Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 2
ÍNDICE DE FIGURAS
1
INTRODUÇÃO
2
As reações de hipersensibilidade são um problema de saúde pública cada vez mais
marcante, e existem vários factores que influenciam a propensão de uma população para
uma determinada hipersensibilidade alimentar: genética, ambiente, potência antigénica e
alterações da barreira intestinal (Dias, 2023; Santos et al, 2021).
Este trabalho visa realizar uma revisão de literatura sobre os riscos associados a
substâncias alergénicas alimentares, de modo a conseguir compreender quais os principais
alergénios, qual a prevalência destas afeções e o impacto que estas têm para os
consumidores. Pretende ainda, aprofundando os conhecimentos sobre os fatores
determinantes para o seu acontecimento, bem como o papel que a inspeção alimentar tem
na prevenção dos mesmos.
3
ALERGÉNIOS ALIMENTARES
4
Na ingestão de ovos e produtos derivados, são proteínas como a ovoalbumina e a
lisozima C que estão associadas a sintomas desde prurido na boca e faringe, vómitos, asma
e até anafilaxia. Reações despoletadas pelo consumo de ovo, são especialmente descritos
em crianças (Carvalho et al., 2017; Dias, 2023).
A ingestão, inalação e/ou contacto tópico com amendoim está associado a reações
alérgicas fatais, sendo a causa mais comum de choques anafiláticos graves ou fatais.
Causados por alergénios como a conglutina, a vicilina e a globulina, os sintomas variam
desde urticária e angioedema, a alergia oral, asma e falta de ar (Carvalho et al., 2017; Dias,
2023).
5
proteína ingerida e da proteína alergénica envolvida. Entre a variedade de frutos secos, o
caju, a noz pecan, a noz e a amêndoa são os que possuem maior potência alergénica.
Estudos indicam que a prevalência de alergia a nozes ronda os 0,2% em adultos e 0,5% em
crianças (Carvalho et al., 2017; Dias, 2023).
As reações alérgicas causadas por leite de vaca, ovo, soja e trigo estão
maioritariamente descritas durante a infância, podendo desaparecer ao longo do crescimento,
enquanto o amendoim e as nozes estão associados a alergias permanentes (Carvalho et al.,
2017; Dias, 2023).
DIGNÓSTICO E TRATAMENTO
O diagnóstico correto é essencial para um bom tratamento, evitando assim dietas
desnecessárias. Este depende da história clínica, dados do exame físico e testes alérgicos.
Na história clínica é fundamental que o paciente forneça em pormenor os alimentos ingeridos
habitualmente e esporadicamente, pois em alguns casos é possível relacionar os sintomas
com a ingestão de um alimento em específico.
O teste alérgico sendo um método de diagnostico seguro e indolor deve ser realizado
por um médico especialista que juntamente com a história clínica e exame físico determinará
as substâncias que devem ser avaliadas. O resultado é obtido em 20 minutos e quando
positivo apresenta prurido e/ou edema do local do teste. Esta reação indica a presença de
IgE específico ao alimento testado (Pereira et al, 2008 ; Sicherer & Sampson, 2015). Por
vezes poderá ser necessário realizar este teste com o alimento in natura (Pereira et al, 2008).
Quando os resultados obtidos pelos testes cutâneos são inconclusivos, opta-se por
realizar testes de provocação alimentar, que consistem na administração do alimento
suspeito, começando por quantidades reduzidas até à quantidade considerada normal. Se
ocorrer uma reação alérgica interrompe-se a prova e a alergia é comprovada (Pereira et al,
2008).
Até à data não existe nenhum medicamento específico para prevenir alergias
alimentares, quando diagnosticada utilizam-se medicamentos específicos em situações de
crise. É também de extrema importância orientar o paciente e familiares no sentido de
evitarem o alimento desencadeante. As mesmas devem ser facultadas por escrito indicando
a substituição do alimento excluído. Evitando assim possíveis deficiências nutricionais e/ou
desnutrição principalmente em crianças (Pereira et al, 2008; Sicherer & Sampson, 2015).
Claro que para ser possível evitar esses alimentos, é necessário uma informação fidedigna e
clara, como iremos referir nos capítulos que se seguem.
6
Este procedimento não é fácil, sendo frequente a exposição acidental ao alergénio
que em casos mais graves desencadeiam reações anafiláticas. Os indivíduos com alergias
alimentares graves deveriam de ser portadores de medicamentos específicos, como
adrenalina, em conjunto com algum método de identificação fácil para que os cuidados
médicos sejam aplicados com a maior rapidez. Por outro lado, os casos de reações leves
podem desaparecer espontaneamente ou responderem positivamente a anti-histamínicos
(Pereira et al, 2008).
Uma forma ativa de prevenção pode estar direcionada para a utilização de pré-
bióticos, probióticos e simbióticos, que tentam combater a natureza alérgica destes processos
ao fornecer e promover uma flora bacteriana saudável. Existem alguns estudos neste sentido,
de forma a reduzir o eczema de uma forma preventiva. No entanto, estes devem ser
complementares e não utilizados por si só, já que as alergias alimentares podem ir desde
sintomas leves a fatais (Sicherer & Sampson, 2015).
7
INSPEÇÃO ALIMENTAR E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR
SISTEMA HACCP
No ramo de inspeção sanitária e saúde pública existem vários elementos
fundamentais. Sendo um deles considerado a base de todos os sistemas. A partir deste são
definidos os princípios do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo
(HACCP) adotado pela Comissão do Codex Alimentarius (Codex Alimentarius, 2003).
O HACCP pode ser aplicado ao longo de toda a cadeia alimentar, desde a produção
primária até ao consumidor final, e a sua implementação deve ter como base os riscos para
a saúde humana, auxiliando a inspeção por autoridades reguladoras e promovendo o
comércio internacional proporcionalmente com o aumento de confiança na segurança
alimentar. Esta aplicação de sistema é compatível com a implementação de sistemas de
gestão de qualidade, como o das normas da série ISO 9000, sendo o sistema apontado para
a gestão da segurança alimentar (Codex Alimentarius, 2003; Silva, 2017).
Para que este sistema consiga ser aplicado com sucesso na indústria alimentar, é
preciso planear medidas de controlo dos processos de produção e processamento. Estas são
definidas como atividades/ações que podem ser adotadas para prevenir ou eliminar um perigo
de segurança alimentar, ou reduzi-lo para níveis aceitáveis (Codex Alimentarius, 2003).
No caso deste trabalho estas atividades passam por eliminar ou reduzir os alergénios
na alimentação para níveis aceitáveis, e promover ações corretivas quando os resultados de
8
monitorização nos chamados CCP- Ponto crítico de controlo- indicam uma perda de controlo,
e que seja essencial para eliminar um perigo ou impedir que atinja um limite crítico, como
exemplificado na Figura 2. Os gestores e supervisores devem possuir conhecimentos
suficientes em matérias de princípios e higiene alimentar, de forma a conseguir identificar os
riscos inerentes à produção, e tomar medidas preventivas e corretivas quando necessário,
garantindo a eficácia da monitorização e supervisão de todos os processos (Codex
Alimentarius, 2003).
Figura 2- Elementos críticos essenciais para determinar o risco de alergénios (Dias, 2023).
9
posteriores da cadeira alimentar. Esse manuseamento incorreto pode inclusive resultar em
doenças ou inadequação dos alimentos ao consumo, sendo um dos perigos que o sistema
HACCP, explicado anteriormente, tenta eliminar (Codex Alimentarius, 2003).
Os alimentos pré-embalados devem ainda ser etiquetados com clareza, para que a
pessoa seguinte na cadeia o possa manipular em segurança, aplicando-se a Norma Geral
para a Etiquetagem de Alimentos Pré-Embalados (Codex Alimentarius, 2003). A maioria das
normas internacionais que tratam dos rótulos de alergénios nos alimentos, traz uma
obrigatoriedade inerente de destaque de 8 alergénios, que respondem a 90% dos casos de
hipersensibilidade alimentar, entre as quais já referidos: o leite, soja, ovo, oleaginosas,
amendoim, peixe, crustáceos e cereais que contém glúten (Chaddad, 2014).
Os supervisores e gestores devem garantir que existe uma eficácia grande para agir
face a perigos de segurança dos alimentos, caso seja necessária a atuação no mercado e de
forma que seja possível uma completa e rápida retirada de qualquer lote de alimentos
inadequados em questão. Além disso, a necessidade de avisos públicos deve ser avaliada,
porque o consumidor tem o direito à salvaguarda da sua saúde (Codex Alimentarius, 2003).
Desta forma, devido às reações adversas que podem existir, a restrição do consumo destes
alimentos é a principal alternativa para prevenir o aparecimento de complicações clínicas.
Consequentemente, o acesso correto às composições dos alimentos é fundamental para
proteger a saúde humana (Carvalho et al., 2017).
10
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Pereira, A. C., Medeiros Moura, S., & Beltrao Lessa Constant, P. (2008). Alergia
Alimentar: Sistema Imunologico e Principais Alimentos Envolvidos. Semina: Ciencias
Biologicas e da saude, v.2, 189-200.
12