Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MEIO ACADÉ M I C O R E C R U TA M E N TO
PRESENÇA DA ALP
Este importante Congresso foi organizado pela individualidades ligadas aos Municípios, às
Margarida Grave, Advogada, Jurista da ALP e Património, liderada pelo Dr. Medina Carreira, a Assembleia da República
nossa colaboradora, que apresentou uma Contribuição Autárquica, o Código de
comunicação com o tema “O Abuso do Direito no Avaliações e outros de grande actualidade. Balcão do Empreendedor
Universidade do Minho, Fórum da Maia e Fundação – Do trabalho apresentado pela Dra. Margarida Conselho da União Europeia
Cupertino de Miranda com a presença de membros Grave salientamos alguns passos mais
Contribuições e Impostos
do Governo e um impressionante naipe de significativos:
Diário da República
Direcção-Geral da Administração e do
Litígios
que, há já bem mais de um século, foi iniciada em Portugal pela Associação Lisbonense de Ministério da Justiça
Proprietários (ALP), decididamente empenhada na defesa intransigente dos direitos dos seus
Parlamento Europeu
associados.
Portal do Cidadão
Estes direitos representam elevados valores humanos que, desde o ideal supremo de Justiça até
à autêntica Igualdade das pessoas, passando pelo viaduto incontornável da Verdade, sempre Portal Tribunais Net
fundamentaram a grandeza do Direito como factor da disciplina social, tendo nomeadamente em
Procuradoria-Geral da República
vista, quer a correcta e firme aplicação da Lei aos incessantes conflitos da vida real entre os
indivíduos e as instituições, na área confinada da jurisprudência, quer o perfeito exercício da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa
actividade legislativa, com a promulgação das normas que, sendo justas ou, pelo menos,
Provedoria de Justiça
equânimes na sua substância, sejam ao mesmo tempo tão claras e acessíveis quanto possível
Variadas e não raras as vezes suscitam-se questões, relativamente aos contratos celebrados Segurança Social
antes da entrada em vigor do Regime de Arrendamento Urbano (RAU), fonte de graves conflitos
Supremo Tribunal Administrativo
entre senhorios e inquilinos, tendo por base as obras que o inquilino pretende ver realizadas no
Em nosso entendimento, encontrando-se os proprietários, há quase nove décadas, sujeitos ao Tribunal Arbitral da ESAI
mais iníquo sistema de esbulho perpetrado por um Estado que se diz de Direito, servindo-se
Tribunal Constitucional
inclusivamente os sucessivos governos dos proprietários para simularem uma capacidade de
gestão que nunca tiveram, afigura-se-nos possível o recurso, através dos tribunais, à figura do Tribunal da Relação de Coimbra
Abuso do Direito, consagrada no nosso Direito Civil, a fim de não se permitir que, pelo menos, os
Tribunal da Relação de Évora
inquilinos continuem a exigir obras aos senhorios, em condições atentatórias de qualquer
Assim, numa época de notória desorientação nos espíritos, em que algumas nuvens carregadas
Tribunal da Relação do Porto
se acastelam sobre a futura evolução do Direito do Arrendamento, do ponto de vista jurídico,
propomo-nos divulgar, nesta breve comunicação, um caminho a seguir pelo proprietário, de modo Tribunal de Contas
que, pelo menos, o inquilino não continue a desvituar o real sentido e alcance da legislação
Tribunal de Justiça Europeu
vigente na matéria, permitindo que o Direito seja exercido em termos clamorosamente ofensivos
Homem
União Europeia
CORRECÇÃO DAS LEIS
INJUSTAS OU INCONVENIENTES
jurisprudencial que demonstrou, com base na boa fé, capacidades dogmáticas reais as quais
permitem atingir um dos níveis mais nobres e delicados da cultura jurídica actual: o da correcção
Todavia, quando se recorre ao tribunl, ocorre-nos o risco do arbítrio judicial e o nosso sentimento
de justiça não resiste a soltar um grito de alarme. Porém, entre permitir a criação de uma
situação particularmente injusta pelo funcionamento cego e taxativo da norma (exigir ao senhorio
obras quando o locado lhe proporciona um rendimento, por vezes, negativo depois de deduzidos
A lei não se confunde com o Direito. Uma dogmática jurídica, radicada na cultura que a suporte e
na segurança das convicções científicas dos juristas que a sirvam, coloca, entre a fonte e a
solução do caso concreto, um percurso que nenhuma lei pode dispensar e que o legislador não
pode corromper.
A boa fé permite a consolidação no sistema jurídico dessa dogmática que, e não apenas na lei,
Por outro lado, a boa fé, pela sua vocação expansiva, pode ser chamada a intervir em qualquer
A necessidade de uma teoria sobre o abuso do direito resulta de o Direito, em quase todos os
países civilizados, ser formulado, principalmente, sob forma de normas gerais e abstractas e não
ditadas para cada caso pelo juiz. Daí a possibilidade de tais normas, na sua aplicação aos casos
concretos, conduzirem a soluções violentas e injustas: elas são estabelecidas para uma
generalidade de casos, mas pode acontecer que, devido às circuntâncias especiais de alguns
deles, a sua aplicação a estes dê resultados chocantes com o sentimento jurídico dominante. E,
se esta contradição atinde um elevado grau, é razoável que exita um meio de evitar as
O meio que, nesta orienação, mais tem sido utilizado é a teoria de abuso do direito, a qual já
delicada situação de obras impostas aos proprietários cujos rendimentos prediais são
“negativos”, isto é, cujos rendimentos são insuficientes para fazer face às despesas de
Assim, a problemática da teoria de abuso do direito pode formular-se nos seguintes termos
gerais: deve considerar-se legítima qualquer actuação do titular de um direito desde que ela se
contenha, formalmente, no âmbito do conjunto dos poderes, ou das faculdades que a ordem
jurídica define como conteúdo desse direito? Ou, pelo contrário, a simples conformidade formal
dessa actuação com tal conteúdo não exclui que o comportamento respectivo possa ser
arrendamento, na sua vertente relativa a obras em prédios locados, dado o especial melindre da
“I. Sendo a renda mensal de 2.000$00, haverá exercício abusivo do direito quando se pedem ao
senhorio obras de conservação ordinária do locado, cujo custo mínimo será de um milhão de
II. Pois, se a lei obriga o senhorio a realizar obras no arrendamento, não pode ter deixado de
representar que tal obrigação não podia ser ilimitada, e que deveria sempre preservar-se um
mínimo de equilíbrio prestacional, sem o qual se não cumpre o fim sócio-económico visado pelo
contrato”.
Vejamos:
– O Código Civil, no seu Art. 334.º, dá-nos a noção de abuso do direito: “é ilegítimo o exercício
de um direito, quando o titular exceda manifestamente os limites impostos pela boa fé, pelos
Não obstante se conceder já largo crédito à teoria de abuso do direito, em plena vigência do
Código Civil de 1967, só no Art. 334.º do actual Código veio esta teoria obter consagração
expressa e a impor assim, por claro imperativo, a árdua adaptação da mentalidade positiva à
vivência dos valores reconhecidos neste preceito: é vontade da lei que, no exercício de um direito
(de todo e qualquer direito), se não ultrapassem manifestamente os limites impostos pela boa fé,
tribunais determinará, pois, o uso constante de uma óptica de cariz eticizante a reclamar o
Para que o exercício do direito seja abusivo, é preciso que o titular, observando embora a
estrutura formal do poder que a lei lhe confere, exceda manifestamente os limites que lhe cumpre
observar, em função dos interesses que legitima a concessão desse poder. É preciso, como
acentuava M. Andrade, que o direito seja exercido “em termos clamorosamente ofensivos da
Não é necessária a consciência por parte do agente, de se excederem com o exercício do direito
os limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes ou pleo fim social ou económico desse
Porém, não basta que o exercício do direito cause prejuízos a outrem. A reclamação do crédito
pelo credor abastado ao devedor, em má situação económica, será contrária aos interesses
deste. Mas, neste caso não haverá, em princípio, abuso do direito, visto a atribuição do direito
traduzir deliberadamente a supremacia de certos interesses sobre outros interesses com eles
conflituantes.
Para que exista abuso do direito é, sempre necessária a existência de uma contradição entre o
modo ou o fim com que o titular exerce o direito e o interesse ou interesses a que o poder nele
No caso dos autos em apreço: (…) Mesmo que se realizassem os trabalhos mais urgentes – que
pelo quadro negro carreado pela Ré seriam insuficientes – teriam os senhorios (e os futuros
senhorios) que receber rendas durante muitos anos para haver recuperação do investimento.
Ora o Art. 334.º do Código Civil diz que é ilegítimo o exercício de um direito quando o titular
exceda manifestamente os limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes ou pelo fim social
Aquele que age em abuso de direito invoca um poder que formalmente não tem fundamento
material.
A exigência das ditas obras ofende objectivamente a justiça, só aparentemente existindo o direito
subjectivo à sua realização que, a ser levada a cabo, afrontaria as sãs e rectas consciências
Finalmente esgrime-se que, feitas as obras, poderá haver aumento do quantitativo da renda. Mas
ordinária. E duvida-se que o aumento da renda desse para cobrir os encargos bancários a
obras exigidas pelo inquilino ao senhorio no locado, constata-se que os tribunais estão
corrente jurisprudencial que sustenta dever ser ponderado o sacrifício patrimonial que a
execução das obras representa para o senhorio, cotejando tal valor com o da retribuição
auferida.
pois, ter como contrapartida a atribuição patrimonial do outro. Há que preservar a relação
Não obstante, o Provedor de Justiça, recentemente, num trabalho intitulado “Estudo sobre os
habitacional edificado do concelho de Lisboa” dirige entre outras, uma recomendação à Câmara
Municipal de Lisboa no sentido de introduzir medidas organizatórias que lhe permitam cumprir e
fazer cumprir o dever de conservação periódica das edificações urbanas, a começar pelas
situações que, por razões temporais, não podem encontrar justificação nas consequências do
pretérito congelamento das renda”. Afinal, PROPRIETÁRIOS, com o devido respeito, A QUEM
A “responsabilidade” das pessoas responsáveis que constituem uma comunidade deve ser
concebida em termos suficientemente latos, por forma a nela incluir uma espécie de
conduta, responsabilidade esta que é uma espécie de imposto que todos pagamos por sermos
ainda por forma a abranger os critérios de responsabilização derivados das exigências funcionais
ordem de convivência).”
Copyright © 2023 Margarida Grave – Advocacia. Designed by Margem Digital Based on MMORPG.