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O que é a filosofia?

Ficha de Leitura para a UC de

Tomás Leandro Peixoto

N.º

220123006

14/12/2023
FICHA DE LEITURA

Referência bibliográfica:
Ortega y Gasset, José. O que é a Filosofia? LisboaCotovia, 1999, pp. 157-171

Palavras-chave: teatro; realidade primordial; universo; viver; vida.

Resumo: A obra que vamos analisar de seguida encontra se formalmente


dividida em 3 partes. A primeira está entra a pagina 157 e a pagina 161. Nesta
primeira parte aborda-se a vida dado o radical do universo. A segunda parte
encontra se por sua vez na pagina 161 até á pagina na 164, e nestas paginas
fala se da investigação da vida, não como um tema próprio da ciência e sim
um tema da filosofia. Por ultimo, desde o fim da segunda parte até ao fim do
livro falamos dos atributos da vida.

Desenvolvimento temático:
A obra inicia a confirmar-nos que o universo é novo, ou melhor o Universo não
como novo, mas como realidade primordial como diz o autor. Esta ideia não é a
mesma que o ser cósmico que deriva dos antigos grego, mas também não é a
mesma que deriva dos mais modernos. De seguida o autor refere o termo coisa,
e o universo como uma coisa também, diferente das já conhecidas, mas no fim
de tudo igual a todas as coisas. Responde ao que significam as palavras
“realidade” e “ser”. O autor dá o exemplo da zoologia para explicar como
funciona descobrir algo novo, quando descobrimos um animal novo, apesar de
novo não mais nem menos animal que os outros, logo o conceito “animal” é
valido para a descoberta.
Mas ao falarmos do universo não estamos a falar de algo tão simples quanto
isto. Quando falamos de achar uma realidade radical nova, estamos a falar de

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algo radicalmente diferente do que conhecemos na filosofia, deixando assim os
termos realidade e ser tradicionais inúteis.
Depois desta introdução dada pelo autor da descoberta de uma nova realidade
radical do universo, Ortega vai agora falar da realidade, que para os gregos
significava coisa, e para os modernos significava intimidade, mas para nós
realidade significa viver, portanto possuir intimidade consigo e com as coisas. É
aqui que surge o ponto de partida desta obra o “viver”. O ser humano está a
um nível mais alto, estamos á altura dos tempos. E temos de ver o tempo não
como uma frase e sim como uma realidade. Viver é para o autor um dado
radical, como uma realidade primordial, indubitável do Universo. Para o autor
é incontestável que pensamos as coisas, o pensamento existe para Ortega,
portanto para ele a existência das coisas depende dele. Com isto o autor explica
a tese idealista. Mas daqui surge uma duvida, “em que sentido e modo
dependem de mim as coisas quando as penso”, a esta pergunta o idealismo
responde dizendo que as coisas dependem do homem, são pensamentos da
consciência pessoal, do pensar de cada um, um estado do eu pessoal. Mas
Ortega não aceita esta segunda parte do idealismo, pois como diz ele é um
despropósito. Para o autor as coisas têm que ter sentido, até mesmo uma frase
não verdadeira tem que o ter. É aqui que o autor apresenta pela primeira vez o
teatro, quando se refere ao eu, “o meu eu não possui extensão nem é azul e este
teatro tem extensão é azul”. Aquilo que nós temos e contemos é apenas o nosso
pensar, a maneira como vemos o nosso teatro. Surge aqui a ideia de
pensamento do autor, o mesmo diz que pensa quando se apercebe que está a
ver ou a pensar numa estrela, e apercebe se que são duas coisas diferentes, ele
vê a estrela e a estrela é vista por mim. Existe aqui uma relação necessária entre
ele e a estrela, o que claramente é uma refuta aos idealistas. Se existe um sujeito,
existe igualmente um necessariamente um objeto e vice-versa, se nós existimos
pensamos, existe o mundo que pensamos. Portanto a verdade radical é nada
mais nada menos que a coexistência de nos mesmos e do mundo. A coexistência
de nos com o mundo, “eu sou eu e a minha circunstancia” eu sou eu e coexisto
com o que me rodeia, criando uma dualidade e uma dependência.

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Passamos agora para a segunda parte da obra, que tem uma extensão de 3
paginas, que nos fala da investigação da vida, não como um tema próprio da
ciência, mas sim um tema da filosofia. O autor começa esta parte questionando
o que é o “viver”, e para responder a tal pergunta não são suficientes os
conceitos e as categorias da filosofia tradicional. Viver é algo novo. É aqui que o
autor mais elogia os gregos, que não possuíam conceitos base técnicas ~, não
tinham um passado cientifico. A única coisa que tinham era aquilo que eles
mesmos já tinham descoberto, e sempre com linguagem usual. Ortega usa o
vocabulário como justificação, a maneira como surgem palavras novas. Ele usa
a palavra humilde como exemplo ou a palavra hipotenusa. É aqui que surge a
palavra viver como algo novo, sem um passado cientifico, uma só palavra sem
classe. A palavra viver nada mais faz que aproximar-nos do abismo sem frases.
É necessário segundo o autor coragem, irmos em direção ao abismo. Ortega usa
uma frase de nosso senhor Jesus Cristo para explicar esta ideia de coragem e do
abismo, “Somente aquele que se perde se encontrará”, pois ao cairmos no
abismo podemos nos perder, e eventualmente encontrarmos nos novamente.
Mas afinal o que é a vida? O autor a isto diz seria inocente responder com
termos científicos, com o apoio da biologia, falar das células etc. Tudo o que o
autor menciona são de facto coisas contruídas pela ciência biológica. Mas a
vida, viver não é aquilo que se passa nas células, o que acontece nos sistemas
internos, a matéria o corpo é apenas o corpo, é apenas parte do mundo. Nada
do que acabei de dizer, não tocam num só ponto do que restamos a tentar
explicar, no caso a realidade primordial. Voltamos então á pergunta inicial
desta segunda parte, o que é a vida? Ortega diz para não recordarmos
sabedorias e coisas já ditas no passado. A vida é o que somos e aquilo que
fazem, a vida é a coisa mais próxima de cada Homem. Em suma a resposta ao
que é a vida não pode ser dada por conhecimento decorado e escrito,
proveniente da ciência, mas pode ser definida por nós mesmos pelo que
fazemos com ela.

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É aqui que o autor começa a falar dos atributos da vida.
Esta terceira parte começa no ultimo paragrafo da pagina 164. Aqui o autor
começa por fazer um resumo daquilo que sabemos, do que falamos atrás no
texto, Ortega diz que viver é o que fazemos e o que se passa connosco, por
exemplo pensar ou sonhar, jogar na Bolsa etc. É aqui que Ortega define o
primeiro atributo “viver é compreendermos”, pois, viver é uma realidade
estranha e única. Nesta parte Ortega refere o sentir-se, e dá o exemplo de uma
pedra, que é uma pedra, mas não se sente nem sabe que é uma pedra. Mas não
ficamos por aqui, viver é uma revelação, uma não concentração e sim
compreender se e ver que se é. Quando falamos de “nossa vida” dizemos isso
porque nos apercebemos que temos posse sobre ela, tomamos posse de nós.
Depois de explicar e falar deste atributo, de que nos apercebemos da vida como
nossa e de nós mesmos, no fim Ortega dá o exemplo de um louco, diz que a
vida de um louco já não é sua, já nem é vida. No louco a vida aparece como
uma mascara. De seguida o autor começa a falar do segundo atributo,
denominado de “viver é encontrar me no mundo”. Mas então o que é a nossa
vida? É aqui que entra a resposta a este encontrar me no mundo, em tudo
ligado com o atributo anterior, o autor a esta responda responde dizendo que a
vida é o que fazemos, porque viver é saber e que fazemos, é em suma
encontrar-se a si mesmo no mundo. É aqui que surge o conceito de liberdade,
mas como algo limitador, uma liberdade como problema, pois segundo o autor
nós não somos livres de escolher estar ou não neste mundo. A liberdade
também pode ser vista de outra forma, é impossível renunciar á liberdade,
“estou condenado a ser livre” já dizia Sartre. Ortega usa uma história para
representar como funciona o contacto com a vida, que nos é dada e com a
liberdade. Ele começa por dizer que alguém que adormeceu, é depois levado a
uns bastidores de um teatro e do nada é atirado para o palco, sem um aviso
prévio ou quer preparado. É de facto uma situação e a pessoa em questão tem
que agir, e não agir, no caso mão fazer nada é uma escolha, estamos também
presos às decisões, o ser humano não consegue não decidir, porque não decidir

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é uma escolha também. Mas voltando á história, demostra nos que este caracter
súbdito assim do nada sem aviso é essencial na vida. O autor segue, afirmando
que seria muito mais fácil viver se tivéssemos um aviso prévio acerca do que
vai acontecer. Esta é sem duvida a essência do viver. Somos atirados á vida, e
digo isto no sentido de vida como um problema, mas um problema que temos
de resolver.
Viver é decidir constantemente o que vamos ser. Somos seres que consistimos
naquilo que ainda não somos, isto lembra me aquilo que Lain Entralgo dizia
quando falava de antropologia, que na sua obra com uma teoria dinâmica diz
que o homem é incompleto, nasce e vive com uma vontade ser algo, vide da
decisão do que vai ser, e até faz sentido dizermos isto, se formos ás coisas que
nos distinguem dos outros animais, um dos fatores a referir é uma orientação
futura, algo que nos dê motivo e vontade de viver, as decisões que tomamos em
função de vir a ser alguém. É aqui que chegamos ao final, onde afirmamos que
a vida é uma futurição, esta característica que é também um atributo da vida.
Para Ortega o futuro é sem duvida a vertente temporal mais importante. A
nossa vida +e um choque permanente com o futuro. A vida é o que ainda não é.

Comentário pessoal.
Acho incrível esta conclusão final de Ortega, recordo-me de na primeira aula de
Introdução á filosofia escolher entre os três elementos temporais o presente, pois
afirmava que a vida era feita de momentos presentes que definiam o passado e iriam
determinar o futuro, mas com esta conclusão de Ortega entendi que na realidade o
presente é apenas uma maneira de atingir aquilo que eu quero e pensei para o futuro,
por exemplo se sei que vou ter sede, um elemento futuro, levo uma garrafa de agua,
levar a garrafa de agua é algo do presente mas com um objetivo de algo futuro.

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