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Ciclo Celular

Generalidades
O ciclo celular é um fenômeno biológico que permite que as células originem células filhas
com as mesmas características genéticas.
Toda célula inicia a sua vida a partir de uma célula mãe, e termina seja com a sua morte ou
formando novas células filhas.

Morte Celular
Pode ser em decorrência de vários tipos de lesões, como hipóxia (causada principalmente
por uma perda do suprimento sanguíneo, conhecido com isquemia), agentes físicos (trauma
mecânico, queimadura, frio intenso, radiação, choque elétrico), agentes químicos e drogas
(inseticidas, herbicidas, monóxido de carbono, venenos, álcool e inúmeras drogas
terapêuticas), agentes infecciosos (bactérias, fungos, vírus, parasitas), distúrbios genéticos
(defeitos celulares que resultam em malformações como anemia falciforme), desequilíbrios
nutricionais (deficiência calórico-proteicas, avitaminoses, excessos nutricionais como
sobrecarga de lipídeos), reações imunológicas (a reação imunológica é útil na medida em
que nos defende contra antígenos). Podem, entretanto, causar lesões celulares, como na
reação anafilática e nas doenças autoimunes.
De um modo geral, a morte celular decorrente de lesões é conhecida como necrose, e é
sempre acompanhada de reação do organismo, chamada resposta inflamatória.
Existe, ainda, a morte celular programada, mais conhecida por apoptose, que não é seguida
de resposta inflamatória.
Apoptose tem suas origens em estímulos fisiológicos, como, por exemplo, a destruição
programada de células durante a embriogênese, alterações no meio hormonal, como, por
exemplo, a descamação da mucosa uterina e regressão de células produtoras de leite no
final da lactação.
Também estímulos patológicos podem resultar em apoptose, como a morte de células
tumorais atacadas por células de defesa do organismo, e mesmo agentes lesivos
necrosantes, que em baixas doses não resultam em resposta inflamatória, como lesão
térmica branda, hipóxia leve e baixas doses de radiação.

Formação de células filhas


Existem dois tipos principais de células:
- Células somáticas, que são diversas células que formam o corpo (soma = corpo). Essas
células destinam-se a morrer com o indivíduo, ou antes dele na constante renovação de
seus tecidos.
- Células germinativas, que são os gametas capazes de se unir sexualmente com os de outro
indivíduo. Os gametas são formados nos testículos e nos ovários.
As células somáticas apresentam grande capacidade de crescer e de se reproduzir.

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Esse crescimento e divisão resulta na formação de duas células filhas, que também vão
crescer e se dividir. O fenômeno chama-se ciclo celular.

O crescimento, designado interfase, consiste na célula aumentar o seu patrimônio de


moléculas proteicas, receptores na sua membrana plasmática, armazenar minerais,
duplicar organelas, e, principalmente, replicar fielmente o seu DNA, para produzir duas
células filhas geneticamente idênticas.
A divisão, designada mitose, é uma etapa relativamente rápida e que não se sintetiza
(produz) praticamente nada. Apenas reparte-se entre as duas células filhas o material
produzido durante a interfase.

A interfase consta dos seguintes períodos:


- G1 (gap = intervalo pós-mitótico e pré-sintético). Há intensa transcrição (produção) de
RNA, síntese proteica, receptores de membrana plasmática, duplicação de organelas e
armazenamento de minerais.
- S (síntese) Ocorre a replicação do DNA. A célula passa de duas cargas genéticas para quatro
cargas. 2C → 4C
- G2 (gap = intervalo pós- sintético e pré- mitótico). A célula armazena energia para a fase
mitótica (divisão). Sintetiza moléculas do fuso mitótico.

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A mitose consta das seguintes fases:
- Prófase
Há condensação da cromatina, que passa a ser chamada de cromossomos. Nos
cromossomos as espirais cromatínicas ficam comprimidas, pouco disponíveis para a
transcrição de RNA. Portanto, não há síntese proteica.
Ocorre, ainda, o desaparecimento do nucléolo, que permanece latente em alguns
cromossomos, possuidores de organizadores nucleares nas células filhas.
O envoltório nuclear fragmenta-se, devido a fosforilação da lâmina nuclear que o reveste.
- Metáfase
Os cromossomos dispõem-se no plano equatorial da célula.
Cada cromossomo tem duas cromátides (O DNA já está duplicado).
As cromátides estão presas ao fuso mitótico.
- Anáfase
As cromátides se separam e são tracionadas para os polos.
- Telófase
Há reconstrução do envoltório nuclear, devido a desfosforilação das proteínas da lâmina
nuclear.
Os cromossomos descondensam, formando filamentos finos e grumos.
Reconstitui-se o nucléolo.
Conclui-se a citocinese (divisão do citoplasma).
Nota:
1- O ciclo celular é provavelmente a mais complexa de todas as atividades das células. Há
controle genético dependente de um grupo de enzimas, chamadas quinase dependente de
ciclinas (CdK), que fosforila proteínas reguladoras de cada etapa. O processo passa por
várias checagens. Por exemplo: antes da entrada no período S, é verificado se a célula está
suficientemente grande e se o ambiente é adequado (temperatura, pH...). No término da
interfase, antes de iniciar a mitose, ocorre outra fiscalização verificando, principalmente, se
todo o DNA foi replicado adequadamente. Depois, durante a mitose, vem a checagem dos
componentes do aparelho mitótico na metáfase...
2- Existem tecidos que as células não se dividem, ou seja, ficam estacionadas no período
G1, designado neste caso G0. Essas células são os neurônios e células musculares
esqueléticas e cardíacas. Outras células se dividem, porém, parcimoniosamente, como
hepatócitos e tireócitos. Já células dos epitélios de revestimento e formadoras do sangue
(hematopoiéticas), dividem com muita frequência.
3- Durante o ciclo celular, apesar do acurado controle de qualidade (checagens), podem
ocorrer modificações nas bases do DNA (mutação cancerosa). Há proliferação anormal
(tumor). Os tumores podem ser benignos: crescimento lento, localizado; malignos:
crescimento rápido, metástases.

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4- Determinados fatores interferem no ciclo celular. São:
- Hormonais
Ex. : Hormônios somatotrófico (STH) → atua em todo o corpo. Tem muitos receptores nos
discos epifisários.
Prolactina → promove a formação dos alvéolos mamários.
Estrogênio → estimula o crescimento da mucosa uterina (endométrio).
T3 e T4 → aumenta o metabolismo das células em geral, favorecendo o crescimento ósseo.
- Fatores de Crescimento (FC)
Ex.: Eritropoetina (EPO) → é produzida pelos rins (80 %) e fígado (20 %). Promove a
eritropoese (produção de hemácias).
Interleucina 3 → produzida por linfócitos T. Estimula a proliferação de leucócitos.
Fator de crescimento do endotélio (VEGF) → produzido por células endoteliais. É
importante na angiogênese (formação do sistema vascular).
Drogas
Ex.: Colchicina, vimblastina, vincristina, taxol → são alcaloides antimitóticos úteis na
quimioterapia de cânceres.
Atuam despolimerizando ou cristalizando os microtúbulos (MT) do fuso mitótico.
Ciclo-heximida → atua na interfase, inibindo a síntese proteica.

Envelhecimento celular
A cada minuto, milhões de novas células são produzidas em todo o nosso corpo, com a
finalidade de promover o crescimento, a reposição de perdas celulares e manter a
normalidade funcional de órgãos e estruturas.
Entretanto, na medida em que as divisões celulares vão se sucedendo, alterações nas
respostas adaptativas dos sistemas surgem, num processo normal, chamado
envelhecimento celular;
- Desgaste das extremidades de cromossomos, ou seja, de sequência específicas de DNA
chamadas de telômeros. Os telômeros protegem os cromossomos, impedindo a adesão
entre si. O tamanho e as propriedades dos telômeros são mantidas constantes pela ação da
enzima telomerase. Alterações nessa enzima ocasionam o encurtamento dos telômeros
contribuindo para o envelhecimento e morte celular.
- Ação de radicais livres. Essas substâncias produzem dano oxidativo nos ácidos nucleicos,
proteínas e lipídios das células. O organismo procura se defender através da ação de
enzimas elaboradas principalmente pelos peroxissomas. Além disso, certas substâncias da
dieta, como vitamina E e C, betacarotenos e selênio atuam com antioxidantes, inibindo os
radicais livres.
- Ligações cruzadas entre glicose e moléculas proteicas. A glicose adicionada às proteínas,
dentro ou fora das células, promove perda da elasticidade dos tecidos.
- Doenças autoimunes. Decorre de alterações na membrana plasmática das células, mais
precisamente do seu glicocálice, que altera as suas propriedades de marcadores de
identidade celular, permitindo que autoanticorpos agridam as próprias células.
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Diferenças entre necrose e apoptose
Necrose Apoptose
Causa Isquemia, hipóxia, Falta de fatores de
hipotermia, substâncias crescimento, mudanças no
tóxicas, microrganismos. meio hormonal.
Nº de células afetadas Alto Baixo
Volume celular Há aumento de volume Encolhe o citoplasma e
celular condensa o núcleo
Membrana plasmática Desintegra Forma reentrâncias sem
perda de integridade
Formação de vesículas Não há Formam corpos
apoptóticos
Cromatina DNA fragmenta-se ao Agrega-se junto ao
acaso envoltório nuclear
Alterações nas organelas Desintegram Ficam integras dentro dos
corpos apoptóticos
Enzimas envolvidas Não há Caspases
Consumo de energia Não há Consome ATP
Processo passivo
Destino dos restos São fagocitados por Formam pequenas
celulares macrófagos vesículas que são
fagocitadas por
macrófagos
Resposta inflamatória Há Não há
Os restos celulares ficam
envoltos por membrana

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