Você está na página 1de 2

Platão, que nascer pouco depois da morte de Pericies, pertencia a uma ilustre família de

Atenas, da tendência liberal.

O seu

pendor natural levava-o, como a muitos jovens de sua classe, a participar dos negócios
públicos: ele próprio aludirá mais tarde ao seu "enorme entusiasmo" por essa nobre atividade.
Contudo, o regime dos Trinta (onde figuravam o sou tio Carmines e Críticas.

404 da derrota de Atenas, não tarda a destruir, com os seus excessos, as ilusões que o jovem
Platão alimentara a seu respeito. A volta da democracia, ao cabo de alguns meses, num
ambiente de pacificação, devolve-lhe a esperança.

Eis, porém, que em - 399 ela condena Sócrates à morte. B um golpe decisivo para o jovem de
29 anos, que considera Sócrates, de quem é o mais admirado e querido dos discípulos, como o
homem mais justo de sua época.

A sua vocação política parece abalada.

medida que lhe vão correndo os anos, inquieta-o a complexidade de em gerir os negócios da
Cidade: haveria de fato uma forma de melhorar as coisas, quando tudo ia "de mal a pior"? Por
mais que reflita, adia sempre o momento de agir. E por fim.

Por fim compreendi que todas as Cidades existentes são mal governadas, pois a legislação é
praticamente incorrigível sem enérgicos preparativos aliados a felizes circunstâncias: nessas
con-dições, vi-me irresistivelmente levado a louvar a verdadeira filo Sofia e e proclamar que,
somente com as suas luzes, se pode reconhecer o que é justo na vida pública e na vida privadas
portento os seres humanos não se livrazão dos males cates sus a taca dos puros o autênticos
filósofos suba ao padrão ou que os mandatários das Cidades, por uma graça devia, se ponham
a filosofar termos verdadeiros. 1

Quereis ter uma ideia da educação pública, afirma Rousseau no início do Emílio, lede a
República de Platão,

*é o mais belo

tratado de educação jamais escrito"

É de lamentar que Jean-

Jacques, por amor ao paradoxo, se julgue obrigado a acrescentar, a despeito do subtítulo


políticos, que a obra de Platão não se ocupa de política.

A teoria platônica da educação, a serviço da teoria da justiça, é efetivamente muito bela na


medida em que consorcia o cuidado do aprimoramento individual com o da eficiência social.
Para o filósofo da Idéia do Bem, educar não é enfiar o saber numa alma que não o possui, tal
como se transplantaria uma cómea para olhos cegos. Educar é virar o "olho interior" do aluno
(isto é, a sua faculdade de aprender, ou seja, essa força ativa constituída pelo seu espírito) na
direção conveniente para que ele reaja da melhor maneira possível aos dados da experiência.

Se, porem, na juventude, , domina a plasticidade da alma, na idade madura é a faculdade de


ilaminação que cmerge e se desen-volve. Ela deve ser orientada para o fim último: a Idéia do
Bem.
Essa distinção segundo a idade dá origem à distinção de duas fases no processo educativo: a da
formação dos auxiliares, até os

20 anos, que corresponde à formação da mocidade em geral; de pois, a lase da foração dos
filósofos-reis. Observe se que Platão preocupa-so exclusivamente com a classe superior, a que
estão afeta a guarda simples e a guarda perfeita , a educação da classe económica visivelmente

A Constituição mista

Essa tarefa cívica deve ser definida no contexto do regime político, da Constituição ou Politela
adotada. Constituição que, tal como a legislação o no espírito do mito do Real Tecelão, deve
estar a serviço da moderação, do equilíbrio (mêden ágan - porque qualquer descomedimento,
qualquer excesso [húbris] sans-forma quem o pratica em inimigo de Deus e dos homens.

Ora, já que o poder absoluto tem por infalível desfecho a húbris, como reconheceu o Político;
já que dar às almas humanas demasiada autoridade, tal como sobrecarregar os navios de velas
e entupir o corpo- de alimentos, atesta um excesso que tudo compromete; e já que essa
amarga constatação exclui o governo ideal do Único competente, cumpre ainda considerar as
duas formas políticas que são como as duas mães de que nasceram os outros:

saber, a monarquia, que 6 autoridades, e a democracia, que é liberdade. Nessas condições,


verse pelo exemplo de Esparta,

comparado àqueles da Pérsia e do Atenas, que, somente participando de ambas as formas, ou


seja, recolhendo o que cada uma delas tem derbom, e mesclando-as, poderia uma Cidade ser
bem governada. A Pérsia dedicou à monarquia um amor exclusivo e excessivo; levou o poder
monárquico além dos limites convenientes, e, ao fazer isso, destruiu a comunidade de
interesses que deve ditar “a união entre os cidadãos. Atenas, ao contrário, teve em demasiado
apreço. a liberdade democrática; o seu exemplo mos trou claramente os danos a que conduz
uma liberdade integral liberta de qualquer poder; nela, a desordem teve início nas artes:
poesia, teatro, ritmos, até estender-se a tudo mais, julgando-se cada qual, em sua despudorada
presunção, apto a opinar sobro qualquer assunto, sem levar -em consideração o parecer "de
outro mais versado" o como se tudo entendesse. Bem outro foi o caso de Esparta, que, dando
mostras do maior respeito à velha máxima de Hesíodo (segundo a qual a metade é quase
sempre maior do que o todo), soube fazer uma mistura feliz, realizar uma dosagem eficaz dos
diversos elementos, com os seus dois reis, o Conselho de anciãos (a Gerúsia) e o freio
representado pelos [cinco] choros. 24

A Constituição das Leis será, portanto, mista. Ela comportará 37 guardiães das leis ou
nomophalakes eleitos; um Conselho de

Você também pode gostar