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UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

INSTITUTO POLITECNICO DO HUAMBO


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, CONSTRUÇÃO CIVIL, MECÂNICA E
HIDRÁULICA

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II

TEMA: Materiais Cerâmicos

Docente
____________________________
Eng. António Daniel J. Caputo

Huambo, Março de 2024


UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS
INSTITUTO POLITECNICO DO HUAMBO
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, CONSTRUÇÃO CIVIL, MECÂNICA E
HIDRÁULICA

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II

TEMA: Materiais Cerâmicos

Grupo C
Curso: Engenharia de Construção Civil
3º Ano

Integrantes do grupo:

1. Júlio José Manuel


2. Ladislau António Fernandes da Costa Rosário
3. Laurindo Gonga Quibita
4. Matias Capitia Gomes
5. Muxito Charles Zeula
6. Nelson Nguwa Marcos
7. Sandro Euclides Calado Samuel
8. Silvestre Muelessapi Fundanga Menezes
9. Simão Baptista Sacupema
10. Yuri Guilherme Fragoso Cavili

Huambo, Março de 2024


Pensamentos

O importante é não parar de questionar. A curiosidade tem sua própria razão


de existir, (Albert Einstein).

Todas as verdades são fáceis de perceber depois de terem sido descobertas, o


problema é descobri-las, (Galileu Galilei).
Agradecimento

Agradecemos a Deus pelo dom da vida, pela proteção e por nos proporcionar
a força e determinação pаrа superarmos аs dificuldades e, continuarmos nesta
caminhada até o alcance dos nossos objectivos, tem iluminado os nossos caminhos e
permitiu que tudo isso acontecesse.
Resumo

O presente trabalho insere-se na temática materiais cerâmicos. A importância


dos materiais na história do homem, está relacionada com a evolução das sociedades.
Os materiais continuam evoluindo para satisfazer as necessidades do homem e de
forma cada vez mais rápida, com exigências cada vez maiores, quanto a sua
qualidade, durabilidade e custo, sendo as peças cerâmicas, materiais que possuem
diversos tipos de acabamento, cores e desenhos. São recomendadas para várias
áreas de uma edificação, porém existe um tipo certo para cada local de instalação. A
cerâmica é a arte ou a técnica de produção de artefactos e objectos tendo a argila,
areia Feldspato como matéria-prima. Eles passam por um processo de moldagem e
queima em altas temperaturas, resultando em uma estrutura sólida e resistente. A
cerâmica pode ser encontrada em várias formas, como azulejos, louças, isoladores
eléctricos, componentes electrónicos e muito mais. Neste trabalho, se descreve a
cerâmica em uma abordagem mais profunda, discutindo sua composição, processos
de fabricação, propriedades e aplicação.
Objectivo geral

Analisar as características dos materiais cerâmicos desde a obtenção da


matéria-prima, passando pelo método de fabricação e sua aplicação.

Objectivos específicos

Conhecer a história dos materiais cerâmicos;


Conhecer os grupos de materiais cerâmicos;
Conhecer as propriedades dos materiais cerâmicos;
Identificar os vários tipos de materiais cerâmicos;
Analisar as aplicações dos materiais cerâmicos.
Sumário
1. Introdução ...................................................................................................................................... 8
2. História da cerâmica ..................................................................................................................... 9
3. Propriedades dos materiais cerâmicos ................................................................................... 11
3.1. Resistência e dureza ........................................................................................................... 11
3.2. Isolamento e ponto de fusão.............................................................................................. 11
4. Cerâmicos tradicionais e técnicos ............................................................................................ 11
4.1. Os cerâmicos técnicos ........................................................................................................ 11
4.2. Os cerâmicos tradicionais .................................................................................................. 12
5. Estrutura dos cerâmicos ............................................................................................................ 12
6. Matéria-prima............................................................................................................................... 12
6.1 Argila ...................................................................................................................................... 13
7. Produção dos materiais cerâmicos .......................................................................................... 14
7.1. Extração e preparação da matéria-prima ........................................................................ 14
7.2. Formação das peças........................................................................................................... 15
7.3. Tratamento térmico ............................................................................................................. 15
7.4. Acabamento ......................................................................................................................... 16
7.5. Esmaltação e decoração .................................................................................................... 16
8. Classificação dos materiais cerâmicos.................................................................................... 16
8.1. Cerâmica vermelha ............................................................................................................. 16
8.2. Cerâmica branca.................................................................................................................. 16
9. Aplicação dos materiais cerâmicos na construção civil ........................................................ 16
9.1. Cerâmica vermelha ............................................................................................................. 17
9.1.1. Blocos cerâmicos ......................................................................................................... 17
9.1.1.1. Blocos cerâmicos maciços (tijolos) ....................................................................... 17
9.1.1.2. Blocos cerâmicos vazados (tijolos furados) ........................................................ 18
9.1.1.2.1 Tabela de resistência à compressão dos blocos cerâmicos vazados......... 19
9.1.1.2.2. As vantagens em utilizar os blocos cerâmicos vazados em relação aos
maciços........... ............................................................................................................................ 19
9.1.2. Telhas ................................................................................................................................ 20
9.1.2.1. Tipos de telhas cerâmicas...................................................................................... 21
9.1.2.2. Análise comparativa entre telhas cerâmicas francesas e colonial .................. 21
9.1.3. Revestimentos cerâmicos .............................................................................................. 22
10. Outras aplicações da cerâmica vermelha............................................................................ 22
9.2. Cerâmica branca ..................................................................................................................... 23
9.2.1. Materiais de revestimento (placas cerâmicas) ........................................................ 23
9.2.2. Materiais refratários ..................................................................................................... 23
9.2.3. Isolantes térmicos ........................................................................................................ 24
9.2.4. Fritas e corantes .......................................................................................................... 24
9.2.5. Abrasivos ...................................................................................................................... 25
9.2.6. Vidro, cimento e cal ..................................................................................................... 25
10. Importância dos materiais cerâmicos na Construção Civil .............................................. 25
11. Vantagens e desvantagens dos materiais cerâmicos ....................................................... 25
11.1 Vantagens ......................................................................................................................... 26
11.2. Desvantagens .................................................................................................................. 26
12. Conclusão ................................................................................................................................. 27
Bibliografia ............................................................................................................................................ 28
1. Introdução
No domínio da ciência dos materiais, a maioria dos materiais de engenharia são
divididos, por conveniência, em três classes: metais, polímeros e cerâmicos. É ainda
frequente considerar os grupos dos materiais compósitos e dos materiais eletrônicos,
devido à sua relevância na engenharia.

No presente trabalho serão apenas abordados os materiais enquadrados no


grupo dos cerâmicos. A definição mais consensual de cerâmicos é dada por Kingery
et al (1976) que os define simplesmente como sendo sólidos inorgânicos não
metálicos. Na sequência desta definição, é abrangida uma grande variedade de
materiais que vai muito para além dos cerâmicos clássicos, de que fazem parte
materiais como a terracota, o tijolo, a telha, a faiança ou a porcelana (Bogas, Materiais
Cerâmicos, 2013)

Os materiais do grupo dos cerâmicos são geralmente caracterizados por


apresentarem elevada dureza, comportamento frágil, reduzida tenacidade e
ductilidade, características isolantes, resistência ao desgaste, resistência química e
grande resistência mecânica a altas temperaturas. Estas características resultam da
elevada estabilidade das suas fortes ligações químicas. Os cerâmicos são por exemplo
utilizados como revestimento refractário de altos-fornos, devido à sua elevada
resistência ao calor e ao desgaste aliado à sua boa capacidade de isolamento. No
entanto, existem actualmente materiais que se podem enquadrar no grupo dos
cerâmicos e que não possuem exatamente este tipo de comportamento. Por exemplo,
é usual incluir o diamante no grupo dos cerâmicos, apesar de este ser um bom
condutor de calor (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

Assim, os cerâmicos têm uma aplicação bastante diversa, desde a produção de


tijolos, telhas, ladrilhos, componentes electrónicos, ferramentas de corte, sensores,
entre outros.

8
2. História da cerâmica
A palavra cerâmica deriva da palavra grega Keramike, que está associada à
palavra Kéramos, ligada , por sua vez, à arte dos vazos cozidos, ou seja, produtos
aquecidos que contêm argila (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

Sua origem é da pedra artificialmente obtida pela moldagem, secagem e


cozimento de argilas ou misturas argilosas. Essas etapas não acontecem
necessariamente para todos os materiais cerâmicos, porém a essência é a utilização
da argila como matéria-prima (Lopes, 2017)

Materiais cerâmicos são combinações de elementos metálicos e não-metálicos


que quando submetidos a uma determinada temperatura na sua manufatura, formam
óxidos, nitretos e carbetos (Lopes, 2017).

As primeiras cerâmicas conhecidas datam do final do Paleolítico, os exemplos


mais antigos de barros cozido, que incluem mais de 10000 fragmentos e estatuetas
foram descobertos na Moravia, actual República Checa. A primeira evidência da
produção de cerâmica de olaria remota a 10000 AC, com a descoberta de fragmentos
perto de Nagasaki, no Japão. Esta cerâmica produzida a partir de argila, fibras
orgânicas e mica, era denominada de Jamon, devido os motivos traçados no seu
padrão. Estes vasos, assim como os produzidos no próximo oriente, há cerca de 10000
anos, eram queimados a baixa temperatura (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

Durante o período final da idade da pedra (Neolítico) a arte dos vasos cozidos
tornou-se uma actividade importante. Na Mesopotâmia há vestígios de fragmentos
cerâmicos de artefactos que datam de 8000 AC. Revestimentos de piso e de parede
em ladrilho e esculturas de calcário e gesso foram encontradas na Palestina (8300-
7600 AC) e depois no Iraque, Síria e Jericho (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

Por volta de 7000-6000 AC, especialmente no próximo oriente, foi observado


um grande impulso na cerâmica, resultante da sedentarização das populações. As
primeiras cerâmicas eram muito porosas e grosseiras e os artesãos depressa
perceberam que existia necessidade de alterar as propriedades da matéria prima.
Assim, eram adicionadas partículas não plásticas para constituir o esqueleto do
artefacto (partículas minerais, orgânicas e fragmentos de cerâmica). Em cerca de

9
6.400 AC, a olaria já era relativamente desenvolvida, existindo um melhor
aperfeiçoamento nas técnicas de decoração e processamento térmico. Por exemplo,
já se dominava o controlo das atmosferas de oxidação e redução requeridas durante
a queima dos produtos cerâmicos (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

As primeiras decorações de cerâmica eram incisões e marcas feitas por paus,


ossos e unhas. Mais tarde, as cerâmicas passaram a ser pintadas com base em
pigmentos de origem mineral (óxidos metálicos, caulinite, calcite), podendo ser
executados antes ou após o fogo. Investigações recentes revelam o aparecimento de
vidrados do norte do Iraque e nordeste da Síria, em cerca de 1600-1500 AC. Esta
técnica foi depois estendida ao médio oriente na decoração arquitetônico, olaria e
estatuaria, (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

Entretanto, no sul da China, durante a dinastia Shang l (1500-1000 AC), foram


desenvolvidas as primeiras cerâmicas vitrificadas de reduzida porosidade e o grés.
Estas cerâmicas com porosidades inferiores a 5% eram queimadas a temperaturas
superiores a 1200 ºC o que exigia fornos sofisticados de elevada capacidade. As
matérias-primas constituintes eram muito siliciosas, aluminosas e com proporção
significativa de fundente (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

Apenas no final do século XVIII, com melhor compreensão científica da


cerâmica (análise química da matéria-prima) aliado ao impulso proporcionado pela
revolução industrial, a produção e processamento da cerâmica sofreu um grande
desenvolvimento (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

No passado a produção de cerâmica era muito empírica. Hoje em dia o


processamento e manufaturação são optimizados com base na compreensão de
princípios básicos da ciência e da engenharia. Para tal, contribui a evolução nas
técnicas de caracterização (DRX E MEV) e as descobertas na tecnologia de
processamento (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

10
3. Propriedades dos materiais cerâmicos
3.1. Resistência e dureza
A resistência mecânica do material aumenta quando aquecido a altas
temperaturas; sua resistência à tração varia bastante, mas, em geral, a resistência à
compressão é de 5 a 6 vezes maior do que à tração. Possuem boa resistência à
corrosão se comparados a materiais metálicos ou poliméricos, (Lopes, 2017).

Apesar da boa resistência, os materiais cerâmicos são considerados frágeis,


pois possuem pouca deformação plástica (ausência de escorregamento), ou seja, têm
alta fragilidade. Em relação à dureza do material, ela é bem elevada se comparada a
outros materiais da construção civil, devido às ligações iônicas de sua composição,
(Lopes, 2017).

3.2. Isolamento e ponto de fusão


O material cerâmico apresenta um alto ponto de fusão, por isso tem alta
resistência ao calor e baixo coeficiente de expansão térmica, é um bom isolante
térmico e eléctrico (Lopes, 2017).

4. Cerâmicos tradicionais e técnicos


No domínio da engenharia, os materiais cerâmicos são frequentemente
divididos em dois grandes grupos: os cerâmicos técnicos e os cerâmicos tradicionais.

4.1. Os cerâmicos técnicos


São formados normalmente por compostos puros ou quase puros, tais como
alumina (𝐴𝑙2 𝑂3), o carbonato de silício (𝑆𝑖𝐶), a zircônia (𝑍𝑟𝑂2) ou o nitreto de silício
(𝑆𝑖3 𝑁4 ), sendo frequentemente a sua aplicação em tecnologia de ponta. As cerâmicas
técnicas incluem novos materiais, como: cerâmicas piezoeléctricas, fibras ópticas,
capacitadores, combustíveis nucleares, biomateriais (próteses), produtos de alta
resistência (abrasivos, ferramentas de corte – 𝑆𝑖𝐶, 𝐴𝑙2 𝑂3, carboneto de tungstênio), de
alta temperatura (refratário para indústria cimentícia, metalúrgica e vidro), de alta
resistência e temperatura (compósitos termoestruturais) (Bogas, Materiais Cerâmicos,
2013).

11
4.2. Os cerâmicos tradicionais
Estão geralmente associados aos materiais silicatados, fazendo normalmente
parte da sua constituição três componentes básicos: a argila, a sílica e o feldspato. A
argila é responsável pelas propriedades plásticas necessárias à moldagem do material
antes de este ser endurecido por cozedura. A sílica é o esqueleto não deformável dos
cerâmicos e o feldspato tem a importante função de reduzir a temperatura de fusão da
mistura. Os cerâmicos tradicionais incluem os materiais de olaria e os materiais
utilizados usualmente na construção. Alguns exemplos destes materiais são o tijolo,
os grés e o azulejo utilizados na indústria da construção ou a porcelana eléctrica com
forte aplicação na indústria eléctrica (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

Enquanto as cerâmicas tradicionais possuem mais de 25000 anos de


existência, as cerâmicas técnicas têm sido desenvolvidas nos últimos 100 anos
(Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

5. Estrutura dos cerâmicos


Os materiais cerâmicos são essencialmente constituídos por elementos
metálicos e não-metálicos ligados quimicamente entre si por ligações do tipo iônico e
covalente. O carácter mais iônico ou covalente das ligações, depende da diferença de
electronegatividade entre os átomos constituintes desses compostos, que pode ser
estimado a partir da equação de Pauling. Consoante o grau de ligação iônica ou
covalente, serão obtidos diferentes tipos de estruturas cristalinas. Por exemplo, a 𝑆𝑖𝑂2
apresenta cerca de 51% de carácter iônico e 49 % de carácter covalente, ao passo
que alumina 𝐴𝑙2 𝑂3, possui 63% de carácter iônico e 37% de carácter covalente. Já o
carbonato de silício (𝑆𝑖𝐶) apresenta ligações muito fortes de carácter quase
exclusivamente covalente 89% (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

6. Matéria-prima

As diferentes matérias-primas têm grande influência na reologia da pasta,


microestrutura, formação de fases e propriedades da cerâmica final após a
sinterização. A escolha e preparação rigorosa da matéria-prima é fundamental para
que esta depois possa ser propriamente transformada em cerâmica durante a

12
sinterização, que ocorre em condições adequadas de temperatura, taça de
aquecimento e atmosfera de queima (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

A qualidade da cerâmica para além de ser afectada pela composição e


proporção da matéria-prima é também basicamente influenciada pelas próprias
propriedades físicas da matéria-prima, normalmente no que concerne à dimensão e
forma das partículas, e ao estado de aglomeração, densidade, área superficial e
compacidade da mistura granular (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

Em geral, os aglomerados devem ser evitados, dado que conduzem a


heterogeneidade durante a conformação, que resulta na formação de poros e no
desenvolvimento de retracção diferencial durante a sinterização. Nos materiais de
construção, a dimensão das partículas pode variar entre o mícron e algumas dezenas
de mícrones, sendo que as partículas mais alongadas reduzem a capacidade da
mistura. O aumento da área superficial das partículas aumenta a reactividade na
sinterização, mas facilita os fenômenos de aglomeração. A optimização da capacidade
granular determina a microestrutura do cerâmico. As misturas menos compactas
apresentam maiores variações dimensionais durante a sinterização e a porosidade do
produto final tende a ser mais elevada (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

Em seguida faz-se uma breve abordagem de uma das principais matérias-


primas constituintes das cerâmicas tradicionais.

6.1 Argila
Como material de construção, a argila começou a ser utilizada pela sua
abundância, pelo custo reduzido e por ser um material que, na presença de água, pode
ser moldado facilmente, secando e endurecendo na presença de calor. Além disso, o
uso dos produtos cerâmicos produzidos a partir do cozimento das argilas, surgiu da
necessidade de um material similar às rochas, nos locais onde havia escassez das
mesmas.

De acordo com Petrucci (1975) os povos assírios e caldeus utilizavam tijolos


cerâmicos para obras monumentais como os Palácios de Khorsabad e Sargão. Já na
Pérsia, o tijolo era utilizado para casas populares e no Egito, apesar de as pirâmides
serem construídas com a utilização de pedras, os operários que trabalharam nas suas

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construções moravam em casas de tijolos. Por outro lado, os romanos levaram seus
conhecimentos sobre os produtos cerâmicos a várias partes do mundo e os árabes
deixaram exemplos notáveis de aplicação dos tijolos.

Na base dos cerâmicos tradicionais estão todos os minerais que quando úmidos
adquirem a plasticidade necessária para a fase de conformação. Este material quando
seco perde a plasticidade e adquire rigidez. No entanto, a sua futura reidratação
restabelece as propriedades iniciais da argila. É o processamento térmico que causa
transformações físico-químicas irreversíveis na argila, resultando um novo material
que perde definitivamente a sua plasticidade e a reidratação deixa de ser possível.
São estas propriedades que conferem à argila sua singularidade tão apreciada pela
indústria cerâmica (Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

A argila é a matéria-prima mais espalhada pela superfície terrestre, sendo


constituída por várias espécies minerais, entre as quais predominam os minerais
argilosos que são filosilicatos supergênicos gerados no decurso da alteração das
rochas e da evolução dos solos. Quimicamente, os minerais argilosos são silicatos de
alumínio hidratados podendo conter outros elementos em menor quantidade, como o
potássio, magnésio, cálcio e sódio. Os minerais argilosos mais comuns são a caulinite,
a ilite, a montmorilonita, a atapulgita e a sepiolite. Na presença da água, as argilas
adquirem grande plasticidade demostrando ainda grande coerência quando secas
(Bogas, Materiais Cerâmicos, 2013).

7. Produção dos materiais cerâmicos


7.1. Extração e preparação da matéria-prima
Parte das matérias-primas utilizadas no material cerâmico é natural (argilas),
porém em alguns produtos são utilizadas matérias-primas sintéticas. Após a extração,
o material deve ser desagregado e moído e, em alguns casos, também purificado,
(Lopes, 2017).

Preparação da massa: a constituição pode ter duas ou mais matérias- primas,


além dá água e aditivos. Desta forma, na etapa de preparação da massa é feita a
dosagem dessas matérias-primas e aditivos para que as massas apresentem as

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características corretas de cada tipo de material cerâmico; no geral, podem ser
classificadas em:

Suspensão (barbotina): massa utilizada para peças em moldes de gesso


ou resinas;

Massas secas ou semissecas: para obtenção de peças por prensagem;

Massas plásticas: obtenção de peças por extrusão, que podem ser


seguidas por prensagem.

7.2. Formação das peças


Existem diversos tipos de cerâmicas, e sua formação dependerá da geometria,
dos factores econômicos e características esperadas do produto. A prensagem,
colagem, extrusão e torneamento são os métodos mais utilizados, (Lopes, 2017).

Prensagem: utilizam-se massas granuladas, com baixo teor de umidade;


existem diversos tipos de prensa que têm como princípio básico comprimir
a peça em um determinado molde.

Colagem ou fundição: consiste em colocar a massa em um molde de


gesso para que a água seja absorvida e para que tenha a forma interna do
molde de gesso.

Extrusão e torneamento: a massa é colocada em uma extrusora na qual


será compactada e forçada a sair por um determinado bocal, em seguida, é
cortada obedecendo, assim, a um determinado molde.

7.3. Tratamento térmico


O tratamento térmico, é fundamental no processo de obtenção dos produtos
cerâmicos e são divididos em duas etapas: secagem e queima, (Lopes, 2017).

Secagem: após a etapa de formação da peça, elas, em geral, ainda


apresentam água. Para evitar defeitos, é realizada a secagem de forma lenta
e gradual.

15
Queima: nesta etapa os produtos adquirem suas propriedades finais; após
a secagem, as peças são submetidas a elevadas temperaturas e cada tipo
de material seguirá um processo diferenciado, de acordo com sua aplicação.

7.4. Acabamento
A maioria dos produtos cerâmicos é retirada do forno e, após a inspeção, está
pronta para ser comercializada; porém, alguns necessitam passar pelo processo de
acabamento para atender a alguma característica, que pode ser polimento, corte,
furação etc, (Lopes, 2017).

7.5. Esmaltação e decoração


Diversos produtos, como louças sanitárias e revestimentos, recebem uma
camada fina de esmalte ou vidrado que, após a queima, fornece o aspecto vítreo às
peças. Alguns materiais podem também ser submetidos à decoração, (Lopes, 2017).

8. Classificação dos materiais cerâmicos


Segundo Lopes 2017, os materiais cerâmicos classificam-se em: cerâmica
vermelha e cerâmica branca, (Lopes, 2017).

8.1. Cerâmica vermelha


Compreende aqueles materiais com coloração avermelhada empregados na
construção civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e
argilas expandidas) e também utensílios de uso doméstico e de adorno, (Lopes, 2017).

8.2. Cerâmica branca


Este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por
um corpo branco e em geral recobertos por uma camada de vidro transparente e
incolor, que eram assim agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões
estéticas e técnicas, (Lopes, 2017).

9. Aplicação dos materiais cerâmicos na construção civil


Os materiais cerâmicos são usados na construção civil há muito tempo onde
podemos perceber a utilização de tijolos cerâmicos sinterizados na construção da
Torre de Babel, como é relatado no livro dos Génesis. Os materiais cerâmicos são

16
amplamente utilizados na construção civil, pois suas características permitem sua
utilização nas mais diversas etapas de uma obra.

9.1. Cerâmica vermelha


Como o nome sugere, esse tipo de cerâmica compreende os materiais que
possuem a cor avermelhada e, dentro da construção civil, podemos citar os tijolos,
telhas, blocos, lajes, materiais de revestimentos, pisos etc. A seguir, serão
apresentados alguns desses principais materiais, (Lopes, 2017).

9.1.1. Blocos cerâmicos


De forma geral, é esperado que os blocos cerâmicos apresentem:

Resistência à compressão;
Capacidade de aderência a argamassas;
Durabilidade em relação aos agentes agressivos (variação de temperatura,
umidade e produtos químicos);
Dimensões uniformes;
Resistência ao fogo.

9.1.1.1. Blocos cerâmicos maciços (tijolos)


Os blocos cerâmicos maciços ou tijolos apresentam o formato de
paralelepípedo; são amplamente aplicados na construção civil, seja de forma artesanal
ou industrial. Sua fabricação pode ocorrer através de extrusão ou prensagem (Lopes,
2017).

Algumas características devem ser observadas, como a ausência de


eflorescências, queima uniforme da peça e formato. Segundo Lopes 2017, os tijolos
comuns têm suas dimensões nominais, de acordo com a tabela da NBR 15270-1

Dimensões modulares
Dimensões nominais – mm
LxHxC
Comprimento C
Módulo dimensional M Largura
Altura H
= 100 mm L Tijolo principal 1/2 tijolo
(1) M x (5/8) M x (2) M 190 90
53
(1) M x (5/8) M x (5/2) M 240 115
(1) M x (2/3) M x (2) M 190 90
57
(1) M x (2/3) M x (5/2) M 240 115

90
(1) M x (3/4) M x (2) M 190 90

65

17
(1) M x (3/4) M x (5/2) M 240 115
(1) M x (1) M x (2) M 190 90

90
(1) M x (1) M x (5/2) M 240 115
(5/4) M x (5/8) M x (2) M 190 90
53
(5/4) M x (5/8) M x (5/2) M 240 115
(5/4) M x (2/3) M x (2) M 190 90
57
(5/4) M x (2/3) M x (5/2) M 240 115
(5/4) M x (3/4) M x (2) M 190 90
65
(5/4) M x (3/4) M x (5/2) M 240 115
(5/4) M x (1) M x (2) M 190 90

115 90
(5/4) M x (1) M x (5/2) M 240 115
(5/4) M x (5/4) M x (2) M 190 90
(5/4) M x (5/4) M x (5/2) M 115 240 115
(5/4) M x (5/4) M x (3) M 290 140
(3/2) M x (5/8) M x (2) M 190 90
(3/2) M x (5/8) M x (5/2) M 53 240 115
(3/2) M x (5/8) M x (3) M 290 140
(3/2) M x (2/3) M x (2) M 190 90
(3/2) M x (2/3) M x (5/2) M 57 240 115
(3/2) M x (2/3) M x (3) M 290 140
(3/2) M x (3/4) M x (2) M 190 90
(3/2) M x (3/4) M x (5/2) M 65 240 115
(3/2) M x (3/4) M x (3) M 290 140
(3/2) M x (1) M x (5/2) M 240 115

140 90
(3/2) M x (1) M x (3) M 290 140
(3/2) M x (5/4) M x (5/2) M 240 115

115
(3/2) M x (5/4) M x (3) M 290 140

9.1.1.2. Blocos cerâmicos vazados (tijolos furados)


Os blocos cerâmicos vazados possuem furos prismáticos ou cilíndricos,
apresentam dimensões maiores que os maciços e são mais leves. São fabricados
mecanicamente e têm dimensões variadas, como mostra a figura abaixo.

Diferentes dimensões dos blocos cerâmicos vazados

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Os blocos podem ser classificados como estruturais e de vedação. Os
estruturais, como o próprio nome já diz, são adequados para suportar as cargas da
estrutura, substituindo vigas e pilares de concreto armado; já os de vedação são
utilizados em paredes de divisórias externas e internas e precisam apenas suportar o
seu próprio peso. A figura abaixo, apresenta alguns exemplos de blocos de vedação
e estruturais, também conhecidos como portantes, (Lopes, 2017).

Tipos de blocos de vedação e estrutural

9.1.1.2.1 Tabela de resistência à compressão dos blocos cerâmicos


vazados
Segundo Lopes 2017, em relação às propriedades mecânicas, a resistência à
compressão mínima deve atender à norma NBR 15270-1, que classifica os blocos,
conforme mostra a tabela abaixo:

Classe Tipo Resistência característica mínima do bloco (MPa)


VED15 1,5
Vedação VED30 3,0
VED40 4,0
EST60 6,0
EST80 8,0
EST100 10,0
Estrutural EST140 14,0
EST160 16,0
EST180 18,0
EST200 20,0

9.1.1.2.2. As vantagens em utilizar os blocos cerâmicos vazados em relação


aos maciços
Menor peso por unidade de volume;
Menor propagação de umidade entre peças;
Melhor isolante térmico e acústico;

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Custo menor de mão de obra e de material.

Em relação às condições de aceite do material, alguns itens devem ser


verificados, como:

A peça não deve apresentar defeitos (trincas, quebras, irregularidades e


deformações que impeçam seu emprego);
O som, ao bater na peça, deve ser como de um material metálico.
A absorção de água ideal é entre 8 a 22%;
Dimensões, esquadro e planicidade das faces conforme especificação.

9.1.2. Telhas
As telhas são utilizadas como material de vedação de telhados e coberturas.
Como são os primeiros materiais a ter contacto com o exterior da edificação, elas
devem resistir à ação de chuvas, ventos, poeiras, ruídos e demais intempéries. Assim
como os outros materiais cerâmicos, as telhas são bem antigas e continuam sendo
uma opção de ótima relação custo-benefício.

As telhas cerâmicas são oferecidas no mercado com uma enorme variedade de


formas e tamanhos, as principais exigências a serem atendidas são:

Queima uniforme na peça;


Peso reduzido;
Pouca absorção de água e características impermeáveis.
Baixa porosidade;
Resistência à flexão;
Regularidade de dimensões, coloração e forma;
Superfície sem rugosidade e com arestas finas.

Além disso, não devem apresentar fissuras, quebras ou rebarbas que possam
prejudicar o encaixe entre as telhas. As características desse material envolvem:

Isolamento térmico e acústico;


Difusão de vapor, através da porosidade; a argila absorve a umidade interior
da cobertura nos dias úmidos e chuvosos e a elimina através da ação do
vento ou calor;

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Pouca variação de volume por umidade ou expansão térmica;
Resistência ao fogo, já que por natureza as argilas não são inflamáveis.

As telhas podem ser dividas basicamente de acordo com seu encaixe ou


sobreposição, conforme demonstrado na tabela e exemplificado na figura abaixo.

9.1.2.1. Tipos de telhas cerâmicas

Tipos de telhas Exemplos


Planas de encaixe Telhas francesas

Compostas de encaixe Telhas romanas

Simples de sobreposição Telhas capa, colonial, plan, paulista

Planas de sobreposição Telhas alemãs

Exemplificação de tipos de telhas cerâmicas

No geral os dois tipos mais comercializados são a francesa (plana de encaixe)


e a colonial (sobreposição).

9.1.2.2. Análise comparativa entre telhas cerâmicas francesas e colonial

Característica Francesa Colonial


Peso por unidade 2 a 7 kg 1,7 a 2 kg
Quantidade por m² 16 24 a 30
Peso/m² de cobertura 32 a 43 kg 34 a 52 kg
Inclinação mínima
36% 25%
(%)*
Preço A francesa é mais baixa
Estética A colonial tem uma estética superior
Através do peso/m², em geral, as telhas francesas têm o madeiramento mais
Madeiramento
econômico
* Inclinação ou caimento é calculado através da altura dividida pela base, multiplicado por 100 (valor em porcentagem).

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9.1.3. Revestimentos cerâmicos
A utilização do revestimento cerâmico vem desde o século XV. Esses
revestimentos podem ser obtidos através do processo de extrusão ou prensagem,
podem ou não apresentar uma face esmaltada e outra face porosa (face de
assentamento). Os revestimentos cerâmicos possuem diversas características que
auxiliam na escolha do material mais adequado a cada caso:

Absorção de água: está relacionada à porosidade e à permeabilidade do


material, quanto maior a qualidade, menor a absorção de água.
Resistência à abrasão: é definida através do desgaste superficial do
revestimento, através do tráfego das pessoas, pneus etc.
Resistência a agentes químicos: podem ser classificados em três classes:
Classe A, de elevada resistência a agentes químicos; classe B, média
resistência; e classe C, baixa resistência.
Facilidade de limpeza: os revestimentos cerâmicos são classificados de
classe 1 até classe 5, de acordo com a impossibilidade de remoção de
manchas até a máxima facilidade de remoção.

Em relação aos critérios de inspeção, alguns itens dos revestimentos cerâmicos


devem ser observados no momento da compra e recebimento dos materiais, como a
classe de abrasão, tonalidade do produto, tipo de revestimento, os detalhes para
rejeição de lotes e outros detalhes, descritos na norma NBR 13818/1997 (Lopes,
2017).

10. Outras aplicações da cerâmica vermelha


Manilhas e tubos cerâmicos: utilizados para canalização de águas pluviais
e esgotos sanitários.
Peças redutoras de peso: elementos utilizados na confecção de lajes pré-
moldadas para preenchimento.
Elementos vazados: elementos que não têm função estrutural, porém são
utilizados para ventilação e iluminação de ambientes (conhecido também
como cogobó).

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9.2. Cerâmica branca
Este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por
um corpo branco e, em geral recobertos por uma camada de vidro transparente e
incolor, que eram assim agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões
estéticas e técnicas (Lopes, 2017).

Com o advento dos vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados


neste grupo passaram a ser fabricados, sem prejuízo das características para uma
dada aplicação, com matérias-primas com certo grau de impurezas, responsáveis pela
coloração.

Esse grupo pode ser dividido em:

Louça sanitária;
Louça de mesa;
Isoladores elétricos para alta e baixa tensão;
Cerâmica artística (decorativa e utilitária);
Cerâmica técnica para fins diversos, tais como: químico, eléc trico, térmico
e mecânico.

9.2.1. Materiais de revestimento (placas cerâmicas)


São aqueles materiais, na forma de placas usados na construção civil para
revestimento de paredes, pisos, bancadas e piscinas - ambientes internos e
externos;
Recebem designações tais como: azulejo, pastilha, porcelanato, grês, lajota,
piso, etc.
9.2.2. Materiais refratários
Este grupo compreende uma diversidade de produtos, que têm como finalidade
suportar temperaturas elevadas nas condições específicas de processo e de operação
dos equipamentos industriais, que em geral envolvem esforços mecânicos, ataques
químicos, variações bruscas de temperatura e outras solicitações. Para suportar estas
solicitações e em função da natureza das mesmas, foram desenvolvidos inúmeros
tipos de produtos, a partir de diferentes matérias-primas ou mistura destas (Lopes,
2017).

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Dessa forma, podemos classificar os produtos refratários quanto a matéria-
prima ou componente químico principal em: sílicoso, sílico-aluminoso, aluminoso,
mulitico, magnesianocromítico, cromítico-magnesiano, carbeto de silício, grafite,
carbono, zircônia, zirconita, espinélio e outros.

9.2.3. Isolantes térmicos


Os produtos deste segmento podem ser classificados em:

Isolantes térmicos refratários que se enquadram no segmento de refratários;


Isolantes térmicos não refratários, compreendendo produtos como
vermiculita expandida, sílica diatomácea, silicato de cálcio, lã de vidro, lã de
rocha, etc - temperaturas inferiores a 800°C;
fibras ou lãs cerâmicas que apresentam características físicas semelhantes
as citadas no item anterior, porém apresentam composições tais como sílica,
sílica-alumina, alumina e zircônia, que dependendo do tipo, podem chegar
a temperaturas de utilização de 2000º C ou mais.
9.2.4. Fritas e corantes
Estes dois produtos são importantes matérias-primas para diversos segmentos
cerâmicos que requerem determinados acabamentos.

Frita (ou vidrado fritado) é um vidro moído, fabricado por indústrias


especializadas a partir da fusão da mistura de diferentes matérias-primas. É aplicado
na superfície do corpo cerâmico que, após a queima, adquire aspecto vítreo. Este
acabamento tem por finalidade aprimorar a estética, tornar a peça impermeável,
aumentar a resistência mecânica e melhorar ou proporcionar outras características.

Corantes constituem-se de óxidos puros ou pigmentos inorgânicos sintéticos


obtidos a partir da mistura de óxidos ou de seus compostos. Os pigmentos são
fabricados por empresas especializadas, inclusive por muitas das que produzem fritas,
cuja obtenção envolve a mistura das matérias-primas, calcinação e moagem.

Os corantes são adicionados aos esmaltes (vidrados) ou aos corpos cerâmicos


para conferir-lhes colorações das mais diversas tonalidades e efeitos especiais.

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9.2.5. Abrasivos
Parte da indústria de abrasivos, por utilizarem matérias-primas e processos
semelhantes aos da cerâmica, constituem-se num segmento cerâmico.

Entre os produtos mais conhecidos podemos citar o óxido de alumínio


eletrofundido e o carbeto de silício.

9.2.6. Vidro, cimento e cal


São três importantes segmentos cerâmicos e que, por suas particularidades,
são muitas vezes considerados à parte da cerâmica.

10. Importância dos materiais cerâmicos na Construção Civil


Na engenharia, a construção de grandes projectos desde a antiguidade foi
possibilitada devido à contribuição da cerâmica. A utilização do material, muitas vezes
com função estrutural, viabilizou a edificação de muitas cúpulas importantes na
história. Dois exemplos marcantes são a Hagia Sophia, em Istambul, na Turquia, e a
Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença, na Itália.

Hagia Sophia, em Istambul, na Catedral de Santa Maria


Turquia del Fiore, em Florença,
na Itália
Os materiais cerâmicos são fundamentais na maioria das edificações, por conta
de suas características, como por exemplo, excelente isolamento térmico e acústico,
elevada resistência a temperaturas e o fogo, além de sua grande durabilidade.
Segundo Ambrozewicz, para que se produza esse tipo de material, a argila necessita
passar por alguns processos de fabricação, tais como, a moldagem, secagem,
cozimento, para formar assim uma pedra artificial.

11. Vantagens e desvantagens dos materiais cerâmicos


Os materiais convencionais muitas vezes falham quando se trata de avançar e
melhorar as aplicações industriais ou equipamentos, sistemas e processos de

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engenharia mecânica, porque não conseguem atender aos requisitos em mudança
nessas indústrias.

As propriedades gerais do material cerâmico apresentam as seguintes vantagens e


desvantagens:

11.1 Vantagens
Alta resistência ao desgaste, calor, pressão e ataque químico (gás e
líquidos);
Extrema dureza;
Excelente isolamento eléctrico;
Relativamente leves.

11.2. Desvantagens
Os materiais cerâmicos são de natureza frágil, portanto fraturam-se
facilmente;
A existência de muitos interstícios na sua estrutura cristalina, torna a sua
ductilidade quase nula;
A maleabilidade destes materiais é difícil, daí serem mais facilmente
moldáveis com maquinas especializadas.

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12. Conclusão
Os materiais cerâmicos surgiram na humanidade desde os tempos primórdios
em diversos países. As primeiras cerâmicas conhecidas datam do final do Paleolítico,
os exemplos mais antigos de barros cozido, que incluem mais de 10000 fragmentos e
estatuetas foram descobertos na Morávia, actual República Checa. A primeira
evidência da produção de cerâmica de olaria remota a 10000 AC, com a descoberta
de fragmentos perto de Nagasaki, no Japão.

Por volta de 7000-6000 AC, especialmente no próximo oriente, foi observado


um grande impulso na cerâmica, resultante da sedentarização das populações.
Entretanto, no sul da China, durante a dinastia Shang l (1500-1000 AC), foram
desenvolvidas as primeiras cerâmicas vitrificadas de reduzida porosidade, o grés.

Apenas no final do século XVIII, com melhor compreensão científica da


cerâmica (análise química da matéria-prima) aliado ao impulso proporcionado pela
revolução industrial, a produção e processamento da cerâmica sofreu um grande
desenvolvimento. Fez-se a descrição das propriedades dos materiais cerâmicos, dos
dois grupos cerâmicos, que são, os cerâmicos tradicionais e os cerâmicos técnicos. A
argila é a principal matéria-prima na produção dos materiais cerâmicos e, ela é a mais
espalhada pela superfície terrestre, sendo constituída por várias espécies minerais,
entre as quais predominam os minerais argilosos.

Na engenharia, a construção de grandes projectos desde a antiguidade foi


possibilitada devido à contribuição da cerâmica. A utilização do material, muitas vezes
com função estrutural, viabilizou a edificação de muitas cúpulas importantes na história
da humanidade.

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Bibliografia

Lopes, L. d. (2017). Materiais de construção civil I . São Paulo: Distribuidora


Educacional S.A.

Bogas, J. A. (2013). Materiais Cerâmicos. Lisboa: Instituto Superior Técnico De


Lisboa .

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