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Centro Universitário Estácio de Sá

Curso de Graduação em Nutrição

Alergia e intolerância
alimentar

Profª Drª. Maria Cláudia Lira


Reações adversas a alimentos

Reações adversas a alimentos (RAAs) tem aumentado em termos de gravidade e


extensão.

RAAs: Englobam alergias e intolerâncias alimentares que afetam nega>vamente a


saúde.

Mudanças na dieta moderna e influências ambientais que interagem com a


predisposição gené>ca tem sido implicadas nas RAAs.
Reações adversas a alimentos

Alergia alimentar: reação imunomediada adversa a um alimento, geralmente uma


sensibilização a uma proteína alimentar, glicoproteína ou hapteno resultando em
sintomas.

Intolerância alimentar: reação adversa a um alimento ou adi>vo alimentar a qual


não envolve o sistema imune e resulta da incapacidade do corpo de digerir,
absorver ou metabolizar um alimento ou um de seus componentes.

Sensibilidade alimentar: termo usado para descrever uma reação quando não está
claro se é imunologicamente mediada ou ocorre devido a uma deficiência
bioquímica ou fisiológica.
Alergia alimentar

Alergia alimentar: reação imunomediada adversa a um alimento em indivíduos


previamente sensibilizados.

An5geno é qualquer molécula que induzirá uma resposta imune no corpo. Quando
induz uma reação de hipersensibilidade, é chamado alérgeno.

Alérgeno: pode ser uma proteína ou glicoproteína (proteína ligada a uma cadeia de
carboidratos) ou hapteno (pequeno composto inorgânico capaz de induzir uma
resposta imune quando ligado a uma proteína de grande porte).

Epítopo: porção real do alérgeno que se liga à molécula imune.


Alergia alimentar
As reações de hipersensibilidade aos alimentos podem ser classificadas de acordo
com o mecanismo imunológico envolvido em:

• Mediadas por IgE


Decorrem de sensibilização a alérgenos alimentares com formação de an>corpos
específicos da classe IgE, que se fixam a receptores de mastócitos e basófilos.

São exemplos de manifestações mais comuns que surgem logo após a exposição ao
alimento: reações cutâneas (ur>cária, angioedema), gastrintes>nais (edema e
prurido de lábios, língua ou palato, vômitos e diarreia), respiratórias
(broncoespasmo, coriza) e reações sistêmicas (anafilaxia e choque anafilá>co).
Alergia alimentar
• Reações não mediadas por IgE

As manifestações não mediadas por IgE não são de apresentação


imediata e caracterizam-se basicamente pela hipersensibilidade
mediada por células.

Sintomas: quadros de proc?te, enteropa?a induzida por proteína


alimentar e enterocolite induzida por proteína alimentar.
Alergia alimentar
• Reações mistas (mediadas por IgE e hipersensibilidade celular)

Manifestações decorrentes de mecanismos mediados por IgE as-


sociados à par?cipação de linfócitos T e de citocinas pró-inflamatórias.

Sintomas: esofagite eosinoGlica, a gastrite eosinoGlica, a gastrenterite


eosinoGlica, a derma?te atópica e a asma.
Alergia alimentar
• Prevalência: aproximadamente de 6% em menores de três anos; 3,5% em adultos

• Cerca de 80% das manifestações de alergia alimentar ocorrem com a ingestão de


leite de vaca, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e crustáceos

• Infância: alimentos mais responsabilizados pelas alergias alimentares são leite de


vaca, ovo, trigo e soja, que em geral são transitórias. Menos de 10% dos casos
persistem até a vida adulta.

• Adultos, os alimentos mais iden>ficados são amendoim, castanhas, peixe e


frutos do mar.

• Novos alérgenos: kiwi, gergelim, mandioca.


Alergia alimentar
• Fatores que predispõem a alergia alimentar:

- Hereditariedade
- Exposição a alimentos
- Dieta materna (gravidez, lactação)
- Alimentação infan>l precoce
- Microbiota gastrintes>nal (permeabilidade intes>nal e disbiose)
Alergia alimentar
Fatores de risco:

- Comorbidades alérgicas (derma5te atópica)


- desmame precoce
- insuficiência de vitamina D
- redução do consumo dieté5co de ácidos graxos poli- insaturados do 5po
ômega 3
- redução de consumo de an5oxidantes
- uso de an5ácidos que dificulta a digestão dos alérgenos
- obesidade como doença inflamatória
- hipótese da higiene
Alergia alimentar
- Rea>vidade cruzada

- Ocorrem quando duas proteínas alimentares compar>lham parte de uma


sequência de aminoácidos que contêm um determinado epítopo alergênico.

- Alguns alérgenos estão amplamente distribuídos entre diversas espécies e são,


por esta razão, denominados pan-alérgenos. Tropomiosina do camarão ou
profilinas de plantas são exemplos de alérgenos com ampla distribuição,
facilitando a rea>vidade cruzada.
Alergia alimentar
- Síndrome látex-fruta: banana, abacate, maracujá, papaia e kiwi.
Alergia alimentar
• Os adi?vos alimentares são representados por an?oxidantes,
flavorizantes, corantes, conservantes ou espessantes.

• As reações adversas aos adi?vos alimentares são raras (abaixo de


1%).

• Os adi?vos mais implicados em reações adversas são os sulfitos, o


glutamato monossódico, a tartrazina e o vermelho carmin.
Diagnós5co de Alergia alimentar
• TESTES CUTÂNEOS
Os testes cutâneos imediatos devem ser realizados por alergistas, onde
devem ser testados os alimentos suspeitos.

• DOSAGEM DE IGE ESPECÍFICA NO SANGUE


Dosar a IgE específica para os alimentos suspeitos.
Diagnóstico de Alergia alimentar
• DIETA DE EXCLUSÃO

Frente uma história e exame Gsico suges?vos de alergia alimentar,


deve ser realizada dieta de exclusão do alimento suspeito.
A dieta de exclusão deve ser realizada com número limitado de
alimentos (1 a 3) e de acordo com a história clínica.
Após duas a seis semanas de exclusão, os sintomas devem
desaparecer. Se os sintomas desaparecerem, um teste de provocação
oral deve ser feito para se confirmar o diagnós?co.
Diagnós5co de Alergia alimentar
• DIETA DE EXCLUSÃO

Para crianças exclusivamente alimentadas com leite materno, deve-se


suspeitar de sensibilização através do leite materno. Nestes casos a
mãe deve submeter-se à dieta de exclusão do alimento suspeito.
Diagnós5co de Alergia alimentar
• TESTES DE PROVOCAÇÃO ORAL
• Uma vez que os sintomas e sinais desaparecem após a exclusão do
alimento suspeito, faz-se a provocação oral administrando o mesmo
alimento ao paciente. O teste é considerado posi?vo se os sintomas
ressurgem igualmente.
• Os testes de provocação oral são padrão-ouro para comprovação
diagnós?ca.
• Também são úteis para se constatar se o paciente já se tornou
tolerante ao alimento.
• São contra- indicados quando há história recente de reação
anafilá?ca grave e devem ser realizados em ambiente hospitalar.
Tratamento de Alergia alimentar
• A base do tratamento da alergia alimentar é essencialmente
nutricional e está apoiada sob dois grandes pilares:

• 1. Exclusão dos alérgenos alimentares responsáveis pela reação


alérgica com subs?tuição apropriada

• 2. U?lização de fórmulas ou dietas hipoalergênicas, em lactentes, em


situações de APLV
Tratamento de Alergia alimentar
• Obje?vo global do tratamento nutricional:

- Evitar o desencadeamento dos sintomas, a progressão da doença e a


piora das manifestações alérgicas
- Proporcionar à criança crescimento e desenvolvimento adequados e
prevenir distúrbios nutricionais.
Tratamento de Alergia alimentar

• Alimentos suspeitos devem ser eliminados e posteriormente testados


por meio de teste de provocação oral.

• A escolha dos alimentos suspeitos deve ser apontados pela história


do paciente, no registro alimentar acoplado ou não a diário, onde a
família anota manifestações associadas à ingestão/exposição a
determinado alimento e, quando necessário, testes de
hipersensibilidade posi?vos.
Tratamento de Alergia alimentar
• Quando há falha na iden?ficação dos potenciais alérgenos, dieta com
restrição de mais de um alimento alergênico suspeito pode ser
necessária, por um período de 2 a 4 semanas (sendo 2 a 4 semanas
para pacientes com sintomas gastrintes?nais como diarreia e
cons?pação, e de 1 a 2 semanas para os demais)

• Recomenda-se a total exclusão do alimento reconhecido ou


supostamente envolvido, inclusive os produtos dele derivados e de
preparações que o contenham.
Tratamento de Alergia alimentar
• Realizar as subs?tuições alimentares visando garan?r a oferta
nutricional adequada, alcançando-se as suas necessidades que
devem atender as atuais recomendações nutricionais

• Esclarecer sobre alimentos recomendados e subs?tutos, as formas de


apresentação disponíveis, aqueles que devem ser evitados e outros
que possivelmente possam envolvê-los na sua composição.
Tratamento de Alergia alimentar
• Orientar quanto à inspeção e leitura minuciosa dos rótulos de
alimentos consumidos que podem apresentar alérgenos, bem como
informações sobre nomenclaturas de diGcil interpretação pelas
famílias

• Exemplos:
• Soro/whey, caseína, lactoglobulina, lactoferrina ou caseinatos,
significando presença de leite.
• Albumina, indicando presença de ovo.
Intolerância à lactose
• RAAs mais comum

• Maioria dos casos resulta de redução da lactase intes>nal influenciada pela


gené>ca

• Sintomas: distensão, cólica intes>nal, flatulência e diarreia

• Diferem da alergia à proteína do leite de vaca por terem acome>mento apenas


GI.
Tratamento da Intolerância à lactose

• Verificar sensibilidade à lactose

• U>lização de produtos sem lactose (ex: leite, queijo, iogurte, etc)

• U>lização da enzima lactase no momento da refeição.

• Exclusão de alimentos contendo lactose caso a sensibilidade seja alta.

• Subs>tuição de alimentos com lactose por outros que não a contenham.


Referências bibliográficas

MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause Alimentos, Nutrição e Dietoterapia.


Rio de Janeiro: Elsevier, 14 ed., 2018.
hNps://asbai.org.br/alergia-alimentar-4/

Solé D, Silva LR, Cocco RR, Ferreira CT, Sarni RO, Oliveira LC, et al. Consenso Brasileiro sobre
Alergia Alimentar: 2018 - Parte 1 - E9opatogenia, clínica e diagnós9co. Documento conjunto
elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e
Imunologia. Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2(1).

Solé D, Silva LR, Cocco RR, Ferreira CT, Sarni RO, Oliveira LC, et al. Consenso Brasileiro sobre
Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 - Diagnós[co, tratamento e prevenção. Documento conjunto
elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e
Imunologia. Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2(1).

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