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Pelo menos desse ponto de vista, a desconstrução [...] tem seu lugar
privilegiado na Universidade e nas Humanidades como lugar de resistência
irredentista, até mesmo, analogicamente, como uma espécie de princípio de
desobediência civil, ou ainda, de dissidência em nome de uma lei superior e
de uma justiça do pensamento (DERRIDA, pp.23-4).
Com isso, não se quer dizer que a Educação não possa agregar saberes e
técnicas, procedimentos e ensinamentos. Ao contrário, quanto mais extensas e alargadas
forem suas compreensões, mais faremos jus à noção de mestiçagem trazida por Charlot,
ou seja, quanto mais entrecruzadas e estrangeiras forem as linhagens dos conhecimentos
que atravessam suas fronteiras, mais fecundas serão as chances de surgirem posições
epistemológicas desafiadoras e que sejam capazes de dizer algo de efetivo face à
complexidade característica do mundo contemporâneo.
O que ora está posta, é a necessidade de não fixarmos novas tábuas de salvação,
novas narrativas sacralizadas, intocáveis, paradigmas outros – valendo-nos da
igualmente desgastada expressão que se transformou numa modalidade de coringa
acadêmico a partir de sua utilização pelo teórico norte-americano Thomas Kuhn (1922-
1996) na obra “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962) – ainda que às avessas,
com o propósito de delinear e delimitar, por exemplo, como um estudante de
determinada idade poderia alcançar melhor desempenho caso fosse submetido a certos
conjuntos de prescrições professorais. Da Educação, diz-nos Charlot: “Portanto, [...] é
uma disciplina epistemologicamente fraca: mal definida [...] Quem desenvolve
pesquisas na área da educação é sempre um pouco suspeito. Quem deseja estudar um
fenômeno complexo não pode ter um discurso simples, unidimensional (CHARLOT,
2006, p.9).
Falando particularmente de Derrida, temos à mão um maquinário conceitual que
em muito se distancia das correntes predominantes no cenário intelectual europeu do
século vinte, tais quais a psicanálise de matriz freudo-lacaniana, o estruturalismo, a
fenomenologia e o marxismo ortodoxo. Desprovido de um solo no qual pudesse ser
classificado e posteriormente indexado a uma escola filosófica particular, nos
encontramos com um pensador nômade, solitário, que demonstrou considerável apreço
pelos clássicos da tradição ocidental – inclusive, a ponto de esmiuçá-los e dedicar-lhes
trabalhos de fôlego, como se passa com o ensaio “A Farmácia de Platão”, publicado
originalmente na coletânea “Disseminação” (1972) – mas, em contrapartida, sequer por
alguns instantes manteve-se fiel à aura de autoridade a eles imputada por seus discípulos
imediatos e seguidores ulteriores. Destarte:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS