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RELATÓRIO

CAFÉ FILOSÓFICO – BERNARD WILLIAMS:


FILOSOFIA COMO DISCIPLINA

O vídeo "Café Filosófico - Bernard Williams: Filosofia como Disciplina" oferece uma análise
profunda sobre as ideias do filósofo inglês Bernard Williams, com a curadoria do filósofo Eduardo Wolf,
e mediada pelos apresentadores Kiko Bertholini e Flávia dos Prazeres. Nele, o pensamento do autor
sobre a ética e a moral é apresentado como uma função que traz sentido ao ser humano, e que é
delegada à Filosofia, em contraposição às objetivações da Ciência.
Para Williams, sistemas têm importância fundamental e são essenciais para a vida humana,
por sua vez, estabelecer o que é moral e imoral, e como agir por meio dessas definições é uma tarefa
de difícil definição e compete à Filosofia o estudo como disciplina humanística.
Wolf apresenta a visão de Williams em que o papel da Ciência é algo objetivado, explicado de
fora do sistema, em um ambiente descrito como ele é, ele exemplifica a tarefa de um químico, que com
suas ferramentas é capaz de dizer qual é a estrutura da matéria, com uma fundamentação como de
lugar nenhum, alguém que está fora do sistema. Porém, a função da Filosofia consiste trazer
significados para a sociedade em questão, dentro de um sistema com uma realidade significante, e é
esta a atividade humanística da Filosofia, a única e a verdadeira responsável de encontrar sentido para
a vida e para a experiência humana, longe de descrições frias e impessoais da ciência.
A partir desse entendimento, o curador relaciona o mundo humano com o mundo objetivo, onde
o primeiro diz respeitos às nossas crenças, ideologias, vontades, costumes, culturas – que só a
Filosofia pode examinar – e do outro lado o mundo matéria da ciência, explicativo. A relação entre os
dois é dada em uma estrutura sistemática ora com procedimento vindicatório – onde uma ideia é
assimilada e que vai adiante, como por exemplo, as ideias de evolução física – e das coisas que são
inequivocadamente nossas, que não podem ser assimiladas de um ponto de vista de valoração das
últimas ideias e descarte das últimas. Não há como desprezar a concepção de beleza, liberdade,
justiça, igualdade, segurança, paz. Isso exige que tenhamos participação e localização dentro desse
sistema.
Outro ponto observado é que os valores que são compartilhados entre a sociedade em seu
determinado momento, que diz respeito à época desta sociedade, pode ser que algum valor não
estivesse presente em uma determinada sociedade de uma época específica, e cabe à História, à
Literatura, à Antropologia, à Filosofia explicar esses momentos. Isto que significa um saber
humanístico, um modo de ver o mundo com a nossa visão de mundo.
Este posicionamento de ver o mundo – atual e passado – sob a perspectiva da sociedade
hodierna abre possibilidade de alienação caso as concepções encontradas não façam mais sentido
para nós, essa visão gera uma crise de explicação, de legitimação, e por vezes, uma crise de autonomia
como, por exemplo, em situações políticas da história do liberalismo político, para esta crise, o indivíduo
é autônomo e ao mesmo tempo pertencente à comunidade, com o pressuposto de uma problemática
entre se a autonomia pode ou não limitada legitimamente ou ilegitimamente.
Assim sendo, nas palavras de Wolf para o pensamento de Bernard Williams, a busca por
sentido e significado para os desafios da nossa sociedade precisam ser encontradas ser provenientes
de dentro dos nossos próprios sistemas, não teremos uma visão externa salvadora para arbitrar nossa
vida.
Outra visão marcante para Wolf, é da ideia de recusa ao relativismo, ela não acrescenta
utilidade sobre o entendimento da vida em sociedade e vai contra a sua visão de pluralismo de valores
e prossegue: todas as teorias de todas as doutrinas se esforçam para justificar certas práticas e modos
de vida, em algum momento não tem nenhuma explicação para além de dizer que é assim que nós
vivemos.
Certas perguntas não podem ser respondidas em laboratórios, e nós vivemos em um contexto
em que práticas podem se desfazer e serem criadas rapidamente. Isso pode ser observado em um
momento em que um número suficiente de pessoas deixa de viver alguns valores, quando esses
valores não estão mais na vida da sociedade, eles passam a ser como fantasmas, coisas passadas.
Sobre a questão de reflexibilidade moral, Eduardo Wolf responde a dúvida do professor e
Doutor em Filosofia, Denis Coitinho, em que emite a exigência de Williams em apenas acessar um
conjunto valorativo como um fundamento para a ação, adicionando similaridade à sorte moral como
ações que estão fora do controle do indivíduo. O curador irá questionar o sentido – pela visão de mundo
atual –, de como estamos vivendo se é eficaz, ou se outras visões seriam melhores. Não há doutrinas
que respondam à pergunta de ‘como nós devemos viver’, mas está é a questão original da Filosofia.
A releitura de Williams destaca que a melhor resposta é a reflexão da vida, em detrimento por
buscar de respostas por meio de esquemas teórico racionais. O humanismo reúne vários recortes
históricos com valores da natureza humana, que em associado com o momento do renascimento.
No contexto atual, a sociedade cria a ideia de ordem política para se amparar, cria identidade,
valores, condições para viver neste mundo, para atender às suas necessidades – não há
compatibilidade entre liberalismo individual abstrato e a ideia de um nós coletivo plural temporariamente
organizado.
É possível criar uma realidade em que o indivíduo se reconheça nela, é preciso cria-la, não
está dada em nenhuma doutrina, e também é possível perde-la. Compete à Filosofia entender esse
processo e fazer de forma criativa, não doutrinariamente, ainda que esta ação traga sentimentos de
desamparo, desafio, a ponto de ser paralisante, mas pode ser potencializador de novas soluções. A
falta de convicção da sociedade pode ser parte da resposta pela qual a sociedade não consegue ter
uma visão mais positiva da autonomia do homem na sociedade.
Em última análise, o vídeo oferece a capacidade de reflexão da natureza humana e nos desafia
a pensar criticamente sobre o significado da vida e a buscar respostas significativas de forma
humanística, em oposição aos modelos teóricos científicos.

Referência:
Café Filosófico | Bernard Williams: Filosofia como Disciplina | 09/04/2023. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=XX8XjpZzh6Q>. Acesso em: 6 abr. 2024.

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