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III – CATEGORIA E

Nesta categoria, incluem-se os rendimentos de capitais, os quais se encontram definidos no


número 1 do artigo 5º do CIRS (diapositivo 23), no qual se faz referência a frutos e vantagens
económicas, os quais vêm depois concretizados no número 2 do artigo 5º.

Em termos práticos e dado o número considerável de alíneas previstas no número 2 do artigo


5º, no contexto da presente UC apenas se fará referência, para efeitos de avaliação, às alíneas
a), b), c) e h), que se encontram igualmente reproduzidas no diapositivo 23.

Essencialmente está em causa a percepção de juros em resultado de aplicações financeiras


tituladas pelos contribuintes bem como lucros colocados à disposição dos titulares do capital de
sociedades comerciais.

Em relação à alínea b) do número 2, deverão ter presente que a mesma se conjuga com o
número 4 do artigo 5º.

Nesta categoria, não há muito a referir no que concerne à determinação da respectiva dedução
específica, apenas será de ter em conta o artigo 40º-A do CIRS (diapositivo 24).

De acordo com o número 1 daquele artigo, os lucros devidos por pessoas colectivas sujeitas e
não isentas do IRC são, no caso de opção pelo englobamento, considerados em apenas 50 % do
seu valor.

Aquando da introdução ao IRS e do esquema inserto no diapositivo 2, foi feita uma referência à
fase de englobamento (artigo 22º do CIRS).

O artigo 40º-A - número 1 já permite antever que os rendimentos desta categoria terão um
tratamento diferenciado relativamente aos anteriores que referimos. Com efeito, enquanto os
rendimentos das categorias A e B são de englobamento obrigatório, os rendimentos da
categoria E serão de englobamento facultativo, daí que no artigo 40º-A – número 1 se faça
menção de opção pelo englobamento.

Neste caso, os rendimentos apenas serão objecto de englobamento se os sujeitos passivos assim
o entenderem, sendo estes sempre rendimentos tributados pelas taxas liberatórias previstas no
artigo 71º do CIRS.

E falamos de taxas liberatórias porque elas, de facto, libertam o contribuinte de quaisquer


obrigações subsequentes, a menos que, por opção, pretendam proceder ao respectivo
englobamento.

O artigo 40º-A refere-se especificamente a lucros devidos por pessoas colectivas sujeitas a IRC
e dele não isentas, estabelecendo então que, no caso de opção pelo englobamento, considerar-
se-á apenas 50% do respectivo valor, desde que se verifique igualmente a condição do número
do mesmo preceito: a entidade que paga os lucros tem de ter sede ou direcção efectiva em
território português e os respectivos beneficiários têm de residir naquele território.

Como se refere na epígrafe, trata-se de um mecanismo de eliminação da dupla tributação


económica, porque os lucros distribuídos já foram tributados em IRC na esfera da empresa, pelo
que, sendo integralmente tributados em IRS, haveria uma dupla tributação.

Uma última nota referente à alínea m) do nº. 2 do artigo 5º que se refere a rendimentos da
propriedade intelectual (direitos de autor) não auferidos pelo titular originário.
IV – CATEGORIA F

Nesta categoria de rendimentos enquadram-se os rendimentos decorrentes da locação de


imóveis, ou seja, rendas, como se encontra plasmado no número 1 do artigo 8º do CIRS.
Atenção, porém, que o número 2 daquele artigo inclui nesta categoria outros rendimentos que
não se reconduzem ao conceito de rendas.

Segue-se uma breve explicação das alíneas mais relevantes do número 2 do artigo 8º:

- alínea a): além da cedência do uso do prédio (contrapartida do pagamento da renda), faz-se
referência a outros serviços, por exemplo, limpeza, lavagem de roupa, etc., os quais, se
prestados pelo senhorio, são tributados e incluídos nesta categoria;

- alínea b): se, além da cedência do uso do prédio, estiver incluída no valor pago pelo locatário
uma parcela referente ao aluguer de equipamentos / maquinismos, por exemplo,
electrodomésticos, também haverá lugar a tributação nesta categoria;

- alínea c): referência às situações de sublocação. Exemplo: A arrenda a B um prédio por Euro
100,00. B, por sua vez, subarrenda a C por Euro 110,00. B, enquanto sublocador, ficará sujeito a
tributação por Euro 10,00, correspondente à diferença entre aquilo que paga ao seu senhorio e
o que recebe do sublocatário;

- alínea d): abrangem-se aqui outros rendimentos não compreendidos nas alíneas anteriores,
daí a referência a fins especiais, sendo referido a título meramente exemplificativo a
publicidade;

- alínea e): contemplam-se as situações de propriedade horizontal, podendo referir-se, a título


de exemplo, as importâncias recebidas de uma operadora de telecomunicações pela colocação
de uma antena no topo do prédio ou da renda recebida pelo arrendamento da casa do porteiro
existente nalguns prédios;

- alínea f): rendimentos derivados da constituição de direitos reais de gozo temporários, por
exemplo, usufruto, direito de superfície, uso e habitação. Se esses direitos fossem definitivos,
então a tributação seria efectivada na categoria G.

Os números 3 e 4 do artigo 8º definem o que deverá entender-se por prédio, acolhendo


conceitos que constam de outros códigos, designadamente no artigo 2º do Código do IMI que,
alguns de vós, estudarão no próximo ano.

DEDUÇÃO ESPECÍFICA

A dedução específica desta categoria consta do artigo 41º do CIRS, cujo número 1 permite
deduzir todos os gastos que estejam associados aos rendimentos desta categoria, à excepção
daqueles que estão expressamente enunciados no preceito: gastos de natureza financeira, dos
relativos a depreciações e dos relativos a mobiliário, eletrodomésticos e artigos de conforto ou
decoração, bem como do adicional ao imposto municipal sobre imóveis.

Percebe-se esta excepção…

Trata-se de evitar situações cinzentas entre aquilo que são bens de utilização particular e bens
afectos à obtenção de rendimentos da categoria F.

Se não existisse esta norma, poderia ser difícil determinar se, por exemplo, um frigorífico ou
uma TV foram adquiridos para a casa do senhorio ou para o imóvel arrendado!
No número 2, permite-se que o proprietário de uma fracção autónoma arrendada possa deduzir
os encargos pagos ao condomínio pela manutenção e conservação das partes comuns, sendo de
ter em atenção o número 3 do mesmo artigo.

No número 5, permite-se ainda deduzir outras importâncias, designadamente o IMI referente


ao imóvel arrendado bem como o Imposto de Selo pago pelo senhorio aquando da celebração
do contrato de arrendamento (verba 2 da Tabela Geral do Imposto de Selo).

Relativamente aos rendimentos derivados de sublocação não é admitida qualquer dedução,


como resulta do número 6 do artigo 41º do CIRS.

O número 7 permite ainda deduzir encargos anteriores ao início do arrendamento (24 meses),
o que se percebe.

Pode um sujeito passivo adquirir um imóvel com o objectivo de arrendá-lo mas o imóvel pode
não estar apto para, de forma imediata, ser arrendado, em virtude de carecer de obras. Por
último, refere o número 8 do artigo 41º que todos os encargos deduzidos devem ter suporte
documental para poder verificar os respectivos requisitos legais.
V – CATEGORIA G

Esta categoria encontra-se prevista no artigo 9º do CIRS, sendo que, no âmbito da presente UC,
apenas nos referiremos aos rendimentos referidos na alínea a) do número 1 daquele preceito:
as mais-valias, as quais se encontram desenvolvidas no preceito seguinte.

Relativamente ao artigo 10º do Código do IRS, é meu hábito começar a respectiva explicação
pelo número 4, para melhor compreensão do que está aqui em causa, referindo-me
especialmente à alínea a): - o ganho sujeito a IRS é constituído pela diferença entre o valor de
realização e o valor de aquisição. Ou seja, o que está em causa nesta categoria de rendimentos
é a tributação de ganhos obtidos na alienação de alguns bens ou direitos referidos no número
1, sendo que, de forma simplista, esse ganho corresponde à diferença entre o valor de
venda/realização e o valor de aquisição do bem/ direito em causa.

Que bens / direitos estão aqui em causa?

Os referidos no número 1 do artigo 10º, sendo de destacar a respectiva alínea a), na parte
referente à alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis. Ou seja, do ponto de vista
prático, o que está aqui em causa é essencialmente a compra e venda da propriedade de bens
imóveis, podendo abranger-se, menos frequentemente, outros direitos reais de gozo, v.g.
usufruto. Dar-se-á especial ênfase a esta alínea e ao cálculo das mais/menos-valias na alienação
de imóveis.

De forma sucinta dir-se-á que a alínea b) se refere aos ganhos obtidos com a alienação de partes
sociais e de outros valores mobiliários, mais frequentemente, acções e quotas de empresa.

Não confundir com os lucros recebidos pelo facto de ser titular daqueles activos, porque esses
serão tributados na categoria E.

A alínea c) refere-se à alienação onerosa da propriedade intelectual ou industrial ou de


experiência adquirida no setor comercial, industrial ou científico, quando o transmitente não
seja o seu titular originário, ou seja, reencontramos aqui de novo os direitos de autor. Neste
caso, estará em causa a cedência definitiva dos mesmos, não pelo respectivo titular originário
(neste caso, seria tributado pela categoria B), mas por outros titulares que os tenham adquirido
entretanto, por exemplo, por via hereditária. Se fosse cedência temporária por parte de outros
titulares que não o (s) originário (s) então a tributação ocorreria na categoria E (matéria não
obrigatória).

Na alínea d), inclui-se a cessão onerosa de posições contratuais ou outros direitos inerentes a
contratos relativos a bens imóveis, podendo citar-se, a título de exemplo, a cessão da posição
de promitente-comprador num contrato-promessa a um terceiro ou a cessão da posição
contratual de locatário no âmbito da locação financeira de um imóvel.

– EXCLUSÃO DE TRIBUTAÇÃO NO CASO DE ALIENAÇÃO DE IMÓVEL DESTINADO A HABITAÇÃO


PRÓPRIA E PERMANENTE (HPP)

De acordo com o nº. 5 do artigo 10º do CIRS, estando em causa a alienação de imóveis
destinados a habitação própria e permanente (o nº. 5 só funciona nestes casos), cujo ganho
poderia ser objecto de tributação nos termos da alínea a) do número 1 do mesmo artigo, poderá
haver uma exclusão desse rendimento, ou seja, o contribuinte não terá de pagar imposto sobre
o ganho eventualmente obtido.
Tal exclusão obriga, contudo, à observância de alguns requisitos, designadamente os previstos
no número 5 do artigo 10º do CIRS, ou seja:

- alínea a) - reinvestimento do valor de realização (valor de venda) noutro imóvel com o mesmo
fim (habitação própria e permanente):

- alínea b) – definição de uma janela temporal para a concretização do reinvestimento (24 meses
antes até 36 meses depois, daí resultando, um lapso temporal de 60 meses);

- alínea c) - menção desse reinvestimento na declaração Modelo 3 de IRS de forma a que a AT


possa controlar os pressupostos do mesmo.

Já agora, para a integral compreensão deste número, chamo a atenção para o seguinte excerto
da alínea a) do número 5: o valor de realização, deduzido da amortização de eventual
empréstimo contraído para a aquisição do imóvel. O que resulta daquela alínea é o seguinte: se,
por exemplo, for alienado um imóvel destinado a HPP por Euro 100 000,00, para beneficiar
integralmente da exclusão de tributação do nº. 5, em princípio terei de reinvestir integralmente
aquela importância noutro imóvel com a mesma afectação. Porém, se relativamente ao imóvel
alienado ainda existir um empréstimo em dívida, no valor, por exemplo, de Euro 20 000,00,
então a minha obrigação de reinvestimento deixará de ser pelos Euro 100 000,00, cingindo-se a
Euro 80 000,00 (valor de venda, Euro 100 000,00, deduzidos do empréstimo). O número 6, por
sua vez, prevê as circunstâncias que determinam a cessação da exclusão de tributação prevista
no número 5, pelo que a não observância dos prazos previstos no número 6 implicam a
reposição da tributação da mais-valia eventualmente obtida.

A alínea a) do número 6 refere-se à compra imediata de outro imóvel destinado a HPP, devendo
ser afecto a esse fim no prazo de 12 meses, ou seja, começar neste prazo a habitar o imóvel
adquirido com o valor proveniente do anteriormente alienado e que gerou a mais-valia.

A alínea b) reconduz-se às situações em que o sujeito passivo opta pela construção ou


reabilitação de outro imóvel destinado a HPP, havendo aqui um prazo imite de cinco anos, sendo
coerente com o prazo de 60 meses de que falamos a propósito da alínea b) do nº. 5.

Uma última nota relativa ao número 9 do artigo 10º do CIRS que prevê as situações de
reinvestimento parcial: se o valor de realização obtido na venda de um imóvel destinado a HPP
não for integralmente reinvestido noutro imóvel com o mesmo fim, o contribuinte poderá, ainda
assim, beneficiar desta exclusão de tributação (reinvestimento parcial). Exemplo: suponhamos
que em resultado da aplicação da respectiva fórmula de cálculo (diapositivo 29) obtemos uma
mais-valia de Euro 30 000,00. Se um imóvel afecto a HPP tiver sido vendido por Euro 150 000,00,
para excluir integralmente aquela mais-valia de tributação, teríamos de reinvestir integralmente
aquela importância, ressalvando a eventual amortização de empréstimo anteriormente
contraído, como foi supra referido.

E se o contribuinte reinvestisse apenas Euro 100 000,00?

Então deveríamos fazer a seguinte operação:

150 000,00 --------- 30 000,00

100 000,00 --------- X

X = 20 000,00
Ou seja, o contribuinte beneficiaria da exclusão de tributação em Euro 20 000,00, devendo pagar
imposto proporcionalmente à mais-valia não excluída (Euro 10 000,00).

DISPOSIÇÃO TRANSITÓRIA

No diapositivo 30, encontra-se reproduzida uma norma consagrada no diploma que aprovou o
Código do IRS (DL 442-A/88 de 30/11), designadamente o respectivo artigo 5º. Trata-se de uma
norma relevante do ponto de vista prático, dando tradução ao princípio da não retroactividade
das normas tributárias de que falamos a propósito do artigo 12º da LGT.

De forma sucinta, dir-se-á que, até à entrada em vigor do CIRS (01.01.1989), os ganhos obtidos
com a venda de imóveis não eram tributados, à excepção dos lotes de terreno para construção.

Logo, para não pôr em causa aquele princípio, se estiver em causa um imóvel (que não seja lote
de terreno para construção) adquirido antes de 01.01.1989, os ganhos obtidos com a respectiva
alienação não ficam sujeitos a imposto, sem prejuízo de, ainda assim, ter de fazer menção dessa
alienação na respectiva declaração de rendimentos (anexo G1).

DEDUÇÃO ESPECÍFICA

Esta matéria encontra-se explanada nos diapositivos 31 a 35, podendo inclusivamente começar
por este último diapositivo, no qual se encontram evidenciadas as fórmulas de cálculo das
mais/menos-valias em estudo.

Na presente UC, dar-se-á especial destaque à fórmula correspondente à alínea a) do número 1


do artigo 10º do CIRS, ou seja: [ Vr - (V. aq. x Coefic. + EV + Da + Dal) ] x 50%.

No diapositivo em causa, encontra-se indicado o significado de cada abreviatura considerada na


fórmula, a qual é igualmente associada a cada artigo do código.

Vamos ver, de forma necessariamente sucinta, os aspectos mais relevantes de cada artigo. De
acordo com o artigo 43º - nº. 2, alínea b) do CIRS, o saldo apurado nos termos do número 1 é
apenas considerado em 50%

A percentagem de 50% refletida na parte final da fórmula resulta, portanto, deste preceito.

Por sua vez, no que concerne ao valor de realização (Vr) será de ter em conta o artigo 44º do
CIRS, sendo de destacar o seguinte: relativamente à alienação de imóveis, teremos
essencialmente de considerar a alínea f) do número 1 do artigo 44º do CIRS, ou seja, o Vr
corresponderá, em princípio, ao preço recebido pela venda do imóvel.

Porém, de acordo com o número 2 do preceito em análise, tratando-se de direitos reais sobre
bens imóveis, prevalecerão, quando superiores, os valores por que os bens houverem sido
considerados para efeitos de liquidação de imposto municipal sobre as transmissões onerosas
de imóveis ou, não havendo lugar a esta liquidação, os que devessem ser, caso fosse devida.

Neste caso, será de ter em conta igualmente o artigo 12º do Código do IMT, cujo nº. 1 (regra
geral) dispõe que se o valor patrimonial tributário (VPT, correspondente a uma avaliação fiscal
do imóvel, de acordo com regras próprias definidas nos artigos 38º e ss do CIMI) for superior ao
preço, então para efeitos de tributação, prevalecerá o VPT. Ou seja, o imposto será calculado
não com base no preço estipulado pelos contraentes mas sim de acordo com o VPT.

Igual princípio será aplicável em IRS: se o VPT do prédio for superior ao preço declarado, então
as mais-valias serão calculadas tendo por base o VPT.
Atenção aos números 5 e 6 do artigo 44º do CIRS, que permitem ao sujeito passivo fazer prova
do preço efectivamente praticado e ser tributado por este e não pelo VPT. Sobre o artigo 139º
do CIRC, ver diapositivo nº. 98 da 1ª parte da matéria.

A determinação do Va (valor de aquisição), deve-se fazer de acordo com as regras previstas nos
artigos 45º e 46º do CIRS, considerando respectivamente duas hipóteses: aquisição a título
gratuito ou a título oneroso.

No caso de aquisição a título gratuito, consideraremos como valor de aquisição o valor que tiver
sido considerado para efeitos de tributação em Imposto de Selo. NOTA: quando alguém adquire
um imóvel a título gratuito, v.g. herança, doação, etc., fica sujeito a Imposto de Selo, pelo que,
para efeitos de IRS, considerar-se-á como valor de aquisição o valor que tiver sido considerado
para efeitos de liquidação de Imposto de Selo.

Se estiver em causa uma aquisição a título oneroso, v.g. compra e venda, então rege o artigo
46º do CIRS. NOTA: quando alguém adquire um imóvel a título oneroso, fica sujeito a IMT, pelo
que, para efeitos de IRS, considerar-se-á como valor de aquisição o valor que tiver sido
considerado para efeitos de liquidação de IMT.

No número 3 do artigo 46º, contempla-se a situação particular dos imóveis construídos pelos
próprios sujeitos passivos.

Prosseguindo na análise da fórmula surge o Coef., o qual se encontra previsto no artigo 50º do
CIRS, o qual se refere a um coeficiente de desvalorização monetária a aplicar se tiverem
decorrido mais de 24 meses sobre a data de aquisição do imóvel alienado.

Trata-se aqui de actualizar os valores de aquisição dos imóveis, uma vez que, pelo decurso do
tempo e pela inflação, os valores de aquisição ficam nominalmente degradados. Por exemplo,
Euro 10 000,00 há 15 anos valiam mais do que hoje…por essa razão, é de justiça que se faça a
actualização desse valor para evitar que a mais-valia seja desproporcionada!

A actualização do Va faz-se de acordo com os coeficientes definidos numa Portaria do Ministro


das Finanças, sendo importante reter que todos os anos sai uma Portaria, o que se compreende!
No ano de 2023, ainda não foi publicada a Portaria correspondente pelo que, nos exercícios a
resolver, será considerada a Portaria nº. 253/2022de 20/10 (última disponível).

Como se aplica esta Portaria?

Como podem observar na mesma, a cada ano é associado um coeficiente. Logo, temos de
procurar na portaria aplicável em cada ano, o coeficiente correspondente ao ano de aquisição
do imóvel entretanto alienado.

Por último, surgem-nos os encargos com a valorização dos bens, as despesas de aquisição e de
alienação, aos quais se refere o artigo 51º do CIRS.

Relativamente a encargos com a valorização dos imóveis, podem considerar-se aqui benfeitorias
realizadas num imóvel (pinturas, reparação de telhado, renovação de caixilharias, etc.), as quais
serão consideradas com o limite temporal de 12 anos.

As despesas de aquisição podem compreender, por exemplo, encargos com escritura pública,
registo predial, impostos, etc..

Nas despesas de alienação, podemos incluir, por exemplo, as despesas pagas pela intervenção
de um mediador imobiliário ou decorrentes da certificação energética do imóvel.
VI - CATEGORIA H

Esta é a última das categorias de rendimentos actualmente prevista em sede de IRS.

A norma de incidência encontra-se prevista no artigo 11º, sendo de incluir aqui, genericamente,
todos os rendimentos provenientes de pensões e de reformas.

Saliento as pensões de alimentos referidas na parte final da alínea a) do número 1 do artigo 11º
do CIRS, em virtude de as mesmas terem um tratamento diferenciado relativamente às demais
pensões.

Como veremos em breve, os rendimentos da categoria H são de englobamento obrigatório


(artigo 22º), à excepção das pensões de alimentos, porquanto estas são tributadas a uma taxa
especial prevista no artigo 72º do CIRS, podendo ser englobadas por opção do contribuinte.

Por agora, fica apenas esta nota introdutória…

Quanto ao cálculo da respectiva dedução específica, dever-se-á ter em atenção o artigo 53º do
CIRS, o qual apresenta algumas semelhanças relativamente ao cálculo da dedução específica da
categoria A.

Desde logo, o número 1 do artigo 53º prevê uma dedução de € 4 104,00 até à concorrência do
rendimento, tendo o alcance desta condição sido explicado no âmbito da categoria A (sendo o
rendimento inferior a € 4 104,00, a dedução específica será igual ao valor do rendimento, de
modo a que não resultem rendimentos negativos).

Como decorre do número 2 do artigo 53º, se o rendimento bruto desta categoria for superior a
Euro 4 104,00, o valor a deduzir será sempre este.

No número 4 do artigo 53º do CIRS, estão referidas outras importâncias a considerar no


apuramento do rendimento líquido desta categoria, designadamente:

- alínea a) – quotizações sindicais, em moldes idênticos aos referidos na alínea c) do número 1


do artigo 25º do CIRS (categoria A), ou seja, dedução limitada a 1% do rendimento bruto,
havendo depois uma majoração de 50% sobre esse valor;

- alínea b) - contribuições obrigatórias para regimes de protecção social e para subsistemas


legais de saúde. Exemplo: mesmo após a aposentação, os funcionários públicos são obrigados a
descontar para a ADSE (assistência na doença), pelo que tais contribuições serão dedutíveis em
IRS.

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