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REPÚBLICA DE ANGOLA

GOVERNO PROVINCIAL DE LUANDA


INSTITUTO TÉCNICO DE SAÚDE DE LUANDA
INSTITUTO TECNICO PRIVADO DE SAÚDE BUMBA

PRÉ-PROJECTO

Gravidez Precoce:
- Assistência de Enfermagem a adolescentes gravidas, no Hospital
Municipal de Viana Kapalanga De Março a Junho de 2024

Sala:05
Orientador
12ª Classe
__________________________
Grupo nº 4
José Manuel Marcos
Curso: Enfermagem
Licenciado em enfermagem

Luanda, 2023/2024
INSTITUTO TECNICO PRIVADO DE SAÚDE BUMBA

PRÉ-PROJECTO

Gravidez Precoce:
- Assistência de Enfermagem a pacientes com gravidez precoce,
no Hospital Municipal de Viana Kapalanga De Março a Junho de
2024

Trabalho apresentado à escola de


formação técnica de saúde de Luanda, como
uns dos requisitos para obtenção do titulo
Integrantes do gupo nº4
de Técnico de Enfermagem
1. Albertina Tcipalanga
2. Alberto Fonseca Ricoco
3. Carlos da Costa sungo
4. David Kandjimba
5. Luciana Rodrigues
6. Martins Amorim Lourenço
7. Neusa Sicuba
8. Teresa Domingas Catequilo
9. Unicássio de carvalho

Orientador

__________________________

José Manuel Marcos

Licenciado em enfermagem

Luanda, 2023/2024
DEDICATÓRIA

Dedicamos este projecto aos nossos familiares, colegas, professores e amigos


por todo o apoio e compreensão, pois tiveram papel fundamental e essencial na nossa
formação académica e por serem incentivadores desta aventurosa empreitada que é ser
um Técnico Médio de Enfermagem nos campos actuais.

III
AGRADECIMENTO

Agradecemos primeiramente a Jeóva-Deus, que nos deu o dom da vida, pois sem
ele não teríamos realizado nada. Agradecemos aos nossos pais, tios, irmãos que durante
esses quatros anos deram o máximo para que fossemos o que somos hoje e por tudo o
empenho em nos compreender e nos ajudar e nos incentivar na nossa formação.

Agradecemos também a direção da escola em especial à área de formação de


enfermagem pela magnífica formação que tivemos

Por fim agradecemos aos nossos colegas que fizeram parte de todo o nosso
trajecto na escola, participando nas nossas llutas diárias.

A todos, muito obrigado!

IV
EPIGRAFE

“Viva a tua adolescência, não antecipe a tua maturidade, pois as coisas depois de
maduras tendem a apodrecer.”

Autor: Launio Carvalho

V
RESUMO

A adolescência constitui um período de grandes mudanças e instabilidade.


Esta etapa do desenvolvimento humano, correspondente aproximadamente à faixa etária
entre os 10 e os 19 anos de idade (segundo a OMS), constitui uma fase na qual o ser
humano experimenta grandes alterações ao nível físico, psíquico e social. Corresponde à
ponte entre a dependência inerente à infância e a independência a que é associado o
estado adulto.

Esse trabalho trata dos factores de risco relativos a gravidez na adolescência,


que vêm crescendo muito, e que pode ser considerada como uma problemática de
grandes proporções em nossa sociedade. Tem como justificativa a necessidade de
informação para os profissionais de saúde, no sentido de levá-los a compreender
melhor estes factores para saberem como melhor lidar com os fatores de risco para a
gravidez na adolescência. Para o presente estudo utilizou-se a revisão de literatura
narrativa, sendo o levantamento bibliográfico sobre a adolescência e os fatores de risco
para a gravidez nesta fase de vida. Os fatores de risco para a gravidez na adolescência
estão associados ao convívio familiar, negligência em relação ao uso de preservativos e
métodos anticoncepcionais pelos adolescentes, e que a educação sexual constitui um
fator determinante na prevenção da gravidez na adolescência, contribuindo para o
desenvolvimento de competências e adaptações de comportamentos bio-
psicosocialmente saudáveis, responsáveis e gratificantes.

Palavras-chave: Adolescência, gravidez, cuidados de enfermagem.

VI
ABSTRACT

Adolescence is a period of significant changes and instability. This stage of


human development, roughly corresponding to the age group between 10 and 19 years
of age (according to WHO), is a phase in which the human experience physical,
psychological and social transformations. It makes the transition between the
dependency of the childhood and the independence that is associated with the adult
state. To become a parent in this phase of life compromise the trajectory to adulthood
because jeopardizes the academic training leading to the performance of jobs with lower
incomes and consequently poverty.

This work deals with risk factors for teenage pregnancy, which have grown
much, and that can be regarded as a problem of major proportions in our society. Is jus -
tified by the need for information to healthcare professionals in order to lead them to
better understand these factors to find out how best to deal with the risk factors for
teenage pregnancy. For the present study used the narrative literature review, and the
literature on adolescence and the risk factors for pregnancy at this stage of life. The fac -
tors for teenage pregnancy are linked to family life, neglect to use condoms and contra-
ceptives by teenagers, and that sex education is a determining factor in the prevention of
teenage pregnancy contributing to the development of skills and adaptations of behavior
bio-psycho-socially healthy, responsible and rewarding.

KEYWORDS: Pregnancy- Adolescence –Nursing care

VII
ÍNDICE
1. INTRODUCÇÃO.....................................................................................................................8
2. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA...........................................................................................10
3. JUSTIFIÇÃO.........................................................................................................................11
4. OBJECTIVOS........................................................................................................................12
4.1. Gerais..............................................................................................................................12
4.2. Epecíficos.........................................................................................................................12
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................................13
5.1 A ADOLESCÊNCIA E O SIGNIFICADO DA GRAVIDEZ...............................................................13
5.2. FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA.......................................15
5.3 CONSEQUÊNCIAS DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA............................................................19
5.4. 5.3.1 Consequências biológicas..................................................................................19
5.5. 5.3.2 Consequências sociais e psicológicas.................................................................20
5.6. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM.................................................................................22
6. METODOLOGIA...................................................................................................................27
6.10. Variáveis de estudo................................................................................................28
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA..............................................................................................29
1. INTRODUCÇÃO

A assistência voltada as mulheres é ainda hoje uma preocupação de saúde


pública devido ao aumento da incidência de câncer seja de colo do útero ou mama,
dentre as problemáticas temos ainda o aumento no número de casos de adolescentes
grávidas que traz como fator de risco a mortalidade materna. O crescimento do
número de jovens grávidas, está relacionado a falta de programas voltados a
promoção da saúde sobre a vida sexual e a reprodução durante a transição da idade
infantil para a idade adulta, ao início precoce da atividade sexual e a inversão de
valores culturais.

A cada cem adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos, cinco tornam-se


mães anualmente segundo os dados da Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS/OMS,1992), já em dados mais recentes divulgados pela Fundo de População
das Nações Unidas (UNFPA), o índice é de 65 gestações para cada 1 mil meninas na
mesma faixa etária, ocorrendo em qualquer época a gravidez gera modificações no
contexto social da vida da mulher, trazendo mudanças e reajustes interpessoais, já na
adolescência assume-se um risco ainda maior, pois é nesta fase que ocorrem as crises
vitais e de existência, é um momento onde lidar com todas as modificações do seu
organismo não será nada fácil, desta forma ocorre um atrito entre o físico, o social e o
psicológico sendo este último o que irá gerar mais danos as jovens.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde


(MS), a adolescência é delimitada como o período entre os 10 e 19 anos, 11 meses e 29
dias, o período de 10 a 24 anos é considerado como juventude. O Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) delimita adolescentes entre 12 e 18 anos, 11 meses e 29 dias
(MINAS GERAIS, 2007). Para Vieira et al. (2008), citado por Carvalho C. C. et al.
(2009) a adolescência é caracterizada por mudanças biológicas, cognitivas, emocionais
e sociais, constituindo-se em importante momento para a adoção de novas práticas,
comportamentos e ganho de autonomia.

A adolescência é um período de mudanças, sejam elas físicas psicológicas e


que são acompanhadas pela alteração das emoções, alterações biológicas, mudanças
essas que são explicadas através da interação com o ambiente em que vive.

8
As mudanças biológicas, são a transformação do estado não reprodutivo ao
reprodutivo. Ou seja, na adolescência, esse amadurecimento do sistema reprodutivo
provoca mudanças características desse período e também impõe limites para cada sexo
Nesta perspectiva, é que surge a sexualidade na adolescência, acompanhada das
alterações hormonais e dos fatores culturais. Tais fatores parecem interferir no
comportamento sexual biologicamente determinado, controlado pela sociedade e pela
cultura.

Acompanhado de alterações hormonais, o comportamento sexual pode ser


caracterizado como um produto de fatores culturais presentes no ambiente em que vive
e que cada vez mais influencia o comportamento desses adolescentes. Dentro deste
contexto a gravidez precoce apresenta-se para as jovens sejam elas mais esclarecidas ou
não sobre uma relação sexual.

Nesta fase o jovem torna-se mais vulnerável a comportamentos que podem


fragilizar sua saúde, como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo, consumo
de álcool e de drogas e sexo sem proteção. Essa necessidade de autonomia leva o
adolescente a rejeitar a proteção dos adultos e a enfrentar situações e condutas de risco,
que podem levar a acidentes graves, contaminação por doenças sexualmente
transmissíveis (DST), gravidez não planejada e/ou não desejada e até mesmo a morte.

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2. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O índice epidemiológico relacionado a gravidêz precoce, tem apresentado números


acima da média o que constitui uma preocupação para o Ministério da Saúde, entre-
tanto, a gravidez precoce constitui um rísco de saúde significativamente elevado, porém
avaliar a qualidade assistêncial prestada a pacientes com gravidez precoee , poderá re-
duzir o índice de mortalidadede de pacientes com gravidêz precoce.

Dado os seguintes factos formulou-se a seguinte pergunta de partida:

Qual é a assistência de enfermagem prestada a pacientes com gravidxez precoce, no


Hospital Municipal de Viana Kapalanga de Março á Junho de 2024?

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3. JUSTIFIÇÃO

A escolha do tema e a sua abordagem justifica-se devido ao fato de querer


expor de maneira sucinta à comunidade científica bem como para a sociedade, que a
gravidez na adolescência ainda possui índices alarmantes, e que a redução dos
números está longe de ocorrer, uma vez que os jovens se tornam sexualmente ativos
cada vez mais cedo, tendo-se a finalidade de elaborar medidas socioeducativas para
os jovens; e permitir que estudiosos desta área compreendam um pouco mais sobre a
temática.

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4. OBJECTIVOS

4.1. Gerais
 Avaliar quais os factores que levam uma adolescente a ser mãe antes da idade
adulta;
 Entender qual o papel da equipe de enfermagem na assistência às adolescentes
grávidas

4.2. Epecíficos
 Caracterizar a população de acordo com o perfil sociodemografico ( idade, sexo,
estado civil, tempo de serviçoo, nivel de escolaridade e proviniência
 Descrever as consequências desta gestação para a adolescente, seu filho,
familiares, comunidade e equipe de saúde.
 Identificar os factores de risco para a gravidez na adolescência ressaltando a
importância que há no conhecimento sobre o assunto.

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5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5.1. A ADOLESCÊNCIA E O SIGNIFICADO DA GRAVIDEZ
A adolescência é considerada uma etapa de desenvolvimento (físico, moral,
espirituale social) especial; com direito à proteção, à vida e à saúde, mediante a
efetivação das políticas públicas e define que o SUS se responsabilize por estas ações
(GURGEL et al., 2010). Sendo considerada por Wieczorkievicz e Souza (2010) uma
população prioritária no que se refere à atenção à saúde.
A palavra adolescência deriva do verbo latino adolescere, significando crescer
ou crescer até a maturidade.
Na adolescência ocorrem profundas mudanças, caracterizadas principalmente
por crescimento rápido, conscientização da sexualidade, estruturação da personalidade,
adaptação ambiental e integração social (SILVA, F. N. et al., 2012). “Nas alterações
biológicas, ocorrem grandes transformações do corpo e o desenvolvimento dos
caracteres sexuais secundários, sendo comum o interesse pelo sexo e o início das
primeiras relações sexuais”(SOUZA, T. A. et al.,2012, p. 795).
Enquanto a adolescência inicial coincide com as primeiras modificações
corporais da puberdade, a adolescência final, tanto na teoria como na prática, não
estabelece critérios rígidos. Ser adolescente seria sair da dependência da infância,
buscando uma independência na vida adulta, não uma independência sem restrições,
mas uma interdependência sadia com a sociedade, a escola a família e o ambiente em
que vivem (MINAS GERAIS, 2007).
Os adolescentes, nesta fase de transição, passam por dificuldades relativas ao seu
crescimento físico e amadurecimento psicológico, sexualidade, relacionamento familiar,
crise econômica, violência, uso e/ou abuso de drogas, inserção no mercado de trabalho e
outras” (MINAS GERAIS, 2007, p. 19). No entanto, as experiências que eles vivenciam
variam de acordo com a sociedade que estão inseridos e de que forma esta vai reagir
com este adolescente. Na busca pela própria identidade e definição do papel de jovem,
em meio a tantas experiências é difícil assumir a responsabilidade de uma gravidez
geralmente indesejada na adolescência (SCHWANKE e PINTO, 2010).
Acredita-se que na fase da adolescência, mais especificamente durante a
puberdade, o indivíduo sofre mudanças corporais e hormonais significativas, fazendo
com que o adolescente sinta-se preparado fisicamente e interessado em ter relações

13
sexuais. E são dessas relações que frequentemente, podem ocorrer uma gravidez
indesejada (SCHWANKE e PINTO, 2010, p. 156).
Guimarães e Witter (2006) reconhecem a sexualidade como um comportamento
de saúde psicológica que influencia pensamentos, sentimentos, ações, relações
interpessoais; o sentir-se saudável física e psicologicamente. Para Maciel et al. (2012) o
desenvolvimento da sexualidade é fundamental para o crescimento da identidade adulta
do indivíduo, determinando sua autoestima, relações afetivas e inserção na estrutura
social, porém o adolescente na maioria das vezes é incapaz de racionalizar as
consequências futuras decorrentes do seu comportamento sexual, deparando-se
frequentemente com situações de risco, como uma gravidez não planejada.
A gravidez na adolescência é um problema que preocupa muitas pessoas,
principalmente as famílias dos adolescentes, os profissionais que trabalham direta ou
indiretamente com adolescentes e a sociedade em geral que também sofre as
consequências deste problema (SCHWANKE e PINTO, 2010).
A gravidez na vida de uma adolescente pode provocar inúmeras modificações na
sua rotina diária e na vida das pessoas que fazem parte da sua vida, dependendo das
reações e ações da própria adolescente, familiares, companheiro ou simplesmente
progenitor, esta adolescente poderá se afastar dos estudos, dos momentos de lazer que
passava com os amigos, passando a se preocupar com os cuidados necessários com a
gestação, casamento, nascimento da criança e emprego (SCHWANKE e PINTO, 2010).
Segundo Suzuki et al (2007), apesar da gravidez e maternidade fazerem parte do
desenvolvimento e crescimento humano, deve acontecer de forma racional, linear e com
possibilidades de planejamento, pois pode produzir efeitos deletérios sobre o
desenvolvimento biológico e psíquico, com possíveis efeitos prejudiciais à inserção na
vida social de uma adolescente.
Apesar de normalmente os adolescentes fazerem parte de um grupo considerado
menos exposto ao risco de adoecer e morrer, cada vez mais se observa eventos de
morbimortalidade nesta faixa etária, dos quais se destaca a gravidez precoce
(CARVALHO, A. Y. C. et al., 2009). Este evento aumentou significativamente nos
últimos anos, impondo a necessidade de uma Política Nacional que ofereça orientações
básicas para nortear estas adolescentes. Sendo estas tratadas não somente pelo setor
saúde, mas também por diferentes setores da sociedade, centrados em intersetorialidade,
parcerias e rede social e familiar(GURGEL et al., 2010).

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5.2. FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA
“A gestação precoce é multifatorial e sua etiologia está relacionada a aspectos de
ordem biológica, familiar, psicológica, social e estrutural como falta de estratégias
adequadas para prevenção da gravidez nesta fase” (SOUZA, T. A. et al., 2012, p. 795),
sendo assim, “precisa ser analisada em todas as suas dimensões” (SOUZA; NÓBREGA;
COUTINHO; 2012, p. 598).
Segundo o Protocolo de Atenção à Saúde do Adolescente (MINAS GERAIS,
2007), a gestação na adolescência possui múltiplas causas: diminuição da idade da
menarca, iniciação sexual cada vez mais precoce; falta ou inadequação das informações
quanto à sexualidade e aos métodos contraceptivos; baixo acesso aos serviços de saúde;
não utilização de métodos por receio que seus pais descubram que está tendo relações
sexuais; busca de confirmação da fertilidade; pensamento mágico (isto nunca vai
acontecer comigo); presença de um desejo, consciente ou inconsciente, de engravidar;
ocorrência de gestação na adolescência em familiares e pessoas próximas como
modelos sociais; história e presença de conflitos familiares; abuso de drogas; faltas
regulares às aulas e reprovações escolares, expectativas e perspectivas educacionais e
profissionais ausentes ou baixas; falta de uma comunicação aberta entre pais e filhos.
Para Souza, T. A. et al. (2012, p. 795), além dos fatores acima citados, a
gravidez na adolescência apresenta fatores mais intensamente relacionados:
[...] menarca cada vez mais precoce; maior permissibilidade da vivência da
sexualidade; precocidade da iniciação sexual; o desejo consciente e inconsciente de
ficar grávida; vontade de contrariar os pais; dificuldades para práticas
anticoncepcionais; características próprias da adolescência; ausência de projeto de vida;
influência da mídia, incentivando, cada vez mais cedo, a iniciação sexual; falta de
políticas públicas de saúde, educação, assistência social, que trabalhem de maneira mais
efetiva com esse grupo; e, sobretudo, falta de diálogo no âmbito de suas famílias, que
oriente os adolescentes na vivência de sua sexualidade.
Suzuki et al. (2007), Correia et al. (2011) e Silva, F. N. et al. (2012) também
destacam os fatores de risco já citados como o início da atividade sexual precoce, uso de
drogas líticas e ilícitas, falta de informações quanto a sexualidade e métodos
contraceptivos, evasão escolar ou baixo nível de escolaridade, precariedade
socioeconômica, ausência de oportunidades de trabalho futuro, repetição de modelo

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familiar ou de amigas, falha na educação sexual, implicando em falta de conhecimentos
sobre concepção e a escassez de serviços de planejamento familiar.
Os fatores relacionados aos desejos das adolescentes também podem ser
prováveis motivos para o acontecimento da gravidez nesta faixa etária como colocado
por Guanabes et al. (2012, p. 24):
[...] desejo inconsciente de ficar grávida; alternativa para sair de casa, da escola e
ficar livre da pressão dos pais, contrariando ordens familiares; desejo de prender o
namorado; carência afetiva; alívio da sensação de depressão e isolamento; desejo de ter
mais poder, chamar a atenção para si; projeto de vida da adolescente, sendo uma escolha
tomada como um meio de inserção social, visto que tal objetivo não é facilmente
alcançado através de outros meios de condução à mobilidade social.

5.2.1. Início Precoce da vida sexual


Cada vez mais cedo, a fase da adolescência vem chegando para meninos e
meninas. A capacidade de procriação surge neste momento de desenvolvimento,
juntamente com as responsabilidades que o adolescente ainda não possui capacidade
para enfrentar sozinho. Assim o início de suas atividades sexuais cada vez mais
precoces leva ao aumento da incidência da gravidez na adolescência, principalmente nos
países em desenvolvimento (NERY et al., 2011; SCHWANKE e PINTO, 2010). Para
Silva et al. (2012), esta precocidade do início da relação sexual associada a falta de
informações contribuem para um maior risco de gravidez na adolescência (SILVA F. N.
et al., 2012).
A iniciação sexual precoce tem sido mencionada como uma das causas da
gravidez nesta etapa do ciclo vital, podendo trazer como consequência, além de uma
gravidez não planejada, a contaminação com doenças sexualmente transmissíveis, pois
as transformações vivenciadas pelos adolescentes fazem com que vivam intensamente
sua sexualidade, manifestando-a muitas vezes através de práticas sexuais desprotegidas.
(SOUZA; NÓBREGA; COUTINHO, 2012, p. 589).

5.2.2. Mídia

“Um ponto muito relevante a ser considerado é que na mídia ocorre uma
banalização do corpo, havendo um estímulo da sexualidade, passando a pessoa a ser
vista como objeto” (SANTOS e CARVALHO, 2006, p. 144), “transformando fatos que
gerariam problemas na vida real em situações que se resolvem da melhor maneira
possível na tela”, (MINAS GERAIS, 2007, p. 119) como a gravidez na adolescência.

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5.2.3. Família

Casos anteriores de gravidez precoce na família da jovem são apontados como


um fator predisponente segundo Vianna (2000) apud por Guimarães e Witter (2006)
para que a história se repita.
“Valores familiares se confrontam com informações duvidosas, distorcidas e
contraditórias dos meios de comunicação, dando aberturas para atitudes de desafio e
autoafirmação dos jovens, algumas vezes resultando em gravidez indesejada” (MINAS
GERAIS, 2007, p. 118).
Além de os pais não oferecerem as devidas informações sobre o assunto, até por
acreditarem ser essa uma tarefa da escola e/ou dos serviços de saúde, muitas vezes
elementos culturais, como casos de gravidez em outras mulheres adolescentes da
família, influenciam fortemente, o comportamento dos jovens, comprometendo o
exercício saudável da sexualidade (SILVA, K. L. et al., 2009).
Rocha; Minervino (2008) e Gontijo; Medeiros (2008) citados por Santos, R. A.
B. (2010) apontam outros fatores familiares que podem contribuir para a gravidez na
adolescência. Famílias desestruturadas pelo desemprego, falta de condições sócio-
económico e cultural, falta de amor e diálogo, excesso de conflitos interpessoais e o uso
de drogas lícitas e ilícitas.

5.2.4. Escola

A escola é tida como um fator protetor no que tange ao problema gravidez na


adolescência, assim o sistema educacional deve estar alerta aos altos índices de
adolescentes fora da escola que engravidam por falta de informações (MINAS GERAIS,
2007). As meninas que apresentam baixa escolaridade têm piores perspectivas de
futuro, dessa maneira, a gravidez se torna um meio para ser alguém na vida, ou pelo
menos ser mãe, exercendo um papel de responsabilidade na sociedade (CARNIEL et
al., 2006, GONTIJO e MEDEIROS, 2008, OLIVEIRA, 2008 apud SANTOS, R. A. B.,
2010).

5.2.5. Equipe de Saúde

“ [...] a educação sexual deve ser provida antes da iniciação sexual da


adolescente, devendo os envolvidos na tarefa estar convencidos de que a educação
sexual não incentiva a prática sexual e sim, torna- a consciente” (NERY, I. S. et al.,
2011, p. 36).

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As falhas no fornecimento de informações e programas voltados aos
adolescentes quanto à sexualidade, reprodução e métodos contraceptivos pelas equipes
de saúde contribuem para que, este grupo busque informações com amigos, internet,
etc., muitas das vezes apreendem e disseminam informações inadequadas, que juntos ao
pensamento “mágico” característico da adolescência e da sua imaturidade possam
condicionar riscos acrescidos, como a gravidez precoce (MINAS GERAIS, 2007;
SILVA F. N. et al., 2012).

5.2.6. Violência sexual

Reis e Ribeiro (2004) apud Schwanke e Pinto (2010), relatam que a violência
sexual ou constrangimento, resultantes de estupro, contribuem para um número
significativo de casos de gravidez na adolescência.

5.2.7. Uso de preservativo

O não uso do preservativo, devido a disposição social para usá-lo naquele


momento ou não tê-lo consigo, ou falta de acesso a ele nas unidades básicas de saúde,
também é um fator fortemente associado à gravidez precoce. Além da gravidez não
planejada, outro problema é a contaminação com as doenças sexualmente
transmissíveis, em especial, a AIDS – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
(SCHWANKE e PINTO, 2010; BRANDÃO; HEIBORN, 2006 apud SANTOS, R. A.
B., 2010).

5.2.8. Aspectos socioeconómicos

Apesar de a gestação precoce estar presente em todas as classes sociais o que se


observa em vários estudos, é o auto índice de gravidez na adolescência nas camadas
sociais com menor poder aquisitivo, estando esta intimamente ligada à pobreza. A falta
de um projeto de vida, de oportunidade para continuar os estudo e conseguir um bom
emprego, para muitas meninas a maternidade é vista como um “passaporte”, uma
alternativa para a suas vidas (PANTOJA, 2003 apud SANTOS, R. A. B., 2010; NERY
et al., 2011; SOUZA, T. A. Et al.,2012; SILVA, F. N. et al., 2012; FERREIRA et al.,
2012).

5.2.9. Pensamento mágico

O “pensamento mágico” é próprio do adolescente. Ele acredita que nada de ruim


pode lhe acontecer, inclusive a gravidez, mesmo apresentando vida sexual ativa e

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conhecendo o método anticonceptivo, não o usam devido ao pensamento mágico, sendo
muitas vezes surpreendidas quando a gravidez é confirmada (MINAS GERAIS, 2007;
BENINCASA; REZENDE; CONIARIC, 2008; SOUZA; NÓBREGA; COUTINHO,
2012).
5.3. CONSEQUÊNCIAS DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Segundo o Protocolo de Atenção à Saúde do Adolescente (MINAS GERAIS,
2007, p. 122), “as consequências terão maior ou menor gravidade de acordo com a
idade, paridade, adesão ao pré-natal, ganho ponderal e fatores socioeconómicos e
culturais”. Rangel e Queiroz (2008), citados por Rocha (2009), afirmam que existe
diferença entre as meninas da classe social alta e baixo quanto ao quesito gravidez na
adolescência. Para as adolescentes que possuem condições financeiras melhores, a
gestação é um empecilho para seu futuro, enquanto que para as adolescentes mais
pobres a adolescência é o único futuro.
A maternidade na adolescência tem um impacto negativo nas condições físicas,
emocionais e econômicas das adolescentes, afetando completamente seu modo de vida
(SUZUKI et al., 2007), trazendo grandes repercussões no contexto social e de saúde
pública (OTTONI et al., 2012).

5.3.1. Consequências biológicas


Como consequências biológicas relacionadas à gravidez precoce, a mãe poderá
apresentar anemia, principalmente se possuir baixa renda, fato ligado diretamente a má
alimentação e maior incidência de verminoses, menor ganho de peso, hipertensão
arterial, doenças sexualmente transmissíveis, maior risco de desenvolver doenças e
morte durante o parto e puerpério, abortos e partos prematuros (MINAS GERAIS,
2007), má formação fetal, crescimento fetal alterado, desproporção feto-pélvico,
hemorragia feto materna, problemas com a cavidade amniótica, recém- nascido com
baixo peso, infecção puerperal, dentre outras, sendo que, as implicações obstétricas
normalmente estão relacionadas à imaturidade física das futuras mães adolescentes
(CARVALHO, A. Y. C. et al., 2009).
“Dentre as principais causas de óbito por complicações da gravidez, parto e
puerpério, destacam-se os estados hipertensivos, as infecções puerperais, as hemorragias
e os abortos, principalmente nas adolescentes que não foram assistidas no pré-natal”
(Ribeiro et al., 2000 apud MACIEL et al., 2012).

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A morbimortalidade infantil ainda é elevada em países em desenvolvimento,
principalmente entre os filhos de mães adolescentes. Devido ao baixo poder aquisitivo e
acesso restrito aos recursos de saúde, as adolescentes grávidas não recebem o apoio
necessário para acompanhar a gestação nem orientação quanto aos cuidados básicos a
fim de garantir o bem estar da criança. Assim, deixa-se de salientar, por exemplo, a
importância da amamentação, e consequentemente, pode-se observar maior mortalidade
infantil, principalmente por doenças gastrintestinais e respiratórias (VICTORA et al.,
1994, GOMES, FONSECA e VEIGA, 2002 apud SUZUKI et al., 2007, p. 96)
Ainda no que diz respeito à saúde do recém-nascido, a gestação na adolescência
encontra-se associada à prematuridade, baixo peso ao nascer, morte perinatal, epilepsia,
deficiência mental, transtornos do desenvolvimento, déficit de aprendizagem, cegueira,
surdez, aborto natural, morte na infância. (MINAS GERAIS, 2007; OLIVEIRA, 1998
apud BENINCASA; REZENDE; CONIARIC, 2008; SANTOS, R. A. B. (2010);
SILVA, F. N. et al., 2012; MACIEL, S. S. V. et al., 2012).
Para Dias e Teixeira (2010) citados por Silva, F. N. (2012, p. 1174) a
prematuridade do recém - nascido trás maiores risco para adaptação a vida extra -
uterina: “[...] além de uma maior vulnerabilidade ao desenvolvimento de doenças. Os
riscos da gestação na adolescência ainda estão associados à baixa adesão ao
atendimento pré-natal demonstrado pelas adolescentes. Cabe ressaltar que o
acompanhamento pré-natal tem efeito protetor sobre a saúde da gestante e do recém-
nascido, uma vez que contribui para uma menor incidência de mortalidade materna,
baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal.”

5.3.2. Consequências sociais e psicológicas


A gravidez na adolescência além das consequências biológicas para a mãe e para
o bebê, traz consequências sociais e psicológicas como relatado por vários autores.
Guimarães (2001) citado por Santos e Carvalho (2006, p.138) “aborda algumas
consequências psicossociais da gravidez na adolescência. São elas: limitação de
oportunidades vocacionais, estudo interrompido, persistência na pobreza, separação dos
pais do bebê e repetição da gravidez”.
O Protocolo de Saúde do Adolescente abrange algumas consequências sociais
psicológicas a mais, que podem ser encontradas em decorrência de gestações não
planejadas: ocorrência de abortos provocados, dependência financeira dos adultos,

20
abandono ou interrupção dos estudos, dificuldade de retorno à escola, profissionalização
deficiente e dificuldade de inserção no mercado de trabalho com manutenção do ciclo
de pobreza, falta de apoio e/ou isolamento social e familiar, maior risco de separação
conjugal, ausência do pai durante a gestação e a vida da criança, sentimento de
insegurança, maior risco de depressão e suicídio e maior risco de exploração sexual
(MINAS GERAIS, 2007). Muitas adolescentes ao engravidarem abandonam a escola,
muitas vezes por vergonha dos colegas ou dos professores e outras vezes porque sofrem
com as acusações dos pais dos alunos, dizendo que as mesmas são um mau exemplo
para seus filhos, assim a escola deixa defuncionar como fator protetor numa segunda
gravidez, que muitas vezes acontecem dois a trêsanos após a primeira gravidez (MINAS
GERAIS, 2007; CARVALHO, A. Y. C. et al., 2009; (SOUZA, T. A. et al.,2012).
A evasão escolar ou o rendimento escolar diminuído daquelas adolescentes que
não pararam de estudar podem ser as consequências mais preocupantes citadas por
todos os autores, pois a falta de formação profissional conduz a falta de emprego ou a
empregos informais, perpetuando o ciclo de pobreza que é tido como uma das principais
causas que leva as adolescentes a engravidarem, além de permanecerem dependentes
financeiramente dos pais, muitas vezes sofrendo abuso familiar tanto à mãe quanto à
criança (SUZUKI et al., 2007; CARVALHO, A. Y. C. et al., 2009;
WIECZORKIEVICZ e SOUZA, 2010; SCHWANKE e PINTO, 2010; SILVA, F. N. et
al., 2012). “A percepção mais difundida é a de que as jovens interrompem sua trajetória
profissional e escolar para se dedicarem a um filho, sendo a gravidez, nessa época,
considerada um retrocesso, tanto na vida dessas mães quanto do ponto de vista social”
(OTTONI et al., 2012, p. 22).
Além disso, tem-se observado que muitas adolescentes grávidas optam por
isolar-se do convívio da sociedade e do seu ciclo de amizades (CARVALHO, A. Y. C.
et al., 2009), podendo agravar condições de vida, quando leva ao aumento do número de
gravidez, de abortamento, do consumo de cigarros e drogas ilícitas
(WIECZORKIEVICZ e SOUZA, 2010).
A gravidez na adolescência, desejada ou não, provoca muitos empecilhos no
ambiente pessoal, familiar e social, interrompendo por vezes o processo de
desenvolvimento da adolescência, fazendo com que as responsabilidades e os papéis da
vida adulta sejam desempenhados antes do tempo (SCHWANKE e PINTO, 2010, p.
151).

21
Psicologicamente a gravidez é vivida como um período de muitas perdas como
da confiança da família, expectativas para o futuro devido o abandono da escola,
abandono do namorado por não aceitar a gestação e ao mesmo tempo a gravidez é
vivida como um período de ganho de responsabilidade que a adolescente ainda não está
preparada para assumir, muitas vezes gerando problemas psicológicos como a baixa
autoestima, vivência de alto nível de estresse, sintomas depressivos nos casos em que a
gravidez foi indesejada (SCHWANKE e PINTO, 2010; MACIEL et al., 2012; SILVA,
F. N. et al., 2012).

5.4. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A gravidez durante a adolescência é um problema recorrente e atual da saúde


pública, a cada ano os índices tem aumentado, a imaturidade da mãe ainda jovem e a
não solidificação das mudanças alternadas em relação transição da vida infantil para
adulta acarreta diversos problemas inclusive psicológicos e familiares, estas
adolescentes inúmeras vezes tentam esconder a gravidez e isto dificulta a capitação
destas nos programas de assistência ao pré-natal, para que haja um acompanhamento
seguro do binômio mãe-filho e identificação de gestação de risco ou não para
encaminhamento a unidades de referência com suporte especializado (FERREIRA;
RIBEIRO, 2010).

A assistência de enfermagem que é prestada as adolescentes grávidas ocorre


no setor primário de saúde as unidades de atenção básica os famosos ESF (Estratégia
e saúde da Família) antes intitulada como PSF (Programa de Saúde da Família), cujo
objetivo é acompanhar toda gestação a partir do conhecimento de sua existência até
ao final, desde que seja comprovada que não possui riscos fetal e/ou materno.

O atendimento que é prestado pela equipe de saúde que compõe o ESF em sua
rotina consiste na coleta de dados como histórico familiar, histórico de doenças atuais
ou pregressas, número de gestações, histórico socioeconômico, uso de métodos
contraceptivos ou não entre outras informações pertinentes a conhecer a relação
saúde doença da jovem, identifica-se em semanas o tempo de gestação, faz se
solicitação de exames como (ultrassonografia, preventivo e analise sanguínea) e

22
orienta a jovem sobre cada trimestre e as modificações do seu organismo, agendando
assim as posteriores consultas (retorno conforme idade gestacional).

De acordo com Silva et al. (2016), a assistência pré-natal é amparada


legalmente em relação a atuação profissional do enfermeiro, para que ocorra
acompanhamento integral de gestantes de baixo risco na rede básica de saúde e no
Programa de Estratégia de saúde da Família, desta forma o enfermeiro se torna capaz
de realizar as ações de atenção à saúde da mulher no pré-natal, esperasse de certa
forma que estes profissionais se responsabilizem pelo tipo de assistência então
prestada.

De acordo com a Lei 7.498 de 25 de julho de 1986 que dispõe sobre a


regulamentação do Exercício Profissional de Enfermagem e descreve que:

Ao enfermeiro cabe realizar a consulta de enfermagem e prescrição da


assistência em enfermagem; como integrante da equipe de saúde: prescrever
medicamentos, desde que estabelecidos em Programas de Saúde Pública e em rotina
aprovada pela instituição de saúde; oferecer assistência de enfermagem a gestante,
parturientes e puérperas e realizar atividades de educação em saúde (BRASIL, 1986,
p. 9273).

Para que a consulta de pré-natal ocorra de forma humanizada e com qualidade,


é essencial que haja organização dos serviços de saúde em todas as etapas de
atendimento desde a primeira consulta então a ser realizada, obedecendo todas as
normas e rotinas das instituições prestadoras dos referidos serviços. Conforme Silva
et al. (2016), é necessário a preparação dos profissionais, atentos e sensíveis as
necessidades das mulheres e de seus familiares; o uso de tecnologias de saúde que
permitam o avanço e o bom termo de consulta, e por fim o seguimento do cuidado de
maneira holística e integral.

De acordo com Silva et al. (2016, p. 4091), os limites de atuação do


enfermeiro na realização da consulta pré-natal estão descritos nos seguintes subitens:
a) a atenção pré-natal centrada no modelo biomédico; b) a
precariedade de recursos relativos à área física, recursos
humanos e materiais; c) o desconhecimento do trabalho da
enfermeira e da consulta de enfermagem; d) a necessidade de
maior qualificação profissional; e) o modelo educativo pautado
no modelo tradicional; f) a falta de sistematização da
23
assistência.
A assistência que é prestada durante todo o período gravídico não deve ficar
restrito ao modelo biomédico, pois acaba se tornando uma assistência mecanizada
voltada apenas aos aspectos biológicos e fisiológicos, o que contribui para o
afastamento das clientes/pacientes do acompanhamento pré-natal, pois não ocorre
estabelecimento de vínculos. Desta forma o distanciamento entre profissionais e
mulheres fica evidente, uma vez que as necessidades destas são colocadas de lado, o
que prejudica a relação de confiabilidade entre profissional e paciente (SILVA et al.,
2016).

O atendimento deve ser centrado no acolhimento, na comunicação (escuta), na


interação, no comprometimento do enfermeiro e no estabelecimento de vínculos, a
gestante deve tornar-se um “ser ativo” no processo de ser mãe, durante todo o
atendimento deve respeitar-se a privacidade delas. A adequação as consultas se dá
através dos recursos humanos e materiais disponíveis, assim como o espaço disposto
para o atendimento e para a realização de atividades educativas, em relação ao espaço
este deve proporcionar segurança a adolescente e ao prestador dos serviços, uma vez
que neste local será exposto seus pensamentos, suas dúvidas seus medos; onde o
profissional dará esclarecimentos em relação a educação em saúde variante em cada
caso apresentado entende-se que está jovem é um ser integral com uma história
particular (SILVA et al., 2016).

Segundo Silva et al. (2016), é durante a consulta de enfermagem que se colhe


as informações pertinentes sobre o processo gestacional, é onde se dá o apoio e as
orientações necessárias, busca-se a prevenção dos agravos, estabelece-se
desenvolvimento de atividades em grupo para estimulação e inserção das
adolescentes no pré-natal, favorecendo com isto um período gestacional tranquilo e
com segurança fornecendo um ambiente seguro e favorável as ações educativas
voltadas para promoção da saúde.

De acordo com Bittencourt (2010, p. 40) compete ao enfermeiro na


Assistência ao Pré-Natal:
Captação precoce, Diagnóstico de gravidez– BHCG (Hormônio
Beta Gonadotrofina Coriônica), Informação / orientação em
saúde, Consulta de pré-natal de baixo-risco, Classificação de
risco gestacional, Solicitação e avaliação de exames
laboratoriais de rotina e USG obstétrica, Solicitação de exames
complementares, Prescrição de Ácido Fólico e Sulfato Ferroso
(segundo as normas e rotinas da instituição), Prescrição de
vacinação antitetânica (dupla adulto), Visita domiciliar,
Registro no cartão e ficha perinatal, Encaminhamentos para
visita à maternidade, Registro no SISPRENATAL,
Encaminhamento a odontologia e a nutrição. 24
Segundo o Ministério da saúde (2012) o atendimento durante o pré-natal
poderá ser realizado nas unidades de saúde ou durante as visitas em domicílio, sendo
o calendário de atendimento programado em função dos períodos gestacionais que
determinam maior risco materno e perinatal, no entanto o calendário deve ser
iniciado o mais precoce possível preferencialmente no primeiro trimestre devendo
este está regular, pois as avaliações então propostas devem ser realizadas e anotadas
corretamente tanto no Cartão da Gestante quanto na Ficha de Pré-Natal.

Fica ainda preconizado pelo Ministério da Saúde o mínimo de 6 (seis)


consultas; devendo sempre que possível ser realizadas segundo o cronograma pré-
estabelecido: Até 28ª semana – mensalmente; Da 28ª até a 36ª semana
quinzenalmente; Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. O aumento das visitas ao
final da gravidez é determinado a avaliação dos riscos que antecedem o nascimento
do bebê e das intercorrências clínico-obstétricas, sendo as mais comuns no trimestre,
o trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclampsia, amniorrexe prematura e
óbito fetal. Quando o parto não se iniciar até a 41ª semana, é necessário a avaliação
do feto, incluindo a avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento
cardíaco fetal desta forma é necessário que se faça o encaminhamento da gestante
unidade de atendimento.

Dentre as atribuições do enfermeiro compete ainda a atuação como educador


pois “a educação para a saúde é importante para o cuidado de enfermagem, uma vez
que ela pode determinar como os indivíduos e as famílias são capazes de ter
comportamentos que conduzam a um ótimo autocuidado” (ROCHA, 2013, p.16).

A educação em saúde não deve ser dada de forma exclusiva, sendo necessária
a participação multiprofissional, ou seja, de todos as categorias que trabalham na
saúde e que prestam assistência no período gestacional como psicólogo, assistente
social, obstetra, dentista, enfermeiro, técnico de enfermagem dentre outros.

“O enfermeiro, como educador para a saúde, atua no intuito de preparar o


indivíduo para o autocuidado e não para a dependência, sendo, portanto, um
facilitador nas tomadas de decisões” (ROCHA, 2013, p. 17).

De acordo com Andrade (2015, p. 22):


O enfermeiro como profissional capacitado para assistir ao
indivíduo em todas as etapas de vida, necessita estar inserida no
Programa de Educação sexual das escolas. Provendo ações e
programas voltados para a saúde do adolescente e sua família os
quais devem atender as reais necessidades de ambos. É
fundamental que todos, governo, profissionais de saúde e de
educação, família, escola e sociedade não economizem, não só
para exercer sua sexualidade, mas, principalmente para exercer
seus direitos com responsabilidade, sendo respeitados e
respeitando os outros.

25
As medidas para prevenção e/ou minimização do número de adolescentes
grávidas está na implantação da educação sobre a sexualidade, o conhecimento do
corpo e a reprodução humana. Esta educação deveria ser inserida nas escolas, assim
como outras questões de cunho social como drogas e gravidez na adolescência, uma
vez que é nas escolas que se concentram o maior número de jovens, no entanto é
fundamental que haja a inserção e dos pais neste processo. Dentre as propostas de
intervir na gravidez precoce pode-se tentar retardar o início das atividades sexuais,
mas para aqueles que já estão sexualmente ativos espera-se adoção de medidas de
cunho individual, que seria a educação sexual e o uso de contraceptivos. Os grupos
de apoio poderiam ser então desenvolvidos e indicados para adolescentes que já
confirmaram sua gravidez (ANDRADE, 2015).

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6. METODOLOGIA
A palavra metodologia significa conjunto de regras usada no ensino de alguma
coisa, mas para Freixo (2011, p.280) “metodologia é o conjunto de métodos e as
técnicas que guiam a elaboração do processo de investigação científica”.

6.1. Tipo de estudo:

Realizará-se um estudo observacional. Com a abordagem quantitativa. Sobre


gravidez precoce no hospital Municipal de Kapalanga de Março Junho de 2024

6.2. Local de estudo:

A pesquisa será realizado no Hospital Municipal de Viana Kapalanga

6.3. População em estudo:

A população será constituída por todos os profissionais de saúde da área de


Enfermagem, escalados na área da Maternidade

6,4. Amostra

Serâo seleccionadas 15 enfermeiros que fizerão parte do estudo.

6.5. Critérios de inclusão

Serão incluídos no estudo os profissionais de enfermagem que trabalham na área


da maternidade que estiverem presentes no momento da recolha de dados e aqueles que
aceitarem participar na pesquisa.

6.6. Critérios de exclusão

Serâo excluídos, no estudo, todos os profissionais de enfermagem que trabalham


na área da maternidade que não aceitarem participar na pesquisa e os que não estarem
presentes no período em que ocorrer a recolha de dados.

6.7. Procedimentos éticos:

Será enviada uma carta de autorização de pesquisa a direção geral do Hospital do


Sono, realizar-se-á o consentimento informativo e sobretudo a omissão da identidade
dos inqueridos.

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6.8.Procedimento de Recolha de Dados
Para responder os objectivos do estudo, será escolhido como instrumento de recolha
de dados, o questionário de perguntas abertas e fechadas que irá permitir obter as
informações.

6.9 Processamento de dados


Os dados serão colhidos por meio de um inquérito elaborado com perguntas
fechadas que darão respostas aos objectivos traçados, os dados serão processados no
programa informático windows utilizando o microsoft word para a elaboração dos
textos, microsoft excel para a elaboração de tabelas e microsoft power point para
elaboração e apresentação dos resultados que serão apresentados em forma de tabelas.

6.10. Variáveis de estudo


 Género;
 Faixa etária;
 Estado Cívil;
 Proveniência;
 Causas
 Assistência de Enfemagem;

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7. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

Carvalho C. C._GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: PRINCIPAIS CAUSAS E


CONSEQUÊNCIAS_Minas Gerais_2013.

Brigadeiro D. F. F. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA_ Faculdade de Medicina da


Universidade de Coimbra 2010.

Diniz N. C._ GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UM DESAFIO SOCIAL_Minas


Gerais 2010

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