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A AMANTE

A AMANTE
Capítulo 1

Em condições normais, o nosso comprometimento afectivo ou passional é por uma pessoa. Juramos
cuidar, respeitar e fazer de tudo para que ambos estejamos em plena harmonia e felicidade.

Neste conto, vamos conhecer a história de "Ana".

Ana, jovem muito linda e na flor da idade. Cabelos crespos, ancas robustas, traseiro empinado... pele
levemente escura e olhos "puxados".

Nasceu e cresceu no campo, bem longe da civilização, concretamente na província de Gaza, no


distrito de Gijá. Mas o seu destino não era terminar por lá, seria injustiça da vida ocultar uma bela
obra de arte dos olhos apreciadores das cidades.

Na época, tinha apenas 18 anos e já fazia doer os pescoços dos jovens e senhores da aldeia, de tanto
olharem para trás ao se cruzarem com ela.

Com muito esforço, estudou até a 12a classe numa escola próxima de sua aldeia.

Sua vontade era de dar continuidade aos estudos, e seu sonho era trabalhar num dos Bancos, numa
das grandes cidades.

A jovem morava com seus pais (José e Bete) e seus 21 irmãos... Infelizmente nas zonas remotas é
muito normal uma família ser extremamente alargada.

Após o término do ensino médio, fez vários exames de admissão para a província de Gaza e para a
província de Maputo.

Seus pais esperavam que ela fosse admitida na sua província, pois seria mais próxima e menos
preocupante.

Mas infelizmente, conseguiu admitir à uma Universidade em Maputo. Estavam realmente todos
felizes mas também preocupados, pois era distante e também tinha de se encontrar um lugar para ela
morar enquanto estudava.

_Bete_ - José, ela pode ficar na casa da tia Cacilda!

Cacilda era a irmã da mãe de José... praticamente a avó da Ana.

_José_ - Sim, boa ideia... Ela não pode perder uma chance dessas... não são todos os dias que se tem
uma oportunidade de estudar numa boa Universidade e praticamente sem custos.

José então ligou para sua tia e na hora ela aceitou. Dona Cacilda tinha duas filhas, mas as duas já
estavam casadas e ela se sentia sozinha.

_Cacilda_ - José, pode mandar ela vir sem problemas, vai ser até melhor para mim, porque terei
alguém para conversar.

E foi assim que Ana teve a oportunidade de sair do campo em busca dos seus sonhos.

A viagem ficou marcada para uma semana depois do dia da ligação.

Ana não via a hora de viajar... não porque queria se desfazer de sua família mas porque nunca tinha
feito uma viagem longa e também porque não conhecia a cidade.
Os dias passaram rápido, Ana contando cada minuto. O dia tão esperado chegou e Ana já estava com
as malas prontas há dias.

Logo cedo se despediu dos irmãos e da sua mãe... na companhia do José (seu pai), foi até à terminal
de trasportes para apanhar o autocarro...

Não foi fácil deixar tudo para trás, mas os sonhos falavam mais alto. Ana entrou no autocarro com
lágrimas nos olhos prometendo um futuro melhor para seus pais e irmãos...

Foi uma viagem de cerca de 5 horas até à cidade de Maputo, onde era ansiosamente esperada por
dona Cacilda.

Os olhos de Ana brilhavam de tanta emoção. Nunca tinha estado num lugar tão movimentado e tão
bonito. Com edifícios altos e carros por todo o lado.

Segurando uma foto de dona Cacilda, não foi muito difícil a localizar.

_Cacilda_ - Minha neta, bem-vida!

_Ana_ - Obrigada avó...

Ana já estava na cidade e seu sonho estava apenas começando...

A AMANTE

Capítulo 2

Ana já estava na cidade e seu sonho estava apenas começando...

Cacilda morava no bairro da Malhangalene, zona bem movimentada e totalmente diferente de onde
Ana vinha.

O apartamento era no segundo andar.

Durante o caminho, Ana não parava de olhar para os lados e acompanhava cada andar dos prédios
com os olhos até onde podia.

Chegando a casa, Ana se instalou num dos quartos e logo tratou de tomar um banho e descansar.

No dia seguinte, como o habitual, Ana acordou logo cedo por volta das 5 horas da madrugada... Saiu
do quarto e já procurava algo para fazer.
Ao ouvir o barulho, Cacilda acabou despertando e foi ver o que estava acontecendo.

_Cacilda_ - Bom dia minha filha, não precisas acordar tão cedo... vá descansar mais um pouco!

_Ana_ - Não estou com sono avó... estou só a tentar ver o que posso fazer.

_Cacilda_ - Está bem, mas não precisas acordar muito cedo...

Ana estava habituada a acordar cedo para lhe dar com as inúmeras tarefas que lá haviam (na casa dos
pais).

Mas na cidade já não era necessário... era uma flat e não dispunha de tanto trabalho assim.

Aos poucos, Ana foi se adaptando a nova rotina e paulatinamente foi conhecendo os locais onde
Cacilda constantemente fazia suas compras e chegou uma altura em que já fazia tudo pessoalmente.

O corpo de Ana já começava a chamar atenção dos senhores do prédio e por onde passava, buzinas
de carros e olhares estavam voltados à si.

Ana ainda não estava muito a par do que estava a acontecer. Era muito ingênua e não percebia o
estrago que fazia nas ruas.

Numa das idas ao mercado, Ana conheceu Armando, um jovem muito simpático que morava
arredores.

Ana nunca havia percebido mas estava na mira de Armando há um bom tempo.

Armando era bom de lábia e Ana era um alvo bem fácil (ingênua e recém chegada no bairro).

_Armando_ - Olá moça, tudo bem?

_Ana_ - Tudo e contigo?

_Armando_ - Também está tudo bem... posso lhe acompanhar?

_Ana_ - Sim, não faz mal.

Durante o percurso muito papo foi rolando e de certa forma acabaram ficando amigos, e na volta
Armando comprou um sorvete para Ana.

Ao voltar para casa e já sem a companhia de Armando, Ana encontra Victor. Um jovem (filhinho da
mamãe) muito rico de 29 anos, que morava na cobertura do prédio ao lado com os seus pais.
_Victor_ - Olá moça, como estás?

_Ana_ - Estou bem e você?

Ana era muito simpática, o que confundia muito as pessoas que se dirigiam a ela.

_Victor_ - Também estou bem. Podemos conversar?

_Ana_ - Desculpa, não posso, minha avó está esperando pelas compras.

Victor- Está bem, então posso ficar com o teu número?

_Ana_ - Infelizmente não tenho telefone.

Parecia meio estranho uma jovem naquela idade não ter nem sequer uma "bombinha" para se
comunicar.

Victor não pensou duas vezes... Meteu a mão no seu bolso, tirou um celular que usava e colocou na
mão da moça.

Foi quando Ana começou a juntar os pontos... as buzinas, os olhares, o voluntarismo para lhe
acompanhar... Então percebeu realmente o potencial que tinha.

A AMANTE

Capítulo 3

Foi quando Ana começou a juntar os pontos... as buzinas, os olhares, o voluntarismo para lhe
acompanhar...

Então percebeu realmente o potencial que tinha...

_Ana_ - Não posso aceitar o telemóvel. Além do mais, não nos conhecemos.

_Vítor_ - Então me deixe te conhecer!


Ana não respondeu e subiu as escadas, deixando Vítor na entrada.

Colocou as compras por cima da mesa da cozinha e foi lá falar com a Cacilda.

Explicou tudo que vinha acontecendo desde a sua chegada e pediu um conselho.

Com palavras sábias e claras Cacilda respondeu:

_Cacilda_ - Minha filha, tens um corpo que toda a mulher deseja ter e todo o homem aprecia. Mas
não te deixes levar pelas cantadas e presentes, porque se isso acontecer estarão presenteando ao teu
corpo e não a ti.

Tens de ficar com alguém que goste de ti e não do teu corpo.

_Ana_ - E como vou saber diferenciar avó?

_Cacilda_ - Na hora certa saberás. A pessoa tem de saber olhar para além do que tens por fora ou
caso contrário só serás usada e depois jogada fora.

Ana ouviu tudo naquele momento, mas nem tudo entendeu.

Os dias da faculdade já estavam bem próximos e Ana devia se fazer presente à faculdade para
completar alguns processos da matrícula.

Logo no dia seguinte, após o encontro com Vítor, Ana acordou cedo, fez as suas tarefas e foi logo se
preparar para poder ir à faculdade.

Já com o banho feito, vestiu e organizou a sua pasta de documentos, dirigiu-se à sala e deu um
"tchau" para Cacilda.

_Ana_ - Avó, já estou indo.

Cacilda, que estava de costas se virou para ver como ela estava vestida.

_Cacilda_ - Não, não, não. Eu bem que sabia... preparei algumas roupas que eram das suas tias e
podes ficar com todas.

Não que não estejas bem vestida, mas agora pertences a civilização e aqui eles julgam muito as
pessoas pelo vestuário e não quero que façam piada de ti.
Cacilda tinha razão... Ana estava vestida decentemente, mas para quem ia ao mercado e não à uma
faculdade.

Ao ver as roupas "novas" Ana ficou deslumbrada, nunca havia ganho tanta roupa no mesmo dia...
vestidos lindos, calças e saias que desenhavam ainda mais o seu belo corpo... cores que condiziam
com o seu tom de pele...

Ana se trocou e logo depois saiu.

Desceu as escadas e caminhou em dirreção à paragem.

Pelo caminho e como sempre, alguns carros se ofereciam para lhe acompanhar e a cada momento
que isso acontecia, ela se lembrava das palavras de Cacilda.

Algum tempo depois, chegou a paragem e não tardou a encontrar um "chapa" que a levasse ao seu
destino.

Era a primeira vez que Ana ia até ao Campus da Universidade, não conhecia nada e ninguém...
pedindo informações aqui e alí, acabou sendo direcionada para onde precisava chegar.

Preencheu os formulários necessários e cumpriu com todos os requisitos, concluindo assim a sua
matrícula.

Já no caminho para casa, Ana vê um jovem todo desastrado carregando um monte de livros nos seus
braços... a cada quatro passos que dava era um livro indo ao chão...

Ana se apressou e foi se oferecer para ajudar.

_Ana_ - Olá moço, precisas de ajuda?

O jovem tímido precisava sim, mas no momento recusou.

_-"Não te quero incomodar, chego lá."_


_Ana_ - Eu ajudo, não tem problema.

Ana segurou em alguns livros que estavam por cima e caminhou com o jovem.

_Ana_ - O meu nome é Ana... e o seu qual é?

_-"Olá Ana, muito obrigado pela ajuda, o meu é Nelson."_

Nelson era um jovem simples, membro de uma família de classe média e muito inteligente.

Juntos caminharam até chegarem à biblioteca, onde Nelson deixaria os livros.

_Nelson_ - Muito obrigado pela ajuda Ana. Acredito que se não tivesses aparecido, ainda estaria
bem distante daqui.

_Ana_ - De nada. Mas não precisa agradecer.

Nelson, despediu-se de Ana e foi caminhando...

Pela primeira vez, desde que Ana chegou a cidade, Nelson era o primeiro homem que a conhecia e
não se atirava para ela.

Até Ana ficou espantada.

_-"Ele foi simpático comigo, mas em nenhum momento tentou tirar vantagem."_

Ana saiu, logo em seguida e novamente se depara com Nelson, mas desta vez jogado ao chão.

A AMANTE

Capítulo 4

Ana saiu, logo em seguida e novamente se depara com Nelson, mas desta vez jogado ao chão.

Ana se assustou com aquilo. Acelerou o passo e foi ajudar Nelson a se levantar.

_Ana_ - Nelson, você está bem?

_Nelson_ - Sim, estou bem, não precisa se preocupar.


_Ana_ - Como não?! Num momento estavas bem e no outro te vejo jogado no chão.

_Nelson_ - Como me ajudou, seria injusto se não te contasse.

_Ana_ - Contar o quê?

_Nelson_ - Sofro de epilepsia, e quando era criança os meus pais se desleixaram e não conseguiram
mais curar a doença.

A conversa foi rolando e juntos foram à caminho da paragem.

Coincidentemente o transporte que subiam era o mesmo, porque Nelson morava arredores da avenida
Alto Maé, no prédio da TMcel.

Até mesmo no transporte o papo não parou. Nelson acabou por pedir o contacto de Ana.

_Ana_ - Infelizmente não tenho telemóvel.

_Nelson_ - Então como faço para falar consigo novamente?

_Ana_ - Tive uma ideia. Escreva o seu contacto num papel e ligo através do contacto da minha avó.

_Nelson_ - Sim. Óptima ideia!

Nelson escreveu o número num papel e deu a Ana. Como combinado, na noite do mesmo dia, Ana
mandou uma mensagem de texto usando o número de Cacilda.

Ao invés de responder a mesma, Nelson optou por ligar.

Conversaram por muito tempo. Cacilda ao ver aquele cenário, lembrou-se do tempo em que suas
filhas também passavam pela mesma fase.

Após terminar a chamada, Ana foi tomar um banho e ao terminar colocou a mesa para o jantar.

_Cacilda_ - Aninha minha filha, vem cá!

Ana que estava na cozinha, deixou o que lhe ocupava e foi ter com Cacilda que estava no seu quarto.
_Cacilda_ - Percebi que já fez novas amizades.

_Ana_ - Sim avó, conheci um moço muito simpático.

_Cacilda_ - Deu para perceber... mas muito cuidado filha.

_Ana_ - Sim avó. Mas ele me parece muito diferente dos outros... ele quando fala comigo não olha
para o meu corpo, ele olha para os meus olhos.

_Cacilda_ - É bonito?

_Ana_ - Sim, muito bonito... mas desastrado também.

_Cacilda_ - Xiiii.... já percebi que o telefone não será mais meu. [Risos]

A faculdade começou logo na semana seguinte. Algum tempo foi passando e Ana acabou
conhecendo novos colegas, mas o único amigo inseparável era Nelson.

Infelizmente eles não frequentavam o mesmo curso e só se encontravam no final das aulas...

O primeiro ano foi bem normal, sem problemas e nem dificuldades impossíveis de ultrapassar.

Nelson era tão íntimo de Ana que já frequentava normalmente a sua casa. Eles podiam até não estar a
frequentar o mesmo curso, mas tinham algumas cadeiras com matéria um pouco semelhantes e por
isso, algumas vezes Nelson ia à casa de Ana para estudar.

Um sentimento recíproco nascia nos dois, mas nenhum deles tinha a coragem de contar ao outro,
com medo de estragar a amizade que tinham.

Até que Nelson teve coragem e num desses dias de estudo acabou confessando.

_Nelson_ - Ana, preciso te contar uma coisa.

_Ana_ - Pode falar. Sabes que não temos segredos.


_Nelson_ - Sei sim. Mas é algo delicado.

Não quero me aproveitar de ti e nem quero magoar o seu coração... muito menos estragar a linda
amizade que temos, mas a verdade é que gosto de ti e não só como amigo.

Ana não ficou surpresa com as palavras de Nelson, porque era exatamente o que também sentia por
ele.

_Ana_ - Nelson, também gosto de ti do mesmo jeito, só que nunca tive coragem para te contar.

Nelson ficou tão feliz com as palavras de Ana que não se segurou por nem mais um minuto... Pegou
nela e deu um "baita" beijo.

A partir daquele momento, começava uma linda relação entre os dois.

Ficaram mais "grudados" do que já eram... tanto na rua como também na faculdade e isso irritava
muita gente.

A maioria dos homens queria tirar uma "casquinha" na Ana.

Mas as coisas tiveram um rumo totalmente diferente no segundo ano lectivo. Quando o turno
mudou... inexplicavelmente, Ana foi passada para o período pós-laboral sem aviso prévio.

Eles já estavam acostumados a estar quase todo o momento juntos e foi um golpe duro, mas
infelizmente não podiam fazer nada.

As aulas de Ana começaram. Iniciavam as 17 horas e tinham fim as 21hora e 30 minutos.

Os primeiros dias foram tranquilos... a ida à escola era tranquila e a volta nem tanto, mas não
chegava tarde.

Até que numa sexta-feira, um docente acabou se empolgando na aula e ultrapassou a hora normal de
saída.

Era a primeira noite em que Ana saía tarde e ainda não conhecia bem os colegas. Saiu apressada sem
nem sequer perguntar se alguém poderia lhe dar uma boleia.
Chegou a paragem e esperou por um transporte, mas nenhum aparecia. Passaram cerca de 30
minutos e já estava bem tarde.

Ana estava desesperada até que um carro azul parou.

"Moça, vamos! Dou-te uma boleia..."

Ana não queria subir aquele carro mas não teve escolha... abriu a porta e entrou.

_Capítulo 5_

Ana não queria subir aquele carro mas não teve escolha... abriu a porta do carro e entrou.

O homem que lhe dava boleia era Marcos, um senhor dos seus 32 anos.

*Marcos*- O que fazias alí sozinha a uma hora destas?

*Ana*- Estou a voltar da faculdade e estava a espera de "chapa".

*Marcos*- É muito arriscado ficar sozinha a esta hora da noite naquele bairro. Tem muitos
assaltantes.

Pelo caminho foram conversando... a direção de Marcos deveria ser outra mas fez questão de lhe
acompanhar Ana até ao portão do seu prédio.

*Ana*- Nem sei como agradecer moço. Muito obrigada mesmo.

*Marcos*- Não precisa agradecer, foi mesmo bom conversar contigo. Toma aqui o meu cartão,
quando for sair tarde de novo é só me ligar.... Eu também saio tarde do serviço.

*Ana*- Está bem. Muito obrigada mais uma vez. Vá com cuidado.
Ana levou o cartão, colocou em sua pasta e entrou no prédio.

A rotina dos pombinhos já não lhe facilitava muito porque quando um saia da faculdade o outro se
preparava para entrar.

Estavam a pouco tempo juntos mas o amor que sentiam um pelo outro era tão grande que cada um se
esforçava ao máximo para que a relação não terminasse.

O único tempo que tinham para si eram apenas os finais de semana e faziam de tudo para que
aproveitassem ao máximo.

Num dos finais de semana os pais de Nelson se ausentaram e já que os dois nunca tinham tido um
momento totalmente a sóis Nelson achou uma óptima oportunidade para tal e fez questão de
convidar Ana.

Pegou no celular e ligou.

*Nelson*- Ana, ao invés de eu vir a sua casa como faço sempre, o que achas de tu vires para minha
casa?

*Ana*- Hiii Nelson, achas uma boa ideia? E os teus pais?

*Nelson*- Não te preocupes estou sozinho em casa.

*Ana*- Deixa eu falar com a minha avó primeiro.

*Nelson*- Está bem.

Ana foi falar com, esta não se opôs muito porque já conhecia Nelson e o achava um bom rapaz.

*Cacilda*- Está bem só não voltes tarde por favor.

*Ana*- Sim avó.


Ana se preparou bem rápido, pegou nalguns cadernos e foi para casa de Nelson.

Ficaram por algum tempo conversando até que Nelson tomou a iniciativa e deu um beijo nela.

Ana se envolveu nos braços de Nelson, e o clima estava a ficar bem quente...

*Ana*- Calma Nelson eu ainda sou virgem. Nunca estive com um homem antes.

*Nelson*- Está bem. Vou com calma.

Nelson desabotoou a blusa de Ana e foi beijando seu pescoço carinhosamente até chegar aos seus
seios.

*Ana*- Nelson, não é melhor irmãos para o seu quarto? Estou com vergonha e imagina se chega
alguém.

*Nelson*- Está bem, vamos.

Nelson a pegou pelo braços e foram aos seu quarto.

Jogou Ana na cama e foi dando beijos bem leves dos pés até aos lábios sensíveis e carnudos de Ana.

Aos poucos Ana foi se soltando, a excitação tomava conta de si a cada beijo que Nelson dava.

Nelson estão desabotoou as calças de Ana e as jogo do outro lado do quarto... pouco ao pouco Ana
ficava nua.

Mas tímida e inexperiente como era, apenas ficava deitada deixando tudo a cargo do Nelson.

De um lado dando beijos, do outro as mãos de Nelson acariciavam as partes íntimas de Ana
deixando-a cada vez mais excitada.
Gemidos baixinhos e tímidos se ouviam... era uma sensação que Ana nunca havia experimentado
antes.

*Ana*- Nelson já não aguento mais. Vamos logo com isso.

Ana já estava no ponto e era exatamente o que Nelson queira. O jovem também se despiu e então
atendeu os desejos de sua amada.

Ana se sentia nas nuvens de tanto prazer que Nelson a estava dando.

Com cuidado e carrinho o rapaz conseguiu superar as expectativas da jovem moça.

Após o acto o amor dos dois só aumentou e estava mais forte do que nunca.

*Nelson*- Para uma primeira vez, o que achou?

Ana ainda estava ofegante e com um belo sorriso na cara.

*Ana*- É inexplicável... Eu simplesmente amei.

A hora de ir para casa, Ana se arruma e para em frente ao espelho de Nelson para dar um jeito nos
cabelos.

*Ana*- Tens algum pente ou escova de cabelo?

*Nelson*- Não. Eu sempre fico com cabelo curto.

*Ana*- Abra minha pasta... tem um pente aí.

Nelson abriu a pasta procurando pelo pente...


Evidentemente achou mas também encontrou lá o cartão de Marcos e instantaneamente o clima
mudou.

_Capítulo 6_

Nelson abriu a pasta procurando pelo pente...evidentemente achou mas também encontrou lá o cartão
de Marcos e instantaneamente o clima mudou.

Naquele momento Nelson não falou nada, apenas levou o cartão e colocou em seu bolso.

*Ana*- O pente amor! Está a ficar tarde e prometi a minha avó que não demorava.

Nelson com a cara já bem amarrada entregou o pente e sentou-se na cama.

Ana terminou de se preparar e pediu que o seu namorado a acompanhasse.

Juntos desceram as escadas em direção à paragem. Nelson já não falava nada e de certa forma, Ana
percebeu que alguma coisa não estava bem.

*Ana*- Nelson, o que se passa?

*Nelson*- Nada não, só lembrei que tenho que fazer algo antes que os meus pais voltem.

Ana não engoliu bem a história mas deixou passar. Chegando a paragem não levou nem 5 minutos e
logo depois apanhou o transporte para casa.

Aquele final de semana passou rapidinho e Nelson agia como se nada tivesse acontecido, enquanto
que por dentro fervia de ciúmes.

A semana de aulas começou e no último dia laboral da semana (sexta-feira) mais uma vez um dos
docentes de Ana levou mais tempo do que devia.
Ana chegou a paragem e se lembrou que tinha o cartão do Marcos. Abriu a pasta procurando pelo
mesmo, mas sem sucesso...

Depois de algum tempo Marcos passa novamente e para ao perceber que era Ana a moça que estava
na paragem.

*Marcos*- Então Ana, qual foi o nosso combinado?

*Ana*- Olá Marcos, estava mesmo procurando pelo seu cartão mas não o encontrei.

*Marcos*- Está bem, vamos que te deixo em casa.

Ana entrou no carro e Marcos conduziu em direção à casa de Ana.

Ao chegar no portão, vendo que Ana mexia no celular (já dispunha de um), Marcos arrancou de suas
mãos, digitou seu número e mandou um "bip".

*Marcos*- Agora já está tudo resolvido... Tenho o teu número e também tens o meu.

*Ana*- Obrigada pela boleia e desculpa por incomodar.

*Marcos*- Não tens de quê... posso ganhar um abraço?

Ana achou justo, pois ele a tinha ajudado e era apenas uma abraço.

Virou seu corpo e esticou os braços para o abraçar.

No momento em que Ana se aproximava, Marcos virou seu rosto e roubou-lhe um beijo.

Ana ficou paralisada... não recusou e nem cedeu, apenas ficou "congelada".

Desceu do carro, despediu Marcos e entrou no seu prédio.


Marcos estava com um só sorriso de ponta à ponta.

Já no sábado, Ana e Nelson combinaram de sair para tomar um sorvete e assim o fizeram.

Foram à um restaurante, almoçaram e decidiram ficar ali mais um tempo para conversar.

Nalgum momento Ana se sentiu aflita e levantou-se para ir à casa de banho... deixou a bolsa e o
celular por cima da mesa.

Depois de alguns minutos após ela ter saído entra uma mensagem... Ana por não ter nada a esconder
não havia colocado nenhum código de segurança no dispositivo.

Nelson curioso pegou no celular e viu que era uma mensagem de um número não gravado.

Isso porque Ana ainda não havia gravado o número de Marcos.

Não satisfeito, Nelson abriu a mensagem e não gostou do conteúdo que lá estava.

_"Olá Ana, gostei do beijo de ontem à noite, por mais que não tenha sido longo mas foi bom.
Marcos."_

Nelson ficou revoltado com aquela mensagem... abriu sua carteira e tirou o cartão que havia pegado
na bolsa de Ana para conferir se era do mesmo Marcos que se tratava... era ele mesmo.

Ana volta da casa de banho sem saber de nada, percebe que Nelson estava com lágrimas nos olhos.

*Ana*- O que se passa meu amor?

Nelson olhou para ela... Colocou o celular na mesa, levantou-se lentamente e limpou as lágrimas.

*Nelson*- A nossa relação acabou...


_Capítulo 7_

*Nelson*- A nossa relação acabou...

Ana não estava acreditando... por algum momento pensou que fosse uma brincadeira, porque há 5
minutos estava tudo bem.

*Ana*- Como assim acabou? Do que estás a falar, Nelson?

Nelson não respondeu mais nenhuma pergunta, apenas foi ao balcão e pagou a conta. Saiu sem nem
olhar para trás, deixando Ana ali sentada.

Ana pegou no celular e logo percebeu tudo...

Tentou se segurar mas não conseguiu... Lágrimas caíram dos seus olhos, pois o amor que sentia por
Nelson era único.

Sem coragem de se levantar e segui-lo ficou sentada por mais um tempo, até que por fim decidiu ir
embora.

Tentava ligar para Nelson mas este não atendia. Enviou várias mensagens explicando o que teria
acontecido e o porquê de ter recebido aquela mensagem, mas Nelson não respondia.

Em algum momento pensou em ir à casa de Nelson para poder explicar pessoalmente o que
aconteceu e quem era Marcos, mas o seu medo era de se deslocar e mesmo assim ser ignorada.

Decidiu então ficar quieta, sofrendo mas sem incomodá-lo... Parecia claro o fim da relação.

Ana pegou no celular e ligou para Marcos.

*Ana*- Olá Marcos, tudo bem?

*Marcos*- Estou melhor agora que ligou para mim.


*Ana*- Marcos, a sua mensagem estragou o meu relacionamento, sabia?

*Marcos*- Desculpe-me, não foi minha intenção. É que eu não parava de pensar em ti.

*Ana*- Como não? Marcos ? Vi a aliança no seu dedo... você é casado.

*Marcos*- Sou sim... mas a minha relação já não está a dar, estou quase me separando da minha
esposa.

*Ana*- Isso é problema seu... apenas queria lhe pedir para não me enviar aquele tipo de mensagens,
apenas aceitei um favor seu, não sabia que ia cobrar algo em troca.

*Marcos*- Não é por aí Ana, deixa-me explicar.

Ana desligou a chamada sem deixar que Marcos se explicasse.

O sábado passou... na manhã do dia seguinte (domingo) Nelson, bem mais calmo percebe que foi
injusto ao não permitir que Ana se explicasse... decide então ir à sua casa para perceber bem o que
teria acontecido.

O que ele não esperava, era que Marcos também estivesse lá.

Marcos chegou bem antes de Nelson, ligou para Ana e pediu para que ela descesse, pois queria se
desculpar pelo erro cometido no dia anterior.

Ana não recusou e desceu até ao portão onde estava estacionado o carro de Marcos.

*Marcos*- Por favor, entre no carro.

*Ana*- Consigo ouvir aqui de fora. Não é necessário que eu entre.


*Marcos*- Sei que consegues mas entre por favor.

No momento em que Ana abria a porta para entrar no carro, Nelson descia do chapa.

Viu Ana entrando naquele carro e para ele ficou mais do que claro a explicação que procurava.

Deu meia volta e subiu o mesmo chapa no qual havia decido... Ana nem sequer se apercebeu de
nada.

No carro, Marcos trazia um arranjo de flores e chocolate, como forma de derreter o coração da jovem
moça.

*Ana*- Não precisava se incomodar...

*Marcos*- Precisava sim... Tenho de compensar o erro que cometi.

Ficaram por muito tempo conversando. Ana contando sobre a sua relação e Nelson também contando
sobre a dele.

No dia seguinte, Ana continuou tentando ligar para Nelson e enviando inúmeras mensagens, mas
sem sucesso.

Foi quando Ana decidiu que não insistiria mais e deixou quieto.

Naquele dia, para além de acompanhar Ana para casa, Marcos fez questão de lhe levar para a
faculdade também.

Por muito tempo a rotina foi essa... de casa à faculdade e da faculdade à casa, na companhia de
Marcos.

Aos poucos foram ganhando mais intimidade, até que chegou um momento em que não se
encontravam apenas no caminho à faculdade ou casa... marcavam encontros.
Depois de muito tempo, Marcos avançou. Com a fragilidade, ingenuidade e carência de Ana, os dois
terminaram na cama.

Uma, duas, três vezes.... em algum momento tornou-se rotina e acabou nascendo uma relação.

Na verdade, no início Marcos só queria se aproveitar de Ana mas acabou se apaixonando de


verdade...

A simplicidade e carácter de Ana chamou muito a sua atenção.

Muito tempo se passou e Nelson sumiu do mapa... Ana concluiu o seu curso na faculdade e estava já
em busca de um emprego.

As coisas iam bem com Marcos, apesar de ainda estar casado, mesmo tendo dito que estava quase se
separando da esposa... Ana não se importava muito, porque Marcos dava toda a atenção que ela
precisava.

Infelizmente as coisas não podiam ser felizes para sempre. Marcos foi transferido para o norte do
país em missão de serviço.

Ana ficou mais uma vez abalada com tudo aquilo, pois já sentia um afecto por Marcos. Ele sempre
esteve presente quando ela precisasse, mas dessa vez, teve de ficar distante.

Marcos viajou prometendo procurar por ela quando voltasse.

Uma semana após Marcos ter viajado, Ana decide sair para apanhar um ar fresco... caminhou até um
parque que tinha ali perto, sentou-se num banco e colocou seus auriculares.

Coincidentemente Nelson apareceu no mesmo parque... de longe viu um rosto muito familiar e
decidiu se aproximar.

*Nelson*- Olá Ana, tudo bem?

Ana não respondeu


*Nelson*- Ana, lembra de mim?

Novamente Ana não respondeu, ficou em silêncio.

_Capítulo 8_

*Nelson*- Ana, lembra de mim?

Novamente Ana não respondeu, ficou em silêncio.

Nelson ficou cabisbaixo e já estava se retirando, pensando que Ana o estava ignorando.

Foi quando percebeu que estava usando auriculares sem fio, dos famosos "Iphone's" e então parou
bem a sua frente.

Ana se apercebeu e desligou a música... quando viu que era Nelson tirou os auriculares e o
cumprimentou.

*Ana*- Olá Nelson... a quanto tempo...

*Nelson*- Pois, já faz muito tempo mesmo. Como está?

*Ana*- Estou bem e você, como esta?

*Nelson*- Também estou bem. Fazendo o quê sozinha neste parque enorme?

*Ana*- Só saí para apanhar um pouco de ar.


O papo foi fluindo, colocaram as novidades em dia e tudo mais. Cerca de uma hora se passou e nem
se aperceberam de tão boa que estava a conversa.

*Nelson*- E a faculdade, já terminou?

*Ana*- Sim já. Estou na luta do "job". E você?

*Nelson*- Já terminei também. Felizmente estou a trabalhar mas não na área em que estudei, é só
para não ficar parado enquanto espero por uma oportunidade melhor.

*Ana*- Interessante...

Após um bom tempo de bate-papo ambos voltaram a trocar contactos para que pudessem se falar
mais vezes.

Na verdade Nelson ainda pensava na Ana, mesmo depois de se ter passado muito tempo.

Naquele dia ele não teve coragem de lhe pedir perdão pelo que aconteceu no passado e nem teve
coragem de também perguntar como estava a sua vida amorosa. Preferiu deixar tudo a cargo do
tempo e do destino.

E assim foi, aos poucos Nelson foi reconquistando a confiança de Ana, até que ganhou coragem de a
convidar para sair.

Ana não recusou, só pediu para que não fosse no mesmo restaurante onde tudo começou.... ou
melhor, terminou.

Então saíram para jantar, após a refeição Nelson abriu seu coração.

Pediu perdão pelo que aconteceu anteriormente e deixou bem claro que estava disposto a esquecer
tudo sem nem querer saber dos detalhes do que poderia ter acontecido na época.

*Ana*- Antes de mais nada... Quero me explicar sim...


Ana então começou a falar... detalhe por detalhe, sem esquecer e nem pular nada... com lágrimas nos
olhos fez perceber que as atitudes de Nelson a magoaram muito e por muito tempo.

*Nelson*- Perdoa-me Ana... Quero fazer tudo diferente... Volta para mim!

*Ana*- Não é assim tão fácil. Você me magoou muito com a tua forma de agir. Não me deu espaço
para me explicar e simplesmente me abandonou...

*Nelson*- Sinto muito Ana.

*Ana*- Também sinto muito Nelson.

*Nelson*- Sente muito? Como assim?

Ana ainda com lágrimas nos olhos se levantou.

*Ana*- Não aceito voltar contigo...

_Capítulo 9_

Ana ainda com lágrimas nos olhos se levantou.

*Ana*- Não aceito voltar contigo...

Nelson esperava que sua amada voltasse para si, mas nem tudo acontece como queremos.

*Nelson*- Está bem, entendo.

Por hora Nelson aceitou a decisão de Ana, mas não ia desistir...

*Ana*- Podemos ir para casa por favor?

*Nelson*- Sim, podemos.

Nelson se levantou, deu um abraço à sua amada e seguiram para casa.


Naquela noite Ana pensou muito na conversa que teve com Nelson... Ela também ainda gostava dele,
porque para além de ter sido o seu primeiro amor, sabia muito bem como tratar uma mulher.

Fora isso, no fundo sabia que não tinha futuro algum com Marcos, pois era casado e evidentemente
não deixaria sua esposa, com quem já estava há anos e juntos tinham filhos.

Como se não bastasse, o mesmo havia viajado por tempo indeterminado sem nenhuma previsão de
volta.

Por mais algum tempo, Ana continuou sozinha... sozinha como quem diz, porque Nelson não
poupava esforços para reconquistar sua amada...

Infelizmente num trágico acidente, Nelson perdeu os pais de uma só vez...

foi um golpe duro para ele. Sem irmãos e com todo o resto da família no norte do país, Nelson ficou
sozinho.

Foi uma situação que comoveu muito a Ana. Em nenhum momento, aproveitou-se da situação se
tornando vítima para poder ganhar a atenção de Ana, deixou que fosse por iniciativa dela. As visitas
a Nelson se tornaram frequentes...

Numa das visitas a Nelson, chegou e preparou algo para que ele pudesse comer por alguns dias,
como já fazia há algum tempo.

Após terminar, foi tomar um banho. Nelson voltando do trabalho bem cansado e também precisando
de um banho abriu a porta da sala, jogou sua pasta no sofá e foi à casa de banho.

Sem se aperceber que Ana estava tomando banho, empurrou a porta que só estava encostada e deu de
cara com Ana.... toda despida e ensaboada.

*Nelson*- Desculpe-me Ana, não foi propositado.

Saiu lentamente e encostando a porta.

Ana ficou algum tempo calada e depois o chamou.


*Ana*- Nelson, já terminei podes vir.

Nelson entrou no seu quarto, pegou a toalha e foi à casa de banho. Abriu a porta e mais uma vez deu
de cara com Ana.

Ainda despida se enxugando com uma toalha, Nelson recuou mais uma vez, então Ana segurou no
seu braço.

Nelson como quem não queria nada foi cedendo... beijos rolaram, carícias e amassos.

Ana soltou o nó da toalha que estava na cintura de Nelson, deixando-a cair.

Nelson não aguentou ver a "filha da Eva" desfilando sensualidade na sua frente... Agarrou nela com
muita "pegada" e satisfez os seus desejos carnais.

Foram longos minutos de prazer e excitação. Nenhum dos dois queria que aquele momento
terminasse.

Ana então falou bem baixinho e suave para Nelson.

*Ana*- Aceito voltar contigo!

Aquilo era tudo o que Nelson queria ouvir... Após todo o fogo se ter apagado, Nelson desceu as
escadas e comprou uma garrafa de champanhe para brindar aquele momento.

Voltou, pegou duas taças e as colocou na mesa... Entrou no quarto dos seus pais e saiu com as mãos
para trás.

*Ana*- Por que estás a me olhar assim Nelson?

Nelson não respondeu, apenas sorria e continuava com as mãos atrás, indo em direção à ela.

*Ana*- O que estás a esconder aí atrás moço?


Então Nelson se ajoelhou, colocou as mãos para frente e abriu uma caixinha linda que continha um
anel dentro.

*Nelson*- Aceitas casar comigo?

_Capítulo 10_

Então Nelson se ajoelhou, colocou as mãos para frente e abriu uma caixinha linda que continha um
anel dentro.

*Nelson*- Aceitas casar comigo?

Ana ficou emocionada... e aceitou na hora. Abraçou seu "actual noivo" e lhe deu um beijo.

O champanhe foi aberto e um brinde foi feito.

Era suposto Ana voltar para casa naquele dia, mas ligou para a avó a informando que voltaria no dia
seguinte logo pela manhã.

Já era maior de idade, então Cacilda não tinha como lhe proibir. Além do mais, Cacilda também
achava que já estava mais do que na hora de ela curtir a sua juventude.

Aquela noite foi só de comemoração. Cá entre nós, já sabemos como uma noite de comemoração de
um casal termina.

Já no dia seguinte, Ana regressa à casa logo pela manhã.

Cacilda sabia de suas visitas a Nelson e de certa forma desconfiava que estivessem tendo um caso.

*Ana*- Bom dia avó, como está?

*Cacilda*- Estou bem minha neta e você?


*Ana*- Também estou bem.

*Cacilda*- A noite foi feita para dormir e parece que a senhorita não fez isso. Vem cá...conta-me
tudinho.

Ana não aguentou e soltou um sorriso. Cacilda era uma idosa bem moderna, sem tabus e muito
simpática... O tempo que morou com Ana foi mais do que suficiente para criarem uma amizade bem
forte.

Sentou-se ao lado da sua avó e contou tudinho sem esquecer da boa nova... mostrando o anel e tudo.

*Cacilda*- Ele é um bom rapaz. Esforçado e honesto, acho que vão formar um bom casal.

*Ana*- Também acho avó. À noite de ontem provou que é realmente o homem da minha vida.

*Cacilda*- Minha filha, falando nisso... foi com proteção???

Ana ficou quieta por um momento.

*Cacilda*- Vocês jovens... tudo é uma aventura. Só espero que não tenha engravidado porque seus
pais me matariam!

A última vez que Ana falou com os pais foi no dia da sua graduação. Desde então, ela não tem ligado
por vergonha... Ela achava vergonhoso e frustrante ter saído de tão longe para estudar, se esforçando
e sacrificando para depois não conseguir um bom emprego.

Durante todo o dia Ana e Nelson conversavam pelo celular. O amor estava no ar...

Na noite do mesmo dia... depois de muito tempo sem notícia, Marcos liga.

*Marcos*- Olá minha gata, como está?


*Ana*- Estou bem e você?

*Marcus*- Também estou bem. Conta-me uma novidade.

*Ana*- Estou sem muito a contar... conta você.

*Marcos*- Também não tenho nada a contar... Mas nesse tempo todo que não nos falamos não
aconteceu nada de especial?

*Ana*- Agora que falaste nisso... aconteceu sim, vou me casar.

*Marcos*- Como assim? Vais te casar? Que história é essa? E eu?

*Ana*- Vou me casar sim, também mereço ser feliz... estás comigo há três anos a dizer que vais te
separar e isso nunca acontece, só inventas histórias. És casado, então também mereço ser... Além do
mais, ficou esse tempo todo sem dar nenhum sinal de vida, o que esperava?

Marcos não respondeu nada... apenas escutou Ana falar e quando ela terminou, desligou a chamada.

Algum tempo se passou naquele clima... Ana Feliz com Nelson e Marcos no seu canto com sua
família.

Algumas semanas depois, Cacilda nota algumas diferenças em Ana.

Seu rosto ficou mais bonito e com um tom de clareza, ganhou um pouco mais de massa corporal e
tinha um apetite fora do sério.

*Cacilda*- Minha filha, o que se passa consigo?

*Ana*- Como assim avó?

*Cacilda*- Não te sentes estranha?


*Ana*- Não... nem um pouco.

*Cacilda*- Está bem.

Cacilda deixou quieto, pensou que talvez pudesse ser apenas impressão sua.

Ana tinha o hábito de doar sangue sempre que podia... Um belo dia saiu para doar mais uma vez,
como sempre fazia...

Chegou ao hospital e como sempre, foram feitos alguns exames para testar a saúde do doador e a
sanidade do sangue.

Após alguns minutos esperando uma enfermeira (que já tinha se tornado sua amiga devido às suas
constantes doações)... saiu com os resultados.

Ana pensando que estava tudo certo, se sentou na cama para iniciar a transfusão.

_"Amiga, por enquanto não poderás doar sangue."_

*Ana*- Como assim, por quê? Algum problema com a minha saúde?

_"Não amiga... mulheres grávidas não podem doar sangue."_

_Capítulo 11_

_"Não amiga... mulheres grávidas não podem doar sangue"_

Ana levou um susto


_Ana_- Como assim mulheres grávidas...?

_"Espera aí. Quer dizer que não sabias que estavas grávida?_

_Ana_- Não... e de quanto tempo é?

_"É uma gestação de 3 semanas... parabéns amiga!"_

Aquela notícia a pegou de surpresa. Não que ela não tenha gostado, mas para si, ainda era muito
cedo.

Ana saiu do hospital aérea... com a cabeça nas nuvens. Não sabia se contava a Nelson primeiro ou a
Cacilda...

Depois de algum tempo se decidiu, voltou para casa e decidiu contar a sua avó primeiro.

_Ana_- Avó, tenho algo a lhe contar.

Cacilda já era bem vivida e a história de suas filhas foi quase a mesma.

_Cacilda_- Não precisas nem falar minha menina. Sei que estás grávida. Os teus olhos te
denunciaram faz tempo.

_Ana_- Como assim avó?

_Cacilda_- Não vais entender. É coisa de velho mesmo.... ( _Risos_)

_Ana_- O que faço avó?

_Cacilda_- A primeira coisa que tens de fazer é contar a sua mãe.


Ana estava com medo da reação de seus pais mas não teve escolha. Ligou para sua mãe.

_Ana_- Olá mãe, como está?

_Bete_- Olá filha, estou bem e você como está?

_Ana_- Normal mãe. Normal... estás aí com o papá?

_Bete_- Sim estou, queres falar com ele?

_Ana_- Na verdade quero falar com os dois.

Coloca a chamada no "loudspeak" mãe.

Bete levou algum tempinho.

_Bete_ - Já está, pode falar filha. Aconteceu alguma coisa?

_Ana_- Sim mãe... estou grávida.

Surpreendente gritos se ouviram do outro lado da linha. Gritos de felicidade vindos de Bete e José.
Ana esperava que seus pais "ralhassem" para si mas a reação foi totalmente diferente.

_José_- Parabéns minha filha.

_Ana_- Papá o senhor não está chateado comigo?

_José_- Claro que não. Você é maior de idade e ainda por cima é o meu primeiro neto... como ficaria
chateado?

_Bete_- Neto não José... neta porque vai ser uma menina.
Ana ficou bem aliviada com a reação dos pais... O papo foi fluindo e até nomes sugestivos foram
dados.

José queria conhecer o seu genro e pediu a Ana que conversasse com ele para marcar um almoço.

Um passo já tinha sido dado. Faltava Nelson saber da gravidez.

_Ana_- Avó, muito obrigada por sempre me dar bons conselhos. A senhora é um amor.

_Cacilda_- Não sou nada, você é que é um doce de pessoa.

No mesmo dia, Ana ligou para Nelson pedindo que ele passasse de sua casa, pois tinha algo para lhe
contar.

Sem desconfiar de nada Nelson aceitou. Depois do horário de serviço, o jovem rapaz cumpriu com o
combinado e passou da casa de Ana.

Cacilda o recebeu e o convidou para um chá. Ana que estava no banho se vestiu e foi se juntar a eles
na sala.

_Cacilda_- Vou vos deixar a sós.

_Ana_- Não avó. Fica aqui, a senhora tem sido como minha mãe, então não tem o porquê sair .

_Nelson_- Sim dona Cacilda, não precisa sair.

_Ana_- Nelson, estou grávida.

Nelson ficou calado por algum momento... seus olhos se encheram de lágrimas e abaixou sua cabeça.

_Ana_- Não gostou da noticia? Se não quiser assumir tudo bem... Vou cuidar do meu bebé.
_Nelson_- Não é isso.

_Ana_- Então me explica o que é?

_Nelson_- Eu era o filho único dos meus pais e pouco antes de eles morrerem me pediram um neto.

Ana se comoveu com aquilo e de imediato deu um abraço nele.

_Cacilda_- Desculpa me intrometer... mas já que Nelson não se distância das responsabilidades de
pai, acho que está na hora de formalizar a relação.

_Nelson_- Concordo avó...

Naquela conversa a data de um almoço em família foi marcada. Nelson finalmente conheceria seus
"sogros".

O dia não tardou a chegar, e o almoço teria lugar na casa de Cacilda.

Nelson chegou bem cedo acompanhado de um amigo. De seguida os pais de Ana também chegaram.

Cumprimentaram-se e foram almoçar.

Após a refeição, sentaram-se numa outra sala para conversar.

Os pais de Ana eram simples, só queriam a felicidade de sua filha.

_José_- Nelson, a única coisa que te peço é que cuide bem da minha filha.

_Nelson_- Prometo que farei com o maior prazer!

Pelos vistos todos se entenderam na reunião.


_Bete_- Filha, vai arrumar suas coisas...

_Ana_- Como assim mãe?

_Bete_- De certa forma tu já não pertences à esta família... Vamos te acompanhar a casa do seu
noivo. É assim que funcionam as coisas na nossa família.

Aquela notícia pegou de surpresa a Nelson, mas Ana foi quem ficou mais assustada.

_Capítulo 12_

Aquela notícia pegou Nelson de surpresa, mas Ana foi quem ficou mais assustada.

*Cacilda*- Minha neta, obedeça a sua mãe...

Ainda assustada, pois não esperava por algo do género, Ana se levantou e foi arrumar as suas coisas.

Algum tempo depois saiu com as malas já prontas.

*Ana*- Já estou pronta...

Saíram e seguiram em direção à casa de Nelson.

Não sendo muito distante, não tardaram a chegar... foi assim que Ana foi ao lar, de certa forma
"forçada".

Apesar da surpresa que tiveram, no fundo era o que os dois queriam, porque o amor que sentiam um
pelo outro era verdadeiro.

Os dias foram se passando... aos poucos foi se percebendo que o estilo de vida que Ana já estava
habituada a levar não condizia com o salário ganho por Nelson.
Ele se esforçava bastante, mas mesmo assim não conseguia suprir com todas as despesas sozinho.

Pouco a pouco as coisas ficavam difíceis para Nelson.

*Nelson*- Ana, precisamos conversar.

*Ana*- Sim, podemos...

*Nelson*- Sei que pode ser meio complicado, mas temos de cortar algumas despesas. Não estou a
conseguir segurar as contas.

*Ana*- Como assim?

*Nelson*- Temos de cortar alguns gastos desnecessários que temos.

*Ana*- Faça-me o favor de dar alguns exemplos...

*Nelson*- As tuas idas frequentes ao salão Ana... as tuas unhas caras, tua Internet que sempre está
acima do que posso pagar.

*Ana*- Só podes estar louco Nelson, não vou cortar nenhuma dessas coisas. Corta tu os teus
caprichos! Quando me procuraste sabias muito bem onde te estavas a meter.

Ana se levantou "trombuda" e foi para o seu quarto.

Nelson se via num buraco sem saída... Algum tempo foi passando, cerca de 2 meses para ser exacto
e quanto mais o tempo passava, mais as contas apertavam.

Já sem saída, Nelson viu como alternativa fazer um empréstimo no banco.

O seu salário não era muito, mas pelo tempo de trabalho que tinha na mesma empresa, o banco
acabou concedendo um empréstimo...
Nelson usou o valor para pagar algumas dívidas que estavam atrasadas e pensava já num negócio que
os pudesse ajudar a segurar as contas.

Mas em meio ao alívio de pagar contas atrasadas e restar com algum valor no bolso, veio a má
notícia...

Pouco tempo depois de fazer o empréstimo, Nelson perdeu o emprego, complicando ainda mais a sua
situação.

Ao contar a sua esposa, esta "enlouqueceu" de nervos, chegando até à dar uma "chapada" no rosto de
Nelson.

Nelson já furioso e cheio de problemas nas suas costas, enfureceu-se, não conseguiu se conter e deu
outra de volta.

Ana não acreditou que Nelson havia levantado a mão para si... Saiu correndo, abriu a porta e desceu
as escadas.

Nelson com intenção de pedir desculpas a seguiu, mas esta ao se aperceber que Nelson estava a
seguir-lhe acelerou o passo e infelizmente acabou por tropeçar caindo nas escadas.

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 13_

Nelson com intenção de pedir desculpas a seguiu, mas esta ao se aperceber que Nelson estava a lhe
seguir, acelerou o passo e infelizmente acabou por tropeçar caindo nas escadas.
Nelson gritou de desespero chamando atenção dos vizinhos do prédio.

Ana sangrava pelas narinas e a testa estava ferida.

*Nelson*- Por favor, alguém me ajuda a levar-lhe ao hospital... por favor!

Uma das vizinhas que se mudou recentemente, ofereceu-se a ajudar.

_"Moço, o meu carro está lá em baixo, Vamos..."_

Com a ajuda de um outro senhor, Nelson carregou Ana até ao rés-do-chão, concretamente no
estacionamento onde estava o carro da nova vizinha.

*Nelson*- Moça, por favor vá o mais rápido que puder... Ela está grávida.

_"Está bem!"_

A moça acelerou o carro o máximo que pôde e rapidamente chegaram ao Hospital Central.

Naquele dia o movimento estava bem fraco, então o atendimento foi imediato.

Nelson não se aguentava de tanta preocupação e raiva, culpando-se por tudo aquilo.

_"Moço, calma! Vai ficar tudo bem... Sou a Alda."_

*Nelson*- Sou o Nelson... muito obrigado por nos ajudar Alda... não sei o que seria de nós se não
estivesses lá.

*Alda*- Não tem o porquê agradecer... só fiz o que qualquer um faria.


Nelson não parava quieto e nalgum momento chegou a se ajoelhar e chorar. Pedindo a Deus pela
vida do seu bebê e de sua esposa.

Alda se comoveu e tomou a iniciativa de dar um abraço de conforto a Nelson.

Calhou bem porque depois do mesmo, Nelson se recompôs e tentou aguentar aquela situação.

Cerca de 3 horas depois um médico sai e vai ao encontro de Nelson e Alda.

*Médico*- Boa noite, são os acompanhantes da Ana?

Em simultâneo os dois responderam: "Sim, somos nós."

Nelson acrescentou:

*Nelson*- Sou o marido dela.

*Médico*- Lamento informar senhor... mas sua esposa teve um aborto forçado... O bebê não resistiu
ao impacto da queda e acabou perdendo a vida. Seria uma linda menina, sinto muito.

Nelson perdeu o chão e se sentou sem falar uma única palavra.

*Alda*- E a mãe senhor, como ela está?

*Médico*- Está ainda em estado grave, mas estamos tentando controlar a situação...

Acho melhor voltarem para casa e descansar um pouco e amanhã voltam.

*Alda*- Sim doutor, muito obrigada. Nos mantenha informados por favor.

Nelson estava sem forças e ânimo para nada.


*Alda*- Nelson, vamos... se for necessário voltar, te acompanho sem problema nenhum... Mas por
agora, não há nada que possamos fazer para além de esperar e orar.

Visto que não tinha nenhuma alternativa, Nelson aceitou.

Pelo caminho Nelson não falou nenhuma palavra, só chorava.

*Alda*- Vai dar tudo certo, tenha fé.

Ao chegar ao prédio, Nelson agradeceu a Alda pela disponibilidade e cada um foi ao seu
apartamento.

Naquele dia Nelson nem sequer jantou... jogou-se na cama e por muito tempo ficou chorando até que
apagou.

Por volta da 1 hora de madrugada o celular de Nelson toca.

Era um número desconhecido...

Inicialmente Nelson cancelou, mas o número insistiu e ele acabou atendendo.

Era do hospital...

_"Boa noite senhor Nelson, é melhor vir ao hospital o mais rápido que puder."_

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 14_
_"Boa noite senhor Nelson, é melhor vir ao hospital o mais rápido que puder."_

*Nelson*- Boa noite, o que aconteceu?

_"Não posso adiantar nenhuma informação."_

Nelson se levantou e foi a correr para o apartamento da Alda.

Bateu à porta por um bom tempo, até que por fim, Alda acabou abrindo.

*Alda*- Desculpe-me Nelson, meu sono é muito profundo. Aconteceu alguma coisa?

*Nelson*- Eu é que peço desculpas. Ligaram-me do hospital e pediram que eu fosse lá.

*Alda*- Aconteceu alguma coisa?

*Nelson*- Não sei, não quiseram adiantar nada.

*Alda*- Está bem... me dê só alguns segundos.

Alda se apressou, trocou de roupa, pois naquele momento estava de pijama... Pegou as chaves do
carro e saiu com Nelson.

No hospital as coisas não estavam muito boas. Ana teria acordado e uma das enfermeiras deu a
notícia a ela, após isso, teve inúmeras convulsões e uma parada cardíaca, obrigando aos médicos a
lhe manter num coma induzido.

As coisas não estavam muito boas por lá. Parecia que tudo só piorava cada vez mais.
Nelson foi chamado para assinar alguns documentos que autorizavam ao médico responsável a tomar
qualquer decisão, caso fosse necessário para salvar a vida de Ana.

Graças a Deus não houve mais nenhum susto depois daquele, mas Ana ficou cerca de duas semanas
em coma induzido para que pudesse ter uma recuperação mais rápida.

Durante esse tempo, Alda foi o suporte que Nelson precisava. Ela sempre esteve presente para
qualquer coisa.

Foi como um anjo enviado por Deus naquele momento de tanta aflição, e por conta de tudo isso,
acabaram se tornando amigos em pouquíssimo tempo.

Já na terceira semana internada, Ana já apresentava melhorias notórias e já havia a previsão de alta,
pois já tinha despertado do coma e aos poucos começava a digerir a notícia da sua bebé.

Nelson ia todos os dias à visita sem atrasar nem sequer um minuto... a maioria das vezes na
companhia de Alda.

Ana já podia até conversar e em alguns momentos Nelson até conseguia tirar um sorriso naquele
lindo rosto.

Nas conversas, Nelson sempre tentava arranjar assuntos muito distantes dos que viviam naquele
momento, e pelos vistos, dava certo.

*Ana*- Nelson!

*Nelson*- Sim amor.

*Ana*- Amo-te muito.

*Nelson*- Também te amo minha princesa.

Parece que as coisas já estavam bem melhores entre eles...


A alta de Ana foi marcada para uma sexta-feira, no final do dia.

Nelson estava bem empolgado, acordou e fez uma limpeza geral na casa... claro, com a ajuda da
Alda.

Preparou as comidas que Ana mais gostava, e deixou tudo nos conformes.

Tomou um banho e vestiu-se a rigor... ficou bem cheiroso, também não era para menos, estava muito
feliz em ir buscar sua amada e estava completamente decidido a recomeçar.

Mas como diz o ditado popular "A felicidade do pobre dura pouco"... já no carro da Alda, a caminho
do hospital, Nelson recebe uma chamada do Banco.

Estavam a lhe informar que faltava apenas uma semana para pagar a dívida ou caso contrário, as
coisas que havia colocado como garantia, seriam detidas pelo Banco.

Nelson já havia usado quase todo o valor com os gastos do hospital e com as outras despesas.

A cara de Nelson mudou e o humor também.

Alda se apercebeu que algo não estava bem, porque vinham conversando mas depois da chamada
tudo mudou.

*Alda*- Nelson, o que se passa?

Nelson tentou disfarçar

*Nelson*- Nada não. Está tudo bem.

Mas na realidade não estava não. A vida parece que estava contra ele.

Nelson estava muito pensativo... Cá entre nós, não é para menos, porque a casa era o bem que havia
colocado como garantia.
Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante

```

_Capítulo 15_

Nelson estava pensativo... cá entre nós, não era para menos, porque a casa era o bem que havia
colocado como garantia.

Alda percebeu que alguma coisa havia acontecido, mas como Nelson disse que nada se passava,
ficou quieta.

Chegaram ao hospital e Ana já estava pronta.

Suas roupas já estavam arrumadas e com ajuda de uma enfermeira já havia tomado um banho e
estava vestida.

A felicidade era tanta que nenhum dos três conseguia se conter.

A Ana e Alda já se conheciam... Nelson sempre falava dela, da ajuda que dava e da disponibilidade
que sempre teve quando se tratava de ir ao hospital ou qualquer outra coisa que tivesse haver com a
situação pela qual passavam.

*Ana*- Alda, muito obrigada por tudo... que Deus lhe pague!

*Alda*- Não precisa agradecer Ana. Fiz tudo de coração e sem esperar nada em troca.

Ana se aproximou e cuidadosamente deu um abraço bem carinhoso a Alda.

Saíram do hospital, entraram no carro e felizes foram para casa.


Ao abrir a porta do apartamento, Ana ficou deslumbrada com a surpresa que Nelson preparou...

Para tornar o ambiente mais acolhedor, Nelson chamou a família mais próxima de Ana...

A avó Cacilda, os pais de Ana e alguns irmãos...

A casa estava bem cheia e ao entrar, Ana foi recebida com balões e aplausos.

Dona Bete correu para abraçar sua filha e a encher de beijos.

*Ana*- Mamã, estou chateada contigo... não vieste nem um dia para me visitar.

*Bete*- Desculpa minha filha, mas lá em casa as coisas também não estavam bem.

Seu pai caiu de uma escada e partiu o pé, não tinha como o deixar com as crianças naquele estado.

Realmente o senhor José teve um acidente um dia antes do dia da queda de Ana, e ainda estava com
o gesso no seu pé.

Ana se aproximou do pai, que caminhava com dificuldades e lhe deu um abraço.

Depois de deixar Ana e Nelson, Alda quis se ausentar, mas Nelson não deixou.

*Nelson*- Para onde vais?

*Alda*- É um momento em família, quero vos deixar a vontade.

*Nelson*- Já és da família agora.

Alda não teve escolha. Aceitou o convite e ficou para o jantar.


Foi um lindo dia, boas conversas rolaram. Músicas e até alguns jogos.

Foi tudo como Nelson desejava... Ana estava muito feliz com a surpresa.

Mesmo com tanta gente para descontrair, Nelson ainda continuava pensativo e em algumas vezes até
saía para a varanda para apanhar um pouco de ar.

Alda que já desconfiava que algo não estava bem, o seguiu.

*Alda*- Nelson, o que se passa?

*Nelson*- Acho melhor contar antes que exploda de tanta aflição.

Estou com uma dívida no Banco e se não pagar em uma semana, eles levam a casa.

Alda ficou assustada com a notícia.

*Alda*- E como foi que você contraiu a dívida?

*Nelson*- Era para pagar algumas dívidas que tinha e também para abrir um negócio, porque até o
emprego perdi.

Até que tenho algum dinheiro guardado, mas não serve para muita coisa.

*Alda*- Sinto muito Nelson, deve ser mesmo difícil a fase em que te encontras.

*Nelson*- Nem me fale Alda, nem me fale...

Nelson e Alda voltaram para a festa e se socializaram novamente.

Já por volta das 21 horas, Alda se despede dos convidados de Nelson, dá um beijo na Ana e se
levanta.
*Ana*- Nelson, por favor acompanhe a Alda, eu gostaria mas estou com um pouco de dores ainda.

*Alda*- Não precisa não.

*Nelson*- Precisa sim...

Nelson se levantou e acompanhou Alda até à porta.

*Nelson*- Muito obrigado mais uma vez.

*Alda*- De nada.

Alda abriu a porta mas quando ia fechá-la voltou e parou...

*Nelson*- Esqueceu alguma coisa?

*Alda*- Não, mas acabei de pensar em algo e já sei como posso te ajudar.

Quando a tua visita vai embora?

*Nelson*- Amanhã cedo.

*Alda*- Então quando todos forem embora, deixe a Ana dormir e venha para o meu apartamento...

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 16_
*Alda*- Então quando todos forem embora, deixe a Ana dormir e venha para o meu apartamento...

*Nelson*- Está bem.

Nelson até que estranhou mas não tinha escolha... ele queria mesmo resolver a sua situação.

No dia seguinte a visita acordou cedo, tomou o pequeno-almoço e por volta das 11 horas Nelson saiu
para os acompanhar até à paragem.

Voltou à casa e organizou tudo que estava fora do lugar.

Depois de se despedir da visita, Ana foi tomar um banho e foi descansar, pois os remédios que
tomava lhe davam muito sono.

Nelson esperou alguns minutos até que ela apanhasse um sono bem profundo e depois saiu, chegou
na porta de Alda e tocou a campainha.

Alda não demorou a atender porque praticamente já sabia quem era.

*Alda*- Olá Nelson, tudo bem?

*Nelson*- Sim estou bem e você como está?

*Alda*- Também estou bem, entra.

Nelson entrou e se acomodou no sofá da sala. Conversaram por algum tempo

Nelson explicou toda a situação e inclusive falou do montante que ainda lhe restava.

*Alda*- Está bem Nelson, Vou tentar te ajudar. O meu pai é dono de uma microcrédito, então vou
falar com ele para te emprestar um dinheiro mas sem juros de reembolso...
*Nelson*- E achas que ele vai aceitar?

*Alda*- O meu pai não me nega nada.

Alda pegou no celular e ligou para seu pai explicando toda a situação.

Como ela já bem havia dito, o pai não lhe negava nada... apenas pediu seriedade por parte de Nelson.

*Alda*- Então Nelson. Qual era mesmo o negócio que querias abrir?

*Nelson*- Gostaria de abrir um pequeno bar... acho que é um negócio sem muito azar.

*Alda*- Pois é. Agora todo mundo esconde suas frustrações no álcool.

O meu pai aceitou o meu pedido e podes ter o valor ainda hoje, mas por favor, tens de ser muito
sério.

*Nelson*- Muito obrigado Alda. Não sei o que seria de mim se não fosse pela tua ajuda.

Alda deu o endereço da agência do seu pai a Nelson... Este não quis perder tempo, por não ser muito
distante decidiu ir naquele mesmo momento.

Cerca de uma hora e meia depois Nelson voltou para casa, Ana ainda continuava dormindo, então
decidiu dar uma "fugidinha" para o apartamento de Alda.

A campainha toca novamente... era Nelson com um sorriso na cara e os olhos arregalados.

*Nelson*- Alda, já paguei a minha dívida. E ainda sobrou algum valor.

Alda ficou feliz vendo Nelson sorrir novamente.


Nelson se aproximou para dar-lhe um abraço de modo a agradecer tudo o que ela tem feito para o
ajudar.

Na hora do abraço Alda vira seu rosto e dá um beijo no Nelson fechando simultaneamente a porta.

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 17_

Na hora do abraço Alda vira seu rosto e dá um beijo no Nelson fechando simultaneamente a porta.

Na verdade Nelson foi pego de surpresa... até tentou resistir mas a tentação era maior.

*Alda*- Sempre me senti atraída por ti.

*Nelson*- Mas é errado Alda.

Alda não queria saber de nada... envolveu Nelson em seus braços beijando e o acariciando por todo o
corpo.

As hormonas de Nelson aceleraram, provocando desejos e excitação.

Para qualquer homem numa situação dessas seria difícil resistir, principalmente quando se está
perante a um "corpaço" bem definido e um rosto impecável de bandeja.

Nelson segurou forte na cintura de Alda e a colocou no seu colo, encostando-a contra a parede.
Beijava e dava mordidas suaves na ponta de suas orelhas e apalpando seus seios e aquele traseiro
todo empinado.

A cada minuto que passava, era uma peça jogada ao chão.

O corpo de Alda vibrava de excitação clamando por satisfação.

Enquanto isso, o celular de Ana tocou durante o seu descanso... pelo barulho, acabou acordando....

Era Marcos ao telefone.

*Ana*- Alô Marcos, como estás?

*Marcos*- Estou bem e você, como está?

*Ana*- Recuperando-me.

*Marcos*- Como assim se recuperando?

*Ana*- Perdi meu bebé há poucos dias.

*Marcos*- Sinto muito... mas estás a ver, é um sinal do destino.

*Ana*- Marcos, estás bem da cabeça? Sumiste por meses e me vem com a história de sinal do
destino.

*Marcos*- Calma meu amor... me perdoa, precisas de alguma coisa?

*Ana*- Não. Não preciso de nada, apenas quero descansar mais um pouco, será que posso?

*Marcos*- Sim, me desculpe, ligo outra hora.


*Ana*- Tchau Marcos.

Ana desligou a chamada sem nem deixar que Marcos também se despedisse.

Algum tempinho depois o celular de Ana vibra... era uma mensagem.

_"Só pode ser o louco do Marcos de novo!"_

Era ele sim, mas não era uma mensagem normal..

Era o famoso "CONFIRMADO recebeste 5.000,00Mt de Marcos..."

Aquela mensagem tirou um leve sorriso do rosto de Ana, mas esta nem se deu o trabalho de mandar
uma mensagem agradecendo. Apenas trancou o celular e voltou a descansar.

No apartamento de Alda as coisas estavam cada vez mais quentes.

Alda já se encontrava deitada na cama e Nelson continuava a excitando cada vez mais...

*Ana*- Já não aguento mais Nelson, vamos logo, estou tremendo de tanta excitação.

*Nelson*- Seu desejo é uma ordem princesa.

Nelson deu o seu melhor... a cada minuto que se passava, Alda se sentia cada vez mais realizada...
No calor do momento, Alda marcou o pescoço de Nelson com um chupão enorme.

Ele nem sequer se apercebeu, estava todo ocupado se lambuzando naquela delícia de corpo.

Já depois de comer a maçã proibida e engolir até as sementes, Nelson se recorda que tem de voltar
para casa.

*Nelson*- Alda, tenho que voltar correndo... falamos depois.


*Alda*- Agora já pode ir meu gato... amei estar contigo.

Nelson se vestiu e foi para casa. A primeira coisa que pensou quando chegou foi espreitar Ana e ir
tomar um banho.

Ana ainda estava descansando, então se apressou e foi tomar o seu banho. Depois voltou ao quarto e
se enxugou com uma toalha a fim de se vestir.

Nesse exacto momento, Ana acordou.

*Ana*- Amor, dormi muito?

*Nelson*- Sim meu amor mas você estava precisando.

Ana se levantou para colocar o seu celular para carregar a bateria, e foi no momento em que viu a
marca no pescoço de seu Marido.

*Ana*- Nelson, que marca é essa no seu pescoço?

Continua

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 18_

*Ana*- Nelson, que marca é essa no seu pescoço?

Nelson se assustou e tentou olhar no espelho... realmente a marca estava bem visível.
Ana se aproximou para ver melhor...

*Ana*- Comeste alguma coisa que te faz mal??? Isso me parece alergia.

Nelson se aliviou e prontamente respondeu...

*Nelson*- Sim amor... há pouco comi algo lá em baixo e acho que não está a me cair bem.

Foi até à mesa de cabeceira e pegou um antialérgico.

Ana foi à casa de banho e Nelson continuou vestindo... O telemóvel de Ana toca repetidamente.

*Nelson*- Ana, o teu telemóvel não para de tocar.

Ana logo saiu às pressas porque desconfiava que era Marcos...

Realmente era ele e por sorte, Nelson não pegou o celular porque ainda estava ocupado se vestindo.

Ana atendeu a chamada para não deixar Nelson desconfiado.

*Ana*- Olá mamã tudo bem? Então como chegaram?

*Marcos*- Como assim mamã?

*Ana*- Está bem mamã, estou aqui com o Nelson.

Marcos acabou percebendo que Ana não podia falar e desligou a chamada.

Nelson nem sequer desconfiou... estava mais preocupado em fingir demência sobre o que fez há
pouco tempo.
*Nelson*- Amor, vou abrir um negócio. Não é grande coisa mas com foco e fé quem sabe Deus
estende a mão.

*Ana*- Que tipo de negócio?

*Nelson*- Estava a pensar em abrir um pequeno bar

*Ana*- Está bem amor... acho uma boa ideia. Vou te apoiar meu bem.

Nelson estava decidido a se esforçar para dar uma vida melhor a sua amada e quem sabe aos seus
futuros filhos.

No mesmo dia, já no final do dia alguém bate à porta e coincidentemente Ana estava na sala
assistindo alguns programas e se levantou para abrir a porta.

Era a Alda...

*Alda*- Ola Ana, estás bem?

*Ana*- Sim minha fofa, estou bem e você como está?

*Alda*- Estou muito bem, há um bom tempo que não me sinto assim.

*Ana*- Entra, não fica aí na porta, vamos conversar um pouco.

Alda entrou e ficou na sala conversando.

Nelson que estava na cozinha ouviu vozes e foi lá ver quem era. Para a sua surpresa era Alda, agindo
como se nada tivesse acontecido.

Nelson estava tremendo de medo que Alda contasse alguma coisa.


Voltou para a cozinha e continuou preparando o jantar. Nalgum momento, Ana pediu a Alda que lhe
trouxesse um copo com água.

Alda se levantou e foi à cozinha, pegou a água que Ana pediu e ao sair deu uma palmada na "bunda"
de Nelson.

Felizmente Alda não contou nada, para o alívio de Nelson.

No dia seguinte, Nelson acordou bem cedo e foi em busca de um lugar para abrir o seu negócio, mas
antes preparou um pequeno almoço bem forte para Ana e deixou ao pé da cama para quando ela
acordasse.

Durante a manhã daquele dia, já por volta das 9 horas, quando Ana acordou, pegou no telemóvel e
viu cerca de 11 chamadas perdidas do Marcos...

Minutos depois de ela se levantar da cama, ouve-se alguém batendo à porta.

Ana que já apresentava melhorias, não demorou e foi abrir...

Era tão cedo para uma surpresa daquelas... Marcos estava bem a sua frente.

*Marcos*- Olá minha gata.

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A amante```

_Capítulo 19_
Era tão cedo para uma surpresa daquelas...Marcos estava bem na sua frente.

Ana ficou surpresa e assustada ao mesmo tempo porque nunca tinha dado seu endereço à Marcos.

*Ana*- _Marcos, você voltou quando? O que fazes aqui? Quem te deu o meu endereço?_

*Marcos*- _Calma fofa. Qual pergunta queres que eu responda primeiro?_

*Ana*- _Todas elas._

*Marcos*- _Não vai nem me convidar para entrar?_

*Ana*- _Eu estou no lar... isso não te diz nada?_

Marcos insistiu e acabou entrando sem ser convidado.

*Marcos*- _Quem me deu o endereço foi a tua avó. Eu disse que era algo muito importante e ela
acabou me explicando onde te encontrar._

Realmente foi a Cacilda que lhe deu o endereço. Marcos era muito bom de papo e Cacilda acreditou
numa de seus histórias.

Marcos e Ana Conversaram por algum tempo... incrivelmente Marcos não estava nem preocupado se
por algum instante Nelson chegasse.

Nelson por sua vez encontrou um lugar perfeito para abrir o seu negócio, pagou alguns meses
adiantados e pôs-se a caminho de casa.

Meteu as chaves na fechadura e abriu a porta...lá estava Marcos, todo á vontade no sofá.

Ana se assustou pois não esperava que Nelson voltasse tão cedo
*Nelson*- _Bom dia._

_'Marcos se levantou e respondeu com um sorriso no rosto_'

*Marcos*- _Bom dia mano Nelson._

Lá no fundo da sala Ana tremia de medo que Marcos abrisse o bico.

*Nelson*- _Desculpe, nos conhecemos?_

Nelson nunca havia visto Marcos na sua vida, apenas sabia da sua existência.

Ana, gaguejando tentou responder mas na tinha nenhuma ideia do que dizer.

*Ana*- _Ele é... meu... é o.... ele é...._

*Marcos*- _Eu sou o Mário, tio da Ana._

Como gesto de educação Nelson se aproximou e deu um aperto de mão.

Ana ficou espantada com a tamanha coragem e hipocrisia de Marcos mas nada podia fazer.

Marcos e Nelson se sentaram no sofá e puxaram uma conversa.

Nelson havia comprado uma garrafa de vinho na rua e aproveitou a companhia do suposto "Tio
Mário" para degustar do mesmo.

Nalgum momento Ana até se riu daquele episódio... cá entre nós tinha um pouquinho de graça.

Cerca de uma hora depois o suposto "Mário " se despediu afirmando que tinha de voltar a casa.
*Nelson*- _Está bem tio, esperamos por mais visitas suas._

*Marcos*- _Pode deixar meu rapaz._

_A propósito, a Ana disse que estava com algumas dificuldades._

Na verdade Ana não falou nada daquilo, era mais uma das mentiras inventadas de Marcos.

*Nelson*- _Não precisa se preocupar tio... Está tudo controlado._

*Marcos*- _Não filho, o que é isso... aqui tens uma ajudinha._

Marcos abriu a carteira e tirou um montante de 6mil Meticais colocando-o na mão de Nelson.

*Nelson*- _Muito obrigado tio._

*Marcos*- _Espero que nos encontremos muito em breve._

Marcos então deu mais um aperto de mão e saiu.

*Nelson*- _Nunca tinhas me falado do tio Mário... bem generoso ele, é muito simpático._

Ana só conseguia abanar a cabeça pois Marcos a tinha surpreendido.

Na tarde do mesmo dia Ana recebe uma mensagem

_"Olá Ana tudo bem? Eu não estou nada bem. Eu sou Manuela esposa do Marcos, acabo de pegar no
celular dele e vi todas as mensagens que ele mandou para si, inclusive a transferência de valores.
Deu para perceber que também és casada, só quero que saibas que já fiz print das conversas. Vou
procurar teu marido até lhe encontrar. Passar bem"_

Continua....
*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 20_

_"Olá Ana, tudo bem? Não estou nada bem, sou Manuela, esposa do Marcos, acabo de pegar no
celular dele e vi todas as mensagens que ele mandou para si, inclusive a transferência do valor... deu
para perceber que também és casada, só quero que saibas que já fiz print das conversas. Vou
procurar teu marido até lhe encontrar. Passar bem!"_

Ana ficou bem assustada com aquela mensagem... pensou durante algum tempo se respondia ou não.

Por fim decidiu ignorar.

Fez um compasso de espera de cerca de uma hora. Discou o número de Marcos e efectuou uma
chamada.

*Ana*- Olá Marcos, não quero problemas com a sua esposa, por favor me deixa em paz.

Do outro lado da linha não era Marcos, mas sim Manuela.

*Manuela*- Ana, o celular dele ainda está comigo. Ignoraste a minha mensagem para depois ligar
para ele não é?

*Ana*- Moça, não quero nada com o teu marido. Ele é que anda a me seguir!

*Manuela*- Se realmente não quisesses nada e não desses bola, não te ia seguir e muito menos andar
a gastar dinheiro contigo.

Ana desligou a chamada... Já estava bem preocupada porque Manuela falava num tom de muita
seriedade.
Alguns minutinhos depois mais uma mensagem.

_"Podes desligar na minha cara, não tenho problema nenhum com isso. Mas como mulher devias
saber o quanto dói ser traída, coloca-te no meu lugar."_

Mais uma vez Ana ignorou a mensagem.

*Nelson*- Ana, posso sair um pouco?

*Ana*- Para onde vais?

*Nelson*- Quero resolver algumas coisinhas do bar, mas não demoro.

*Ana*- Está bem.

Na verdade Nelson não ia resolver coisinhas do bar, estava indo para casa de Alda.

Alguns minutos depois... Nelson chega à casa da Alda... toca a campainha e é atendido por Alda...

*Alda*- Oi Nelson, como está?

Nelson não respondeu apenas a agarrou, deu um beijo e trancou a porta.

*Alda*- Hm, estava com saudades desse corpinho não é?

*Nelson*- Muita saudade, não me sentia assim faz tempo.

Realmente Nelson não parava de pensar em Alda...

As visitas de Marcos pouco a pouco se tornaram mais frequentes.


Ana tentou de todas as formas falar com Marcos, até que conseguiu.

*Ana*- Marcos, precisamos conversar.

*Marcos*- Está bem, daqui a pouco passo daí.

*Ana*- Está bem.

Com o disfarce que Marcos tinha inventado para Nelson, não teria nenhum problema... pelo menos
foi assim que Ana pensou.

Também Nelson não estaria em casa naquele dia, pois era a inauguração do seu bar.

Ana já estava bem recuperada mas não quis o acompanhar, alegando que aquele ambiente não era
muito propício para si... pelo menos por enquanto.

Nelson entendeu e acabou combinado de ir com Alda.

Era suposto que Nelson saísse se casa por volta das 14 horas, então Ana combinou com Marcos para
que ele chegasse às 15 horas.

Marcos não cumpriu com o combinado e apareceu às 13 horas e 30 minutos, antes mesmo de Nelson
sair.

Sem desconfiar de nada, Nelson conversou um pouco com o suposto "tio Mário" e depois se
despediu explicando o motivo da sua ausência (a inauguração do seu bar).

*Nelson*- Tio, tenho de me ausentar. Tenho de organizar as coisas para a inauguração.

*Marcos*- Está bem meu filho, se possível dou uma passada por lá.

*Nelson*- Está bem tio, me perdoe por não poder ficar mais.
*Marcos*- Não tem de quê... força aí!

Nelson pegou suas coisas e saiu.

Então Ana começou a introduzir o assunto pelo qual chamou Marcos.

*Ana*- Marcos, não quero problemas com a tua esposa e nem quero que ela me traga problemas com
o meu marido.

*Marcos*- Calma princesa, ninguém terá problemas aqui.

*Ana*- Marcos, isso é um assunto sério e estás a levar nas brincadeiras.

*Marcos*- Calma amor. Vamos aproveitar que o corno do teu marido nos deixou sozinhos e vamos
matar a saudade.

*Ana*- Pára com isso Marcos! Aqui é minha casa. E quem disse que tenho saudades?

*Marcos*- Sei que tens.

Marcos saiu do sofá em que estava e foi se sentar ao lado de Ana, acariciando suas coxas e dirigindo
suas mãos para as partes íntimas dela.

Mordendo os lábios e respirando fundo... Ana tentava resistir.

*Ana*- Pára Marcos, aqui não! por favor...

Marcos parecia surdo, pois não obedecia nenhuma ordem de Ana.

Continuava, beijando seu pescoço e desabotoando seu vestido.

Ana estava com medo, mas ao mesmo tempo com muita vontade de saciar seus desejos carnais.
Quando Ana se deu conta, já estava toda despida e por cima de Marcos.

Gemidos, mordidas, beijos e carícias... estava tudo acontecendo alí mesmo, no sofá da sala.

Em algum momento se ouviu um som... era o som de uma câmera de celular, e logo de seguida ouve-
se outro som... como se alguém tivesse puxado a porta para fechá-la.

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 21_

Em algum momento se ouviu um som de uma câmera de celular e logo depois outro som... como se
alguém tivesse puxado a porta para fechá-la.

Ana se assustou e saiu de cima de Marcos.

*Ana*- Ouviste isso?

*Marcos*- Sim ouvi.

Marcos então se levantou e correu para a fora de modo a ver quem era.

Mas já era tarde demais, a pessoa já havia sumido.


*Ana*- Falei que não era uma boa ideia Marcos!

Estás a ver o que aconteceu agora?!

*Marcos*- Calma Ana, talvez seja só impressão nossa.

*Ana*- Marcos sei bem o que ouvi.

Por favor, saia da minha casa.

*Marcos*- Só se prometeres que depois falamos.

*Ana*- Está bem. Agora saia por favor .

Marcos obedeceu e foi embora. Ana já estava mesmo preocupada, temia que alguém usasse aquela
foto para a chantagear ou estragar seu casamento com Nelson.

Cá entre nós, não sei o porquê de Ana estar nesse relacionamento ainda... vocês sabem?

Voltando a história...

Nelson estava bem ocupado e Alda estava lá para ajudá-lo.

O barraca era bem pequena mas tinha um pátio enorme...

Os amigos e ex colegas de trabalho de Nelson foram lá para lhe dar uma força. Compraram quase
todo o produto de Nelson e ele teve de voltar a fazer o stock.

*Nelson*- Alda, podes por favor ir comprar mais algumas coisas para mim?

*Alda*- Hiii, acho melhor tu ires, se não ainda me atrapalho e compro coisas erradas. Pega a chave
do meu carro na bolsa, fico aqui e tomo conta.

Nelson assim o fez. Pegou as chaves e foi a procura de stock, deixando Alda alí a controlar.
Pelo caminho Nelson encontrou uma senhora aflita, com o pneu furado.

Parou o carro e se ofereceu para ajudar.

Era uma senhorita bem chique, unhas bem preparadas e cabelos longos... Provavelmente não eram
naturais.

Um português bem afinado e pele bem cuidada, mas a cara não era grande coisa.

*Nelson*- Olá minha senhora, posso ajudar?

_"Por favor. Estou aqui faz tempo pedindo ajuda, liguei até para o meu marido mas está bem
distante."_

Nelson tirou o pneu furado, abriu o porta-malas para pegar o "estepe" e o colocou no lugar em que
havia removido.

*Nelson*- Já está minha senhora. Tenha um bom dia!

Nelson tinha feito aquele gesto por gentileza, sem querer nada em troca mas a senhora o parou
quando ele se dirigia ao carro.

_"Muito obrigada moço."_

*Nelson*- De nada.

_"Posso recompensar de algum jeito?"_

*Nelson*- Não precisa minha senhora.

_"E essas caixas no teu carro, tens um bar?"_


*Nelson*- Não é bem um bar, mas sim uma barraca. Ainda estou a começar e hoje é o meu primeiro
dia.

_"Wau. Dê-me o teu número... quem sabe um dia venho pra tomar um sumo!"_

Nelson não exitou e deu o número.

_"Muito obrigada, até lá."_

Nelson entrou no carro e foi fazer suas compras. Voltou ao "bar" e continuou.

Naquele dia teve um lucro de quase 4 mil meticais... Para quem estava a começar já era um bom
começo.

Já era noite e estava na hora de fechar. Alda o ajudou a arrumar tudo e fechar a barraca.

*Nelson*- Muito obrigado Alda. Você me ajudou muito... desde que te conheci, nunca me deixou na
mão.

*Alda*- Não precisa agradecer gato. Gosto muito de ti, por isso o faço.

A propósito, amanhã não poderei te ajudar, tenho um compromisso com meu pai.

*Nelson*- Está bem. Então me deixa te pagar um sorvete antes de voltarmos à casa.

*Alda*- Está bem.

Nelson passou do Mimos e comprou dois potes de sorvete e seguiram para casa.

Após estar já cada um na sua residência, Nelson cumprimenta sua esposa, dá um beijo e vai ao
banho.
Ana preocupada com o que aconteceu de tarde pega o telemóvel de Nelson e vasculha.

Certamente ela pensava que seria Nelson quem tirou a foto mas felizmente não era ela.. não tinha
nada no telemóvel.

Nelson saiu do banho, jantaram e foram à cama.

Antes de dormir, Nelson entrou no Facebook para descontrair um pouco e logo recebe uma
mensagem.

_"Olá fofinho. Aqui é a mocinha que você ajudou a concertar o pneu. O dia todo estive pensando em
ti... seu rosto não me sai da cabeça... amanhã estarei no seu "bar" depois do serviço._

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 22_

"Olá fofinho. Aqui é a mocinha que você ajudou a consertar o pneu. O dia todo estive pensando em
ti...

Seu rosto não me sai da cabeça...

Amanhã estarei no seu "bar" depois do serviço."

Nelson percebe quem era logo na hora e respondeu a mensagem apenas com um simples: "Boa noite,
está bem" e já que estava cansado tratou de dormir.

Ana quase que não conseguia dormir, sua cabeça só girava e o único pensamento dela era..." quem
foi que tirou a foto e qual é a verdadeira intenção dessa pessoa?"

Mas por enquanto, nada podia fazer, pois nem sequer desconfiava quem seria.
Antes mesmo de sair de casa, Nelson tentou de alguma forma manter relações sexuais com sua
esposa, mas sem sucesso. A propósito, desde que ela saiu do hospital ele não tocou nela, eram
sempre histórias atrás de histórias e Nelson não insistia, compreendia e ficava quieto.

Nelson se levantou, foi tomar o seu banho, preparou o pequeno-almoço para si e para sua esposa.

̶ Amor, não queres ir comigo hoje?

̶ Não, não posso ser vista nesses sítios.

̶ Como assim Ana?

̶ Nelson, você já viu o tipo de mulher que sou para estar aí nessas barraquinhas?

̶ Também não precisas falar assim. Não escolhi isso e é aquela barraquinha que vai colocar o pão na
mesa desta casa.

̶ Também não é culpa minha... você até tem de agradecer a Deus por ter uma mulher como eu...
você parecia ter um futuro brilhante na faculdade, para onde foi o Nelson que eu conheci?

̶ Estou aqui.

̶ Não não. Eu só estou a ver um desgraçado à minha frente e não sei se vou aguentar viver a custo de
uma barraquinha, Nelson eu mereço muito mais.

̶ Não escolhi isso para mim e me perdoe se te decepcionei, mas nem tudo sai como esperamos.

As palavras de Ana feriram muito o coração de Nelson, só não chorou porque se esforçou para tal,
mas a verdade é que ele não esperava aquilo da Ana.

Saiu do quarto, encostou a porta e com o coração partido foi a sua barraquinha.
Nelson era um jovem muito honesto, nunca havia feito mal algum para alguém, era esforçado e
dedicado mas mesmo assim a vida estava lhe dando uma surra.

Naquele dia o movimento não foi tão bom quanto no primeiro dia, pois até por volta das 16 horas
não havia vendido nem metade do stock do dia anterior.

Como prometido a senhorita do "pneu furado" apareceu... já eram 18 horas e Nelson já estava para
fechar.

̶ Olá, como está?

̶ Estou bem, e você como está?

̶ Também estou bem. Não me pareces estar muito bem, o que se passa?

Realmente Nelson não estava bem e estava bem visível no seu rosto

̶ Estou com alguns problemas em casa e minha vida não está numa boa fase.

̶ Sinto muito, posso não estar na mesma situação que tu, mas minha vida também não está nada boa.
Vamos conversar um pouco, naquele dia você me ajudou e hoje quero retribuir.

̶ Não precisa, não quero incomodar.

̶ Uma conversa pode te fazer bem. Traga duas cervejas bem geladas e senta aqui comigo.

Nelson estava mesmo precisando desabafar, então acabou aceitado o convite da moça (que até então
ainda não conhecia o nome).

Foi buscar as cervejas e se sentou... Conversaram por um bom tempo e quantos mais copos tomavam
mais se sentiam a vontade e desabafavam.
̶ Sabe, já vão quase 4 meses que não toco na minha esposa e hoje ela falou muita coisa. Me chamou
de desgraçado e tudo mais... talvez ela tenha mesmo razão.

̶ Não és nenhum desgraçado, dá para ver que és muito esforçado, apenas a vida é que não tem
sorrido muito para ti... Também não estou bem no meu casamento, tenho quase a certeza absoluta
que meu marido me trai e o pior de tudo é que gasta todo o meu dinheiro com essa safada.

̶ Sabe, estamos aqui falando faz tempo e nem sequer perguntei o seu nome.

̶ Eis... é verdade, estávamos nos lamentando tanto que nem deu tempo de me apresentar. O meu
nome é Manuela e o seu?

̶ O meu nome é Nelson.

Continuaram a conversa e no meio do papo Manuela apresentou seus filhos, mostrando as fotos.

̶ Você tem filhos lindos... e seu marido?

̶ Apaguei todas as fotos dele quando comecei a desconfiar...

̶ Entendo... Não cheguei a ter filhos mas faltava mesmo pouco.

Nelson pegou o celular e mostrou as fotos de Ana grávida...

̶ Essa é minha esposa, Ana quando estava grávida. Infelizmente o bebé perdeu a vida.

Manuela se surpreendeu quando viu as fotos, era a mesma Ana que estava roubando o seu marido.

Naquele momento não falou nada, apenas ficou surpresa.

O papo continuou por mais um pouco até que por volta das 21 horas, Manuela acompanhou Nelson
para casa do seu marecedes série 7 e deixou-lhe no seu prédio.
̶ Foi muito bom conversar contigo.

̶ Muito obrigado por ter tido tempo para me ouvir.

Manuela deu um abraço no moço e pediu para que se vissem mais vezes.

Nelson subiu as escadas e foi directo para o seu apartamento. Como se tudo que Ana havia falado
não bastasse, lá estava ela na sala com as malas arrumadas.

̶ Estava a tua espera Nelson... Acho melhor terminarmos tudo. Foi um erro tudo o que aconteceu.

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 23_

̶ Estava a tua espera Nelson... acho melhor terminarmos tudo. Foi um erro tudo o que aconteceu.

Nelson não quis acreditar... Ela estava sendo muito dura com o jovem.

̶ Como assim Ana?... é mesmo isso que quer?

̶ Sim. Estou decidida. Não posso viver na incerteza, a minha decisão já está tomada.

Na verdade não era totalmente a sua decisão. Havia um dedo podre do Marcos.

Durante a tarde, Marcos esteve na casa e sugeriu a Ana que se mudasse para um apartamento que ele
mesmo ia pagar.
Ana que já estava com medo da repercussão do misterioso fotógrafo, aproveitou de uma vez se livrar
de Nelson.

Na verdade, desde que Ana conheceu Marcos mudou muito. Marcos praticamente comprou o seu
amor.

Dando presentes caros, saídas, e dinheiro. A mente de Ana ficou contaminada e aos poucos foi
perdendo os valores morais pelos monetários.

̶ E queres mesmo sair a esta hora da noite... não podes nem esperar até amanhã?

̶ Não Nelson, hoje mesmo eu vou. Já tem um táxi me esperando lá embaixo.

̶ Então me deixe te acompanhar pelo menos.

̶ Nelson, ainda não percebeste? Não te quero por perto.

Nelson que estava em frente dela tentando a ajudar, foi empurrado como um estranho.

Conformou-se com a decisão e abriu-lhe a porta.

̶ Do mesmo jeito que te abri a porta quando entrou, abro também para sair, desejando muita sorte.

Nelson abriu a porta e Ana saiu sem nem olhar para trás.

O coração do jovem estava destroçado e não era para menos.

Alda cruzou-se com Ana nas escadas e correu para ver se Nelson estava bem.

Bateu à porta, mas Nelson não atendia.

̶ Nelson, sei que estás aí e se não me atenderes, não saio daqui.


Alda insistiu tanto que Nelson acabou abrindo.

̶ Preciso ficar sozinho.

̶ Entendo, só vinha mesmo saber se estava tudo bem e dar-te um abraço. Tudo vai ficar bem.

̶ Obrigado.

Alda foi embora e Nelson então fechou a porta.

No dia seguinte, Nelson nem teve forças para ir abrir o seu bar... passou o dia todo na cama.

Manuela passou por lá depois do trabalho e encontrou tudo fechado.

Imediatamente ligou para Nelson para saber o que se passava.

̶ Olá Nelson, estás bem?

̶ Estou sim e você?

̶ Tua voz não concorda com o que dizes. O que se passa? Por que não abriu o bar hoje?

̶ Não vou mentir para ti, tenho um problema, minha mulher me deixou.

̶ Estou vindo a sua casa. Já já chego.

Nelson levantou-se e tentou arrumar a casa, pois estava tudo fora do lugar.

Pouco tempo depois Manuela chega. Bate à porta e Nelson abre.

Ainda na entrada Manuela abriu os braços e deu um abraço bem forte a Nelson.
̶ Vai ficar tudo bem... mas me conta o que aconteceu.

Nelson contou tudinho. Sem pular nenhum detalhe.

Manuela já desconfiava que Ana e Marcos ainda saíam juntos. E de alguma forma desconfiava que
Marcos estaria por detrás daquela história toda.

̶ Sabes dizer se a tua esposa voltou para casa?

̶ Não voltou não porque tentei de todas as formas falar com ela e não atendia. Então liguei para a
avó e disse-me que não está lá, mas sim num flat no museu.

_"Faz sentido agora."_ ̶ pensou Manuela.

_"Foi por isso que Marcos levantou tanto dinheiro hoje"_

̶ Manuela pensou novamente.

Manuela tinha acesso a todas as contas de Marcos porque na verdade a "Manda chuva" era ela e não
Marcos.

̶ Nelson, não te preocupes, garanto que ela vai se arrepender de ter te abandonado.

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 24_

̶ Nelson, não te preocupes, garanto que ela vai se arrepender de ter te abandonado.
Manuela falou com tanta convicção que até Nelson estranhou.

̶ Como assim ela vai se arrepender?

̶ É só uma forma de falar. Vai ficar tudo bem!

Manuela e Nelson ficaram conversando por muito tempo.

̶ Nelson, tenho de ir, mas prometo que amanhã passo para te ver.

̶ Está bem. Muito obrigado pelo apoio.

Manuela despediu-se e foi embora... Ela queria ter a certeza absoluta do que desconfiava... sem que
Marcos se apercebesse, mexeu novamente o celular dele.

Marcos nunca apagava as mensagens porque Manuela não tinha o hábito de pegar no seu celular,
então ele achava desnecessário.

Pegando no celular de Marcos, Manuela descobriu tudo. Onde Ana morava, o preço da renda e até
quanto tempo de pagamento foi adiantado.

Mesmo tendo a informação toda, continuou firme, copiou as provas todas.

Manuela já estava há muito tempo pensando na separação, mas para que ela não saísse lesada, tendo
que dividir seu dinheiro com o irresponsável do Marcos, já vinha investigando e guardando as provas
das traições que sofria.

Na tentativa de procurar uma foto em que Marcos e Ana estavam juntos para que pudesse incluir nas
provas, Manuela surpreendeu-se com o que encontrou.

Fotos de Ana completamente nua, as famosas "Nudez" e algumas fotos em que os dois estavam
exactamente como vieram ao mundo e bem abraçados.
Manuela já tinha praticamente tudo o que precisava para se livrar de Marcos, mas agia como se nada
tivesse acontecido.

Algum tempo foi passando e a amizade entre Manuela e Nelson foi crescendo. Ana e Marcos ainda
se encontravam frequentemente e nalgumas vezes, Marcos até dormia lá.

Aos poucos, se recuperava do "coice" que levou de Ana e nalgum momento se sentiu dividido entre a
Alda e Manuela.

Isso porque as duas se esforçavam muito para cuidar dele e sempre que precisava, uma ou outra
estava presente.

Sem querer magoar nenhuma delas tomou a decisão de ter uma conversa franca com as duas, mas
uma de cada vez.

Primeiro foi com Alda, pois era a mais próxima. Convidou-lhe para jantar em sua casa e ela aceitou.

Na noite do jantar Marcos preparou um peixe no forno, uma salada de legumes "top" acompanhados
por um vinho tinto.

Na hora combinada, Alda se fez presente e depois de uma conversa curta foram jantar... Depois de
terminar o jantar (já nos copos de vinho), a conversa teve lugar.

Nelson introduziu o assunto e após alguns rodeios acabou sendo directo.

̶ Alda, chamei-te aqui porque tenho uma pergunta que precisa ser esclarecida com sinceridade.

̶ Podes fazer a pergunta, serei o mais sincera possível.

̶ Pois bem... O que realmente quer comigo? É algo sério?

̶ É assim Nelson. Gosto muito de ti, você é um doce de pessoa e realmente é muito bom estar
contigo. Mas não posso ter algo sério contigo porque sei que não sou boa nessas coisas de
compromisso. Espero que com essa resposta não te tenha magoado, porque realmente quero
continuar tendo o nosso romance, nossos encontros e tudo mais... mas sem compromisso nenhum.

̶ Muito obrigado por teres sido sincera... e não te preocupes, não estou chateado não. Eu só fiz essa
pergunta porque não te queria magoar.

̶ Sei. E por mim podes ter uma namorada porque tens de ter alguém que cuide de ti como mereces.

Depois de mais algum tempo de conversa e mais alguns copos, Alda acabou dormindo por lá.

Provavelmente foi uma longa noite.

No dia seguinte, faltava apenas conversar com Manuela. Novamente fez o convite que também foi
aceite e preparou mais um jantar já ciente de alguns gostos de Manuela, Nelson sabia que a praia
dela eram as cervejinhas

Como combinado, na hora marcada, Manuela se fez presente... O jantar foi servido e juntos
degustaram.

Do mesmo jeito que havia feito com Alda, fez também com a Manuela. Fazendo a mesma pergunta.

Mas diferente de Alda, Manuela respondeu com palavras breves e directas.

̶ Nelson, não sou linda como a Ana e nem tão jovem quanto ela. Mas o teu jeito de ser me chamou
atenção. Mesmo sabendo do "status" que tenho você nunca tentou se aproveitar. Sempre me
respeitou e me tratou como uma dama. Eu quero tentar algo sério contigo.

̶ Mas... e o teu marido?

̶ Não te preocupes com isso. É apenas uma questão de tempo.

Enquanto as coisas iam bem para Nelson... e pouco a pouco o seu negócio melhorava, para Ana as
coisas estavam apenas começando a apimentar.
Recebia mensagens de ameaça, mas a que mais a preocupou foi a que recebeu pelo WhatsApp.

_"Tenho tuas fotos e vídeos "transado" com o teu ex amante na sala da casa do teu marido... quero
50 mil meticais na minha conta em 24 horas ou espalho tudo na Internet."_

Continua..

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 25_

_"Tenho tuas fotos e vídeos transado com o teu amante na sala da casa do teu marido. Quero 50 mil
meticais na minha conta em 24 horas ou espalho tudo na Internet."_

Ana assustou-se. Ao tentar perguntar quem era foi imediatamente bloqueada. Ana não queria sua
imagem manchada por aí porque cedo ou tarde aquilo chegaria aos olhos de seus pais, que ainda nem
sabiam que ela tinha se separado de Nelson.

Ana tentou de todas as formas manter contacto com a pessoa, mas não conseguia porque estava
bloqueada, e quando tentava ligar, este se encontrava fora de área.

O negócio de Nelson aos poucos ia bem, não exactamente como queria, mas dava para alguma coisa.

Praticamente todos os dias Manuela passava por lá. Entre eles ainda não havia acontecido nada fora
de um simples papo que tinham.

Manuela queria muito ajudar Nelson mas não sabia como lhe propor isso, pois não queria de maneira
alguma ofendê-lo, parecendo que o estava comprando de alguma forma.
Por fim, depois de tantas voltas ganhou coragem e numa das conversas falou com ele.

̶ Nelson, gostaria de te ajudar de alguma forma.

̶ Como assim?

̶ Estás muito empenhado no teu negócio e isso é bom, mas se realmente queres ter muitos mais
clientes este lugar tem de deixar de ser essa "espelunca", desculpa por falar assim.

̶ Sim, tens razão. Mas como é que eu faria isso? Estou zerado.

̶ Deixe-me te ajudar.

̶ Não Manuela, não posso...

̶ Por favor Nelson. Eu faria isso com todo o prazer e sem querer nada em troca... Por favor!

Nelson resistia, mas Manuela insistiu tanto que acabou aceitando... O poder influenciador da mulher
sempre funciona.

̶ Então, como vamos fazer?

Podemos começar amanhã com as reformas? ̶ perguntou Manuela.

̶ Acho melhor começarmos na segunda-feira porque amanhã é sábado e sendo final de semana
teremos movimento.

̶ Combinado, segunda-feira começamos. Este lugar vai ficar lindo.

Enquanto uns comemoravam, outros passavam por maus bocados.

Naquele mesmo dia (sexta-feira ), Marcos foi à uma discoteca como geralmente fazia, com mulheres
e amigos.
Beberam, comeram do bom e do melhor e ele bancando de manda-chuva, como sempre fazia (se
responsabilizando por tudo)...

Baldes de cervejas, vinhos e vários pratos de mariscos como aperitivos foram servidos.

Chegou a hora de pagar a conta, esticou o peito e fez cara de "Homem mau" colocando a mão no
bolso do casaco que trazia para tirar sua carteira.

Abriu e tirou um cartão do Standart Bank. Entregou a moça para raspar a conta de cerca de 11 mil
meticais...

No mesmo instante a moça o devolveu o cartão.

"Senhor, o cartão foi recusado."

̶ Só pode ser um erro. Tenta novamente.

A moça levou o cartão e voltou a tentar.

_"Recusado mais uma vez senhor."_

Marcos ficou envergonhado e nervoso ao mesmo tempo, pegou noutro cartão do Millennium Bim e
novamente foi recusado.

Os amigos e as mulheres que havia convidado foram saindo um por um sem nem sequer se
preocupar com o que ia acontecer com ele.

Quase que Marcos era espancado pelos seguranças. Isso só não aconteceu porque deixou seu
"iPhone" como garantia de que no dia seguinte voltaria para pagar a dívida.

Pediu para tirar o cartão que estava no celular e colocou numa "Bombinha", saindo furioso e todo
envergonhado sem saber ainda o que teria acontecido.
Na mesma noite o número que ameaçava Ana voltou a entrar em contacto.

_"Então Ana, já estás a preparar o meu dinheiro?"_

̶ Não tenho esse dinheiro... Juro que se tivesse enviava.

_"Tem certeza que não tem?"_

̶ Tenho sim. Peça qualquer coisa, mas dinheiro não tenho.

_"Hmm... Pensando bem, já que não tens dinheiro podes pagar de outra forma."_

̶ Que outra forma seria?

_"Transado comigo, me dê uma noite de prazer e excitação. Quero te ver a gemer e gritar... já assisti
tantas vezes esse vídeo que agora estou com vontade de provar... faça isso e não publico na
internet."_

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 26_

_"Transa comigo, me dê uma noite de prazer e excitação. Quero te ver gemer e gritar... já assisti
tantas vezes esse vídeo que agora estou com vontade de provar... faça isso e não publico na
internet"._

Ana sentiu-se insultada com o pedido absurdo da pessoa que a ameaçava.


Desactivou os dados e saiu do Whatsapp.

Mas depois de pensar bastante viu que não tinha escolha, voltou a activar os dados e aceitou a
proposta.

_"É só uma transa e tudo se resolve!"_ ̶ pensou Ana.

Marcos chegou à casa e Manuela já estava dormindo, preferiu não a acordar porque ele sabia muito
bem que ela ficava furiosa quando a acordava.

Foi tomar um banho e se deitou. Na manhã do dia seguinte Manuela foi a primeira a acordar, já era
sábado e ela tinha um encontro com algumas amigas.

Preparou-se, fez o seu banho e se produziu como deve ser. Quando estava prestes à sair, Marcos
acorda e pergunta sobre os cartões.

̶ Manú, o que aconteceu com os meus cartões? Ontem tentei usá-los e nenhum funcionava.

̶ Hmm, os cartões. Esqueci-me de dizer que fui bloquear.

̶ Como assim foi bloquear?

̶ Assim mesmo. Do mesmo jeito que os criei, posso muito bem os cancelar.

Marcos ficou irritado e começou a levantar o tom de voz.

̶ Não podes fazer isso, não te esqueças que somos casados e tenho direito a metade de tudo.

̶ Aié! Tens a certeza? Metade das minhas coisas?

̶ Estamos casados há mais de 6 anos... não me faças ir ao Tribunal Manú.


̶ Pode ir meu bem. Na verdade, já estava cansada de dormir na mesma cama contigo... um traidor e
"gigolô".

̶ Manuela, não me ofendas... Vais te arrepender.

̶ Quem vai se arrepender é você por ter me feito de doida.

Manuela abriu a gaveta e pegou todas as fotos e conversas que tinha roubado do celular de Marcos e
imprimiu em folhas A4.

Jogou tudo na cara de Marcos e ainda deixou um recado.

̶ Quero-te fora da minha casa ainda hoje ou chamo a polícia. Quando eu voltar não quero nenhum
trapo teu... e é melhor não esperares nenhum centavo vindo de mim, porque tenho o extrato bancário
e vi todas as tuas transações para as contas das tuas amantes, a tua parte já gastaste.

Adeus Marcos e até nunca!

Manuela saiu e foi embora. Marcos ficou sem chão. Na sua conta móvel tinha apenas 10 mil meticais
e para começar do zero esse valor não servia para nada.

Realmente estava de mãos atadas, sem solução e nem para onde recorrer porque há tempos
desprezava toda a família e há anos que não mantinha contacto com ninguém. Resumindo, estava
sozinho.

Ana acordou por volta das 9 horas naquele dia. Entrou no Whatsapp, como sempre fazia quando
acordava e lá estava mais uma mensagem do ameaçador dando o endereço de onde deviam se
encontrar.

O endereço era de uma Pensão na cidade de Maputo.

_"É melhor eu ir e acabar com tudo isso de uma vez por todas!"_ ̶ pensou Ana.

O encontro estava marcado para as 12 horas e Ana foi bem pontual, queria mesmo acabar com
aquele assunto.
Chegando lá mandou uma mensagem para o número informado que já estava no local. Logo de
seguida entra uma mensagem do mesmo número.

_"Suba até ao Quarto 34, estou aqui te esperando."_

Ana subiu e entrou no quarto... Para a sua surpresa a pessoa que havia tirado aquela foto era apenas
um rapaz bem jovem, dos seus 18 anos de idade que também morava no prédio... Seu nome era
Rodrigo e sempre se cruzava com Ana nas escadas.

̶ Rodrigo, você fez isso ?

̶ Olá Ana, na verdade eu nem achava que ia dar certo. Naquele dia sua porta não estava bem fechada
e pensei que alguma tivesse acontecido... quando vi, você estava em cima daquele senhor. Filmei
tudo!

̶ Mas por que fez isso?

̶ No início era só para te apreciar melhor. Mas agora, acho que vou poder tocar em ti. Agora chega
de papo e vamos a isso antes que mude de Ideias.

Ana com lágrimas nos olhos se despiu e cumpriu com o combinado. O rapaz era ainda bem jovem e
com "muita força", foi quase uma hora de prazer para o jovem e de pesadelo para Ana.

No final entregou o celular a ela para que ela mesma apagasse e tivesse a certeza de que não haveria
mais chantagem.

̶ Ana, sempre sonhei com esse momento. Sempre que te via descer ou subir as escadas eu ficava
molhado...

̶ Tens a certeza que não existe mais nenhuma foto ou vídeo?

̶ Tenho sim... Eu cumpro com a minha palavra...

Ana se levantou, vestiu-se e foi embora.


̶ Tchau "gostosa"!

Foi uma experiência bem péssima para Ana. Ela não ia esquecer nunca aquele episódio.

Pouco depois de ela ter chegado à casa, Nelson lhe envia uma mensagem...

Era um texto bem enorme que escreveu e no final anexou as fotos e vídeo que Rodrigo fez...

Ana ficou sem chão... com medo e ao mesmo tempo furiosa. Pegou no celular e ligou para Rodrigo
que atendeu na hora.

̶ Já está com saudades?

̶ Vai à merda, você é um estúpido, qual foi o combinado?

̶ O combinado foi de não publicar na Internet e antes de você apagar, enviei para o teu marido. Ele
precisava ver a pessoa que és.

Ana desligou a chamada e bloqueou o número....

Pouco tempo depois entra a chamada de Nelson... O coração de Ana quase saía pela boca.

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 27_
Ana desligou a chamada e bloqueou o número...

Pouco depois entra a chamada de Nelson. O coração de Ana quase saia pela boca.

Estava até com receio de atender. Na verdade ela não sabia o que dizer. O celular parou de tocar
(uma chamada perdida)

Nelson insiste e liga novamente. Desta vez Ana ganhou coragem e atendeu.

_- Olá Nelson. Tudo bem?_

_-Tudo bem? É isso mesmo que querias perguntar? Não sejas cínica._

_-Nelson tu me ligaste para quê?_

_-Como assim para quê? Tu tiveste coragem de me trair e ainda por cima me abandonaste me
fazendo sentir culpado!_

_- Querias que eu fizesse o quê Nelson ? Você nunca foi o bastante para mim. Eu sou muito mais do
que você pode aguentar. No início até estava bom porque eu gostava de ti mas depois me percebi que
você não tem nada a oferecer. Você não me merecia moço._

_- Fiquei muito chocado com o que vi Ana. Na nossa casa, no sofá onde sentamos para conversar!
Como tiveste essa coragem?_

_-Você já viu tudo então o que mais quer que eu faça? Pedir desculpas?_

_- Não quero que faças nada. Só liguei mesmo para confirmar e está bem claro que nem
ressentimento tens. Seja feliz Ana, desejo tudo de bom para você._
_- Obrigada Nelson e nunca mais me ligue tá bem?_

_- Está bem. Irei ligar para sua mãe a informar que não estamos mais juntos... não te preocupes eu
não vou te rebaixar falando da merda que você fez, eles não merecem esse desgosto. Adeus Ana._

Ana achou que sendo fria estaria se defendendo mas pelo contrário, só conseguiu o desprezo de
Nelson.

De certa forma Nelson foi muito bondoso ao não contar a família de Ana o que realmente aconteceu.

Enquanto isso, Marcos arrumava suas coisas para ir embora. Sem lugar para ir o único lugar que lhe
restava era a flat que havia alugado para Ana.

Algum tempo depois Ana volta para casa e se surpreende com vendo Marcos lá com todas as suas
malas.

_- Marcos, o que se passa. Que malas são essas?_

_- Decidi sair de casa...as coisas já não estavam bem por lá._

_- Isso é sério Marcos?_

_- É sério sim. Deixei ela com a casa porque não quero que me incomode mais. Eu quero ficar aqui
com você, como eu prometi._

Ana toda iludida correu e abraçou Marcos e deu uns beijos...

_- Eu te amo Marcos... você é só meu agora._

_- Claro que sou._

Durante a tarde Nelson estava no seu bar trabalhando quando de repente vários carros de luxo
estacionam no seu pátio.
Era Manuela com sua enorme lista de amigas... chiques e bem produzidas.

_- Olá Nelson! Trouxe minhas amigas para conhecerem o seu bar, que, dentro em breve vai ser o
nosso ponto de encontro._

Nelson foi pego de surpresa porque quase não tinha stock e era um grande número de amigas que
Manuela trouxe.

_- Manuela, muito obrigado pela força, mas há um problema...acho que não tenho stock suficiente._

_- Isso não é problema, vamos sair para comprar algumas coisas._

Nelson concordou porque realmente precisava.

Manuela se despediu das amigas prometendo não levar muito tempo.

Nelson que já tinha um ajudante, deixou algumas recomendações e saiu com Manuela.

Não levaram muito tempo e alguns minutos depois já estavam de volta.

Nelson alí ocupado com as compras, carregando de um lado para o outro percebeu que havia um
movimento estranho.

Aquela "comitiva" toda que Manuela trouxe tinha um propósito...

Manuela havia feito uma surpresa para Nelson.

_- Nelson, vem cá._

Nelson acanhado se aproximou.

Manuela se aproximou dele e olhou fixamente nos olhos do jovem.

_- Nelson aceitas namorar comigo?_


Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 28_

Nelson acanhado se aproximou.

Manuela aproximou-se dele e olhou fixamente nos olhos do jovem.

̶ Nelson, aceitas namorar comigo?

Nelson foi pego de surpresa, não estava preparado para responder aquela pergunta mas bem lá no
fundo ele queria sim.

Para não fazer feio e nem magoar Manuela em frente às amigas, Nelson aceitou o pedido.

̶ Sim Manuela, aceito.

Uma garrafa de Champanhe foi aberta na hora e gritos de alegria e aplausos das amigas se ouviam
bem alto.

Nelson gostava de Manuela, ela conquistou aos poucos o seu coração com sua atenção, carinho que
demonstrava e acima de tudo, respeito... porque antes de fazer o pedido ela nunca tinha ultrapassado
a barreira do "Friend zone".

Mas também tinha outra vertente... Nelson ainda amava Ana, por mais pouco que fosse, amava.

A comemoração naquele dia foi bem grande... carne assada, bebidas e música.
As meninas que vieram com Manuela chamaram seus parceiros e por sua vez, os parceiros
chamaram outros amigos que também chamaram suas parceiras...

Estava realmente muito lotado, que até nem espaço para sentar havia.

Eram mais de 90 pessoas contando com os clientes habituais de Nelson. Naquele dia Nelson vendeu
como nunca.

Já ia escurecendo pouco a pouco, para além dos clientes habituais de Nelson todos estavam alí por
meio de um convite... ninguém sabia de quem era o espaço e nem porquê estavam ali.

Isso é bem normal para nós moçambicanos, onde há bebida e carne, estamos lá... não importa se é
festa ou funeral.

Até que um dos convidados corajoso e extrovertido perguntou.

_"A quem pertence este barzinho? E por que estamos aqui?"_

Manuela levantou e respondeu segurando a mão de Nelson.

̶ É do meu namorado. Por quê?

_"Gostei do local, é bem discreto e tem muito espaço, podemos estacionar os carros numa boa e
ainda por cima é seguro."_

Todos concordaram e num tom de brincadeira um dos jovens que estava em pé por falta de assentos
teve uma ideia e a expôs.

_"Pessoal, vamos fazer uma vaquinha para ajudar o nosso "cunhado", assim aqui passará a ser o
nosso ponto de encontro."_

Por mais incrível que pareça todos concordaram... Manuela correu para dentro do bar e foi buscar um
balde que usavam para conservar água... despejou o conteúdo e limpou-o deixando bem sequinho.
Levou para onde todos estavam reunidos e o inesperado aconteceu.
Notas de 1000,00MT, 500,00MT, 200,00MT foram lançadas para dentro daquele balde. Até os
clientes de Nelson se sensibilizaram e também participaram da vaquinha...

Só para ter noção, há quem atirou mais de 2000,00MT... também a Manuela andava com uma
"gangue" bem organizada.

No final Manuela fechou o balde com uma tampa e foi deixá-lo no carro, voltou e entregou as chaves
ao Nelson.

A festa continuou até que chegou a hora de fechar... todos se dispersaram e Manuela acompanhou
Nelson para casa.

Chegando ao prédio de Nelson, Manuela queria seguir para casa logo de imediato, mas Nelson não
deixou.

̶ Manuela, não podes conduzir por mais tempo, não estás em condições, além do mais preciso que
me ajudes com as contas.

Subiram, fizeram um banho (um de cada vez)...foram à sala para fazer as contas.

Para a surpresa deles a vaquinha tinha superado todas as espectativas.... dentro do balde havia mais
de 200 mil meticais.

Nelson chorou de emoção e abraçou Manuela.

̶ Muito obrigado Manuela. Tudo isso é graças a ti.

̶ Não não. Tudo isso é graças a si. Você começou tudo me ajudando com o pneu.... lembra!?

Nelson a abraçou e deu um beijo nela... não um beijo qualquer, um daqueles.

Com os copinhos a surtirem efeito, o beijo já estava passando dos limites...


Blusa no chão, mão na coxa e cinturas coladas...

Estava mesmo ficando bem quente até que o telefone de Nelson toca.

Era a Ana...

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

_A Amante_

Capítulo 29

Estava mesmo ficando quente até que o telemóvel de Nelson toca.

"Era Ana".

Manuela ficou tão irritada com aquilo que não deixou Nelson atender, ela mesma pegou no
telemóvel e atendeu.

̶ Boa noite!

̶ Boa noite moça, podes entregar o telemóvel ao Nelson?

̶ E por que faria isso?

̶ Porque sou a mulher dele.


̶ Não é não.... era. Pode falar comigo que dou o recado!

̶ Prefiro falar com ele, será que podes fazer o favor de o chamar?

Manuela colocou a chamada em "viva voz".

̶ Já podes falar, ele está a ouvir.

̶ Nelson, queria dizer que hoje estive aí mas não consegui entrar, a chave que tenho não aceita
mais... trocaste a fechadura?

̶ Não fui eu. Foi a minha namorada que trocou e pelos vistos fez muito bem. O que queria?

̶ Vinha buscar algumas roupas.

̶ Já está tudo arrumado. Amanhã passo da casa da tua avó e deixo lá.

̶ Gostaria de vir pegar pessoalmente, assim podemos conversar um pouco.

̶ Já não temos nada para conversar. Adeus!

Manuela pegou o telemóvel de volta e desligou a chamada. Naquela noite já não havia mais clima
para nada... apenas continuaram conversando e foram dormir.

Algum tempo se passou, Marcos já estava sem nenhum centavo.

As coisas começavam a ficar feias para eles, até falta de comida já se notava.

Marcos não tinha outra alternativa senão vender o carro. Dito e feito, assim foi.
Por estar aflito, seus amigos que sabiam bem disso se aproveitaram e compraram o carro a preço de
banana, mas não havia escolha. Eles estavam mesmo a precisar do dinheiro, pois até a renda da flat
já estava atrasada.

O valor que conseguiram dava para aguentar por algum tempo mas depois disso voltariam à estaca
Zero.

O barzinho de Nelson estava sofrendo às reformas, com a ajuda de Manuela e com o valor
arrecadado na "vaquinha" o resultado foi promissor.

Foram quase 3 meses, dando um toque aqui e outro alí... mexendo isto e aquilo para que tudo ficasse
nos trinques...

No dia da inauguração, tudo estava impecável. Novos funcionários haviam sido contratados, porque
o espaço era enorme e albergaria muita gente.

Música ao vivo e cantores da velha guarda faziam parte do cardápio, era o pontapé de saída rumo à
uma nova vida para Nelson.

Tudo correu bem e como esperado, e daquele dia em diante as coisas para Nelson só dependiam do
seu empenho.

Manuela esteve sempre do lado de Nelson, o apoiado e conselhando sempre que necessário. Nalgum
momento os dois pensaram em morar juntos, mas ninguém quis sair da sua casa para morar na do
outro, foi então que entraram num consenso... cada um arrendaria sua casa e juntos procurariam um
novo lugar para morar e assim foi.

Para Marcos e Ana as coisas só pioravam, já sem dinheiro nenhum, estavam quase sem comida.

Marcos recusava-se a trabalhar e sem escolha, Ana começou uma longa e dura busca por um
emprego, qualquer que fosse.

Meteu CV's em muitos sítios, mas nunca a chamavam. Mas em uma das suas caminhadas acabou
tendo sorte.
Conseguiu uma entrevista de emprego num restaurante de um português no centro da cidade. Foi
para lá bem produzida e confiante.

Até aí tudo bem... foi à entrevista e correu tudo bem, mas para ganhar o tal emprego e ter algumas
regalias, Ana tinha de agradar o "patrão".

Sr. João sem papas na língua deixou bem claro para Ana...

̶ Aninha, gostei muito de ti e para além de te dar um emprego, vou te dar um cargo mais
confortável, mas para tal tens de me agradar...e acho que sabes do que estou a falar.

Vou sair primeiro só para não dar nas vistas e me encontras no carro do outro lado da rua.

Ana estava precisando do emprego, mas também estava pensando seriamente na proposta... O Sr.
João era um homem já bem venhinho...

João saiu primeiro e foi entrar no seu carro, Ana continuou sentada na sua sala e uns 5 minutos
depois também se levantou e saiu.

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 30_

João saiu primeiro e foi entrar no seu carro, Ana continuou sentada na sua sala e uns 5 minutos
depois também se levantou e saiu.

Bem pensativa... Ela estava mesmo à "rasca", decidiu que não devia e saiu caminhando. A paragem
era bem em frente ao estabelecimento, então atravessou a estrada em direcção à paragem.
Chegou lá e mexeu na sua bolsa procurando pelo dinheiro de "Chapa", mas o valor não estava lá.

Ela estranhou aquele facto porque quando saiu de casa conferiu e o dinheiro era suficiente para ida e
volta, mas por mais incrível que pareça não achava o valor.

Ficou mesmo sem opção... Olhou para os lados para ver se pedia alguém mas infelizmente estava
sozinha na paragem, tentou pedir boleia mas ninguém parava.

Então no seu ponto de vista aquilo era um sinal de que devia aceitar a proposta.

Quando olhou em direcção ao estabelecimento, percebeu que João ainda estava lá.

Esperando até que ela se fosse embora... só assim ele se convenceria de que realmente recusou a
proposta.

Atravessou a estrada e foi lá ter com o Sr. João.

̶ Sr. João, a proposta ainda está em pé?

João com um sorriso no rosto respondeu...

̶ Sim, está. Entre no carro e vamos acabar logo com isso.

Ana entrou sem pensar duas vezes e o carro arrancou.

Foram para uma pensão onde senhor João já era bem conhecido pelos funcionários

_"E ai senhor João, o quarto de sempre?"_

̶ Sim rapaz, e nos traga algo para comer e beber.


Foram ao quarto e pouco depois o funcionário trouxe o pedido do João.

Ana nem conseguiu disfarçar que estava esfomeada, pois nos últimos dias mal se alimemtava.

̶ Coma filha, vais precisar das vitaminas...

Depois de Ana ter se alimentado como uma égua, João a despiu, colocou um comprimido no seu
copo, tomou e fechou as janelas.

Ficaram naquele quarto por cerca de 2 horas de tempo.

Finalmente saíram, Ana estava com um ar exausto e João com um largo sorriso no rosto.

Entraram no carro e João a deixou numa paragem próxima e deu-lhe 1000,00Mt para transporte.

Ao descer na sua paragem, Ana usou aquele valor para comprar algo digno para o jantar, pois
Marcos não se mexia em momento algum para trazer sustento à casa.

Não queria trabalhar e quando acertava alguma "bolada", todo o dinheiro acabava nos copos.

Aquele dia passou, já no dia seguinte Ana começou a trabalhar, o cargo dela era um pouco
privilegiado como João havia prometido.

No final do dia quando já estavam fechando, João se aproximou de Ana, falou bem baixinho:

̶ Queres ganhar aquele dinheirinho?

Ana não só queria, como também precisava do dinheiro e aceitou na hora.

Por muito tempo a rotina foi aquela... trabalhava e recebia um salário fixo razoável, mas sempre que
João precisava de um serviço ela estava à disposição, ganhando um extra.
Chegou uma altura em que João a recomendou a alguns amigos... Inicialmente Ana até recusava,
mas chegou uma altura em que acabou aceitando.

E a rotina foi sendo essa. Casa - trabalho - serviço extra.

Até que aos poucos Ana foi notando uma perda de peso, mas não deu muita atenção.

Mais algum tempo foi passando e ela foi tendo sintomas estranhos, como dores de cabeça constantes,
náuseas e nalgumas vezes calafrios e diarreias.

Mas mesmo assim se recusava a ir ao hospital, até que um dia acabou caindo na porta do seu prédio.

Marcos foi chamado e a levou ao hospital... lá vários exames e alguns tratamentos para a estabilizar
foram feitos.

Algumas horas depois do check up, o Doutor que a atendeu saiu com o resultado.

̶ O senhor é o marido dela?

̶ Sim senhor.

̶ A notícia que tenho é bem grave e desagradável.

̶ Pode falar Doutor, estamos prontos.

A cara do médico era de lamentação, dava para ver que boa coisa não era.

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*


```A Amante```

_Capítulo 31_

_- Pode falar doutor estamos prontos._

A cara do médico era de lamentação, dava para ver que boa coisa não era...

_- Lamento informar mas a senhora está com sérios problemas.... a senhora tem cancro de mama de
estágio 4. A situação já está crítica e se não houver uma intervenção rápida a senhora pode até
morrer.

Ana ficou assustada com aquela notícia... Marcos também ficou mas tentou se esforçar para não
demonstrar fraqueza.

Deu um abraço na sua esposa e tentou a acalmar.

_- Vai ficar tudo bem meu amor... Eu estarei sempre do seu lado para te apoiar._

Ana não parava de chorar.. estava desesperada... também não era para menos, a doença era mesmo
grave.

_ -Doutor, qual é a solução para esse problema... qual é o passo que devemos seguir agora?_

_- Sendo que o caso já está avançado a única opção que nos resta é retirar o seio afectado para que
não se alastre para outras partes do corpo._

Cada vez que o médico falava Ana só chorava cada vez mais. Não conseguia suportar a ideia de ficar
"incompleta".

_- Eu não quero Marcos... Eu não quero retirar nada._

_- Mas meu amor, se não fizermos isso você pode até perder a vida... tenha coragem um seio não vai
mudar nada. Você vai continuar sendo a Ana que eu amo._
Marcos conversou com Ana até que conseguiu a convencer.

Conversaram com o médico e ele explicou tudo. Marcaram as consultas para a posterior operação.

Até então Nelson não sabia de nada. Continuava no seu canto trabalhando e vivendo o seu romance
feliz da vida ao lado de Manuela.

Após fazerem as consultas que o médico recomendou, a cotação para a cirurgia de Ana era muito
elevada...

Marcos não tinha ninguém a quem recorrer então ligou para os pais de Ana.

Estes fixaram apavorados com a notícia. A mãe de Ana tratou de ir de imediato para a casa da sua
filha a fim de cuidar dela.

Ana já estava a muitos meses sem falar com seus pais mas amor de mãe perdoa tudo, dona Bete
esqueceu todo o desprezo de sua filha e foi lá correndo para cuidar da sua princesa.

O caso de Ana estava se tornando cada vez mais complicado, a cada dia ela só piorava. Para cerca de
100 mil que precisavam para a cirurgia a família do havia conseguido apenas 45 mil.

Não havia mais ninguém a quem pudessem recorrer. Marcos realmente amava muito Ana de todo o
seu coração então engoliu o orgulho e sabendo que Nelson estava numa situação financeira muito
melhor decidiu procurar por ele para pedir ajuda.

Foi então quando foi ao seu bar que na altura já era um dos melhores da cidade de Maputo,
frequentado por pessoas de elite.

Meio envergonhado se aproximou e foi atendido por um funcionário. Pediu para falar com Nelson e
o funcionário foi chama-lo.

Nelson saiu e se surpreendeu com quem estava o esperando.


_- Boa tarde como está?_

_- Estou atordoado! E tu?_

_- Estou bem. Como posso lhe ajudar?_

Marcos não sabia como ou por onde começar,realmente era muito constrangedor para ele, depois de
tudo que aprontou para Nelson...

_- Nelson, eu estou desesperado._

_- Como assim? Porquê?_

_- É a Ana. Ela está muito doente, e se não agirmos agora ela pode até morrer. Ela está com cancro
de mama.

Nelson se assustou com a notícia e também ficou bem preocupado. Mas ainda estava muito magoado
e com raiva dos dois.

_- Sinto muito por vocês._

_- Nelson eu sei que nos te fizemos muito mal. Eu menti dizendo que era tio dela e você me recebeu
bem em sua casa. Realmente é imperdoável o que lhe fizemos mas pense bem, é a vida dela que está
em risco... estou aqui para pedir ajuda._

_- Que tipo de ajuda?_

_- Precisamos de 55mil. Por favor nos ajude, faça isso pelo amor que alguma vez sentiu por ela..._

Nelson ainda estava possuído pela raiva por tudo que o haviam feito.
_- Como você tem coragem de vir aqui e falar de amor depois de tudo Marcos. Vocês me colocaram
na desgraça. Eu quase me suicidei por causa de tudo isso e agora vens me falar de amor?_

_- Nelson a vida dela esta em risco._

Nelson se levantou olhou bem para Marcos e disse:

_"TALVEZ SEJA DEUS A CASTIGANDO"._

Virou e foi para dentro do bar.

Marcos todo cabisbaixo levantou e já estava saindo quando Nelson o mandou parar.

_- Marcos espera aí..._

Marcos parou estava olhou para trás.

_- Eu sou um ser humano e por mim eu daria o valor agora mesmo porque a vida não tem preço...
hoje estou bem mas amanhã posso estar na desgraça e doente... só que não posso dar-te o dinheiro
agora, tenho de falar com a Manuela primeiro. Se ela aceitar eu pago, mas caso não eu não vou poder
ajudar. Não posso fazer nada pelas suas costas então se vai ter ou não a minha ajuda, depende do que
ela lá decidir._

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*

```A Amante```

_Capítulo 32_

*Últimos capítulos*
̶ Sou um ser humano e por mim daria o valor agora mesmo, porque a vida não tem preço... hoje
estou bem, mas amanhã posso estar na desgraça e doente... só que não te posso dar o dinheiro agora,
tenho de falar com a Manuela primeiro. Se ela aceitar pago, mas caso não, não vou poder ajudar. Não
posso fazer nada pelas suas costas, então se vai ou não ter a minha ajuda, depende do que ela decidir.

Marcos ficou um pouco aliviado porque pelo menos tinha alguma esperança de poder pagar a
operação de Ana.

Agradeceu a Nelson por pelo menos tentar o ajudar e se despediu. Depois daquela notícia, Nelson
não passou bem pelo restante do dia.

Por muito tempo desejou o pior para Ana e Marcos, mas foi num momento de raiva. Agora que
realmente eles estavam a passar por maus bocados, não se sentiu nada bem com isso.

Já sabendo de toda a rotina de Manuela, esperou por um momento em que estivesse menos ocupada e
a ligou para contar sobre a visita de Marcos.

̶ Olá meu amor, como está?

̶ Estou bem meu fofo e você, como esta?

̶ Não muito bem, o Marcos esteve aqui hoje.

̶ Como assim? O que aconteceu? O que queria?

̶ Veio pedir ajuda financeira. Ana está morrendo e precisa de uma cirurgia urgente se não, a situação
dela pode ser inevitável.

̶ Essa história não me cheira nada bem... falamos mais tarde quando eu chegar aí.

Naquele momento mudaram de assunto e continuaram por mais um tempo conversando.

Depois do serviço, Manuela passou do bar a fim de conversar com Nelson acerca do que haviam
falado de tarde.
Sentou-se e Nelson contou tudo, do jeitinho que Marcos o tinha contado. Inicialmente Manuela ficou
um pouco desconfiada.

Mas conhecendo bem o Marcos e sabendo das toneladas de orgulho que carrega, percebeu que se foi
falar com Nelson depois de todo o sucedido é porque a situação estava mesmo grave.

Então, fazendo o uso do seu bom coração, Manuela concordou com a ajuda... Nelson a agradeceu e
deu-lhe um beijo.

No dia seguinte, Nelson ligou para Ana. Esta não tinha forças nem para atender, então sua mãe
atendeu.

̶ Olá meu filho, como está? A Ana não está em condições de atender.

̶ Pelos vistos a situação não está nada boa. Sinto muito mãe.

̶ Com a graça de Deus irá melhorar.

̶ Que assim seja! Mãe, liguei para informar que podem contar comigo quanto ao valor que faltar
para a cirurgia.

Dona Bete não conseguiu conter sua emoção, chorou de alegria e não parava de agradecer ao Nelson
pela sua bondade.

̶ Muito obrigada meu filho, que Deus lhe pague por isso! Já não tínhamos onde recorrer. Muito
obrigada mesmo!

Depois de algum tempinho de conversa, Nelson terminou a chamada e transferiu o valor combinado.

Tendo o valor completo não levou muito tempo para a tratar os processos cirúrgicos... já estavam
prontos...não tardou e operação logo foi marcada.

Foi uma cirurgia complicada, porque já era um estágio bem avançado.


Marcos e a família de Ana torciam do lado de fora para que tudo desse certo.

Felizmente a cirurgia foi bem sucedida... O médico saiu todo feliz da sala para dar a notícia.

̶ Senhores, a cirurgia foi bem sucedida, agora só ficamos com mais um problema, mas esse é bem
menos preocupante. Vocês têm de reduzir um pouco a medicação que ela vem tomando, para não lhe
causar outros problemas.

̶ Que medicação Doutor?Ela não vem tomando nada.

̶ Como assim? não tem tomando nada!? Quer dizer que o senhor não sabe do que estou a falar?

̶ Claro que não Doutor.

̶ A Ana tem HIV e SIDA. Desculpe, mas não informei antes porque pensei que era do vosso
conhecimento.

Marcos perdeu o chão. Não conseguia acreditar que algo assim estava acontecendo.

Sendo que Ana estava contaminada, e ele seu parceiro, obviamente também poderia estar
contaminado.

Naquele exacto momento Marcos solicitou um teste de HIV para poder tirar as dúvidas. Um teste
rápido foi feito e confirmou o que ele mais temia.

Marcos também tinha HIV... agora a pegunta é, quem foi que contaminou o outro?

Continua...

*Escrito por Edson Almirante*


```A AMANTE ```

_Capítulo Final_

Marcos também tinha HIV...

Agora, a pergunta é, quem foi que contaminou o outro?

Essa é uma pergunta difícil de responder, pois os dois eram irresponsáveis. Envolviam-se com
pessoas diferentes e algumas vezes até sem proteção.

A vida dos dois estava completamente mudada para sempre. Ana ainda não sabia da sua outra
doença, então o médico pediu para que ninguém a contasse por enquanto, pelo menos até que ela se
recuperasse. Quanto a medicação de tratamento do vírus, seria feita em simultâneo com medicação
para a recuperação da cirurgia (para que assim ela não percebesse).

Algum tempo depois Ana recebeu alta, foi se recuperando aos poucos...

Marcos já não era o mesmo, o brilho no seu olhar havia se apagado.

O humor que sempre teve havia sido engolido pela mágoa e culpa, pois ele se culpava por tudo
aquilo (não sabia da outra vida que Ana levava).

O peso de consciência era naquele momento o seu maior fardo.

Aos poucos Ana foi se recuperando. Sua família preferiu ficar com ela, levando-a para à casa da avó
Cacilda, pois Marcos também não estava bem e estando mais perto, seria melhor e bem cuidada.

O tempo foi passando e Ana foi ficando cada vez melhor, já estava digerindo o facto de viver com
um peito a menos.

Alda que estava há um tempo sumida, voltou de sua viagem à China e no dia seguinte após sua
chegada foi ao "Barzinho" de Nelson e se surpreendeu com a evolução que teve...

Da sua viagem trouxe muitos presentes para Nelson, que despertaram ciúmes de Manuela que estava
lá naquele momento.
Mas como Alda e Nelson já haviam conversado antes, a moça recém chegada da China tratou de
acalmar a ira de Manuela explicando que eram apenas amigos.

Alda convidou Manuela para se sentar à sua mesa e Manuela não se recusou. Conversaram bastante e
alí começou uma amizade.

Nelson também se juntou à mesa e contou como havia conhecido Alda e o quão importante foi para
ele superar tudo que passou.

Até então Nelson já havia pago toda a dívida que tinha com o pai de Alda, já estava morando numa
outra casa com Manuela, já tinha sua própria viatura e a vida estava sorrindo para si.

A recuperação de Ana já estava quase no fim, e aos poucos já reduzia a medicação, não deixando
outra alternativa à sua família a não ser que lhe contassem a verdade.

Seus pais não sabiam como lhe contar algo tão grave, temiam pela sua reação, e, ao mesmo tempo,
culpavam Marcos por tudo aquilo.

Mas a verdade é que Ana escondia bem a sua outra vida e talvez a culpa não fosse de Marcos, mas
sim dela.

Mesmo sendo difícil, não lhes restava outra alternativa, tinham de lhe contar tudo.

No tal dia seus pais estavam presentes, Marcos e avó Cacilda também.

Avó Cacilda foi quem teve coragem para explicar tudo... usou palavras sábias e delicadas.

Para a surpresa de todos Ana não se alterou, apenas ouviu tudo o que Cacilda falou e algumas
lágrimas caíram dos seus olhos.

Na verdade o motivo da reação é que ela sabia o tipo de vida que levava. Sabia sobre os riscos que
corria fazendo tudo aquilo, e como Marcos, também se culpava pensando que teria sido ela quem
contaminou o seu parceiro.

Essa era uma dúvida que nunca seria esclarecida. Ana continuou com a medicação e foi levando uma
vida mais regrada.
Na rua as pessoas continuavam olhando para si, mas agora era um olhar de pena e não de desejo
como era antes. Ela havia perdido peso, aquele corpo lindo que fazia os homens perderem a linha já
se tinha ido embora, aquele sorriso escaldante estava morto, aquela Ana sensível e ingénua foi
mutilada pela vida.

Nelson se casou com Manuela e tiveram lindos filhos, os primeiros dos dois.

Alda ficou muito amiga do casal e não mais se envolveu com Nelson, pois este estava feliz na sua
relação e não queria que nada estragasse. Alda foi inclusive convidada para ser a madrinha dos filhos
do casal.

Dona Bete e senhor José ficaram decepcionados com sua filha, mas em contrapartida Deus lhes deu
uma bênção, um dos seus filhos estudou bastante e se tornou presidente de um município.

A pobre Ana foi tomada pela depressão, parou de tomar a medicação e acabou falecendo um ano
depois da cirurgia..

Marcos tornou-se um estúpido distribuindo o vírus para tudo quanto é canto.

Essa é a história de Ana, jovem com todo o futuro em suas mãos mas o desperdiçou. Optou por
caminhos mais fáceis, foi iludida pelo seu corpo e enganada pelas notas.

Essa é a história de muitas manas e vai ser de muitas outras se não colocarem a mão na consciência.

É bom ter as coisas sem esforço, mas é melhor ainda quando as temos sabendo que foi graças ao
nosso esforço.

O corpo da mulher não é nenhum museu, onde todos visitam quando querem ou podem. Se a mulher
não se valorizar primeiro, ninguém o fará.

Dinheiro não compra saúde, dinheiro não compra dignidade, dinheiro não compra carácter, dinheiro
não compra honestidade, mas pode tirar tudo isso.
Por outro lado, essa é a história de um jovem sonhador, um jovem com muito amor para dar, um
jovem que tinha tudo para dar errado, ser ladrão, drogado ou qualquer outra coisa. Mas decidiu
agarrar as oportunidades que a vida lhe trouxe e deu no que deu.

Muitos de nós sonhamos com vida boa mas não respeitamos os processos que essa caminhada
requer, a nossa vontade é pular todas as etapas e acordar no dia seguinte num bem bom.

Para uma boa colheita é necessário cultivar, plantar, regar, pulverizar e só depois vem a colheita.

Saiba perder para ganhar, saiba cair para se levantar, saiba gatinhar para poder aprender a andar e um
dia correr. Saiba se afogar para valorizar o ar que você respira.

Valorize a vida e tudo o que tem... Deus te trouxe a esse mundo por algum motivo!

*Fim*

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*Escritor*- Edson Almirante

*Editores*- Edelshina Chongo & Sharmila Argélia

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