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ABSINTO

O absinto é uma bebida destilada à base de anis e outras ervas, como losna e funcho. Foi criado e utilizado
primeiramente como remédio por Pierre Ordinaire, um médico francês que morava em Couvet, na Suíça,
por volta de 1792.

O absinto foi especialmente popular na França, sobretudo pela ligação aos artistas parisienses de finais do
século XIX e princípios do século XX, até a sua proibição em 1915. Recentemente, ganhou alguma
popularidade com a sua legalização em vários países. É também conhecido popularmente por fada verde (la
fée verte) em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Arthur Rimbaud,
Van Gogh, Oscar Wilde, Henri de Toulouse-Lautrec, Edgar Allan Poe, Aleister Crowley, Ernest Hemingway,
James Joyce, Amadeo Modigliani, Pablo Picasso, Marcel Proust, Aleister Crowley, Erik Satie, Lord Byron e
Alfred Jarry eram adeptos da fada verde.

Possui teor alcoólico alto, entre 45–74%. Possui uma cor natural verde, mas também pode ser transparente.
Algumas vezes, é tido como um licor, mas tradicionalmente não é engarrafado com açúcar adicionado,
portanto é classificado como um destilado. Tradicionalmente, é engarrafado com uma alta percentagem de
álcool por volume, mas normalmente é diluído com água antes de ser consumido.

Frequentemente, costuma ser apresentado como uma droga psicoativa e alucinógeno de alto poder
viciante. O composto químico tujona, que está presente na bebida em quantidades residuais, foi
responsabilizado pelos efeitos deletérios da bebida. Por volta de 1915, a bebida estava proibida nos Estados
Unidos e em grande parte da Europa, como na França, Países Baixos, Bélgica, Suíça e Áustria-Hungria,
embora não estivesse provado que ela era mais daninha que qualquer outra bebida destilada. Estudos
recentes demonstraram que as propriedades psicoativas do absinto (à parte os efeitos do álcool) foram
exageradas.

Na década de 1990, começou um renascer do absinto, seguindo as novas leis da União Europeia sobre
bebida e alimento que removeram antigas barreiras à sua produção e venda. No início do século XXI, quase
duzentas marcas de absinto estavam sendo produzidas em uma dúzia de países, notavelmente na França,
Áustria, Alemanha, Países Baixos, Espanha e República Tcheca.

A palavra "absinto" deriva do termo latino absinthium, que por sua vez deriva do termo grego ἀψίνθιον,
apsínthion. O uso da planta Artemisia absinthium numa bebida é atestada pela obra De rerum natura, de
Lucrécio, que diz que uma bebida contendo a planta absinto é servida como remédio a uma criança,
adoçada na borda com mel para a tornar palatável.[11] Alguns argumentam que a palavra significa
"imbebível" em grego, mas ela também pode estar ligada à raiz persa spand ou aspand, ou a variante
esfand, que remete à planta Peganum harmala, também conhecida como "arruda síria", embora não seja
realmente uma variedade de arruda, outra famosa planta amarga. A planta Artemisia absinthium era,
usualmente, queimada como uma oferenda protetora, o que sugere que a origem da palavra pode estar na
raiz protoindo-europeia *spend, que significa "realizar um ritual" ou "fazer uma oferta". Está pouco claro se
a palavra foi um empréstimo do persa ao grego, ou se deriva de uma origem comum a ambas as línguas.
Alternativamente, a palavra grega pode derivar de um substrato pré-grego, marcada pela consoante
complexa não indo-europeia νθ (-nth).

Tem, geralmente, uma cor verde pálida, transparente ou, se envelhecido, castanho claro.

Criada originalmente como infusão medicinal pelo médico francês, com uma percentagem de álcool muito
elevada de 40% e 89,9%, na Belle Époque tornou-se a bebida da moda.

Para apreciação de novos odores, era servido com torrão de açúcar e láudano, este último um opioide. Sem
o láudano, atualmente pode ser consumido com água, que reduz a graduação alcoólica da bebida. Desta
forma, sobre o copo com a bebida é colocada uma colher perfurada que sustenta o torrão de açúcar, e por
onde passará a água gelada que será vertida lentamente sobre o torrão.

A origem precisa do absinto é pouco clara. O uso médico da planta homônima já existia no Egito antigo, e é
mencionada no papiro Ebers (c. 1550 a.C.). Extratos da planta e folhas da planta embebidas em vinho eram
usados como remédio pelos antigos gregos. Existe evidência de um vinho na Grécia antiga que era
aromatizado com a planta e recebia o nome absinthites oinos.

A primeira evidência de absinto, no sentido de bebida destilada contendo anis verde e funcho, data do
século XVIII. De acordo com a lenda, começou como um remédio para tudo, patenteado pelo médico Pierre
Ordinaire, que vivia na cidade de Couvet, na Suíça, por volta de 1792 (a data exata varia de acordo com o
registro). A receita de Ordinaire foi passada para as irmãs Henriod, que a venderam como um elixir
medicinal. Em outros registros, as irmãs Henriod já produziam a bebida antes de Ordinaire. Posteriormente,
o major Dubied adquiriu a fórmula das irmãs em 1797 e abriu a primeira destilaria de absinto, chamada
Dubied Père et Fils, em Couvet, com seu filho Marcellin e seu genro Henry-Louis Pernod. Em 1805, eles
construíram uma segunda destilaria em Pontarlier, na França, sob o nome Maison Pernod Fils. A Pernod Fils
se manteve como uma das mais populares marcas de absinto até a bebida ser proibida na França em 1914.

CRESCIMENTO DO CONSUMO
O consumo de absinto cresceu sem interrupções ao longo da década de 1840, quando foi fornecido aos
soldados franceses como um preventivo para a malária,[14] e os soldados trouxeram o hábito da bebida
para seus lares. O absinto se tornou tão popular em bares, cafés e bistrôs na década de 1860 que a hora de
cinco horas da tarde passou a ser chamada de "hora verde".[15] Era consumido por todas as classes sociais,
desde a rica burguesia até os artistas pobres e os trabalhadores. Na década de 1880, a produção em massa
fez o preço cair abruptamente. Em 1910, os franceses estavam consumindo 36 000 000 de litros por ano.
Em comparação, os franceses estavam consumindo 5 000 000 000 de litros de vinho por ano.

O absinto era exportado amplamente a partir da França e da Suíça, e alcançou algum grau de popularidade
em outros países, como Espanha, Grã-Bretanha, Estados Unidos e República Tcheca. Nunca chegou a ser
proibido na Espanha ou em Portugal, e sua produção e consumo nunca cessaram. Teve um aumento
temporário de popularidade no início do século XX, correspondendo aos movimentos artísticos art nouveau
e modernismo.
A cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos, está associada ao absinto. Ela costuma ser tida como o
berço do sazerac, talvez o mais antigo coquetel de absinto. O bar Old Absinthe House, na rua Bourbon,
começou a vender absinto na primeira metade do século XIX. Seu proprietário catalão, Cayetano Ferrer, o
nomeou Absinthe Room em 1874 devido à popularidade do drinque, que era servido em estilo parisiense. O
bar foi frequentado por Mark Twain, Oscar Wilde, Franklin Delano Roosevelt, Aleister Crowley e Frank
Sinatra.

Na Europa do início do século XX, o absinto era considerado uma droga de massas, levando a população ao
alcoolismo e, segundo médicos da época, ocasionando outros problemas de saúde, inclusive mentais, tais
como: epilepsia, suicídio e loucura.

Em 1873, após uma noite de consumo de absinto, o poeta Paul Verlaine atirou em Arthur Rimbaud, seu
amante na época. Van Gogh, além de suas perturbações inatas, estava sob o efeito do absinto quando
cortou a própria orelha e agrediu Gauguin.

Na Suíça, acreditava-se que cerca de 40% da população adulta era dependente da "fada verde". Em 1912,
cerca de 220 milhões de litros de absinto foram produzidos na França. O consumo de absinto na França era
tão elevado que, à hora do consumo, entre as 17h00 e as 19h00, chamou-se hora verde.

Além dos males causados à saúde, o absinto foi acusado de ser responsável pelo aumento da criminalidade.
Em 1905, Jean Lanfray assassinou sua família com uma espingarda após grande consumo de várias bebidas
(entre elas, o absinto).

BANIMENTOS
O absinto passou a ser associado a crimes violentos e desordem social. Um escritor atual defende que essa
tendência era estimulada por denúncias fabricadas e campanhas de difamação, orquestradas pelo
movimento da temperança e pela indústria do vinho. Um crítico disse:

O absinto te enlouquece e te torna um criminoso, provoca epilepsia e tuberculose, e matou milhares de


franceses. Ele torna o homem uma besta feroz, a mulher uma mártir, e a criança uma degenerada,
desorganiza e arruína a família, e ameaça o futuro do país.

A primeira grande obra de Édouard Manet, O bebedor de absinto, foi controversa, e foi rejeitada pelo salão
de Paris em 1859.

A pintura O absinto (1876), de Edgard Degas, pode ser vista no museu de Orsay resumindo a visão popular
sobre os viciados em absinto como encharcados e entorpecidos, e Émile Zola descreveu seus efeitos em sua
novela L'Assommoir (O cabaré).

Em 1905, o agricultor suíço Jean Lanfray assassinou sua família e tentou se matar depois de beber absinto.
Lanfray era um alcoólatra que havia bebido uma quantidade considerável de vinho e brandy antes dos
assassinatos, mas isso foi esquecido ou ignorado, e a culpa pelos assassinatos foi colocada somente no
consumo de dois copos de absinto. Os assassinatos de Lanfray foram o ponto de virada nesse quente
debate, e uma petição subsequente coletou mais de 82 000 assinaturas pedindo o banimento da bebida na
Suíça. Foi realizado um referendo em 5 de julho de 1908. Ele foi aprovado pelos votantes (63,5% dos votos),
e a proibição do absinto foi inscrita na constituição da Suíça em 1910.

Em 1906, Bélgica e Brasil baniram a venda e a distribuição de absinto, embora estes não tenham sido os
primeiros países a fazerem o mesmo. A bebida já havia sido banida em 1898 na colônia do Estado Livre do
Congo.
Outros países seguiram a Suíça (os Países Baixos em 1909, os Estados Unidos em 1912, a França em 1914) e,
em 1913, os Estados Unidos e quase toda Europa haviam adotado a proibição. Apenas na Espanha,
Dinamarca, Inglaterra e em Portugal ainda era permitido o consumo, mas só se a bebida fosse produzida
com quantidade limitada de tujona.

A proibição do absinto na França fez aumentar a popularidade do pastis e, em menor escala, do ouzo e
outras bebidas destiladas à base de anis que não contivessem a planta absinto. Depois do fim da Primeira
Guerra Mundial, a produção da marca Pernod Fils se limitava à produção da destilaria Banus, na Catalunha,
na Espanha, onde o absinto ainda era legal, mas o declínio nas vendas levou ao término da produção na
década de 1960. Na Suíça, o banimento serviu apenas para aumentar a produção clandestina de absinto.
Destilarias caseiras produziam absinto incolor, que era mais fácil de esconder das autoridades. Muitos
países nunca baniram o absinto: o mais famoso deles foi a Grã-Bretanha, onde ele nunca havia sido tão
popular como na Europa continental.

RENASCIMENTO
Hoje, se sabe que os efeitos supostamente alucinógenos da bebida nunca foram comprovados, e o absinto é
considerado perfeitamente normal para o consumo. Este fato levou muitos países a liberarem a produção,
venda e consumo do absinto, como vários países da Europa, Estados Unidos e Brasil.

A importadora britânica BBH Spirits começou a importar a marca Hill's Absinth da República Tcheca na
década de 1990, pois o Reino Unido nunca havia formalmente banido a bebida. Isso iniciou um novo
processo de popularização da bebida. De início, apenas nos países onde a bebida nunca havia sido banida.
Na época, as marcas de absinto eram marcas recentes tchecas, portuguesas e espanholas, geralmente de
estilo boêmio. Especialistas consideram que era um absinto de qualidade inferior, e não representativo do
absinto do século XIX.

Em 1999, a bebida chegou ao Brasil pelo empresário Lalo Zanini. Foi legalizada no mesmo ano, porém teve
de adaptar-se à lei brasileira, com teor alcoólico máximo de 54° GL de acordo com a norma do Art. 12,
inciso II do Decreto 6 871/2009, não podendo atingir a elevada graduação das versões comercializadas na
Europa, as quais comumente superam os 70% de álcool em sua composição.

Em 2000, La Fée Absinthe se tornou a primeira marca de absinto produzida na França desde o banimento
de 1914, mas atualmente é apenas uma dentre dúzias de marcas que são produzidas nesse país. A proibição
francesa do absinto de 1915 foi rejeitada em maio de 2011 a pedido da Federação Francesa de Destilados.

Nos Países Baixos, as restrições foram desafiadas pelo comerciante de vinhos de Amsterdã Menno Boorsma
em julho de 2004, confirmando, desta forma, a volta à legalidade do absinto. De modo similar, a Bélgica
revogou a longa proibição do absinto em 1° de janeiro de 2005, citando um conflito com a legislação sobre
comida e bebida do Mercado Comum Europeu. Na Suíça, a proibição constitucional foi rejeitada em 2000
durante uma revisão constitucional, embora a proibição tenha sido transferida para uma lei ordinária.
Posteriormente, essa lei foi rejeitada, e o absinto se tornou legal em 1º de março de 2005.

A bebida nunca foi oficialmente banida na Espanha, embora ela tenha começado a perder a popularidade
na década de 1940, e tenha caído praticamente na obscuridade. A Catalunha começou a registrar uma
significativa volta do absinto a partir de 2007, quando uma empresa começou a produzi-lo nessa região
espanhola. O absinto nunca teve sua importação ou produção proibida na Austrália, embora a importação
requeira uma permissão devido à proibição de importar qualquer produto que contenha "óleo de absinto".

Em 2007, a marca francesa Lucid se tornou o primeiro genuíno absinto a receber o certificado de
importação pelos Estados Unidos desde 1912.[49] Em dezembro de 2007, o St. George Absinthe Verte,
produzido pela empresa St. George Spirits, de Alameda (Califórnia), se tornou o primeiro absinto a ser
produzido nos Estados Unidos desde seu banimento.[50][51] Desde então, micro destilarias têm produzido
pequenas quantidades da bebida no país.

O século XXI tem visto novas formas de absinto, incluindo várias preparações congeladas que têm se
tornado crescentemente populares.

PRODUÇÃO
A maioria dos países não tem uma definição legal do absinto, enquanto o método de produção e o
conteúdo de bebidas destiladas como uísque, brandy e gim são globalmente definidos e regulados.
Consequentemente, os produtores estão livres para fabricar a bebida sem qualquer padrão legal de
qualidade.

Os produtores de legítimo absinto empregam um entre dois processos historicamente definidos: destilação
ou mistura fria. No único país (Suíça) que possui uma definição legal do absinto, a destilação é o único
método permitido de produção.

ABSINTO DESTILADO
Emprega um método de produção similar ao do gim de alta qualidade. Inicialmente, as ervas são maceradas
em uma base de álcool destilado. Depois, ocorre nova destilação para extrair princípios amargos e
transmitir a desejada complexidade e textura ao destilado.

Inicialmente, a destilação do absinto fornece um destilado incolor que deixa o alambique a uma graduação
aproximada de 72% ABV. O destilado pode ser reduzido e engarrafado, para produzir o absinto branco ou
azul. Ou pode ser colorido, com corantes naturais ou artificiais, e produzir o absinto verde.

Os absintos tradicionais obtêm sua cor verde a partir somente de clorofila de ervas integrais, que é extraída
de plantas a partir de uma maceração secundária. Essas plantas podem ser, por exemplo, Artemisia pontica,
Hyssopus officinalis e Melissa. Esse passo fornece uma complexidade que é típica dos absintos de alta
qualidade. O processo de coloração natural é considerado crítico para o envelhecimento da bebida, pois a
clorofila permanece quimicamente ativa. A clorofila exerce um papel similar no absinto ao papel que o
tanino exerce no vinho e nos licores marrons.

Depois do processo de coloração, o produto resultante é diluído em água para alcançar a percentagem
desejada de álcool. Diz-se que o sabor do absinto melhora com o envelhecimento, e muitas destilarias pré-
banimento armazenavam a bebida em tanques de envelhecimento antes de engarrafá-la.

ABSINTO MISTURADO A FRIO


Muitos absintos atuais são produzidos através de mistura a frio. Este barato método de produção não
envolve destilação, e é tido como inferior da mesma maneira que gim composto barato é tido como inferior
ao gim destilado. O processo de mistura a frio envolve a simples mistura de essências aromatizantes e
corantes artificiais com álcool comercial, de modo similar à maioria das vodcas aromatizadas e licores
baratos. Alguns absintos atuais com mistura a frio contêm graduação alcoólica de aproximadamente
noventa por cento ABV. Outros são apresentados simplesmente como garrafas com álcool puro e uma
pequena quantidade de erva em pó suspensa.

A falta de uma definição legal para o absinto na maior parte dos países permite que alguns produtores de
mistura a frio apresentem alegações falsas, dizendo que seu produto é "destilado", pois sua base alcoólica é
destilada. Isso é usado para justificar preços iguais aos dos absintos mais autênticos, destilados diretamente
a partir das ervas. No único país que possui uma definição legal de absinto (Suíça), qualquer coisa que é
produzida por mistura a frio não pode ser vendida como sendo absinto.

INGREDIENTES
Tradicionalmente, o absinto é preparado a partir da destilação de álcool neutro, ervas, temperos e água. Os
absintos tradicionais são redestilados a partir de destilado de uva branca (eau de vie), enquanto absintos
inferiores usam destilados de grãos, beterraba ou batata.[54] As principais ervas utilizadas são Artemisia
absinthium, anis verde e funcho, que são chamados frequentemente de "santíssima trindade". Muitas
outras ervas também podem ser usadas, como Artemisia pontica, Hyssopus officinalis, erva-cidreira, Illicium
verum, Angelica, hortelã-pimenta, coentro e Veronica.

Uma antiga receita foi incluída no "Livro de cozinha inglês e australiano" (1864). Ela dizia:

Pegue as pontas dos absintos, quatro libras; raiz de angélica, Calamus aromaticus, anis, ervas aromáticas,
uma libra de cada; álcool, quatro galões. Macere essas substâncias por oito dias, adicione um pouco de
água, e destile com fogo brando, até obter dois galões. Isso é reduzido a uma mistura padrão de água e
álcool, e adicione algumas gotas de óleo de anis.

COLORAÇÃO ALTERNATIVA
Em adição à reputação negativa do absinto no final do século XIX e início do século XX, produtores
inescrupulosos da bebida omitiram a fase tradicional de coloração da bebida, substituindo-a pela adição de
sais de cobre tóxicos que induziam uma coloração verde artificial. Esta prática pode explicar em parte a
reputação histórica de toxicidade da bebida. Muitos produtores atuais recorrem a outros recursos, como
corantes alimentícios artificiais verdes. Alguns absintos baratos produzidos antes dos banimentos possuíam
o venenoso tricloreto de antimônio, que reforçava o "efeito ouzo" (produção de um líquido branco quando
se adiciona água ao absinto).

O absinto também pode ser colorido naturalmente nas cores rosa ou vermelha usando flores de rosa ou
hibisco. Somente está documentada, porém, uma marca de absinto rosa.

GRADUAÇÃO ALCOÓLICA
Historicamente, o absinto era engarrafado a uma graduação alcoólica de 45–74% ABV. Algumas marcas
atuais franco-suíças são engarrafadas a uma graduação de 83% ABV, enquanto algumas marcas atuais de
absinto misturado a frio de estilo boêmio chegam a ser engarrafados a 90% ABV.

KITS
O interesse atual pelo absinto gerou uma enxurrada de kits de produção caseira de absinto. Os kits usam
ervas embebidas em vodca ou álcool, ou adicionam um líquido concentrado à vodca ou álcool, mas geram
absinto considerado inautêntico. Algumas misturas podem até ser perigosas, especialmente se elas
utilizarem ervas, óleos ou extratos potencialmente venenosos. Existe pelo menos um caso documentado de
uma pessoa que sofreu insuficiência renal aguda depois de ingerir dez mililitros de óleo de absinto, uma
dose muito maior do que é encontrada no absinto.

FADA VERDE
Absinto (bebida tí pica suíça)
Conhecido pelo apelido "fada verde", o absinto tem teor alcoólico que pode variar de 40% a 89%. No Brasil,
a bebida só pode ser vendida com até 54% de álcool. O drink é fabricado a partir da planta absinto (também
chamado de losna ou sintro) e pode trazer também anis, erva-doce e outras ervas.

Freira no Val-de-Travers inventa em 1769 a "Fada Verde" como elixir medicinal. Um médico torna a bebida
conhecida e uma comerciante funda a primeira destilaria. Um século e meio depois, o absinto se torna a
bebida maldita dos artistas, intelectuais e das massas. Por fim, uma tragédia sela seu destino. A planta do
absinto já era conhecida na antiguidade como uma erva medicinal. Além de ajudar contra a insônia, ela era
utilizada no tratamento de problemas intestinais, de digestão, epilepsia e também contra a falta de apetite.

O primeiro registro documentado da bebida ocorreu em 1769, quando o jornal de Couvet, um pequeno
povoado no Val-de-Travers, um vale localizado na região oeste da Suíça, não muito distante da fronteira
com a França, publicou o anúncio de um elixir medicinal fabricado por uma freira, a irmã Henriod, e
batizado de "Bon Extrait d'Absinthe" (Bom Extrato de Absinto). Ele era feito à base de álcool, absinto, anis,
erva-cidreira e outros ingredientes secretos. Segundo a religiosa, a bebida era eficaz contra bronquite,
febre, problemas digestivos e cólicas. Posteriormente o elixir de absinto se tornou popular no Val-de-Travers
através de um médico francês, um refugiado da Revolução Francesa, que o aplicava com sucesso nos seus
pacientes.

PRIMEIRA DESTILARIA
Em 1797, o comerciante Major Henry Dubied comprou a receita secreta da irmã Henriod e criou a primeira
destilaria industrial de absinto no Val-de-Travers. No pequeno espaço, Dubied, seu filho Marcellin e o genro
Henri-Louis Pernod, produziam inicialmente 16 litros por dia. As vendas do produto, chamado "Pernod Fils",
não foram boas no início dos negócios.

Porém o absinto se popularizou e Henri-Louis Pernod decidiu abrir sua própria fábrica em Couvet, um
povoado da região. Em 1805, ele se expandiu ao fundar a empresa "Pernod Fils" em Pontarlier, na França,
transformando depois o país dos vinhos na capital mundial do absinto.

Devido ao sucesso de Dubied e Pernod, outras destilarias foram abertas no Val-de-Travers a partir de 1825.
Em 1860, uma quinzena deles estava funcionando em Couvet. Quarenta anos depois, a destilação de
absinto atravessou os limites do Val-de-Travers e 40 fábricas produziam o absinto em toda a Suíça.

BEBIDA DA MODA
Absinto foi a droga de moda dos boêmios da Belle Époque. No século XIX, artistas e intelectuais não apenas
tomavam o absinto em qualquer ocasião, como também gostavam de experimentar com seus efeitos.
Alguns críticos chegam a afirmar que a fase "azul" de Picasso e a "fase amarela" de van Gogh devem-se à
influência da "Fada Verde".

Muitas pinturas da época também retrataram a bebida: "Bebedor de absinto", de Eduard Manet; "Monsieur
Boileau no Café", de Henri de Toulouse-Lautrec; "Bebedor de absinto", de Jean-François Raffaeli; "Copo com
absinto", de Pablo Picasso e "A bebedora de absinto", de Vincent van Gogh.

A fama maldita e misteriosa do absinto cresceu com as histórias escandalosas vividas por muitos artistas da
época. Conta-se que Vincent van Gogh arrancou sua orelha para dar ao seu colega pintor Paul Gauguin
quando estava sob efeito da "Fada Verde".

Em 1873, depois de uma noite de bebedeira, o poeta francês Paul Verlaine atirou no seu amante, o também
poeta Arthur Rimbaud.
ASSASSINATO E PROIBIÇÃO
Quando a produção de álcool barato industrial inundou o mercado na Europa do início do século XX, o
absinto se popularizou, transformando-se numa espécie de droga de massas. As consequências imediatas
foram o alcoolismo generalizado e degradação da saúde popular.

Em 1912, as estatísticas mostravam que 220 milhões de litros de absinto eram produzidos na França. Na
Suíça, dizia-se que 40% da população adulta era dependente da "Fada Verde".

Proporcional a sua popularidade, também era a sua oposição na Europa: para muitos médicos da época o
absinto era responsável por todos os tipos de problemas como epilepsia, impotência, tuberculose, sífilis e
até a criminalidade, suicido e loucura.

Na Suíça, a saga do absinto, que começou em 1769 com o elixir mágico da irmã Henriod, terminou 140 anos
depois com um assassinato: em 28 de agosto de 1905, o trabalhador Jean Lanfray matou sua mulher e seus
dois filhos com uma espingarda, depois de ter bebido duas garrafas de absinto.

Em 1908, num plebiscito popular, 63,5% dos eleitores suíços e 20 cantões sobre 22 apoiaram a criação de
um artigo constitucional decretando a proibição do absinto. A lei foi aplicada em 1910, colocando a "Fada
Verde" na lista das drogas malditas.

Até 1913, o absinto estava proibido nos Estados Unidos e em quase toda a Europa. Apenas a Espanha,
Portugal, Dinamarca e Inglaterra ainda permitiam a produção, porém limitando quantidade de thujone na
bebida.

LIBERALIZAÇÃO NA SUÍÇA
Em 1º de janeiro de 2000, os juízes da Suprema Corte decidiram retirar a proibição do absinto da
constituição da Suíça. Eles argumentaram que as leis fundamentais do país não deveriam abordar o
problema, mas sim o código penal.

Em junho de 2005, os deputados federais aprovaram a liberalização completa do absinto no Parlamento. A


lei entrou em vigor em primeiro de março de 2004 e hoje provoca o renascer de uma indústria tipicamente
suíça que já estava desaparecida há séculos.

RECEITA DE ABSINTO SUÍÇO


Materiais:

 1/2 litro de água filtrada


 1 litro de álcool de cereais
 Essência de absinto
 3g de essência de anis
 4 gotas de essência de hortelã
 4 gotas de essência de melissa e de angélica
 8g de açúcar

Preparo:

Misture tudo e deixe em repouso por alguns dias. Antes de filtrar, sacoleje bem tudo. Guarde em garrafas
bem arrolhadas.
CHA DE ABSINTO
Finalidade: Para falta de apetite

Materiais:

 1 g de folhas ou flores de absinto


 100 ml de água fervente

Preparo:

Junte o absinto à água, tampe o recipiente e aguarde quinze minutos. Coe. Tome três a seis colheres ao dia,
entre as refeições.

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