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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIENCIAS
HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA

ADALBERTO ELISEU DE JESUS – F050181

BIANCA SOUZA COUTO N436859

EMILY LAURYN BARBOSA EGETE – N461FB0

JOSÉ RICARDO SEVERINO LEONARDO – F006CC1

LUÍS EDUARDO MONTEIRO FONSECA – N456337

MARCOS JONATAS CAETANO DA SILVA – N490667

POLÍTICAS PÚBLICAS FRENTE A POPULAÇÃO EM SOFRIMENTO PSÍQUICO


EM SITUAÇÃO DE RUA
O Desafio do Psicólogo

SÃO PAULO – SP

NORTE

2023
UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE CIENCIAS
HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA

ADALBERTO ELISEU DE JESUS – F050181

BIANCA SOUZA COUTO – N436859

EMILY LAURYN BARBOSA EGETE – N461FB0

JOSÉ RICARDO SEVERINO LEONARDO – F006CC1

LUÍS EDUARDO MONTEIRO FONSECA – N456337

MARCOS JONATAS CAETANO DA SILVA – N490667

POLÍTICAS PÚBLICAS FRENTE A POPULAÇÃO EM SOFRIMENTO PSÍQUICO


EM SITUAÇÃO DE RUA
O Desafio do Psicólogo

Monografia apresentada à
dicliplina do Curso de Psicologia,
sob a orientação da Profª Ma.
Edna A. Mercado.

SÃO PAULO – SP

NORTE

2023
4

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………
1.1 Apresentação.........................................................................................................................
1.2 Tema / Levantamento bibliográfico.......................................................................................
1.3 Objetivos (Geral e Específicos)............................................................................................
1.4 Hipóteses................................................................................................................................
1.5 Justificativa.............................................................................................................................
2.0 METODOLOGIA......................................................................................................................
1.6 Participantes...........................................................................................................................
1.7 Instrumentos...........................................................................................................................
1.8 Aparatos de Pesquisa............................................................................................................
1.9 Procedimentos de Coleta de Dados.....................................................................................
CRONOGRAMA..............................................................................................................................
5

CAPÍTULO 1
1.INTRODUÇÃO

1. 1 APRESENTAÇÃO

Em 2022, a Prefeitura do município de São Paulo divulgou o alarmante número


atualizado de pessoas em situação de rua. A população é contabilizada em 31.884
pessoas sobrevivendo nas ruas da cidade e extraindo dela seu meio de sustento.
Em 2019 este número era 31% menor (24.344), o que chama atenção para o
problema e gera questionamentos frente às atuais políticas públicas para esta
população vulnerável.

Quando se fala em transtornos mentais, a problemática fica ainda mais delicada.


Cita- se aqui os mais vulneráveis entre os vulneráveis. Neste nicho encaixa-se
pessoas com depressão, transtorno de personalidade bipolar, esquizofrenia,
alcoolismo e transtorno obsessivo compulsivo.

O termo População em Situação de Rua (PSR) trata-se de um grupo social


caracterizado pela pobreza extrema que emprega das ruas e espaços públicos, seu
local de moradia, por falta da existência de moradias convencionais regulares,
sustento e relações sociais. As Políticas Sociais a partir da Constituição de 1988
(destinadas especialmente às categorias de menor renda da sociedade – em
situação de pobreza ou pobreza extrema), são atribuídas ao bem-estar geral da
sociedade, objetivando, majoritariamente, o desenvolvimento econômico e a
redução da desigualdade e/ou eliminação da pobreza, redistribuindo a renda.

De acordo com Foucault, a compreensão do fenômeno social “situação de rua”


está inteiramente interligada pela influência do Estado, das dinâmicas sociais da
vida urbana; de como se deu a ocupação dos espaços, do mundo e do mercado de
trabalho.
Para melhor compreendermos esse processo, a pesquisa analisará fatores que
levam ao não emprego de políticas de saúde mental e a inclusão social
daqueles que são excluídos e marginalizados pela sociedade, bem
como, o desafio do psicólogo em trabalho interdisciplinar e clínico para com
esses sujeitos, a fim de proporcionar autonomia e estratégias mais dignas,
sensíveis e eficazes à realidade desta população singular, com transtornos
6

mentais.
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1.2 TEMA / PROBLEMA / LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Abordaremos nesta pesquisa as Políticas Públicas frente a população


portadora de transtornos mentais em situação de rua e qual o desafio do
Psicólogo nesse contexto.

A Política Nacional para a População em Situação de Rua


(PNPSR) direcionada ao grupo populacional que possui em
comum a pobreza extrema, os vínculos familiares
interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia
convencional regular e que utiliza logradouros públicos como
espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou
permanente, bem como, as unidades de acolhimento para
pernoite temporário ou como moradia provisória (BRASIL,
2019).

Portanto são necessárias medidas de proteção para as pessoas que se


encontram nessa situação, pois essa população, vítima de inúmeras
formas de violência, é invisibilizada e colocada em permanente condição
de vulnerabilidade (NONATO, 2018), o que resulta na desasistência, em
consequência da ineficiência de políticas públicas voltadas a estas
pessoas. (PEREIRA, 2021).
Diante das condições que cercam essa população, nos interessa saber:
Quais as políticas públicas empregadas na cidade de São Paulo, para o
enfrentamento das necessidades da população portadora de transtornos
mentais em situação de rua, e quais são os desafios do psicólogo em
trabalho interdisciplinar e clínico, para proporcionar maior autonomia e
dignidade a essa população.
Quando pensamos nas condições de saúde mental dessa população,
sabemos que ainda existem lacunas epistemológicas e práticas em
relação às especificidades em seu cuidado, que requer atenção
particularizadas, oferecendo flexibilidade e centralização na pessoa.
(CHRYSTAL, 2015). A exclusão dessa população de rua que apresenta
transtornos mentais ocorre não apenas pela sociedade em geral, mas
também dentro do próprio grupo de pessoas nessas mesmas condições,
que mantém o estigma de que esses indivíduos são “loucos”, o que
dificulta ainda mais as suas condições de vida.
8

Como apontado por Pereira (2021), as questões relacionadas ao cuidado


em saúde mental direcionado à população de rua, nos serviços de saúde,
nas políticas públicas e na literatura, frequentemente, têm como ênfase o
uso de drogas, de modo que os transtornos mentais, ficam à margem e
implicam o desafio de gerar um cuidado psicossocial para esse grupo
específico.
No quesito Políticas Públicas e na transição do modelo manicomial para o
comunitário, ainda que haja decretos, serviços e propostas de
trabalho com a população em pauta são diversos os desafios na atuação.
O maior deles é a implantação desses serviços e a implementação dessas
ações, tendo em vista que não há reconhecimento e priorização na
demanda das PSR no âmbito de gestão da política de saúde.
9

Conforme Rojas e Salgado (2018) o Estado se responsabiliza pelo


investimento mínimo na sociedade e transfere para o setor privado
aquilo que lhe é de obrigação. Assim,

[...] as políticas sociais no Brasil têm sido marcadas pela


prevalência da lógica liberal em detrimento da perspectiva
universalizante, ainda que as lutas desencadeadas no curso
do processo constituinte, em 1988, tenham propiciado a
garantia de vários direitos sociais e apontado uma direção
universalizante para as políticas sociais na Constituição
Federal, promulgada naquele ano. Entretanto, o avanço do
projeto neoliberal, nos anos posteriores à promulgação da
Carta Constitucional, imprimiu às políticas sociais com
profundos limites de cobertura e abrangência. Até mesmo as
políticas que têm como base princípios e diretrizes
universalizantes, como a saúde e a educação, têm sido
implementadas de forma residual e restritiva (SILVA, 2009,
p.175).

Logo, o apoio à privatização do público continua prejudicando a PSR,


negligenciando e invisibilizando o investimento de recursos nas
condições potenciais aos setores políticos, econômicos e sociais, haja
vista que

[...] contraditoriamente (ou não!), os governos continuam


interessados em repassar verba pública para empresários
do setor psiquiátrico e ‘terceiro setor’ filantrópicos, através
de convênios que pagam internação para os usuários dos
serviços de Saúde Mental, para continuar enriquecendo a
burguesia e outros setores conservadores que compõem a
base de sustentação de seus mandados (BISNETO, 2007. p.
42).

Faz-se, portanto, necessário repensar essas políticas tendo em vista


reais contribuições, capazes de resgatar a cidadania desta população de
rua.

1.3 OBJETIVOS

Objetivos Gerais
• Analisar a realidade das pessoas em situação de rua com transtornos mentais,
tendo em vista que, propostas de intervenção e atendimento em saúde para
esta população é escassa e o índice do aumento populacional de pessoas em
situação de rua vem aumentando significativamente.
10

• Interpretar necessidades e urgências desta população, com o intuito de


potencializar a autonomia para as pessoas que vivem à margem da sociedade,
considerando o aspecto que as caracterizam como portadora de transtornos
mentais, faz-se necessário, além do suporte medicamentoso e hospitalar,
estratégias de acompanhamento, isto é, visitas aos seus locais de
moradia fixa, contato interdisciplinar com a família biológica ou
convivencial e estratégias de inserção no mercado de trabalho, levando em
conta as limitações individuais e enaltecendo as potencialidades.

Objetivos Específicos
• Apontar o índice de pessoas em situação de rua com transtornos mentais;
11

• Apresentar relatos obtidos através do estudo realizado por


outros autores, para evidenciar a realidade existencial
dessa população;
• Discutir sobre os projetos de intervenção e cuidado em
saúde mental proposto pelo poder público;
• Propor melhorias para esses projetos já existentes, com destino
ao público alvo.

1.4 HIPÓTESES
Acredita-se que os resultados a serem obtidos no presente trabalho apresentarão
dados de políticas públçicas que podem não ser suficientes quanto às condições de
saúde, de interação e até mesmo de vivência dessas pessoas em situação de rua
com transtornos mentais, tendo em vista que, além do alto crescimento dessa taxa,
em alguns estudos nota-se que alguns desses indivíduos se perderam de suas
famílias ou desenvolveram algum tipo de transtorno devido ao uso de substâncias,
como o abuso de álcool e outras drogas.

Existe também a questão do abandono das pessoas que possuem algum tipo de
transtorno, por razões de falecimento do cuidador, dentre outras situações que
resultam na condição solitária.

É preocupante saber que a intervenção do estado nessas questões podem não ser
suficientes, ainda que existam propostas e projetos sociais que busquem intervir
nessas demandas. Logo, ao decorrer da pesquisa também espera-se apresentar
esses projetos e propostas, assim como poder colaborar com sugestões de
aprimoramento.

Segundo Rojas & Pereira, (2018), institucionalizar a população em situação de rua


dentro dos muros dos serviços, como proposta de tratamento, é mantê-la distante
de um projeto terapêutico singular de superação de sua condição. Tal prática anda
na contramão da proposta terapêutica dos CAPS, que devem atuar na perspectiva
da não internação, promovendo o cuidado e atenção diários, sem necessariamente,
retirar o indivíduo de seu território, mas propor ações que o integre ao meio social,
comunitário e familiar (BRASIL, 2002).

Acreditamos, assim, que inserir-se no território, constituindo relações proativas


12

com a comunidade de sua responsabilidade, favorece o estabelecimento mais


efetivo do cuidado em saúde, pois, além de permitir identificar problemas e
priorizar intervenções, cria vínculos contínuos com os assistidos, possibilitando
individualizar suas necessidades e organizar processos particulares de cuidado
(JÚNIOR; JESUS
13

CREVELIM, 2010, p.711).

2 JUSTIFICATIVA
2.3 Justificativa Social
Quando pesquisamos sobre pessoas em situação de rua nos registros acadêmicos,
os resultados ainda são bastante escassos, mesmo que apresente um aumento
considerável de estudos voltados para essa temática nos últimos anos. Entretanto,
se filtrarmos para os indivíduos em situação de rua com transtornos mentais, o
número de estudos realizados reduz drasticamente, apontando diretamente para a
falta de interesse e aprofundamento nessa temática.

A partir disso, podemos afirmar que a necessidade no aprofundamento dos


estudos nesse campo é bastante explícita, tendo em vista que o aumento de
pesquisa irá contribuir para a efetivação dos projetos existentes acerca desta
população e seu cuidado adequado, assim como, uma conscientização não apenas
para a sociedade em geral, mas também, para o Estado e os profissionais de saúde
mental.

2.4 Justificativa Teórica


Segundo o Cadastro Único (CadUnico) a cidade de São Paulo possui o maior
número de pessoas em situação de rua no Brasil, devido a isto oferece aguns
cuidaos como: a oferta de alimentos em pontos especificos, assim como materiais
para cuidado pessoal, como roupas, itens de higiene básica, somando ao cuidado
mental, através de escuta e acolhimento profissional, entre outros. Entretanto,
apesar destes suporte, faz-se necessário identificar desdobramentos da psicologia e
sua forma de atuação, junto à essas pessoas, que convivem com o estigma da
loucura e da invisibilidade.

Em nossa trajetória enquanto pesquisadores preocupados com o bem-estar


psíquico e físico do indivíduo, discutiremos as ações de políticas públicas
paulistanas voltadas para o cuidado de pessoas em situação de rua que apresentam
transtornos mentais, visando atuar com base no primeiro artigo da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, que propõe o respeito da liberdade e igualdade,
para todos os seres humanos.
14

No entanto, acreditamos que as pessoas em situação de rua com transtornos


mentais não são tratadas com dignidade. Assim, quando falamos em atendimento
psíquico para este público, partimos do pressuposto que há necessidade de mais
órgãos públicos que tenham como objetivos auxiliar e disponibilizar todo o
atendimento básico, intermediário e completo, ofertando um atendimento pautado
na prevenção e
15

obtenção de saúde para toda esta população. Algumas instituições oferecem


determinados cuidados, entretanto, há muito a ser feito e diversas áreas de
atuação, referente ao atendimento psicológico.

2. METODOLOGIA
Em nossa pesquisa direcionaremos o estudo da população em situação de rua
enfatizando formas de dar visibilidade ao quesito organizacional das instituições
públicas responsáeis por oferecer serviços, programas e atendimento a esse
público com o objetivo de prevenir situações de risco e fortalecer seus vínculos
familiares e comunitários.

2.1 Participantes e Local

A Pesquisa terá desenvolvimento bibliográfico, com cerne na população em


situação de rua em sofrimento psíquico, situados na cidade de São Paulo, que ou
possuíram atendimento de órgãos públicos.

2.2 Instrumentos

Para o desenvolvimento da pesquisa, serão utilizados instrumentos de coleta de


dados por meio da análise de materiais ou documental, como: fontes
bibliográficas, artigos científicos e livros previamente selecionados, que norteiam
o tema proposto.

2.3 Aparatos de Pesquisa

Utilizaremos livros, artigos científicos, canetas, papéis, impressora,


computadores, dados e documentos públicos, acerca da população em situação
de rua da cidade de São Paulo.

2.4 Procedimentos de Coleta de Dados

Empregaremos a Pesquisa Descritiva e Analítica para analisarmos as Políticas


Públicas aplicada às pessoas em situações de rua. Esses dados serão obtidos por
meio de livros, artigos científicos, revistas técnicas, documentos públicos, entre
16

outros, a fim de promovermos uma análise bibliográfica.

5. CRONOGRAMA
17

Capítulo II

2. População em situação de rua na cidade de São Paulo

Nos últimos anos a cidade de São Paulo vem apresentando aumento da população
que se encontra em situação de rua. Entre os principais fatores que podem levar à
esta situação estão: ausência de vínculos familiares, perda de entes queridos,
desemprego, violência, perda da autoestima, alcoolismo, uso de outras drogas e
doença mental, com predominância para pessoas do sexo masculino (82%), com
idade entre 25 e 44 anos (53%) e que se declaram pardas (39,1%); das quais 74%
sabem ler e escrever; 70,9% exercem alguma atividade remunerada, como catador
de material reciclável e flanelinha; 51,9% possuem algum familiar na cidade em que
se encontram, enquanto 38,9% não mantêm contato com seus parentes. Em 95,5%
dos casos não há vínculo a nenhum movimento social e 24,8% não possuem
nenhum documento de identificação (BRASIL, 2009).
Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome, os principais motivos
que levaram as pessoas a viver nas ruas são o abuso de álcool e drogas (35,5%),
desemprego (29,8%) e conflitos familiares (29,1%). Além disso, algumas pessoas
escolheram viver nas ruas por conta própria, mas não há porcentagem determinada
deste fator, contudo deve ser levada em consideração. Ao relatarem a escolha como
18

a responsável pela vida nas ruas, justificam que a busca pela sensação de liberdade
é a principal motivação (BRASIL, 2009). Logo, podemos perceber que:
A situação de rua é multifacetada e multideterminada. A motivação
para se estar na rua perpassa desde questões subjetivas, de cunho
mais individual, como a perda de um grande amor, por exemplo,
quanto questões estruturais, como o desemprego. A
multideterminação implicaria, também, na possibilidade da
conjugação de fatores que levam os indivíduos a enfrentarem o
processo de rualização. A vivência nas ruas é multifacetada, visto
que cada indivíduo, mesmo que possua em comum com outros a
mesma motivação para estar na rua, também divide características
análogas, como raça, classe e gênero, e traz consigo sua própria
história, sua própria subjetividade, sua própria forma de viver e sentir
essa experiência. (NUNES, et al, 2021, p. 34)

As condições de sobrevivência nas ruas, em especial o abuso e a dependência de


álcool e outras drogas, resultam em danos físicos, psíquicos e sociais para os
usuários. Em 2010, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, (FIPE) realizou
uma pesquisa sobre o perfil socioeconômico da PSR da área central da cidade de
São Paulo, que evidenciou o alto índice do uso de drogas entre essa população.
Um estudo com 526 pessoas entre 18 e 30 anos revelou que o consumo de álcool e
outras drogas foi de 47,7%. Na faixa etária entre 31 e 49 anos, o consumo foi de
26,1%, enquanto entre os indivíduos com mais de 50 anos foi de 9,5%. Em todas as
faixas etárias, o uso do crack superou o da maconha, alcançando o maior índice na
população entre 18 e 30 anos, atingindo 53,7% dos usuários. A pesquisa também
mostrou que cerca de metade dessa população nunca esteve internada em qualquer
instituição (47%), 26,8% já passaram por algum tipo de casa de detenção e 25,1%
frequentaram centros de recuperação para dependentes químicos. (Comunidades
Terapêuticas – CT) (SCHOR; VIEIRA, 2010). O baixo índice de pessoas que já
receberam algum atendimento por parte do poder público está diretamente vinculado
às concepções de políticas públicas que predominaram a partir da década de 1980.
Isso porque,

A onda econômica neoliberal, originada da década de 1980, promove


a difusão de uma nova concepção de políticas públicas, em que
estas perdem suas identidades sob o domínio da política
macroeconômica. Com isso joga-se por terra qualquer princípio de
solidariedade [...]. As formas de financiamento dos Sistemas
Nacionais de Saúde são eleitas como aspectos centrais destas
políticas. Isso resulta em situações extremamente perversas em que
a obsessão pelo equilíbrio fiscal sacrifica as políticas sociais. (ELIAS,
2002, p. 95)
19

A fim de estabelecer regras e padrões adequados para o funcionamento das


Comunidades Terapêuticas no Brasil, com o intuito de evitar a prestação de serviços
de baixa qualidade e a inadequação das instalações, foi criada a Resolução RDC
101/2001 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Essa resolução
estabelece diretrizes e critérios mínimos para garantir a segurança dos pacientes
nos serviços de saúde. Seu objetivo é assegurar a qualidade dos cuidados
fornecidos, prevenir eventos adversos e aprimorar a gestão de riscos. No entanto, a
comparação entre a nova RDC 29/2011 que determina os requisitos de segurança
sanitária para o funcionamento de instituições prestadoras de serviços de atenção à
pessoas com transtornos decorrentes do uso problemático de drogas e a antiga
RDC 101/2001 aponta para maior fragilidade do trabalho oferecido pelas mesmas,
como, por exemplo, a não necessidade de fiscalização pela vigilância sanitária, por
essas terem sido descaracterizadas como uma instituição de saúde, passando para
a área de assistência. Na resolução de 2011 ainda não há necessidade de se
apresentar um programa terapêutico nem de aprovação de infraestrutura mínima
(ANVISA, 2011).

Somado a isso, representando uma condição de vulnerabilidade extrema, de acordo


com o Decreto Federal n° 7053\2009, considera-se população em situação de rua, o
corpo populacional que possui vulnerabilidade extrema à pobreza, unido a
fragilização dos vínculos familiares, e a falta de moradia convencional regular.
Devido a realidade de vulnerabilidade esse corpo social acaba por utilizar
logradouros públicos como ambiente de moradia e de sustento, assim como,
unidades de acolhimento público provisórias (BRASIL, 2009), além do serviço de
saúde pública.

2.1 População em situação de rua e transtornos mentais

A relação entre pessoas em situação de rua e os transtornos mentais são muito


evidentes, de acordo com Sousa et al. (2016). Muitas vezes a chegada da pessoa à
rua, decorre justamente pelas condições de algum transtorno mental, devido a
devido à falta de acesso a serviços de saúde mental, desestruturação familiar, perda
de emprego e renda e discriminação. Em outros casos, desenvolvem-se pelas
condições da vivência na rua. Todavia o transtorno mental é algo que está
intensamente presente nesta população, causados por fatores individuais,
20

relacionados ao corpo e à psiquê. Podem ser resultantes de causas biológicas como


AIDS, epilepsia, meningite, insuficiência hepática, uso de drogas, que levam a
alterações emocionais e comportamentais. O diagnóstico deve ser realizado pelo
sistema de saúde, que analisará se o transtorno desta pessoa se refere a alterações
cerebrais (como demência ou Alzheimer), alterações no funcionamento do cérebro
(ansiedade, depressão, dependência química), ou até mesmo transtornos
hereditários, como algumas psicoses.

A subjetividade é parte importante deste contexto, pois cada pessoa lida com suas
questões, seu mundo interno, de maneira própria, e isto influencia na saúde mental.
Fatores ambientais também estão diretamente relacionados à saúde mental das
pessoas, como o lugar onde vivem, as condições de subsistência, políticas públicas
voltadas à comunidade, entre outras. Quando falamos em população de rua, o fator
ambiental é demasiado determinante, pois segundo Sousa, et. al (2016. p.65). O
baixo nível socioeconômico e educacional, desemprego, falta de suporte social e de
moradia adequada estão associados a uma maior frequência de transtornos
mentais.

Para além disso, fatores como estresse pós-traumático advindo de desastres


naturais, perdas, exposições a situações de risco, abusos sexuais, físicos e
psicológicos, também constituem fatores determinantes para que a pessoa se torne
mais propensa a desenvolver um transtorno mental. Logo, para a realização de uma
abordagem satisfatória com pessoas que possuem transtornos mentais, é
necessário conhecer a decorrência do transtorno mental. Atualmente os principais
tipos de transtornos mentais são: depressão, ansiedade, quadros psicóticos,
transtorno afetivo bipolar, transtorno de personalidade borderline, esquizofrenia,
transtornos decorrentes do uso problemático de drogas, entre outros. Fatores como
rompimentos com a família, falta de oportunidades de emprego, baixa ou nenhuma
renda, exposição à violência, entre outros fatores, podem ser grandes indicativos
para o desenvolvimento de ansiedades e depressões, que poderão conduzir a
transtornos mentais em diferentes graus: leve, moderado ou mesmo severo.

Quanto aos transtornos mentais decorrentes da drogadição, Sousa et. al (2016 p.


165) ressalvam que os transtornos mentais graves, aqueles associados a ‘’loucura’’,
também estão presentes nesta população. Alguns têm histórico de internações
21

compulsórias e idas e vindas a hospitais psiquiátricos. Os principais transtornos


mentais graves são esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar e psicose breve. A
esquizofrenia é um quadro de transtorno crônico, seu diagnóstico pode ser feito
entre os 20 ou 30 anos de idade. Os sintomas são alucinações diversas, e
normalmente é um transtorno que pode ser percebido através de mudanças de
comportamento de maneira discreta. O transtorno afetivo bipolar, assim como a
esquizofrenia, tende a se manifestar após os 20 anos de idade e os sintomas são
oscilações de humor entre o que se denomina, quadros depressivos e episódios de
mania. Já a psicose breve se apresenta de repente, também na fase adulta, e tende
a durar em média, até um mês. Normalmente, pode surgir após um evento
estressante ou por decorrência de alguma doença. Inicialmente os sintomas se
apresentam semelhantes à esquizofrenia, mas diferente deste, os sintomas não se
apresentam de maneira progressiva e a duração é menor.

O diagnóstico, de todos esses transtornos, deve ser feito cautelosamente, pois a rua
exige mudanças no comportamento de quem se utiliza dela como meio de
subsistência. A situação de rua modifica o comportamento das pessoas, por
motivos de privações, frustrações e sobrevivência; como desenvolvimento de
estratégias de adaptação, e alguns comportamentos adotados por essas pessoas
podem ser confundidos com transtornos mentais.

O hábito de acumular objetos, por exemplo, não pode ser facilmente denominado
como um sintoma de transtorno psicótico. Essas pessoas, por vezes, podem ter
perdido o lugar de moradia, não havendo lugar seguro onde possam guardar os
poucos bens que lhe restaram, isto resulta na acumulação, que pode ser facilmente
confundida com o colecionismo patológico.

A deficiência intelectual, mais conhecido como ‘’retardo mental’’ ou até mesmo


‘’demência’’ também está presente na população em situação de rua. Ela ocorre
quando o cérebro passa a funcionar de maneira mais lenta, isso pode ocorrer por
causas diversas, como o uso crônico de álcool, doenças como HIV e neuro sífilis,
desnutrição que leva a prejuízos no desenvolvimento cognitivo, até mesmo,
traumatismos no crânio. Em idosos, a deficiência intelectual pode ser traduzida com
o diagnóstico de Alzheimer.
22

É importante ressaltar que as políticas públicas para pessoas em situação de rua


com transtornos mentais devem ser pautadas pelos princípios de dignidade, respeito
aos direitos humanos e inclusão social. É fundamental envolver a participação das
próprias pessoas em situação de rua e seus familiares, buscando ouvir suas
demandas, experiências e perspectivas. Além disso, é importante promover a
capacitação dos profissionais que atuam no atendimento às pessoas em situação de
rua com transtornos mentais. Isso inclui equipes de saúde, assistência social,
segurança pública e demais áreas envolvidas, a fim de garantir um atendimento
qualificado, respeitoso e efetivo.

2.2 Políticas Públicas paulistana para pessoas em situação de rua

Políticas públicas são ações, programas e atividades desenvolvidas pelo Estado


para garantir direitos de cidadania (SOUSA, et al, 2016, p. 89). Vale ressaltar que é
de responsabilidade do Estado entender as necessidades da população e elaborar
mecanismos para amenizar e/ou resolver problemas. No caso das pessoas em
situação de rua, é emergente a garantia de direitos igualitários à educação, saúde,
moradia, trabalho, lazer, previdência social, segurança e assistência.

A administração da cidade de São Paulo, junto a Secretaria Municipal da Saúde,


vem implementando em seu território, meios de auxílio e apoio à esta população,
como Centros de Acolhida, de convivência, centros socioculturais, consultórios de
rua e repúblicas, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS) que pode ser considerado um contato inicial na área da saúde
mental, ambos trabalham abertamente ao público, sem ser necessário um
encaminhamento ou agendamento, nos modo de atuação, buscam ofertar um
tratamento multidisciplinar, pois geralmente nestas instituições possuem, médicos
clínicos, psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e terapeutas ocupacionais, alguns
CAPS, possuem uma estrutura maior, onde conseguem oferecer acolhimento 24
horas ao dia, assim como uma disponibilidade para uma internação de curto
intervalo de tempo, cada paciente terá um Projeto Terapêutico Singular e específico,
adequado ao seu quadro necessidade. com toda estrutura hoje presente, em alguns
lugares o atendimento terapêutico será individual ou em grupo, a cidade também
23

possui os Consultórios na Rua que fazem o atendimento de pacientes que estejam


em situação de rua, atualmente

A rede do município conta atualmente com 102 CAPS, sendo 35


deles Álcool e Drogas (AD), 33 Infantojuvenis e 34 Adultos. Ao todo,
46 funcionam como CAPS III (com acolhimento integral –
funcionamento 24 horas) e 1 como CAPS IV (com funcionamento
24h e possibilidade de acolhimento integral nas 24h). (PREFEITURA
DE SÃO PAULO, 2021)

O Ministério da Saúde em 2011 criou os chamados Consultórios de Rua, que são


equipes multiprofissionais prestadoras de serviços psicossociais para pessoas em
situação de rua, no intuito de minimizar as desigualdades e fortalecer o cuidado com
as PSR. Os Consultórios de Rua são o primeiro atendimento para uma pessoa em
situação de rua ser encaminhada para o SUS. Essas equipes desenvolvem seu
trabalho em parceria com os CAPS

É importante ressaltar que os Consultórios de Rua foram criados como estratégia de


fortalecimento e não são exclusivamente responsáveis pelo serviço à saúde mental
prestados à PSR, hoje, existem alguns critérios para que uma pessoa em situação
de rua receba tratamento, que pode ser ambulatorial ou emergencial, em momentos
de crises. O tratamento ambulatorial se destina a pessoas que estão em surto,
porém, não apresentam alterações bruscas em seu comportamento. Já o tratamento
emergencial, se destina a pessoas em surtos onde houve mudança brusca em seu
comportamento, que colocam em risco a própria pessoa e a outras. Entre os
princípios que regem o atendimento realizado pelo SUS está a universalidade de
atendimento, a equidade e a integridade, no que diz respeito à universalidade,
considera-se que todas as pessoas, incluindo pessoas em situação de rua, têm
direito ao acesso do serviço de saúde, independente da apresentação, condição de
higiene e instrução escolar. Equidade, por sua vez, corresponde e prioriza cada caso
em níveis de gravidade e urgência, independentemente se esta pessoa se encontra
à margem da sociedade, como no caso de pessoas em situação de rua e, a
integridade, analisa cada caso considerando um contexto global do paciente. Por
exemplo:

O sujeito mora debaixo de um viaduto, onde o esgoto corre a céu


aberto, baratas e ratos são companheiros do dia a dia e, muitas
vezes, precisa dividir a mesma comida com esses animais. Mal
consegue dormir com medo da violência e, para aguentar o frio, são
24

longos anos bebendo o “corote”. Esse sujeito chega à Unidade


Básica de Saúde (UBS) reclamando de dor de dente, mas essa é só
a ponta do iceberg e os profissionais precisam perceber isso e
pensar em um plano de cuidado para essa pessoa. Isso é um
compromisso com a Integralidade, não agir dessa forma é negar o
acesso a direitos garantidos a esse indivíduo. (SOUSA, et al, 2016,
p. 92-93).

Em 2001 entrou em vigor a lei nº 10.216/2001 que garante e protege os direitos das
pessoas com transtornos mentais, redirecionado para a assistência em saúde
mental, que passa a ser conceituada como

o bem-estar subjetivo, a autoeficácia percebida, a autonomia, a


competência, a dependência intergeracional e a autorrealização do
potencial intelectual e emocional da pessoa. Por uma perspectiva
transcultural, é quase impossível definir saúde mental de uma forma
completa. De modo geral, porém, concorda-se quanto ao fato de que
saúde mental é algo mais do que a ausência de transtornos mentais
(SOUSA, et al, 2016, p. 106).

A primeira mudança após esta lei foi que não mais seria obrigatório o atendimento
em hospitais. O atendimento em saúde mental hoje pode ser desenvolvido onde a
pessoa vive. Isso foi chamado de rede de atenção de base comunitária, mudando
também os critérios e tempo de internação. Como alternativa a Rede de Atenção
Psicossocial, RAPS, surge o CAPS, Centro de Atenção Psicossocial. Os CAPS são
bases comunitárias presentes em quase todos os municípios de São Paulo e
gerenciados por cada município. Prestam atendimento clínico e inserção social para
pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Porém, os CAPS não são
os únicos responsáveis pelo atendimento psicossocial de pessoas em
vulnerabilidade social.

Atualmente, o principal meio de atendimento para esta população são os


Consultórios de Rua, que fazem um atendimento de busca ativa e cuidados às
pessoas com transtornos mentais e usuárias de drogas, aliadas às equipes das UBS
- Unidade Básica de Saúde regional, CAPS e outros pontos de atenção à saúde.

2.2.1 Experiência dos usuários do serviço de atendimento psicológico na rua

As pessoas em situação de rua enfrentam diversas barreiras em sua rotina, desde a


falta de segurança e acesso a serviços básicos, até a discriminação e o estigma
25

social. Estes fatores contribuem para o desenvolvimento de problemas de saúde


mental, que acabam por agravar ainda mais a situação destas pessoas.

Pessoas em situação de rua apresentam um risco significativamente maior para


transtornos mentais graves quando comparadas à população em geral. Isso pode
estar relacionado a diversos fatores, como o estresse crônico, a despersonalização,
a falta de suporte social e a exposição à violência urbana. Além disso, segundo a
Organização Mundial da Saúde, a prevalência de transtornos mentais em
populações de rua é de 60%, sendo que a maior parte destes transtornos estão
relacionados ao uso de drogas e álcool. Diante deste contexto, é fundamental que
medidas sejam tomadas para garantir o acesso destas pessoas a serviços de saúde
mental e à rede de proteção social.

A vida nas ruas representa um desafio para a saúde mental das pessoas sem
moradia. É essencial que as autoridades e a sociedade em geral trabalhem para
mitigar os obstáculos que impedem o acesso a serviços de saúde mental e
promovam a inclusão social desses indivíduos através de políticas públicas e ações
de apoio.

É importante destacar que os desafios enfrentados pelas pessoas em situação de


rua, frequentemente impedem que elas busquem ajuda profissional para lidar com
esses problemas. Com isto, algumas abordagens têm sido propostas para ajudar a
mitigar o impacto da vida nas ruas para a saúde mental, tais como serviços de apoio
psicológico, assistência médica e programas de habitação. No entanto, sem ações
concretas do governo, essas iniciativas podem não ser suficientes.

O trabalho das equipes dos Consultórios de Rua, que vem sendo realizado desde
2011 e que no ano de 2015 contava com mais de 127 equipes de atendimento, se
mostra efetivo, segundo resultados do artigo ‘’Atenção a Pessoas Em Uso De
Substâncias Psicoativas’’ (SEIDL; LIMA, 2015). O artigo busca trazer através de
entrevistas com profissionais e usuários do serviço, experiências e opiniões quanto
ao desenvolvimento do trabalho de atendimento na rua. Um dos relatos de uma
usuária do serviço, diz respeito ao diálogo que pode ter com a profissional e o
sentimento de ser acolhida, sem sentir medo ou desconfiança da pessoa com quem
conversava. Outros usuários ressaltaram a preocupação e perseverança que a
26

equipe trata com as PSR, sensações singulares, frente ao cotidiano dessa


população. É notável que o acolhimento oferecido, o estabelecimento de vínculos, a
atenção à saúde mental e a escuta, são pontos fortificantes para o trabalho contínuo
do psicólogo na atuação de rua e para a constância de comparecimento dos
usuários.

Em pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2020,


se propôs entrevistar pessoas em situação de rua portadoras de transtornos
mentais, no intuito de produzirem narrativas de sua história frente a profissionais da
saúde, visando investigar como essas pessoas organizam sua maneira de ser e
como davam sentido à sua trajetória, assim como, de que maneira buscavam seu
autocuidado. As entrevistas foram analisadas através de um método proposto pelo
sociólogo Fritz Schultz (1970), que buscou dar direção e forma às narrativas. Esta
análise permitiu dar luz aos acontecimentos chaves, situações de rompimento e de
alto teor catártico da história dos sujeitos, que contribuíram para uma possível
situação atual de rua, como o relato a seguir: ‘’ela me vendeu para essa boate. Eu
tinha treze anos. (Geni) (PEREIRA, et. al. 2021. p. 6).

‘’As dificuldades aparecem quando a gente vê que os direitos não


são respeitados ... um direito do ser humano, que existe uma
constituição que assegura isso através do artigo 227, ... quando a
gente vê que isso não é respeitado, por quem deveria de fato efetivar
esses direitos, isso gera um sofrimento em cada um de nós,
principalmente em mim’’ (LIMA E SEIDL, 2015, p.63).

Nota-se que no decorrer da produção do material, a promoção de narrativas se faz


benéfica para a pessoa que a produz, promovendo uma escuta rara para pessoas
em situação de rua com transtornos mentais, além da análise e elaboração de um
método que permite maior estudo sobre pontos de rompimento e situações chaves,
que se tornam agravantes para o desenvolvimento de transtornos mentais, assim
como contribuintes para uma cisão social, que resultou em uma possível situação de
rua.

2.3 Demandas urgentes para a população em situação de rua

O maior desafio, quando tratamos a população em situação de rua, é a


administração de medicamentos de maneira regular e o acompanhamento periódico,
27

tais práticas requerem atenção da equipe de saúde a fim de promover a


reorganização do cidadão, assim como sua reinserção na sociedade.

O objetivo do profissional de saúde é o cuidado da pessoa, para que esta se


mantenha, na medida do possível, saudável e estável, evitando assim, episódios de
surto ou crises. A escuta é a principal maneira de abordar pessoas com problemas
subjetivos. Quando falamos, temos a possibilidade de dar sentido aos sentimentos
que nos causam pressão e criar possibilidades de significá-los (SOUSA, et al. 2016).

Vale lembrar que considerar os prejuízos que essa pessoa teve ao longo de seu
sofrimento, mensurar dificuldades e perdas, nos ajuda a ter alguma dimensão da
amplitude do seu sofrimento. Essa investigação é importante ser feita, para que seja
analisado onde essa pessoa encontra dificuldades, para que junto ao profissional,
possa ser pensado novas perspectivas e possíveis caminhos. As PSR precisam de
roupas, estadia, alimentação e ajuda com emissão de documentos, por isso, o
trabalho conjunto dos assistentes sociais e agentes sociais das equipes do
Consultório de Rua, CISARTE (Centro de Integração Social pela Arte, Trabalho e
Educação), entre outros centros comunitários, é primordial.

Em relação ao profissional que atende a PSR é importante frisar que esse


profissional consiga entender e comunicar-se com o sofrimento que aparece de
inúmeras maneiras diferentes. É muito comum vermos em serviços para essa
população a postura denominada "anestesiado", que seria aquele momento em que
o sofrimento e a situação apresentada não se tornam mais chocantes e vistos como
uma necessidade de intervenção. A partir disso se torna difícil entender e enxergar a
necessidade e demanda da PSR. Isso é explicitado por Carvalho e Santana (2016),
ao enfatizarem que

(...) muitas pessoas em busca de ajuda ou de um serviço veem na


demonstração de raiva e agressividade uma forma de chamarem
atenção e serem ouvidas. Nesse cenário, vemos a “anestesia” dos
profissionais e a agressividade das pessoas como formas de
expressar e de lidar com sofrimento e estresse. (p. 72)

Tais posturas inviabilizaram uma maneira correta e padronizada de se comunicar e


entender esse sofrimento. É sempre necessário que os profissionais estejam atentos
às nuances proporcionando acolhimento. É ainda necessário estar atento a cultura,
28

história de vida, crenças que podem afetar a intervenção do psicólogo a PSR, afinal
existem diferentes formas de se ver e viver o mundo, e mesmo assim não há
garantias de que esse processo funcione de imediato, sendo sempre muito
importante respeitar o processo e aquele que está sendo atendido. Ao estabelecer
esse contato com a PSR, outro ponto de grande importância é a sua reinserção
social. Para tanto, faz-se necessário resgatar a sua autoestima e visibilidade social.
Sabemos que a pobreza extrema provoca grande afastamento social e econômico,
conduzindo a um processo de invisibilidade social, cuja reversão está associada ao
trabalho e à condição de ‘’ser social’’ que ele possibilita ‘’novas perspectivas de vida,
melhora da autoimagem, possibilidade de inserção e pertencimento”. (PRATES, 2011, p.
203).

Essa mesma sensação de pertencimento à sociedade tem o papel inverso na falta


do trabalho, como menciona Abreu, pois “[...] não ter trabalho é estar pesado, morto”
(et al., 1999). Essa falta abre espaço para a perda de pertencimento social, perda de
identidade em um contexto em que a sociedade, como um todo, já o vê como
marginalizado. Logo ‘’ (...) faz-se recair sobre o indivíduo a responsabilidade por seu
fracasso econômico, do que deriva a desresponsabilização pública por seu fracasso
social¨. (VALENCIO, 2008, p. 564). Desta maneira inicia um processo de desfiliação
social, um processo de ruptura progressiva, no qual a pessoa, ao não cumprir o
compromisso social de trabalho é excluído pela sociedade, sendo marginalizado
com a perda de seus direitos sociais, renomeado a outra categoria social:
vagabundo, preguiçoso, bêbado, mendigo, entre outros termos, nascendo daí o
estigma com o qual são marcados aqueles que vivem na condição de moradores de
rua (SANTOS, 2011). Esse indivíduo, agora desfiliado, inicia outro processo, o de
desumanização. Deixa de fazer parte da sociedade como humano e se torna não
visto, excluído, um nada aos, aos olhos dos outros e para si mesmo. Assim
permanecem

Sem estímulo para buscar um novo caminho, preferindo a rua como


moradia, fazendo suas regras pessoais, indiferente à violência
presente em seu dia a dia. Nestes casos, geralmente, rejeitam o
apoio ofertado, já que não conseguem mais se ajustar à sociedade,
nem mesmo conseguem dormir em uma cama. Preferem a escolha
mais dolorida, sofrida e frustrante, mas de maior liberdade (SANTOS,
2011, p. 19).
29

Percebe-se, portanto, a ausência do poder público nesse contexto, haja vista que a
renda que essa população tira vem, majoritariamente, da reciclagem de resíduos
espalhados pela cidade e não diretamente de uma política pública de reinserção
social, que teoricamente seria aplicada pela Política Nacional de Assistência Social
(PNAS), com objetivo de promover a “sensibilização de toda a sociedade brasileira
com vistas à construção e consolidação de uma cultura de respeito aos direitos
humanos” (BRASIL, 2002), o que resultaria em garantia de educação, saúde,
moradia, e trabalho, para essa população.

2.4 Novas propostas de atuação psicológica para pessoas em situação de rua

Atualmente, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania é o órgão


responsável pelas ações de implementação, acompanhamento e monitoramento da
Política Nacional para a População em Situação de Rua conforme a lei Nº
13.979/2009, que busca garantir os direitos da população de rua e promover sua
inclusão social. Ela prevê ações como acolhimento, abrigamento provisório,
encaminhamento a serviços de saúde, assistência social, entre outros. Destaca-se
neste contexto grande importância e os desafios da atuação dos profissionais de
psicologia que promovem intervenções junto a esta população, que devem ser
pautadas no atendimento breve, emergencial e com formas criativas para conseguir
estabelecer um vínculo com os pacientes presentes.
Segundo determinações do conselho regional de psicologia do estado de São Paulo
(CRP/SP), o psicólogo, como profissional, baseia seu trabalho respeitando e
promovendo a liberdade, dignidade e integridade do ser humano, sendo amparado
nos valores descritos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para tanto,
deve empenhar-se, em promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e da
coletividade, concentrando-se em eliminar
quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
Para um melhor preparo no atendimento a essa população, o psicólogo pode
empregar ferramentas básicas de atendimento inicial nas ruas, como: possuir o
endereço da UBS, CAPS e AMA mais próximos, utilizar da ferramenta digital ‘’Busca
Saúde’’, (sistema que localiza pontos de saúde SUS mais próximos do seu
endereço, na cidade de São Paulo) e fortalecer o trabalho multidisciplinar,
30

conhecendo os serviços e atividades que essas unidades oferecem, no intuito de


fazer um bom encaminhamento, possibilitando acompanhamento conjunto com
outros profissionais da equipe de saúde, bem como a Indicação de lugares que
oferecem lazer, cultura, arte, capacitação, entre outros.

Cabe ainda, ao psicólogo conhecer os tipos de drogas mais empregadas pela


população de rua e seus efeitos para a saúde mental. Ao estabelecer uma rede de
atendimento envolvendo vários setores que vão desde a saúde mental e física à
ressocialização do indivíduo, pela restituição do trabalho e visibilidade social,
possibilita-se um maior alcance no atendimento às PSR. Isso pode ser verificado no
caso apresentado por Sousa, et al. (2016), quando ressalta que um homem em
situação de rua com transtornos mentais, pouco verbal e fechado aos atendimentos
do consultório de rua que após alguns encontros, estabeleceu vínculo com um dos
psicólogos e ao ser constatado que ele possuía um transtorno mental, foi
encaminhado ao Centro de Acolhida. Anos depois, passou para os Centros de
Convivência e o próximo passo de sua ressocialização foi a inserção do homem na
cooperativa de reciclagem. Este caso mostra um trabalho completo da equipe
multidisciplinar, empenhada na reinserção do homem na sociedade, e ressalta o
quanto é importante uma equipe bem articulada.

A Psicologia vem enfrentando desde seus primórdios, lutas a favor da garantia dos
direitos humanos coletivos e individuais de cada ser da sociedade.

CAPÍTULO III

1. Análise do objeto, dos dados e dos resultados

A análise do objeto de estudo desta pesquisa buscou compreender a realidade das


pessoas em situação de rua (PSR), assim como políticas públicas existentes e o
desafio do psicólogo frente a esta população. Foram considerados cerca de vinte
materiais bibliográficos, dentre autores e sites oficiais do governo, que se
debruçaram sobre o tema.

Segundo os dados presentes nesta pesquisa, através de dados coletados do site


oficial do governo, a população em situação de rua é composta majoritariamente por
31

homens negros e pardos, com idade entre 18 e 45 anos e baixa escolaridade


(BRASIL, 2009). É importante ressaltar que os censos realizados pelo governo têm
tido falhas na identificação dessa população, por conta da dificuldade de acesso aos
seus documentos básicos, no entanto, Nunes (2021) evidenciou o crescimento da
PSR após a pandemia do COVID-19, e abordou a problemática da inacessibilidade
aos programas de auxílio e de moradia. Foram analisados cerca de 20 materiais
bibliográficos para a composição dos dados, e os resultados serão analisados a
seguir:

Silva (2009) evidenciou que esse fenômeno da situação de rua está ligado ao
processo de globalização, em que a marginalização se intensifica, e explicou que a
exclusão social é produto de um processo econômico e político baseado na injustiça
social, culminando na situação de rua. Para o autor, essa condição se configura
como uma síntese de determinações sociais fortemente marcadas pelo sistema
capitalista. Essa população possui como ponto incomum o desamparo
governamental quanto a políticas públicas eficazes, além do preconceito social, que
torna essas pessoas invisíveis ao olhar da população. Isto causa, segundo Santos
(2011), um processo de desfiliação social, onde esse indivíduo invalidado pela
sociedade como corpo trabalhista, se torna marginalizado, sendo considerado
recuso na sociedade, reforçando o preconceito intimamente ligado às PSR. As
consequências dessa marginalização, como evidenciou Nonato e Rayol (2018), é a
criação de uma imagem violenta para com esta população, o que justifica e torna
aceitável o movimento de higienização praticada pela segurança pública, que se
mostra, segundo Santos (2011), prejudicial para pessoas que sobrevivem nos
grandes centros urbanos, e Salgado (2018) reforça que este movimento não os
retira efetivamente das ruas e violam seus direitos como cidadãos.
Silva (2009) e Elias (2002) relacionam esse movimento ao contexto neoliberal
aplicado às políticas públicas, que deveriam ser acessíveis a todos, no entanto, se
mostram restritivas, assim como Bisneto (2007) aponta que há um interesse
governamental no repasse de verba pública para o setor psiquiátrico e instituições
filantrópicas, através de convênios de saúde mental, mantendo a estrutura social
monopolizada. Como aponta Valencio (2008), Pereira (2021) e Seidl & Lima (2015),
a população em situação rua assume a responsabilidade do rompimento social,
isentando o Estado do encargo de distribuição e acesso, que tem por consequência
32

a desumanização, confirmando a falha das políticas públicas desenvolvidas pelo


estado com seu compromisso com o cidadão.
Com a falta de ferramentas estatais funcionais junto do movimento de cristalização,
ocorre a permanência na rua, e com ela o adoecimento mental. Através dos estudos
de Sousa et al. (2016) e Carvalho & Santana (2016), foi possível entender os
atributos dessas pessoas que tem por características incomuns, as rupturas. Estas
podem vir de um meio familiar, como uma situação de abuso; um meio social, como
a perda de um emprego, o uso de substâncias psicoativas ou o transtorno mental.
Quanto aos transtornos mentais diretamente ligados à situação de rua e o uso
frequente de psicoativos encontramos: depressão, ansiedade, quadros psicóticos,
transtorno afetivo bipolar, transtorno de personalidade borderline e esquizofrenia.
Quanto aos transtornos mentais devido ao abuso de substâncias, Vieira (2010)
aponta que a faixa etária predominante a este nicho é de 18 a 30 anos e a droga
mais utilizada atualmente é o crack. A composição de um diagnóstico deve ser feita
cautelosamente, visto que a rua traz inúmeras mudanças no comportamento
daquele que a tem como meio de subsistência.

Foram abordados nesta pesquisa, unidades de atendimento para pessoas em


situação de rua, e como evidenciado por Seidl & Lima (2015), os consultórios de rua,
desde 2011, tem sido um primeiro atendimento às pessoas que necessitam da
atenção das unidades de saúde mental como UBS e CAPS. Neste estudo foram
analisados relatos de profissionais e usuários do serviço, mostrando a eficácia do
atendimento nas ruas. O principal ponto levantado como motivo dessa eficácia,
segundo Carvalho & Santana (2016) e confirmado por Pereira (2021), se encontra
no sentimento de acolhimento e na abertura para diálogo, além da constância
mantida pelos consultórios de rua juntos a PSR, isto junto de um atendimento
humanizado, levando em consideração a cultura daquele indivíduo e suas
particularidades, como também, o que o levou a essa cisão social. Corrobora nesse
espaço aberto a sua narrativa individual e única, assim como afirma Júnior; Jesus;
Crevelim (2010). Com esse primeiro passo conseguimos trazer uma nova
perspectiva a essa PSR, sua reinserção social, com o resgate de uma autoestima e
sua visibilidade como ser social, que está intimamente ligada ao trabalho, segundo
Prates (2011). Com isto, Sousa, et al. (2016) e Carvalho & Santana (2016) ressaltam
a extrema importância do trabalho interdisciplinar, entre os assistentes sociais; os
33

consultórios de rua, CAPS, UBS, e outras instituições sócio integrativas. Todos com
o intuito de promover segurança e capacitação mental e física para a PSR em um
movimento de volta à sociedade.
Estes movimentos integrativos surgiram após a luta antimanicomial, pois como
afirma Salgado (2018), institucionalizar a população em situação de rua dentro dos
muros das clínicas, como proposta de tratamento, é mantê-las distante de um
projeto terapêutico individual para superação de sua condição. Tal prática anda na
contramão da proposta terapêutica dos CAPS, que devem atuar na perspectiva da
não internação, promovendo o cuidado e atenção diários, sem retirar o usuário de
seu território, propondo ações integrativas ao meio social, comunitário e familiar
(BRASIL, 2002). Contudo, uma vez que a população se conforma com empresas
privadas e filantrópicas exercendo cargos de amparo de saúde mental, isenta
gradativamente o Estado de sua responsabilidade para com a população usuária
dos serviços públicos. É essencial engajar a participação ativa das próprias pessoas
sem moradia e seus familiares, assegurando a escuta de suas necessidades,
vivências e perspectivas. Além disso, é crucial promover a formação dos
profissionais que prestam assistência aos indivíduos sem moradia com problemas
de saúde mental. Isso inclui equipes de cuidados de saúde, assistência social,
segurança pública e outras áreas relacionadas, com o intuito de garantir um
atendimento qualificado, respeitoso e eficaz.

2. a pesquisa resolve o problema proposto? os objetivos gerais e específicos


foram alcançados?

O estudo busca compreender as condições de vida e os desafios enfrentados por


essa população, bem como identificar questões como a falta de apoio, a
vulnerabilidade agravada pela pandemia e a invisibilidade social enfrentada por
essas pessoas na sociedade.
Tendo como base as informações adivinhas dos autores e materiais utilizados em
nossa bibliografia, considerando a análise dos objetivos gerais e específicos,
podemos concluir que a pesquisa contribui para a compreensão da realidade das
PSR, abordando questões importantes relacionadas às condições de vida,
vulnerabilidade, uso de drogas e perfil demográfico. Essa análise possibilita uma
compreensão mais aprofundada do problema proposto e abre caminho para o
34

desenvolvimento de abordagens e políticas mais efetivas no atendimento e


promoção dos direitos dessas pessoas.
Além disso, a pesquisa teve como objetivo analisar a eficácia das políticas públicas
existentes em relação à reinserção social e garantia dos direitos básicos para as
PSR portadora de transtornos mentais. Com base nas informações coletadas,
constatou-se que as atuais são insuficientes para oferecer reforços públicos
integrados que promovam a cidadania desse grupo marginalizado. A falta de
moradia e trabalho foram identificadas como os principais fatores que contribuem
para a situação de rua, sendo o Estado, principal responsável por essa realidade.
Portanto, podemos afirmar que a pesquisa contribuiu para evidenciar as limitações e
falhas das políticas públicas existentes, demonstrando a necessidade de uma
abordagem mais abrangente e efetiva para lidar com a questão das PSR. A análise
dos resultados permitiu identificar a falta de estima social e a marginalização
enfrentada por esse grupo, reafirmando a importância de políticas que valorizem e
promovam a inclusão social dessas pessoas.
No que se refere aos objetivos propostos, a pesquisa obteve êxito ao proporcionar
uma visão mais abrangente da realidade das PSR, investigando as condições de
vida, os desafios enfrentados, o perfil demográfico, o uso de drogas e as deficiências
das políticas públicas. Essa análise contribui para a compreensão da problemática
enfrentada por esse grupo social e fornece resultados fundamentais para direcionar
esforços e propor ações que visem à melhoria das condições de vida e ao respeito
aos direitos dessa população vulnerável.

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Atendimento_e_Acolhimento_Emergencial.pdf. Acesso em: 23/08/2022

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