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JOVEM PERVERTIDA

Uma jovem, 26 anos... A jovem de compleição frágil, mal nutrida e de aparência doentia, tem
uma expressão de dor e perturbação. Suas mãos e dedos estão sempre em leve movimento,
refletindo sua inquietação mental. Ela está bastante serena e seu sensório está claro, mas
oferece apenas respostas monossilábicas. Ela era fisicamente saudável, ativa e alegre, mas
adoeceu há 10 anos de inflamação crônica nas articulações, o que a levou a tratamento
médico por um ano. Mesmo agora, caminhar é difícil e ligeiramente doloroso, pela rigidez na
articulação. Em resposta às nossas perguntas, a paciente afirma que não é louca, mas apenas
uma pessoa malvada que seria mandada ao diabo, se as pessoas soubessem a frequência com
que peca. (DELÍRIO DE RUÍNA) (Ela diz que não merece ser bem tratada e não suporta que os
outros a olhem como uma inválida, quando na realidade ela está apenas representando. É
impossível obter quaisquer detalhes, já que ela escapa de qualquer tentativa de obter
informações. Ela apenas nos conta que confessou-se inutilmente e, portanto, não encontraria
alívio, mesmo que fosse ao fim do mundo. Ela deve ir embora para qualquer lugar, menos
para sua casa, onde tem mentido e enganado. Ela não consegue permanecer aqui também, já
que as pessoas são boas demais para ela. (DELÍRIO DE AUTO-ACUSAÇÃO)

Até onde sabemos, este estado de depressão desenvolveu-se bastante gradualmente de um


ou dois anos atrás. Os conhecidos da paciente mostravam perplexidade com as rápidas e
abruptas mudanças de humor da paciente. Ela, por vezes, expressava dúvidas religiosas e,
devido a isso, foi mandada ao sacerdote, e também a um local de peregrinação. Isso, contudo,
apenas agravou mais sua situação. A inquietação aumentou e o sono e apetite da paciente
(HIPOESTESIA) foram piorando cada vez mais, de modo que seu vigor, aos poucos, foi
diminuindo. Ela sentia-se cheia de pecados que lamentava, dos quais ela conseguia
arrepender-se adequadamente e que haviam feita, portanto, cair em poder do demônio. Toda
sua vida anterior, com suas transgressões, podia ser vista claramente, de modo que ela sentia-
se surpresa com sua memória. Ela não conseguia evitar de ruminar e ter pensamentos
impuros, que partiam-lhe o coração. Portanto, ela trabalhava com afinco, para apenas não
pensar, embora tudo lhe fosse muito difícil. (HIPERMNÉSIA E OBSESSÕES).

Após uma grande relutância, ela informou-me do conteúdo dos pensamentos que a
atormentavam. Ela sentia-se perseguida, quase que continuamente, por ideias associadas
com órgãos reprodutores do sexo oposto, (que não precisam ser detalhadas aqui. Os
pensamentos desta espécie, envolvendo de diferentes maneiras o mesmo objeto, perseguem-
na incessantemente, sem que seja capaz de ignorá-los. (PENSAMENTO MÁGICO E IDEIAS
SUPERVALORIZADAS). Assim, ela diz que de fato deve desejar ter esses pensamentos; que
deve sentir prazer com eles, ou não ocorreriam. É muito difícil desviar a mente da paciente de
sua tortura dolorosa, pois ela sempre volta ao mesmo tema.(IDEIAS SUPERVALORIZADAS E
OBSESSÕES). Ela é incapaz de ler ou de se ocupar mentalmente de qualquer outra forma, já
que essas ideias sexuais conectam-se, pelas vias mais inconcebíveis, ao curso de seu
pensamento, não importando quão remotas possam ser. Em seu pensamento geral, a
paciente é confusa e lenta.(OBNUBILAÇÃO). Ela sempre precisa superar uma grande
indisposição, mesmo para escrever uma simples carta. Os banhos provocam-lhe dores; carne
faz mal; ela deve seguir certos trajetos em todo o seu modo de viver, exceto a rigidez,
inchação e dor no pé esquerdo, e uma tendência à constipação, que existe há muitos anos. Ela
dorme mal.

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