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A Vida de Galton

Francis Galton era dotado de uma inteligência extraordinária (um QI estimado de 200) e de
grande profusão de idéias novas. Ele talvez não tenha igual na história da psicologia moderna.
Sua curiosidade criativa e seu gênio o fizeram tratar de uma variedade de problemas, cujos
detalhes ele deixava para os outros preencherem. Entre as áreas que investigou, estão as
impressões digitais (que a força policial logo adotou para fins de identificação), a moda, a
distribuição geográfica de beleza, o levantamento de peso e a eficácia da oração. Para esse
homem versátil e inventivo, pouca coisa era desprovida de interesse. Nascido em 1822 perto
de Birmingham, Inglaterra, era o mais novo de nove filhos, Seu pai era um próspero banqueiro
cuja familia rica e socialmente proeminente incluía pessoas importantes nas principais esferas
de influência: o governo, a Igreja e a corporação militar. Desde cedo, Galton tinha
familiaridade com pessoas influentes devido às ligações de sua família. Aos dezesseis anos, por
insistência do pai, Galton começou a estudar medicina como aluno tutelado do Hospital Geral
de Birmingham. Foi aprendiz dos médicos, receitou pílulas, 131 A evolução deixou sua primeira
marca na psicologia através do trabalho de Francis Galton sobre a herança mental e as
diferenças individuais. estudou compândios de medicina, gessou fraturas, amputou dedos,
extraiu dentes, vacinou crianças e ainda conseguiu se divertir lendo os clássicos,
principalmente Horácio e Homero. De modo geral, essa não era uma experiência agradável, e
ele só permaneceu ali devido à continua pressão do pai. Um incidente ocorrido durante seu
aprendizado médico ilustra sua incansável curiosida de. Desejando saber por si mesmo os
efeitos dos vários medicamentos da farmácia, Galton começou a tomar pequenas doses de
cada um, principiando, de modo sistemático, com os classificados na letra “A”. Esse
empreendimento científico terminou na letra “C”, quando ele tomou uma dose de óleo de
cróton, um forte laxante. 132 Depois de um ano no hospital, Galton continuou sua educação
médica no King’s Colie ge, de Londres. Um ano depois mudou de planos e matriculou-se no
Trinity Coilege, da Universidade de Cambridge, onde, com um busto de Isaac Newton diante de
sua lareira, deu asas ao seu interesse pela matemática. Embora o seu trabalho tenha sido
interrompido

por um severo colapso mental, ele conseguiu graduar-se. Voltou a estudar medicina, o que
agora muito o desagradava, mas a morte do pai o libertou dessa profissão. As viagens e as
explorações chamaram a atenção de Galton. Ele foi ao Sudão em 1845 e ao Sudoeste Africano
em 1850, ano em que inventou um teletipo. Publicou relatos de suas viagens e recebeu uma
medalha da Sociedade Geográfica Real. Na década de 1850, parou de viajar, por causa do
casamento e da saúde frágil, disse ele, mas conservou seu interesse pelas explorações e
escreveu um guia chamado The Art of Travei (A Arte de Viajar). Organizou expedições para
outros exploradores e fez palestras sobre a vida no acampamento para solda dos treinados
para a Guerra da Criméia. Seu espírito irrequieto o levou à meteorologia e a projetar
instrumentos de registro de dados do tempo. Resumiu suas descobertas num livro considerado
a primeira tentativa de mapeamento extenso de padrões do tempo. Quando seu primo Charles
Darwin publicou A Origem das Espécies, Galton voltou imediatamente sua atenção para a nova
teoria. De início, o aspecto biológico da evolução o cativou, e ele fez uma pesquisa sobre os
efeitos das transfusões de sangue entre coelhos para determinar se as características
adquiridas podiam ser herdadas. Embora o aspecto genético da teoria não o interessasse por
muito tempo, suas implicações sociais orientaram o trabalho subseqüente de Galton e
determinaram sua influência sobre a psicologia moderna.

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