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DIETOTERAPIA II

ALERGIA ALIMENTAR

SABRINA B. A. FARIA
Introdução
• As doenças alérgicas são poligênicas e as
manifestações clínicas dependem da
interação de fatores GENÉTICOS E
AMBIENTAIS.
Conceitos
• Salienta-se a definição dos conceitos de ALERGIA e
de ATOPIA.

• A ALERGIA consiste na manifestação clínica de


reações imunologicamente mediadas a substâncias
estranhas, habitualmente proteínas.

• A ATOPIA consiste na predisposição genética de


produzir imunoglobulina E (IgE) após exposição a
alergénios, o que pode ser confirmado por testes
cutâneos (Prick test) ou por dosagem de anticorpos
IgE específicos no soro – sensibilização alérgica
Alergia alimentar
 Entidade clínica resultante de reações
imunológicas após a ingestão de proteínas
alimentares, em indivíduos previamente
sensibilizados. Ocorre em cerca de 3% das
crianças.
 Os alimentos mais frequentemente envolvidos
são o ovo, leite de vaca, trigo e soja, sendo
responsáveis por cerca de 90% dos casos.
 A maioria das reações ocorre devido à
sensibilidade a apenas um ou dois alimentos. A
lactose, não provoca alergia e sim intolerância
por deficiência da enzima lactase.
Alergia
• Os alérgenos alimentares são definidos como
componentes específicos do alimento, sendo
representados, na maioria das vezes, por
glicoproteínas hidrossolúveis, termoestáveis,
resistentes a ação de ácidos e proteases.
• São reconhecidos por células específicas do
sistema imunológico, desencadeando resposta
imunológica humoral (IgE) ou celular, que
resultam em manifestações clínicas
características.
• Os recentes avanços tecnológicos relacionados à
biologia molecular têm permitido o mapeamento
dos epítopos dos alérgenos alimentares.
Alergia Alimentar (AA)
 Classificação das reações
 Segundo os mecanismos imunológicos
envolvidos;
 as AA podem ser classificadas em:
 mediadas pela IgE
 não mediadas pela IgE (linfócitos T)
 e mistas.

Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012


Fisiopatologia e dietoterapia nas
ALERGIAS ALIMENTARES.
ALERGIA ALIMENTAR
• São considerados critérios para definição de
criança de risco a existência de doença atópica
num familiar direto, progenitor ou irmão, ou
sinais de doença atópica no próprio.
• A existência de doença alérgica em dois
familiares diretos ou a presença de doença
alérgica em pelo menos um (progenitor ou
irmão) e doença alérgica documentada no
próprio lactente (asma, rinoconjuntivite, eczema
atópico, alergia alimentar) colocam a criança no
grupo de alto risco .
ALERGIA ALIMENTAR
• A alergia alimentar é uma patologia
relativamente comum nos primeiros anos de
vida.
• Contudo, a maioria das crianças com
antecedentes de alergia alimentar adquire
TOLERÂNCIA até à idade escolar
• Esta tolerância pode ser adquirida de forma
especialmente precoce nos lactentes com
alergia a ptn leite de vaca por mecanismos
não mediados primariamente pela IgE, mas
por células e cujas manifestações são
predominantemente gastrintestinais .
Reação Adversa ao Alimento:
Definição

Qualquer reação anormal relacionada a


ingestão, contato ou inalação de quaisquer
alimentos, derivados de alimentos ou aditivo
alimentar
Tóxica
Não tóxica ou hipersensibilidade
Alergia Alimentar em Crianças:
Internacional

USA & UK SINGAPURA


ITALYIA
Leite Leite Cogumelos
Ovo Frutos do mar
Ovo
Amendoim Ovo
Frutos do mar
Castanhas Leite
Frutos do mar
AUSTRALIA
Leite
Ovo
Amendoim
FRANÇA Gergelim
ISRAEL
Ovo
Leite
Amendoim
Ovo
Leite
Gergelim
Mostarda
Alimentos de “segunda linha” para alergia
alimentar

 10% reações a alimentos


 Frutas
 Vegetais
 Sementes (gergelim, girassol, papoula)
 Temperos
Leite de vaca

Apresenta a maior incidência e uma sintomatologia variável.


O leite de vaca é uma mistura de mais de 20 componentes.
Ptns implicadas nas reações imunológicas

Principais alérgenos

Beta-lactoglobulina; Alfa- lactoalbumina


e Caseína
Ovo
É mais frequente nos primeiros anos de vida, geralmente,
devido às proteínas da clara. A alergia ao ovo afeta 0,5% das
crianças saudáveis até 5% dos bebês atópicos, e 50% das
crianças com dermatite atópica (BATISTA, et al., 2007).

Principais alérgenos da clara

Ovoalbumina (54%); ovomucóide (11%)


e conalbumina(12%)
Ovoalbumina: pode estimular uma reação de
hipersensibilidade do tipo IgE mediada a
alimentos, levando à liberação de mediadores de
células mastocitárias (histamina), que atuam
sobre a pele, nariz, pulmões e trato
gastrointestinal. As alterações decorrentes do
efeito da histamina envolvem o aumento da
permeabilidade capilar, a vasodilatação, a
contração do músculo liso, e a secreção de
muco.
Amendoim
A ocorrência deste tipo de alergia é comum,
principalmente por razões genéticas relacionadas
à consangüinidade, e se consumido muito cedo,
pelos bebês e crianças, que não possuem o
sistema imunológico fortalecido.
Peixes e frutos do mar
Peixes e crustáceos

Ácaros e insetos

Reações cruzadas

Tropomiosina
Soja

A soja está se tornando cada dia mais popular


por causa de seus benefícios nutricionais, mas
também é um dos alimentos que mais causam
alergias alimentares em crianças, muitas vezes
começando com alimentos infantis a base de soja
e, em cada vez mais casos, persistindo até a
idade adulta.
Alimentos transgênicos
e alergia
 O trigo, também está sendo modificado e as
pesquisas são promissoras. Já no amendoim, a
produção de variedades pouco alergênicas levará
ainda algum tempo;
 Atualmente, também já se encontra uma
variedade de soja transgênica, desenvolvida para
não provocar reação alérgica.
Obrigatoriamente, os alimentos transgênicos são
testados para avaliar seu potencial alergênico, por
meio de protocolos aprovados por organismos
internacionais, sua segurança é muito maior do
que alimentos convencionais (AZEREDO, 2007;
BOREM;COSTA, 2002).
Patogênese
Imaturidade da barreira mucosa intestinal

Incidência mais alta de AA em lactentes e


crianças

- Estudos experimentais sugerem que a flora


bacteriana tem um papel crucial no
desenvolvimento de alergia e tolerância;
Patogênese

Produção de anticorpos IgE

Reações de hipersensibilidade imediata tipo I


Patogênese da hipersensibilidade a
alimentos: barreira intestinal

 O sistema imunológico associado a barreira intestinal é capaz


de discriminar entre substâncias estranhas inofensivas ou
organismos comensais e patógenos perigosos
 Alergia alimentar é uma resposta anormal para a mucosa do
sistema imunológico a antígenos captados por via oral
 A imaturidade do da barreira da mucosa e o sistema
imunológico exercem um papel no aumento da prevalência
das infecções e alergia alimentar nos primeiros anos de vida.

Adapted from J Allergy Clin Immunol 2004;113:808-809


Patogênese da hipersensibilidade a
alimentos: barreira intestinal

 Cerca de 2 % dos antígenos ingeridos são absorvidos e


transportados de maneira intacta a circulação sanguínea de
uma forma intacta, mesmo em um trato gastrintestinal
imaturo

 Ainda não estão adequadamente elucidados os mecanismos


imunológicos envolvidos na indução de tolerância oral

Adapted from J Allergy Clin Immunol


2004;113:808-809
Alergia Alimentar: manifestações clínicas
IgE Misto Não-IgE

Urticaria Dermatite Atópica Enterocolite por proteína


Rinite/Asma
Anafilaxia
Doença Celíaca
Síndrome da Alergia Oral Alterações Dermatite de Contato
Sintomas gastrintestinais gastrintestinais Dermatite herpetiforme
Eosinofílicas

Adapted from J Allergy Clin Immunol.


1999;103:717-728
Alergia alimentar: sintomas cutâneos
Dermatite Atópica

 Geralmente começa no início da infância


 Caracterizada por distribuição típica, prurido intenso, e curso crônico e
recidivante
 IgE específica se liga a células de Langerhans que atuam como
receptores “não tradicionais” na captação de antígenos
 Alergia alimentar exercem um papel na piora da dermatite atópica em
35% dos casos especialmente em crianças com dermatite atópica
moderada a grave.
Alergia alimentar: sintomas cutâneos
Urticária aguda e angioedema
♦ O sintomas mais comum de reação a alimentos

♦ A exata prevalência destas reações é desconhecida

♦ Urticária aguda relacionada a alimentos também são

comuns
Urticária Crônica:
♦ Alergia alimentar é uma causa infrequente de urticária

crônica e angioedema
Alergia IgE- mediada: manifestações
respiratórias
Asma
 Uma manifestação incomum de alergia alimentar
 Geralmente vista associada a outros sintomas induzidos por

alimentos
 Vapores emitidos durante a cocção podem induzir reações

asmáticas
 Sintomas de asma devem ser suspeitados em pacientes com asma

refratária a tratamento associados a:


 história de dermatite atópica
 refluxo gastroesofágico
 distúrbios alimentares quando lactente
 história de testes cutâneos positivos a alimentos
 ou reações a alimentos
Rinoconjuntivite
 Normalmente observadas durante testes de provocação com

resultados positivos, ocasionalmente referido por pacientes.


Alergia IgE- mediada: Reações sistêmicas
ou síndrome anafilática
 Anafilaxia induzida por alimentos
- instalação abrupta
- Envolvimento multisistêmico
- potencialmente fatal
- Qualquer alimento pode desencadear, maiores riscos;
amendoim, castanha crustáceos, leite e ovo
Alergia IgE- mediada: manifestações do TGI
Síndrome da Alergia Oral (SAO)
 Desencadeado por uma variedade de proteínas de
plantas que apresentam reação cruzada com
aeroalérgenos
 Pacientes alérgicos a pólen podem desenvolver
sintomas após a ingestão de vegetais por exemplo
◦ Alérgicos a ambrosia reagem a melão e banana
◦ Alérgicos a bétula reagem a batatas cruas, cenouras, aipo,
maçãs, pêras, avelãs e kiwi
 Immunotherapia para tratar a rinite desencadeada
por polens pode reduzir os sintomas orais de alergia

Adapted from J Allergy Clin Immunol. 2004;


113:808-809
Prevalência de alergia alimenatr relacionada aos
sintomas apresentados

Alteração Alteração de alergia

Anafilaxiais 35 - 55 %
Síndrome da Alergia Oral 25 - 75% em pacientes alérgicos a
pólens
Dermatite Atópica 35% em crianças (raros em adultos)
Urticária 20% nos quadros agudos (raros nos
quadros crônicos)
Asma 5 - 6% em crianças asmáticas com
alergia alimentar
Rinite Crõnica Raro
Trato gastrintestinal: quadros mistos
Eosfagite eosinofílica alérgica (AEE)
 Disfagia
 Dor abdominal
 Baixa resposta a medicamentos anti-
refluxo
 Biópsia: presença de eosinófilos ++++
mais de 20 eosinófilos por campo de
grande aumento

Bullock et J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2007


Trato gastrintestinal: quadros mistos
Gastroenterite eosinofílica alérgica (AEG)

Perda de peso, dificuldade de


desenvolvimento e edema
Vômito e diarréia ( pós prandial)
Perda de sangue
Deficiência de ferro
Enteropatia perdedora de proteína e ferro
↑ Th2 no sangue e em mucosa
Mastócitos e eosinófilos na mucosa
Persistência da hipersensibilidade a
alimentos aos 5 anos de idade

Chehade M et al JPGN 2006;42;516-521


Alergias não IgE mediadas: Quadros gastrintestinais
induzidos por alimentos (especialmente leite e soja)

Enterocolite* Enteropatia Proctocolite

Idade de Início dos Lactente Lactente/ Recém-Nascido


Sintomas Pré-ecolar
Duração 12-24 meses 12-24 meses ? < 12 meses?

Características Dificuldade de Mal-absorção Sangramento nas


ganho de peso Atrofia dos vilos fezes
Choque Diarréia Sem sintomas
Letargia sistêmicos
Diarréia Diarréia

* Alimentos sólidos: peixe, milho, carne de frango, peru e vegetais

Nowak-Wegrzyn et al Pediatrics 2003


Zapatero Remon L et al. Allergol Immunopathol 2005
Quadros Não IgE mediados: Enterocolite induzida
por proteína alimentar

• Ocorre em lactentes antes dos 8 a 12 meses de idade, mas


pode ser tardia em lactentes em aleitamento materno.
(leite ou soja estão implicados)
 Sintomas podem incluir irritabilidade, vômitos uma ou 3
horas após a alimentação, diarréia sanguinolenta (levando
a desidratação), anemia, dor abdominal e dificuldade de
ganho de peso
 Em adultos e crianças mais velhas, hipersensibilidade a
peixe, crustáceos e cereais podem provocar uma síndrome
semelhante com náuseas dores abdominais e vômitos.

Adapted from J Allergy Clin Immunol. 2004;


113:808-809
Quadros Não IgE mediados: Enteropatia induzida
por protéina (excluída doença celíaca)

 Ocorre de 0 a 24 meses
 Diarréia (leve a moderada com esteatorréia em 80% dos
casos)
 Alimentos implicados: leite cereais, ovo , peixe
 Baixo ganho de peso
 Diagnóstico:
◦ Biópsia mostra áreas de atrofia de vilos com
proeminente infiltrado de células, poucos eosinófilos
◦ Boa resposta a dieta de exclusão
◦ Teste de provocação pode ser necessário
 Aparecimento entre dois e três anos de idade

Adapted from J Allergy Clin Immunol. 2004;


113:808-809
Quadros Não IgE mediados: Proctocolite
induzida por alimentos

 Normalmente inicia-se nos primeiros meses de vida e


pode estar relacionada a proteínas que atravessam o leite
materno ou fórmulas de leite ou soja ingeridos pelo
paciente.
 Sangramento retal é comum
 Diagnóstico: endoscopia e biópsia de cólon (presença e
eosinófilos no epitélio e lâmina própria)
 Boa resposta a fórmulas extensamente hidrolisadas. No
caso de crianças em aleitamento materno exclusivo, dieta
sem leite e derivados
 Bom prognóstico com surgimento em geral aos 12 meses
de vida

Adaptado do J Allergy Clin Immunol. 2004;


113:808-809
Quadros Não IgE mediados : Doença
Celíaca

 Enteropatia extensa levando a síndromes mal-


absortivas
 Associada a reação imunológica a peptídeos da
gliadina presentes no trigo, centeio e cevada
 Sorologia: anti-transglutaminase IgA, Anti-
gliadina IgA (sorologia positiva é comum em
pacientes assintomáticos)
 Tratamento: Eliminação de alimentos que
contenham glúten

Adaptado do J Allergy Clin Immunol. 2004;


113:808-809
Quadros não IgE mediados afetando a pele e o
pulmão

 Dermatite Herpetiforme

◦ Erupção vesicular e pruriginosa


◦ Presente em pacientes sensíveis a glúten
◦ Associado a doença celíaca
Diagnóstico Anamnese e Exame Físico

 Anamnese: início dos sintomas , características e


reprodutibilidade
Reações agudas x reações crônicas
 Detalhes da dieta/ diário de sintomas
Alimentos suspeitos
Ingredientes escondidos
 Exame Físico: Avaliação da gravidade da doença
 Avaliação da melhor abordagem
Alergia ou intolerância?
IgE mediado ou não IgE mediado?
Diagnóstico da hipesensibiliade a
alimentos por mecanismos IgE mediados

 Anamnese: Identificação e relação com a comida


 Determinação da IgE específico: testes cutâneos
 Testes de provocação: demonstrar que a sensibilização IgE
é responsável pela reação clínica
 O diagnóstico é baseado na anamnese em associação a
identificação de anticorpos IgE específicos ao alérgeno
alimentar suspeito e quando possível confirmado pela
provocação

Adaptado de Adverse Reactions to Foods Committee.


Spanish Society of Allergy and Clinical Immunology
Alergol Inmunol Clin 1999; 14: 50-62.
Diagnóstico da hipesensibiliade a
alimentos por mecanismos IgE mediados
Anmnese: Paciente

 Idade do início dos sintomas


 Outros fatores (desencadeamento por exercício)
 História pessoal e familiar de atopia
 Fatores de risco
 Exame físico: dermatite atópica, avaliação nutricional

Adaptado de Adverse Reactions to Foods Committee.


Spanish Society of Allergy and clinical Immunology
Alergol Inmunol Clin 1999; 14: 50-62.
Diagnóstico da hipersensibiliade a
alimentos por mecanismos IgE mediados

 A anamnese é fundamental e o diagnóstico da alergia


alimentar não pode ser realizado com base em dados não
compatíveis

 Exames diagnósticos (testes cutâneos, IgE específico no


soro,etc) não tem valor se forem analisados sem as
evidências da anamnese

Adaptado de Adverse Reactions to Foods Committee.


Spanish Society of Allergy and Clinical Immunology
Alergol Inmunol Clin 1999; 14: 50-62.
Diagnóstico da hipesensibiliade a
alimentos por mecanismos IgE mediados
 Testes de puntura são utilizados para +
detecção dos alimentos suspeitos
 São considerados positivos testes em que o
alérgeno desencadeia a formação de um halo
3 mm em relação ao controle negativo
 O Valor Preditivo Positivo (VPP) é de
aproximadamente 50 %
 O Valor Preditivo Negativo Positivo (VPN) é
de > 95 % (testes cutâneos negativos
praticamente afastam as reações IgE-
mediadas)

Diâmetro  3 mm
Valores de IgE específica para diagnósticos
garantindo mais que 95% de valor preditivo positivo
(CAP-system fluorescent enzyme immunoassay)

Alimento Valores de IgE (kU/L)


Ovo ≥7.0
≤ 2 anos ≥2.0*
Leite ≥15.0
≤ 2 anos ≥5.0**
Amendoim ≥14.0
Peixe ≥20.0
Castanhas ≥15.0
Sampson HA: JACI 107:891-896,2001.

* Boyano-Martinez T, Garcia-Ara C, Diaz-Pena JM, et al: Clin Exp Allergy 31:1464-1469,2001.


** Garcia-Ara C, Boyano-Martinez T, Diaz-Pena JM, et al:
JACI 107:185-190,2001.
Diagnóstico de Alergia Alimentar
Mediada por IgE
IgE específica (CAP / RAST)
Vantagens
• Múltiplas determinações e uma única amostra
• Avaliações quantitativas e comparáveis
• Uso de alérgenos recombinantes
• Auxílio no esclarecimento do diagnóstico
Desvantagens
 Custo
 Demora dos Resultados
Interpretação dos testes laboratoriais

 Teste de puntura ou RAST / Cap positivos


- Indica presença de anticorpos de IgE sem reatividade clínica
(~50% falso positivo)
 Teste de puntura ou RAST / Cap Negativos
- Essencialmente exclui anticorpos de IgE (>95%)
 Teste cutâneos intradérmico com alimento
- Risco sistêmica não previsível
Alergia alimentar IgE mediada:
Diagnóstico
Outras abordagens laboratoriais

 Liberação de histamina após ingestão de alimentos:


Sensibilidade e Especificidade semelhantes á IgE
específica
 Liberação de leucotrienos pelos basófilos após
contato com alimento: não bem estudado
 Realizar durante testes de provocação
- Liberação plasmática e urinária de histamina:
elevada sensibilidade e baixa especificidade
Diagnóstico: Dieta de eliminação e provocação

 Dietas de Eliminação (1 - 6 semanas):


- Dietas de eliminação de alimentos suspeitos ou
- Dietas restritas ou
- Dietas elementares

 Teste de Provocação Oral


- Necessária Supervisão Médica
- Necessário suporte de emergência para eventual
reação adversa
Testes de provocação controlados:
Provocação Aberta

 Em lactentes e crianças  3 anos, uma provocação aberta


de sob observação médica pode ser suficiente para
reações de tipo imediatas (a menos que haja um
componente emocional de familiar)

 Para pacientes com síndrome pólen-fruta ( síndrome da


alergia oral) com único sintoma, a provocação aberta
pode ser suficiente para diagnóstico. Entretanto testes
DCPC são recomendados em protocolos de pesquisa
clínica ou outras situações relacionadas como por
exemplo existências de discrepâncias entre a história
clínica e o resultados dos testes diagnósticos
EAACI Position paper
Allergy 2004: 59: 690-697
Abordagem Diagnóstica:
Quadros IgE mediados

 Avaliação da IgE específica


- Negativa: Reintrodução do alimento*
- Positiva: Iniciar dieta de eliminação
 dieta de eliminação
- Ausência de resolução: Reintrodução do alimento
- Resolução
- Testes de provocação abertos ou simples cego
para confirmação diagnóstica
-Testes DCPC para resultados duvidosos de
testes abertos

* provocação com supervisão médica quando


exames negativos
Abordagem Diagnóstica:
Quadros não IgE mediados

 Inclui doenças com mecanismos desconhecidos


◦ Intolerância a aditivos alimentares
 Dietas de eliminação (podem necessitar dieta elementar)
 Provocação Oral
◦ Duração do teste, tempo de reavaliação, dose.
◦ Abordagem individual da doença
◦ Casos de enterocolite podem desencadear choque
◦ Enteropatias ou gastroenterites eosinofílicas- observação
prolongada
◦ Alimentos que desenvolvem o sintomas
◦ Podem ser necessários exames auxiliares (endoscopia / biópsia)
Alergia Alimentar: Tratamento

 Diagnóstico Adequado
 Tratamento das reações
 Exclusão do alimento
 Papel do Nutricionista
 Avaliação da Tolerância
 Prevenção
 Estratégias de Imunomodulação

Adapted from Adverse Reactions to Foods Committee.


Spanish Society of Allergy and Clinical Immunology
Tratamento: Exclusão do Alimento

 Princípio do tratamento
 Fundamental na abordagem do paciente
 Considerar risco benefício
◦ Diagnóstico correto é essencial
◦ Dietas muito restritas podem levar a desnutrição
 Papel do nutricionista é fundamental
Vitaminas e minerais que podem estar
deficientes em dietas de restrição

Alérgeno Vitaminas e Minerais


Leite Vitamina A, vitamina D, riboflavina, ácido
pantotênico, vitamina B12, cálcio, e fósforo
Ovo Vitamina B12, riboflavina, ácido
pantotênico, biotina, e selênio
Soja Tiamina, riboflavina, piridoxina, folato,
magnésio, ferro, zinco, cálcio, e fósforo
trigo Tiamina, riboflavina, niacina, ferro, e folato
se enriquecido
Amendoim Vitamina E, niacina, magnésio, manganês, e
cromo
TRATAMENTO- Exemplo: Eliminação de leite

Sabor artificial de manteiga, ácidos graxos


provenientes de manteiga, caseína, caseinatos
(sódio, cálcio, etc), queijo, creme, ricota, coalho,
pudins, hidrolisados parciais ( leite, soro de leite),
lactoalbumina, lactose, leite (derivados, proteína,
sólidos, maltados, condensados, evaporados,
liofilizados, leite total, em todas suas variações),
pastas,iogurtes, coalhadas, soro de leite (sem
lactose, sem sais minerais, concentrados
protéicos).
PODEM CONTER LEITE: flavorizantes naturais,
tempero natural, chocolate, flavorizantes de
caramelo, alimentos enriquecidos com proteínas e
margarinas
Fórmulas Infantis para Substituição
 Soja (confirmar ausência de IgE específica para soja)
◦ <15% alergia a soja em pacientes com alergia a leite de vaca
IgE mediado
◦ ~ 50% alergia de soja entre pacientes com alergia a proteína
do leite de vaca não IgE mediado
 Extensamente hidrolisados:
◦ 90% de tolerância em pacientes com alergia a proteína do
leite de vaca
 Parcialmente hidrolisados: não hipoalergênicos!
 Fórmulas de aminoácido (elementares): Sem relato
de alergenicidade
Tratamento: Seguimento
 Reavaliação periódica para desenvolvimento de tolerância
 Intervalo e decisão para a provocação
◦ Depende do tipo de alimento
◦ Gravidade de sintomas prévios
◦ Alérgeno prova
 Testes auxiliares
◦ Teste de Puntura/RAST/ImmunoCAP podem permanecer
positivos
◦ A redução da concentração de IgE específica pode encorajar a
provocação
Terapias Futuras de Imunomodulaçao

 Terapia com anticorpo anti-IgE humanizado


 Imunoterapia alérgeno específica com alérgenos
recombinantes
 Imunoterapia modulada com seqüência (CpG)-
imunoestimulante
 Imunoterapia com peptídeos
 Imunoterapia com DNA de plasmídeos
 Imunoterapia com DNA
 Imunoterapia modulada por citocinas
 Indução de tolerância ou imunoterapia oral (leite, ovo,
castanhas)
ALERGIA ALIMENTAR
 ALEITAMENTO E SUPLEMENTOS
 Vários autores têm destacado o efeito
protetor do aleitamento materno exclusivo
nos primeiros meses de vida, com diminuição
da incidência de doenças alérgicas,
particularmente do eczema atópico e da
alergia às proteinas do leite de vaca (APLV).
Alergia a PTN leite de vaca (APLV)
• Estes estudos prospectivos demonstraram um
efeito preventivo do aleitamento materno
exclusivo nos primeiros 4 a 6 meses de vida,
comparativamente à utilização de
suplementos, em crianças com e sem história
familiar de atopia.
• Outros estudos demonstraram que esse
efeito protetor na prevenção de atopia não se
verificou quando o aleitamento materno
exclusivo foi inferior a 4 meses.
APLV
• Nestes estudos prospectivos, a utilização de
fórmulas hipoalergénicas combinadas com a
evicção de proteínas de leite de vaca e de
alimentos sólidos, pelo menos nos primeiros 4
meses, permitiu a diminuição da incidência de
eczema atópico e de alergia alimentar,
particularmente de APLV.
• Embora as fórmulas parcialmente hidrolisadas
de proteínas do soro tenham demonstrado um
efeito positivo na prevenção de alergia, dados
mais recentes apontam para um maior efeito
protetor com a utilização de fórmulas
extensamente hidrolisadas de caseína.
ALERGIA PTN LEITE DE VACA-
RECORDANDO
Tratamento
 O uso de fórmulas à base de proteína de soja
para a alergia ao leite de vaca é um tanto
controverso. Em geral, não se aconselha
introduzir um novo alimento, como soja, em
pacientes com barreira da mucosa ativamente
inflamada, lesada e hiperpermeável por pelo
menos 1 mês, para não torná-los sensíveis a
outro alérgeno potente.
 A duração do tratamento depende do tipo de
alergia. Diferentemente da alergia a nozes, que
geralmente é permanente, a alergia à proteína do
leite de vaca normalmente desaparece nos três
primeiros anos de vida na maioria dos pacientes;
 Por fim, questiona-se a existência de evidências

de que uma dieta contendo poucos alérgenos é


benéfica aos lactentes na população geral, sem
fatores de risco específicos.
IDADE DE INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS SÓLIDOS

 Os comitês de nutrição das sociedades


americana de Pediatria e europeia de
Alergologia Pediátrica concordam que a
introdução de alimentos sólidos se deverá
processar entre os 5 e os 6 meses em
crianças com história familiar de alergia.
IDADE DE INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS SÓLIDOS
GESTAÇÃO

• A gravidez poderá decorrer sem restrições


dietéticas, embora se aconselhe a evicção do
amendoim e dos frutos secos.
• Não é necessária restrição da dieta da mãe
durante o aleitamento, recomendando-se, no
lactente, a evicção de alimentos sólidos até
aos 4 meses.
• Nas crianças de risco atópico, o aleitamento
materno exclusivo é aconselhado, se possível,
até aos 6 meses.
Gestação e Amamentação
• Dieta materna durante o período de
aleitamento
• A dieta materna durante a amamentação parece
ter algum benefício na prevenção da alergia às
proteínas do leite de vaca e no eczema atópico.

• Durante o aleitamento materno, a restricão de


alguns alimentos alergizantes, como produtos
lácteos, ovo, peixe, amendoim e soja, associa-
se à redução da prevalência de eczema atópico
dos 12 aos 18 meses nas crianças de risco.
Conclusão
 A evicção específica de ovo e de peixe deverá
efetuar-se pelo menos até aos 12 meses.
 Os frutos secos, frutos tropicais e mariscos

devem ser evitados até aos 3 anos.


 Se a criança apresentar eczema atópico, a

mãe poderá ter que retirar da sua dieta,


durante o aleitamento, alimentos como leite,
ovo, peixe e frutos secos.
Probiótico
 Alguns estudos demonstraram a redução da
ocorrência de eczema atópico aos 12 meses e
aos 4 anos, quando os suplementos foram
administrados nas últimas 2 a 4 semanas de
gestação e nos 6 primeiros meses.
 A possibilidade de os probióticos induzirem

um perfil citocínico Th1, ao nível da


microflora intestinal.
Alergia Alimentar (AA)
• Probióticos
• Kalliomaki et al. acompanharam 132 gestantes, onde
metade utilizou Lactobacilos rhamnosus (cepa GG) e
metade placebo, de 2 a 4 semanas antes do parto e
durante seis meses após o nascimento (para a
lactante quando em aleitamento materno exclusivo
ou para o lactente quando em aleitamento artificial).
• Após dois anos de seguimento, a prevalência de
eczema atópico foi 50% inferior no grupo que utilizou
pro-bióticos, quando comparado ao grupo controle.
• Estudos mostram a diferença na composição da
microbiota de pacientes com e sem AA onde se
evidenciou diminuição na quantidade de
bifidobactérias nos pacientes com AA.
Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012
ALIMENTAÇÃO
• Outros alimentos
• Tem sido colocada a hipótese de que:
• um menor consumo de antioxidantes
• um aumento do consumo de ácidos
polinsaturados n-6
• e uma diminuição do consumo de ácidos
polinsaturados δ -3 contribuem para o aumento
recente de asma e de doença atópica.
• Os antioxidantes alimentares como as vitaminas
A, C e E e o selênio, parecem prevenir o
desenvolvimento de doenças alérgicas.
ALIMENTAÇÃO
• IMUNONUTRIENTES
OBJETIVOS
• REDUZIR a habilidade das células imunes em
reconhecer o antígeno
• REDUZIR a ativação e multiplicação das células
imunes
• REDUZIR capacidade fagocítica e citolítica
alterando a composição de membranas e/ou de
enzimas
• REDUZIR as interações cooperativas entre as
várias células imunes
IMUNONUTRIENTES
• Entendendo a barreira intestinal
• Nutrição enteral precoce (críticos e queimados)
• Nutrientes imunomoduladores
• GLUTAMINA e FIBRAS
• Arginina
• Ácido graxo ômega-3 (relação w6 : w3)
• Vitaminas (vit A, E, C, B6)
• Elementos traços (Se e Zn)
AA Papel da microbiota intestinal

• A formação da microbiota intestinal acontece


de forma predominante até os dois anos de
vida e sofre influencia de fatores ambientais.
• O parto cesáreo associa-se a maior risco de
AA nos dois primeiros de vida, o uso
indiscriminado de antibióticos em crianças
jovens aumenta o risco de doenças atópicas
em geral e a exposição a animais de
estimação pode reduzir o risco de
sensibilização a alérgenos alimentares e
ambientais até os cinco anos de idade.
Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012
Produtora de
lisozimas
antibacterianas
Barreira Gastrointestinal
Aspectos imunológicos

• G.A.L.T (tecido linfóide associado ao


intestino) – 25% da mucosa intestinal e ́tecido
linfóide
• Imunoglobulina (Ig)
– 70-80% de todas as Ig são secretadas
através da mucosa intestinal para o lúmen
• 60% do sistema imunológico esta na mucosa
intestinal.
 Tanto lactobacilos como bifidobactérias, são
capazes de induzir a quebra de proteínas com
potencial alergênico no trato gastrointestinal. Esse
processo pode contribuir para a redução da
alergenicidade das proteínas, minimizando o risco
de alergia alimentar.
GLUTAMINA
• Importante substrato para a gliconeogênese
• Transporte inter-órgãos de carbono e
nitrogênio
• Precursor dos nucleotídeos
• “Essencial” para a síntese protéica
• Regulador da “síntese e hidrólise” protéica
Importante combustível metabólico para a
rápida replicação celular
COMBUSTÍVEL PREFERENCIAL PARA CÉLULAS
IMUNE E ENTERÓCITOS
GLUTAMINA
• Glutamina muscular de paciente grave é
depletada
• – 50 a 80% do normal
• – não há preservação da glutamina muscular
• – catabolismo protéico é 3 vezes maior que o
normal
• Baixos níveis de glutamina muscular deve-se
• – ao efluxo acelerado
• – aumento da utilização da glutamina
FIBRAS
 Insolúvel:
 – massa fecal por reter água

– auxilia na normalização da função e


 estrutura intestinal
 – a translocação bacteriana
 – auxilia na regulação do tempo de trânsito

intestinal
 Fibras versus (X) imunonutrição
FIBRAS
 Solúvel:
 Rápida e completamente fermentada pela

microflora anaeróbica no ceco


 importante substrato na manutenção da

função e estrutura colônica


 previne a atrofia da mucosa ileal e colônica
 estimula a proliferação da mucosa intestinal
 auxilia na regulação do tempo de trânsito

intestinal (diarréia e obstipação)


 fonte energética para as bactérias colônicas

geradas pelos ácidos graxos voláteis .


ARGININA
• ↑síntese de colágeno (cicatrização)
• ↑ cicatrização de feridas
• ↑resposta imune (modulafunçãodolinfócitoT)
• ↑produção das célulasT, NK ,citocinas
• Precursora do oxido nítrico
• Em animais:
• ↓ incidência de tumor após exposição ao
carcinógeno
• ↓ crescimento tumoral e metástases
↓ intervalo para regressão da massa tumoral
• ↑ sobrevida
ARGININA e ON
• O OXIDO NITRICO É :
• Substrato l-arginina
• Vasodilatador
• Previne aderência e agregação plaquetária e de neutrófilos
• Previne a adesão destas células ao endotélio normal
• Regula a permeabilidade do endotélio

• Modulador da permeabilidade intestinal


• Administração exógena de óxido nítrico: mantém a
estrutura e função intestinal normais nas condições de
endotoxemia; falência de múltiplos órgãos;
isquemia/reperfusão
• Bloqueio de síntese de óxido nítrico: desarranjo na
estrutura da mucosa intestinal e prejuízo nas suas
funções
LIPÍDEOS
OMEGA 6
OMEGA 3
Conclusão da Alergia Alimentar
em adultos
• Tratamento nutricional
• A base do tratamento da AA disponível, até o
momento, é a dieta de exclusão do produto e
derivados.
• aproximadamente 50% a 75% alcançam e
toleram a dose de manutenção apos o
processo de imunotolerização.
• Todavia, enfatiza-se que os protocolos de
imunoterapia oral devem ser necessariamente
conduzidos em ambiente altamente
supervisionado.
AA Nutrientes específicos

• A dieta ocidental típica tem uma proporção relativamente alta


de ácidos graxos ômega 6 em relação aos ômega 3 o que
parece estar relacionado ao aumento de algumas doenças,
incluindo as alérgicas.
• A redução no consumo de nutrientes antioxidantes (vitamina A,
E, C e selênio) relaciona-se a desequilíbrio da resposta
imunológica, inflamatória e do estresse oxidativo e parece
associar-se com maior risco para o desenvolvimento de
alergias alimentares.
• A vitamina D apresenta papéis importantes relacionados ao
sistema imunológico, como função de diferenciação de
linfócitos e manutenção da integridade da mucosa intestinal.
• AS concentrações extremas de vitamina D, tanto para
deficiência como para o excesso, associam-se com maior risco
para desenvolvimento de sensibilização a alimentos.
VET Alergias
• CHO Normo
• PTN normo ligeiramente Hipo (magras)
• LIP normo (⬆Omega 3)
• VITAMINAS normo
• MINERAIS normo (selênio e zinco)
• Fracionamento normal

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