Luís Vaz de Camões é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e

um dos mais importantes da literatura ocidental. Sua obra é vasta e abrange diferentes
temáticas, como a reflexão sobre a vida pessoal, representação da Amada, experiência
amorosa e a reflexão sobre o amor, representação da Natureza, o tempo e a mudança
e o desconcerto do mundo.
Reflexão sobre a vida pessoal, neste tema o poeta retrata o seu percurso que foi
marcado por sofrimento e angústia e o seu percurso amoroso. A desilusão amorosa
acaba por o condicionar à infelicidade e a uma vida que não deseja viver. Esta temática
pode ser vista na primeira estrofe do poema “O dia em que nasci moura e pereça”.

O dia em que nasci moura e pereça,

Não o queira jamais o tempo dar;
Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,
Eclipse nesse passo o Sol padeça.

A temática da representação da Amada é um dos temas que mais aparece na lírica

camoniana e está interligada ao tema do Amor. A amada é vista como a personificação
do amor idealizado. Ao mesmo tempo, ela é uma figura real, concreta, que desperta
no poeta emoções intensas e contraditórias, sendo utilizado no poema “Leda
serenidade deleitosa”.

Leda serenidade deleitosa,

Que representa em terra hum paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso,
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;

Uma das temáticas que Camões mais usou no seu poema foi o tema da experiência
amorosa e a reflexão sobre o amor, que consiste em que o amor seja apresentado de
forma mais complexa, com Camões a explorar tanto o lado positivo quanto o lado
negativo desse sentimento. Em geral, o amor em Camões é um tema muito presente e
rico, que abrange uma ampla gama de emoções e significados, isto pode ser observado
neste excerto do poema “Amor é fogo que arde sem se ver”.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

O tema da representação da Natureza, surge como uma fonte inspiração para o

poeta, associada ao amor e à representação da mulher amada. O locus amoenus que é
a paisagem ideal, marcada pela fertilidade, pela suavidade e pelos sons melodiosos a
natureza enquanto fenómeno cíclico cuja mudança é natural e benéfica, já no sujeito
poético a mudança é sempre irreversível e invariavelmente negativa. Pode ser
observada no poema “Alegres campos, verdes arvoredos”.
Silvestres montes, ásperos penedos,
Compostos em concerto desigual,
Sabei que, sem licença de meu mal,
Já não podeis fazer meus olhos ledos.

Outro dos temas que o poeta utilizou foi o tempo e a mudança, Camões expressa a
ideia de que tudo na vida é passageiro e que é preciso se adaptar às mudanças para
seguir em frente. Esse tema da mudança e do tempo é, portanto, uma das principais
preocupações de Camões em sua poesia, e é um dos elementos que fazem de sua obra
algo tão universal e atemporal, o poeta utilizou este tema no poema “O tempo acaba o
ano, o mês e a hora”.

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,

A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;

Na lírica camoniana está presente o desconcerto do mundo, onde o poeta

contrapõe a perfeição do mundo das ideias à degradação e imperfeição do mundo
terreno, que não corresponde aos valores ideais. Pode ser visto no poema “Esparsa”.

Os bons vi sempre passar

No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.

Em conclusão, podemos afirmar que as temáticas abordadas por Camões em sua

obra são extremamente ricas e variadas, que refletem a sua trajetória como escritor e
homem.
É dor que desatina sem doer;