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Concepcões de indivíduo e sociedade e

as teorias em
Orientação Profissional

Silvio Duarte Bock*

De modo geral, teorias


Orientaço Profissional po-
as em
dem ser agrupadas em duas grandes correntes: teorias não psico
lógicas e teorias psicológicas
As teorias não psicológicas, segundo Pimenta(1979), "são
as que atribuem os fenômenos da escolha a fatores externos ao
indivíduo". Por exemplo, na teoria do acidente, as pessoas che-
gam nas profissões de modo meramente casual, sem uma inter
venção pessoal e ao sabor das contingências. Nas teorias econô-
mico-sociais, busca-se compreender de que forma e quais as in-

Tluencias econômicas, sociais e culturais que determinam o afluxo


0as pessoas em direção às profissões e ao ingresso na força de

rabalho. Mas são as teorias ditas psicológicas que interessam mais,


pOrque elas prevêem uma atuação concreta das pessoas.
estu-
(1979) como Ferretti (1988)
isso,
For tanto Pimenta
indi-
elas buscam na dinâmica do
as teorias psicológicas, pois e sao
do fenômeno da escolha
profissional,
4Compreensão
l Profissional no
elas que
ida Astêm
Brasil. informado
teorias a prática da
psicológicas
Orientação
podem, conforme Ferretti,
fator: ser
Teorias
divi-
Teorias
didas em quatro correntes: Teoria traço-e-fator;
Decisionais.

Psicodinâmica
cas;Teorias Desenvolvimentistas e Teorias uma
estaremos propondo
classificacão,
Dterente desta o
desvelamento

Outra
Outra para
forma agrupamento, que
remete

VOCACIONAL
eREDAÇAO.
Pedagogo -
diretor do NACE-ORIENTAÇAO
em questão
A escolha profissional

fundamentame estão
conceppöes de homeme
sociedade que
das Desta forma, podemos
dividi-las em três
nas teorias.
embtidas chamaremos de Orientação Vocacional
grups Oprimeiro que crítica à orientação vocacional
fradicional (liberal), o segundoa talta de um termo mais adeaua
eotereiro, que por
radicional
denominado de para além da crítica.
do seri

Orientação Vocacional
tradicional (liberal)

Por Orientação Vocacional tradicional (liberal) estamos en


globando as teorias ditas psicológicas. Como já apontamos, estas
teorias buscam entender o fenômeno da escolha profissional no
angulo do indivíduo (e quase que exclusivamente só nele). Ferreti
(1988) se propõe a estudar as bases ideológicas que sustentam as
teorias. Conclui que todas as teorias ditas
tam-se na ideologia liberal. Isto é, aceitam
psicológicas fundamen-
sem
questionamentos
os
princípios da individualidade, da liberdade e da igualdade de
oportunidades, que são os três axiomas que sustentam esta ideo-
logia. Assim, defendem uma determinada
de e de ser humano. concepção de socieda-
As teorias em exame
igualdade de oportunidades.pouco dizem a respeito da liberdade e
de
para tentar Debruçam-sesobre a
individualia
o explicar
individuo para sua
o
fenômeno da escolha. Algumas remet
does naturais. natureza, isto
Outras entenderão asé, reconhecem na pessoa apth
senvolvimento quase que aptidões
aptidões como fruto dode
entendem o caminho cronológico ológico do indivíduo,
individuo, outras a"
senvolvAssim, profissional das pessoas
imentoo psicossexual em funç
SSoas em tungae
do de
na
pessoa reúne em que as primeira infância.
infäncia.
si aproxima é a aceitação acrítica de que
ada

cque, se no características q vem orientar


indivíduo. respeitadas, sua esco
do
apontam para um iu acasso na
vida
do
Concepções de indivíduo e sociedade 63

O "modelo" utilizado é quase que o mesmo para todas as


teorias em estudo: existem cargos e funções no mercado de traba-
lho. Ao indivíduo cabe a responsabilidade de adaptar-se da me-
lhor forma possível a eles. As teorias psicológicas apenas diver
gem quanto à gênese dessas caraterísticas individuais.
A teoria do traço-e-fator é a responsável pela introdução
desse "modelo" na orientação profissional. O pressuposto é que
os cargose funções se repetem na estrutura ocupacional das em-
presas. Assim, pode-se estabelecer um perfil ocupacional através
de pesquisas que levantarão os "traços de personalidade" ou ca-
racterísticas pessoais, as aptidões e os interesses dos indivíduos
que já estão em exercício profissional. Estando pronto o perfil
ocupacional, pode-se agora desenvolver instrurnentos que sejam
capazes de medir ou apontar o perfil pessoal, que deverá "reve-
lar" as características pessoais, as aptidões e interesses do indiví-
duo que se submete à orientação. Nada mais resta a fazer do que
buscar nos vários perfis ocupacionais existentes aquele que me-
Ihor se harmoniza como perfil pessoal.A melhor escolha é aque-
la que consegue um casamento perfeito entre o perfil ocupacional
e o perfil pessoal.
A ideologia diz que, se houver harmonia entre o indivíduo
e seu trabalho, ele será mais "feliz". Entretanto, sabemos que o
que está por trás desta visão é sua maior produtividade.
Cabe ao indivíduo ajustar-se à estrutura social que já está
pronta e acabada.

A crítica à Orientação Vocacional tradicional

No Brasil, em meados da década de 70, a escola, enquanto

instituição, sofre críticas profundas que tange à sua funcão


no

social. A partir das contribuições de Bourdieu & Passeron.


Althusser e Baudelot & Establet, e ainda, no Brasil, de Luiz An-
tonio Cunha, a escola é questionada enquanto instância promoto-
A escolha profissiona, em
64 questão
social, a q u e l a .
desenvolvimento
economico e
ue, supunha
ra do se todos
todos oS
os males da

se, seria capaz de resolver quase


entendida como um oroa
como um
sociedade..A
organismo da uper.A
a ser
estrutura
escola que agora,
passa, tem a funçao de manter e reproduz1r o Statusquo. super
A
escola dissemina
a ideologia da classe dominante e prepara a for.
trabalho para ser explorada pelo capital.
ça de
A Orientação Vocacional sofre mesmo tipo de critin.
Partindo da mesma questão que se fez para a escola, pergunta.c.
a quem serve esta Orientação Profissional da forma como
tem
sido desenvolvida nas escolas?
Ferreti desenvolve uma análise dos três axiomas do libe-
ralismo (individualidade/ liberdadel igualdade dos indivíduos
perante a liberdade de opção) e acaba concluindo pela sua falá-
cia. Isto é, tomando a realidade como base,
encontramos exata-
mente contrário do que prega esta corrente de
o
Não existea individualidade tal como pensamento.
lismo, não existe liberdade de escolha epreconizada pelo
libera-
de oportunidades.
muito menos igualdade
"A idéia de
que a
pessoa 'escolhe seu caminho' a
condições em que vive e em partir das
algo relativamente recente função de suas vontades e aptidões e
na história. É
ismo paraocapitalismo que esta nova na passagem do feuda
homem é forma de compreender o

sião da desenvolvida, sendo claramente


revolução (burguesa) francesa de sistematizada
dade e fraternidade". pei
1789 gualdade, liber-
Até antes do
indivíduo na sociedade
Servo, por
desenvolvimento
era
ento do
capitalismo,
capit posição do

nhor, da mesma determinada


condições de nascimento, ada pelos
laços
laços ude sangue
forma, seria seria servo, 0
se-
divíduo e sempicpre
gado pela sociedade se confundem,
sempre senhor.
senhor. Em cão, iin
Em tatal situaça
(o clero eraordem social, ordem n, ou melhor,
melhor, oo indivíduonésubju
ina suby
uma queélegitimada
poderosa forçaque legitimada pelas "leis divinis
Indivfduo pa
social aliada à aristocracia).
pitalismo. Tal sociedade só se aristocta
diferenciam
diferenciação, é 16gico. defende claraiados
claramente n o
co, defende detern in-

detc
Concepçoes de ndividuo e sociedade
65

eresses, no sentido de reaimar a nova


ordem constituída!, A
LrO1esia enquant0 classe revolucionária na época, lutando con-
a velha ordem, desenvolvia a tese de que todos os indivíduos
São iguais, e que pordeveria existir liberdade
isso
(de escolha).
Lntava, assim, contra o clero e a aristocracia, que defendiam a
perpetuação do regime feudal, do qual eram beneficiários.
A posição do indivíduo no capitalismo não é mais determi
nada, pelos laços de sangue. Agora esta posição é conquistada
pelo indivíduo segundo o esforço que despende para alcançar esta
posição. Se antes esta posição era entendida em função das leis
naturais referendadas pela vontade divina, agora, ao contrário, o
indivíduo pode tudo, desde que lute, estude, trabalhe, se esforçe.
e também (por que não?) seja um pouco aquinhoado pela sorte.
Neste momento a escolha profissional é supervalorizada:
se tudo está nas mão do indivíduo, a escolha (acertada ou adequa-
da) é fundamental para que ele cresça e se torne produtivo, para
alcançar cada vez mais melhores posições na sociedade.
A concepção de indivíduo que passa a vigorar é a de um
ser autônomo em relação à sociedade, ou seja, ele existe indepen-
dente das determinações dela, e mais do que isto, individualmen-
te pode superar os obstáculos colocados pela organização social.
A idéia de que todos os homens são diferentes entre si, ao
cOnrario do que se pode pensar, não se choca com o ideal da

A nova ordem social engendrada pelo capitalismo, só aparece quando algumas


Cteristucas fundamentais dominam o processo de produça0
o que o
trabalhador precisar 'ser livre' da posse dos meios de produçao.
00riga a oferecer no mercado sua capacidade para produzir.
orabalhador precisa ser livre de qualquer relação de dominação como as
dispor de sua força
goram no modo de produção feudal. Ele agora pode a iei para
dbalho para vendê-la a quem quiser. Todos são iguais perante
vender sua capacidade de trabalho.
o mercado.
do de produção está totalmente voltado para
Dedvo processo
das necessidades humanas,
Se. da produço era a satisfação
agors 00jetivo unidade de capital empregado
(lucro).
aumento da
bjetivo passa a ser o
(cfe. BRAVERMAN, 1981).
A escolha profissional em questä
66
Este ideal diz respeito à liber
entre os
homens.

igualdade todos homens
os homens têm
tëm oo direia
oportunidades que direito de
igualdade de
que se
encontrar o a partir daí serão co
usufruir. As diferenças
oreendidas não
como conseqüência da estrutura da sociedade,
indivíduos. Se o ind
resultantes das diferenças entre os
como
valores dominantes d
bem na vida' segundo os a
duo 'não se deu
sOciedade, isto sedeve a problemas de ordem pessoal. Ele não sa
taxa de evasão e repetência
esforçou o suficiente (vide grande
a
melhores posições na s0-
no 1 grau, por exemplo) para alcançar

ciedade, e por isso deve conformar-se com sua situação, uma vez
as quais não sou-
que teve em suas mãos todas as oportunidades,
be aproveitar de forma eficiente." (Bock, 1989)

Celso Ferreti conclui

..a orientação acaba reforçando os princípios do libera-


lismo, pois admite implicitamente que existem falhas no proces-
so de escolhas profissionais, que estas falhas são do indivíduo e
que, portanto, para resolver o problema, basta habilitá-lo a reali-
zar escolhas mais adequadas. Ou seja, todos têm liberdade de es-
colher e igual oportunidade
para fazê-lo, de acordo com suas ap
tidões e características
tas
pessoais, respeitadas as
limitações imp0
pela realidade. As opções
de individual e devem inadequadas são de responsabiliaa-
escolhe. Ao atuar dessa creditadas unicamente ao indivíduo qu
ser

forma, a
Orientação Profissional aca
comprometendo-se duplamente: de um lado, não as
causas ültimas e por
aceitá-las como naturais,
por examina
da realidade mistifica os ra ores
que constituem
colhas individuais. De obstáculos ou es
outro lado,
ções sociais, por admitir, impedimentos
ajuda a manter er as
a
as discrimina-
al, deixando, ao mesmo sem
questionamento, discri vidu-
tempo, de abrir crítica às potencial
o
que influenciaram no
ndições de vida
marcadamente esse condiçoes
potencial". (Ferret,
Ferreti, 1988)
Concepções de indivíduo e sociedade
67
Selma Pimenta igualmente conclui:

A Orientação Vocacional, ao usar técnicas advindas da psi-


cologia, que acentuam a entase no
indivíduo, cria neste a impres-
são de que é ele quem decide; com isso facilita o
ajustamento
dele à estrutura ocupacional. Imbuído de uma 'certeza' de que
escolheu (a partir daquilo que era possível), o indivíduo tem maio
res chances de vira ser mais produtivo. Isto
é, contribuir o para
aumento da mais-valia da classe dominante, que é a que detém o
controle da produço... A liberdade de decidir é da classe domi-
nante". (Pimenta, p.124, 1979)

Como então a
Orientação Profissional deve proceder?
Selma Garrido Pimenta, como sugestão, aponta: "...aos
orientadores vocacionais de pouco adianta trabalhar a nível da de-
cisão individual, se näo for libertada a liberdade de decidir. Com-
preendendo a liberdade como superação dos determinismos (a par-
tir deles), a Orientação Vocacional estará libertando a liberdade de
decidir na medida em que o indivíduo proceder a uma revisão radi-
cal das relações de trabalho e das profissões numa dada sociedade.
Para isto a própria orientação vocacional precisa proceder a uma
revisão radical de si mesma, enquanto profissão". (1979, p.125)

Ferreti propõe a mudança dos objetivos da Orientação Pro-

SSional: "...Criar condições para que a pessoa a ela submetida re-


bem como
d sobre o processo e o ato de escolha profissional
SODre o ingresso em uma atividade onde tais ações se processam.
trabalhado nesta proposta é o "trabalho
e
Conteúdo básico a ser
Sua realização no âmbito da sociedade brasileira"(1988, pg. 45)

Desta formma, os dois autores (ambos pedagogos), com larga


Aperiencia como educadores da rede pública brasileira, propõem
Profissional. Ela deve
na ação 'contra-ideológica' paraa Orientação
desv exatamente aquilo que sua ação tradicional encobre.
A escolha profissional em
68 questão Concepções de individuo e sociedade
69
crítica
além da du escolhe e nao escolhe (sua profissão ou ocupação) ao mes-
Para

tradicio
Profissional mo tempo.
(Bock, 1989, p.16)
Acritica à Orientação acaba que Como imagem poderiamos montar
idéia de que pessoas
as podem escolhe Com razão
o
seguinte esquema:
tionando a um extremo de uma reta teriamos
pólo da escolha total
o
ão da realidade ao
de dissimulação
denuncia a ação apontar que a
tradicional aceita a idéia de.
(determinismo individual-perspectiva liberal) e no outro extremo
Orientação Profissional trajetó- rfamos o pólo da não escolha total (determinismo econômico
ria de vida de uma pessoa depende xclusivamente dela mes social-perspectiva crítica).
e nor isso as escolhas realizadas sao de suma importância As pessoas, de acordo com a classe social que participam,
A ordem econômica
e socal esta pronta e
(que é acabada) estão mais próximas de um ou outro pólo. Não existe a possibili-
apenas o lugar onde as escolhas se realizam. A sociedade coloca dade de alguém colocar-se completamente num ou noutro pólo
obstáculos e desafios que devem ser ultrapassados pelos indivi. de forma absoluta. Assim, as pessoas menos priveligiadas da so-
duos. Aqueles que conseguirem serao os vencedores, serão os ciedade, que vivem no limiar da sobrevivência mínima, deteriam
bem-sucedidos. Realizar uma profissional é um pré.
boaescolha algum grau de possibilidade de escolha.
requisito para que isto ocorra. Assim, ao invés de proceder uma Não estamos com isso tentando resgatar a velha idéia (li-
andlise de como a sociedade está estruturada, desenvolve-se a beral) de que o indivíduo pode modificar sua situação se assim o
análise do indivíduo para que ele bem se adapte a esta ordem, quiser, apontando que as pessoas detêm algum grau, por mí-
mas

sem jamais questioná-la. nimo que seja, de possibilidade de intervenção em sua trajetória
"A crítica à ideologia liberal e àà de vida. Nisto reside possibilidade transformadora da orienta-
a
concepção de indivíduo vivemos numa
nela embutida sem dúvida é um
grande avanço na compreensão ção profissional: propiciar a compreensão de que
e ao mesmo tempo
do funcionamento da sociedade
capitalisada. Entretanto, no de- sociedade profundamente injusta opressora,
e

senvolvimento da análise, ao negar a existência da liberdade de apontar que sociedade está em movimento.
esta
do huma-
com a idéia da multideterminação
Trabalhamos
escolha, acaba por também negar a existência do individuo. i e homem abstrato.
no. Combatemos a idéia do homem natural e
do
passa a ser entendido como
reflexo da organização social, nao "AS propriedades que fazem do homem um
ser particular, que
ctendo
n
nenhum grau de autonomia
frente a tais determinag Tazem deste animal um ser humano, são um suporte biológico
cstrunura sOCial tem um poder avassalador sobre o inividu especifico, o trabalho e os instrumentos,
a linguagem, as rela-

negando assim sua existência.


de indivíduo
Desta forma, ao criticar a concep soes sociais subjetividade caracaterizada pela
consciencia

çao subjacente à ideologia liberal, tambémi a


e uma
e pelo inconsciente
beral
eXistência
oindivid
CkIsténcia do indivíd
do indivíduo propriamente dito." nega
"Se na ideologia Cidentidade, pelos sentimentos e emoçõesdeterminado por todos
o humano é
beral o indivíduo Com isto queremos dizer que
(Bock, 1993, p.177)
poder nada'"(Bock,'pode tudo', em em sua crítica ele passa a
'não multideterminado.
CSses elementos. Ele é

Para a
1989, p.16)
perspectiva
não éao mesmo tempo "além da crítica", o indivíduo
"..ée

tenão é ao
mesmo
reflexoda sociedade, da mesmafoRelativa na e

tempo
questão da escolha autônomo em elaçãodizer
também poderíamos ela.
que oindi-
a
Família e escolha
profissional

Maria Luiza Dias*

Este artigo tem por objetivo analisar alguns dos aspectos


da psicodinâmica do grupo familiar implicados num momento de
escolha profissional e focalizar a importância da participação da
família no processo de Orientação Profissional de um jovem.
Para tanto, faço algumas considerações referentes à linha
de orientação de trabalho que adoto, salientando a importância de
se considerarem os aspectos psicodinâmicos de uma escolha para

situar o problema da opção profissional de caráter sintomático,


sintoma produzi-
isto é, aquela que surge como expressão de um
refiro-me à experiên-
dono interior do grupo familiar; em seguida,
cia de atuação em um Serviço de Orientação Profissional** (tan
to em atendimentos individuais como em atendimento a grupos

de jovens entre 14e 18 anos), para ilustrar alguns dos procedi-


mentos utilizados que inserem os paise
familiares no processo de

Orientação Profissional do jovem em questão. no tra-


uma visão psicodinâinica
Quando digo que opto por
balho de Orientação Profissional, quero dizer que:

pela
mestrado em Antropologia,
Ciências Sociais e
Graduaçãão em Psicologia e
Departamento de
Antropologia da
USP

Profa. 3° Grau. Doutoranda no Núcleo de


"Laços
-

Na
COordenação do Serviço de Orientação
Profissional da
Estudos e Reciclagem da Família".
A escolha
profissional em
12
base reterencial psicanalític
questão
adoto uma
de motivações
inconscientes
subjacente
a uma escolha,a
envolvend
oução
seja. a determinação da escolha sendo operada por
mocionais não resolvidos, sem que o jovem perceba isso;
itos
trabalho com o conceito de "reparaço", intse
por Melanie utilizado por Bohosla
Klein e uzido nana
psicanálise
Psi

explicar tais motivações inconscientesdeterminantes da esSco para slavsky


como veremos adiante;
observo os fenõmenos transferenciais
ferenciais que possam emergir no vinculo orientador x
e
contra-trans
do, Entendo aqui por transferencia o processo através
orientan-
do aual
uma pessoa desloca experiências emocionais anteriores
imnoror-
tantes, vividas com pessoas significativas, para uma
al. Estas formas vinculares que se reeditam numa
situação at.
sente informam o orientador sobre o modo de o
situação pre.
seu mundo de
jovem operar em
relações e o lugar concedido ao outro- pontos
importantes para a análise da problemática envolvida
escolha na
profissional. Pode ser necessário ao orientando modificar
este
"passado que se atualiza no presente", no
dividual ou de grupo), na medida em presente da sessão (in-
são profissional. Na que vai elaborando sua deci-
mesma linha, entendo
Cia os por contra-transferên-
sentimentos que emergem no
relação estabelecida com ele orientador, em função da
informam sobre o pelo orientando, que novamente
lugar que ele dá ao outro e a
tem sobre ele; queexpectativa
busco as
ações relações inconscientes existentes nas
seqüências
e
de idéias assou
tando, e também em presentes no discurso do oorien
ites
suas
trabalho com
manifestações não-verbais,
entrevistas, uma combinação de recursos ue incluem
dinâmicas
e técnicas projetivas. individuais e de grupo, teste de
rupo, teste
eresse
u
Nesta linha,
acredito que
profissional é, através da principal
o papel do orientad
pape
interpreta do discurso de
nterpretação e
utros
Famíilia e escolha profissional
73
rsOs técnicos, auxiliar o
orientando a perceber a rede
nificacões com as quais opera e a de sig-
compreender a construção que
seencontra subjacente as suas escolhase
hém os possíveis conflitos e ansiedadesnão-escolhas, como tam-
ocultos em suas prefe-
rencias ou rejeiçoes. ASsim,0 orientador se transforma
em um
nadiuvante, em um facilitador ou
co-construtor desta
simbólicaà qual a escolha se referencia, onde o estrutura
do orientando. Nesta mesma linha, o papel principal é
orientador propicia experi-
ências e identifica elementos que convidam o orientando a refle-
tir sobre seu
percurso em direção a um futuro.
Acredito, com isso, que se poderia
comparar a
Orientação
Profissional a uma psicoterapia breve, com o foco na vida
ocupacional do sujeito. Ou a um trabalho psicopedagógico, do
tipo que se centra em
compreender e interpretar como o indiví-
duo operae que tipo de
relação tem estabelecido desde cedo com
o mundo educacional e
ocupacional; que se centra, também, em
Identificar os aspectos inconscientes facilidades
presentes nas ou
dificuldades apresentadas. Dito de outro modo, é o vínculo esta-
belecido pelo orientando com a área da aprendizagem e da ocu-
paçao que será foco de análise. Isto permite identificar, por exem-
Po, gue um estudante
possa se sair mal justo em Matemática,
apenas porque esta disciplina se relaciona com a profissão de seu
a,Com quem se encontra em conflito. Ou, então, que um estu-
possa ter uma idéia insistente de cursar Oceanografia, por-
C assim poderia se livrar de residir com os pais, uma vez que
CSSTtaria mudar de cidade. Torna-se inegável, portanto, que a
o profissional entrelaca-se com todas as outras áreas da vida
doindivíduo.
Deste modo, a Orientacão Profissional pode ainda ser
com-

de
froL a como um espaço de passagem, de transformação,
Ela pode funcionar como um continente para a expres
csão
ni de conflitos ligados à escolha profissional, orientando a na-
desvendando sig-

nificados incon
ture nconscientes, compartilhando com o
tureza desta exp manejando e modulando sua
ansiedade.
d Cxperiência,
A escolha profissiona em
14 questão Familia e escolha profissional
ocupacional da 75
Para a investigação do
mundo e
realidade intra-
orientando, a Profissional utiliza de
Orientação implica também o grupo de que laz parte. Entendo
psíquica do aqui por crise
diversos recursos-procedimentos estes que
iro variar d 1m período onde muitas
mudanças se processam num curto espa-
técnica ori Cor co temporal, no qual, muilas vezes, um estudante
do com o objetivo específico formação
e do escolhe não
Itador. norgue já se sente pronto para laz-lo, mas porque, por exemplo,
prazo para inscriçao no vestibular o pressiona.

Uma vez que as ansiedades predominantes vividas pelo ori-


Psicodinâmica do grupo familiar são parte de um proccsso em família, toda escolha pro-
entando
e escolha prolissional fissional alicerçada em cima de conflitos ocasionará problemas
de percurso, mobilizando ansicdade em todo o grupo familiar. Os
A família sempre teve
um importante
papcl por sua função pais também ficarão ansiosos e reviverão, através do filho, seus
socializadora. Um bebê recém-chegado rapidamente é integrado próprios dilemas vividos no mesmo momento evolutivo. Depen-
no grupo social de referência a
que pertence sua família. Antes dendo do modo como resolveram ou não estas questões em suas
mesmo de nascer, o bebê já tem seu
lugar social e um lugar na vidas, terão um repertório mais ou menos fortalecido para, na
vida psíquica dos familiares. O mundo Ihe é situação atual, oferecerem continência às ansiedades vividas pelo
familia e outras figuras
apresentado pela
significativas. E sobre esta primeira fo filho. Nesta linha, a Orientação Profissional, entendida do modo
mação que se adicionará, no futuro, a opção descrito até aqui, precisa conceder algum espaço para se pensar
a

profissional. A 1or-
ma como os
pais dão significado aos elementos da vida relação do jovem com a família e com as expectativas parentais.
deve estar
OCupacional sempre estará presente no modo de um filho Precisa também assumir um caráter preventivo, ou seja,
car este universo. signit atenta a todo o material psíquico trazido pelo orientando que possa
Sobre isto, diz caminho de uma definição profissional.
Bohoslavsky(1): "O grupo familiar estar dificultando o

grupoos de participação e de referência fundamental, e éconstitu


sempre pre-
Os aspectos emocionais e psicodinâmicosestão
por isso processo de Ori-
Sentes e entremeando o diálogo estabelecido
no
que valores
desse grupo
entação do adolescente, constituem
Nas
bases significativas na orl de fato, considerados.
precisam ser,
entação Profissional e
a quer família atue como sitivo
aprisionado em conl
aereferëncia, quer opere como grupo grupP Situações onde o orientando se encontra
algum outro encam
negativo de referencia S, por vezes, mesmo uma
psicoterapia, ou

calizarODserva-se,
com Profissional.
a vida
isso, que a Orientacão Profissional, a0 namento precisará ser sugerida após
a Orientação
ilus
no universo de ocupacional de um indivíduo, estará se ndo
Clarificarei mais estes processos
através da seguinte

liar sobre o representações do orientando e de seu ami 19 anos vem para Orientação
Profissi-

mundo dotrabalho e,
sentido da vida, dentro disso, tambë
grup açao: um estudante com
encontra-se no
seu 2 curs ano de

nal individual. No
momento,

uma visão da morte e do ser. Assim, nãoé cortar


vestibular para
no último
Administração e, ape
sobre o poss no. Não passou melhor
se
necessário orientando de forma Scontextualizada e faz com o
intuito de se preparar

po social compreender suas ansie descontextuaia


referência aogru
de estarfazendo
cursinho

grande freqüência
não entra
nas aulas e fica
sobre
(família,
Parto do amigos, escola, etc).
m orrente ano, com
Chega mesmo a ter dúvidas
a r do local, batendo
papo. os encon-
fazer. Durante
sional é um pressuposto de que o momento ac se
Aaministração o
curso que deseja
momento de crise, mas

que envoiv não só o jeito,


76 UJLsstoau em questão
Familia e escolha profissional
tros, mostra-se aparentemente disposto às atividades
es, sejam elas 77
conversas ou tarefas. Porém, tudooque depende de sua Em nossas dez sessões de
para ser providenciado entre as sessoes o estudante nunca. niciativa Orientação Profissional pude-
aliza mos detectar alguns dos elementos que não permitiam que o estu-
porque "'nãotempo", ou porque "não
deu
-Ou
conseguiu'
mesmo porque "esqueceu". Durante nossos dialogos mais
" ou
dante continuasse seu percurso academico, e considerei esta a
contribuição a ser dada, uma vez que não interessava cumprir as
geraic
o estudante, em certo momento, confidencia-me que tinha atividades do programa de Orientação Profissional de forma a
rece-
bido um diagnóstico médico, há dois anos, de que apenas completar as tarefas. O trabalho flexibilizou-se para que
éinfértil e de
que não poderá ter filhos. Solicitado a me explicar melhor
qualé Dudéssemos localizar o foco de sua problemática de vida, que
a razão orgânica de tal estava interferindo na escolha profissional. Assim que se estabe-
impedimento, o estudante afirma não sa-
ber ao certo o motivo. Passo, então, a conversar com leceu a relação entre seu problema orgânico e sua paralisação
ele sobre
este episódio, sobre a necessidade de conhecer
melhor este pro- profissional, afetiva e social, o estudante e sua família sensibili-
blema do seu aparelho zaram-se para resolver o que antes era visto como dúvidas, inse
reprodutor, e sobre como a vivência da saber o que quer.
infertilidade acabou se alastrando do gurança, falta de aplicação aos estudos, não
órgão genital
a uma sensa-
Cabe lembrar que este estudante já havia frequentado uma Oi-
ção mais generalizada vida. Constatainos que, a partir
em sua
daquele diagnóstico médico, toda sua vida se entação Vocacional em estabelecimento particular. Havia resolvi-
chou com a namorada
paralisou: desman- do procurar uma nova Orientação Vocacional, porque continuava
e não deu início
nao estudou
a novo
relacionamento
mais; não entrou na Faculdade e concluiu que não se
sem saber muito o que fazer".
Sairia bem em A ilustração acima nos importância tanto de
evidencia a
novo vestibular. Tudo passou a parecer uma con observarmos os aspectos afetivos subjacentes ao
momento de uma
pleta infertilidade. da família no pro-
escolha profissional, quanto da participação
Desde o como um recurso
ocorrido, nada mais fertilizava e a sensaçao o cesso de Orientaço Profissional de um jovem.
apaz passou a ser de real paralisia. Mas, a minha gue nos facilita identificar e administrar, juntamente
com o orien-

orientadora profissional também é, neste sensaçao comoa- opera. Vê-se


representações com as quais
momento, do, O conjunto de
depende de um movimento do
a
ue
dante, e não
tudo o que estu
doFoca-
esiu que o objetivo deste tipo de trabalho não precisa se restringir
de uma ativa ao estudante, mas pode aspirar
lizo-Ihe a condução estéril. ticar as carreiras pertinentes
necessidade a o minha, torna-so
torna-se e elabo
de a de impedimentos psíquicos
duxilia-lo na transposição dos
elementos numa consultas
novas de sua
trabalhar
dou ao
estes a um
u. cação,Ihe aaodas motivações inconscientes ligados
ao caminno

término do trabalho. psicoterapia, cuja


que depende Com seu consentimento,
ima vez
profissionalização. de modo preventivo, um
trabalhar
tere-

sessão, onde estas omicamente dos pais, quiser


últim
De fato, se se
um
romovemos Levisky(2): "Qualquer
das com
os
pais. necessidades de enca
encaminhamentos
são discuti
ue
de nós tem
consideraro que bem aponta
como nossa
de
capacidade
concen-

ção" atual do Estes, preocupados com aa situação de "paralisa a periência de


alteram na dependencia
de
n0S
qual se filho e situ a na
aao, de trabalho, de
reflex o se
uma modulaçao
inseriam, comprec
aceitam
reendendo melhor blemática

pro Quando se consegue o


buscavam
o conflito. sair da
a
suges
Sugestão. O estudante e sua
família

ad ados
emocionais.

quada do níivel de iedade, a tornam-se


capacidade
criativa, o pensar,
s".
imobilidade,
de, passando
pass a
procu soluções
para

P ceber e o aprender
significados
mais ampiados
78 A escolha profissioonal em
Escolha profissional como sintoma questão Família e escolha profissional
79
da psicodinâmica do grupo familiar
Pediatria. Seu plan0 pessoal era: continuar a Faculdade de Direi-
to
nela manh; fazer cursinho å noite; prestar o vestibular para
Um indivíduo, quando procura escolher uma Medicina; conseguir a vaga; Cursar Direito à noite e Medicina
às voltas com as visões
profiss dia. A estudante acreditava que,
e as pressões da
família,
Esta"cultu ,está durante o
realmente, poderia atu-
familiar estará ativa ar com bom desenvolvimento nas duas áreas: ser
grupo tanto
concretamente
internalizado pelo sujeito. Em aguns momentos,quanto de dica ao mesmo tempo. Questiono-a dizendo que havia
advogada e mé
carreiras
fissional, influenciada
a
escolha
pelos dilemas familiares, poderá m mais facilmente conciliaveis, mas que eu acreditava que, na Fa-
transformar-seem sintoma.de nesmo, culdade de Direito, ela necesSitaria estagiar e, para isso, precisa-
e conflitos
grupo-expressão de
compartilhados. E nesta direção que a noçãonsiedades ria de outro período; também, que se fizesse residência em Pedi
de iden. atria dificilmente poderia exercer Direito, pois não poderia ir ao
tificação projetiva, luto e reparaçao surgirão como Fórum à tarde, etc. E que eu acreditava, ainda, que este tipo de
conceitos im-
portantes para a
compreensão do processo de escolha profisio- raciocínio era apenas uma forma de ela postergar uma definição
nal alicerçada em conflitos emocionais.
ocupacional e prolongar a vida de suas fantasias ligadas às duas
Desde muito cedo
experimentamos ansiedade e luto carreiras.
despedidas a serem realizadas. O relógio não pára e, por maispelas Nos dados sobre a família, surge que os pais haviam-se
a ansiedade que
relacionada às despedidas possa separado há dois anos, ao que a estudante se referia aparentemen-
de congelar o provocar um desejo
tempo, o fato é que o tempo se desenrola por si só. te como uma experiência já distante e livre de tensões. Descobri
A
impossibilidade de impedir esta temporalidade de fluir faz com que o pai era advogado e que havia uma avó materna que tinha
que o
jovem que escolhe uma profissão, por mais sido uma das pioneiras
na carreira de Medicina uma das pri-
mado com as novas que esteja an meiras mulheres formar médica, segundo a estudante. Esta
a se
de perda,
aquisições, também experiencie uma vivencia avó era muito valorizada na família por isto.
sobretudo com relação aos bons aspectos das condigoes
que vai deixando Disse-lhe, então, que eu acreditava que a separação dos pais
para trás. Além disso, tomar um umo impinca talvez lhe tivesse ioído mais do que ela se permitia dar conta; que
em
perder outros, dos quais nenm
sempre é fácil abrir mao. embora racionalmente ela pudesse entender a separaço dos pais
Portanto, se aderida àescolha
pre uma rede de afetos, o tipo profissional encontra-se Se e
suas razões para isso, parecia-me que ela ainda desejavaàsjuntar
de escolhapode estar,. por vezes,
pai mãe, através de sua tentativa insistente de dedicar-se
e duasS
VIsando reparar vivências dolorosas anteriores Medicina,
POnSsoes. Sugeri que queria conciliar a carreiradedesua família
permanecen

como um tipo de "machucado que pe -se

importante detectar a que intra-psíquico". Assim, to que representava esta figura feminina importante
Direito, que re-
hal esta "objetos
vinculada e desvendar esse
internos" a escolha pro
que
naterna - aavó com uma outra carreira, o
um advogado.
Medici-
conjunto de gnificados PiCSentava figura
a masculina paterna
Pemanece, quase sempre, inconsciente ao sujeito.
npre é
ud C Direito casando-se, poderiam unir homeme mulher nova-

Simples localizar tais relações Ne mente, pai e me.


invisíveis.
estudante surpreendeu-se com tal idéia, perguntando-me
DireitoLembro-me
de

com uma
que, apesardedeumajáestar cursando
estudante do o 3 Grau,
19 ano de
Facu tinuava 4pessoa
A

que me havia indicado a ela


tinha me contado algo
idéia permanente de fazer Medicina
dentro isto,
e,
80
A escolha pofissional
em
sobre sua vida. Pudemos esclare que não, que.eu
questão Familia e escolha profissional
81
de sua própria fala. Contudo, penso que isto
tiravs esta
esta certo "engasgo.
idéia indica
estudante havia se sentido muito exposta, mas, ao mesnava que a
SOS em um Umexemplo é o caso
um estudan-
tinha uma idéia forte de fazer Medicinae era muito
de
incen-
acabava confirmando que "algo
na sua vida'" a
tempo,
levava à mpo, pelos pais a seguireesta carreira. Mas, quando manuseava
ado
conclusão. Após algumas entrevistas, mesma
a estudante decideSma arossos livros médicos, nao se via lendo-os. Sua segunda op-
nuar o curso de Direito, desistindo da Medicina, o quePorCon. ção era lagogia. Para fazer Medicina, afora não gostar de ficar
na vivência simultânea
do luto pela separação dos
pais e da plica preso aos livros, teria que estudar em período integral e parar de
frabalhar, o que seria um problema, pois ele se sustentava. Mas
desta carreira que escolhe não seguir. Pensar situacõcs c opd
esta ainda não era isto que o deixava em dúvida, pois havia a chance
exige do orientador uma atençao especitica a0 aspecto
reparatório de batalhar uma bolsa de estudos. Por que a dificuldade de deci-
envolvido na escolha profissional.
dir, então?
Em outras situações, os conflitos e ansie lades vividos Em um dia em que conversávamos sobre 1 vida familiar, o
pelo
estudante demonstram mais transparentemenfe sua relação com estudante referiu-se, no grupo, a uma experiêne a: houvera socor-
os dilemas vividos no grujpo familiar.A esc lha profissionalde
rido, havia já algum tempo, o próprio pai en. crise cardíaca, e
um elemento na família pode
apresentar-se como um sintoma do sentira-se em grande apuro ao chegar no hospir al e ser impedido
grupo. Para compreendermos este processo, fa.-se necessário re de entrar na sala de emergência, ficando solitár.o e desesperado
correr à noção de do lado de fora. Disse-Ihe, então: "Você já parou para pensar que,
identificação projetiva, introduzida por Melanie
Klein(3), em 1946. Este conceito ajuda a compreender como se embora tenha-se passado muito tempo, isto pode ainda doer mui
to em voce? E que esteja considerando que, se fosse médico, pro-
forma um "paciente-identificado" numa família- o
bode vavelmente não teria sido impedido de entrar? Poderia acompa-
expiatório, aquele que leva a fama de portar o conflito, mas que
nhar seu pai, saberia o que fazer e teria maior noção sobre a gra-
antem, na verdade, expressando um dilema compartilhado,
expressando VIdade ou não de seu estado! Estaria você imaginando que pode
no sintoma as dores e dificuldades de todo o grupo No
familiar. ria evitar de se sentir novamente assim se fosse médico?.
encontro seguinte, o estudante conta no grupo que havia resolvi
Melanie Klein utilizou essa expressäo para desigla me

fazer Física. Tinha a ver com o corpo,


de algum
canismo através do do do
Educação
EU
EUé
qual "uma combinação de partes cindidas modo, tinha a ver com ensino, de algum
modo. Medicina e Peda-

projetada em outra Isso quer dizer sobre tais senti


mentos e idéias derivadospessoa".
do mundo interno do indivíduo.são iiduo são 8Og1a integravam-se! Parece-me que conversar
e 0 aju-
novo moyimento,
Cmdidos (divididos entos liberou o estudante para fazer ou poupar
em
no. Conseqüentemente, o sujeito fica projetados num oDJe
pedaços)e do Sar do lugar daquele que conseguirá poupar-se
Seus familiares de viver insegurança e medo, nas Situagocs
EU ea
vivencia no objeto (a outra desprovidosou t epossuís- humana! Nao
Se a pessoa), como cstejam às voltas com doença e com fragilidade
parte
projetada. Aoutra pessoa
num
c assumindo como responsave!
por

conivência, por pactos reciprocamente


processo de
a
le sendo colocado e se familiar, ou seja, apre
pressar tais sentimentospertinentes ao grupo
permanecem inconscie
tes aos sujeitos. que permanc S e como solução para a
cardíaco na
ansiedade de haver
um

e grupo fan de sua escolhapro'issional


indivíduo
que se atualizava no nmomento
nnanecem ddescon,principal
pemanecein dano é que
es e conflitados, como se fica:sem
pre
, O
escolha profissional
A escolha profissional em questão Familia e
83
82
um estudo mais ande comparecem 0 Jovem e Seus
pais. Mesmo
propósito neste espaço quando o jovemé
Como não é o
em Melanie Klein, creio aue aior de idade, no caso de a Orientação Profissional estar
conceito de reparação sendo
aprofundado do entendermos aue naga pelos pais, usualmente sugerimos que venham a uma
de que aqui, caberia apenas
se trata pri-
para aquilo estar a serviço de uma tentativa de meira entrevista como filho, para conhecer o local, o orientador e
escolha de uma profissão pode
se encontra estragado ou quebrado conversar sobre o processo. Se os pais estão de acordo e o filho
reparar,de "consertar" algo que
ainda, como escolha pode
foi visto, que a aceita ficar, então marcamos mais 8 sessões (com duração de 1
dentro do indivíduo ou, hora) com o estudante, e uma uitima sessão novamente aberta aos
de um conflito grupal, tentativa de numa
surgir como significante se o estudante não se opõe.
representar tais conteúdos e apresentar uma solução. Como se, ao pais,
Esclarece-se ao estudante que o que será conversado nesta
adquirir aqueles conhecimentos ou desempenhar tal papel, uma pes-
soa pudesse se livrar de sensações interiores dolorosas. Bohoslavsky ocasião da presença dos pais, no último encontro, será combinado
enfatizou a importância de observarmos estes movimentos de "fal- entre ele eo orientador no 9* encontro,e que ele estaráresguardado
sas" reparações, salientando a necessidade de detectá-los, uma vez por sigilo, podendo conversar sobre o que quiser em suas entrevis-
que mais tenderão a frustrar o futuro profissional do que a aliviá-lo tas, o que não será comunicado ou compartilha. o com os pais sem
ou enriquecê-lo, já que cria uma situação de mera aparência, mas sua permissão. No grupo, obedecem-se aos m smos critérios. Os
não dissolve o problema: o dilema e a ansiedade originais. pais vêm com seu filho numa entrevista à parte, o jovem entra para
o gupo (com duração de 12 encontros de 2 horas) e, ao témino
encontros, os pais que desejarem podem solicitar
um retomo
dos
Incluindo a família no
programa de com seu filho para uma conversa comoorientador.
sobre
Deste modo, buscamos obter uma rápida avaliação
a
orientação profissional está inseri-
pSicodinâmica do grupo familiar no qualo estudante
fantasias de todos rela-
Muitas vezes, para
compreendermos estes processos, ne do e, também, um levantamento sobre as do
cessitamos da concreta
presença dos pais em algum momento do vas à sua escolha profissional. Partimos princípio de que a
medida em
trabalho. Seja na entrevista Onentação Profissional é importante justamente
na
inicial e/ou final,
seja incluindo-os
em
algumas tarefas, entre sessões, que se efetuem em casa. que pode auxiliar o orientando a conhecere considerar
os
proces
Porém, inchuir os pais e/lou SOS envolvidos neste imaginário
taçao ProfiSsional não
familiares no trabalho de Orien
maior de idade e
familiar
ele próprio esta
mente dentro das
significa, necessariamente, tê-los concreta Quando o orientando é é feito semapartt-
entrevistas. Muitos outros recursos Profissional, o trabalho
utilizados podem
s Pgando Orientação
a
ad tot
para que se possam Cpação dos pais, família é considerada,
a
partir
das ao
processo de escolha
investigar as representações vincula mas a
enquanto
contexto
familiar
trdZl
profissional presentes na familla. CIe a representa, ou seja, com a
Para
exemplificar estes procedimentos, ddo Assim,
estaremos
operando
da por ele em seu curso. de
experiencia de atendimento em um Serviço de utilizar-me-eofis-
psicanalítica
com a noção
noção de "objetos internos" e a
sional', onde este tipo Orientação de família interna
que
corresponderia

de trabalho inicia-se com uma


enu
vista familidade"-
uma
um tipo em
constante
atividade.

parte da vida mer na pessoa,

é resultado da
interaçao
1 Na
"LAÇOS -

Núcleo de Estudos Nesta conce


cepção, a interação familiar
e
Reciclagem da Família".

.
A escolha projis.SLU.
85
84 5e: Acho muito dificil
partes
de
familidade dos indiví..
duos om deciso o futuro da
complicado esse momento em
e
diferentes suavida
complementar
das
qu espero estar passand para você
profissional. Dou todo
ssional podemos apoioe minha
nuito nova para tomar essasolidariedade. Pen-
neste grupo.
Profissi star
uma
Orientação você aind é
Mesmo e m aparentemente traz a reali- so que
decisão, sinto que
a tais
processos.
O orientando
durante o tratrabalho, mas precisa Aividas continuarem voce deve dar um tenmpo
atentos
família em sua fala,
represent
entações sobre esta ansiedade se acalmar e para
talvez aflorar idéias novas. deixar
dade de sua
traz s u a s Não tenho
mos
considerar que, na verdade,
os como
Para investigarmos
os pais vêem sonhos ou ideais em
relação à sua
profissão, mas
funciona. gostaria
como esta
família
de escolha profissional, utilizamo-nos de muito que vocë em
primeiro lugar se conhecesse, desse um
tempo
filho e o momento no que te da
seu
Por exemplo,
solicitamos que o jovem e n t r e . nensando sempre prazer em fazer. Conte comigo"
algumas atividades. chamá-lo por tal
escolherem
viste seus pais sobre o porquë de
falas interessantes como Mãe: "Gostaria quue a Paula terminasseoteste com
nome: Pedro, Túlio,
Marta, etc. Surgem uma meta
Escolhi Míriam porque, na época, havia uma personagem boni- e amadurecida para o estudo na área desejada. Não tenho objecão
com este nome"; "Escolhemos Renata por-
por nenhuma área, desde que fosse a real motivaço de Paula'".
ta e rica numa novela
de uma tia muito querida, que havia falecido há
que era o nome
na época, e lhe fizemos esta homenagem"; "Esco- Mãe: "Como me sinto nesta fase em que minha filha está
pouco tempo,
Ihemos Samara porque a primeira filha chamava-se Samira e, a s escolhendo sua profissão? Neste momento da escolha da profis-
sim, achamos outro nome que começasse com S". Deste modo, são da minha filha me sinto feliz e tranqüila, porque acho que é
Os pais representam algo sobre o que esperavam daquele filho e um período muito especial para ela, onde a tranqüilidade é um
expõem suas fantasias. No primeiro caso, a m e parece deixar fator muito importante. Vejo que ela está passando por um perío-
claro que espera ter uma filha bonita e rica; no segundo, Renata do de muitas dúvidas, de estar questionando bastante, mas não
pode representar o "renascimento" da tia falecida, como um tipo importa, tudo isso faz parte.
da pessoa querida; no terceiro, Samara e Samira
denãosubstituição
são gêmeas, mas parecem não possuírem uma diferenciaçao "Estou muito animado por você estar tentando achar a
Pai:
aos olhos dos pais. Pode acontecer, ainda, que o próprio estudan Sua profissão e ao mesmo tempo programar seu futuro. Sempre
te narre
situações dessa ordem, durante uma sessão, como e o acnei que esta seriafase difícil, mas com um número grande
uma
caso
da estudante que se dizia a "ovelha-negra" sucedida; acho
conta: "Meu
pai procurava nomes que
de sua familiae profissões alternativas, onde você poderia ser bem
com a letra valida esta tentativa de identificar qual delas seria a escolhida. Op
no
jomal, na sessão de procurados começassem acho
pela Polícia!" osobre minha idéia de que profissão você deveriaescolher,
Solicitamos, ainda, ao estudante que muito precipitada. Vou torcer para que a orientação que voce ver
creverem para ele uma peça aos pais para es
carta dizendo como vêem decidir
olhos e ajudar a
de escolha profissional. Estas seu momen cendo sirva para pelo menos abrir seus
contro do cartas são lidas e discutidas no en mais próximo de sua intenção. Voltaremos ao assunto
grupo. Vejamos alguns destes discursos:
Pai: "Prezados senhores, estamos expondo a nosSa op
nesta
submetendo-se
quanto aos testes
que a minha filha Carla
vem
em qUesNI)

profissional 87
A escolha
86
foi
ainda" sem um ideal definido para a filha. No
deveria fazer
teste de aptidão
que
se acalme e aguarde "idéias entanto, ao sugerir
novas", pode estar
de optar por uma
mesma

entidade. A idéia de que


a
ficou em condição
confusa, fazen-
filha que não acha as atuais idéias desta muito informando à
pois a
mesma quando totalmente
ansiedade e do boas, apenas fruto
minha,
universitária
demonstrou
estar
biológicas ehuma- da auto-desconhecimento. Possivelmente
carreira
várias áreas,
tais como:
exatas,
Procura- então, a idéia de que o critêrio da escolha
mite, então. trans-
do e x a m e s para chanmou a atenção. deve ser o "pra
fato este que
me
desta nature er" amadurecido. Segunda mae, ao contráio da
A
nas ao m e s m o tempo,
se apresentava,
e que fatos
ite pressa. Seu discurso, sem duvida, é primeira. trans.
confusão que futuro quanto à
rei m o s t r a r a
normalmente
trazem. problema perpassado
hranca de objetividade e amadurecimento. Sem chance por uma co-
podem trazer, e Assim sen-
za
adequa a pessoa.
para er.
que não
se
atividade ros. fantasias, ilusões. A terceira me
escolha de uma
testes que os senhores a submete destaca-se pelo sentimento
autorizamos a passar pelos de tolerância, mostrando-se suficientemente
do, a Carla apresenta tendência para: compreensiva com
ao meu ver
ram. Para encerrar,
Espero ter contribuído
as dúvidas de sua filha. Parece continente aos
questionamentos,
propaganda e criações.
artes, comunicação,
ela. Atenciosamente, ass". entendendo-os como parte do
processo. A felicidade desta mãe
em algo positivo para parece ser acompanhar os momentos especiais da vida da filha.

dois sentimentos predominam neste Quanto à tranqüilidade, parece haver uma confusão sobre quem é
Pai: "Acredito que
antagönicos. Um mais emocio- quem: a mãe sente-se tranqüila, porque a tranqäilidade (da filha)
momento. As vezes me parecem
é importante no momento da escolha.
nal, outromais racional. Não é fácil optar-se pelo desconhecido
fale dele. Não que seja uma decis o definitiva.
O discurso do primeiro pai parece marcado pelo entusias-
por mais que se mo. Este pai afirma que a filha pode ter sucesso em várias "pro
e no sem algum sofrimen-
Ela éreversível, porém, muito difícil fissões alternativas". E possível que isto possa ser ouvido pela
to. Por isto é que os sentimentos
são confusos e contraditórios.
Evidentemente desejo que minha filha opte por uma carreira que
filha como um voto de confiança ou uma cobrança para que seja
Ihe satisfaça integralmente. Que seja brilhante e integrada no que
bem sucedida. Na escolha, o pai não cobra preciso: "o mais pro-
fizer. Nem sempre este caminho rende dividendos. Se então surge Ximo de sua intenção". Qual intenção? Há algo no ar subentendi-
do. E precipitado para o pai dizer já o que ele pensa. Assim, pare
o outro sentimento, mais lógico, menos emotivo. Se ela seguir
carreira relacionada à minha atividade, tudo fica mais fácil.
Profissional é de abrir os
uma que o Ilugar que ele dá à Orientação decisão mesmo parece
da filha e ajudá-la a decidir, mas a
Além da carreira, poderei transmitir-lhe
'alavancagem' na
umn
nos
aepender de uma futura conversa com o pai. que diz: "voltaremos
pouco de minha experiência. Agora é Ela quem decide
um upo
4sSunto. Já o segundo pai parece mostrar-se ro
confusa e mostra-se um pai aent0.
COCupado. Fala de uma filha procurando
Deste modo, torna-se possível compor algumas impressoes De maneira formal a função paterna,
procura e x e r c e r saber o que
sobre a atitude dos pais em relação à escolha profissional de seu evitar que a filha tenha problemas futuros. Ele parece sentir-se
é ruime o Penso que a filha pode

tilho e a atmosfera gerada em torno disto. A primeira mãe, por que é bom para ela. escolha sob o critério
pater
exemplo, parece apresentar-se sem pressa, dando apoio e solda cobrada no sentido de tomar a
certa,
tambem dispersaa
no. A filha mas
riedade à filha. Contudo, parece colocá-la numa infantil
posição eja parece ao pai muito criativa, ele surge
ele
como quem

r tres áreas diferentes. Neste momento,

de incapacidade, quem sabe porque ela própria tambëm s


em
questão "OtSStOnal
profissional
escolha
A
89
88 nda. Ela faz isso, mas e
não a conhece, se ela muito
apresenta

caos:
"ao meu
ver a
Carla

criações"'. O criança. E muito cedo! É


for ai você
o e aue
que
aparece para
normatizar

comunicação,
propaganda
parte de
uma opo- das situações, diversos elementos vai ver!"
Temos, nestas
artes, discurso, que nos
tendência para:
"tutor". Em seu
protegida)
e o emoci nensar o vínculo destas estudantes permitem, já de ante-
pai,
mostra-se

terceiro pai lado do escolha de suas carreiras. com suas


racional (ficar ao
se a
filha s e deixar mes e com a
o Assim,
sição e n t r e que goste). Assim, os pais acabam por tazer uma
algo de escolha própria, terá con-
onal (optar por fizer
ou seja, se Poderá s e r bri- lar do processo, as vezes presença no desenro-
aaliosas. Por exemplo, umaaparecendo,
"emocional",

ainda, com informacões


sofrimentos.

levar pelo erros e


estará sujeita a
Se for "lógica" e
aban- me ligou
seqüências:
m a s ganhará
pouco.
ensino
contando
muito mal, com dor de barriga fortíssima que o filho pas-
sentir-se bem. r e c o m p e n s a d a pelo sara
Ihante e
felicidade, será e
sonhos de parece ser esta: que socorrê-lo levando-o ao que ela, mãe, teve
donar seus
muito bem.
A escolha
Pronto-Socorro,
plantão disse-lhes que se tratava de uma "crise onde a médica de
do que o pai sabe e ganharárica, ou sem o pai, feliz
e pobre. Vê-se
apoiada e nervosa". Paulo
tinha tido sua dor de barriga no dia em que iria visitar
ficar c o m o pai, ela assuinir essa responsabi-
sendo fácil para
trabalho- tarefa que havia sido combinada na sesso delocal de
devia estar um
que não decide".
lidade do "você é quem Orien-
no se duvida do
a m o r e das boas inten- tação Profissional. Paulo cursava, na
Como se pode
ver,
é importante observar que,
época,o
ria e desejava mudar de curs0, retornando ao
ano de
Engenha
destes
m es. No entanto,
pais e vestibular. Continu-
ções podem ouvir muito mais que ava a ir à Faculdade porque
discursos, os filhos seus pais haviam Ihe
dito que não
por trás de
seus
esboçadas são apenas poderia parar para ficar fazer nada. Porém não estudava e
As interpretações aqui sem
um gesto de
amor.
o u v i r - n o r m a l m e n t e sem
como os filhos podem
encontrava-se com notas muito ruins. A
um exemplo de
acoplada às
informação sobre a dor-
se darem conta
a fala dos pais, que permanecerá de-barriga parecia nos mostrar que investigar novas altemativas
determinantes da escolha profissional. Ocupacionais deixavam-no tão tenso quanto freqüentar as aulas
inconscientes
motivações sem s e r e m so- da Faculdade, sob a
Em outras situações, os pais manifestam-se pressão dos pais. E provável que a própria
dizendo que estava pre idéia de buscar saídas
licitados. Eo caso da me que telefonou,
cara feia
para seu problema fosse sentida por ele
ela, vinha saindo de também como perigosa.
ocupada com a filha, que, segundo a filha
ela achava que E possível observar que, quando um pai contrata umservi
daOrientação Prof+ssional e que, por isso, de
uma bronca.
não estava aproveitando. Falava como quem dava go Orientação Vocacional para seu filho, na verdade, está mais
No grupo, a estudante era participativa e interessada e comentou Contratando algo que lhe está na cabeça do que, de fato, 0 que os
AOS
condutas de sua m e. OFentadores se propõem a oferecer. Penso que a expectativa dos
que desgostava de determinadas de
ter "ficado paise sempre ampliada e que caberiam as seguintes questQes: "O
orientadores pareceu que a mãe queixava-se por
tarefa que ela mesma se impunha leva de C pensam estar pagando?"; "Qual é a encomenda que estariam
fora", apenas com a
azendo para o futuro de seu filho?" Ocorre, mesmo, em certas
telefona parao orientado
buscarsua filha. Ou o caso da mãe que no mno-
sobre o pr Oes que o filho aceite ficar para o trabalho e que,
apos sua filha de 14 anos ter pedido as informações vis- mento de pagar a inscrição, o pai fique ansioso, novamente pon-
grama de Orientação Profissional e marcado a primeira enu a do-se a fazer trabalho que paua
ta(para elae a mãe), e diz: "Estou telefonando paradesmarca perguntas. Como contratam um
sem saoer
entrevista que minha filha deixou marcada. Ela é muito
atura
Conhecer Cecessário experimentar, e que se começa
Famillde escona projLSSLonal
em questão
profissional
A escolha
91
90
terreno fértil para o Profissional voltada para localização
a

qual seráo
destino, a Orientação
torna-se um

pais que
receiam a influência
a
orientando, e, quando caso, também para interpretação para
e o
e

depósito de
muitas inquietudes.

vida de seu filho; ou-
flitossubjacentes. Pudemos, assim, perceber família, dos con-
a

o
trabalho de orientação poderá ter na
o processo c o m "certi- Gicsional se monta, muitas vezes, como um
que escolha a
pro-
que
que o filho começasse nara "solução" de conflitos
a artifício imaginário
que gostariam que gostariam de que, em sua
tros
garantia" de
aproveitamento;
outros
com profissão, que jamais serão
a e origem, nada têm ver a
ficado de ajudarem o filho nisto; ou- solucionados
poderes extras para uma escolha de carreira. realmente por
ter, eles próprios, "refazer" a própria
de
vida através da
tros, ainda, que gostariam
exemplo, a me que nunca
Ao fazer emergir
as
motivações inconscientes ao
atual de seu filho0: por de escolha, e colocá-las em pauta nas sessões processo
oportunidade e que fica ma-
trabalhou e que desejava
ter-se profissionalizado,
a família,
individuais ou com
uma carreira
a
u n i v e r s i t a r i a para filha, quase como procuramos desligar a escolha profissional do conflito
ravilhada com lado da filha, assistindo gue a direcionava. Desta forma,
sentar-sena cadeira ao por um lado, a escolha se
se estivesse indo flexibilizará para atender a outras motivações e necessidades, e o
a o curso.
feitas no sentido de sali- conflito, por outro lado, poderá ser encaminhado
Todas estas considerações foram para uma outra
adicionar a este tipo de traba- solução. Nesta linha, torna-se responsabilidade do orientador ve-
universo rico que se pode
entar o
de participação aos pais. rificar campo ao qual o conflito se refere e encaminhar o orien-
o
se concede um lugar
lho, quando dos orientandos tando, família toda, parao atendimento
ou a
À guisa de esclarecimento,
todos os nomes
tivo. Como exemplos vistos, uma infertilidade
profissional respec-
citados nestes exemplos são fictícios. precisará de aten-
dimento médico e psicológico; ansiedade diante de um membro
cardíaco na família poderá ser tratada em uma
terapia familiar.
Considerações finais

vividos no universo da
Vimos processos afetivos
como os
de escolha profíssio
família se relacionam e condicionam o tipo
um de seus elementos. Neste caso, destacamos
nalrealizado por
confi
escolha profissional pode
o processo através do qual uma
no grupo familiar, expresso
gurar-se como um sintoma produzido
nas düvidas e certezas do membro que está diante
da escolha
geralmente o filho.
da parti
Vimos, também, exemplos de como a solicitação
Profissional poae
Cipação dos pais no processo de Orientação
indivíduo, desteseic
contribuir para a análise e elaboração, pelo
mentos subjacentes à escolha ocupacional.
No decorrer do texto, enfim, procuramos mostrar como Orien-
VIsao do processo de escolha profissional implica em uma

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