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Eu sei exatamente tudo o que você está passando e eu sei que não é
fácil!
NA AULA DE HOJE
Abordarei, neste material, sobre o Teste de Provocação Oral -
famoso TPO - para fechamento de diagnóstico.
Ainda no caso das crianças IgE mediadas, se história clínica gera dúvidas,
se a criança apresentou reações diferentes, ou não reagiu algumas vezes
ao entrar em contato com o alimento e, por fim, os exames não
apresentaram um resultado de IgE muito claro (pouco alterada), nestes
casos o médico pode pedir um Teste de Provocação Oral, para conseguir,
efetivamente, fechar o diagnóstico.
ATENÇÃO!!
Para as crianças IgE mediadas - que, alguma vez, tiveram suspeitas ao
entrar em contato com o alimento (seja o leite, ovo, trigo, milho, banana,
etc), fizeram reação de inchaço (de edema) e o médico avaliou que existe
o risco para anafilaxia, o TPO precisa ser feito com acompanhamento
médico. Nesse caso, é preciso fazer o TPO em local que tenha uma
estrutura para, se caso aconteça uma reação anafilática, a criança tenha
todo o aparato médico disponível (que seja uma aplicação de adrenalina
ou outros medicamentos), para que o socorro médico ocorra da forma
mais breve possível.
Se sua criança for IgE mediada (com risco de anafilaxia) faz inchaços
e edemas, não faça o TPO em casa!
Então, se a sua criança for IgE mediada, não corra esse risco!
Eu sei que, infelizmente, não são todas as cidades do Brasil que têm o
programa que funciona, mesmo existindo regulamentação federal para
que tenha suporte de alimentação com leite especiais para criança com
alergia alimentar. De qualquer forma, procure o SUS e se informe para a
realização do TPO.
Esses três últimos são sintomas um pouco diferenciados, já que eles têm
a participação dos eosinófilos (um outro tipo de célula), que são um
outro tipo de soldado que faz um “acampamento” a longo prazo,
querendo “morar”, querendo “ficar mais de meses instalado”,
metaforicamente falando. Esse tipo de sintoma tem que ser tratado e, na
maioria dos casos, precisa de medicamento. O diagnóstico para esse tipo
de reação precisa de uma endoscopia com biópsia.
Uma criança que pode estar reagindo com esses sintomas mencionados
acima tem dificuldade em engolir,
mesmo pouca quantidade de
alimento (seja o leite, a fórmula, ou
alimentos sólidos). Essa criança
sentirá a sensação de saciação com
muito pouco, porque ela terá o que
chamamos de “impactação” - o bolo
alimentar, líquido ou sólido, não
consegue sair do estômago.
COMO DIAGNOSTICAR
CRIANÇAS MISTAS E IGE NÃO
MEDIADAS?
Crianças com mecanismos mistos dificilmente terão o exame de IgE
positivo e crianças IgE não mediadas, com sintomas respiratórios e
gastrointestinais, não vão positivar por se tratar de crianças que não pro-
-duzem IgE.
ATENÇÃO!!
Exames de sangue oculto nas fezes, quando o sangue já é visível na
própria fralda, é totalmente dispensável! Se o sangue está visível, não é
preciso fazer este exame. Não perca o seu tempo e o seu dinheiro
fazendo exames que só vão confundir a sua cabeça.
Um estudo feito com bebês que não eram alérgicos alimentares, sem
nenhum sintoma de alergia alimentar, que estavam fazendo uso de
fórmula artificial, mostrou que cerca de 50% apresentaram positivo para
sangue oculto.
Conclusão: Esse tipo de exame não nos diz nada. Não fecha
diagnóstico.
Com a chegada das células de defesa, que iniciam uma guerra contra a
proteína do alimento, nessa guerra morrem soldados dos dois lados. Na
tentativa de impedir que a proteína entre, as células de defesa acabam
matando, também, algumas células do próprio intestino (inclusive,
abrindo feridas, muitas vezes).
2) OS SINTOMAS MELHORARAM.
Maravilha! Meio caminho andado no TPO! Agora, temos que reintroduzir
a proteína, seja na dieta da mãe (se a criança reagiu por meio do leite
materno), seja na fórmula, seja reintroduzindo o alimento com proteína
do leite de vaca (caso se trate de uma criança maior).
Por tudo isso a importância de, depois de fazer a dieta muito bem feita,
por, no mínimo, 30 dias, reintroduzirmos a proteína após notar a melhora
dos sintomas.
Então, percebam:
Ela era uma mãe que estava convicta de que a criança era APLV, até
porque ela tinha apresentado todos os sintomas de IgE não mediado
(refluxo, gases, cólica, muco, sangue nas fezes). Nesse caso, ainda por
cima, esse quadro não tinha acontecido após o oferecimento da vacina
da Rotavírus. Depois do TPO bem orientado e bem realizado,
descobrimos que não era APLV.
Fizemos a dieta bem feita, melhoramos a qualidade do intestino da
criança, desinflamando-o, e reintroduzimos a proteína do leite de vaca de
forma gradativa.
Agora, imaginem comigo: essa mãe, essa criança e essa família iriam
arrastar esse diagnóstico equivocado por quanto tempo? Por meses ou
até anos! Eles gastariam muito tempo fazendo a dieta de restrição,
gastando, por exemplo, com fórmulas especiais. Por mais que você pegue
no SUS, às vezes fica em falta (sem contar que eu sei que é uma
trabalheira, porque eu peguei para o meu filho quando precisei).
Mesmo sabendo que existem alguns protocolos que dizem para fazer
isso, eu não oriento, de modo algum, um TPO agressivo como, por
exemplo, já de cara a mãe tomar um copo cheio de leite integral durante
7 a 14 dias, ou a criança tomar mamadeira inteira de fórmula de leite ou,
se caso ela já tenha mais de um ano de idade, tomar um copo de leite
todos os dias... Eu não gosto de trabalhar dessa forma e tem um
motivo.
Uma vez, uma mãe chegou ao meu programa com a seguinte história
clínica: a criança havia estabilizado (durante os 30 dias iniciais do TPO,
antes dela entrar no programa) mesmo sem o controle de traços e
mesmo sem a restrição de medicamentos e de alguns alimentos que
continham lactose. A criança estabilizou nos 30 dias mesmo com tudo
isso. Aí, a mãe fez um TPO agressivo, tomando copos e copos de leite.
Sabem qual foi o resultado?
OS PONTOS MAIS
IMPORTANTES
Espero que vocês tenham entendido a real importância de se fazer a
dieta de restrição.
Além disso, não se esqueçam de que, para crianças IgE mediadas, o TPO
deve, sempre, ser acompanhado por médico e que, ainda com esse tipo
de crianças, os exames auxiliam no fechamento do diagnóstico (mas não
fecham).
É fácil? Longe disso! Muito longe de ser fácil… Mas dá para ser mais leve?
Dá para ter uma vida com mais qualidade?
COM CERTEZA!
Contudo, esse é um processo que exige mudanças. São mudanças nos
hábitos de vida e mudanças na alimentação de todos da casa. Não é fácil,
mas é possível.
Abracem essa mudança de vida, porque eu juro que, por mais que seja
difícil enxergar agora, ela traz coisas boas.
É muito fácil estar sentado do outro lado da mesa e dizer: “corta isso,
tira aquilo e se vira para lá…”!
Para mim isso não é um bom acompanhamento. Pelo menos não é assim
que eu trabalho.
Minha filha de 6 meses só teve sintomas leves de pele, em casos bem esporádicos. Fiz
exame de sangue e deu positivo para leite e ovo. É realmente alérgica?
Se o exame deu positivo para qualquer proteína alimentar, o médico irá analisar a história clínica
para fazer o diagnóstico. Lembrando que para ser reação alérgica, é preciso que haja a
reprodutibilidade dos sintomas, ou seja, toda vez que há contato com a proteína daquele
alimento, deverá ter uma reação - isso é imprescindível.
Com o exame que auxilia (e deu positivo), o médico irá, junto da história clínica, analisar o
resultado, Se ele achar necessário, será realizado um TPO (Teste de Provocação Oral) com esses
alimentos - no caso de IgE mediadas, sempre em local preparado e acompanhado pelo médico
alergista especialista.
Meu filho é APLV e tem alergia ao trigo, com sintomas gastrointestinais, além de
intolerante à lactose. Estou sem comer ovo e morrendo de medo de fazer o TPO.
É muito difícil que uma criança muito novinha tenha intolerância à lactose. O que acontece, na
maioria dos casos, é uma intolerância secundária, ou seja, uma intolerância à digestão de
carboidrato secundária à inflamação. Isso ocorre quando a inflamação, decorrente da alergia,
impede que as células do intestino produzam adequadamente as células para que a lactose seja
digerida.
Na medida que essa inflamação passa, muito provavelmente as enzimas voltarão a ser
produzidas de forma e na quantidade ideais, ou seja, a criança teve uma “intolerância
momentânea”. Intolerância à lactose mesmo nós pensamos apenas para crianças com mais de 6
anos. É muito difícil que isso ocorra antes dessa idade.
Sobre o TPO, seu filho não tem IgE positiva? O médico liberou para fazer em domicílio? Faça o
TPO! Tem que fechar o diagnóstico, gente. É pior ficar na incerteza.
Faça de forma gradativa. Não coloque o ovo inteiro, de cara, para a criança comer - vá de forma
segura, gradual, lenta, escalonada.
Asma, bronquite e rinite têm a ver com alergia alimentar, com alergia ao leite?
Pode ter sim! Nem toda asma, bronquite e rinite têm como gatilho a alergia alimentar. Como
você vai descobrir?
Fazendo o TPO!
Lembrando, rapidamente: mínimo de 30 dias de dieta de exclusão total da proteína (bem feita,
bem restrita, checando os medicamentos, os cosméticos e tudo mais). Depois desses trinta dias,
caso haja melhora dos sintomas, nós reintroduzimos (de forma gradativa) a proteína na dieta
alimentar. Se os sintomas voltarem (ou não), o médico fecha o diagnóstico.
Como definir a alergia como baixa, moderada ou grave em APLV com sintomas
gastrointestinais com placas vermelhas na pele e chiado no peito?
Geralmente, essa gradação de baixo, moderado e grave é feita para crianças IgE mediadas no
exame de IgE’s específicas.
Para crianças IgE não mediadas com sintomas gastrointestinais e respiratórios nós não temos
essa divisão. A gente tem mais uma divisão de criança mais sensíveis e menos sensíveis. Então,
por exemplo, se uma criança reage a traços domésticos, à inalação e ao toque é mais sensível do
que uma criança, por exemplo, que já tolera a proteína do leite de vaca em assados.
Nesse caso, então, vai depender muito da quantidade de proteína que a criança tolera. Como não
tem um exame, a gente não tem essa divisão baixo, moderado e grave para IgE não mediada.
Meu bebê está em aleitamento materno exclusivo e não reage mais ao leite materno. Como
fazer TPO direto na criança? Com quanto tempo estabilizado pode fazer o TPO via leito
materno?
TPO direto na criança, durante aleitamento exclusivo, já que seu bebê não reage mais ao leite
materno, apenas com a progressão de fórmulas.
Sobre o tempo a resposta é que depende, porque existem dois TPO’s (para fechamento de
diagnóstico e para aquisição de tolerância).
Para o TPO de fechamento de diagnóstico, a gente faz perto de 30 dias de estabilização. Pensem
comigo: se queremos fechar o diagnóstico, a gente quer fazer rápido. Se o TPO for fechado em
positivo, a criança já entra no tratamento correto, que é a exclusão da proteína.
Para avaliar a questão de tolerância, temos várias coisas a serem analisadas, como a história
clínica (se já houve um contato acidental, a criança reagiu ou não reagiu?). Se a criança não
reagiu, talvez já esteja na hora de fazer um TPO. Se a criança teve um contato acidental com a
proteína duas semanas atrás e reagiu, não está na hora de fazer um TPO.
Outro fator também é o tipo de resposta imunológica. Crianças IgE mediadas, por exemplo,
tendem, a adquirir a tolerância um pouco mais tarde do que as crianças IgE não mediadas.
Então, o médico vai avaliar o melhor momento, junto dos índices de IgE daquele exame de
sangue.
Sigam a orientação do profissional que está acompanhando vocês sempre. O que eu falo aqui é o
geral do geral para que vocês entendam o processo. Contudo, quando falamos de alergia,
estamos falando da individualidade de cada criança.
Meu bebê não está mais apresentando sinais de alergia. Eu como algumas coisas de leite.
Será que já posso tentar dar para ele bolo, pães, queijo ou algo parecido? Ele é IgE
mediado.
Nesse caso, de IgE mediado, não tente fazer isso em casa de forma alguma!
Consulte seu médico, porque, muito provavelmente, ele vai te orientar a terminar de fazer o TPO
em você primeiro. Se você está comendo assados e ele não reage, ainda tem a parte dos
derivados e do leite de vaca in natura .
Se a criança está em aleitamento, é sempre mais seguro fazer primeiro o TPO na mãe. Se a
criança não reagir, maravilha! A dieta da mãe é liberada e nós vamos para o segundo passo, que
é, justamente, fazer o TPO na criança.
Não queime as etapas, até porque, às vezes, a criança tolera algumas formas do alimento, mas
não tolera ele in natura. Quando já pulamos para o último passo, sem evoluir todas as fases,
corremos o risco de desnecessariamente, não conseguir liberar alimentos na dieta materna (aos
quais a criança não reagiria, mas não teremos como saber, porque foram passos que foram
pulados).
A pressa é inimiga do alérgico e da mãe de alérgico. Faça devagar para termos clareza de até
onde a criança está, de fato, tolerante.
Meu filho apresentava só gases e teve bronquiolite duas vezes. Por isso, demora o
diagnóstico.
Realmente, tem hora que os sintomas não são tão claros. Então, por exemplo, uma criança que é
IgE mediada e toma leite em pó ou teve sangue nas fezes, é muito mais clara a possibilidade de
ser APLV. Agora, se não tem sangue, não tem os edemas, os inchaços, as urticárias, a pele
vermelha… Realmente, é muito mais difícil do profissional surgiu, de cara, com a possibilidade do
quadro ser uma alergia alimentar.
Então, para tirar a dúvida o que tem que fazer? TPO para fechamento de diagnóstico.
Fiquei na dúvida agora. Sobre IgE não mediado, se tiver reação, para fazer um novo teste
devo esperar mais 6 meses para o mesmo alérgeno? E se forem alimentos diferentes? Aqui
é ovo, milho e soja.
TPO é um para cada proteína. Nunca faça as coisas misturadas, por exemplo, fazer um bolo com
dois desses ingredientes (ovo e milho) em um mesmo TPO. Você precisará de um TPO para cada
alimento, ou seja, para cada proteína alimentar.
Então, se estiver na fase dos assados, por exemplo, faça com um alimento de cada vez todo o
processo do TPO. Supondo, então, que você estava na primeira fase (assados) do ovo e seu filho
reagiu, anote a data e você apenas irá fazer outro TPO para o ovo depois de, no mínimo, três
meses. Aí, você pode fazer o teste com outro alimento e, aos poucos, evoluindo os estágios.
Sempre, para IgE mediados, o que o consenso fala é para esperar, no mínimo, de três a seis
meses. É lógico que aqui também entra a avaliação criteriosa e individualizada do profissional de
saúde que está acompanhando você.
Material escrito por Creation Space
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