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Gonçalves João
Universidade Rovuma
Nampula
2023
Gonçalves João
Universidade Rovuma
Nampula
2023
ii
Declaração
Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção
de qualquer grau académico.
_________________________
Gonçalves João
iii
Dedicatória
As minhas filhas Alcina, Admira, Eunice e Samira, meu irmão Paulo João, que directas ou
indirectamente deram-me a força capaz de enfrentar os 4 anos dos meus estudos.
Aos meus colegas em particular Castelo Fabião, a minha família que suportaram com paciência e
dor os momentos críticos em que precisavam do calor, carinho de filho, esposo, pai e irmão
durante este trajecto universitário.
iv
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo fôlego da vida que me concedeu ao longo de todo esse
tempo, pela sabedoria que sempre tenho buscado Nele, e também pela força que me deu para
superar os obstáculos e desafios da vida, e sobretudo pela oportunidade que está dando-me de
concluir mais uma etapa em minha vida.
Um especial obrigado ao Dr. Aristides Mucopa, supervisor deste trabalho que se mostrou
incansável na orientação do mesmo, prestou inúmeros e valiosos subsídios para que o desejo se
tornasse numa realidade.
A todos os docentes da Universidade Rovuma, Delegação de Nampula que leccionaram o Curso
de licenciatura em sociologia.
Sem esquecer amigos queridos que me acolheram durante o curso que sempre estiveram ao meu
lado estudantil, o grande agradecimento vai para meu amigo especial que apoiou-me na parte de
digitação dos trabalhos Nelson Domingos.
v
AC – Autoridade Comunitária
CP – Conversa Pessoal
AL – Autoridade Local
BR – Boletim da República
vi
Lista de tabelas
Tabela 1. Postos administrativos e os repetitivos bairros que compõem a cidade Nampula
Resumo
Esta pesquisa, cujo tema aborda cultura e corrupção, caso do Bairro de Muahivire – Expansão, na
Unidade Comunal de Namiteka na cidade de Nampula no período 2020-2022, com objectivo de avaliar, a
partir da percepção dos cidadãos, a influência da cultura na prática da corrupção, tendo como questão de
parida ate que ponto a cultura pode influenciar na prática da corrupção?. Para buscar respostas, esta
pesquisa contou com uma amostra de 80 indivíduos dentre estes representantes das autoridades
comunitárias e a sociedade civil em geral. A técnica de amostragem tomada foi por conveniência devido a
natureza e o objecto de estudo (corrupção) da pesquisa. Para colecta de dados, foi utilizada a entrevista
dirigida aos sujeitos da pesquisa no sentido de dar resposta a questão chave do estudo, os resultados
mostraram que a relação existente entre a cultura e a corrupção é extremamente forte e que muita das
vezes indissociável, mostraram também que a corrupção sendo uma pratica ilegal e condenável ela vem
ganhando espaço nas comunidades passando de forma despercebida deixando assim inúmeras catástrofes
na esfera social, económica e cultural. Feitas as abordagens pode se chegar as seguintes conclusões: que a
cultura desempenha um importante papel na decisão do indivíduo confrontado com a situação de agir
conforme as normas e regras (não apenas legais, mas também éticas, morais e sociais) estabelecidas ou
desviar-se delas para atingir um ganho privado, material neste caso a corrupção. Também pode se
perceber que a cultura é um aliado de grande valor parta na busca de identificar as causas, oportunidades
e manifestação da corrupção em Namiteka, os resultados mostraram 4 causas principais na base dos
resultados nas entrevistas feitas, nomeadamente a pobreza, elevado nível de custo de vida, baixo nível de
escolaridade e desemprego.
Índice
Declaração......................................................................................................................... ii
Dedicatória ....................................................................................................................... iii
Agradecimentos ............................................................................................................... iv
Lista de abreviaturas, símbolos e siglas ............................................................................ v
Lista de gráficos & figuras ............................................................................................... vi
Lista de tabelas ................................................................................................................ vii
Resumo .......................................................................................................................... viii
Introdução ....................................................................................................................... 13
CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................... 17
1.1. Revisão da literatura ............................................................................................ 17
1.2. Perspectivas teóricas sobre a corrupção ............................................................... 20
1.2.1. Teoria da modernização ................................................................................... 20
1.2.2. Teoria da Cultura Política ................................................................................ 21
1.3. Conceitualização da corrupção ............................................................................ 22
1.3.1. Tipos de corrupção ........................................................................................... 23
1.3.2. Causas da corrupção ......................................................................................... 24
a) Causas Culturais ...................................................................................................... 25
b) Causas socioeconómicas.......................................................................................... 27
1.3.3. Situação actual de Moçambique no índice de corrupção ................................. 28
1.3.4. O papel da cultura no desenvolvimento socioeconómico ................................ 29
CAPITULO II: METODOLOGIA ................................................................................. 30
2.1. Metodologia ............................................................................................................. 30
2.2. Tipo de pesquisa .................................................................................................. 30
Quanto à natureza ........................................................................................................... 30
Quanto ao objecto de estudo ........................................................................................... 30
a) Quanto aos objectivos .............................................................................................. 30
b) Quanto aos procedimentos técnicos ........................................................................ 31
2.3. Método ................................................................................................................. 31
a) Quanto à abordagem ................................................................................................ 31
b) Quanto aos procedimentos....................................................................................... 31
2.4. Técnicas de recolha de dados ............................................................................... 32
12
a) Consulta bibliográfica.............................................................................................. 32
b) Entrevistas ............................................................................................................... 32
2.5. Universo ............................................................................................................... 32
2.5.1. Amostra ............................................................................................................ 32
CAPITULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS 34
3.1. Descrição do local da pesquisa ............................................................................ 34
3.2. Divisão Administrativa da cidade Nampula ........................................................ 35
3.3. Características Físico-geográficos da Cidade Nampula ...................................... 36
3.3.1. Clima e Vegetação ........................................................................................... 37
3.3.2. Hidrografia ....................................................................................................... 37
3.4. Bairro de Muahivire - – Unidade Comunal de Namiteka .................................... 38
3.5. Apresentação de dados ......................................................................................... 39
3.5.1. Caracterização dos sujeitos da pesquisa ........................................................... 39
3.5.2. Idade dos Entrevistados .................................................................................... 39
3.5.3. Género dos Entrevistados ................................................................................. 40
3.5.4. Categorização dos sujeitos da pesquisa ............................................................ 40
3.6. Análise e interpretação de dados.......................................................................... 41
3.6.1. Entrevista dirigida as Autoridades Locais (EDAL) e Sociedade Civil (EDSC)41
Conclusão........................................................................................................................ 61
Sugestões......................................................................................................................... 62
Bibliografia ..................................................................................................................... 63
Anexos ............................................................................................................................ 69
Apêndices ........................................................................................................................ 71
Apêndice 1. Fontes obtidas nas entrevistas..................................................................... 72
a) Fontes orais .............................................................................................................. 72
Apêndice 2. Ilustração das entrevistas realizadas ........................................................... 74
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Introdução
Esta pesquisa tem como tema cultura e corrupção, caso do Bairro de Namiteka na cidade de
Nampula no período 2020-2022, um estudo levado a cabo com objectivo de avaliar, a partir das
percepções dos cidadãos, a influência da cultura na prática da corrupção no Bairro de Muahivire,
na Unidade Comunal de Namiteka.
Partindo das ideias acima referidas, o presente trabalho visa essencialmente abordar os
aspectos culturais que estão directa ou indirectamente ligados na prática e inceptivo da corrupção
numa perspectiva social.
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Como sustentado por Brown e Cloke (2005), que os estudos acerca da corrupção tem
recebido grande atenção pelo menos desde 1990, pelo receio de aumento potencial de
oportunidades de actividades ilícitas devido à globalização e pelo fato de a corrupção estar
presente em todos os países, independente de qual for o seu sistema político, económico ou legal.
Porém, com diferenças de intensidade e escala (Brol, 2016).
Essa prática tem como seu alvo principal os cidadãos de classes sociais mais baixas (Rose-
Ackerman, 1999) e por isso a corrupção é um fenómeno considerado negativo e injusto do ponto
de vista social (Brol, 2016). Este trabalho visa buscar subsídios de modo a compreender de que
maneira as pratica, ideologias culturais podem influenciar na prática da corrupção, numa esfera
social.
A pesquisa tem como objectivo geral, avaliar, a partir da percepção dos cidadãos, a
influência da cultura na prática da corrupção no Bairro de Muahivire, na Unidade Comunal de
Namiteka. Para o alcance do mesmo são igualmente traçados os objectivos específicos para sua
operacionalização, que consiste em: Identificar a relação existente entre a cultura e a corrupção;
Captar percepções dos cidadãos sobre o papel desempenhado pela cultura no combate à
corrupção em meios sociais e Identificar as causas, oportunidades e manifestação da corrupção
em Namiteka.
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Dentre várias razões que levaram na escolha do tema em destaque, três (3) são as razões a
apontar: primeiro, pelo facto da corrupção ser um problema que enferma e enfraquece a
sociedade moçambicana associado a ideia de que a mesma deve-se, em parte, a fraca
participação da sociedade civil. Segundo: a escolha do objecto de estudo, neste caso a cultura,
deve-se ao facto da mesma não ter sido ainda, em termos de pesquisa, amplamente explorada
sobre o seu papel no controle e combate a corrupção e a importância que a mesma tem na esfera
pública moçambicana ainda que tenha muito se notabilizado nos últimos anos em diferentes
áreas de interesse social.
Por último, terceiro: a escolha da cultura como um determinante social, deve-se ao facto da
mesma ser uma das mais aliadas ao progresso e desenvolvimento da personalidade de um
conjunto de indivíduos que forma a chamada sociedade, uma vez que as ideologias, os princípios
e a forma de pensar são maiores determinantes culturais de uma determinada região ou grupos
envolvidos.
No que concerne à estrutura, o trabalho, pela sua natureza, encontra-se dividido em quatro
(3) capítulos, nomeadamente: Capítulo I - apresenta-se a fundamentação teórica baseando-se nas
fontes bibliografias que focalizam o tema em abordagem; Capítulo II - Descreve-se a
metodologia, referência detalhada da maneira que serão colectadas as amostras, método e
técnicas a serem utilizadas para execução do estudo; Capitulo III – Descreve a parte de
apresentação, analise e discussão dos resultados obtidos na pesquisa e as possíveis conclusões
que a mesma chegou.
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No olhar desses autores a corrupção passa a ser um factor preocupante se esta realidade tiver
raízes no âmbito politico. A segunda obra, Relatório final sobre avaliação de corrupção em
Moçambique (Spector et al 2005), é obrigatória, para quem pretenda abordar a questão de
corrupção no País. Foi um estudo elaborado sob encomenda da USAID (Agência norte-
americana para o Desenvolvimento Internacional); com o objectivo de avaliar o fenómeno e
ainda, como alternativa para reflectir sobre o entrave do crescimento e desenvolvimento
económico do País. E através dessa análise, ver como fortalecer a transparência e os mecanismos
de responsabilização e de integridade pública, que, de certa forma, iriam melhorar a equidade e
eficiência da governação, satisfazendo os interesses e o bem-estar dos cidadãos.
Nesse relatório, os autores concluíram haver corrupção, perpetuada em todos os sectores de
actividades, que decorre da falta de controlo e fiscalização dos três braços do governo; ou seja,
do controlo legislativo, executivo e judicial, que se manifesta através da falta de transparência e
acesso limitado à informação, da falta de responsabilização mínima dos funcionários e de uma
cultura de impunidade para a corrupção que insiste em persistir, uma vez vista como sendo uma
actividade de grande risco, mas de grande recompensa.
A Ética Moçambique (2011), um outro estudo sobre corrupção em Moçambique, tinha como
objectivo fazer uma avaliação do estado de corrupção no País; e o seu efeito nos cidadãos, nas
instituições sociais e do Estado e, por via disso, traçar recomendações e medidas estratégicas
para o seu combate. Portanto, neste estudo, apontam-se as seguintes causas da corrupção: o
desconhecimento geral da lei, as dificuldades criadas ao serviço do Estado, a existência de redes
de influência, as distorções no entendimento e uso da lei e as distorções do papel do Estado e o
medo
A par de Spector et al (2005), é um estudo encomendado, por instituições nacional e
internacional; para avaliar as causas da corrupção em Moçambique, como forma de se poder
julgar o estágio do crescimento e o desenvolvimento económico do País. Portanto, estes estudos,
embora relevantes para reflectir o comportamento dos indivíduos, praticantes de corrupção, de
certa forma, carregam algum descrédito nesta pesquisa quando culpabilizam os funcionários
públicos, como sendo os únicos responsáveis pela proliferação da corrupção~
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É nesse angulo que essas pesquisas apenas foram focas nas questões politicas, envolvendo o
funcionário ou os políticos e o estado, deixando de lado a esfera cultural que também pode
constituir grande aliado a essa pratica e sua erradicação parte do pressuposto de conhecer as
intenções e as ideologias que norteiam essas atitudes, esta é uma das razoes desta pesquisa.
A corrupção no sector de saúde em Moçambique, da autoria de Mosse e Cortez (2006), um
estudo realizado em Maputo, tinha como objectivo, analisar as práticas em vigor nos hospitais
públicos, no sentido de identificar o perfil dos actores de corrupção, caracterizar as estruturas de
oportunidade e mostrar as formas de corrupção vigentes.
Esses autores chegaram a conclusão que a corrupção na saúde é alimentada pela fraqueza
das estruturas de incentivos, o absentismo parte dos funcionários, estas conclusões não se
distanciam das duas últimas obras, uma vez que a culpabilização dos funcionários ainda constitui
foco para justificar a perpetuação da corrupção no País. Mas uma vez observa-se que o olhar dos
autores é sempre pelo lado dos efeitos e não das causas que estão por detrás dessas práticas,
sendo estas uma das limitações de muitas pesquisas similares na qual o estudo em causa visa
suprir essas limitações e lacunas.
No livro intitulado Cultura de corrupção publicado em Maputo pela UEM, da autoria de
Katia Manjate (2008), está definido o seguinte objectivo: analisar motivações, valores e
linguagens que estão por detrás de práticas de corrupção no sector de saúde. Essa definição
resultou da observação das práticas no quotidiano dos funcionários e utentes do Hospital Geral
José Macamo, que contribuíam para o surgimento de uma cultura de corrupção.
A autora concluiu que a cultura de corrupção no sector de saúde, emergiu da predominância
excessiva da burocracia e da situação salarial da função pública em Moçambique, ou ainda, que a
raiz do suborno estava ligado ao poder discricionário de governantes e ou de funcionários
públicos (Manjate 2008: 26)
Contudo, as três primeiras obras, de Spector et al (2005), Ética Moçambique e Mosse e
Cortez (2006), possuem um mérito, visto que, por um lado, trazem ao debate questões ligadas à
corrupção, fazendo análises de natureza do fenómeno, suas consequências e implicações
socioeconómicas da inserção das práticas corruptivas em vários sectores de actividade em
Moçambique, salientando-se apenas, o facto de não se terem preocupado com as estratégias
construtiva da corrupção entre os actores sociais, num contexto determinado.
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No olhar de Joseph Nye (1967) em sua obra Corruption and Political Development: A
Cost-Benefit Analysis realizado nos Estados Unidos, ele parte do mesmo pressuposto e evita
uma abordagem moralista da corrupção para trabalhar a hipótese de que a corrupção pode
resultar em ganhos sistémicos tais como desenvolvimento económico e político. Para esse autor a
corrupção é um comportamento que se desvia dos deveres formais de um papel público por
causa da sobreposição de interesses pessoais em nome de ganhos financeiros ou de status. Esse
comportamento se expressa em práticas como suborno, nepotismo e apropriação indébita.
Vale ressaltar que esta orientação teórica não constituirá base dos argumentos da pesquisa
em processo. Segue-se uma outra vertente teórica a ser descrita.
1.2.2. Teoria da Cultura Política
Segundo Gomes no seu artigo intitulado a corrupção em perspectivas teóricas, publicado em
Janeiro de 2010 no Brasil, realça que a teoria da cultura política surgiu nos Estados Unidos
durante a década de 1960 e teve como seu marco fundador a obra The civic culture (1963) de
Gabriel Almond e Sidney Verba.
Na perspectiva do autor acima, a inovação dessa nova corrente de estudos foi a de
considerar a cultura como variável digna de análise para o entendimento do comportamento
político. Nesse caso, variáveis como a estrutura institucional e a estrutura económica de uma
sociedade não foram desprezadas, mas avaliadas na interacção com o factor cultural.
Por seu turno, apoiando suas análises na renovação proposta por Gabriel Almond e Sidney
Verba, Kuschnir e Carneiro, em seus estudos sobre as dimensões subjectivas da política
publicado em 1999, afirmaram que, o objectivo da Teoria da Cultura Politica era incorporar nas
análises da política da sociedade de massas contemporânea uma abordagem comportamental, que
levasse em conta os aspectos subjectivos das orientações políticas, tanto do ponto de vista das
elites quanto do público desta sociedade (Kuschnir, Carneiro 1999: 02).
De uma forma geral, ambos entenderam o conceito como a noção que se refere ao “conjunto
de atitudes, crenças e sentimentos que dão ordem e significado a um processo político, pondo em
evidência as regras e pressupostos nos quais se baseia o comportamento de seus atores”
(Kuschnir, Carneiro 1999: 02).
22
Penna, Lincoln de Abreu em seu estudo a Cultura Política Comunista no Brasil em 1996,
aponta que uma cultura política pode ser caracterizada das mais variadas formas, para este estudo
pautou-se para aquela que aponta para “um conjunto de procedimentos, princípios e valores que
se traduzem numa prática necessariamente ideológica, no sentido de reflectir uma visão de
mundo” (Penna 1996: 65).
Para esta pesquisa, tem como base teórica a Cultura Política, com o objectivo de avaliar, a
partir da percepção dos cidadãos, a influência da cultura na prática da corrupção. Tendo em
conta que a cultura é uma variável digna de análise para o entendimento do comportamento
político assim como social, como sublinhado pelos autores acima, estudo a ser levado a cabo visa
essencialmente trazer uma relação entre a cultura e a corrupção, ou seja, analisar de forma
precisa como as ideologias culturais podem influenciar na prática da corrupção, em especial na
cidade de Nampula.
1.3.Conceitualização da corrupção
A corrupção não é uma exclusividade de um país, região, ou mesmo das nações em
desenvolvimento. Silva (1996, p. 4) rejeita ideia de que a corrupção seja “um fenómeno datado e
regional (ocidental); pelo contrário, é universal, “transistêmica” e perpassa a história da
humanidade”. Entretanto, mesmo admitindo como válida a noção de que corrupção seja
universal e exista em todos os grupos sociais, é lícito afirmar que a maneira com que ela se
manifesta nas diferentes sociedades não é homogénea.
Para melhor compreendermos esse termo, torna-se necessário buscar alguns pontos de vista
de vários autores que debruçaram sobre a mesma questão em referência. Heidenheimer et al,
91989:6) citado por Andvig et al (2000), olha a corrupção como uma transacção entre os actores
dos sectores público só e privado, em que os bens colectivos são ilegitimamente convertidos em
ganhos privados.
A clássica definição de Colin Nye estabelece a corrupção como “um comportamento
desviante dos deveres formais de um papel público (eleito ou nomeado) motivado por ganhos
privados (pessoais, familiares, etc) de riqueza ou status” (vide Nye 1967:416, citado por Andvig
et al, 2000).
23
Outrora, Klitgaard (1998) é outro dos autores que considera a corrupção como uma forma
de mau uso do cargo público para benefícios privados ou para fins não oficiais. Ele desenvolveu
uma fórmula através da qual se pode definir a corrupção. A fórmula é a seguinte: C=M+D-A ;
Onde: C= Corrupção; M=Monopólio; D=Discricionariedade; A =Accountability
Olhando para os autores acima referidos, pode se concluir que ter uma definição clara daquilo
que seria a corrupção como prática é tao complexo razão dada pela ampla e diversas áreas do
saber buscar compreender esse ponto sob ponto de vista do objecto de estudo de cada disciplina
ou área do saber. Desde a antropologia, as ciências politicas, a sociologia e entre outras áreas das
ciências sociais.
1.3.1. Tipos de corrupção
Segundo o estudo feito em São Tome, por Fernandes (2009, p: 28), a corrupção é um fenómeno
que afecta todos os países, tanto desenvolvidos como em desenvolvimento, muito embora tivesse
prevalecido, em determinada época, a crença de que se tratava de uma epidemia apenas marcante
no terceiro mundo.
No olhar do autor acima referido, a tal crença defendia que nos países desenvolvidos este
fenómeno se encontrava sob controlo e que a corrupção em países em vias de desenvolvimento é
maior que nos países desenvolvidos, devido à fragilidade dos serviços públicos, onde
predominam os princípios patrimonialistas sobre o princípio de administração moderna,
sustentou o mesmo.
Segundo Silva (2021), aponta como sendo os principais tipos de corrupção os seguintes:
Corrupção activa, é a forma activa da corrupção, nesse caso uma pessoa vai oferecer
alguma forma de compensação para que outra possa fazer algo. Exemplo: quando passa
informações privilegiadas para alguém em troca financeira.
Corrupção passiva, se caracteriza como o ato de “solicitar ou receber, para si ou para
outros, directa ou indirectamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.”.
Corrupção necessária, nesse sentido, a área responsável opta por agilizar essas etapas e
burlar burocracias para contratar a equipe para um determinado fim.
Corrupção preditiva, ocorre especificamente em sectores públicos, mas o agente
corruptor pode ser de uma organização. Nesse sentido, o candidato recebe apoio económico
24
em troca de vantagens quando for eleito, de modo que atenda aos principais interesses da
empresa.
Corrupção lateral, Quando a corrupção lateral é voltada para a esfera pública, ela ocorre
quando um político cria bancadas para que possa conseguir a quantidade de votos
necessária para o projecto de seu interesse.
1.3.2. Causas da corrupção
Quais seriam então as causas da corrupção? Que factores são responsáveis por essa diferença
observada na prática da corrupção entre diferentes países ou regiões? Para ter clareza nessas
perguntas, torna-se necessário recorrer alguns estudos similares de modo a compreender de facto
as causas que estão por detrás dessas enfermidades.
Na perspectiva de Fernandes (2009, p: 37), A corrupção é imanente ao homem, sempre
existiu e persiste e, assim sendo, devem também perdurar os esforços para contê-la em níveis
eticamente aceitáveis. Partimos do princípio de que uma sociedade onde se pretenda que
prevaleça um nível baixo de corrupção deve primar por regras de imparcialidade e isenção em
todos os níveis.
Apoiando – se a esse pensamento, é certo afirmar que essa pratica esta directamente ligado
ao próprio homem, sendo que essa pratica enquanto aceite sempre haverá danos aos visados e
sempre criara retrocessos no desenvolvimento da própria esfera social e económica.
Uma vez que corrupção irá sempre perdurar, torna-se necessário conhecer as suas raízes ou
causas, de forma a melhor conhecer o fenómeno e poder tratá-lo (Fernandes, 2009, p: 37).
Para tal, é necessário considerar as causas, as condições nas quais a corrupção tende a proliferar.
Estas condições vão desde as imperfeições inatas do homem (por exemplo, um nível elevado de
inveja, cobiça) até aos meios injustos empregues numa situação de concorrência (caso de
eleições) e podem agravar-se devido a falhas no sistema judicial, administrativo, práticas
políticas não éticas, injustiças económicas e sociais, etc.
25
A cultura sendo um capital social indispensável, ela se guia com base em alguns princípios
como confiança interpessoal e relacional, tradições religiosas e género, como defende Barbosa
(2012, p. 34). Por sua vez, Putnam reitera que um dos valores mais fortemente estudados nesse
campo é a confiança, que juntamente com as normas e sistemas, formam o cerne do conceito de
“capital social” elaborado por (Robert Putnam 2000).
O capital social se refere a um estoque de valores em uma organização social que
contribuem para aumentar a eficiência da sociedade (Putnam, 2000, p. 177). Ao se questionar por
que o comportamento não cooperativo não se manifesta com tanta frequência como prevê a
teoria dos jogos, Putnam argumenta que em uma sociedade com grande estoque de capital social,
a cooperação espontânea é mais fácil, o que reduz os custos de transacção. Esse “recurso moral”
aumenta com o uso e normalmente constitui um bem público.
Com base nesse pensamento, pode se perceber que essas diferenças, por sua vez, podem
explicar os diferentes graus e géneros de corrupção encontrados nos diferentes países ou
regiões”. Para esta pesquisa vai buscar compreender essa pratica sob ponto de vista da cultura
Macua que norteia a maior parte dos munícipes da cidade de Nampula onde esta pesquisa tem
seu campo de acção.
Olhando mesmo pela cultura, existência de uma cultura de ilegalidade generalizada ou
restrita a um grupo intangível pela justiça, pode-se enquadrar na declaração do autor Moreno
(1999:126) “Entendamos que mais além da sinceridade das declarações, o nível de corrupção de
um país estará determinado pela cultura de seus cidadãos, a qualidade do seu Estado e a
existência de um sistema de controlo independente e eficaz”. A persistência de formas de
organização e de sistemas normativos tradicionais numa sociedade moderna, faculta contradições
que conduzem a corrupção.
Reitera ainda que isso “Trata-se de um Estado onde o poder é pessoal, onde as dicotomias
Estado/Sociedade Civil, público/privado, formal/informal, fundamentos do Estado Moderno, não
existem. A fronteira entre o social, o político e o económico não é real, é apenas teórica.
b) Causas socioeconómicas
As distorções estruturais e conjunturais da economia e da organização social concorrem
decisivamente para o aumento da corrupção. Essas causas surgem das brechas existente entre a
ordem jurídica e a ordem social vigente.
Na ideia de Fernandes (2009, p: 41), em muitos países observa-se que o Estado não tem a
capacidade de sustentar simultaneamente o seu modelo de intervenção económico e cumprir com
suas obrigações na área social, razão disso são as lacuna existente entre os recursos da
administração pública e a dinâmica social.
Em países em que o índice de corrupção é elevado, como é o caso de Moçambique,
geralmente perde-se a noção do bem comum, que, como define o Martins (2000) é o próprio bem
particular de cada indivíduo, enquanto este é parte de um todo ou de uma comunidade: "O bem
comum é o fim das pessoas singulares que existem na comunidade, como o fim do todo é o fim
de qualquer de suas partes". Ou seja, o bem da comunidade é o bem do próprio indivíduo que a
compõe. O indivíduo deseja o bem da comunidade, na medida em que ele representa o seu
próprio bem. Assim, o bem dos demais não é alheio ao bem próprio.
Oque se observa em muitos casos, como em Moçambique, em particular na cidade de
Nampula é uma desconfiança recíproca que se instala entre dirigentes e o povo. Quando os
governantes não confiam, por exemplo, que os governados irão pagar seus impostos, instituem
taxas elevadas a níveis impossíveis para que uns poucos paguem pelos evasores. Isso faz com
que os que pagam se sintam injustiçados, por pagarem valores avultados de imposto num
ambiente em que não se percebe os efeitos do pagamento deste
Na Cidade de Maputo, segundo o jornal O Pais, na edição 13/01/2022, um dos munícipes
afirmou que “Considero muito exagerado (o valor do IPA). Penso que há muitas famílias com
dificuldades de pagar este valor”. São palavras de Angelina Fabião, munícipes da Cidade de
Maputo que, à semelhança dos outros, passa a pagar 510 meticais de Imposto Pessoal Autárquico
desde 3 de Janeiro. Em 2020, o IPA custava 295 meticais, subiu para 476 ano passado e em 2022
inicia com o agravamento de 34 meticais.
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Devido a essas taxas elevadas de impostos fazem com que haja oportunismo por parte
daqueles que velam pelo cumprimento das mesmas, levando assim a comportamentos e atitudes
de benefícios próprios em detrimento do bem-estar alheio. A corrupção não só se concentra na
esfera do sector público bem como nos convívios e ajuntamentos sociais onde a minoria busca se
beneficiar dos esforços e fraquezas dos cidadãos de modo que estes tenham algum proveito.
1.3.3. Situação actual de Moçambique no índice de corrupção
De acordo com a CIP (2021), Moçambique cai cerca de 30 lugares no Rank da Transparência
Internacional Sobre Corrupção - As causas estão relacionadas, dentre outras, com as dívidas
ocultas e a corrupção de índole internacional envolvendo altos funcionários públicos e outros
agentes moçambicanos. Moçambique registou uma queda bastante significativa no índice de
percepção da corrupção da Transparência Internacional (TI) 2016.
O país caiu 4 pontos no que tange ao score (pontuação) e 30 lugares no Rank (posição)
que ocupava em relação ao ano transacto. Trata-se da maior queda que o país já conheceu desde
que este índice começou a ser publicado em 1995. Contribuiu grandemente para a queda no
índice a descoberta em 2015 (ano a que se refere o índice de 2016) das dívidas escondidas ou
ocultadas que foram sendo conhecidas de forma paulatina através da imprensa internacional e
que foram cometidas durante a governação do anterior presidente da República, Armando
Guebuza.
Apesar de ter registado uma melhoria comparativamente a edição de 2020, o país continua
a integrar o grupo de maiores retrocessos do continente – compreendendo a Libéria, Botswana e
Mali – tendo perdido cinco pontos (de 31) sobre o IPC desde 2012. Olhando para o panorama
acima, o pais ainda contínua em níveis de corrupção muito elevado, factor este que já se observa
em escala maiores onde a sociedade adopta este modelo de vido como sendo algo moralmente
29
aceite. Mediante a isso, busca-se perceber nesta pesquisa de que forma a cultura pode contribuir
para maximização dos danos dessa pratica ou como ela pode estar associada a mesma.
2.2.Tipo de pesquisa
Quanto à natureza
Em relação a natureza, esta pesquisa é um estudo de caso, visto que a proposta é produzir
conhecimento aprofundado sobre algo específico, neste caso o tema em estudo. Conforme
destaca Robert Yin no livro “Estudo de caso: planeamento e métodos“, essa modalidade de
estudo interessa quando a ideia é investigar acontecimentos contemporâneos, identificando
comportamentos relevantes para que eles ocorressem.
Esta pesquisa quanto aos objectivos é descritivo, partindo das observações obtidas, pretende se
fazer uma descrição exacta dos fenómenos e factos que constituem o objecto de estudo, como
uma forma de dar a conhecer uma determinada realidade local e suas possíveis formas de
mitigação, partindo das informações e resultados obtidos nessa realidade.
31
Como afirma Trivinos (1987), que a pesquisa descritiva exige do investigador uma serie de
informações sobre o que deseja pesquisar, uma vez que tais estudos visam descrever os factos e
fenómenos de determinada realidade.
Em relação ao procedimento técnico, a pesquisa será um estudo de campo, uma vez que o
pesquisador procura o aprofundamento de uma realidade específica, essa técnica será
basicamente realizada por meio da observação directa do local e das actividades do grupo a ser
estudado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações daquilo
que ocorre naquela realidade. A pesquisa basear-se-á no estudo do campo, no qual;
2.3.Método
a) Quanto à abordagem
Nesta pesquisa terá como base o método indutivo, partindo das premissas particulares para
atingir uma conclusão de ordem geral dos fenómenos a serem investigados, no entanto, a recolha
de informação será feita através da observação de casos particulares e desertificação das relações
entre os fenómenos para se chegar à generalização dessa relação, de acordo com Gil, (2010).
Tendo em conta que se trata de um estudo sociológico, as técnicas de colecta de dados são
muitos específicos pela natureza do trabalho, sendo assim, dentre as várias técnicas utilizadas
para colecta de dados em pesquisas sociológicas destaque as seguintes: análise documental e
entrevistas.
a) Consulta bibliográfica
É uma das técnicas que vai facilitar a pesquisa deste fenómeno, pois, será necessário o uso de
algumas obras, manuais, revistas ou artigos científicos para complementar a veracidade dos
factos a serem analisados e observados. A revisão bibliográfica, facilita na consulta de
informação propícias para a fundamentação teórica tendo em conta o objectivo do trabalho.
b) Entrevistas
A opção pela entrevista deve - se ao facto de ser uma das técnicas de colecta de dados muito
utilizada no âmbito das ciências sociais em particular na sociologia, ela não só permite a
obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam,
mas também cria formas de incluir o pesquisador na observação directa dos factos. A entrevista
nesta pesquisa será dirigida aos cidadãos residentes do Bairro de Namiteka na Cidade de
Nampula, sendo estes representantes do posto administrativo de Muhala.
2.5.Universo
2.5.1. Amostra
Partindo que a amostra é um subconjunto do universo, isto é, uma porção ou parcela,
convenientemente seleccionada do universo (população). Para a presente pesquisa, a amostra é
constituída por 80 pessoas todos residentes no Bairro em referência no estudo, deste 5 são
representantes das autoridades locais.
33
Para esta pesquisas, o tipo de amostra é não probabilística e a técnica de amostragem a ser
tomada é por conveniência, em que a amostra a ser tomada do universo será por acessibilidade
ou conveniência, tendo em conta que a pesquisa é descritiva e qualitativa, sendo esta técnica
propicia para o estudo e pela natureza do tema.
34
Todo qual quer ponto, dentro de Moçambique é caracterizado, por seus aspectos, físicos
geográficos, localmente que o distingue dos outros pontos dentro do pais, não fugindo a regra,
neste ponto, é situando as características físicas Geográficos da cidade de Nampula as seguintes;
clima, Hidrografia, a Geomorfologia, os Solos e a Vegetação.
37
Neste ponto foi feita a descrição, dos aspectos, climáticos e da vegetação existente dentro da
cidade, esses aspectos serão confortados com as ideias dos autores, abalizado na matéria
referente a esses aspectos apresentados.
Segundo INE (2011:3):
3.3.2. Hidrografia
A que foi apresentada toda a hidrografia que faz limite com capital do norte, que é a
cidade Nampula, o local, onde foi feita o meu estudo do campo, sobre transportes públicos
rodoviário ao serviço de passageiros, referente ao papel que desempenha no desenvolvimento
económico e social das comunidades da urbe.
A visão da Frelimo na época foi de não permitir atribuir o nome ao bairro sendo este de alguma
pessoa, dai que foi adoptado a atribuição de nome na base de fenómenos ou objectos da natureza
ao invés de apelidar a comunidade com o nome de alguém, foi assim que esta comunidade
passou a responder pelo nome de Namiteka até aos dias de hoje.
39
Sobre a questão inerente a idade dos entrevistados, num universo de 80 indivíduos, 10 dos quais
que correspondem a 12%, têm 20-25 anos de idade, sendo que 30 indivíduos que correspondem a
38 % têm 26-30 anos de idade, 15 indivíduos que correspondem a 15%, têm 31-35 anos de idade,
20 indivíduos que correspondem a 25%, têm 36-40 anos de idade e 5 indivíduos que
correspondem 6% com mais de 45 anos de idade. Vide o gráfico abaixo.
Idades
6% 12%
25% 20 a 25 Anos
26 a 30 Anos
38%
19% 31 a 35 Anos
36 a 40 Anos
Mais de 45 Anos
Analisando o gráfico acima mostra que a idade dos entrevistados ronda entre os 20 a 45 anos de
idade, havendo aqui uma representatividade nas idades, tendo em conta que a técnica de
amostragem tomada foi por conveniência em relação ao estudo pela natureza do tema em
questão.
40
Mulheres
38%
Homens
62%
De acordo com o número da amostra da pesquisa que é de 80 indivíduos, onde 50 são do sexo
masculino que perfazem 62% e 30 são do sexo feminino que perfazem 38%, respectivamente.
Segundo Gomes (2004): “A palavra categoria, em geral, se refere a um conceito que abrange
elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre si, onde as
categorias nos ajudam a organizar, separar, unir, classificar e validar as respostas encontradas
pelos nossos instrumentos de colecta de dados.
Com vista a facilitar a análise dos dados e a preservação das identidades das pessoas
contactadas durante e a entrevista foram atribuídos códigos. Deste modo, os códigos usados
foram os seguintes: (G AL a GSC ); que significa: G- Grupo, AL – Autoridade Local, SC –
Dos 80 entrevistados correspondente a 100%, 5 dos quais, que corresponde a 6.3% da categoria
(AL), foram unânimes em responder que a corrupção é a violação de normas de uma
determinada instituição, comunidade ou sociedade.
Por outro lado, os restantes da categoria, (SC) que correspondem a 93.7% da mesma,
responderam que a corrupção é um acto de troca de favores envolvendo duas partes, um sendo
beneficiário
Na busca de percepção daquilo que é o nível de conhecimento das autoridades locais no
que concerne a definição da corrupção, Miranda (2007), em seu artigo intitulado unificado o
conceito corrupção, afirma que Uma das dificuldades de se estudar corrupção diz respeito à sua
definição. Esta dificuldade vem da aparência de que se trata de uma simples questão semântica,
em que, na verdade, a maneira com que se define corrupção também determina o que irá ser
modelado e medido.
Por sua vez, mais detalhes são obtidas por Schilling (1997) que vai nos dizer que boa parte
desta dificuldade se encontra no fato de a corrupção significar um número grande de práticas.
Tudo isso afora a questão de ainda não ser possível medir a corrupção com precisão.
42
Partindo das respostas dadas, apesar das divergências nas abordagens, todas se cruzando no
mesmo ponto, como reforçam os autores a baixos evidenciados:
Em Zaffaroni (1990, p. 371) se encontra a seguinte definição:
Por corrupção deve-se entender a relação que se estabelece entre uma pessoa com poder
decisório estatal e uma outra pessoa que opera fora deste poder. O objectivo desta relação é
uma troca de vantagens, onde ambas obtém incremento patrimonial, em função de um ato (ou
omissão) da primeira pessoa em benefício da segunda.
De seguida, Huntington define a corrupção, em estudo de 1975, de três formas:
(...) a corrupção, como a violência, ocorre quando a ausência de oportunidades de mobilidade
fora da política se combina com a exigência de instituições frágeis e inflexíveis, canalizando
energias para o comportamento político desviante. (HUNTINGTON, 1975, p. 80)
Já o Dicionário de Política, de Bobbio, Mateucci e Pasquino (1991, p. 292), traz uma
classificação de tipos de corrupção que assim define o termo:
A corrupção é uma forma particular de exercer influência: influência ilícita, ilegal e ilegítima
(...). É uma alternativa da coerção, posta em prática quando as duas partes são bastante
poderosas para tornar a coerção muito custosa, ou são incapazes de a usar.
O autor reforça o fato, ora pontuado por Huntington e Zaffaroni, de o fenómeno ser uma espécie
de troca, e, que, enquanto troca reforça seu carácter económico e cultural. Pensar a corrupção
enquanto um fenómeno, no mínimo, político e económico é condição necessária para haver uma
definição de corrupção mais ampla e que tenha maior operacionalização.
Dos 80 entrevistados correspondente a 100% das duas categorias, todos foram unanimes ao
afirmar que sim há manifestações de traços de corrupção nas comunidades onde estão inseridos,
aliado a isso, a corrupção pode ser entendida por meio de diferentes dimensões, tais como a
dimensão política (Speck, 2003), a administrativa (Melo; Sampaio; Oliveira, 2015), a
comportamental (Carraro et al., 2011), como um problema de governança e compliance
(UNODC, 2004) ou cultural (Power; González, 2003).
Cada uma dessas abordagens traz diferentes entendimentos sobre quais são as causas da
corrupção e quais as possíveis maneiras de reduzir a sua ocorrência ou intensidade, sendo esta
pratica um mal que suas manifestações são contantes em meios sociais, o que ao longo dos
tempos acaba se tornando um estilo de vida quase que aceite nas comunidades.
Sobre a existência de traços culturas influenciantes na corrupção, que são marcas que a
cultura deixa nas acções, atitudes ou mesmo na personalidade do individuo. o estudo foi
realizado numa comunidade que seus habitantes são na maior do litoral, estes tem um modelo de
vida meio liberal, onde as suas acções estão voltadas para o sustento e a sobrevivência, o negocio
é a principal actividade dos mesmos.
44
Culturalmente, estes habitantes tem um sentimento muito negativo sobre a escola o que
contribui negativamente para não escolarização dos mesmo, os hábitos e costumes dos mesmos
estão voltadas para pártica de negócios que na sua maior parte são infirmas, desde o comercio
infantil, onde crianças ainda em idade escolar são submetidas aos serviços de venda ambulante
colocando em risco o futuro dessas crianças. Como formas de convívio, atitudes para aquisição
de qualquer coisa, devido as limitações no conhecimento de causa, o baixo nível de escolaridade
acabam usam meios ilícitos, mas por eles culturalmente algo normal e aceitável, para satisfazer
ou alcançar algo que desejam.
Em relação a esses dois aspectos, a cultura e a corrupção, no âmbito das abordagens obtidos pelo
pesquisador durante suas buscas, pode perceber que a cultura da comunidade em referencia (U/C
Namiteka) caminha lado a lado com essa pratica, uma vez que numa das entrevistas, umdos
sujeitos apresentou seguintes argumentos dizendo que:
O autor chegou compreender que a educação é a chave principal para manter a integridade
moral e ética de qualquer sociedade, que é o contrário da realidade vivida nessa comunidade em
estudo, onde maior parte dos habitantes olham a escola como ultimo plano, o que contribui
negativamente nas atitudes e acções por eles tomadas. Uma vez que não tendo conhecimento
sobre as realidades actuais, um modelo de vida culturalmente meio inadequado, comportamentos
e motivos impróprios ganham aceitação o que contribui na disseminação de uma conduta moral
indigna levando a comunidade cada vez mais longe do desenvolvimento e progressão social.
46
50
40
Entrevistados
10 28.8%
0
Respostas
Com base no gráfico, pode se afirmar que a dimensão cultural de entendimento da corrupção é o
foco deste estudo. As variáveis culturais procuram entender se de fato os atributos culturais
podem explicar ao menos uma parte da variação no nível de corrupção entre e dentro das
comunidades.
Del Monte e Papagni (2001) mencionam que a corrupção está ligada à maneira como
uma sociedade tolera tanto ela como os agentes corruptos, e está ligada a crenças, religião
predominante, ideias, influência dos meios de comunicação e comportamento social, variáveis
associadas a elementos culturais normalmente abordadas em estudos de cultura nacional.
Apesar de não ser muito evidente, cultura esta sendo pouco a pouco ganha por
manifestações de corrupção, em muitas esferas sociais, a corrupção esta se tornando cada vez
mais estimada, a ponto de fazer parte das convivências nas comunidades e uma acção
massificada em muitas instituições e organizações.
47
Categoria - SC
Sim a cultura pode influenciar na prática
Respostas das
da corrupção, aqueles gesto de levar algo
entrevistas
ou valor para dar alguém a favor de Total de SC = 61 Percentagem (76.25%
benefício, muita das vezes são práticas
incentivadas nas comunidades, isto
influencia no comportamento corrupto.
Não, a cultura não influencia na prática
Como pode se observar, as perspectivas sobre a influência da cultura na prática da corrupção são
divergentes, mas 80% dos entrevistados nas duas categoria reiteram que a cultura de um
determinado individuo ou grupo social tem grande poder de influência na prática da corrupção,
uma vez que alguns hábitos culturalmente cultivados e incentivados muita das vezes servem de
ponto de partida abrindo uma brecha para manifestações da corrupção.
Dos restantes 20% das mesmas apresentam uma perspectiva diferente, destacando que a cultura
não exerce influência na prática da corrupção, pós cada individuo apresenta seu património
cultural
20%
A cultura influencia
Não influencia
80%
É do conhecimento que a cultura tem grande influência no comportamento do individuo, pós ela
fornece regras, padrões, crenças, etc., que são aprendidas no contexto das actividades grupais.
Ainda sobre a influência da cultura, o autor pode perceber que é a partir da realidade sócio
histórica que nos socializamos, tendo como agentes socializadores do processo de socialização
que são: família, a escola e os meios de comunicação em massa.
Das respostas obtidas na entrevista, como mostra o gráfico acima, assim, o autor pode
compreender que a corrupção devido a sua ocorrência e a tolerância que ela vem ganhando, vem
sendo cada vez mais socialmente construída, tendo em conta que os factores culturais
desempenham um papel importante nessa construção.
49
Esses resultados acima, são consubstanciados por Heeks (2000), em sua pesquisa sobre o
entendimento das barreiras para o acesso do cidadão na política e gestão de desenvolvimento, um
estudo realizado na universidade de Manchester, diz que a corrupção é o resultado de uma
combinação de um nível macro e um nível micro. O primeiro é a representação organizacional,
nacional, política, cultural e sistemas de gestão, e o micro nível representado pelo indivíduo, suas
circunstâncias, necessidades, habilidades, acesso, confiança e autonomia.
Nessa visão, o autor aponta a corrupção em duas escalas macro e micro, contudo,
independente da característica, combinação, intensidade, escala ou da quantidade de recursos
envolvidos e o sector onde ocorre, a corrupção sempre será prejudicial. Por fim, CGU (2015)
acrescenta que:
A corrupção é um mal que afecta todos. Governos, cidadãos e empresas sofrem
diariamente os seus efeitos. Além de desviar recursos que de outra forma estariam
disponíveis para melhor execução de políticas públicas, a corrupção é também
responsável por distorções que impactam directamente a vida das pessoas [...]
Analisando as percepções dos sujeitos em estudo, chega-se a conclusão que de facto a cultura de
uma organização tem influência sobre diversos pontos da configuração organizacional, tais como
a sua estrutura, a forma como os envolvidos tomam decisões e resolvem problemas, e as
expectativas dos envolvidos. Com isso, compreende-se que os membros da organização
compartilham e reproduzem regras culturais, linguagens e procedimentos que orientará o
comportamento de todo o grupo. Mediante isso, a cultura pode incidir influência sobre a forma
das pessoas se comunicarem e compartilharem conhecimentos em todas as áreas da organização.
50
Nessa pergunta, dos entrevistados todos 100% foram unanimes aos afirmar que a cultura ela
exerce um grande papel no combate a corrupção, da mesma forma que ela pode disseminar esse
mal assim como contribuir para sua erradicação.
Júnior (2007), em sua pesquisa intitulado contributo para o entendimento e o combate à
corrupção, afirma que quando a corrupção se torna um sistema, encontramo-nos perante uma
realidade em que as normas e regras de comportamento já se apresentam adoptados à um modus
operandi.
Partindo do conceito de cultura dado por Tylor (1920), que a cultura é todo complexo que
inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou
hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. Acrescentado por Linton
(1945) que define cultura como sendo: “o modo de vida de uma sociedade”. Nessa perspectiva, a
cultura é o conjunto de comportamentos apreendidos, compartilhados e transmitidos aos
membros de uma sociedade; é, pois, uma herança social.
51
Fazendo uma analise exaustiva daquilo que a cultura é, pode se perceber que esta tem
grande poder na no combate e erradicação dessa pratica letal, uma vez a cultura é um modo de
vida de um determinando individuo enquanto membro de uma sociedade, a observação e o
cultivo recorrente dos valores passados dentro da cultura, este pode ajudar na eliminação de
comportamentos e acções consideradas ilícitas dentro da sociedade salvaguardando a integridade
moral e ético dos habitantes.
Com isso, pode se concluir que a cultura influencia a percepção, padrões de pensamento,
julgamento e acção de todos os membros de uma determinada sociedade. O sistema de
orientação específico da cultura cria possibilidades e motivação para a acção, mas também
determina as condições e os limites da acção.
Partindo das percepções colhidas por parte dos entrevistados, importa referir que a cultura está
relacionada directamente à geração do conhecimento e ao exercício do pensamento, que são
valores essenciais para o desenvolvimento da sociedade.
O autor traz a reflexão de que as pessoas estão cientes que a cultura é um património
essencial para construção da personalidade e princípios moralmente aceites e serem
disseminados de gereçam em geração, tai que a cultura pode contribuir de forma gigantesca no
combate a corrupção, partindo do principio de que a cultura é importante na formação pessoal,
moral e intelectual do indivíduo e no desenvolvimento da sua capacidade de relacionar-se com o
próximo.
Tabela 6. Factores associados a prática da corrupção nas comunidades
Pergunta 6: O que esta por detrás da pratica da corrupção na sua comunidade?
Categorias - AL & SC
Na entrevista feita, todos responderam que há vários factores que contribuem para a prática da
corrupção, cujas generalidades são diversas, desde a fome, o desemprego, falta conhecimento,
inflação entre outros aspectos, cujo a sua essência se resume em 4 pontos principais: a pobreza, o
elevado nível de custo de vida, o baixo nível de escolaridade e a falta de oportunidades de
trabalho.
Grafico 5. Factores associados a prática da corrupção
Desemprego
Pobreza
Baixa escolaridade
Elevado custo de
vida
A primeira causa apontada como factor que esta por detrás da corrupção é a Pobreza, partindo
do pressuposto de que tudo o que for feito para reduzir a corrupção, aumenta a eficiência da
economia, e o que for feito para aumentar a eficiência reduz a corrupção. Numa das conversas,
um dos entrevistados afirmou que:
Hoje em dia a vida esta difícil, para garantir o sustento somos obrigados usar
vias ilegais para ter alguma coisa para casa, não há salários para nos que
trabalhamos nas comunidades e aproveitamos essas pequenas cobranças nas
comunidades para ter que comer, as vezes fazemos acima do normal porque
não temos escolha. (CP5. 2023).
53
Ainda sobre a pobreza, vale afirmar que é um estado de miséria que causa sofrimentos por
insuficiência de alimentação, que por sua vez gera problemas de saúde e, esses dois factores
influem no aprendizado e consequentemente na profissionalização (Fisher, 2017). Um das
causas chaves da pobreza é o crescimento demográfico, onde a densidade populacional é maior
que os recursos disponíveis para satisfazer as necessidades de todos.
Elevado nível de custo de vida esta directamente associado a pobreza, uma vez que não
haja recursos para suprir as necessidades de todos de forma equitativa, surge assim uma camada
de pessoas que não alcança solução das suas necessidades básicas, disso vem o custo de vida
elevado. Em Moçambique, segundo os dados partilhados no jornal VOA na edição de maio 20,
2022, por Alfredo Júnior, o custo de vida continua alto, segundo o BM, e economistas pedem
medidas correctivas, os factos podem ser ilustrados pelos preços já disparados no mercado.
Dos 80 entrevistados correspondentes a 100% das duas categorias afirmaram unanimemente que
as manifestações ou os hábitos culturais tendem sempre abrir um atalho para que este mal seja
praticado, um simples gesto de agradecimento pode passar uma corrupção camuflada em
gratidão, mas na essência é um acto desonroso. Numa conversa pessoal, um dos entrevistado
acrescentou seus argumentos partilhando que:
“Na minha comunidade (em Malelane), fez se a distribuição de espaços para o novo
mercado na comunidade, mas apenas os 90% dos ocupantes nessas bancas são de
origem angocheana, nós do interior para ter acesso a essas bancas ou deve ter
afinidade com os chefes locais ou pagar valor para ter uma parcela.”. vide anexo 1.
(CP, 2023).
Partindo do conceito fornecido por HARRISON (2006, p. 15), a cultura – entendida como o
conjunto de valores, crenças e atitudes partilhados pelos membros de uma sociedade. Esta por
suas vez, influencia a prática e a percepção dos indivíduos com relação à corrupção, actuando
como um referencial de análise segundo o qual os indivíduos interpretam o ambiente e
apreendem a realidade.
55
Nesse angulo, Barbosa (2015), afirmar que a cultura desempenharia um importante papel
na decisão do indivíduo confrontado com a situação de agir conforme as normas e regras (não
apenas legais, mas também éticas, morais e sociais) estabelecidas ou desviar-se delas para atingir
um ganho privado, material.
Mediante isso, pode se perceber a manifestações culturas podem servir de impulso para a
disseminação da corrupção enquanto uma pratica maléfica e desonrosa, contudo, vale ressaltar
que as manifestações culturais elas servem peara evidenciar ou trazer a essência da identidade
cultural de um individuo um grupo social, dai que recai a responsabilidade de velar para que os
hábitos, valores e princípios culturalmente moldados estejam dentro das questões éticas e morais.
Tabela 8. O papel das autoridades comunitárias no combate a corrupção
Pergunta 8: Qual tem sido o papel das autoridades comunitárias no combate a corrupção?
Categoria – AL
Categoria - SC
O papel das autoridades comunitárias no
Respostas dos
combate a corrupção as vezes tem sido dar
entrevistados
acompanhamento aos conflitos ou negócios na Percentagem
56
Na entrevista feita nas duas categorias, 61,25% dos mesmos responderam que o papel das
autoridades comunitárias no combate a corrupção é complexa desde simples acções de
mediação até em extremos mais avançados, de forma clara, o papel das autoridades comunitária
no combate a corrupção destaca-se: condenar esse acto desonroso; aconselhar as comunidades
na adesão da justiça; monitorar as venda/compras entre os residentes; promover palestras nas
comunidades e denunciar se houver uma prática de género.
Ao passo que 38.75 dos entrevistados nas duas categorias, responderam opostamente ao
afirmar que não há, visto que o papel das autoridades comunitárias não é de combater a
corrupção, visto que é uma rede onde estes estão envolvidos. Numa conversa com um dos
entrevistados revelou que:
39%
Tem papel no combate
61% Não exerce nenhum papel
Pergunta 9: O que pode ser feito de modo a reduzir/eliminar a corrupção nas comunidades, em
particular em Namiteka
Categorias – AL & SC
Promoção de palestras
Punição aos praticantes
Promover a justiça e equidade
Na tentativa de colher a percepção dos moradores sobre o que pode ser feito de modo a
reduzir/eliminar a corrupção nas comunidades, em particular em Namiteka, dos 80 entrevistados
na duas categorias correspondente a 100% da amostra da pesquisa, todos deram suas respostas de
forma diversificada, o que pode se compreender resumindo em alguns aspectos:
Formar activistas comunitários para ajudar em situações similares nas comunidades
Consciencializar as comunidades sobre a prática da corrupção
Promover palestras
Punição aos infractores ou praticantes desse crime
Promoção de justiça e equidade dentro da comunidade
Como pode se notar, o combate a corrupção não meramente uma responsabilidade só do governo
como tal, mas sim envolve a participação de todos nessa causa. É indispensável o envolvimento
de todos nessa causa, a sociedade, as autoridades comunitárias e o governo, de modo a diminuir
os danos e os feitos desse acto ilegível, que por mais invisível que pareça trás consigo inúmeras
consequências e obstáculos ao desenvolvimento social e económico de uma determinada região.
59
Esta pesquisa surge na perspectiva em que cada vez é maior a preocupação dos órgãos públicos e
instituições privadas em combater e instituir medidas de como evitar corrupção dentro das
empresas, instituições e sociedade em geral.
Os entrevistados nessa pesquisa, 66.25% dos mesmos apontam que as acções que podem ser
levados a cabo de modo a contribuir para a erradicação das tendências da corrupção na sua
comunidade são várias, com destaque: denunciar o acto - expor os que praticam tal acto,
denunciar; Consciencialização uns aos outros -Aconselhar as pessoas a não aderir esse método e
promoção de justiça e equidade na sociedade. Por outro lado, 33.75% dos entrevistados das duas
categorias, afirmam que não fazem nada a respeito como forma de contribuir para a erradicação
das tendências da corrupção na sua comunidade. Oque mostra claramente que nalgum momento,
essa pratica ganha espaço aos poucos pela forma de aceitação que ela recebe no seio das pessoas
e das comunidades.
60
Segundo o programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2018), reitera que
cada individuo enquanto membro de uma determinada comunidade pode combater a corrupção
no seu nível de actuação. Segundo o programa, cada não conta. Nessa visão, as pessoas muitas
vezes acham que a corrupção “faz parte da vida”, mas qualquer sociedade, sector ou indivíduo
pode ser beneficiado apenas dizendo “não” a esse crime.
Na visão de Mosse (2004), diz que combater a corrupção implica conhecer e compreender
como é que ela ocorre, quais as estruturas de oportunidade existentes, quais as fragilidades
institucionais que abrem mais brechas para as que transacções corruptas ocorram.
Na visão de Mosse (2004), para que corrupção seja reduzida ou erradicada no seio das
comunidades é necessário uma acção conjunta entre a sociedade civil, as autoridades locais e o
governo, junto buscar soluções de modo a salvaguardar o bem-estar comum. Ainda na óptica do
autor, destaca que para combater esta prática é necessário algumas actividades serem levados a
cabo para controle e mitigação dessa pratica nomeadamente:
Conclusão
Identificar a relação existente entre a cultura e a corrupção não é tarefa fácil, pois as
sociedade actuais elas caminham em paralelo com esta pratica ilegal, contudo, pode-se concluir
entre a cultura e corrupção torna-se necessário primeiro ter em mente o conceito de corrupção,
que segundo Harrison (2006, p. 15), a cultura – entendida como o conjunto de valores, crenças e
atitudes partilhados pelos membros de uma sociedade, ela influencia a prática e a percepção dos
indivíduos com relação à corrupção, actuando como um referencial de análise segundo o qual os
indivíduos interpretam o ambiente e apreendem a realidade. Conclui-se ainda que a cultura
desempenha um importante papel na decisão do indivíduo confrontado com a situação de agir
conforme as normas e regras (não apenas legais, mas também éticas, morais e sociais)
estabelecidas ou desviar-se delas para atingir um ganho privado, material neste caso a corrupção.
Por outro lado, a pesquisa buscou trazer e captar as percepções dos cidadãos sobre o papel
desempenhado pela cultura no combate à corrupção em meios sociais, onde segundo as
abordagens pode se concluir que uma vez que a cultura é um património de individuo, uma vez
que encove crenças, hábitos, normais, valores culturalmente transmitidos, estes podem
desempenhar um papel tanto positivo como negativo dependendo da tendência da sua
observação. Nesta vertente, pode se perceber que a cultura é um aliado de grande valor parta
erradicação da cultura, se esta for observada de forma apropriada e dentro das suas fronteiras
ideológicas, sociais e morais.
Esta pesquisa foi realizada no Bairro de Muahivire – Expansão, na Unidade comunal de
Namiteka, na busca de identificar as causas, oportunidades e manifestação da corrupção em
Namiteka, os resultados mostraram que as causas que estão por detrás dessa pratica são varias,
mas pode se referenciar as 4 principais na base dos resultados nas entrevistas feitas,
nomeadamente a pobreza, elevado nível de custo de vida, baixo nível de escolaridade e
desemprego.
62
Sendo a pobreza definida como um estado de miséria que causa sofrimentos por insuficiência de
alimentação, que por sua vez gera problemas de saúde e, esses dois factores influem no
aprendizado e consequentemente na profissionalização (Fisher, 2017). Um das causas chaves da
pobreza é o crescimento demográfico, onde a densidade populacional é maior que os recursos
disponíveis para satisfazer as necessidades de todos. Elevado nível de custo de vida esta
directamente associado a pobreza, uma vez que não haja recursos para suprir as necessidades de
todos de forma equitativa, surge assim uma camada de pessoas que não alcança solução das suas
necessidades básicas, disso vem o custo de vida elevado.
Sugestões
Bibliografia
FRADE, Ana Maria Duarte. 2007. A corrupção no Estado Pós-Colonial em África. Duas Visões
Literárias. ISBN: 978-972-99727-6-8. Porto: Centro de Estudos Africanos da
Universidade do Porto. http://www.africanos.
GASTROW, Peter, e MOSSE, Marcelo (2001): “Mozambique: Threats posed by the penetration
of criminal networks”. Comunicação apresentada no seminário “Organised crime,
corruption and governance in the SADC Region”, Pretoria, 18-19 Abril 2002.
GEDDES, Barbara; RIBEIRO NETO, Artur. Fontes institucionais da corrupção no Brasil. In:
DOWNES, R. e ROSENN, K. (orgs.). Corrupção e Reforma Política no Brasil: o impacto
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Acessado aos 10/12/2023.
Anexos
70
71
Apêndices
72
GUIÃO DE ENTREVISTA
O presente guião de entrevista é dirigido cidadãos residentes do Bairro de Namiteka na Cidade
de Nampula. O mesmo tem por objectivo recolher dados e informações sobre cultura e
corrupção, caso do Bairro de Namiteka na cidade de Nampula no período 2020-2022. Espera-se
dos entrevistados maior colaboração e sinceridade nas suas informações porque só assim estarão
contribuindo para o sucesso desta pesquisa bem como para o enriquecimento de estudos a
respeito desta temática. Autor: Gonçalves João
DADOS DO ENTREVISTADO
Nome Completo __________________________________ Idade ______ Género _______
Ocupação:
.
1. Nas suas palavras, o que entendes por corrupção?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
2. Na sua comunidade observa-se traços de corrupção? Se sim explique.
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________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
3. Existe alguma relação entre a corrupção e a cultura?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
4. Na sua visão, a cultura pode influenciar na prática da corrupção? Se sim, explique.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
76