Você está na página 1de 14

ÍNDICE

I – INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

1.1 – Contextualização ......................................................................................... 1

1.2 Objectivos ....................................................................................................... 1

II – DESCENTRALIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE ..................................... 2

2.1 – Conceito ....................................................................................................... 2

2.2 – Princípio da descentralização em saúde ...................................................... 2

2.3 – Breve história............................................................................................... 2

2.4 – A regionalização .......................................................................................... 4

2.5 – Desafios e problemas da descentralização................................................... 4

2.6 – Princípio da universalidade em saúde ......................................................... 5

2.7 – Sistema nacional de Saúde Angolano (SNS) .............................................. 8

2.8.1 – Hierarquia de prestação dos cuidados de saúde........................................ 9

2.8.2 – Sector Público ......................................................................................... 10

2.8.3 – Sector Privado ........................................................................................ 10

2.8.4 – Sector da Medicina Tradicional .............................................................. 11

III – CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 13


I – INTRODUÇÃO
1.1 – Contextualização
Neste trabalho iremos de falar sobre descentralização do sistema de saúde. Ao abrigo da
Lei de Bases do Sistema Nacional de Saúde (SNS), é da responsabilidade do Estado
angolano a promoção e garantia do acesso de todos os cidadãos aos cuidados de saúde
nos limites dos recursos humanos e financeiros disponíveis.

No entanto, a promoção e a defesa da saúde pública são efectuadas através da actividade


do Estado e de outros agentes públicos ou privados, podendo as organizações da
sociedade civil serem associadas àquela actividade. Assim, os cuidados de saúde são
prestados por serviços e estabelecimentos do Estado ou sob fiscalização deste, por outros
agentes públicos ou entidades privadas, sem ou com fins lucrativos. Sendo que, a
protecção à saúde constitui um direito dos indivíduos e da comunidade, que se efectiva
pela responsabilidade conjunta dos cidadãos, da sociedade e do Estado, em liberdade de
procura e de prestação de cuidados de saúde.

1.2 Objectivos
Geral:

 Compreender sobre a descentralização do sistema de saúde.

Específicos:

 Descrever sobre a descentralização do sistema de saúde;

 Dar o Conceito da descentralização do sistema de saúde;

1
II – DESCENTRALIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE
2.1 – Conceito
Descentralização – é o processo de transferência de responsabilidades de gestão para os
municípios, atendendo às determinações constitucionais e legais que embasam o SUS,
definidor de atribuições comuns e competências específicas à União, aos estados, ao
Distrito Federal e aos municípios

2.2 – Princípio da descentralização em saúde

O Princípio da descentralização em saúde é a DIRETRIZ do Sistema Único de Saúde


(SUS) que o estrutura ao organizar os três entes governamentais federados, a União, os
Estados e os Municípios, para cooperar entre si e operativizar o preceito Constitucional
do artigo 196 . Este princípio da descentralização encontra-se estabelecido na
Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB), no artigo 198.
Institui-se, nesse artigo, que as ações e serviços públicos de saúde devem formar parte de
uma organização regionalizada e hierarquizada, e que devem constituir um sistema único.
A primeira diretriz para este sistema é precisamente a descentralização. A criação do SUS
em 1990 pela lei 8080, fez que o dever do Estado de promover políticas sociais e
econômicas para a promoção, proteção e recuperação da saúde seja descentralizado.
Assim, se tornou uma responsabilidade da União, os Estados e os Municípios
conjuntamente.

Com a descentralização foi possível a incorporação de novos atores ao cenário nacional,


atingindo uma aproximação da sociedade com o Estado, e possibilitando o aparecimento
de ricas experiências locais. A descentralização, assim, junto com a integralidade e
universalidade, representa o processo de consolidação de conquistas do direito à saúde
como uma questão de cidadania.

2.3 – Breve história

Os conflitos políticos relacionados à divisão territorial do poder tiveram início no período


colonial e as origens do pacto federativo remontam ao Império. No decorrer da história,
observa-se a alternância entre períodos de centralização e descentralização, relacionados
aos regimes autoritários e à vigência da ordem democrática, que alteraram as relações de
poder da União, os Estados e os governos locais. Nos anos 1990 foi possível implementar
um programa amplo de estabilização econômica, encaminhar importantes reformas
constitucionais e estabelecer limitações fiscais aos entes subnacionais. Tais mudanças

2
alteraram o funcionamento das instituições federativas brasileiras, sendo uma dessas
alterações o fortalecimento dos municípios no sistema político nacional, que são então
transformados em entes federativos com o mesmo status jurídico-constitucional dos
Estados e da União. Agora os governos locais são igualmente responsáveis por grande
parte das políticas públicas, definidas como competências comuns aos três entes . Entre
1980 e 2001 foram instalados 1.570 municípios no País.

A autora Luciana Dias de Lima identifica cinco ciclos de descentralização e


regionalização na política de saúde do Brasil. No primeiro, entre 1983 e 1992, a
descentralização torna-se bandeira do movimento liderado pelos governos estaduais e
municipais em prol de maior autonomia decisoria e financeira. Foi acompanhada de
propostas de reforma Constitucional e uma nova organização do poder democrático. O
segundo ciclo, inicia-se na primeira metade da década de 1990 (vai até 1995), e
caracteriza-se pelas tentativas de fortalecimento da gestão municipal, apoiadas pelo maior
aporte de recursos para os entes municipais.

O processo de descentralização fica dependente da capacidade de produção e


faturamentos dos serviços de saúde. A partir de 1993, houve avanços com a ampliação
doa Conselhos de Representação dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems) e
institucionalização das Comissões Intergestores Bipartites (CIB) nos Estados.

O terceiro ciclo da descentralização da política de saúde é marcado pela Norma


Operacional Básica de 1996, quando se institui um processo redistributivo de recursos
financeiros do Ministério da Saúde para os municípios por meio de transferências per
capita e incentivos para a adoção do Programa Saúde da Família.

A partir desse terceiro ciclo, pode- se dizer que houve um enfraquecimento do pacto
nacional a favor do SUS. Os resultados da descentralização brasileira na saúde são
contraditórios e altamente dependentes das condições prévias locais. O quarto ciclo
ocorre no período entre o ano 2001 e 2005. Começa com a edição da Norma Operacional
de Assistência à Saúde, que enfatizou o processo de regionalização do SUS como
estratégia fundamental para o avanço da descentralização e ampliação do acesso às ações
e serviços de saúde.

No último ciclo, do ano 2006 ao 2010, são lançados os Pactos pela Saúde que trazem com
si uma nova concepção de regionalização em que se admite que a organização espacial
do sistema de saúde deva levar em conta diversidade do território brasileiro e buscar a

3
complementariedade entre as regiões (fortalecimento da pactuação política entre os entes
federados e na diversidade econômica, cultural e social para a redefinição das “regiões de
saúde”).

2.4 – A regionalização

A regionalização na saúde também é um princípio norteador da organização político-


territorial do SUS. A lei 8.080/1990 expõe, no artigo 7, que as ações e serviços públicos
de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados, devem ser desenvolvidos de
acordo com o manifesto no artigo 198 da CRFB. Outrossim adiciona que a
descentralização política e administrativa terá direção única em cada esfera de governo e
que haverá uma ênfase na descentralização dos serviços para os municípios e uma
regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde. Pode-se chamar a
regionalização como uma estratégia adotada pelo SUS ou a ferramenta operacional mais
importante da descentralização, para organizar as competências e distribuir as
responsabilidades dentro do Estado em matéria de saúde.

Envolve a transferência de poder decisório, de gestão de prestadores e de recursos


financeiros, antes concentrados na esfera federal, para Estados e, principalmente, para os
municípios.

A fortaleza desta estratégia se encontra no fato que os municípios estão informados por
ideologias e experiências diversas e em que fomentar o poder decisório de cada uma de
estas entidades promove a democratização e incorpora novos atores sociais, melhorando
a eficiência das medidas tomadas e os mecanismos de accountability nas políticas
públicas. Com a aplicação deste princípio se respeita o desenho federativo do Brasil e se
atende aos interesses territoriais da nação. A regionalização requer, então, que seja
transferida a responsabilidade aos municípios pela saúde de sua população, como também
os recursos para exercer as funções de controle, planejamento, coordenação, etc. Para que
a descentralização leve à concretização do direito constitucional à saúde os gestores
estaduais e da União devem coordenar esses sistemas municipais. Assim, o SUS
empreenderá numa direção única.

2.5 – Desafios e problemas da descentralização

Com a lei 8080 de 1990, os municípios foram os que converteram-se nos responsáveis
pela execução de políticas públicas. Eles são os mais próximos às pessoas, à comunidade.
Assim, os outros dois entes se preponderantemente no planejamento e financiamento das

4
políticas públicas (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE). Um dos desafios que o princípio da
descentralização enfrenta é que a maioria dos municípios brasileiros não tem arrecadação
própria significativa e depende das transferências intergovernamentais de recursos, com
limitada capacidade de aumentar seu grau de autonomia política e financeira a partir do
processo de descentralização.

Também é um desafio a cooperação entre os três entes federativos de que depende o


sucesso do SUS para a efetivação dos mandatos constitucionais relacionados com a saúde.
Um dos elementos que tenciona esta relação intergovernamental refere-se ao predomínio
de competências comuns aos três entes no terreno das políticas sociais (artigo 23 da
CRFB) e do caráter concorrente da União e dos Estados no que diz respeito à temática
legislativa (artigo 24 da CRFB), associado à insuficiência dos mecanismos de
coordenação federativa existentes. No Brasil optou-se por uma modalidade de
federalismo cooperativo que introduz a possibilidade de execução conjunta e admite a
participação de mais de uma esfera política nas tarefas governamentais. Isto permite
maior flexibilidade na distribuição de responsabilidades em situações de expressivas
desigualdades, como é a brasileira . Mesmo assim, o estabelecimento das obrigações e a
responsabilidade das três esferas do Estado não foram definidas com precisão, e geram
uma lacuna e uma situação de insegurança jurídica.

Existe, do mesmo jeito, um elevado risco de atomização desordenada dessas partes do


SUS (dos municípios), permitindo que um sistema municipal se desenvolva em
detrimento de outro, ameaçando, até mesmo, a unicidade do SUS. Há que se integrar,
harmonizar e modernizar, com equidade, os sistemas municipais, como já foi mencionado
anteriormente.

2.6 – Princípio da universalidade em saúde

Princípio da Universalidade no Direito à Saúde recebe especial tratamento no Brasil


na Constituição Federal de 1988. A CF/88, em seu art. 196, preceitua a saúde como direito
de todos e dever do Estado, concretizada mediante políticas econômicas e sociais aptas a
possibilitar um acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde. Na mesma
esteira, seu artigo 194, que trata da seguridade social, estabelece que um dos objetivos da
seguridade social (saúde, previdência social e assistência social) é a universalidade da
cobertura e do atendimento. De acordo com o jurista Adolfo Moisés Vieira da Rocha, a
primeira diz respeito à mais ampla cobertura das ações de saúde e dos serviços sanitários.
Está intrinsecamente ligada à cobertura de todos os riscos sociais atinentes à saúde
5
humana. Já o segundo, qual seja, a universalidade de atendimento, tem relação com as
pessoas que receberão o atendimento em situações que a doutrina nominou de
"contingências sanitárias". Temos que os serviços sociais devem ser direcionados a
assegurar a saúde da população, portanto, acessíveis a toda a comunidade. Significa,
também, que o serviço público de saúde deverá envidar esforços para abarcar o número
máximo de situações possíveis.

Na Constituição brasileira, o princípio foi materializado no art. 198, a saber:

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:

 Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

 Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo


dos serviços assistenciais;

 Participação da comunidade.

O princípio da Universalidade rege, em especial, as ações do Sistema Único de Saúde.


Junto com a equidade e integralidade, o princípio da Universalidade em Saúde figura
como princípio ético-doutrinário, norteador de políticas públicas a serem implementadas.

"O princípio da universalidade caracteriza a saúde como um direito de cidadania, ao ser


definido pela Constituição Federal como um direito de todos e um dever do Estado. Neste
sentido, abrange a cobertura, o acesso e o atendimento nos serviços do SUS e exprime a
ideia de que o Estado tem o dever de prestar esse atendimento à toda a população
brasileira".

O alcance da universalidade no ´mundo da vida´, entretanto não acontece de forma


absoluta. Os recursos disponíveis são escassos. Nesse sentido, as políticas públicas em
saúde buscam maximizar o acesso em consonância com o montante disponível. Para se
ter uma ideia dessa escassez, no Brasil a seguridade social é financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei ordinária, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
e das seguintes contribuições sociais, conforme ensina o jurista Adolfo Moisés Vieira da
Rocha ao estudar o Direito Sanitário sob a perspectiva da visão do Supremo Tribunal
Federal.

6
O objetivo em se delinear política pública de planejamento na área de saúde é tentar
incluir o máximo de pessoas possíveis para usufruir dos serviços prestados pelo Estado.
Por isso, busca-se as principais mazelas que atacam a população, a fim de se distribuir o
orçamento de forma mais equânime e ampla possível.

Assim, contraposto à universalidade de cobertura e atendimento em saúde está a limitação


dos recursos públicos. Dessa forma, muito se fala em ´reserva do possível´a fim de se
justificar a cobertura de tratamentos menos custosos e mais demandados em detrimentos
daqueles mais caros e menos necessários quando pensados em termos macro. O princípio
da reserva do possível chegou a ser enfrentado pela Suprema Corte Constitucional
Brasileira em diversos julgados. Entretanto, aquela Corte Constitucional manteve-se num
patamar intermediário, sem, contudo, firmar uma jurisprudência a nível de precedente
judicial. Pede-se licença para trazer à colação extratos do periódico publica em Revista
Especializada da Universidade de São Paulo, in verbis:

 "Os julgamentos aqui apontados como paradigmáticos são reconhecidos como tal
pelo próprio STF e lhe servem de base, sem, contudo, assumirem a condição
técnica processual de precedente, que vincularia decisões futuras. Mas, na prática,
esses julgados paradigmáticos acabam por assumir tal condição na medida em que
são sempre referidos como fundamentação das decisões que se seguem a eles".

 O princípio da Universalidade em Saúde conversa, também, com o conceito de


Descentralização que rege o SUS. Em cartilha editada pelo Sistema chamada
‘SUS de A a Z’, descentralização é caracterizada da seguinte forma: “É o processo
de transferência de responsabilidades de gestão para os municípios, atendendo às
determinações constitucionais e legais que embasam o SUS e que definem
atribuições comuns e competências específicas à União, estados, Distrito Federal
e municípios. ”

 Dessa forma, para a universalização, há também, que se criar mecanismos que


propicie o atendimento do maior número de pessoas possíveis, há que se
estabelecer mecanismos que abranjam o alcance das políticas públicas. Portanto,
a descentralização atua de forma afirmativa para a concretização do princípio da
universalidade.

7
2.7 – Sistema nacional de Saúde Angolano (SNS)
Evolução Histórica do SNS

 O SNS angolano, conheceu uma evolução histórica caracterizada por dois


períodos:

 O período colonial que vai até 11 de Novembro de 1975;

 O período pós independência com início em 11 de Novembro de 1975. Este


período, subdividido em duas fases ou épocas, sendo:

 O período que se seguiu à independência, caracterizada de uma economia


planificada, de orientação socialista, e seguiu-se o período de economia de
mercado com início em 1992.

No período a seguir a independência, foram estabelecidos através do SNS, os princípios


da universalidade e gratuidade dos cuidados de saúde, exclusivamente prestados pelo
Estado, assentes na estratégia dos Cuidados Primários de Saúde (CPS). Este período foi
também caracterizado na primeira década da independência, pelo alargamento da rede
sanitária e pela escassez de Recursos Humanos em Saúde (RHS), segundo dados
estatísticos, na altura, no período a seguir a independência, só se encontravam em Angola
pouco mais de 20 médicos, tendo, na ocasião, o Governo/Estado, que recorrer à
contratação de profissionais recrutados ao abrigo dos acordos de cooperação.

Na segunda fase do período pós independência, a primeira parte deste é caracterizada pelo
recrudescimento do conflito armado (guerra civil), reformas políticas, administrativas e
económicas que tiveram de certa maneira, um impacto negativo sobre o Sistema Nacional
de Saúde, tais como: a destruição e redução drástica da rede sanitária.

Em 1992, através da Lei 21-B/92, de 28 de Agosto, é aprovado a Lei Base do SNS e o


Estado angolano deixa de ter exclusividade na prestação de cuidados de saúde, com a
autorização do sector privado na prestação dos serviços de saúde. Foi também introduzida
a noção de comparticipação dos cidadãos nos custos de saúde, mantendo o sistema
tendencialmente gratuito.

Na segunda parte da fase da economia de mercado, é caracterizado pelo alcance da paz,


que se traduziu numa estabilidade macroeconómica, intenso esforço de reabilitação e
reconstrução nacional de que tem beneficiado o SNS.

8
Neste período, regista-se um aumento significativo dos recursos financeiros do Estado
alocados ao sector da saúde1.

2.8 – Organização e estruturas

2.8.1 – Hierarquia de prestação dos cuidados de saúde


O sistema de prestação de cuidados de saúde subdivide-se em três níveis hierárquicos de
prestação de cuidados da saúde, baseados na estratégia dos cuidados primários.

 O primeiro nível - cuidados primários de saúde (cps) – representado pelos postos/


centros de saúde, hospitais municipais, postos de enfermagem e consultórios
médicos, constituem o primeiro ponto de contacto da população com o sistema de
saúde.

 O nível secundário ou intermédio, representado pelos Hospitais gerais, é o nível


de referência para as unidades de primeiro nível.

 O nível terciário, é representado pelos Hospitais de referência mono ou


polivalentes diferenciados e especializados, é o nível de referência para as
unidades sanitárias do nível secundário.

Apesar da hierarquia estabelecida, o sistema de referência e de contra referência não tem


sido operacional por vários factores, principalmente, por causa da desestruturação do
sistema de saúde e da redução da cobertura sanitária decorrente do longo conflito armado
que o país viveu.

Estima-se que cerca de 30% a 40% da população tem acesso aos serviços de saúde. A
prestação de cuidados de saúde é feita pelos sectores público, privado e da medicina
tradicional.

1
Ministério da Saúde: Angola - Despesas Públicas no Sector da Saúde 2000-2007, Luanda,
Março de 2007. Política Nacional de Saúde - 5º Esboço – 20 de Março de 2009- Ministério da
saúde de Angola
9
2.8.2 – Sector Público
O sector público inclui o Serviço Nacional de Saúde2 (SNS), os serviços de saúde das
Forças Armadas Angolanas (FAA) e do Ministério do Interior, bem como de empresas
públicas, tais como a SONANGOL, ENDIAMA e, etc.

O sector público permanece como o principal prestador dos cuidados de saúde ao nível
nacional. O SNS e os outros serviços do sector público, partilham as mesmas dificuldades
resultando na prestação de cuidados da saúde sem a qualidade desejada na maioria dos
casos.

A comparticipação nos custos de saúde, nos moldes actuais de implementação, no sector


público, foi reconhecida como um obstáculo ao acesso aos cuidados de saúde e à
equidade3.

2.8.3 – Sector Privado


O sector privado lucrativo está ainda confinado aos principais centros urbanos do país.
Os preços dos cuidados de saúde limitam a acessibilidade da população ao sector privado
lucrativo. Os preços praticados não são objecto de nenhuma regulação. À semelhança do
que acontece no sector público, a qualidade dos serviços prestados está aquém do
desejado. Na sua maioria, o pessoal do sector privado é o mesmo que trabalha no sector
público, com evidentes prejuízos para ambos os sectores.

O sector privado não lucrativo, essencialmente ligado a entidades religiosas e


Organizações Não-Governamentais (ONG’s), tende a direccionar a prestação de cuidados
para as camadas mais vulneráveis das áreas suburbanas e rurais.

O fraco sistema de fiscalização e controlo favoreceu a existência de um sector privado


informal de prestação de cuidados em condições inaceitáveis e frequentemente praticado
por indivíduos sem a mínima qualificação.

2
Serviço Nacional de Saúde: Conjunto de Instituição de Saúde sob a Tutela do Ministério da
Saúde. Política Nacional de Saúde – 5º Esboço, 20 de Março de 2009.
3
MINSA: Primeira Conferência Nacional sobre o Financiamento da Saúde em Angola, Luanda,
29-30 de Maio de 2006: Idem
10
2.8.4 – Sector da Medicina Tradicional
A medicina tradicional encontra-se num estado de organização ainda incipiente. Embora
sem número conhecido de pacientes, que recorrem a este sector, há evidências que
revelam que muitos utentes4 recorrem à medicina tradicional e por vezes simultaneamente
à medicina ocidental assim como à medicina chinesa ou asiática.

Por ausência de um quadro legal, a falta de integração no sistema nacional de saúde e de


articulação com os outros prestadores de saúde, leva a que os valores positivos da
medicina tradicional não sejam devidamente aproveitados em benefício da saúde da
população.

Os medicamentos tradicionais encontravam-se à venda nos mercados informais e nas


ervanárias, sem qualquer controlo de qualidade e em inadequadas condições de
conservação.

Não existe nenhuma regulamentação sobre os medicamentos tradicionais, bem como os


homeopáticos que são importados. Há falta de uma Farmacopeia Nacional para os
medicamentos tradicionais. Os produtos fornecidos pelos ervanários e pelos terapeutas
tradicionais resultam muitas das vezes de conhecimentos que se transmitem através de
gerações e que se mantêm como segredo familiar, o que constitui um entrave para a
investigação e o desenvolvimento dessa área.

4
OMS/AFRO: Estratégia para a Medicina Tradicional na Região Africana, cerca de 80% de
Africanos Recorrem a Medicina Tradicional - Política Nacional de Saúde – 5º Esboço, 20 de
Março de 2009- Ministério da Saúde de Angola
11
III – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos a concluir que, A descentralização do SUS é o processo pelo qual as atividades de uma
organização, particularmente aquelas relativas ao planejamento e à tomada de decisões, são
distribuídas e transferida fora de um poder centralizado e autoritário.

Existem basicamente três formas de descentralização administrativa: a mediante outorga


(descentralização por serviços ou delegação legal), a por delegação (descentralização por
colaboração ou delegação negocial) ou a territorial (geográfica), embora esta última represente
uma possibilidade muito remota de acontecer.

12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Monteiro Baltrammi, Daniel Gomes. “Descentralização: o desafio da regionalização para


Estados e Municípios”.
Pinheiro, Roseni. “Saúde pelos sanitaristas: o Sistema Único de Saúde sob a ótica do
princípio universal da integralidade das ações”. Em: Direito Sanitário
(Elsevier, 2012)
Dias de Lima, Luciana. “Federalismo, descentralização e regionalização na política de
saúde no Brasil”. Em: Direito Sanitário (Elsevier, 2012)
Bremaeker (2001) em: Dias de Lima, Luciana. “Federalismo, descentralização e
regionalização na política de saúde no Brasil”. Em: Direito Sanitário
(Elsevier, 2012)
Teixeira (1990) em: Dias de Lima, Luciana. “Federalismo, descentralização e
regionalização na política de saúde no Brasil”. Em: Direito Sanitário
(Elsevier, 2012)
Affonso e Silva (1995) em: Dias de Lima, Luciana. “Federalismo, descentralização e
regionalização na política de saúde no Brasil”. Em: Direito Sanitário
(Elsevier, 2012)
Prado (2003) e Lima (2007) em: Dias de Lima, Luciana. “Federalismo, descentralização
e regionalização na política de saúde no Brasil”. Em: Direito Sanitário
(Elsevier, 2012)
Dallari (2005) em: Dias de Lima, Luciana. “Federalismo, descentralização e
regionalização na política de saúde no Brasil”. Em: Direito Sanitário
(Elsevier, 2012)
Cunha, Alexandre Luna da (18 de novembro de 2019). «A integralidade do direito à saúde
na visão do Supremo Tribunal Federal». Revista de Direito Sanitário (1):
167–184. ISSN 2316-9044. doi:10.11606/issn.2316-9044.v20i1p167-184.
Consultado em 7 de junho de 2022.
(PONTES, Ana Paula Munhen de; OLIVEIRA, Denize Cristina de; CESSO, Rachel
Garcia Dantas; GOMES, Antônio Marcos Tosoli. O Princípio da
Universalidade do Acesso aos Serviços de Saúde: o que pensam os usuários?
Esc Anna Nery Ver Emferm, 2009, jul-set.)
(TRINDADE, João Damião de Lima. História Social dos Direitos Humanos. Rio de
Janeiro: Fundação Petrópolis, 2002. p. 117 -118).

13

Você também pode gostar