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Aço importado opõe indústrias consumidoras e


siderúrgicas
Usinas pedem aumento da alíquota de importação para 25% e que a China seja
investigada por “dumping”

Por Stella Fontes e Ana Luiza Tieghi — De São Paulo


26/02/2024 05h02 · Atualizado há 3 horas

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Werneck, da Gerdau, alerta sobre risco de novas demissões na siderurgia — Foto: Divulgação
A queda de braço entre as siderúrgicas instaladas no Brasil e os setores
consumidores de aço, que alcançou proporções pessoais entre o fim de 2023 e o
início deste ano, voltou ao campo setorial, mas não menos feroz. De um lado, as
usinas insistem na elevação da alíquota de importação para 25% e se movimentam
para pedir a investigação da China por “dumping” na exportação de aço ao país. De
outro, indústrias lideradas pela de máquinas e equipamentos acusam as
siderúrgicas de distorcer números para compor um cenário pior do que o real e
pedem que o debate continue sendo “técnico”.

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No centro da disputa, o governo federal tem tomado poucas medidas, que não
agradaram às usinas e foram bem recebidas pela ponta oposta. Há poucos dias, por
exemplo, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-
Camex) anunciou a recomposição das tarifas de importação de cinco produtos de
aço (tubos e barras) que haviam sido reduzidas em 2022, para um intervalo de 12% a
16%, em linha com a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.

A avaliação dos dois lados é de que a iniciativa não atendeu ao pleito das
siderúrgicas. “Foi insuficiente”, disseram líderes da Gerdau e da Usiminas, no
momento em que o setor eleva o tom em busca de medidas mais contundentes.
“Recebemos com naturalidade, porque o governo tem acesso aos números das
consultorias e tem como avaliar o que de fato está acontecendo”, diz o presidente da
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José
Velloso.

Os números confirmam crescimento importante das importações, da ordem de 50%


em 2023, para 5 milhões de toneladas, conforme levantamento do Instituto Aço
Brasil. Em janeiro, houve leve retração, de 3% na comparação anual. Ainda assim, o
volume que entra no país segue acima das 350 mil toneladas por mês. Para 2024, a
expectativa é de alta de 20%, para 6 milhões de toneladas.
Velloso, da Abimaq, pede que o debate seja mantido no campo técnico — Foto: Léo Pinheiro/Valor
A Abimaq alega que, embora exista aumento, as importações não seriam as maiores
já registradas. Em 2010 e 2021 também houve saltos importantes nas compras
externas, por causa da forte demanda e da escassez de oferta, respectivamente.
Além disso, a entidade aponta que o aço no mercado brasileiro era o mais caro do
mundo em novembro de 2023 e só perdeu essa posição porque o México acaba de
elevar tarifas para produtos siderúrgicos - mais países adotaram cotas ou tarifa de
25% para se proteger do aço chinês.

Conforme o índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, segue a Abimaq, o


prêmio do aço nacional versus o importado voltou a subir, para 21% em janeiro -
US$ 684,75 por tonelada da bobina laminada a quente vinda da China e
internalizada, contra US$ 828,28 do preço doméstico. “Em meados de 2023, o
prêmio chegou a 42% e motivou o aumento das importações”, alega Velloso.

Conforme as siderúrgicas, a manutenção da política atual de comércio exterior, com


pouca correção nas alíquotas de importação, trará mais demissões e fechamentos
de capacidade. Há poucos dias, a Gerdau demitiu 100 trabalhadores em
Pindamonhangaba (SP), elevando a quase mil o número de cortes nos últimos
meses. “As importações continuam porque são um programa de Estado chinês, não
uma ação isolada de uma empresa”, disse uma fonte da indústria, acrescentando
que há dados que confirmam que usinas chinesas operam com margem negativa,
de até US$ 56 por tonelada.

Já os setores consumidores de aço afirmam que as mesmas empresas que no início


da pandemia abafaram 13 altos-fornos por temer escassez de demanda e deixaram
faltar produto, agora pedem salvaguardas ao governo. De fato, no início da
pandemia, a taxa de ocupação das usinas locais caiu a 45%, contra os 64% atuais, em
meio à demanda fraca, desencadeando o desligamento de altos-fornos.
“Se o problema é o aço chinês, as siderúrgicas não deveriam pedir o aumento da
alíquota para todas as procedências. Além disso, deveriam usar o instrumento
correto, que é a via da investigação de dumping, e não a inclusão de dezenas de
produtos na Letec [lista de exceção à tarifa externa comum do Mercosul]”, afirma
Velloso. Segundo ele, o aumento de imposto pretendido pelas siderúrgicas elevará
os custos de produção, já que o Brasil não produz todos os tipos de aço que
consome. “Se a invasão é chinesa, o Brasil pode adotar medidas contra o aço chinês.
Quando [as usinas] pedem Letec a 25%, estão se protegendo do mundo todo, com
exceção da Argentina.”
O setor da construção civil também se posiciona contra o aumento das alíquotas,
ainda que faça apenas compras “pontuais” de vergalhões com origem estrangeira,
segundo Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(Cbic). Ele prevê efeito cascata no preço do aço brasileiro se o importado se tornar
menos competitivo. O aço importado usado no setor vem da Turquia, não da China,
por especificações técnicas.
“Esse preço com certeza é repassado no mercado interno”, reforça Yorki Estefan,
presidente do Sinduscon-SP, sindicato dos construtores do Estado de São Paulo.
Segundo a entidade, o aço representa de 5% a 8% do custo das obras. Os
representantes das duas entidades apontam que houve aumentos expressivos no
preço do vergalhão durante a pandemia e que os valores se estabilizaram em
patamar alto, afetando o custo da construção.

De acordo com o FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), que calcula o Índice
Nacional do Custo da Construção (INCC), o preço do vergalhão aumentou 61% desde
o início de 2019 - houve queda de 14% nos últimos dois anos. “O consumidor de aço
está sendo favorecido por essa queda que devolve parte dos aumentos dos preços,
enquanto as siderúrgicas estão sofrendo com preços domésticos em queda, em
função do crescimento da importação”, afirma Ana Maria Castelo, coordenadora dos
projetos de construção do FGV Ibre. Ela lembra que o setor da construção tem
“trauma” pelos aumentos repentinos da pandemia. O valor do vergalhão chegou a
dobrar entre o fim de 2018 e meados de 2022.

“Quando teve problema de falta de aço e a subida gigante [nos preços], essa conta
foi toda paga pelo setor de construção e de máquinas e equipamentos”, diz Estefan.
“Vimos descapitalização das construtoras e balanço positivo das siderúrgicas”. Para
ele, “não parece adequado” pedir medidas protecionistas quando há maior oferta
internacional de aço. Segundo as entidades, aumentos no preço do aço teriam que
ser repassados aos contratantes das obras.
Em nota, o Instituto Aço Brasil afirma que tem participado de reuniões técnicas com
o governo, mostrando a realidade crítica do setor. “Foi demonstrado por que é
necessário que se eleve, em caráter emergencial e temporário, a tarifa de
importação de aço de 18 NCMs, de 273 existentes, para 25%, ante os 10,8%
praticados atualmente. Qualquer patamar inferior é insuficiente para fazer frente ao
ataque do aço estrangeiro, uma vez que grandes mercados, como Estados Unidos,
27 países da União Europeia, Reino Unido e México, já impuseram barreiras de 25%”,
diz.

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