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Como esse minúsculo inseto quase acabou com a indústria do vinho e como a
praga foi controlada
Mas não durou muito o sossego dos viticultores: em julho de 1866, as videiras
do vilarejo de Saint-Martin-du-Crau, perto de Arles e de Montpellier,
começaram a morrer. As folhas ficavam vermelhas e caíam, os cachos de uvas
murchavam e secavam e as raízes apodreciam. Na primavera seguinte, as
plantas afetadas inicialmente estavam mortas; em dois anos, vinhedos do Vale
do Rhône e do sul da França apresentavam os mesmos sintomas.
Velha conhecida
Danos
Cerca de 40% das vinhas foram devastadas num período de 15 anos, desde a
década de 1850 até meados da década de 1870. A economia francesa foi
fortemente atingida; muitos empresários faliram e os lucros da indústria vinícola
foram reduzidos para menos de metade. A situação foi responsável, entre
outras coisas, por um aumento considerável da emigração, principalmente para
a Argélia e para a América.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Filoxera
1865: infestação em La Crau de Châteaurenard, Bouches-du-Rhône, França;
1865: primeira notícia de infestação em Portugal, no vale do rio Douro;
1866: foco de infestação em Floirac, na Gironda, França;
1868: Jules Émile Planchon identifica o inseto responsável pela doença e,
julgando tratar-se de uma espécie nova para a ciência, atribui-lhe o nome de
Phylloxera vastatrix, sinônimo taxonômico que ainda é por vezes utilizado na
Europa;
1871: A zona infestada no vale do Rhône forma um grande triângulo que atinge
Cadarache a leste, Castries a oeste e Tain-l'Hermitage ao norte;
1871: primeiro foco na Suíça, próximo de Genebra;
1872: novo foco de infestação na zona de Cognac, França;
1872: a filoxera ataca vinhedos da ilha da Madeira;
1873: a filoxera aparece na Califórnia;
1874: primeiro foco na Alemanha, próximo de Bonn;
1876: novo foco de infestação em Orléans, França;
1875: a filoxera aparece na Áustria;
1875: a Austrália é contaminada;
1877: primeira aparição em Espanha, na zona de Málaga (Andaluzia) e Girona
(Catalunha);
1878: a filoxera parece na Côte-d'Or, França;
1879: descoberta da filoxera na Itália, em Valmadrera, próximo de Como;
1880: novos focos de infestação na Itália, em Caltanissetta (Sicília) e Imperia
(Génova);
1880: a filoxera aparece na África do Sul;
1885: primeiro foco na Argélia, próximo de Tlemcen;
1886: novo foco na Argélia, próximo de Skikda;
1888: a filoxera atinge o Peru;
1894: os vinhedos de Champagne, França, são atingidos;
1905: a filoxera atinge a Tunísia;
1914: a filoxera atinge a Manchúria, no Extremo Oriente;
1919: filoxera em Marrocos;
1945: filoxera na Borgonha, França;
1980: a região de Tokat, na Turquia é atingida (afectando vinhedos de “pé-
franco” da casta Narince).
Solução
Aspersão dos videiras após a poda com cal viva, naftaleno ou óleo queimado
com o objetivo de destruir o "ovo de inverno". Esta técnica, que ainda era
praticada no início do século 20, era pouco eficaz, cara e ambientalmente
perigosa.
Tratamento com sulfureto de carbono, através da injeção no solo, na zona das
raízes, deste líquido volátil e tóxico para os insetos. O método é eficaz, mas
muito caro, não tendo hoje viabilidade econômica. Um método semelhante,
embora menos eficaz, consistia na colocação de uma solução de
sulfocarbonato de potássio num recipiente de fundo aberto que era colocado
em redor da planta.
Tratamento por submersão, que consiste na inundação do solo durante um
período alargado, por forma a uma relativa anoxia na zona radicular que
matasse o inseto. O método era ineficaz e apenas praticável em terrenos
irrigáveis, aliás os menos adequados à produção de vinhos de qualidade.
Plantação de espécies de vinha americana, de grande resistência à filoxera.
Foi uma solução muito utilizada, mas levou à produção de vinhos de má
qualidade (como o vinho de cheiro e o morangueiro), e ao desaparecimento em
certas regiões de algumas das melhores castas viníferas.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Filoxera
Mas em meados dessa década, a maioria dos
pesquisadores concordava com Planchon, que ganhou o
apoio de um entomologista, Charles Valentine Riley,
nascido na Inglaterra e radicado nos Estados Unidos.
Embora sem perceber que estava próximo da solução, o viticultor bordalês Léo
Laliman disse, num congresso de 1869 onde foi apresentada a proposta de
inundação do vinhedo como possível remédio para a praga, que as videiras
americanas que cultivou estavam imunes à filoxera.
Exceções
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http://revistaadega.uol.com.br/artigo/pe-franco_4053.html