Psicossomatica Centrada Na Pessoa

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Sumário

Introdução 1
1. Teoria da personalidade da Abordagem Centrada na Pessoa 2
1.1. Tendência atualizante 2
1.2. Campo experiencial 3
1.3. Autoconceito 4
1.4. Processo de valoração organísmico 4
1.5. Necessidade de consideração positiva 4
1.6. Condições de valor 5
1.7. Incongruência 5
1.8. Emoção 6
1.9. Congruência 6
1.10. Pessoa em funcionamento pleno 7
2. Psicossomática 8
2.1. Um breve histórico 8
2.2. Uma psicopatologia do corpo 8
2.3. A doença como caminho 9
2.4. A linguagem do corpo 10
2.5. Quem ama não adoece 10
2.6. Quando fala o coração 11
2.7. Organismo dicotomizado 11
2.8. Psicossomática na atualidade 12
3. Objetivos 12
4. Metodologia 12
4.1. Participantes 12
4.2. Procedimentos 13
5. Resultados 13
5.1. Organismo como uma totalidade 13
5.2. A doença como manifestação de incongruência 13
5.3. Todas doenças são psicossomáticas 14
5.4. Seguir o cliente 14
5.5. A doença começa pelo emocional 15
5.6. A doença como caminho para o crescimento 15
5.7. Lacuna na ACP 16
5.8. Toda doença tem uma mensagem 17
5.9. A doença como distorção do autoconceito 17
5.10. Fatores além do emocional 17
5.11. Evitar uma visão determinante e reducionista 18
5.12. Além do reflexo de sentimentos 18
5.13. Cliente Dicotomizado 19
6. Discussão 19
Considerações finais 20
Referências Bibliográficas 21
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PSICOSSOMÁTICA CENTRADA NA PESSOA


Olga Leticia Prestes da Silva

INTRODUÇÃO

Entende-se por Psicossomática, o estudo das relações mente-corpo, com


ênfase no entendimento psicológico de uma patologia. É um tema intrigante e
polêmico que vem sendo estudado cada vez mais, tanto pela medicina tradicional
como pela psicologia. Entretanto, percebe-se a existência de um maior número de
publicações pela medicina do que pela psicologia. Apesar de alguns autores da
Abordagem Centrada na Pessoa, tais como Antonio dos Santos, Maria Constança
Bowen e o pioneiro Carl Rogers, já terem estabelecido relação entre o estado
emocional e os sintomas patológicos apresentado por seus clientes, percebe-se a
falta de publicações exclusivas sobre o assunto sob o enfoque da Abordagem
Centrada na Pessoa.

Para muitos, as explicações da medicina tradicional sobre saúde e doença já


não satisfazem mais. Por que algumas pessoas apresentam uma maior facilidade
para adoecer, enquanto outras apresentam uma “saúde de ferro?” ·Sem emoção
não há vida. Mas é justamente essa tal emoção, segundo a psicossomática, que faz
com que adoeçamos. Se na Psicoterapia Centrada na Pessoa trabalha-se com a
emoção, com o sentimento, por que ainda não foi publicado nada na literatura
brasileira sobre o assunto? Será que os psicoterapeutas têm trabalhado com este
tema em seus consultórios?

O objetivo deste trabalho é investigar como psicoterapeutas da Abordagem


Centrada na Pessoa lidam e entendem a Psicossomática em sua prática clínica.
Sinto a necessidade de verificar se este pensamento psicossomático centrado na
pessoa é algo que inquieta somente a mim ou também tem inquietado outros
psicoterapeutas. Este trabalho não pretende esgotar este assunto, muito pelo
contrário. Pretende-se abrir as portas para que mais pesquisas e trabalhos sobre
este tema possam acontecer e serem publicados.
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1. TEORIA DA PERSONALIDADE DA ABORDAGEM CENTRADA NA


PESSOA

A teoria da personalidade que fundamenta a terapia centrada no cliente foi


desenvolvida por Carl Rogers com base nos resultados de suas pesquisas e em sua
extensa experiência clínica. A seguir, apresento os conceitos fundamentais desta
teoria.

1.1. Tendência atualizante

A tendência atualizante é à base da teoria da personalidade de Carl Rogers.


De acordo com Rogers (1977a), todo organismo é movido por uma tendência
inerente para desenvolver todas as suas potencialidades de maneira a favorecer a
sua conservação e seu enriquecimento. Esta tendência está presente em todo
organismo vivo, tendo por efeito dirigir o desenvolvimento do organismo no sentido
da autonomia e da unidade. Este desenvolvimento é contínuo e impõe sua
determinação autônoma a um campo sempre crescente de acontecimentos. A vida
é um processo ativo e não passivo. Segundo Rogers, a tendência atualizante rege
todo o organismo, movendo-o em direção ao desenvolvimento próprio e à
independência de controles externos.

Se oportunidade for dada, o organismo vivo tende a realizar as suas mais


complexas potencialidades em vez de acomodar-se a satisfações mais simples. O
indivíduo não cai em um equilíbrio passivo, isto ocorre somente em organismos
enfermos. Quando isto ocorre, é porque o indivíduo está alienado de seu próprio
organismo, como se estivesse em guerra com ele mesmo. Assim, embora o
organismo possa estar motivado de modo construtivo, irá aparentar o contrário.

Rogers (1977a, 1983) afirma que todo indivíduo possui dentro de si vastos
recursos para a autocompreensão e para a modificação de seus autoconceitos, de
suas atitudes e de seu comportamento. O organismo, em seu estado normal, busca
a própria realização. Se não há fatores perturbadores graves, o desenvolvimento da
tendência atualizante o orienta em direção à maturidade racional, social,
subjetivamente satisfatória e objetivamente eficaz.

Rogers (1979) afirma que o organismo tem uma tendência a se empenhar,


mesmo com muita dor, para alcançar uma maturidade. Seria bastante enganoso
afirmar que o organismo age tranqüilamente na direção do auto-aperfeiçoamento. O
organismo move-se, em meio a lutas e dores, na direção do aperfeiçoamento e do
crescimento.

A tendência à atualização busca constantemente a conservação do eu.


Opõe-se a tudo o que compromete o eu. Contudo, o sucesso ou eficácia desta ação
“depende não da situação real, mas da situação tal como o indivíduo a percebe”
(Kinget, 1977, p. 44). Logo, a eficácia da tendência atualizante dependerá da
congruência do indivíduo.
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O organismo reage ao campo da experiência como um todo organizado. Uma


das características mais básicas da vida orgânica é sua tendência às respostas
totais, organizadas e direcionadas para metas. O organismo é um sistema
organizado total, no qual a alteração de uma das partes pode produzir modificações
em qualquer outra parte. O organismo apresenta esta tendência básica a
concretizar, manter e aperfeiçoar o organismo que experimenta (Rogers, 1979).

A tendência atualizante é uma força direcional observada na vida orgânica, é


uma tendência do organismo a preservar-se. É uma tendência de assimilar comida,
comportar-se defensivamente diante de ameaças, de alcançar metas de
autopreservação, mesmo se esta estiver bloqueada. É uma tendência do organismo
a mover-se em direção à maturidade, ao crescimento. É um mover-se na direção da
independência ou auto-responsabilidade. É direcionar-se para frente. Rogers (1979)
salienta que esta tendência fica evidente inclusive em casos graves, quando o
indivíduo está a beira da psicose ou de um suicídio. Nesta situação, o terapeuta tem
profunda consciência de que a única força com que ele pode contar é esta tendência
orgânica na direção ao crescimento e aperfeiçoamento contínuos.

Kinget (1977) afirma que a tendência atualizante preside o exercício de todas


as funções, tanto físicas quanto experienciais. A tendência atualizante visa
desenvolver constantemente as potencialidades do indivíduo para assegurar sua
conservação e seu enriquecimento. “Por enriquecimento entendemos tudo aquilo
que favorece o desenvolvimento integral do indivíduo pelo crescimento de tudo o
que possui e de tudo o que é” (Kinget, 1977, p.41). O que a tendência atualizante
procura atingir é aquilo que o sujeito percebe como valorizador ou enriquecedor.

1.2. Campo experiencial

Rogers (1959) utilizou o termo campo experiencial para se referir ao mundo


particular de experiências do indivíduo, incluindo todas as experiências que se
passam no seu organismo e que estão potencialmente disponíveis à consciência.
Neste mundo de experiência do indivíduo, Rogers (1979) afirma “apenas uma
porção dessa experiência, e provavelmente uma porção muito pequena, é
conscientemente experimentada” (Rogers, 1979, p. 549) A maior parte das
experiências do indivíduo constitui o plano de fundo do campo de percepção, mas
pode facilmente tornar-se figura enquanto outras experiências retornam ao plano de
fundo.

Rogers (1959) ressalta que o conceito de campo experiencial engloba somente


as experiências do momento presente, não sendo uma acumulação de experiências
passadas. As experiências passadas só farão parte do campo experiencial quando a
memória destas experiências estiver ativa no momento, influenciando o significado
dos estímulos no presente. Rogers (1979) postula que somente o indivíduo pode
saber como sua experiência foi percebida. O mundo de experiências do indivíduo é
um mundo particular.
5

Conforme Kinget (1977), a saúde e o bem-estar físico do indivíduo revelam-se


condicionados por sua experiência, ou seja, por seus sentimentos, pensamentos,
emoções e fatores físicos.
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O comportamento se produz tanto em função da bioquímica do indivíduo


quanto em função da sua experiência, ou campo experiencial. A variedade de
conflitos psicossomáticos nos fornece um exemplo surpreendente das íntimas
relações existentes entre a experiência, tendência atualizante e a bioquímica do
organismo.

1.3. Autoconceito

Rogers (1959) definiu autoconceito como sendo o padrão organizado de


percepções do eu e do eu no relacionamento com os outros e com o ambiente,
juntamente com os valores associados a essas percepções. O autoconceito é uma
configuração fluida e mutável que está disponível à consciência. O indivíduo sempre
procura agir de uma maneira coerente com as suas percepções a valores. Por isso,
o autoconceito é um quadro de referencias para escolhas, atitudes e
comportamentos do indivíduo. Rogers (1979) afirma que, ao interagir com o
ambiente, o indivíduo constrói conceitos sobre si mesmo, sobre o ambiente e sobre
si mesmo em relação ao ambiente. Mesmo que estes conceitos não estejam
presentes na consciência, ainda assim eles funcionam como princípios orientadores.

Rogers (1977a) afirma que o indivíduo tem capacidade de reorganizar seu


campo perceptivo, incluindo a maneira como percebe a si mesmo. Assim, à medida
que a percepção do eu se modifica, o comportamento também se modifica. À
medida que as observações do eu e da realidade mudam, o comportamento muda.
Estas mudanças comportamentais acontecem espontaneamente após ocorrer à
reorganização perceptiva. Quando o indivíduo adquire uma visão diferente de seu
mundo de experiência, incluindo a si próprio, esta percepção que muda não é
necessariamente dependente da mudança da realidade.

1.4. Processo de valoração organísmico

Rogers (1959) afirma que, continuamente, o organismo atribui valores às


experiências de acordo com a satisfação experimentada nelas. As experiências que
mantém e aperfeiçoam o organismo são valoradas positivamente enquanto as
experiências que ameaçam o ou que não preservam o organismo recebem um valor
negativo. Ou seja, a tendência atualizante é utilizada como critério pelo organismo
para atribuir valores às suas experiências. No processo de valoração, os valores não
são fixos ou rígidos, mas são continuamente renovados a partir da experiência real
do momento. Rogers ilustra esse processo de valoração organísmico com o
comportamento do bebê, que valoriza a comida quando está com fome e que,
quando satisfeito, a rejeita; ou que valoriza a estimulação em determinado momento
e valoriza somente o repouso em outro.

1.5. Necessidade de consideração positiva


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Rogers (1959) definiu a necessidade de consideração positiva como sendo a


necessidade do indivíduo de perceber que as experiências que emergem do seu eu
afetam o campo experiencial da outra pessoa de uma maneira positiva.
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A consideração positiva envolve, em geral, os sentimentos e atitudes de calor,


acolhida, respeito e aceitação. Rogers (1959) sugere que quando a criança começa
a tomar consciência do eu, desenvolve necessidade de consideração positiva. Esta
necessidade é universal, existindo em todos os indivíduos. Uma vez que as crianças
não separam as suas ações de seu ser total, reagem a aprovação de uma ação
como se fosse aprovação de si mesmas. Da mesma maneira, reagem à
desaprovação de um ato como se estivessem sendo desaprovadas como um todo.
Esta necessidade de consideração positiva é tão importante para a criança, que elas
acabam agindo de maneira que lhe garantam esta consideração positiva, seja
através de comportamentos “saudáveis” ou não.

1.6. Condições de valor

Quando uma experiência relativa ao eu é procurada ou evitada unicamente


porque é percebida como mais ou menos digna de consideração positiva, Rogers diz
que o indivíduo adquiriu condições de valor. Condições de valor são obstáculos
básicos a exatidão da percepção e à tomada de consciência real, criando uma
discrepância entre o eu e o autoconceito. Para o indivíduo manter uma condição de
valor, tem que negar determinados aspectos dele mesmo. Rogers cita o exemplo de
quando a criança escuta que deve amar o irmãozinho, ela entende que deve reprimir
seus sentimentos genuínos em relação a ele. A criança entende que caso ela admita
tais sentimentos, estará se arriscando a perder o amor da mãe. Aos poucos, ela
percebe que algumas experiências do seu eu recebem consideração positiva
enquanto outras recebem consideração negativa das pessoas socialmente
significativas. Com o amadurecer desta criança, o problema persiste. Para sustentar
esta falsa imagem, a pessoa continua a distorcer experiências.

Rogers (1959) afirma que o indivíduo que adquire condições de valor falsifica
os valores que seu próprio organismo experiencia e substitui por valores que estas
experiências tem para os outros. Ao invés de ele ser o centro de avaliação, utiliza
um locus externo de avaliação. Os valores dos outros se tornam o critério utilizado
para avaliar suas próprias experiências. As condições de valor não se
desenvolveriam se a criança recebesse consideração positiva incondicional das
pessoas socialmente significativas desde o início, se ela se sentisse valorizada e
aceita com todos seus sentimentos. Se todas as experiências do eu da criança
recebessem a mesma consideração positiva, a criança seria capaz de reter a sua
própria avaliação de cada experiência e as condições de valor não se
desenvolveriam.

1.7. Incongruência

Devido à introjeção das condições de valor, o autoconceito do indivíduo passa


a incluir percepções distorcidas que não representam acuradamente sua experiência
e, por outro lado, aspectos organísmicos de sua experiência são excluídos do
autoconceito. O comportamento acaba sendo regulado pelos significados percebidos
pela consciência enquanto outros significados vivenciados pelo organismo são
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negados e deixados de lado. Isso ocorre por causa de uma incapacidade do


indivíduo de se comunicar com ele mesmo (Rogers, 1983).
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Neste momento, há uma cisão. Esta cisão ocorre porque o conceito do eu não
está de acordo com a percepção realmente experienciada, o que foi chamado por
Rogers de incongruência. .Esta é definida não só como inabilidade de perceber com
precisão, mas também como inabilidade ou incapacidade de comunicação precisa.
Neste estado de incongruência, o comportamento do indivíduo é regulado algumas
vezes pelo autoconceito e outras vezes pelas experiências organísmicas que não
foram incluídas no autoconceito.

Segundo Rogers (1959), a incongruência representa um estado de tensão e


confusão interna, produzindo comportamentos divergentes e incompreensíveis. Esta
divisão na personalidade gera uma cisão na tendência atualizante. Se o
autoconceito e a experiência do organismo são relativamente congruentes, então a
tendência atualizante permanece unificada. Mas se o autoconceito e a experiência
se tornam incongruentes, tendência atualizante do organismo pode trabalhar em
sentido contrário ao subsistema da tendência atualizante do eu.

1.8. Emoção

Rogers (1959) considera que a emoção geralmente facilita o comportamento


dirigido para uma meta, sendo esta relacionada com a importância percebida para a
preservação e o aperfeiçoamento do organismo. Assim, pode-se pensar na emoção
em dois grupos: os sentimentos desagradáveis e os sentimentos de satisfação. As
emoções do primeiro grupo acompanham o esforço de busca do organismo, ao
passo que as emoções do segundo grupo acompanham a satisfação da
necessidade, a experiência de consumação. O medo, ao contrário do que se possa
pensar, acelera a organização do indivíduo, e a inveja competitiva concentra os
esforços na tentativa de superar-se. A intensidade da reação emocional pode variar
de acordo com a relação percebida do comportamento com a preservação e o
aperfeiçoamento do organismo.

1.9. Congruência

Rogers (1961) define a congruência como “ser o que realmente se é”.


Primeiramente parece ser algo fácil, entretanto não é. Bowen (1987) nos fala da
congruência como um agir com espontaneidade e propriedade nas diversas
situações. É um escutar e enfrentar o que está dentro de nós com aceitação,
aprendendo a diferenciar o que é “nosso” do que criamos com a nossa mente. É
uma abertura, deixando nossa intuição guiar para um agir com espontaneidade e
propriedade nas diversas situações.

A autora afirma que congruência é enfrentar a “coisa como ela é”. Assim,
quando o indivíduo é congruente com ele mesmo, suas necessidades, desejos e
ações são uma coisa só. Segue-se apenas o caminho do coração, sem ser
interrompido por conflitos e dúvidas.
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Conforme Kinget (1977), Rogers originalmente, usou o termo em inglês


“genuineness”, que em português se aproxima muito de sinceridade.
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Porém, quando traduziu suas experiências em conceitos teóricos, deu-se conta


de que este termo não convinha às necessidades da teoria. Assim, acabou trocando
para o termo congruência.

Já Wood (1997) afirma que ser congruente tem a ver como honestidade e
pureza. É um sentimento puro e percebido em meio à complexidade de sensações
que constituem a consciência e é expresso de modo direto e honesto, sem
autocensura e de maneira apropriada. Para o autor, congruência exige muito. Esta
requer honestidade consigo e autoconhecimento. É necessário habilidade para
comunicar o que sentimos e que muitas vezes parece contraditório e complexo.

Rogers afirma que a congruência é um acordo entre o autoconceito de um


indivíduo e as suas experiências organísmicas. Um indivíduo é considerado
congruente quando suas experiências podem ser adequadamente simbolizadas na
consciência, sem que haja distorções ou negações. O indivíduo congruente é
alguém aberto, sem defesas, à totalidade de suas experiências (Tambara & Freire,
1999).

Para exemplificar a congruência, Rogers (1983) citou uma criança


recém-nascida. Esta vivencia as experiências exatamente como elas são. Bebês são
congruentes. Expressam seus sentimentos logo que seja possível com o seu ser
total. Quando um bebê está com fome, está todo com fome. Quando um bebê sente
amor ou raiva, ele expressa plenamente essas emoções. É quando sentir fome,
comer; quando estiver cansado, sentar; quando estiver com sono, dormir. Este é um
organismo autoconfiante. Quando o indivíduo está funcionando de maneira
integrada, Rogers (1977a) afirma que este indivíduo tem confiança nas direções que
escolhe inconscientemente e confia em sua experiência.

1.10. Pessoa em funcionamento pleno

Ao descrever o resultado da mudança terapêutica, Rogers (1959) considerou


uma condição hipotética na qual a psicoterapia centrada na pessoa tivesse atingido
o seu nível ótimo ou ideal. No ponto máximo deste processo terapêutico, o cliente se
tornaria uma pessoa em funcionamento pleno. Esta pessoa é aberta à experiência,
é capaz de se aceitar com suas qualidades e defeitos, sentimentos positivos e
negativos. É capaz de lidar com a vida, é capaz de amar e de receber amor (Rogers,
2002).

Segundo Rogers (1977b), a pessoa em funcionamento pleno funciona de


maneira integrada, ela confia na sua experiência, tornando-se participante e
observadora do processo da experiência organísmica em andamento. A sensação é
de flutuar em uma corrente de experiência com a fascinante possibilidade de tentar
entender sua sempre mutável complexidade. Este processo implica ausência de
rigidez, ausência de uma imposição de estrutura à experiência, significa um máximo
de adaptabilidade. Esta pessoa é capaz de viver com cada e com todos os seus
sentimentos e reações. É capaz de permitir que seu organismo total funcione em
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toda a sua complexidade, selecionando entre as múltiplas possibilidades, o


comportamento que no momento será o mais genuinamente satisfatório.

A pessoa em funcionamento pleno está constantemente engajada no processo


de ser e tornar-se ela mesma e descobrir que é socialmente orientada de forma
sólida e realista. Com a sensível abertura a seu próprio mundo, confiança na própria
habilidade para fazer novos relacionamentos com seu meio ambiente, ela é o tipo de
pessoa capaz de viver e produzir criativamente.

2. PSICOSSOMÁTICA

Conforme Bassoi (2006), o significado de psicossomática vem da junção de


duas palavras. Psico, que vem de psiquê, e alma que aqui trataremos como mente.
Soma, quer dizer corpo. Logo, psicossomática é o distúrbio que a mente causa no
corpo físico.

2.1. Um breve histórico

Conforme Mello Filho (2002), o termo medicina psicossomática começou a ser


utilizado nas primeiras décadas do século XX, sendo consagrado em 1939 quando
foi criada nos Estados Unidos uma sociedade médica com este nome. Apesar de
não haver trabalhos específicos que tenham registrado a evolução do pensamento
psicossomático ao longo dos anos, pode-se encontrar referências a este tema nos
tratados de psiquiatria e psicologia médica.

De acordo com Mello Filho (2002), talvez tenha sido o filósofo Heráclito o
primeiro a chamar atenção para a importância do indivíduo como ser. Mas foi
Hipócrates quem, na Grécia Antiga, preocupado com o sofrimento humano, iniciou a
prática de conversar com os parentes do paciente para saber o que sabiam sobre a
doença. Seu objetivo não era a doença, mas o indivíduo como um todo. Segundo
ele, a doença seria um desequilíbrio nos humores corporais em conseqüência das
disposições naturais do paciente ou temperamento. Hipócrates considerou o cérebro
como órgão do pensamento e escreveu que as doenças mentais tinham causas
naturais, desmistificando-a como doença sagrada. Seu interesse levou-o a dizer que
o surgimento de uma desinteria pode aliviar um quadro de loucura, ou que estados
maníacos podem desaparecer quando surgem varizes, por exemplo.

Mello Filho (2002) afirma que Freud foi o primeiro a mostrar que as reações
humanas, normais ou patológicas, guardam relações de sentido e podem ser
sempre compreendidas. Foi com o trabalho clinico do pai da Psicanálise na análise
de um caso de histeria de conversão que, segundo o autor, permitiu-se a primeira
compreensão global de uma enfermidade.

2.2. Uma psicopatologia do corpo


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Sivadon (1988) afirma que “o universo das emoções agarram o corpo de mil
maneiras” (p.13). Segundo o autor, o homem é afetado por seu corpo, mesmo
quando os problemas pertencem à esfera do psíquico.
15

O corpo é o local das experiências, o local de ancoragem do ego e da


personalidade. O desenvolvimento corporal sensório-motor, sensível e sensorial se
faz juntamente com a colocação do sistema das emoções. Ademais, a doença
convida o indivíduo a entrar em relação com um sistema de cuidados: médicos,
enfermeiras, especialistas, medicamentos. Desta forma, o social ocupa um lugar
preponderante no processo de reparação da doença.

2.3. A doença como caminho

Conforme Dethlefsen e Dahlke (1983), é através do sintoma que o homem vive


aquilo que de alguma forma não quis tomar consciência. O corpo é um instrumento
para o ser humano tornar-se um todo. O sintoma mostra aquilo que está fazendo
falta ao ser humano. É por isso que o ser humano não gosta de entrar em contato
com o sintoma, pois este o obriga a expressar justamente aquilo que ele não quer
saber e nem ver.

Dethlefsen e Dahlke (1983) afirmam que, se as várias funções corporais se


desenvolvem em conjunto de uma determinada maneira, sentimos um modelo
harmonioso e isso recebe o nome de saúde. Se uma função deixa de funcionar, a
harmonia do todo é comprometida e aí temos a doença. A doença é um estado do
ser humano que indica que na sua consciência algo não está em ordem. Portanto, a
doença significa a perda relativa da harmonia. Essa perturbação da harmonia
acontece na consciência e se mostra pura e simplesmente no corpo. Assim, o corpo
é a apresentação ou concretização da consciência e de todos as modificações que
nela ocorrem. A partir daí apresenta formas e se torna metáfora. O corpo material é
o palco em que imagens da consciência se expressam. Constatamos, assim, que se
a consciência da pessoa se desequilibra, isso será visível em sintomas corporais.
Em razão disso, é errado afirmarmos que o corpo está doente, mas, sim, que a
pessoa está em desequilíbrio.

Conforme Dethlefsen e Dahlke (1983), a medicina, a sociologia e a psicologia


vem se esforçando para pesquisar as verdadeiras causas dos sintomas das
doenças. Mas fazem isso querendo eliminar os sintomas existentes, quando a
verdade está em outro caminho. Para os autores, o corpo é o espelho da alma. Ele
mostra justamente aquilo que a alma jamais tomaria conhecimento sem ter uma
base com que se comparar. No sintoma de uma doença, o ser humano vive, de
maneira clara, aquilo que sempre baniu da psique e quer ocultar. E para
compreender um significado de um sintoma, não é necessário conceito de tempo
nem do passado. A busca por causas no passado acaba por desviar a atenção da
informação real, pois abdica o ser humano da responsabilidade, projetando essa
responsabilidade numa causa hipotética.

Dethlefsen e Dahlke (1983) afirmam que doença e saúde são conceitos


singulares, pois se referem a um estado das pessoas e não a órgãos ou partes do
corpo. O corpo nunca está doente ou saudável, pois o corpo nada faz por si mesmo.
A consciência apresenta as informações que se manifestam no corpo e que se
16

tornam visíveis, podendo fazer a analogia de que a consciência está para o corpo
assim como o rádio esta para o receptor.
17

A doença significa uma perda relativa da harmonia ou questionamento de uma


ordem que até então estava equilibrada. A perturbação da harmonia acontece na
consciência e no âmbito da informação, mostrando-se pura e simplesmente no
corpo. Se a consciência de uma pessoa se desequilibra, o fato se torna visível na
forma de sintomas corporais. Sendo assim, não se pode afirmar que o corpo está
doente, mas, sim, o indivíduo está doente.

Para Dethlefsen e Dahlke (1983), o sintoma exige atenção, querendo ou não. E


essa interrupção é sentida como se viesse de fora, como se fosse uma perturbação.
Mas, na maioria das vezes, a intenção do sintoma é fazer desaparecer o elemento
irritante: a perturbação. A doença é um estado do ser humano que indica que, na
sua consciência, ela não está mais em harmonia. Sendo assim, o sintoma é um
transmissor de informação. É a informação de que algo falta ao indivíduo, falta
consciência, e tem por objetivo único tornar o indivíduo um ser perfeito.

2.4. A linguagem do corpo

Conforme Cairo (1999) o tempo não é responsável pelas doenças e fatalidade


não existe. A autora afirma que tudo existe no mundo interior do indivíduo e que este
não pode ser enganado. O mundo interior do indivíduo sabe exatamente tudo sobre
ele e, por isso, manda-lhe resposta e sinais o tempo inteiro. Para a autora, o corpo é
a tela onde se projetam as emoções e todas as emoções negativas são projetadas
na forma de doenças. Os sentimentos de raiva, mágoa, ressentimentos e
sentimentos de infelicidade, por exemplo, quando mantidos por muito tempo dão
origem às doenças mais graves.

2.5. Quem ama não adoece

Conforme Silva (2006), a necessidade de felicidade do ser humano talvez seja


a razão principal de nossos temores. Segundo ele, temos medo de tê-la e depois
perdê-la. Como se uma sensação de iminente catástrofe sempre acompanhasse
nossos dias mais felizes. Como se no fundo não nos julgássemos merecedores
daquela felicidade, quase que não vivenciando ela sem nos sentirmos culpados.
Sentimentos inconscientes de autopunição, por não se julgar merecedor daquela
felicidade, pode também agir como fator para uma doença orgânica.

Silva (2006) cita o caso das pessoas que nascem doentes ou que apresentam
uma tendência hereditária a desenvolver alguma patologia. Segundo ele, a
consecução da paz interior pode ser decisiva para que a tendência não se converta,
de fato, em doença. Entretanto, o autor pondera que não há como negar que a
contaminação de microorganismos virulentos dificilmente deixa de causar doença,
por mais pleno de amor que seja o indivíduo.

Para Silva (2006), a doença é uma perturbação não resolvida no equilíbrio


interior do ser humano e em sua interação com o ambiente que o cerca.
18

A existência de um conflito é motivo de muito sofrimento e, se não for


adequadamente resolvido, certamente resultará em um estado de desequilíbrio do
organismo a que chamamos de doença. Os sintomas e exteriorizações das doenças
são, com freqüência bem maior do que pensamos e aceitamos, carregados de
símbolos.

Conforme Silva (2006), o adoecer apresenta vários graus de regressão e traz


consigo uma relação de dependência com outras pessoas que pode funcionar como
trégua para o sofrimento psíquico que se esteja vivendo. Silva chama isso de “estar
emocionalmente constipado” (p. 98). Neste caso, o adoecer de determinado órgão é
a forma inconsciente de proclamar um sofrimento, por não conseguir fazê-lo de outra
forma. A incapacidade de expressar e vivenciar as emoções é um fator importante
da gênese das doenças.

2.6. Quando fala o coração

Conforme Santos (1987), o ser humano vive sob transe hipnótico do


cartesianismo matemático de Descartes, acabando por dividir os aspectos da vida
de uma maneira ou de outra. Sempre escolhendo entre dois opostos. Não existe até
hoje o meio termo para alguns indivíduos que se isolam num pólo ou no outro. Esta
polaridade de se viver sempre em um lado ou no outro tem sido cultivada na escola,
família, religião, na ciência, sociedade, e assim por diante. O que não se pode
deixar de lado é que estes pólos fazem parte de uma mesma realidade: o ser
humano.

Assim, Santos (1987) afirma que a doença aparece quando há isolamento de


uma parte do todo e esta passa a viver independente do todo, sem levá-lo em
consideração. Se vivemos em um só pólo, podemos dizer que estamos gravemente
enfermos ou que estaremos enfermos em um futuro bem próximo. Como o ser
humano tem em si estes dois pólos, é importante que se entenda a ligação entre
eles, pois fazem parte de uma mesma realidade. Quando funciona de maneira
integrada e saudável em busca de harmonia, os pólos complementam-se, havendo
uma integração entre os dois. Santos afirma que com o entendimento da
consciência humana e seus respectivos estados, e sabendo da necessidade da
harmonia e integração destes para a saúde do ser humano, pode-se começar com
uma regulação das polaridades de maneira mais consciente.

2.7. Organismo dicotomizado

Rogers (1977c) analisa a dificuldade do ser humano em alcançar a unidade.


Segundo ele, esta dificuldade se deve ao fato de a vida ter sido dicotomizada
durante décadas. Devido à ênfase exagerada no intelecto, aliada à depreciação da
sabedoria de nosso organismo total responsivo, o ser humano é impedido de viver
de maneira integrada, unificada.
19

Ao falar sobre a distorção no autoconceito, Rogers (1979) citou um exemplo do


caso do adolescente criado num lar excessivamente solícito e cujo autoconceito é de
alguém que sente gratidão pelos pais, mas pode sentir uma raiva intensa do controle
sutil que está sendo exercido sobre ele.
20

No organismo, são experienciadas alterações fisiológicas que acompanham a


raiva, mas seu eu consciente pode impedir que essas experiências sejam
simbolizadas e, portanto, conscientemente percebidas. Ou pode, ainda,
simbolizá-las de forma distorcida, sendo coerente com sua estrutura de eu,
percebendo suas sensações orgânicas como, por exemplo, uma terrível dor de
cabeça.

2.8. Psicossomática na atualidade

Segundo Mello Filho (2002), a psicossomática é uma atitude e um campo de


pesquisa. Para ele, toda e qualquer doença humana é psicossomática, já que incide
num ser sempre provido de soma e psique, inseparáveis, anatômica e
funcionalmente: “Todas as doenças orgânicas sofrem, inevitavelmente, influências
da mente de quem as apresenta” (p. 19).

O mesmo autor afirma que, inicialmente, a expressão psicossomática foi usada


para referir-se a certas doenças. Entretanto, à medida que as observações de
pacientes prosseguiram, pesquisadores foram percebendo que tal conceito é
potencialmente válido para toda e qualquer doença. Assim, a tendência atual é de
abandonar os conceitos antigos e encarar o fenômeno doença de forma mais global,
gestáltica, e em função da pessoa que a apresenta e em sua forma de viver em e
com o mundo.

3. OBJETIVOS

Considerando que a teoria da personalidade de Rogers não faz referências


específicas aos conceitos da Psicossomática e considerando a lacuna existente na
literatura da Abordagem Centrada na Pessoa sobre o assunto, este trabalho tem
como objetivos:

1) Identificar formas de entendimento da Psicossomática entre os


psicoterapeutas centrados na pessoa;

2) Identificar propostas de integração entre a ACP e a Psicossomática na


prática clínica de psicoterapeutas centrados na pessoa.

4. METODOLOGIA

4.1. Participantes

A pesquisa foi realizada com quatro psicólogas que trabalham como


psicoterapeutas no referencial da Abordagem Centrada na Pessoa. A média de
idade das entrevistadas é 37 anos, com mínimo de 32 e máximo de 42 anos de
idade. Elas possuem em média, 9 anos de experiência clínica na ACP (mínimo de 5
21

e máximo de 15 anos de experiência). Apenas uma participante possui


especialização em Psicossomática.

4.2. Procedimentos

Foram realizadas entrevistas abertas com a seguinte questão direcionadora:

Como você entende a Psicossomática?

As entrevistas foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas. A


duração média das entrevistas foi de quarenta e cinco minutos. As entrevistas foram
analisadas através da metodologia qualitativa de análise temática, com a codificação
do conteúdo em categorias emergentes.

5. RESULTADOS

Foram encontradas as seguintes categorias emergentes a partir da análise


temática das entrevistas:

5.1. Organismo como uma totalidade

Todas participantes acreditam que o adoecimento do indivíduo é um


adoecimento do todo: emocional e corporal. Todo evento que acontece no nosso
corpo físico está relacionado direta ou indiretamente com o nosso emocional, e com
nossos aspectos sociais, morais, espirituais. Somos um ser único e integrado e é
preciso assumir essa responsabilidade do todo.

“Tudo o que nos acontece em qualquer instância do nosso ser, tá relacionado com outras
instâncias do nosso ser”. (Maria1)

“Hábitos de vida, as formas de a pessoa funcionar, suas atitudes e seu jeito de sentir as
coisas, isso tem relação com alguns processos de doença” (Julia).

“Parece que as pessoas não gostam. A impressão que me dá é que elas não gostam de
assumir uma responsabilidade por si integral. É natural da nossa
cultura dizer que a causa tá fora. Tua fica gripada porque pegou
chuva. Tudo é no externo” (Paula).

“O ser humano é um todo. Indivisível. É uma unidade” (Maria)

5.2. A doença como manifestação de incongruência

Três participantes afirmaram que a doença serve para o ser humano aprender
a ver sua congruência. Quando identifica que está entrando em sofrimento, isso

1
Todos os nomes utilizados são fictícios, a fim de preservar o anonimato das participantes.
22

significa que alguma coisa não está congruente. O adoecimento viria em decorrência
desta incongruência.

“Nossas incongruências muitas vezes nos impedem de ouvir nosso organismo”. (Julia)

“O que não tá cabendo da minha vida, o que não tá ficando bem. A todo o momento existem
questões que o mundo nos traz, que as pessoas nos trazem nas
relações... questões que mexem com a minha congruência... Num
consultório a gente pode mostrar pro cliente que existe uma questão
de incongruência dele... de uma ou mais questões... que aquilo ali a
gente precisa adequar que fiquei bem pra ele. Pois não tá bem, tanto
que tá adoecendo”. (Lúcia)

“Quanto mais conectado tu tá, mais saudável tu é” (Paula).

“Processo de a pessoa estar fazendo mal pra si mesma, ta tão distorcida, tão perdida, tão...
tão longe do seu verdadeiro eu, do seu organismo, que manifesta
esse tipo de doença assim” (Júlia).

5.3. Todas doenças são psicossomáticas

Três participantes acreditam que todas as doenças são psicossomáticas,


desde um resfriado, até doenças mais graves. Para elas, toda a doença tem algo por
trás. Acidentes bobos têm componentes psíquicos daquele momento que o ser
humano está vivendo.

“Todas as doenças que nos acontecem, que vão se manifestar no corpo físico, tão dizendo
alguma coisa do ser total. Então não tem como separar assim:
algumas doenças são psicossomáticas, algumas não são”. (Maria)

“Vamos ver o que aconteceu antes dessa gripezinha aparecer?... E ai eu incluo, todas as
questões... todas, todas” (Lúcia).

“Todas as emoções da gente se refletem no corpo... ah, pra mim toda doença começa no
emocional, né? Todas”.(Paula).

5.4. Seguir o cliente

Três participantes consideram que o terapeuta deve seguir o cliente a partir da


perspectiva dele, tentando entender o significado do que ele está vivendo. É
importante sempre seguir com o cliente, ver o que ele traz e se isso pra ele é
importante. Talvez ele esteja doente, mas aquilo não seja o foco dele e não tenha
importância naquele momento.

“É importante, assim, enquanto psicoterapeutas, pensar na relação de ajuda, nos


pressupostos de poder compreender empaticamente, aceitar
incondicionalmente e não julgar esse processo de doença (...) ir junto
23

com essa pessoa, entrar no mundo dessa pessoa, sem trazer um


julgamento pronto” (Júlia).
24

“Sempre aceitando o cliente com as questões dele, não minimizando o que ele esta
trazendo. Eu posso achar bobagem, mas isso sou eu. Preciso ver
como ele vê. (...) é muito importante tu olhar a pessoa, sem fazer um
julgamento já do que pra ti aquela doença significa... Ver o que ele
traz e se isso é importante para ele. Talvez ele esteja doente, mas
aquilo não seja o foco dele, não tem importância naquele momento”
(Lúcia).

“Na abordagem, a intenção é que o cliente... não que ele crie uma dependência de mim pra
que eu possa ver tudo pra ele, mas que ele aprenda a ver sua
incongruência. Tô entrando em sofrimento, alguma coisa não tá
congruente. Onde tá? Claro que dependendo do momento do
processo, ainda é preciso muito a contribuição do terapeuta. Mas a
minha intenção é que eles levem isso pra vida”. (Lúcia)

“Até porque se não vem dele, não há espaço pra isso (ser trabalhando), né?” (Paula)

5.5. A doença começa pelo emocional

Segundo duas participantes, a doença é o emocional se manifestando no


físico. A doença é todas as questões psíquicas que ficam grandes demais pro
indivíduo, que ele não dá conta e seu organismo transforma em algo concreto, que é
o corpo. Isso ocorre porque é mais fácil dar conta da dor de um braço machucado,
do que dar conta da dor emocional, psíquica.

“Tudo começa pelo emocional” (Maria).

“Toda doença começa no emocional” (Lúcia).

“Todas as doenças que nos acontecem estão relacionado direta ou indiretamente com o
nosso emocional, nossos aspectos sociais, morais, espirituais...
todas doenças que se manifestam no corpo físico estão dizendo a
respeito da totalidade do ser”. (Maria)

“Um adoecimento emocional que leva a um processo de doença no corpo”. (Lúcia)

5.6. A doença como caminho para o crescimento

Duas participantes afirmaram que a doença tem a função de fazer o ser


humano crescer numa direção de maior autoconhecimento, de maior consciência. A
doença, apesar do sofrimento, traz embutido uma possibilidade de crescimento. E,
quando o ser humano está incongruente, o caminho que seu organismo encontra
para crescer, é este caminho mais denso. A doença “melhora” o ser humano. A
doença, por pior que seja nos tornam melhores, é uma oportunidade para crescer.
Uma participante acredita que a doença é uma outra forma da tendência atualizante
se manifestar. O ser está tão incongruente, que o adoecimento passa a ser uma
tentativa de fazer o indivíduo se dar conta.
25

“A doença, apesar do sofrimento, sempre tem uma dose de sofrimento, ela traz embutido
isso. Uma possibilidade de crescimento. Já que a doença traz um
benefício, uma oportunidade de crescimento, eu comecei a tentar ver
como é que isso poderia ser entendido à luz da ACP. E eu acho que
é uma função ou manifestação de um aspecto da tendência
atualizante” (Maria).

“A tendência atualizante faz a gente crescer, ela nos manda mensagens, mas nem sempre a
gente tá ouvindo nosso organismo. Nossas incongruências nos
impedem de ouvir nosso organismo. Se ela não conseguir ser ouvida
na consciência, ela vai encontrar um outro caminho de se manifestar.
Aí o caminho que ela encontra, é um caminho mais denso, mais
concreto, mais material, não tão sutil quanto a consciência, que é
através da dor, do sofrimento físico, porque daí não tem como
escapar dos teus olhos e fazer de conta que nada ta acontecendo.
(...) Eu já tive uma conversa com um colega e ele não concordou. Ele
acha que a doença é uma disfunção e que a tendência atualizante
não é responsável por disfunção nenhuma. Eu sei que nem todos na
ACP irão concordar de imediato com esse ponto de vista. Eu acho
que as pessoas da ACP que não conseguiram entender bem é
porque estão muito presos à idéia de doença como um mal. Apenas
como um mal” (Maria).

“A doença é uma boa oportunidade de crescimento. É um mal estar, mas não é um mal.
Quando eu descobri isso, acho que foi um salto qualitativo e
evolutivo. Muito importante. Quase um divisor de águas”. (Maria)

“A doença é um presente, que se eu conseguir ouvir essa mensagem, eu vou poder crescer
como ser humano. E crescer numa direção de maior
autoconhecimento, mais consciência. Mais responsabilidades pela
própria vida”. (Maria)

“A ACP diz que estamos sempre em evolução. A doença faz a gente se tornar melhor”
(Paula).

“É uma oportunidade de tu crescer.” (Paula)

5.7. Lacuna na ACP

Duas participantes apresentaram uma certa insatisfação com a Abordagem


Centrada na Pessoa, alegando que esta tem uma lacuna com relação às doenças.
Acreditam que deveríamos pesquisar mais sobre o tema, pois faltam artigos ou
trabalhos publicados sobre Psicossomática e a ACP.

“Tem uma lacuna com relação às doenças de uma forma direta. Rogers não falou
diretamente sobre o assunto” (Maria)

“Tem muito pouco na ACP sobre isso... daí já me passa outra coisa pela cabeça de que na
ACP não tem quase nada de tudo. Deixo registrado que nós
26

poderíamos nos dedicar mais a esse tipo de trabalho, fazer o que tu


tá fazendo, esse tipo de pesquisa” (Paula).

“Talvez ainda estejam em construção, mas isso faz a gente perder muito espaço, ficamos
expostos” (Paula).

5.8. Toda doença tem uma mensagem

Uma participante afirmou que toda doença tem algum significado para a
pessoa. É como uma mensagem que o organismo está manifestando no corpo
físico. Cada doença tem uma mensagem pra indicar o caminho que o indivíduo
precisa dar mais atenção.

“Cada doença tem uma mensagem pra indicar o caminho que eu posso dar mais atenção,
aprender sobre mim e quem sabe até mudar aquela direção, me abrir
pra aquela direção que antes eu estaria fechada, ou inconsciente ou
não percebendo. Talvez esteja na rota errada”. (Maria)

5.9. A doença como distorção do autoconceito

Para um dos participantes, as doenças estão diretamente relacionadas à


distorção do autoconceito. É por haver uma distorção no autoconceito, por o
indivíduo estar longe do seu verdadeiro eu, que a doença aparece.

“A Psicossomática é as distorções que tem na imagem do eu, né? Porque muitos processos
de doenças se transformam assim. As experiências que eu vou
distorcendo, se transformam em doença”. (Júlia)

5.10. Fatores além do emocional

Uma das participantes considera que há muitas outros fatores, além do


emocional, que podem causar o adoecimento. Por exemplo, pessoas que nascem
com determinadas patologias, hábitos de vida, as formas da pessoa funcionar, suas
atitudes e o jeito de sentir as coisas. Todos estes fatores têm relação com alguns
processos de doença que se estabelecem no organismo.

Outro participante considera que em alguns casos há uma predisposição


espiritual e não somente emocional para a doença.

“Tem muitas coisas que têm relação, existem outros fatores, inúmeros fatores. Muitas outras
coisas podem causar. Na prática, tem muitas relações, no sentido de
os hábitos de vida, as formas de a pessoa funcionar, suas atitudes”.
(Júlia)

“Eu acredito que é uma predisposição espiritual’. (Paula)


27
28

5.11. Evitar uma visão determinante e reducionista

Uma das participantes acredita que a Psicossomática corre o risco de ser


utilizada de uma maneira determinista e reducionista. Ele considera que é preciso ter
cautela para não fazer generalizações como ‘tal sintoma tem tal significado’, ou
encarar as doenças com um guia de significados ao lado, como se todos que sofrem
de úlcera estivessem com a mesma dificuldade emocional.

“Não me agrada um determinismo. Pessoas que nascem com determinadas coisas, tu vai
me dizer o que? Que tava incongruente no útero da mãe? Acaba
sendo cruel”. (Júlia)

“Na prática com alguém, é muito importante tu olhar pra essa pessoa, sem trazer um
julgamento já do que pra ti aquela doença significa”. (Júlia)

5.12. Além do reflexo de sentimentos

Uma participante acredita que o terapeuta deve interferir e focar na doença


mesmo que o cliente não traga o problema. Na Abordagem Centrada na Pessoa,
visa-se trabalhar exclusivamente com o emergente, com o que a pessoa traz. No
entanto, este participante acredita que em alguns momentos pode-se perder a
oportunidade de trabalhar a doença. Quando a doença já está no orgânico, o
terapeuta não pode simplesmente respeitar o ritmo do cliente, pois pode levar muito
tempo. Por isso, de acordo com este participante, o terapeuta deve procurar ir além
da técnica de reflexo de sentimentos.

Uma das formas de se trabalhar apresentada por este participante é


focalizando o corpo, focalizando o sintoma. Foram citadas algumas técnicas da
Gestalt-terapia, onde se faz um diálogo com o corpo e diálogo do cliente com ele
mesmo. Houve a manifestação de curiosidade por parte deste participante em saber
como é que outros colegas conseguem continuar fiéis à proposta pura da ACP. Um
reflexo de sentimentos pode não ser suficiente. Haveria uma necessidade de se
fazer mais pelo cliente.

“Tem clientes que trazem essa queixa e a gente vai fazer o que? Ah, tu tá te sentindo muito
angustiado com essa dor. Um reflexo de sentimentos eu acho pouco.
Eu quero fazer mais. Nem sempre ela focaliza a sua doença
orgânica. Tem muitos eventos orgânicos que a pessoa exclui da
terapia”. (Maria).

“Qualquer boa psicoterapia que trabalhar ‘insight’ vai ajudar a pessoa a ser mais consciente,
talvez até compreender o sentido daquela doença. Só que talvez leve
muito tempo. O tempo da própria terapia. Aí tem doenças que
exigem uma ação mais imediata. E na ACP não dá pra ter pressa,
né? E meu compromisso é com o cliente e não com uma ideologia ou
filosofia, uma teoria... procuro os caminhos mais úteis pra pessoa.
Não sou centrada na teoria, sou centrada na pessoa”. (Maria)
29

“Eu acho que fica limitado só trabalhar com o verbal e com o que a pessoa traz
verbalmente... tu trabalhar exclusivamente com o emergente, com o
que a pessoa traz. Eu perdia oportunidade de trabalhar. Então nas
técnicas gestálticas onde a gente faz um dialogo com o corpo, com o
sintoma, eu consegui mais resultados do que só ficar nas
intervenções empáticas. Eu quero fazer meu cliente entrar no
sofrimento, ter uma compreensão disso, poder ouvir essa mensagem
e poder se curar, né?”. (Maria)

“Tenho curiosidade de saber como é que outros colegas conseguem continuar fiéis assim à
proposta pura da ACP. Porque tem gente que é centrada na teoria
centrada na pessoa. (Maria).

“Acho que tem que ampliar pra visão humanista e quem sabe até transpessoal. Algumas
pessoas acham que ter uma técnica mais ativa não é ACP. A Maria
Constança utilizava técnicas e se reconheceu acepista. E eu nunca
ouvi dizer que ela não era. A ACP é maravilhosa e aquele modelo de
Rogers funcionava muito bem com ele e não quer dizer que vai
funcionar com todos terapeutas. Pra funcionar, tu tem que ter um alto
nível de congruência, alto nível de empatia e um alto nível de
aceitação incondicional. Rogers tinha. Mas e nós, simples mortais?
Pra quem não tem sempre, tem que ver outras coisas”. (Maria)

5.13. Cliente Dicotomizado

Uma participante citou o quanto seus clientes separam o corpo do emocional.


Como se fossem para a terapia levando apenas suas emoções e deixando o corpo
de lado.

“Acho que as pessoas separam. Se eles têm algum problema orgânico, no corpo, é difícil
que eles tragam isso para tratar na terapia. Ele cita. Apenas citam.
Acho que elas vêm pra terapia e não trazem o corpo junto” (Paula).

6. DISCUSSÃO

A análise das entrevistas mostra que não existe uma opinião homogênea entre
os profissionais participantes a respeito da Psicossomática. Três dos participantes
consideram que todas as doenças são psicossomáticas, ao passo que uma das
participantes possui uma visão mais crítica, apontando para o perigo de uma visão
reducionista e determinista na Psicossomática.

Em relação às propostas de integração da Psicossomática com a ACP, três dos


participantes mostraram-se cautelosos em relação ao grau de interferência do
terapeuta no processo terapêutico. Eles apontaram para a necessidade do terapeuta
manter o foco na totalidade do cliente, seguindo a direção e o ritmo do cliente.
30

Uma participante, entretanto, apresenta uma visão mais crítica da ACP,


considerando a limitação da técnica de reflexo de sentimentos e sugerindo o uso de
técnicas da Gestalt-terapia. Diferentemente dos outros participantes, ele considera
que o terapeuta deve, sim, focalizar na doença.

Na medida em que não existem, na literatura, relatos sobre formas de integrar


a Abordagem Centrada na Pessoa com a Psicossomática será que esta divergência
de opiniões entre os profissionais participantes deste estudo, acontece justamente
pela falta de trabalhos publicados sobre o tema apresentando? Será que a ACP
estaria produzindo conhecimento suficiente?

Carl Rogers não escreveu diretamente sobre Psicossomática, mas parece ter
deixado algumas lacunas para que pudéssemos pesquisar mais a respeito. Se
quando estamos doentes é porque há algo no organismo que não está em
harmonia, por que não falarmos de autoconceito? Quando o autoconceito e a
experiência se tornam incongruentes, a tendência atualizante do organismo pode
trabalhar em sentido contrário ao subsistema da tendência atualizante do eu. Essa
confusão interna poderá gerar o adoecimento e aparecer na forma de sintomas.
Pode-se pensar que a doença seja um outro caminho encontrado pela tendência
atualizante. Seria uma alternativa de manifestar tal distorção e incongruência. Pois
Rogers afirmou que a tendência atualizante está presente em qualquer organismo
vivo, mesmo nas situações mais adversas. Assim, a doença é tendência atualizante,
porque o organismo está vivo e, se está vivo, está em atualização. A doença é o
resultado de algo que não está bem para o organismo.

Contudo, a doença não é necessariamente algo externo e ruim, mas sim algo
que surge internamente e que pode ser entendido como um sinal de que algo não
está em harmonia. A doença pode ser um caminho para evolução para um ser
inteiro, um ser total. Cabe a nós, estarmos dispostos a perceber estes sinais e, a
partir de um autoconhecimento, tornamo-nos responsáveis por nosso organismo e ir
em busca de uma vida mais plena e saudável.

Constata-se também, que na prática clínica, mesmo quando a doença é


apenas citada pelo cliente, surge aí uma grande oportunidade para trabalhar o que
foi citado. Pois, se é trazido pelo cliente para a terapia, mesmo que seja somente
uma citação, há algo que pode ser trabalhado. E, como profissionais da saúde, não
deveríamos ignorar tal oportunidade. Creio que pode ser trabalhado o sentimento o
tempo inteiro, não sendo necessário trabalhar a doença isoladamente. Pois, creio
que trabalhando sentimentos e baseando-se nos princípios da ACP, os sintomas
psicossomáticos tendem a desaparecer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho parece mostrar que é possível, sim, fazer um trabalho com a
Psicossomática dentro do referencial da Psicoterapia Centrada na Pessoa. Para que
isso aconteça, como alguns participantes afirmaram, é necessário que ocorra uma
31

evolução na ACP. É preciso continuar a desenvolver o pensamento de Rogers. A


ACP não pode ser vista como um trabalho fechado e finalizado.
32

O próprio Rogers, ainda em vida, revisitou e reformulou conceitos durante o


desenvolvimento de sua obra. E, provavelmente, não registrou e desenvolveu tudo
que gostaria. É preciso evoluir junto com a ACP. Pode-se constatar que muito ainda
deve ser estudado, pesquisado e publicado. Pois, se não há publicação e
propagação das idéias e pensamentos dos profissionais da ACP, fica como se estes
não existissem e ficam à margem na Psicologia e Ciência. É necessário falar de
temas emergentes, sem deixar de lado os pressupostos de Carl Rogers. Deve-se
questionar, estudar, pesquisar e escrever sobre estes temas e mostrar isso para a
comunidade. Sempre lembrando que a ACP é um jeito de ser.

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