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DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
GEOGRAFIA
LONDRINA
2010
1
LONDRINA
2010
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COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________
Profª. Dra. Ideni Terezinha Antonello
Profª. Orientadora
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Profª. Dra. Tânia Maria Fresca
Profª. Componente da Banca
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Profº Dr. Edilson Luis de Oliveira
Profº Componente da Banca
Universidade Estadual de Londrina
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
Keywords: Urban policy; Municipal property tax progressive over time; Social
function of land; Londrina; Ibiporã.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11
1. HISTÓRIA RECENTE DO PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL .......... 13
2.1. A Constituição de 1988 e os “novos planos diretores” ........................... 15
2.2. O Estatuto da Cidade e a renovação da política urbana para o século
XXI ................................................................................................................ 20
2. CARACTERÍSTICAS DE LONDRINA E IBIPORÃ: PLANOS DIRETORES E
VAZIOS URBANOS ......................................................................................... 25
2.1. Os Planos Diretores Municipais ............................................................. 27
2.2. Os vazios urbanos ................................................................................. 35
3. O IPTU PROGRESSIVO NO TEMPO E A RELAÇÃO ENTRE
PROPRIEDADE E COLETIVIDADE ................................................................. 43
3.1. O IPTU progressivo no tempo em Londrina e Ibiporã ............................ 43
3.2. Direito à propriedade e função social da terra na cidade ....................... 54
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 61
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INTRODUÇÃO
1
No âmbito da cidade, Souza (2010) classifica a infraestrutura física enquanto bens materiais, como
moradia, saneamento básico, espaços para lazer; por sua vez, a infraestrutura social abarca a educação,
a saúde etc.
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população dos processos decisórios, mas a atuação do público tem sido ainda
inexpressiva, salvo a forte presença dos grandes incorporadores imobiliários,
que atuam por meio de seus interesses diretos junto ao ordenamento do
espaço urbano da cidade. Segundo o relatório de Leitura Comunitária (2006)
do PDPML, em termos proporcionais a população dos distritos rurais participou
muito mais que a população do distrito sede, demonstrando as exigências dos
moradores do campo quanto a ação do poder público2. Esse panorama
apresenta uma deficiência crônica da sociedade, que desestimulada pelos
processos históricos que denotaram poderes decisórios a uma minoria, sente-
se incapaz de participar diretamente na transformação do seu próprio espaço.
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Segundo o relatório de Leitura Comunitária do PDPML, um total de 423 pessoas participaram das duas
audiências públicas, 266 participaram dos fóruns de participação popular e 306 da 1ª conferência.
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3
O Perfil dos Municípios Brasileiros de 2009, divulgado pelo IBGE, afirma a importância do IPTU no
orçamento dos municípios brasileiros, sendo este tributo responsável pela maior parcela dos recursos
obtidos.
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4
Segundo informações do Perfil Municipal de Londrina – ano base 2008, existem no município 15.371
pessoas vivendo em ocupações irregulares.
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Souza (2010, p. 230), alerta sobre a necessidade de se estabelecer parâmetros adequados e justos para
a cobrança do IPTU progressivo no tempo, como a definição do tamanho mínimo dos lotes a serem
cobrados a alíquota progressiva.
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para este tributo. Segundo Nakanishi, quando for aprovada a nova Planta de
Valores do Município, que busca uma atualização da cobrança sobre várias
áreas da cidade, a alíquota progressiva deve deixar de ser cobrada. Isso não
acontece agora, pois a prefeitura não pode perder essa arrecadação, o que
viria a comprometer o orçamento do município.
O engenheiro civil Henrique Ayres Dias, da Secretaria
Municipal de Obras, é um dos colaboradores do processo de revisão do Plano
Diretor Participativo do Município de Londrina, atuando inclusive com questões
referentes à tributação. Segundo Dias, em entrevista realizada no presente
ano, tem sido realizado um grande esforço por parte de todo o pessoal
envolvido com o plano na readequação da cobrança progressiva do IPTU,
conforme as determinações do Estatuto da Cidade. Para ele, é fundamental a
cobrança do IPTU progressivo no tempo sobre os terrenos vazios e
subutilizados da cidade, sendo a função social da propriedade a justificativa
primeira desse instrumento. Até o momento, no processo de revisão do plano
diretor da cidade, já foram realizadas as conferências públicas e as minutas de
algumas leis, como a lei de zoneamento, que tem sofrido profundas mudanças
ao longo das audiências na Câmara dos Vereadores. O projeto de lei
complementar do IPTU progressivo no tempo ainda não foi proposto, mas
tomando por base o que vem ocorrendo com a lei de zoneamento 6, em que
tem prevalecido interesses de grupos particulares em detrimento da
coletividade, não se deve criar muitas expectativas.
No que diz respeito a Ibiporã, município componente da Região
Metropolitana de Londrina, com um tamanho bastante inferior à cidade núcleo
da RM, várias características semelhantes são observadas. É evidente que o
processo de urbanização e produção do espaço urbano de Ibiporã deve ser
compreendido sob uma escala diferente, mas são verificados fenômenos
comuns entre ambas, inclusive em relação à dinâmica imobiliária.
6
O zoneamento consiste na divisão espacial para fins de separação e controle de usos da terra (Souza,
2010, p. 250). Em Londrina, a Câmara Municipal tem modificado constantemente o Projeto de Lei de
Zoneamento para que a mesma seja aprovada. Nesse sentido, observa-se a predominância de interesses
de grupos particulares que exercem grande influência sobre o poder público local, como os grandes
incorporadores imobiliários, gerando prejuízos a população do município.
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7
Mais conhecida pelo termo “solo criado”, a outorga onerosa do direito de construir diz respeito a
criação de áreas adicionais de piso utilizado, ou seja, aumento do coeficiente de aproveitamento do
imóvel para uma determinada área, em troca de um pagamento determinado pela prefeitura no plano
diretor. É comumente aplicada sobre edifícios que ultrapassam o limite do gabarito determinado na Lei
de Zoneamento e os valores, teoricamente, são aplicados em um fundo social destinado, em suma, à
habitação de interesse social.
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Fresca (2002), Ribeiro (2006).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
após determinado tempo a valorização do imóvel pode garantir uma renda bem
mais elevada da terra.
O planejamento e a gestão urbanos desenvolvido em ambos os
municípios, como em todo o país, está amarrado a questões políticas
norteadas pelos interesses de uma minoria. Além disso, as políticas de
planejamento e desenvolvimento urbano não incorporam efetivamente os
anseios e necessidades dos cidadãos por meio de sua participação, mantendo
o rigor técnico stricto sensu dos ambientes profissionais. Souza (2010),
defende maior autonomia da população em meio aos processos decisórios,
confiando a mudança da cidade pelas políticas de planejamento. Villaça (2005),
por sua vez, discute o planejamento urbano como prática inexistente nas
pautas do poder público, algo nunca efetivamente realizado no país.
Parece evidente que não há como acabar com as diferenças
sociais na cidade, sendo estas inerentes à reprodução do sistema capitalista.
No entanto, a busca por melhores condições de vida e justiça social para um
grande número de marginalizados deve nortear todo tipo de política de
desenvolvimento urbano. O IPTU progressivo no tempo, como os outros
instrumentos de planejamento e gestão, são apenas ferramentas ao dispor do
Estado, se fazendo necessário um autêntico envolvimento dos cidadãos e de
toda a sociedade na busca pelo desenvolvimento, prezando em primeiro lugar
pela coletividade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS