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Crise fiscal & Conjuntura Recessiva
• Falência de alguns governos estaduais e cidades (com atrasos contínuos de pagamentos até de
salários) é simbólico da crise que assola o setor público brasileiro.
• Nova onda de endividamento estadual na virada da década, suportada (com garantias e até
financiamentos) pelo governo federal, disparou essa crise, agravada pela deterioração das receitas,
motivada pela recessão e quebra estrutural da carga tributária (como ICMS obsoleto).
• Análise das contas públicas revelam, porém, que a deterioração fiscal foi muito mais acentuada e
rápida no governo central, porém, como ele sempre pôde emitir (livremente) títulos, sua
deterioração foi menos perceptível, inclusive pela sociedade.
• Déficit atuarial do regime próprio de servidores federais é mais grave até do que estados
considerados falidos.
• Déficit primário se tornou também corrente e governo federal não consegue sequer cumprir
regra de ouro (dependente de resultados do Banco Central e retorno de crédito para BNDES),
enquanto maioria dos estado até cumpre.
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Dívida Bruta do Governo Geral
Dívida Bruta do Governo Geral
Em % do PIB
77,2%
75,0%
69,9%
65,5%
59,2%
56,7% 56,0% 56,3%
55,5%
53,7%
51,8% 51,3% 51,5%
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017E
2018E
Fonte: Bacen e IBRE.
Dívida Líquida do Setor Público
1,0%
0,0%
-1,0%
-2,0%
-0,6% -1,9%
-3,0%
-2,2%
-2,4%
-4,0% -2,5%
-5,0%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017E 2018E
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Brasil, federação descentralizada
• State governments rely on own revenues
more than on federal transfers
• States of North and Northeast are more
dependent on inter-governmental transfers
• Municipalities are substantially dependent
on inter-governmental transfers
• There is substantial overlap of spending
responsibilities in the main functions of
government (e.g. education, healthcare,
social assistance)
• The federal level exercises significant
regulatory power in a number of areas of
state and local responsibility, and in doing so
imparts substantial rigidities on subnational
spending
Source: OECD/UCLG (2016), Subnational Governments around the world: Structure and finance
Fonte: Leonardo Ribeiro 8
Cada vez mais competitivo/menos cooperativo
• O federalismo brasileiro não é cooperativo mas cada vez mais competitivo.
• Ainda que seja uma federação constituída de cima para baixo, o governo central não assume
funções de coordenação e planejamento nas relações com e entre governos. Não há sequer um
órgão formalmente encarregado dessa consertação: imperam negociações governo a governo.
Mas justamente essa competência tem sido ignorada há décadas pelos estados, que sempre
concederam incentivos de forma indireta, mesmo depois que a Suprema Corte julgou
inconstitucionais alguns programas – guerra fiscal do ICMS.
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Participação Subnacional na Receita Tributária
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Impostos versus Contribuições
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Divisão federativa da receita tributária
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Crise estadual (mais que federativa)
Na divisão federativa das receitas
tributárias, os governos intermediários
(estados) perderam participação relativa,
em uma perspectiva histórica.
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Divisão Federativa da Receita Tributária
Entre 1960 e 2015, os estados
perderam 4,5 pontos de participação
(saíram de 34,1% para 25% da receita
nacional), enquanto os municípios
ganharam 2,5 pontos (se tornaram o
elemento crescente e dinâmico da
federação) e a União outros 2 pontos.
Se os desafios são tantos, complexos e imensos, para cada estado, na verdade, caberia uma visão estratégica maior de
reconhecer que são comuns e, por mais desigual que seja o país, carece de união para serem equacionados.
Um ponto de partida ideal seria os estados firmarem pacto para criação de uma instância própria e específica para promover
uma articulação de interesses e integração de política e ações. Essa iniciativa que poderia (ou até deveria) prescindir do apoio
do governo federal.
Seria fundamental o suporte do governo federal, inclusive em caráter técnico e financeiro, talvez contando com organismos
multilaterais.
Órgãos do Executivo ou do Legislativo nacional poderiam disponibilizar espaço físico e ceder servidores para concretizar
algumas iniciativas.
Os investimentos necessários são ínfimos e o mais importante é a boa vontade política e administrativa dos Governadores e
de seus governos. A firme e efetiva adesão aos ideais e ideias contam mais que os custos financeiros, certamente marginais
para levar à frente tais iniciativas.
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ICMS obsoleto
O imposto que mais arrecada no
Brasil está ficando obsoleto. Ele
incide apenas sobre mercadorias
em uma economia que é cada vez
baseada em serviços.
É um imposto de competência
estadual, logo, sua obsolescência
contamina também o equilíbrio
federativo, revelando a face mais
marcante da inegável e profunda
crise desse nível de governo.
Fontes primárias: Afonso e Castro (2016), STN, RFB, CEF e IBGE. Elaboração própria.
ICMS falido
• A melhor expressão de sua decadência pode ser traduzida em números: a comparação entre o quanto
arrecadava quando foi criado e o quanto arrecada atualmente é a síntese de sua inépcia como fonte de
recursos
• A antiga versão do ICMS , que era menos abrangente e tinha uma alíquota genérica de 17%, arrecadou em
1968 o equivalente a 7,28% do PIB, e gerou sozinho 31% da carga tributária bruta global.
• Ampliado pela Constituição de 1988 com novas, sólidas e crescentes bases de cálculo (combustíveis, energia
elétrica e telecomunicações) e submetido a alíquotas internas diversificadas e muito maiores (de até 25% ou
30%), o ICMS arrecadou em 2015 o equivalente a 6,64% do PIB, e mal respondeu por 20% da mesma carga
nacional.
• Mais de quatro décadas depois de criado, com base mais ampla e maiores alíquotas, o ICMS arrecada
relativamente menos na economia brasileira. Essa evolução contribuiu sensivelmente para uma trajetória de
desequilíbrio no federalismo fiscal brasileiro: o peso relativo dos estados na divisão da receita tributária
nacional passou a ser cada vez menos relevante
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ICMS - Guerra fiscal entre estados (race to the bottom)
Apesar da crise
financeira generalizada,
com falência de alguns
estados, e decisões
judiciais contrárias, foi
mantida e intensificada
a concessão irregular de
incentivos fiscais.
Encargos
trabalhistas
(campeão mundial
na tributação de
altos salários)
Fonte: UHY
Destruição do emprego: acima do teto previdenciário
Destruição rápida e
intensa do emprego
privado e de alta
renda, e quebra do
subsídio cruzado da
Previdência Social....
Simultâneo à
proliferação de
firmas individuais,
sem ou com raros
funcionários
(pejotização).
Transfiguração (crescente) de trabalho em capital
Consolidação DIRPF 2015 – Ano-base 2014
A crise forçou
governos subnacionais
a aumentar esforço
fiscal, explorando mais
serviços (ISS),
substituição tributária
(ICMS) e outras
receitas (taxas,
impostos
patrimoniais).
Fonte: Afonso e Castro. 27
Elaboração Própria.
Carga Tributária Federal: queda pós-crise global
• Componentes residuais
de créditos.
• Grandes programas:
PNAFE/BID
PNAFEM/BID
PMAT/BNDES
• O Cadastros de imóveis com valor venal dos governos locais deveria ser compartilhado entre
governos: on line sem burocracia. Isso resolve Ir, itcd e execução fiscal de todos.
• Operações tributárias de fiscalização conjunta na aduana: a Receita Federal se isolou e não tem
efetivo para fiscalizar a aduana, poderia utilizar os estados em operação conjunta para a base de
tributação de ambas e para preenchimento da declaração de importação.
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Reformar: revisitar política tributária
Exportações
REINTEGRA – elevação imediata da alíquota (por decreto) e revisão do sistema;
COMPENSAÇÃO –
o Contribuintes: facultar pagamento de contribuição previdenciária;
o Estados: harmonizar estados e créditos para exportadores e investidores (art.91/ADCT);
SECURITIZAÇÃO – emissão de certificados registrados, longo prazo, mas negociáveis.
Investimentos
POUPANÇA – tratamento compatível com aplicação longa (não bitributar previdência complementar);
INVESTIMENTO FIXO – substituir guerra fiscal do ICMS por crédito compartilhado entre governo federal e
estaduais e prêmio ao esforço fiscal;
SIMPLES MM – simplificar com e-NF/SPED e modernizar cobrança (faturamento líquido).
Agenda debates tributários: Brasil fora de cenário
MUNDO BRASIL
• No âmbito do ICMS, a existência de 27 legislações é um complicador para contribuintes, que só aumenta o chamado “custo Brasil”.
Além disso, a prática de atração de investimentos por meio da concessão de benefícios fiscais indevidos (“guerra fiscal”), embora
eficaz até determinada época, tornou-se predatória e trouxe uma série de consequências danosas para a economia nacional, para
as finanças dos Estados e para os contribuintes.
• Destacam-se ainda a existência de diversos tributos cumulativos, que permite a incidência de tributo sobre tributo, assim como
falhas na apuração dos não-cumulativos, em especial pela dificuldade na utilização de créditos relativos às operações com bens e
serviços empregados, usados ou consumidos na atividade econômica, bem como na apropriação dos créditos relativos a bens e
direitos do ativo imobilizado e intangível.
• Na tributação da renda, as diferenças entre o imposto aplicado às pessoas físicas e às jurídicas, com significativas vantagens para as
últimas, têm gerado o fenômeno da “pejotização”, onde pessoas físicas se organizam como pessoas jurídicas com o objetivo de,
além de diminuir sua carga tributária, burlar a legislação previdenciária e trabalhista.
• O sistema tributário brasileiro impede o crescimento econômico, estabelece a concorrência predatória, obstrui o Poder Judiciário
com ações tributárias infindáveis, e ainda acaba por estimular a corrupção, a sonegação, a elisão, o subemprego e o déficit da
Previdência. Podemos perceber que existe a urgente necessidade de uma reforma tributária profunda como remédio inescapável
para ajudar o Brasil a retomar o crescimento. 40
Proposta em debate no Congresso
• O objetivo da proposta de reforma tributária é simplificar o sistema, em especial a tributação sobre o consumo e,
ao mesmo tempo, garantir que todos os entes federativos preservem, nos primeiros anos após a mudança, sua
arrecadação tributária, líquida de transferências, sem aumento de carga tributária.
• O sistema proposto é similar ao adotado pela maior parte dos países europeus, baseado em um imposto de renda,
um imposto sobre valor agregado incidente sobre bens e serviços e um imposto seletivo monofásico sobre itens
específicos.
• Diante das peculiaridades do sistema federativo nacional, o imposto de renda e o imposto seletivo ficariam na
esfera federal, e o imposto sobre valor agregado na estadual, mas com legislação unificada nacionalmente. O
resultado da tributação sobre a propriedade seria transferido, em sua quase totalidade, para a esfera municipal,
ainda que deixando a competência de cobrança de alguns deles com outros entes federativos por questão de
eficiência administrativa.
• Se busca, também, garantir que os entes federados partilhem suas arrecadações, para que todos participem do
sucesso da economia brasileira
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Para um rearranjo federativo
Algumas sugestões e recomendações de mudanças institucionais que tornassem mais eficientes
e eficazes as articulações dos Estados com o Congresso Nacional, sem contar os demais poderes.
Antes de equacionarem uma melhor articulação com outras esferas de governo e assim se adotar
uma boa coordenação na federação brasileira, os estados devem primeiramente resolver uma
questão interna à esfera intermediária de governo: é premente melhorarem a relação entre os
próprios, de modo que possam se unir institucional e nacionalmente, acima das questões
regionais, partidárias ou setoriais.
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EXO N ERA Ç Ã O D E RES PO N S A BILID A D E (DIS C LA IM ER)
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