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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia
Escola Politécnica
Departamento de Engenharia Elétrica

Análise de Defeitos em Sistemas de


Potência
Prof. Tatiana M L Assis

EEE-463

Faltas
Simétricas

UFRJ-POLI-DEE: Análise de Defeitos em Sistemas de Potência, EEE-463

1
Faltas Simétricas
 Ocorrência menos provável

 Não introduz desequilíbrios no sistema

 Em muitos casos, é tipo de defeito mais severo para o sistema

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Considerações Gerais
 Um curto-circuito provoca uma mudança nos níveis de tensão e
corrente que circulam na rede

 O sistema de proteção é projetado para, automaticamente, isolar


o componentes sob falta: linha de transmissão, transformador,
gerador, etc.

 O comportamento das tensões e correntes do sistema quando


da ocorrência de um curto-circuito pode ser melhor entendido
pela análise de transitórios em circuitos RL (por que?)

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Transitórios em Circuitos RL (1)
 Considere um circuito RL de corrente alternada
 Lei das malhas:
di
Vmáx  sen(t  )  R  i  L 
dt

s R

i
Vmáx  sen(t  ) ~ L

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Transitórios em Circuitos RL (2)


 Resolvendo a equação diferencial:

Vmáx  R
 t 
i( t )   sen(t    )  e L  sen(  )
|Z|  

s R

• Onde:
i
| Z | R 2    L 2
Vmáx  sen(t  ) ~ L
L 
  tg 1 
 R 

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Transitórios em Circuitos RL (3)
 Analisando a corrente...

Vmáx  R
 t 
i( t )   sen(t    )  e L  sen(  )
|Z|  

Variação senoidal Decaimento


com o tempo exponencial com o
tempo
Corrente do Componente
circuito em regime unidirecional ou
permanente componente CC

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Transitórios em Circuitos RL (4)


 Como se comporta a componente unidirecional?
 Qual será seu valor inicial (t = 0) em módulo?

Vmáx
0  icc 
|Z|

 Seu valor inicial dependerá do valor instantâneo da


tensão quando a chave é fechada (ângulo ) e do fator de
potência do circuito (ângulo )
Vmáx  R
 t 
i( t )   sen(t    )  e L  sen(  )
|Z|  

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Transitórios em Circuitos RL (5)
 Para os dois casos extremos, temos:
 Se o circuito é fechado em um instante tal que:
 ( - ) = 0
A componente CC é nula
 ( - ) = 
 Se o circuito é fechado em um instante tal que:
 ( - ) = -/2 A componente CC é máxima e tem valor igual
 ( - ) = +/2 ao valor máximo da componente senoidal

Vmáx  R
 t 
i( t )   sen(t    )  e L  sen(  )
|Z|  
Note que a corrente total sempre parte de zero (poderia ser diferente?)
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Transitórios em Circuitos RL (6)


 Caso 1: Componente unidirecional nula

Vmáx  R
 t 
i( t )   sen(t    )  e L  sen(  )
|Z|  

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Transitórios em Circuitos RL (7)
 Caso I1: Componente unidirecional máxima

Vmáx  R
 t 
i( t )   sen(t    )  e L  sen(  )
|Z|  

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Transitórios em Geradores (1)


 Princípio de funcionamento do gerador síncrono
 Campo magnético girante que induz uma tensão no
enrolamento da armadura

 O enrolamento pode ser representado por um circuito que


possui uma resistência e uma reatância indutiva

 Um curto-circuito em um gerador
tem comportamento análogo ao
observado no transitório de
circuitos RL

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Transitórios em Geradores (2)
 Entretanto, existem algumas diferenças importantes devido à
influência da corrente da armadura no campo girante quando da
ocorrência de um curto

 Em uma máquina síncrona, no instante em que ocorre um curto-


circuito, o fluxo no entreferro é muito grande quando
comparado com o fluxo alguns ciclos depois
 A redução do fluxo acarreta em uma redução da corrente na
armadura (função da tensão gerada)

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Transitórios em Geradores (3)


 Além disso, como as tensões em cada fase têm valores
instantâneos diferentes (defasagem de 120º), a componente CC
também será diferentes para cada fase

 Oscilogramas típicos: fases a, b e c

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Transitórios em Geradores (4)
 Fase “a”

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Transitórios em Geradores (5)


 Fase “b”

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Transitórios em Geradores (6)
 Fase “c”

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Transitórios em Geradores (7)


 São identificados três períodos nos quais a corrente tem
um comportamento diferente:
 Subtransitório
 Ciclos iniciais
 Maior corrente e taxa de decaimento

 Transitório
 Até o regime permanente
 Decaimento mais suave

 Regime permanente

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Transitórios em Geradores (8)
 Corrente subtransitória (I”)
 Valor eficaz da corrente no período subtransitório
 Reatância subtransitória (X’’)
 Corrente transitória (I’)
 Valor eficaz da corrente no período transitório
 Reatância transitória (X’)
 Corrente de regime permanente (I)
 Valor eficaz da corrente de regime permanente
 Reatância síncrona (X)

A corrente subtransitória é muito maior do que a corrente de regime permanente,


já que a diminuição do fluxo no entreferro da máquina causada pela corrente da
armadura não ocorre imediatamente.
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Dúvidas?

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Falta FFF no Gerador em Vazio (1)
 Suponhamos a ocorrência de uma falta trifásica em um
gerador operando sem carga Va = Vb = Vc
Ia Ia + Ib + Ic = 0

Ea
~ Ib
n
~ b
Eb
Ec
~ Ic

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Falta FFF no Gerador em Vazio (2)


 Componentes simétricas da corrente Ia
Ia0  1 1 1  Ia 
I   1  1 a a 2   Ib 
Va  Vb  Vc  Ea  Eb  Ec  Z  Ia  Ib  Ic 
 a1  3 
Ia 2  1 a 2 a  Ic 
Va  0 e Vb  Vc  0

Ia0  0
 Tensões em componentes simétricas:
 Pelo circuito:
 Va0  1 1 1   Va 
 V   1  1 a a 2    Va 
Va  Ea  Z  Ia  a1  3 
 Va 2  1 a 2 a   Va 
Vb  Eb  Z  Ib
Vc  Ec  Z  Ic
Va0  Va1  Va 2  0

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Falta FFF no Gerador em Vazio (3)
 Então:  Circuito equivalente:
 Va0   0  Z 0 0 0  Ia0 
 V   E    0 Z1 0   I  referência
 a1   a     a1 
 Va 2   0   0 0 Z 2  Ia 2  -
Ea
+
0  0  Z0 0 0  0 Z1 Ia1
0  E    0 Z1 0   Ia1 
   a 
0  0   0 0 Z 2  Ia 2 

Ea
Ia1  e Ia 2  0
Z1

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Exemplo: Gerador em Vazio (1)


 Considerando o sistema sem carga e sem corrente circulando
entre os geradores, determine a corrente subtransitória de
cada gerador quando ocorre um curto-circuito trifásico na
barra 2. A tensão interna dos geradores vale 13,2 kV.

G1 1 75 MVA
50 MVA 13,8/69 kV
13,8 kV
X”d = 25%
~ X = 10%
2

25 MVA
G2
 Y
13,8 kV
X”d = 25%
~
Bases: 75 MVA
69 kV

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Exemplo: Gerador em Vazio (2)
 Adotando como valores base 75 MVA e 69 kV no lado de alta
tensão, temos:
Para o gerador 1:

75
X "d  0,25   0,375 pu
50 G1 1 75 MVA
50 MVA
13,2 13,8/69 kV
E G1 
13,8
 0,957 pu 13,8 kV
X”d = 25%
~ X = 10%
2

Para o gerador 2:

75 25 MVA
G2
 Y
X "d  0,25   0,750 pu
25 13,8 kV
X”d = 25%
~
13,2
E G2   0,957 pu
13,8
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Exemplo: Gerador em Vazio (3)


 Diagrama de reatâncias antes da falta:
G1 j 0,375 pu

~ j 0,100 pu
0,957 pu 1 2
G2 j 0,750 pu

~
0,957 pu

 As tensões internas das duas máquinas podem ser consideradas em paralelo,


uma vez que elas são idênticas e não há circulação de corrente entre elas
 Ou ainda, a tensão de Thévenin na barra 2 é a tensão de circuito aberto que
é a própria tensão pré-falta (0,957 pu)
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Exemplo: Gerador em Vazio (4)
 A reatância subtransitória equivalente será:

0,375  0,750
X "eq   0,250 pu
0,375  0,750

 A corrente subtransitória será:

0,957
I"    j2,734 pu
j0,250  j0,100

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Exemplo: Gerador em Vazio (5)


 A tensão na barra 1 será:

V1  (  j2,734 )  ( j0,100)  0,273 pu

 Contribuições:

0,957  0,273
I"G1    j1,824 pu
j0,375

0,957  0,273
I"G2    j0,912 pu
j0,750

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Exemplo: Gerador em Carga (1)
 Para o sistema abaixo, determine a corrente subtransitória no
gerador, no motor e no ponto de falta. A reatância da linha está
na base de 30 MVA, 13,2kV.
 Antes do defeito, o motor opera com tensão terminal de 12,8 kV,
consumindo 20 MW com fator de potência 0,8 capacitivo.

Gerador 12,8 kV Motor


30 MVA 30 MVA

~
X = 10%
13,2 kV M 13,2 kV
X”d = 20% X”d = 20%

20 MW
F.P. 0,8
capacitivo

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Exemplo: Gerador em Carga (2)


 Adotando como valores base 30 MVA e 13,2 kV, temos:

30000
Ibase   1312 A
3 13,2

Condições pré-falta:

12,80 o
Vf   0,97 0 o pu
13,2
20000  0,8
IL   cos 1(0,8)  112836,9 o A
3 12,8
112836,9 o
IL   0,8636,9 o pu
1312

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Exemplo: Gerador em Carga (3)
 Tensão terminal do gerador:

Vt  0,97 0 o  j0,1 0,8636,9 o  0,924 ,3o pu


 Tensão interna do gerador:

E G  0,924 ,3o  j0,2  0,8636,9 o  0,84 14 ,3o pu

 Contribuição do gerador
para o curto-circuito:
0,84 14,3o
I"G   2,80  75,7 o pu
j0,3
I"G  1312  2,80  75,7 o  3674  75,7 o A
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Exemplo: Gerador em Carga (4)


 O motor também contribuirá para o curto, uma vez que seu
campo permanece energizado
 Tensão interna do motor:

EM  0,970 o  j0,2  0,8636,9 o  1,082  7,3o pu Seta


verde é
 Contribuição do motor a
para o curto-circuito: tensão
1,082  7 ,3o
IM"   5,41  97 ,3o pu
j0,2
IM"  1312  5,41  97 ,3o  7147  97,3o A
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Exemplo: Gerador em Carga (5)
 A corrente de falta será:
If  I"G  IM"
If  2,80  75,7 o  5,41  97 ,3o  8,08  90 o pu
If  1312  8,08  90 o  10601  90 o A

Gerador 12,8 kV Motor


30 MVA 30 MVA

~
X = 10%
13,2 kV M 13,2 kV
X”d = 20% X”d = 20%

20 MW
F.P. 0,8
capacitivo

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Exemplo: Gerador em Carga (6)


 Solução pelo equivalente de Thévenin (sequência positiva)

Zth  A tensão de Thévenin será a tensão pré-


falta no ponto de falta:

Vth  Vf  0,970 o pu
Vth ~  A impedância de Thévenin será:

( j0,2  j0,1)  j0,2


Z th   j0,12 pu
( j0,2  j0,1)  j0,2
0,970 o
If   8,08  90 o pu
j0,12
If  1312  8,08  90 o  10601  90 o A
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Exemplo: Gerador em Carga (7)
 Solução desprezando a corrente de carga:
 As tensões pré-falta valem 1,00o pu

 A tensão de Thévenin será a tensão pré-falta no ponto de falta:

Vth  Vf  1,00 o pu

1,00 o
If   8,33  90 o pu
j0,12
If  1312  8,33  90 o  10929  90 o A

 Qual foi a diferença?

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Exemplo: Gerador em Carga (8)


 Corrente de curto-circuito
 Solução exata: 10,6 kA

 Solução aproximada: 10,9 kA

 No cálculo do curto-circuito, é comum


desprezar a corrente pré-falta

 Em geral, o resultado obtido é muito próximo do resultado


exato e a solução fica mais simples
 A aproximação é aceitável?

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Exercícios
 Faltas Simétricas

 Capítulo 10
 1, 2, 4, 5, 6, 14

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Dúvidas?

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