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Psicossomatica Centrada Na Pessoa
Psicossomatica Centrada Na Pessoa
Psicossomatica Centrada Na Pessoa
Introdução 1
1. Teoria da personalidade da Abordagem Centrada na Pessoa 2
1.1. Tendência atualizante 2
1.2. Campo experiencial 3
1.3. Autoconceito 4
1.4. Processo de valoração organísmico 4
1.5. Necessidade de consideração positiva 4
1.6. Condições de valor 5
1.7. Incongruência 5
1.8. Emoção 6
1.9. Congruência 6
1.10. Pessoa em funcionamento pleno 7
2. Psicossomática 8
2.1. Um breve histórico 8
2.2. Uma psicopatologia do corpo 8
2.3. A doença como caminho 9
2.4. A linguagem do corpo 10
2.5. Quem ama não adoece 10
2.6. Quando fala o coração 11
2.7. Organismo dicotomizado 11
2.8. Psicossomática na atualidade 12
3. Objetivos 12
4. Metodologia 12
4.1. Participantes 12
4.2. Procedimentos 13
5. Resultados 13
5.1. Organismo como uma totalidade 13
5.2. A doença como manifestação de incongruência 13
5.3. Todas doenças são psicossomáticas 14
5.4. Seguir o cliente 14
5.5. A doença começa pelo emocional 15
5.6. A doença como caminho para o crescimento 15
5.7. Lacuna na ACP 16
5.8. Toda doença tem uma mensagem 17
5.9. A doença como distorção do autoconceito 17
5.10. Fatores além do emocional 17
5.11. Evitar uma visão determinante e reducionista 18
5.12. Além do reflexo de sentimentos 18
5.13. Cliente Dicotomizado 19
6. Discussão 19
Considerações finais 20
Referências Bibliográficas 21
1
INTRODUÇÃO
Rogers (1977a, 1983) afirma que todo indivíduo possui dentro de si vastos
recursos para a autocompreensão e para a modificação de seus autoconceitos, de
suas atitudes e de seu comportamento. O organismo, em seu estado normal, busca
a própria realização. Se não há fatores perturbadores graves, o desenvolvimento da
tendência atualizante o orienta em direção à maturidade racional, social,
subjetivamente satisfatória e objetivamente eficaz.
1.3. Autoconceito
Rogers (1959) afirma que o indivíduo que adquire condições de valor falsifica
os valores que seu próprio organismo experiencia e substitui por valores que estas
experiências tem para os outros. Ao invés de ele ser o centro de avaliação, utiliza
um locus externo de avaliação. Os valores dos outros se tornam o critério utilizado
para avaliar suas próprias experiências. As condições de valor não se
desenvolveriam se a criança recebesse consideração positiva incondicional das
pessoas socialmente significativas desde o início, se ela se sentisse valorizada e
aceita com todos seus sentimentos. Se todas as experiências do eu da criança
recebessem a mesma consideração positiva, a criança seria capaz de reter a sua
própria avaliação de cada experiência e as condições de valor não se
desenvolveriam.
1.7. Incongruência
Neste momento, há uma cisão. Esta cisão ocorre porque o conceito do eu não
está de acordo com a percepção realmente experienciada, o que foi chamado por
Rogers de incongruência. .Esta é definida não só como inabilidade de perceber com
precisão, mas também como inabilidade ou incapacidade de comunicação precisa.
Neste estado de incongruência, o comportamento do indivíduo é regulado algumas
vezes pelo autoconceito e outras vezes pelas experiências organísmicas que não
foram incluídas no autoconceito.
1.8. Emoção
1.9. Congruência
A autora afirma que congruência é enfrentar a “coisa como ela é”. Assim,
quando o indivíduo é congruente com ele mesmo, suas necessidades, desejos e
ações são uma coisa só. Segue-se apenas o caminho do coração, sem ser
interrompido por conflitos e dúvidas.
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Já Wood (1997) afirma que ser congruente tem a ver como honestidade e
pureza. É um sentimento puro e percebido em meio à complexidade de sensações
que constituem a consciência e é expresso de modo direto e honesto, sem
autocensura e de maneira apropriada. Para o autor, congruência exige muito. Esta
requer honestidade consigo e autoconhecimento. É necessário habilidade para
comunicar o que sentimos e que muitas vezes parece contraditório e complexo.
2. PSICOSSOMÁTICA
De acordo com Mello Filho (2002), talvez tenha sido o filósofo Heráclito o
primeiro a chamar atenção para a importância do indivíduo como ser. Mas foi
Hipócrates quem, na Grécia Antiga, preocupado com o sofrimento humano, iniciou a
prática de conversar com os parentes do paciente para saber o que sabiam sobre a
doença. Seu objetivo não era a doença, mas o indivíduo como um todo. Segundo
ele, a doença seria um desequilíbrio nos humores corporais em conseqüência das
disposições naturais do paciente ou temperamento. Hipócrates considerou o cérebro
como órgão do pensamento e escreveu que as doenças mentais tinham causas
naturais, desmistificando-a como doença sagrada. Seu interesse levou-o a dizer que
o surgimento de uma desinteria pode aliviar um quadro de loucura, ou que estados
maníacos podem desaparecer quando surgem varizes, por exemplo.
Mello Filho (2002) afirma que Freud foi o primeiro a mostrar que as reações
humanas, normais ou patológicas, guardam relações de sentido e podem ser
sempre compreendidas. Foi com o trabalho clinico do pai da Psicanálise na análise
de um caso de histeria de conversão que, segundo o autor, permitiu-se a primeira
compreensão global de uma enfermidade.
Sivadon (1988) afirma que “o universo das emoções agarram o corpo de mil
maneiras” (p.13). Segundo o autor, o homem é afetado por seu corpo, mesmo
quando os problemas pertencem à esfera do psíquico.
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tornam visíveis, podendo fazer a analogia de que a consciência está para o corpo
assim como o rádio esta para o receptor.
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Silva (2006) cita o caso das pessoas que nascem doentes ou que apresentam
uma tendência hereditária a desenvolver alguma patologia. Segundo ele, a
consecução da paz interior pode ser decisiva para que a tendência não se converta,
de fato, em doença. Entretanto, o autor pondera que não há como negar que a
contaminação de microorganismos virulentos dificilmente deixa de causar doença,
por mais pleno de amor que seja o indivíduo.
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
4.1. Participantes
4.2. Procedimentos
5. RESULTADOS
“Tudo o que nos acontece em qualquer instância do nosso ser, tá relacionado com outras
instâncias do nosso ser”. (Maria1)
“Hábitos de vida, as formas de a pessoa funcionar, suas atitudes e seu jeito de sentir as
coisas, isso tem relação com alguns processos de doença” (Julia).
“Parece que as pessoas não gostam. A impressão que me dá é que elas não gostam de
assumir uma responsabilidade por si integral. É natural da nossa
cultura dizer que a causa tá fora. Tua fica gripada porque pegou
chuva. Tudo é no externo” (Paula).
Três participantes afirmaram que a doença serve para o ser humano aprender
a ver sua congruência. Quando identifica que está entrando em sofrimento, isso
1
Todos os nomes utilizados são fictícios, a fim de preservar o anonimato das participantes.
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significa que alguma coisa não está congruente. O adoecimento viria em decorrência
desta incongruência.
“Nossas incongruências muitas vezes nos impedem de ouvir nosso organismo”. (Julia)
“O que não tá cabendo da minha vida, o que não tá ficando bem. A todo o momento existem
questões que o mundo nos traz, que as pessoas nos trazem nas
relações... questões que mexem com a minha congruência... Num
consultório a gente pode mostrar pro cliente que existe uma questão
de incongruência dele... de uma ou mais questões... que aquilo ali a
gente precisa adequar que fiquei bem pra ele. Pois não tá bem, tanto
que tá adoecendo”. (Lúcia)
“Processo de a pessoa estar fazendo mal pra si mesma, ta tão distorcida, tão perdida, tão...
tão longe do seu verdadeiro eu, do seu organismo, que manifesta
esse tipo de doença assim” (Júlia).
“Todas as doenças que nos acontecem, que vão se manifestar no corpo físico, tão dizendo
alguma coisa do ser total. Então não tem como separar assim:
algumas doenças são psicossomáticas, algumas não são”. (Maria)
“Vamos ver o que aconteceu antes dessa gripezinha aparecer?... E ai eu incluo, todas as
questões... todas, todas” (Lúcia).
“Todas as emoções da gente se refletem no corpo... ah, pra mim toda doença começa no
emocional, né? Todas”.(Paula).
“Sempre aceitando o cliente com as questões dele, não minimizando o que ele esta
trazendo. Eu posso achar bobagem, mas isso sou eu. Preciso ver
como ele vê. (...) é muito importante tu olhar a pessoa, sem fazer um
julgamento já do que pra ti aquela doença significa... Ver o que ele
traz e se isso é importante para ele. Talvez ele esteja doente, mas
aquilo não seja o foco dele, não tem importância naquele momento”
(Lúcia).
“Na abordagem, a intenção é que o cliente... não que ele crie uma dependência de mim pra
que eu possa ver tudo pra ele, mas que ele aprenda a ver sua
incongruência. Tô entrando em sofrimento, alguma coisa não tá
congruente. Onde tá? Claro que dependendo do momento do
processo, ainda é preciso muito a contribuição do terapeuta. Mas a
minha intenção é que eles levem isso pra vida”. (Lúcia)
“Até porque se não vem dele, não há espaço pra isso (ser trabalhando), né?” (Paula)
“Todas as doenças que nos acontecem estão relacionado direta ou indiretamente com o
nosso emocional, nossos aspectos sociais, morais, espirituais...
todas doenças que se manifestam no corpo físico estão dizendo a
respeito da totalidade do ser”. (Maria)
“A doença, apesar do sofrimento, sempre tem uma dose de sofrimento, ela traz embutido
isso. Uma possibilidade de crescimento. Já que a doença traz um
benefício, uma oportunidade de crescimento, eu comecei a tentar ver
como é que isso poderia ser entendido à luz da ACP. E eu acho que
é uma função ou manifestação de um aspecto da tendência
atualizante” (Maria).
“A tendência atualizante faz a gente crescer, ela nos manda mensagens, mas nem sempre a
gente tá ouvindo nosso organismo. Nossas incongruências nos
impedem de ouvir nosso organismo. Se ela não conseguir ser ouvida
na consciência, ela vai encontrar um outro caminho de se manifestar.
Aí o caminho que ela encontra, é um caminho mais denso, mais
concreto, mais material, não tão sutil quanto a consciência, que é
através da dor, do sofrimento físico, porque daí não tem como
escapar dos teus olhos e fazer de conta que nada ta acontecendo.
(...) Eu já tive uma conversa com um colega e ele não concordou. Ele
acha que a doença é uma disfunção e que a tendência atualizante
não é responsável por disfunção nenhuma. Eu sei que nem todos na
ACP irão concordar de imediato com esse ponto de vista. Eu acho
que as pessoas da ACP que não conseguiram entender bem é
porque estão muito presos à idéia de doença como um mal. Apenas
como um mal” (Maria).
“A doença é uma boa oportunidade de crescimento. É um mal estar, mas não é um mal.
Quando eu descobri isso, acho que foi um salto qualitativo e
evolutivo. Muito importante. Quase um divisor de águas”. (Maria)
“A doença é um presente, que se eu conseguir ouvir essa mensagem, eu vou poder crescer
como ser humano. E crescer numa direção de maior
autoconhecimento, mais consciência. Mais responsabilidades pela
própria vida”. (Maria)
“A ACP diz que estamos sempre em evolução. A doença faz a gente se tornar melhor”
(Paula).
“Tem uma lacuna com relação às doenças de uma forma direta. Rogers não falou
diretamente sobre o assunto” (Maria)
“Tem muito pouco na ACP sobre isso... daí já me passa outra coisa pela cabeça de que na
ACP não tem quase nada de tudo. Deixo registrado que nós
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“Talvez ainda estejam em construção, mas isso faz a gente perder muito espaço, ficamos
expostos” (Paula).
Uma participante afirmou que toda doença tem algum significado para a
pessoa. É como uma mensagem que o organismo está manifestando no corpo
físico. Cada doença tem uma mensagem pra indicar o caminho que o indivíduo
precisa dar mais atenção.
“Cada doença tem uma mensagem pra indicar o caminho que eu posso dar mais atenção,
aprender sobre mim e quem sabe até mudar aquela direção, me abrir
pra aquela direção que antes eu estaria fechada, ou inconsciente ou
não percebendo. Talvez esteja na rota errada”. (Maria)
“A Psicossomática é as distorções que tem na imagem do eu, né? Porque muitos processos
de doenças se transformam assim. As experiências que eu vou
distorcendo, se transformam em doença”. (Júlia)
“Tem muitas coisas que têm relação, existem outros fatores, inúmeros fatores. Muitas outras
coisas podem causar. Na prática, tem muitas relações, no sentido de
os hábitos de vida, as formas de a pessoa funcionar, suas atitudes”.
(Júlia)
“Não me agrada um determinismo. Pessoas que nascem com determinadas coisas, tu vai
me dizer o que? Que tava incongruente no útero da mãe? Acaba
sendo cruel”. (Júlia)
“Na prática com alguém, é muito importante tu olhar pra essa pessoa, sem trazer um
julgamento já do que pra ti aquela doença significa”. (Júlia)
“Tem clientes que trazem essa queixa e a gente vai fazer o que? Ah, tu tá te sentindo muito
angustiado com essa dor. Um reflexo de sentimentos eu acho pouco.
Eu quero fazer mais. Nem sempre ela focaliza a sua doença
orgânica. Tem muitos eventos orgânicos que a pessoa exclui da
terapia”. (Maria).
“Qualquer boa psicoterapia que trabalhar ‘insight’ vai ajudar a pessoa a ser mais consciente,
talvez até compreender o sentido daquela doença. Só que talvez leve
muito tempo. O tempo da própria terapia. Aí tem doenças que
exigem uma ação mais imediata. E na ACP não dá pra ter pressa,
né? E meu compromisso é com o cliente e não com uma ideologia ou
filosofia, uma teoria... procuro os caminhos mais úteis pra pessoa.
Não sou centrada na teoria, sou centrada na pessoa”. (Maria)
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“Eu acho que fica limitado só trabalhar com o verbal e com o que a pessoa traz
verbalmente... tu trabalhar exclusivamente com o emergente, com o
que a pessoa traz. Eu perdia oportunidade de trabalhar. Então nas
técnicas gestálticas onde a gente faz um dialogo com o corpo, com o
sintoma, eu consegui mais resultados do que só ficar nas
intervenções empáticas. Eu quero fazer meu cliente entrar no
sofrimento, ter uma compreensão disso, poder ouvir essa mensagem
e poder se curar, né?”. (Maria)
“Tenho curiosidade de saber como é que outros colegas conseguem continuar fiéis assim à
proposta pura da ACP. Porque tem gente que é centrada na teoria
centrada na pessoa. (Maria).
“Acho que tem que ampliar pra visão humanista e quem sabe até transpessoal. Algumas
pessoas acham que ter uma técnica mais ativa não é ACP. A Maria
Constança utilizava técnicas e se reconheceu acepista. E eu nunca
ouvi dizer que ela não era. A ACP é maravilhosa e aquele modelo de
Rogers funcionava muito bem com ele e não quer dizer que vai
funcionar com todos terapeutas. Pra funcionar, tu tem que ter um alto
nível de congruência, alto nível de empatia e um alto nível de
aceitação incondicional. Rogers tinha. Mas e nós, simples mortais?
Pra quem não tem sempre, tem que ver outras coisas”. (Maria)
“Acho que as pessoas separam. Se eles têm algum problema orgânico, no corpo, é difícil
que eles tragam isso para tratar na terapia. Ele cita. Apenas citam.
Acho que elas vêm pra terapia e não trazem o corpo junto” (Paula).
6. DISCUSSÃO
A análise das entrevistas mostra que não existe uma opinião homogênea entre
os profissionais participantes a respeito da Psicossomática. Três dos participantes
consideram que todas as doenças são psicossomáticas, ao passo que uma das
participantes possui uma visão mais crítica, apontando para o perigo de uma visão
reducionista e determinista na Psicossomática.
Carl Rogers não escreveu diretamente sobre Psicossomática, mas parece ter
deixado algumas lacunas para que pudéssemos pesquisar mais a respeito. Se
quando estamos doentes é porque há algo no organismo que não está em
harmonia, por que não falarmos de autoconceito? Quando o autoconceito e a
experiência se tornam incongruentes, a tendência atualizante do organismo pode
trabalhar em sentido contrário ao subsistema da tendência atualizante do eu. Essa
confusão interna poderá gerar o adoecimento e aparecer na forma de sintomas.
Pode-se pensar que a doença seja um outro caminho encontrado pela tendência
atualizante. Seria uma alternativa de manifestar tal distorção e incongruência. Pois
Rogers afirmou que a tendência atualizante está presente em qualquer organismo
vivo, mesmo nas situações mais adversas. Assim, a doença é tendência atualizante,
porque o organismo está vivo e, se está vivo, está em atualização. A doença é o
resultado de algo que não está bem para o organismo.
Contudo, a doença não é necessariamente algo externo e ruim, mas sim algo
que surge internamente e que pode ser entendido como um sinal de que algo não
está em harmonia. A doença pode ser um caminho para evolução para um ser
inteiro, um ser total. Cabe a nós, estarmos dispostos a perceber estes sinais e, a
partir de um autoconhecimento, tornamo-nos responsáveis por nosso organismo e ir
em busca de uma vida mais plena e saudável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho parece mostrar que é possível, sim, fazer um trabalho com a
Psicossomática dentro do referencial da Psicoterapia Centrada na Pessoa. Para que
isso aconteça, como alguns participantes afirmaram, é necessário que ocorra uma
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS