modo que, mesmo áreas
naturalmente pouco susceptíveis têm apresentado sérios problemas de erosão, como resultado de
actividades como desmatamento, movimentação de terra, actividades agrícolas e de mineração mal
orientadas, entre outros (Rosaet al, 1981).

Sena (2008) afirma que a acção humana é, geralmente, o principal factor desencadeador do processo
erosivo acelerado, seja ele rural ou urbano. As interferências provocadas pelas acções de uso e
ocupação do solo costumam se reflectir em desequilíbrios nos processos naturais que ocasionam o
início do processo ou potencializam processos pré- existentes.

3.4. Métodos de Prevenção, Controle e Recuperação de Erosão

Uma vez que formas acentuadas de erosão encontram-se instaladas, se torna praticamente inviável sua
eliminação, tornando-se necessária sua contenção. Para realizar o controlo de um processo erosivo,
primeiramente deve-se isolar a área afectada, realizar análises químicas e texturais do solo, além da
construção de estruturas que diminuam a movimentação e perda de sedimentos (Teixeira &
Guimarães, 2012). Segundo o autor, as principais medidas de contensão:

Revegetação – a cobertura vegetal é uma forma de protecção natural contra a erosão e traz diversos
benefícios para a área erodida, tais como dispersão da água, protecção contra a precipitação, melhora a
estrutura do solo através da adição de matéria orgânica, decomposição das raízes de plantas e
diminuição da velocidade de escoamento da água.

Paliçadas – são estruturas estáticas de arrimo formadas por uma sucessão de estacas posicionadas
próximas umas das outras e são utilizadas para conter terrenos instáveis. Para isso, constrói-se uma
cortina e escava-se de um lado sem que haja perigo de deslizamento. As cortinas devem ser
construídas com mourões de eucalipto de 2,20 m de altura e 15 cm de diâmetro, podendo também ser
utilizados bambus como materiais.

Obra de Dreno – Para este, pode-se utilizar a técnica de marcação do terreno, para que ocorra o
acompanhamento das curvas de nível num tipo de sulco ou canal, interceptando as águas das
enxurradas e conduzindo o excesso de água pelo canal, pois é necessário que haja a drenagem da
água, criando uma infiltração forçada e desviando os fluxos de água da erosão (Teixeira &
Guimarães, 2012).

Retaludamento – esta técnica oferece maior consistência aos taludes, que são superfícies inclinadas
que limitam um maciço de terra, rocha ou ambos. Para isso, devem-se aplicar métodos de conservação
do solo (controle de escoamento de água e manutenção da protecção do solo) aliados a métodos de
carácter preventivo e correctivo. Também é preciso controlar a vazão, a declividade ou a natureza do
terreno para contenção de erosões. Para que haja controlo de vazão, é necessário desviar ou
conduzir a água por caminhos preferíveis em relação ao sulco erosivo. O controlo do sulco é obtido
com retaludamento ou adição de obstáculos que diminuem a velocidade de escoamento da água.
Terraceamento – os terraços consistem em sulcos ou valas e são construídos na direcção de maior
declive (transversalmente), aumentando a penetração de água no solo e controlando a área erodida.
Tem como principais objectivos diminuir as perdas de solo, diminuir a velocidade e volume das
enxurradas, aumentar a infiltração de água, reduzir o pico de descarga dos cursos da água e amenizar a
topografia. Cada terraço tem a função de proteger a faixa que está abaixo ao receber água da faixa que
se encontra acima deste. É fundamental que este seja feito em áreas com grande ocorrência de chuva,
cuja intensidade e volume conseguem superar a capacidade de infiltração da água do solo.

Assim, em casos em que se pretenda estabilizar o fenómeno erosivo e antes de se intervir de forma
mais profunda para controlar o mesmo, deve-se analisar a possibilidade de se isolar a área afectada,
evitando-se tanto a entrada de pessoas e animais através de cercamento, como o escoamento das águas
superficiais através da revegetação da cabeceira de drenagem. Em muitos casos estas simples medidas
dão condição para que o sulco ou ravina se recupere naturalmente.

Silva (2003) afirma que a dificuldade em controlar a erosão como um processo não deveria ir além das
dificuldades de implementar as medidas que limitam a incidência direita da chuva e o rápido
escoamento da água sobre o solo, visto que a erosão hídrica pode ser controlada através de inúmeras
acções, mas fundamentalmente inspiradas em uma única necessidade: limitar a velocidade da água
que incide, e da água que escoa sobre a superfície do solo.

3.4.2. Práticas de Prevenção de Erosão

As medidas de prevenção de erosão consistem fundamentalmente na adopção de planeamento prévio


em qualquer actividade ligada ao uso do solo. Oliveira et al (1987 apud Silva, 2003) sugere
orientações voltadas a nível preventivo tais como: priorização das áreas de investimento em obras
correctivas, orientação das expansões urbanas e a definição das adequações necessárias à implantação
de obras viárias que atravessem áreas de alta susceptibilidade à erosão. Para tanto, as Cartas
Geotécnicas apresentam-se como uma ferramenta fundamental, já que tem como objectivo expor as
limitações e potencialidades dos terrenos, estabelecendo as directrizes de ocupação frente às formas de
uso do solo (Prandiniet al, 1991, Apud Silva, 2003).

De modo geral, qualquer prática preventiva consiste na adopção de medidas que neutralizem os
aspectos condicionantes do processo erosivo antes que o mesmo se instale. Sendo assim, práticas que
evitem a concentração do fluxo de água em canais preferenciais; práticas de manejo e conservação do
solo, entendendo e respeitando suas aptidões naturais, incluindo a sua não utilização de forma a
preservar sua vegetação natural, podem ser consideradas medidas que previnem a ocorrência de
feições erosivas. Desta forma, pode-se dizer que dentre as principais práticas preventivas, destacam-se
as obras de drenagem de águas pluviais e o recobrimento com vegetação de áreas exploradas
(Scarance, 2004).

Cabe destacar que as práticas de prevenção de erosão são, em geral, mais baratas, mais simples de
executar e demandam menos tempo que as práticas de controlo e recuperação de erosão (Almeida
Filho; Ridente Júnior, 2001). Assim, via de regra, sempre que possível deve- se priorizar a adopção de
medidas preventivas frente às correctivas.
4. Considerações Finais

Concluiu-se que grande parte das erosões, surgiu através de acções antrópicas, especialmente por
ausência de planeamento urbano, apropriado sistema de captação de águas pluviais e adequado
envolvimento do poder público municipal com uma questão tão importante tanto para sociedade como
meio ambiente.

As erosões manifestam-se como uma face dos vários problemas ambientais vividos nas cidades,
muitos deles decorrentes da ausência de planeamento urbano e das contradições sociais que se
manifestam no espaço geográfico. Nesse sentido, a Vila do Distrito de Homoine, Província de
Inhambane carecem de uma reorganização em termos de estrutura, com o direcionamento de casas
atualmente em áreas de risco, recuperação da vegetação e aumento das tarefas previstas em
planeamentos urbanos.

Para evitar as erosões, nas ruas, assegurando a apropriada eficiência do sistema de microdrenagem. A
pavimentação precisa ser entendida como parte integrante do sistema de drenagem, apesar do alto
custo envolvido, convém sempre rever o plano urbanístico da cidade, priorizando a pavimentação das
ruas de maior concentração de escoamento superficial.

Dentre as formas de minimizar o desenvolvimento de uma lixiviação é a cobertura vegetal, com um


processo enfraquecedor podem aparecer diversos outros problemas como a erosão, e a voçoroca. Este
procedimento é um grande transtorno para todas as áreas, porém com extensos estragos no meio
agrário, porquanto ele empobrece o solo.

A erosão situa-se entre os mais sérios problemas que o homem vem enfrentando na atualidade,
principalmente pelo aumento constante e progressivo das áreas atingidas, sejam e las urbanas ou
rurais, além das alterações nos recursos hídricos

Fica claro neste trabalho de Monografia as vantagens das prevenções de erosões em obras, devido os
processos como a lixiviação. O empobrecimento do solo afeta diretamente a todos, e precisa ser e
controlado com a reposição vegetal, pois um desenvolvimento erosivo pode se transformar numa
voçoroca, uma enorme cratera infértil com muitos metros.

Mesmo com as soluções apresentadas serem utilizadas na Vila de Homoine ainda são escassas as
referências bibliográficas que apresentam o custo da implantação desses métodos. Um aspecto bastante
preocupante é a forte acção antrópica em relação aos processos erosivos, intensificando-os,
ocasionando em implicações ainda mais complexas.

Referências Bibliográficas

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Canastra, F., Haanstra, F. & Vilanculos, M. (2012). Manual de Investigação da UCM (1.a ed.).
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