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Como você já sabe, imóveis são bens de grande valor monetário e transações comerciais
envolvendo esse tipo de bem exigem um certo nível de conhecimento técnico, tanto para
o vendedor quanto para o comprador.
Imagine, por exemplo, que você deseja comprar um imóvel e, por não conhecer o
mercado, acaba por desembolsar um valor muito superior ao valor de marcado. A
situação é ainda pior quando você necessita vender esse mesmo imóvel cobrando um
valor igual ou superior ao valor de compra, mas não consegue porque não há ofertas.
Casos como esse são mais comuns do que se pensa e é por isso que é necessário a
contratação de um profissional habilitado para realizar a avaliação de um bem e garantir
que a transação seja justa para todas as partes envolvidas.
Sem mais delongas, nesta apostila, iremos aprender sobre Avaliações de Imóveis
Urbanos e, para isso, utilizaremos como base os preceitos da NBR 14653, partes 1 e 2.
Estão preparados?
2
Índice
3
“O levantamento do valor de
mercado de um bem não é a
única finalidade da avaliação.”
4
1
Introdução à avaliação de
imóveis urbanos
Nesse primeiro capítulo, iremos iniciar nosso estudo sobre Avaliações de Imóveis com
base na NBR 14653-1:2019 e, nele, iremos abordar a parte introdutória dessa área, que
engloba alguns conceitos básicos e os procedimentos necessários para realização de um
laudo técnico.
Conceitos básicos
Para iniciarmos nosso estudo, precisamos conhecer alguns conceitos fundamentais
relacionados à área de avaliações imobiliárias, são eles:
Valor de Mercado: é a quantia mais provável pela qual um bem pode ser negociado no
mercado.
5
Engenharia de Avaliações: conjunto de conhecimentos técnico-científicos
especializados, aplicados à avaliação de bens.
Após a Lei 5.194 de 1996, art. 7º, a avaliação de imóveis passou a ser atividade
exclusiva de engenheiros, arquitetos e engenheiros agrônomos, devidamente
registrados nos seus respectivos Conselhos. Ou seja, é condição necessária o registro no
CREA e/ou CAU para o profissional estar apto a emitir laudo técnico.
No entanto, a resolução do COFECI nº 1.064 de 2017 prevê a possibilidade de o
corretor de imóveis elaborar parecer técnico de avaliação mercadológica, desde que ele
possua diploma de curso superior em Gestão Imobiliária ou equivalente e/ou certificado
de conclusão de curso de Avaliação de Imóveis. Essas qualificações, no entanto, não
dispensam a necessidade de umas das formações citadas no parágrafo anterior para o
profissional ser considerado um engenheiro avaliador.
6
Imóvel a venda
2. Análise da documentação
Após tudo estar devidamente esclarecido, o engenheiro avaliador deve analisar toda a
documentação do imóvel necessária para a avaliação.
Lembrando que não é de responsabilidade do avaliador analisar a legitimidade da
documentação fornecida.
3. Vistoria do imóvel
Essa etapa é de extrema importância e deve ser feita, preferencialmente, pelo avaliador
para que este tome conhecimento de todas as características do imóvel relevantes à
avaliação. Para isso, é indicado que sejam feitos registros fotográficos de todos os
cômodos e do entorno do imóvel, quando possível.
7
Vistoria de imóvel
4. Coleta de dados
A próxima etapa consiste em pesquisar os elementos para compor a amostra. Para isso,
deve-se levar em conta as características do bem avaliando e a disponibilidade de
recursos e informações, lembrando que a melhor amostra é aquela que contém a maior
quantidade possível de dados de mercado com características semelhantes ao avaliando.
Para realizar essa coleta, o avaliador pode fazer uso de site imobiliários ou ligar
diretamente para corretoras de imóveis.
5. Diagnóstico do mercado
6. Escolha da metodologia
Após a coleta dos dados e a escolha da metodologia mais adequada, o tratamento será
feito de acordo com modelo metodológico escolhido.
8
8. Resultado da avaliação
Por fim, nessa etapa, o avaliador apresenta o laudo da avaliação, em que consta o valor
de mercado do imóvel a que se chegou após o tratamento dos dados coletados.
Dessa forma, para que seu laudo de avaliação seja considerado satisfatório, deve conter
no mínimo os seguintes itens:
Identificação do solicitante;
Finalidade e objetivo do laudo;
Pressupostos, ressalvas e fatores limitantes;
Identificação e caracterização do imóvel avaliando;
Diagnóstico do mercado;
Indicação dos métodos e procedimentos utilizados;
Indicar a especificação atingida, com relação aos graus de fundamentação e precisão da
avaliação;
Tratamento dos dados e identificação do resultado: explicitar os cálculos efetuados, o
campo de arbítrio, se for o caso, e justificativas para o resultado adotado;
Resultado da avaliação e sua data de referência;
Qualificação legal completa e assinatura dos profissionais responsáveis pela avaliação.
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Procedimentos metodológicos
A última parte desse capítulo diz respeito à escolha da metodologia a ser aplicada na
avaliação, que leva em consideração o tipo de imóvel avaliando, a finalidade da
avaliação e os dados disponíveis no mercado.
Desse modo, segundo a NBR 14653-1, os métodos disponíveis são:
Método Involutivo
Esse método, por sua vez, baseia-se em modelos de estudo de viabilidade técnico-
econômica utilizando imóveis hipotéticos com características semelhantes ao avaliando
e com as condições do mercado no qual está inserido.
Método Evolutivo
Identifica o valor do bem pelo somatório dos valores de seus componentes, considerado
o fator de comercialização.
Por fim, esse método identifica o valor do bem com base na capitalização presente da
sua renda líquida prevista, considerando cenários viáveis.
Então, essa foi a parte introdutória sobre Avaliação de Imóveis Urbanos. No próximo
capítulo tem muito mais e, nele, veremos sobre o Método Comparativo Direto de dados
de Mercado.
10
“A emissão do laudo de
avaliação de imóveis passou
a ser atividade exclusiva de
engenheiros, arquitetos e
engenheiros agrônomos,
devidamente registrados nos
seus respectivos conselhos.”
Lei 5.194 de 1996
11
2
Método comparativo direto
de dados de mercado
Indo agora ao que interessa, neste capítulo, iremos nos aprofundar no Método
Comparativo Direto de Dados de Mercado e também conheceremos os procedimentos
básicos e os tipos de tratamento de dados utilizados por esse modelo. Tudo isso com
base na ABNT NBR 14.653: Avaliação de Bens – Parte 2: Imóveis Urbanos.
Vamos lá, então?
Etapas do método
Para iniciar nosso estudo, abordaremos as etapas para a realização de uma avaliação
imobiliária utilizando o Método Comparativo Direto, a seguir.
1. Planejamento da pesquisa
Já vimos até agora que o Método Comparativo Direto utiliza uma amostra
representativa de dados de mercado de imóveis com características, tanto quanto
possível, semelhantes às do avaliando.
Mas, para que tudo isso seja possível, é necessário um planejamento da pesquisa dos
dados que irão compor essa amostra, de modo que ela seja a mais abrangente e mais
representativa possível.
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Planejamento da pesquisa
Para auxiliar na escolha dessas variáveis, vejamos os dois tipos existentes, são eles:
Variável dependente
Variável independente
14
Dados de mercado
Sinteticamente, devemos nos atentar a alguns pontos importantes no momento da coleta
de dados, são eles:
Buscar dados de mercado com atributos mais semelhantes possíveis aos do bem
avaliando;
Diversificar as fontes de pesquisa tanto quanto possível e, quando necessário, apresentar
no Laudo as fontes utilizadas;
Realizar vistorias em cada imóvel da amostra, sempre que possível;
Identificar e descrever as características relevantes dos dados coletados;
Coletar dados de mercado o mais recente possível em relação à data de referência da
avaliação;
Considerar as superestimativas que, em geral, acompanham as ofertas de mercado;
Evitar uso de informações que impliquem opiniões subjetivas.
A quarta e última etapa deste método consiste no tratamento dos dados coletados no
mercado e, de início, é recomendado a sintetização de todas informações obtidas sob a
forma de gráficos que mostrem as distribuições de frequência para cada uma das
variáveis escolhidas, bem como as relações entre elas.
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Tratamento de dados
O tratamento de dados por fatores é utilizado quando se tem dados de mercado o mais
semelhante possível ao avaliando. Isso porque é feita uma comparação direta com os
valores vigentes, utilizando fatores para homogeneizar as características que forem
relevantes e possuírem uma pequena distorção em relação ao avaliando.
Esses fatores devem ser calculados por metodologia científica, justificados do ponto de
vista teórico e prático no Laudo de Avaliação, e devem também ser indicados
periodicamente pelas entidades técnicas regionais reconhecidas e revisados em períodos
máximos de 4 anos (ou menos), além de especificar claramente a região para a qual são
aplicáveis.
Alternativamente, também podem ser adotados fatores de homogeneização medidos no
mercado pelo próprio engenheiro de avaliações, desde que o estudo de mercado
específico que lhes deu origem seja também anexado ao Laudo.
Maiores detalhes sobre o Tratamento por Fatores você encontra no capítulo 5.
Tratamento científico
Pois bem, essa foi a parte introdutória sobre o Método Comparativo Direto de Dados de
Mercado. No próximo capítulo, você saberá mais sobre o Tratamento por Fatores.
17
“O levantamento de dados
tem como objetivo a
obtenção de uma amostra
representativa para explicar
o comportamento do
mercado.”
18
3
Tratamento por fatores
para avaliação de imóveis
Tratamento por Fatores é um dos dois métodos de tratamento de dados utilizados pelo
Método Comparativo Direto de Dados de Mercado que, por sua vez, é um dos vários
métodos existentes para realizar avaliação de imóveis.
Falando assim, até parece muita informação, mas não se preocupe.
Nesse capítulo, estudaremos sobre o tratamento por fatores, utilizando como guia os
procedimentos normatizados pela ABNT NBR 14.653: Avaliação de Bens – Parte 2:
Imóveis Urbanos (anexo B).
Vamos lá?
19
Antes de iniciarmos, farei algumas observações sobre este capítulo:
Conforme você verá, a aplicação do tratamento por fatores é um trabalho complexo
que sempre deverá estar acompanhado das devidas justificativas a respeito dos fatores
utilizados.
É por essa razão que, na maior parte do capítulo, não serão fornecidas tabelas
referentes aos valores dos fatores de homogeneização, pois eles variam de região para
região.
No entanto, se você estiver buscado valores para ter apenas uma noção, eu indico que
consultem a Norma de Avaliações de Imóveis Urbanos do IBAPE/SP, pois ela fornece
todos os fatores de referência para o estado de São Paulo.
Pronto, agora já podemos.
"Esses fatores devem ser calculados por metodologia científica, justificados do ponto
de vista teórico e prático no Laudo de Avaliação, e devem também ser indicados
periodicamente pelas entidades técnicas regionais reconhecidas e revisados em
períodos máximos de 4 anos (ou menos), além de especificar claramente a região para
a qual são aplicáveis."
Sabendo disso, quando devemos optar pelo tratamento por fatores em vez do
tratamento científico?
Primeiramente, devemos ter em mente que os fatores são usados para ajustar os dados
de mercado à média, ou seja, para homogeneizá-los e tornar a amostra o mais
semelhante possível do imóvel avaliando.
Dessa forma, o tratamento por fatores é utilizado em situações em que a quantidade de
dados de mercado similares é insuficiente para a realizar uma inferência estatística e,
portanto, os dados disponíveis necessitam ser homogeneizados para a aplicação do
método comparativo direto.
Procedimentos básicos
Veremos agora os procedimentos básicos para realizar o tratamento de dados por fatores
e, é claro, veremos também quais são os fatores utilizados para isso.
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1. Coleta da amostra
Assim como no tratamento científico, para o tratamento por fatores é recomendado que
a amostra seja composta de dados de mercado com características o mais próximo
possível do imóvel avaliando para que se tenha uma real representação do mercado.
Para isso, é recomendado que o número de elementos efetivamente utilizados no modelo não
seja menor que 3.
Desse modo, coletados os dados disponíveis para compor a amostra, é momento agora de
selecionarmos os fatores a serem utilizados no tratamento desses dados.
O segundo passo para esse tipo de tratamento de dados é a escolha dos fatores de
homogeneização que serão utilizados pelo modelo e, para isso, é imprescindível conhecer as
características do imóvel avaliando e as informações disponibilizadas pelos dados amostrais.
Mas o que são esses fatores?
Os fatores, também conhecidos como fatores de homogeneização, são, basicamente, as
informações pertinentes aos elementos da amostra que serão comparadas com o objetivo de
homogeneizá-la e torná-la, tanto quanto possível, mais próxima das características do imóvel
avaliando.
Para exemplificar, a seguir serão expostos alguns dos principais fatores de homogeneização
utilizados em avaliações de imóveis, lembrando que qualquer que seja o fator utilizado no
modelo, este deverá ser devidamente justificado no laudo.
Fator de oferta
O fator de oferta, também chamado de fator elasticidade ou fator fonte, é o primeiro fator que
deve ser considerado no tratamento e é ele que leva em conta o fato de que o valor de alguns
elementos podem ser oriundos tanto do valor de negociação como do valor de oferta.
Desse modo, ele é usado para descontar valores excedentes devido à especulação do mercado e
tornar os dados disponíveis homogêneos quanto à fonte.
Dito isso, só poderão ser utilizados para compor a amostra os elementos que impliquem em um
fator de fonte entre 0,80 e 1,20 e, na impossibilidade da sua determinação, recomenda-se
adotar o valor de 0,90, ou seja, considerando um desconto de 10% no momento da transação
em relação ao valor de oferta.
Fator localização
Também é conhecido como fator transposição e é usado para transferir hipoteticamente o valor
do terreno de um lugar para o outro com o intuito homogeneizar dados que, porventura, estejam
em localidades diferentes de um lote, por exemplo.
Para isso, poderá ser utilizado o Índice Fiscal, utilizando a relação entre eles, não é
simples?
IFA
Fl =
IFD
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Onde:
Fl é o fator localização;
IFA é o índice fiscal do avaliando;
IFD é o índice fiscal do dado, sendo que:
0,5.(IFA) < IFD < 2.(IFA).
No entanto, caso não exista informações sobre o Índice Fiscal, deverá ser feito o estudo
de novos índices, devidamente fundamentados.
Além do mais, é importante lembrarmos que o fator localização incide
exclusivamente sobre o valor do terreno, mesmo se houver edificações construídas.
Fatores de forma
Veremos agora os quatro principais fatores de forma que mais influenciam no valor do
imóvel e são aplicáveis exclusivamente ao valor do terreno.
- Fator testada
f
F
Ff = r
Fp
Onde:
Ff é o fator testada;
Fr é a frente de referência (m);
Fp é a frente projetada (m), sendo que: 0,5.Fr < Fp < 2.Fr;
f é expoente do fator testada e varia para cada tipo de zona de ocupação.
22
- Fator profundidade
Esse fator, por sua vez, considera a desvantagem do imóvel possuir profundidades fora
da faixa recomendável para a região e é calculada para cada situação, conforme a
seguir:
a) Se Pmín ≤ Pe ≤ Pmáx, então Fp =1 ;
p
P
b) Se 0,5.Pmín < Pe < Pmín, então Fp = mín ;
P
e
1
d) Se Pmáx < Pe < 3.Pmáx, então Fp = ;
(Pmáx /Pe)+[1-(Pmáx /Pe)].(Pmáx /Pe )p
e) Se Pe > 3.Pmáx, então Fp =3.Pmáx .
Onde:
Fp é o fator profundidade;
Pe é a profundidade equivalente (m) e vale: Pe =A t /Fp ;
- Fator área
O fator de área, quando for utilizado, deverá ser definido através de uma análise
criteriosa e deverá ser devidamente fundamentada tecnicamente.
No entanto, para zona de ocupação do tipo residencial horizontal popular (1ª zona), o
único fator de forma aplicável é o fator área e deve ser calculado conforme abaixo:
Fa =(A/125) 0,20
Onde:
Fa é o fator área;
A é a área do terreno (m²).
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- Fator de esquina
Também conhecido como fator frentes múltiplas, esse fator considera a valorização
decorrente da maior possibilidade de terrenos de esquina ou com mais de uma frente
serem utilizados para negócios.
Esse fator tem o objetivo de eliminar as diferenças relativas aos detalhes de acabamento
entre diferentes imóveis.
Dessa forma, para o ajustamento do atributo poderão ser utilizados os valores unitários
publicados pelo SINDUSCON regional, SINAPI ou outra publicação oficial, lembrando
que é indicado a cada Regional definir a tabela a ser utilizada.
Fator conservação
Foc =R+K(1-R)
Onde:
Foc é o fator obsolescência e conservação;
R é o valor residual (decimal), tabela 3.1;
K é o coeficiente de Ross-Heidecke, tabela 3.2.
24
Tabela 3.1 – Vida referencial e valor residual
Idade
Valor
Tipo Padrão referencial
residual (%)
(anos)
Padrão rústico 5 0
Barraco
Padrão simples 10 0
Padrão rústico 60 20
Padrão proletário 60 20
Padrão econômico 70 20
Padrão simples 70 20
Casa
Padrão médio 70 20
Padrão superior 70 20
Padrão fino 60 20
Padrão luxo 60 20
Padrão econômico 60 20
Padrão simples 60 20
Galpão
Padrão médio 80 20
Padrão superior 80 20
Padrão simples 20 10
Cobertura Padrão médio 20 10
Padrão superior 30 10
25
Tabela 3.2 – Coeficiente de Ross-Heidecke (continua)
Estado de conservação
Idade em %
da vida A B C D E F G H
referencial
0,00% 0,32% 2,52% 8,09% 18,10% 33,20% 52,60% 75,20%
26
Tabela 3.2 – Coeficiente de Ross-Heidecke (continuação)
Estado de conservação
Idade em
% da vida A B C D E F G H
referencial
0,00% 0,32% 2,52% 8,09% 18,10% 33,20% 52,60% 75,20%
Para ter informações sobre o estado de conservação para obter os valores do coeficiente
de Ross-Heidecke, utilize a tabela 3.3 seguinte fornecida pela norma IBABE/SP:
27
Tabela 3.3 - Estados de conservação (continua)
Estado da Depreciação
Ref. Características
edificação (%)
28
Tabela 3.2 - Estados de conservação (continuação)
Estado da
Ref. Depreciação (%) Características
edificação
Edificação
I 100,00 Edificação em estado de ruína.
sem valor
3. Aprimoramento da amostra
Onde:
Vu é o valor básico unitário após ajuste por fatores;
Vo é o valor de oferta;
F1, F2, F3, ... Fn são os fatores de homogeneização.
Para esse passo, vale observar que são considerados discrepantes elementos cujos
valores unitários, em relação ao valor médio amostral, estejam fora do intervalo:
0,5.x Vu 2.x .
29
Esse intervalo nada mais é do que a variação de 30%, para mais ou para menos, em
torno do valor médio calculado no passo “a”.
c) Saneamento da amostra
x-x mín
R inf =
S
x máx -x
R sup =
S
Onde:
Rinf e Rsup são os valores limites para os resíduos padronizados, sendo que: Rinf,sup <
c;
c é o valor crítico para n elementos, tabela 3.4;
x é a média aritmética da amostra;
xmín é o valor crítico inferior;
xmáx é o valor crítico superior;
S é o desvio padrão da amostra.
30
Tabela 3.4 – Critério de Chauvenet para rejeição de valor medido
Após o saneamento da amostra, iremos estimar o valor do imóvel avaliando, que deverá
ser a soma do valor do terreno e o valor da edificação, quando existirem ambos.
Valor do terreno
O valor do terreno por meio do tratamento por fatores será calculado conforme
expressão a seguir:
Vt = Vu A
[1+(F1-1)+(F2 -1)+(F3 -1)...+(Fn -1)] t
Onde:
Vt é o valor final do terreno avaliando (R$);
Vu é o valor básico unitário após ajuste por fatores (R$/m²), calculado no passo
“a” do item 3;
At é a área do terreno (m²);
31
F1, F2, F3, ... Fn são os fatores de homogeneização do terreno avaliando.
Valor da construção
Vc =A c .C.Fpa .Foc
Onde:
Vc é o valor final da edificação ou benfeitoria (R$);
Ac é a área (m²);
C é custo unitário básico da construção na região, calculado e divulgado
mensalmente pelo SIDUSCON (R$/m²);
Fpa é o fator referente à tipologia e padrão da construção da benfeitoria;
Foc é o fator obsolescência e conservação.
S
x máx =x+t (c;n-1) 0,5
(n-1)
S
xmín =x-t (c;n-1) 0,5
(n-1)
Onde:
xmáx é o valor crítico superior;
xmín é o valor crítico inferior;
x é a média aritmética da amostra;
t(c;n-1) é o valor percentual para a distribuição “t” de Student para um grau de
liberdade n-1 e um dado -grau de confiança c, tabela 3.5;
32
S é o desvio padrão da amostra;
n é o número de elementos da amostra.
Tabela 3.5 – Valor percentual para a distribuição “t” de para grau de liberdade n-1 e
grau de confiança “c” (continua)
Unilateral 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0,025 0,01 0,005
Bilateral 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,05 0,02 0,01
c 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,95 0,98 0,99
GL
1 1,0000 1,3764 1,9626 3,0777 6,3138 12,7062 31,8205 63,657
33
Tabela 3.5 – Valor percentual para a distribuição “t” de para grau de liberdade n-1 e
grau de confiança “c” (continuação)
Unilateral 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0,025 0,01 0,005
Bilateral 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,05 0,02 0,01
c 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,95 0,98 0,99
GL
23 0,6853 0,8575 1,0603 1,3195 1,7139 2,0687 2,4999 2,8073
O campo de arbítrio é outro tipo de intervalo, que engloba uma variação de mais ou
menos 15% em torno do preço estimado e, assim como no intervalo de confiança, no
campo de arbítrio podemos arbitrar o valor do bem, desde que devidamente justificado.
7. Enquadramento do modelo
34
Tabela 3.6 – Grau de fundamentação para tratamento por fatores
Grau
Item Descrição
III II I
Completa
Completa
Caracterização quanto aos Adoção de
quanto a todos
1 do imóvel fatores situação
os fatores
avaliando utilizados no paradigma
analisados
tratamento
Quantidade
mínima de
dados de
2 12 5 3
mercado,
efetivamente
utilizados
Apresentação
de
informações
Apresentação Apresentação de
relativas a
de informações
todas as
informações relativas a todas
Identificação características
relativas a as características
3 dos dados de dos dados
todas as dos dados
mercado analisadas,
características correspondentes
com foto e
dos dados aos fatores
características
analisadas utilizados
observadas
pelo autor do
laudo
Intervalo
admissível de
4 ajuste para o 0,80 a 1,25 0,50 a 2,00 0,40 a 2,50*
conjunto de
fatores
*No caso de utilização de menos de cinco dados de mercado, o intervalo admissível de
ajuste é de 0,80 a 1,25, pois é desejável que, com um número menor de dados de
mercado, a amostra seja menos heterogênea.
Feito isso, podemos enquadrar o laudo na tabela 3.7 seguinte referente ao Grau de
Fundamentação.
35
Tabela 3.7 – Critérios de enquadramento do laudo no Grau de Fundamentação
Graus III II I
Pontos mínimos 10 6 4
Por último, basta enquadrar o laudo (considerando a não extrapolação dos dados) na
tabela 3.8, referente ao Grau de Precisão do modelo. Sendo a Amplitude calculada por:
Onde:
A é a amplitude (%);
é a média amostral (R$/m²);
é o limite superior do intervalo de confiança (R$/m²);
é o limite inferior do intervalo de confiança (R$/m²).
36
37
4
Tratamento por fatores:
exemplo prático
Agora, vamos solidificar o que foi aprendido sobre Avaliação de Imóveis até o
momento. Para tanto, propomos um exercício hipotético de uma avaliação de imóvel
urbano pelo Método Comparativo Direto de Dados de Mercado, através de tratamento
por fatores.
Confira a seguir!
38
Exemplo prático
Pretende-se avaliar para penhor uma residência localizada na Rua das Abelhas, n º 35,
lote 35, quadra A, bairro Jardim São Paulo, na cidade de São Paulo-SP (2ª zona –
IF=169,52 R$/m²).
RESOLUÇÃO
A partir dos dados já fornecidos, o primeiro passo para a resolução desse problema é a
escolha dos fatores de homogeneização que serão utilizados pelo modelo e, para isso, é
imprescindível conhecer as características do imóvel avaliando.
39
Desse modo, os fatores escolhidos serão:
Fator oferta, pois os elementos da amostra fornecem apenas o preço de oferta e
necessitamos do valor real;
Fator localização, pois os imóveis da amostra possuem índices fiscais variados;
Fatores de forma aplicáveis ao terreno, pois os terrenos possuem formas
variadas;
Fator de acabamento, pois os imóveis da amostra possuem padrão de
acabamento diferentes entre si;
Fator de conservação, pois os imóveis da amostra estão em estados de
conservação diferentes.
Fator de oferta
Fator localização
Esse fator pode ser obtido utilizando a relação entre índices fiscais conforme abaixo:
IFA
Fl =
IFD
40
Tabela 4.1 – Fator localização
Dados Índice fiscal (R$/m²) Fator Localização - Fl
1 160,60 169,52/160,60=1,056
2 165,06 169,52/165,06=1,027
3 169,52 169,52/169,52=1,000
4 160,82 169,52/160,82=0,884
5 191,82 169,52/191,82=0,884
6 191,82 169,52/191,82=0,884
Avaliando 169,52 169,52/169,52=1,000
Fatores de forma
2ª Zona -
Residencial Horizontal 10 25 40 0,2 0,5
Médio
3ª Zona -
Residencial Horizontal 15 30 60 0,15 0,5
Padrão Alto
- Fator testada
f
F
Ff = r
Fp
41
Dessa forma, sabendo que para imóveis localizados na 2ª zona residencial Fr=10 m e
f=0,2, temos:
- Fator profundidade
p
P
b) Se 0,5.Pmín < Pe < Pmín, então Fp = mín ;
P
e
1
d) Se Pmáx < Pe < 3.Pmáx, então Fp = ;
(Pmáx /Pe)+[1-(Pmáx /Pe)].(Pmáx /Pe )p
e) Se Pe > 3.Pmáx, então Fp =3.Pmáx .
Dessa forma, sabendo que sabendo que para imóveis localizados na 2ª zona residencial
Pmín=25 m, Pmáx=40 m, p=0,5, temos:
42
Tabela 4.4 – Fator profundidade
Profundidade
Dados equivalente Fator profundidade - Fp
(m)
1 25 1,00
2 25 1,00
3 25 1,00
4 25 1,00
5 25 1,00
6 50 1/[(40/50+(1-40/50)*(40/50)0,5)]=1,02
Avaliando 25 1,00
Para esse fator, faremos uso os valores unitários publicados pelo caderno de Valores de
Edificações de Imóveis Urbanos do IBAPE/SP para eliminar as diferenças relativas aos
detalhes de acabamento entre diferentes imóveis da amostra.
Desse modo, temos:
Fpa,rústico,mínimo=0,409
Fpa,proletário,mínimo =0,624
Fpa,econômico,mínimo =0,919
Fator conservação
Para ajustar as diferenças entre a idade aparente e estado de conservação poderão ser
calculados os índices de depreciação, preferencialmente pelo Critério de Ross-
Heidecke, conforme a seguinte formulação: Foc =R+K(1-R) .
43
Tabela 4.5 – Vida referencial e valor residual
Padrão rústico 5 0
Barraco
Padrão simples 10 0
Padrão rústico 60 20
Padrão proletário 60 20
Padrão econômico 70 20
Padrão simples 70 20
Casa
Padrão médio 70 20
Padrão superior 70 20
Padrão fino 60 20
Padrão luxo 60 20
Padrão econômico 60 20
Padrão simples 60 20
Galpão
Padrão médio 80 20
Padrão superior 80 20
Padrão simples 20 10
Cobertura Padrão médio 20 10
Padrão superior 30 10
44
Tabela 4.6 – Coeficiente de Ross-Heidecke (continua)
Estado de conservação
Idade em %
da vida A B C D E F G H
referencial
0,00% 0,32% 2,52% 8,09% 18,10% 33,20% 52,60% 75,20%
45
Tabela 4.6 – Coeficiente de Ross-Heidecke (continuação)
Estado de conservação
Idade em
% da vida A B C D E F G H
referencial
0,00% 0,32% 2,52% 8,09% 18,10% 33,20% 52,60% 75,20%
A partir dos valores fornecidos pela tabela 4.5, podemos agora calcular o valor da
porcentagem de vida em relação à idade referencial dos imóveis:
46
Tabela 4.7 – Coeficiente de conservação
1 - - - -
Residencial
2 10 70 10/70=14,28%
econômico
Residencial
3 10 70 10/70=14,28%
econômico
Residencial
4 8 60 08/60=13,33%
rústico
Residencial
5 20 70 20/70=28,57%
econômico
Residencial
6 30 60 30/60=50,00%
proletário
Residencial
Aval. 30 70 30/70=42,87%
econômico
De posse dos valores das tabelas anteriores, o fator de conservação para os imóveis são:
Idade em
Estado de Valor Coeficiente de Fator conservação -
Dados % da vida
conserv. residual -R Ross - K Foc
referencial
1 - - - - -
0,2+0,754(1-
2 14,28% E 0,20 0,754
0,2)=0,8032
0,2+0,754(1-
3 14,28% E 0,20 0,754
0,2)=0,8032
0,2+0,754(1-
4 13,33% E 0,20 0,754
0,2)=0,8032
0,2+0,548(1-
5 28,57% F 0,20 0,548
0,2)=0,6384
0,2+0,296(1-
6 50,00% G 0,20 0,296
0,2)=0,4368
0,2+0,575(1-
Aval. 42,87% E 0,20 0,575
0,2)=0,6600
47
Passo 03: Cálculo do valor das benfeitorias da amostra
De acordo com o tratamento por fatores, o valor de uma edificação pode ser obtida por:
Vc =A c .CUB.Fpa .Foc
Desse modo, de acordo com o SIDUSCON, sabendo que o custo unitário básico (CUB)
de uma residência do tipo multifamiliar de padrão normal em São Paulo é 1.431,53
R$/m², temos:
1 - - - - -
2 180 1.431,53 0,919 0,8032 190200,72
3 180 1.431,53 0,919 0,8032 190200,72
4 50 1.431,53 0,409 0,8032 23513,51
5 220 1.431,53 0,919 0,6384 184770,02
6 150 1.431,53 0,624 0,4368 58527,36
48
Tabela 4.10 – Valor do terreno
49
Tabela 4.11 – Valor unitário homogeneizado
Valor do Vr Vu
Dados At (m²) Fl Ft Fp
terreno (R$) (R$/m²) (R$/m²)
Para esse passo, vale observar que todos os dados estão contidos no intervalo
0,5.x Vu 2.x , isso nos mostra que a amostra é satisfatória.
50
Tabela 4.13 – Critério de Chauvenet para rejeição de valor medido
xmáx -x 460,59-365,66
R sup = 1,51< 1,73
S 62, 72
Conforme observado, os valores de Rinf e Rsup são inferiores ao valor crítico para 6
elementos, logo a amostra é satisfatória e a média amostral poderá ser usado para
representar o valor homogeneizado do terreno avaliando, conforme constatamos no
passo anterior.
Para o cálculo dos limites de confiança, segundo a Teoria Estatística das Pequenas
Amostras (n<30), temos:
x máx =x+t (c;n-1) S
62,72
365,66+1,4759
(n-1)
5
xmáx= R$ 407,06/m²
xmín= R$ 324,27/m²
Desse modo, qualquer valor usado dentro deste intervalo pode ser utilizado para
representar o valor do imóvel avaliando, com pelo menos 80% de confiança.
51
Tabela 4.15 – Valor percentual para a distribuição “t” de para grau de liberdade n-1 e
grau de confiança “c”
Unilateral 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0,025 0,01 0,005
Bilateral 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,05 0,02 0,01
c 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,95 0,98 0,99
GL
1 1,0000 1,3764 1,9626 3,0777 6,3138 12,7062 31,8205 63,657
52
Passo 07: Cálculo do campo de arbítrio
O campo de arbítrio é outro tipo de intervalo, que engloba uma variação de mais ou
menos 15% em torno do preço estimado, logo:
xmáx= 420,51 R$/m²
xmín= 310,81 R$/m²
No entanto, esse intervalo só é usado para arbitrar o valor do avaliando caso haja
extrapolação do modelo, o que não é nosso caso.
Após o saneamento da amostra, iremos estimar o valor do imóvel avaliando, que deverá
ser a soma do valor do terreno e o valor da edificação.
Valor do terreno
O valor do terreno por meio do tratamento por fatores será calculado conforme
expressão a seguir:
Vu
Vt = A
[1+(F1-1)+(F2 -1)+(F3 -1)...+(Fn -1)] t
365,66
Vt = 250
[1+(1-1)+(1-1)+(1-1)]
Vt = R$ 91.416,19
Valor da construção
Valor total
53
Passo 09: Enquadramento do modelo
54
Feito isso, o resultado da pontuação foi de 09 pontos. Dessa forma, o laudo se enquadra
no Grau de Fundamentação II, conforme tabela a seguir.
Por último, basta enquadrar o laudo (considerando a não extrapolação dos dados) na
tabela 4.17, referente ao Grau de Precisão do modelo. Sendo a Amplitude calculada por:
(365,66-324,27)+(407,06-365,66) 100
A= 22, 64%
365,66
RESULTADO
55
56
5
Inferência estatística para
avaliação de imóveis
Mas, antes disso tudo, iremos fazer uma breve revisão para relembrarmos alguns
conceitos básicos relacionados à estatística.
57
Introdução à estatística
Antes de aprendermos a avaliar um imóvel utilizando o tratamento científico por
inferência estatística, precisamos revisar alguns conceitos básicos relacionados à
estatística para que tenhamos um entendimento completo de todos os termos utilizados
no decorrer desse capítulo.
O primeiro conceito básico que veremos agora é a diferença entre População, Amostra e
Elemento, que utilizamos bastante ao tratarmos do Método Comparativo Direto de
Dados de Mercado. Vejamos:
O próximo conceito que veremos são as medidas de tendência central, que servem para
localizar a distribuição dos dados brutos com o objetivo de resumir um conjunto de
elementos em um único número que representa a amostra.
Existem 3 tipos de medida de tendência central, são eles:
58
Média aritmética ( x )
A média aritmética nada mais é que a razão entre a soma de todos os elementos de um
conjunto e o total de elementos.
Moda (Mo)
A moda é o valor que aparece com mais frequência em um conjunto de dados, ou seja, o
valor que aparece um maior número de vezes.
Mediana (Md)
Por fim, a mediana é o valor de centro de um conjunto de dados. Desse modo, para
calculá-la, os elementos devem, primeiramente, ser ordenados na ordem crescente.
Então, se o número de elementos for par, a mediana é a média dos dois valores centrais,
se não, a mediana é o valor que está exatamente no meio.
Estimadores de dispersão
Amplitude (A)
Amplitude nada mais é que a diferença entre dois extremos, ou seja, entre o maior e o
menor elemento do conjunto.
59
Variância (Sx²)
A variância, por sua vez, é definida como a média dos quadrados das diferenças entre os
valores em relação a sua própria média e é expressa, matematicamente, como:
(x i -x) 2
Sx =
2
n-1
Onde:
Sx ² é a variância;
xi é o elemento na posição i;
x é a média aritmética da amostra;
n é o número de elementos da amostra.
(xi -x)2
Sx =
n-1
Onde:
Sx é o desvio padrão;
xi é o elemento na posição i;
x é a média aritmética da amostra;
n é o número de elementos da amostra.
60
Distribuição Normal
Curva de Gauss
Regressão linear
Pois bem, após essa pequena revisão, já estamos prontos para adentrarmos no
tratamento científico de dados de imóveis por meio da regressão linear e começaremos,
então, pelos seus procedimentos básicos, normalizados pela NBR 14653-2.
Vale lembrar que tarefa de avaliar um imóvel por meio da inferência estatística não é
algo muito simples e, por isso, recomendamos o uso de softwares específicos para lhe
ajudar nisso, como, por exemplo, Excel, SAB, SisDEA, entre outros.
Procedimentos básicos
Considerando que até chegar aqui você já tenha escolhido as variáveis que irão compor
seu modelo de avaliação pelo Método Comparativo Direto, agora você precisa ir ao
mercado de imóveis e coletar os dados que irão compor sua amostra.
Desse modo, para evitar a micronumerosidade, o número mínimo de dados efetivamente
utilizados no modelo (para atingir o grau de fundamentação mínimo) deve obedecer ao
seguinte critério:
n=3(k+1)
61
Além disso,
n ≤ 30 ⇒ ni ≥ 3
30 < n ≤ 100 ⇒ ni ≥ 10%n
n > 100 ⇒ ni ≥ 10
Onde:
2. Gráfico de dispersão
62
Exemplo de gráficos de dispersão diferentes, mas com linhas tendências semelhantes
3. Linha de tendência
Analisada a dispersão do gráfico, você deverá traçar a linha de tendência para esse
conjunto de dados para que seja possível inferir a influência da variável independente
sobre a variável dependente, que é quantificada pelo coeficiente de correlação de
Pearson, a seguir.
Como já dito, esse coeficiente expressa o grau da relação ou nível de influência de uma
variável sobre outra e pode variar entre 0 e 1, conforme a tabela abaixo.
Dessa fora, podemos observar que, quanto maior é a correlação entre uma variável
independente e uma variável dependente, melhor é o grau de explicação do modelo.
63
0,3<r≤0,7 relação média
Grau
Descrição
III II I
64
Nível de significância (somatório do valor das
duas caudas) máximo para a rejeição da hipótese 10% 20% 30%
nula de cada regressor (teste bicaudal)
O próximo passo da análise dos dados diz respeito ao teste de significância do seu
modelo, que indica quantas vezes um Grau de Liberdade da Regressão é maior do que
um Grau de Liberdade dos Resíduos.
Para ficar ainda mais claro, significância é, basicamente, o oposto de confiança e é
considerada um procedimento para verificar a discrepância de uma hipótese estatística
em relação aos dados observados, ou seja, está relacionada ao erro.
Pois bem, esse teste de significância é representado pela estatística F, que é a relação
entre (média dos quadrados da regressão/média dos quadrados dos resíduos) e compara
o F tabelado com o F calculado e, para que o modelo seja aceito, F calculado deve ser
maior que F tabelado.
A tabela abaixo fornece os valores máximos admissíveis para F de significação, de
acordo com o Grau desejado.
Grau
Descrição
III II I
7. Preço estimado
65
gráfico de dispersão dos dados, substituindo as variáveis independentes pelas
características referentes ao avaliando.
8. Intervalo de confiança
t (c;n-1) S
x máx =x+
n
t (c;n-1) S
xmín =x-
n
Onde:
xmáx é o limite superior do intervalo de confiança;
xmín é o limite inferior do intervalo de confiança;
x é a média aritmética dos dados;
S é o desvio padrão da amostra;
t(c;n−1) é o valor percentual para a distribuição “t” de Student para um grau de
liberdade n-1 e um dado grau de confiança c, tabela 3.4;
n é o número de elementos da amostra.
9. Campo de arbítrio
O campo de arbítrio é outro tipo de intervalo, que engloba uma variação de mais ou
menos 15% em torno do preço estimado.
Assim como no intervalo de confiança, no campo de arbítrio podemos arbitrar o valor
do bem, desde que justificado pela existência de características próprias não
contempladas no modelo, limitado ao intervalo de confiança.
66
Campo de arbítrio e intervalo de confiança
Por fim, a última etapa da regressão linear é o enquadramento do modelo de acordo com
o Grau de Precisão e o Grau de Fundamentação e, para isso, usaremos as tabelas
fornecidas pela NBR 14653-2, no anexo A.
Primeiramente, utilizaremos a tabela 5.5 a seguir e classificaremos cada um dos itens no
grau adequado, lembrando que o Grau III vale 3 pontos, o II vale 2 pontos e o I vale 1
ponto.
Apresentação de
informações
relativas a todos os Apresentação de Apresentação de
dados e variáveis informações relativas a informações relativas
Identificação dos
3 analisados na todos os dados e aos dados e variáveis
dados de mercado
modelagem, com variáveis analisados na efetivamente utilizados
foto e características modelagem no modelo
observadas no local
pelo autor do laudo
67
Tabela 5.5 – Grau de fundamentação para regressão linear (continuação)
Grau
Item Descrição
III II I
Admitida, desde que:
Admitida para apenas
uma variável, desde que: a) as medidas das
características do imóvel
a) as medidas das
avaliando não sejam
características do imóvel
superiores a 100 % do
avaliando não sejam
limite amostral superior,
superiores a 100 % do
nem inferiores à metade
limite amostral superior,
do limite amostral
nem inferiores à metade
4 Extrapolação Não admitida inferior;
do limite amostral
inferior; b) o valor estimado não
ultrapasse 20 % do valor
b) o valor estimado não
calculado no limite da
ultrapasse 15 % do valor
fronteira amostral, para
calculado no limite da
as referidas variáveis, de
fronteira amostral, para
per si e
a referida variável, em
simultaneamente, e em
módulo
módulo
Nível de significância
a (somatório do valor
das duas caudas)
5 máximo para a 10% 20% 30%
rejeição da hipótese
nula de cada regressor
(teste bicaudal)
Nível de significância
máximo admitido
para a rejeição da
6 1% 2% 5%
hipótese nula do
modelo através do
teste F de Snedecor
Feito isso, podemos enquadrar o laudo na tabela 5.6 seguinte, referente ao Grau de
Fundamentação.
Grau III II I
Pontos mínimos 16 10 6
68
2, 4, 5 e 6 no 2, 4, 5 e 6 no
Itens obrigatórios Grau III e os mínimo no Todos, no
no grau demais no Grau II e os mínimo no
correspondente mínimo no demais no Grau I
Grau II Grau I
Por último, basta enquadrar o laudo (considerando a não extrapolação dos dados) na
tabela 5.7, referente ao Grau de Precisão do modelo. Sendo a Amplitude calculada por:
A é a amplitude (%);
Pest é o preço estimado (R$/m²);
xmaáx é o limite superior do intervalo de confiança (R$/m²);
xmín é o limite inferior do intervalo de confiança (R$/m²).
69
Tabela 5.7 – Critério de enquadramento do laudo no Grau de Precisão
Grau
Descrição
III II I
Amplitude do
intervalo de
confiança de 80%
≤30% ≤40% ≤50%
em torno do valor
central da
estimativa
Pois bem pessoal, essas foram algumas considerações a respeito da Regressão Linear
para Avaliação de Imóveis. No próximo capítulo, iremos praticar!
70
“Para uma avaliação
satisfatória, é importante
identificar e corrigir dados
que estejam associados a
eventos anormais.”
71
6
Inferência estatística:
exemplo prático
72
Exemplo prático
Pretende-se avaliar para venda um apartamento localizado em um condomínio fechado
na cidade de Teresina-PI, com área de 75 m² e distante 2 Km do centro comercial da
cidade.
Características complementares do imóvel avaliando:
Está localizado no quarto pavimento de um dos 8 blocos existentes no condomínio (não
há elevadores), possui padrão normal de acabamento e a seguinte divisão interna:
73
Elementos da amostra do mercado:
ÁREA
Nº DE PREÇO DE VENDA
DADOS PRIVATIVA
SUÍTES UNITÁRIO (R$/m²)
(m²)
74
RESOLUÇÃO
Antes de começarmos, vale ressaltar que os passos aqui apresentados foram realizados
com o auxílio do software Microsoft Office Excel.
Então, caso queira mais informações a respeito das ferramentas e comandos utilizados
nesse exercício, clique aqui.
A partir dos dados fornecidos, podemos inferir que a variável dependente em questão é
o preço unitário e que existem duas variáveis independentes para este modelo: número
de suítes e área privativa.
Desse modo, o número mínimo de dados efetivamente utilizados no modelo (para
atingir o grau de fundamentação mínimo) deve obedecer ao seguinte critério:
n=3(k+1)=3(2+1)= 9 elementos
Como a amostra para esse modelo possui 12 elementos, podemos concluir que o grau de
fundamentação mínimo foi atingido e, dessa forma, a amostra pode ser utilizada.
75
Após analisar os gráficos de dispersão e traçar as linhas de tendência, é possível deduzir
que:
1) Para a área privativa, a dispersão dos dados é linear e possui tendência negativa com
grande inclinação, o que significa que imóveis de maior área possuem preço unitário
menor;
2) Para o número de suítes, a dispersão dos dados não é linear e possui tendência quase
nula e ligeiramente positiva, mostrando que o número de suítes possui pouquíssima
influência sobre o preço unitário do imóvel, para este modelo;
76
Tabela 6.1 – Matriz de correlação
PREÇO DE
ÁREA Nº DE VENDA
PRIVATIVA (m²) SUÍTES UNITÁRIO
(R$/m²)
Nº DE SUÍTES 0,031368 1
PREÇO DE VENDA
-0,985031 0,033379 1
UNITÁRIO (R$/m²)
Podemos notar que o erro da variável suíte, apesar de estar dentro do limite máximo de
30%, é significativamente maior que o erro da variável área, reforçando a ideia de que a
utilização da variável suíte não contribuiu positivamente para o modelo.
Como alternativa, a variável independente suíte pode e dever ser excluída para
otimizar o modelo de regressão e elevar o grau de fundamentação do laudo.
No entanto, a título de exercício, iremos prosseguir a avaliação preservando a variável
suíte.
O próximo passo da análise dos dados diz respeito ao teste de significância do modelo,
que indica quantas vezes o Grau de Liberdade da Regressão é maior do que o Grau de
Liberdade dos Resíduos.
Para esse passo, o valor que devemos buscar é o “F de significação”, presente na tabela
ANOVA de Regressão, que é o seguinte:
77
F de significação=6,84421625156359 10-08 =0,0000068% 10% OK!
78
Tabela 6.2 – Valor percentual para a distribuição “t” de Student para grau de liberdade
n-1 e grau de confiança “c”
Unilateral 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0,025 0,01 0,005
Bilateral 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,05 0,02 0,01
c 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,95 0,98 0,99
GL
1 1,0000 1,3764 1,9626 3,0777 6,3138 12,7062 31,8205 63,657
79
Por fim, para o cálculo dos limites de confiança, temos:
t (1- /2);n-1 S
x máx =x+
n
1, 363 733, 54
x máx =3651, 73+ =3940, 45 R $/m 2
12
t (1- /2);n-1 S
x mín =x-
n
1,363 733,54
x mín =3651,73- =3363,02 R$/m 2
12
Isso significa dizer que qualquer valor que esteja dentro do intervalo de confiança pode
ser utilizado para determinar o valor unitário do imóvel avaliando, com 80% de
confiança.
Logo, o preço estimado por meio da equação do modelo é adequado para representar o
valor do avaliando.
O campo de arbítrio é outro tipo de intervalo, que engloba uma variação de mais ou
menos 15% em torno do preço estimado, portanto:
xmáx=Pest⋅(1+0,15)
xmáx=3775,69⋅1,15=4342,04R$/m²
xmín=Pest⋅(1−0,15)
xmín=3775,69⋅0,85=3209,33R$/m²
Esse segundo intervalo é usado para arbitrar o valor do avaliando, caso haja
extrapolação do modelo, ou seja, caso o preço estimado não esteja inserido no intervalo
de confiança.
Dessa forma, no campo de arbítrio é possível arbitrar o preço unitário do avaliando,
desde que justificado pela existência de características próprias não contempladas no
modelo.
No entanto, como não houve extrapolação nos resultados, o campo de arbítrio não
será utilizado.
80
Passo 09: Enquadrar o modelo
Por fim, a última etapa do exercício será o enquadrar do modelo de acordo com o Grau
de Precisão e o Grau de Fundamentação. Para isso, usaremos as tabelas a seguir,
fornecida pela NBR 14653-2.
Primeiramente, utilizaremos a tabela 6.3 e classificaremos cada um dos itens no grau
adequado, lembrando que o Grau III vale 3 pontos, o II vale 2 pontos e o I vale 1 ponto.
81
Tabela 6.3 – Grau de fundamentação para regressão linear
Grau
Item Descrição
III II I
Completa quanto a Completa quanto às
Caracterização do Adoção de situação
1 todas as variáveis variáveis utilizadas no
imóvel avaliando paradigma
analisadas modelo
Apresentação de
informações
relativas a todos os
dados e variáveis
analisados na
modelagem, com Apresentação de Apresentação de
foto e informações relativas a informações relativas
Identificação dos
3 características todos os dados e aos dados e variáveis
dados de mercado
observadas no variáveis analisados na efetivamente utilizados
local pelo autor do modelagem no modelo
laudo
82
Tabela 6.3 – Grau de fundamentação para regressão linear (continuação)
Grau
Item Descrição
III II I
Nível de significância
(somatório do valor
das duas caudas)
5 máximo para a 10% 20% 30%
rejeição da hipótese
nula de cada regressor
(teste bicaudal)
Nível de significância
máximo admitido
para a rejeição da
6 1% 2% 5%
hipótese nula do
modelo através do
teste F de Snedecor
Grau III II I
Pontos mínimos 16 10 6
2, 4, 5 e 6 no
2, 4, 5 e 6 no
Grau III e os
Itens obrigatórios no mínimo no Grau Todos, no mínimo
demais no
grau correspondente II e os demais no no Grau I
mínimo no Grau
Grau I
II
83
Tabela 6.5 – Critério de enquadramento do laudo no Grau de Precisão
Grau
Descrição
III II I
RESULTADO
De posse de todos os cálculos realizados, o valor de mercado do apartamento avaliando
foi de R$ 283.176,61, podendo ser arredondado (em até 1% para mais ou menos) para o
valor de R$ 285.000,00, resultando em uma Avaliação de Grau de Fundamentação I e
Grau de Precisão III.
Para exercitarem ainda mais, sugiro que resolvam esse mesmo exemplo retirando a
variável suíte do modelo.
84
Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-
1: Avaliação de bens – Parte 1: Procedimentos gerais. Rio de Janeiro, 2019. 31 p.
85