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ATIVIDADE DE FICHAMENTO DE CITAÇÃO

Referência:

FARACO, CA. Lusofonia: utopia ou quimera? Língua, história e política. In LOBO, T.,
CARNEIRO, Z., SOLEDADE, J., ALMEIDA, A., and RIBEIRO, S., orgs. Rosae:
linguística histórica, história das línguas e outras histórias [online]. Salvador: EDUFBA,
2012, pp. 31-50. ISBN 978-85-232-1230-8.

“LUSOFONIA, como dissemos, é um termo polissêmico. Ora é usado para fazer


referência ao conjunto dos falantes de português mundo afora [...].” (p. 7)

“Mas LUSOFONIA é também o nome de diferentes projetos políticos, de diferentes


planos estratégicos de geopolítica [...] como o projeto de congregar todos os países de
língua portuguesa, mais a Galiza e as diversas diásporas de fala portuguesa, na construção
de políticas linguísticas que permitam uma gestão coletiva da língua com visas à sua
promoção, seja no interior do bloco (em que ela é, na maioria dos países, minoritária,
embora oficial), seja globalmente.” (p.7)

“As palavras compostas com fonia (e aqui vão nos interessar anglofonia, francofonia,
hispanofonia e lusofonia) têm uma história de aproximadamente um século e algumas
décadas.” (p.7)

“Das quatro aqui analisadas, a LUSOFONIA, de certa forma, é a mais tardia e, talvez, a
mais complicada e frágil de todos.” (p.11)

“Ora, esse imobilismo favorece as ações unilaterais de Portugal que não só costuma
ignorar o Brasil em matéria de língua, como ainda procura embaraçar qualquer situação
que se lhe afigure estar apontando para uma - ao que parece - sempre temida, entre os
portugueses, “brasilianização” da língua. Aqui, quando digo ‘Portugal’, não estou me
referindo a um Portugal genérico ou abstrato, mas, especificamente, às estratégias
políticas, às ações de governo daquele país.” (p.12)
“[...] Portugal nunca desenvolveu uma política aguerrida de gestão da língua (como fez a
Espanha), com exceção, talvez, das ações do governo do Marquês de Pombal no século
18, visando coibir o uso das línguas locais no Brasil e no chamado Estado da Índia.”
(p.13)

“Talvez essa situação toda se justifique, e boa parte (e esta é a hipótese que lançou aqui),
porque Portugal nunca chegou a ter a língua como um problema nacional. A história de
sua constituição como o Estado independente não passou pela reunião de populações de
línguas diferentes, como se deu no caso da Espanha e França. Em razão dessa relativa
homogeneidade linguística do país, a língua nunca foi, de fato, uma questão de Estado
em Portugal.” (p.14)

“O termo lusofonia começou a circular em Portugal anos depois da descolonização.”


(p.14)

“Talvez não seja equívoco dizer então Que esse tema quando ocorre aqui no Brasil está
restrito ao meio acadêmico. A literatura portuguesa e as literaturas africanas da língua
portuguesa têm seu lugar nas universidades brasileiras [...] E a compreensão de
LUSOFONIA que predomina, nesse caso, é o da realidade fundamentalmente linguística-
cultural, ou seja, a LUSOFONIA é entendida como o eixo que agrega a literaturas e
culturas que se expressam em português.” (p.15)

“[...] Antônio Houaiss, um dos primeiros a usar o termo LUSOFONIA e escrever sobre
ele no Brasil.” (p.15)

“Apesar dessa pequenez do tema no Brasil, não se pode deixar de notar que, quando se
fala do chamado mundo da língua portuguesa, há, sobre ele, um discurso idealizado e de
exaltação, como deixam ver claramente dois documentários feitos no país sobre a língua:
Além-mar (1999) e Língua: vidas em português (2003).” (p.16)

“A questão da LUSOFONIA, mesmo quando não tratada diretamente por este termo, está
presente em iniciativas oficiais do governo brasileiro. Devemos lembrar, nesse sentido,
que foi na segunda metade da década de 1980, durante o governo Sarney (1985- 1990),
que tomou forma, por iniciativa brasileira a ideia de se construir um bloco internacional
congregando os países da língua oficial portuguesa. Dela resultou a criação, em 1996, da
CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.” (p.17)
“As diretrizes de universalização e autonomia da política externa brasileira vão continuar
durante as décadas seguintes e permanecem ainda hoje. A própria criação da CPLP em
1996 se encaixa nessas coordenadas.” (p.18)

“Na ótica diplomática brasileira, a CPLP representa basicamente uma opção estratégica
para articular, com base na língua comum, uma cooperação Sul-Sul (Brasil - países
africanos da língua oficial portuguesa – Timor) com a vantagem de ter um vértice na
União Europeia (Portugal).” (p.18)

“Numa síntese, pode-se dizer, então, que LUSOFONIA, no Brasil, em sua versão do
senso comum, se resume a um discurso romântico de exaltação (do qual se distancia
pouco o discurso acadêmico); ou, em sua versão governo governamental, é parte de uma
estratégia de projeção geopolítica do país.” (p.19)

“Já em Portugal, o tema da LUSOFONIA parece mais presente, motivando debates e


polêmicas como não se veem no Brasil.” (p.19)

“Analistas portugueses costumam apontar a questão da LUSOFONIA como sendo de


interesse estratégico geopolítico para Portugal no sentido de que “seu peso real europeu
depende essencialmente do facto de ser também extra - europeu (NEVES, 2003).” (p.19)

“A respeito dos demais países de língua oficial portuguesa, sabemos pouco de como
ressoa ali o tema da LUSOFONIA.” (p.22)

“Certamente, os países africanos de língua oficial portuguesa e o Timor - Leste


visualizam, na cooperação com Brasil e Portugal, possibilidades para enfrentar a
superação de seus problemas econômicos, sociais e culturais.” (p.23)

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