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Qual leite é mais


indicado para
um bebê APLV?

ELABORADO POR AUTORA

CREATION SPACE JULIANA MAIA


NUTRICIONISTA CLÍNICA
JULIANA MAIA
NUTRICIONISTA CLÍNICA

Quem sou eu?


Meu nome é Juliana Maia. Sou nutricionista clínica, formada há 14 anos
(desde 2006). Tenho uma especialização em nutrição clínica e sou
especialista em alergia alimentar - em APLV (alergia à proteína do leite
de vaca). Sou apaixonada por compartilhar meus conhecimentos sobre
nutrição e minha missão é ajudar o máximo de mamães que tenham
filhos alérgicos a encontrar a cura!

Minha história
Há quatro anos (em 2016), quando meu filho, João Artur, nasceu, eu
recebi o diagnóstico de APLV dele e isso mudou a minha vida por
completo. Meu filho tinha apenas 20 dias de vida.
O João Artur era IgE Nâo Mediado para a proteína do leite, reagia ao leite
materno e a traços domésticos e tinha, sobretudo, reações
gastrointestinais fortíssimas.
Com um ano e dois meses de vida, ele adquiriu a tolerância à proteína do
leite de vaca! Contudo, o caminho até aqui não foi fácil.
Trajetória
Sim, eu era nutricionista. Sim, eu
tive aulas teóricas sobre alergia
alimentar na faculdade. Não, eu
não estava pronta para lidar com
a alergia alimentar do meu filho!
Recebi, da gastropediatra, o
clássico conselho: "retire leite e
derivados da dieta". Nós, que
somos mães de APLV, sabemos
muito bem que não é assim que
funciona na prática - e quem
dera se fosse.
Eu vi que o dia a dia exigia muitos outros conhecimentos práticos que eu
ainda
. não tinha. Cheguei à conclusão de que eu precisava adquirir mais
conhecimento para contribuir efetivamente com o tratamento do meu
filho
E, assim, eu mergulhei de cabeça nessa missão: corri atrás de mais
conhecimentos (utilizando da minha base em Nutrição); estudei muito
sobre o assunto; li inúmeros artigos; troquei experiências com mães nas
minhas redes sociais; procurei profissionais que me ajudassem
efetivamente na dieta de restrição etc... Até que montei o meu próprio
método - responsável por estabilizar meu filho e curá-lo.

Hoje
Hoje eu sou muito grata à alergia do meu filho, porque, com ela, eu
identifiquei o propósito e a missão da minha vida: fazer a diferença para
outras pessoas, através da minha profissão.
Eu mudei totalmente o foco da minha carreira para o atendimento de
bebês alérgicos e crianças alérgicas. Realizo um atendimento totalmente
virtual em todas as regiões do Brasil e no exterior também.
Descobri que o que eu faço é uma troca contínua de aprendizado e é
justamente isso que eu proponho que façamos diariamente na nossa
comunidade.
O LEITE MAIS
ADEQUADO
O leite mais adequado para qualquer
bebê, seja ele APLV ou não, é o leite
MATERNO ! É o leite materno a
primeira e principal fonte de nutrição
de recém nascidos e de bebês. O leite
materno possui propriedades
extremamente valiosas!

A IMPORTÂNCIA DO LEITE
MATERNO
Além de ser naturalmente equilibrado à necessidade de cada bebê, o
leite materno é moldado por meio da saliva do bebê: a criança, ao entrar
em contato com o mamilo da mãe, passa, pela saliva, informações
químicas e celulares sobre seu sistema imunológico. O corpo da mãe
recebe essas informações, as processa e passa a produzir o leite
modificado de forma a atender a necessidade biológica do bebê naquele
momento.

Vocês, mamães, precisam manter a amamentação o máximo possível. Eu


sei que amamentar não é fácil e que precisamos de apoio e de ajuda em
casa, mas entendam que a amamentação é vital! Explique isso para os
seus familiares, peçam por ajuda e por apoio em casa, porque quanto
mais você tiver, mais fácil será o processo.

REAÇÕES VIA LEITE MATERNO


A maior parte das reações via leite materno acontece em crianças que
têm sintomas IgE Não mediados (sintomas um pouco tardios).
Geralmente, eles são sintomas gastrointestinais e respiratórios ou são
sintomas típicos de algumas reações mistas, como a dermatite atópica
na pele.
Essa reação via leite materno acontece quando pequenas partes da
proteína do leite de vaca, de produtos ou alimentos que a mãe ingere
chegam ao organismo da criança alérgica, justamente pelo leite
materno.

O QUE FAZER NESTES CASOS?


Quando a criança apresenta reações que
estão vinculadas ao leite materno é
necessário que a lactante faça a dieta de
restrição.
A dieta é fácil? Não .

Mas com as informações corretas, com


acolhimento e com resolução de dúvidas
tudo fica mais leve? Com certeza .

LEMBRETE
É preferível que a criança mantenha um
pequeno grau de reação do que ocorra a
suspensão do leite materno e a adesão ao
uso de fórmula artificial.

BENEFÍCIOS DO LEITE MATERNO


O grande benefício do leite da mãe para a criança APLV é que as células
de defesa da mãe já são "soldados de alta patente", ou seja, já são células
maduras. Elas são passadas, pelo leite materno, e chegam ao bebê,
amadurecendo seu sistema imunológico. Isso é tudo o que queremos
para uma criança com alergia alimentar! Afinal, a alergia acontece
justamente porque o sistema imunológico da criança é composto por
poucos e imaturos soldados em seu exército de defesa .
Fazendo uma alegoria: com a chegada dos soldados de alta patente,
que sabem quem realmente é o inimigo, é explicado aos soldados
imaturos que proteínas de alimentos não são agressores e que não é
necessário disparar reações alérgicas contra elas. Proteínas de fungos, de
bactérias, de vírus, sim , são os reais agressores - aí sim é necessário
disparar uma reação alérgica.

A reação alérgica nada mais é do que o combate de células de defesa à


entrada de um inimigo. Só que, nos casos de alergias alimentares, o
sistema imunológico entende, prematuramente, que a proteína do
alimento é um organismo inimigo e provoca, assim, as reações.

Cada criança possui um dos três tipos de reações imunológicas:

1. IgE Mediada: reações mais imediatas, com angioedemas, urticárias


(placas vermelhas), inchaço em algumas partes do corpo;
2. Mistas: reações com dermatite atópica (pele áspera e machucada),
asma decorrente da alergia, esofagite, gastrite, gastroenterite
eosinofílicas;
3. IgE Não mediadas: reações com células imunológicas distintas da IgE
(imunoglobulina E), geralmente mais tardias - marcadas pelo refluxo,
dor, gazes e sangue nas fezes.

Dito isso, é importante que a mãe mantenha a amamentação pelo maior


tempo possível, porque o leite materno ajudará a amadurecer o trato
gastrointestinal, a desenvolver a fala e a locomoção da criança, assim
como a protegerá de várias doenças. No caso da alergia alimentar,
especificamente, o leite materno ajudará o sistema imunológico a
amadurecer mais rápido e, consequentemente, a curar a alergia mais
rápido.

O que nós mais queremos é que nossos filhos se curem e,


comprovadamente, a única coisa que diminui o tempo que sua criança
terá até a aquisição da cura é o leite materno.

Repito: é preferível que a mãe continue amamentando, mesmo que a


criança não esteja totalmente estabilizada - isto é, mesmo que ela sofra
de pequenos sangramentos nas fezes ou tenha distensões abdominais,
continua mais favorável o aleitamento (por mais que queremos que
nossos filhos não sofram).
O ideal é continuar amamentando com um acompanhamento
profissional, além de ter acesso às informações corretas, para que, por
meio da dieta de restrição, você consiga estabilizar o seu bebê.

O meu trabalho é focado nisso! Quero que você consiga ter todos os
cuidados devidos do dia a dia, mantenha sua alimentação de forma
segura - para você e para o seu filho. Dessa forma, você tem maiores
chances de continuar amamentando e de estabilizar seu filho de uma
forma mais suave.

Se ele ainda não estabilizou totalmente, não desista da amamentação.


Continue buscando as informações para que você consiga fazer a dieta
de forma correta, mas mantenha o aleitamento . Será infinitamente mais
benéfico você manter o aleitamento do que retirá-lo e substituí-lo pela
fórmula.

Claro que existem casos e casos. Contudo, de todas as centenas de


crianças que eu já acompanhei e acompanho hoje, existiram apenas dois
casos muito pontuais, com algumas outras patologias associadas, em que
as mães insistiram o máximo que puderam com o aleitamento (uma até
os seis meses e outra até os oito meses), mas que o melhor foi optar pela
fórmula. Entretanto, essas mães não desistiram na primeira dificuldade -
elas foram até o momento no qual não era mais possível continuar -
obviamente, com acompanhamento médico.
Dentre os muitos casos que
acompanho, foram apenas dois os
casos em que optamos pela fórmula.
Então, entendemos que esses são
casos de excepcionalidade.

Fizemos de tudo: todo o


acompanhamento, o acolhimento, as
informações necessárias para que as
mães conseguissem manter o
aleitamento o máximo de tempo
possível. Elas realmente chegaram no
limite. Em um dos casos, por exemplo,
a mãe precisava tomar um
medicamento que a impediria de
amamentar e, no outro, a mãe chegou
ao seu limite de exaustão - e isso
também precisa ser respeitado. Porém,
na maioria dos casos que eu vejo, o
limite chega muito mais rápido
quando há falta de informação,
quando há falta de acolhimento,
quando há falta de um grupo que se
acolhe - isso também é fundamental.

Procure as informações corretas, um profissional que te acolha, um


profissional que realmente te traga informações corretas - isso vai fazer
toda diferença para que você continue amamentando. E claro, é
essencial uma rede de apoio em casa. Delegue tarefas em casa, não tente
dar conta de tudo.

É muita coisa para a mulher: amamentar, cuidar dos filhos, cuidar da


casa, cuidar dela própria, fazer compras de suprimentos para a casa... É
muita coisa. Quanto mais você conseguir delegar e quanto mais ajuda
você conseguir, mais chance de sucesso em manter o aleitamento
materno você terá.

Obviamente, temos casos e casos: se a mulher optou por não amamentar,


porque chegou no limite ou porque não quer, independente do motivo,
essa escolha não pode ser invalidada. Isso é individual!
FÓRMULAS
Para os casos em que o aleitamento
materno realmente não for possível,
existem as fórmulas artificiais
hipoalergênicas - que são adequadas
para as crianças com APLV e demais
alergias alimentares.

Existem alguns tipos de fórmulas.


Podemos encontrar, dentre elas,
fórmulas que são à base de leite de
vaca , fórmula de soja e também a
fórmula à base da proteína
extensamente hidrolisada do arroz .

LEMBRETE
As fórmulas não são leite em pó materno !

Existem os bancos de leite humano !


Nesses locais, que são devidamente
esterilizados, é que se encontra leite
materno - analisado e próprio para
alimentar outros bebês. Com exceção
do leite que sai do seio da mãe, o leite
materno só pode ser encontrado em
banco de leite.

O leite que está na lata não é leite


materno - é de vaca ou vegetal. Hoje,
dentre as fórmulas hipoalergênicas,
dispomos da fórmula artificial de soja
(comum e artificial) e da fórmula à base
da proteína do arroz.
Hipoalergênico é o produto que tem baixo poder de causar alergia. Para
a fórmula ser considerada hipoalergênica, pelo menos 80% das crianças
com APLV devem tolerar a fórmula.

Fórmulas parcialmente hidrolisadas - algumas marcas colocam HA ao


final - não são indicadas para crianças com APLV, porque mais de 20%
delas reagem a esse tipo de fórmula.

As fórmulas adequadas para crianças com APLV são as extensamente


hidrolisadas . Nesse campo, dispomos das fórmulas à base de proteína
do leite de vaca (com e sem lactose) e também da fórmula extensamente
hidrolisada da proteína do arroz (no Brasil, temos apenas uma marca
fabricante).

Além dessas, existe uma fórmula ainda mais hipoalergênica, que não
causa reação alérgica: as fórmulas de aminoácidos . Essas fórmulas são
feitas à base de aminoácidos sintéticos, e não à base da proteína do leite
de vaca. Algumas crianças podem ter um leve desconforto, porque o
intestino pode estar muito sensibilizado ou porque a criança desenvolveu
uma disbiose (desequilíbrio da flora intestinal), mas essa fórmula não faz
reação alérgica.

O que são aminoácidos?


As proteínas são cadeias de aminoácidos, que é a menor parte da
proteína. Imagine um colar de pérolas: ele inteiro é uma proteína; o fio
que liga essas pérolas são as ligações pepitídicas; e as pérolas são os
aminoácidos.

Às vezes, os organismos de algumas crianças, que possuem o sistema de


defesa muito sensível, reconhecem a proteína, mesmo quando ela está
extensamente hidrolisada - bem "quebrada" - , porque, muitas vezes, há
ligações de duas a três "pérolas" e há as ligações peptídicas, o que faz
com que a estrutura seja reconhecida como a proteína do leite de vaca.

O sistema de defesa de outras crianças que não são tão sensíveis, por
outro lado, não reconhece os aminoácidos dessa fórmula como a
proteína do leite de vaca e, portanto, não faz reação.
Cerca de 80% a 85% das crianças com APLV toleram as fórmulas
extensamente hidrolisadas. Porém, entre 10% a 15% das mesmas
reconhecem a fórmula como proteína do leite de vaca e fazem reação
alérgica.

Para as crianças cujos organismos reconhecem as fórmulas


extensamente hidrolisadas como proteína do leite de vaca, existe a
possibilidade de trocá-la pela fórmula de aminoácidos. Porém, essa é
uma fórmula mais cara, mais rala e crianças com refluxo associado
precisam de um cuidado extra com esse tipo de fórmula. Para essas
crianças, também há a possibilidade de usar-se a fórmula de arroz ou a
fórmula de soja.

Quando a criança está inflamada e em reação - principalmente a criança


que tem sintoma gastrointestinal - o foco é em desinflamá-la. Se o
intestino dela está todo "aberto" e todas os alimentos passam direto, eu
não testaria a fórmula extensamente hidrolisada. Essa não é a minha
prática clínica e nem o que eu orientaria, porque isso não é o melhor
para a criança.

Por que não? A criança já está muito inflamada, não é o momento de


fazer nenhum teste! Não é momento de pensar: "Vamos esperar 15 dias
para ver se essa criança tolera" . Essa não é a minha prática clínica.

Então, o que eu oriento, nesses casos, é que se faça uso de uma fórmula
com mais segurança para o momento, passe cerca de um a dois meses
com ela, espere a criança desinflamar e, só depois, fazer a transição das
fórmulas. Isso é uma prática muito mais segura e efetiva.

Nós temos essas outras três possibilidades de fórmula. Lembrando que: a


fórmula de aminoácidos é uma fórmula extremamente cara, tem um
cheiro e um gosto mais forte; e crianças muito novas não tem o paladar e
o olfato desenvolvidos como nós, então elas tendem a aceitar essa
fórmula com muito mais facilidade do que crianças mais velhas (essas
podem recusar esse tipo de fórmula por causa do gosto ou do cheiro).
A fórmula de arroz ainda é uma fórmula
muito discutida, sem consenso e que não
entrou no programa de fórmulas
hipoalergênicas do SUS. Há anos, ela é
bastante usada no exterior (principalmente
na Itália, Espanha, Alemanha, França), mas
aqui, no Brasil, ela é nova. Então, existem
estudos sendo feitos. Há muita polêmica:
alguns profissionais não a recomendam e
outros sim. Contudo, com base em tudo o
que eu li a respeito, não há nada que me
faça contraindicar essa fórmula.

Quando tratamos de alimentação infantil, é


claro que precisamos ter o cuidado de ter o
maior nível se segurança possível, mas
nenhum estudo sério, até hoje, encontrou
algo na fórmula extensamente hidrolisada à
base do arroz que contraindicasse o uso
dessa fórmula por crianças.

Como eu disse, ela é usada há muitos anos na Europa e com grande


sucesso durante o tratamento das alergias alimentares.

Lembrando que fórmula só alimenta. Fórmula não trata alergia.

O tratamento clássico, até hoje, é o isolamento da proteína, até que o


sistema imunológico da criança amadureça e pare de reagir àquela
proteína alimentar.

Fazendo um comparativo da fórmula de aminoácido com a fórmula


extensamente hidrolisada do arroz, esta é uma fórmula que se equipara à
fórmula extensamente hidrolisada da proteína do leite de vaca - ela tem
uma aceitação melhor, porque seu gosto é mais palatável e a sua
consistência é um pouco mais grossa. Então, crianças com a doença do
refluxo associado tendem a aceitá-la melhor.

Cuidado com crianças que fazem FPIES com esse tipo de fórmula,
porque a criança pode reagir ao arroz, uma vez que ele está
frequentemente ligado às reações de FPIES.
A fórmula de soja , também usada há anos, conta com muitos
pensamentos equivocados acerca de seu uso. A soja tem fitormônios
(hormônio recomendado para mulheres que estão na menopausa, para a
regulação hormonal) e, por isso, surge um medo muito grande da soja
ser responsável por uma "feminilização" - nos meninos, principalmente -,
fazendo com que meninos desenvolvam características femininas, tendo
o crescimento da mama como o principal medo das famílias.

Não há nenhum estudo científico que respalde essa ideia ou que


desqualifique o uso da fórmula de soja nesse sentido - de causar
feminilização em meninos.

Atualmente, nós temos muitas possibilidades de fórmulas hipoalergênicas.


Quando eu me formei (14 anos atrás), não tínhamos essa quantidade de
fórmulas adequadas que poderiam ser utilizadas por crianças com APLV.

Aprendi na faculdade sobre o uso de leite de frango, que era caldo de


frango cozido. Principalmente nas famílias de baixa renda (nos interiores do
Brasil, onde o acesso à essas fórmulas era muito mais difícil), muitas
crianças com alergia ao leite de vaca sobreviveram com esse caldo. Não é o
mais adequado e nem o mais completo nutricionalmente, mas, nesses
casos, um bom profissional fazia a suplementação necessária de nutrientes
e era isso o que tínhamos.

RELATO PESSOAL
Meu filho, João Artur, nasceu em 2016.
Apresentou sangue nas fezes com 12 dias e com
20 dias de vida teve o diagnóstico. Aos 7 meses
de vida, eu voltei a trabalhar e passava muitas
horas longe dele. Como eu o levava a uma
escolinha, esse foi o momento em que eu tentei
extrair leite, mas, pelo tempo que ele ficaria
longe de mim, eu não tinha a segurança de que
ele estava bem alimentado. Até porque, nos
primeiros meses da introdução alimentar, como
eu não fui orientada corretamente, entrei com
frutas e ele reagiu diversas vezes.
Com 7 meses, ele ainda não estava estabilizado, porque fui instruída de
forma equivocada (na época, pela gastropediatra que nos orientava) e
porque, por isso, fiz a introdução alimentar de forma errada. Ele
começou na creche sem alimento sólido ainda - então nem isso eu tinha
para me ajudar (para que eu conseguisse mandar um pouco de leite
materno congelado, por exemplo). Enfim, acabei entrando com fórmula
e foi o que salvou a vida dele.

Por isso que eu digo, as fórmulas hipoalergênicas existem e, quando


bem indicadas, salvam vidas e ajudam sim! Contudo, sou muito a favor
do leite materno! Eu preciso sim falar da importância do leite materno,
porque hoje, infelizmente, temos muitos profissionais - da saúde,
inclusive - que falam mal do leite materno. Inclusive, que distribuem a
falácia de que após 1 ano de idade a criança não precisa do leite
materno.

Estudos mostram cada vez mais a importância


da criança ser amamentada ao seio por, no
mínimo, até 2 anos de idade! Mesmo após essa
idade o leite materno tem muitos benefícios.

Nós poderíamos viver com o leite materno até


a idade adulta, de tão completo e eficiente
que ele é. É o único alimento totalmente
completo, totalmente seguro e equilibrado em
termos de macronutrientes (carboidratos,
proteínas e lipídeos) e micronutrientes
(vitaminas e minerais), além da peculiaridade
de que ele se adéqua à medida que a criança
cresce.

Em nenhum momento pode-se dizer que o leite materno é fraco,


prejudica a criança ou prejudica a introdução alimentar!

A introdução alimentar acontece para cada criança de uma forma. Para


algumas crianças, a introdução é muito mais facilitada, ou seja, a
adequação é rápida. Contudo, existe o contrário: para algumas crianças,
essa mudança para o alimento sólido é mais difícil, há uma resistência
alimentar maior - às vezes há uma seletividade maior causada por
alguma fator que tenha sido desenvolvido nos primeiros meses. .
Nesses casos, é preciso do auxílio do nutricionista, do médico, de
fonoaudiólogo, às vezes até de um terapeuta ocupacional. Tudo isso deve
ser analisado...

A introdução alimentar precisa e deve ocorrer a partir dos 6 meses. O fato


da criança ser alérgica não pede que a introdução comece antes desse
tempo. Muito pelo contrário: para alguns alérgicos, eu preconizo fazer
essa introdução um pouco depois - não necessariamente retardar a
introdução, mas, dependendo do estado que a criança chega até mim, se
ela ainda está muito reativa e inflamada, eu estabilizo-a antes de
começar a introdução alimentar, para que tudo seja feito da forma mais
segura.

O aleitamento precisa ser mantido! O ideal procurar um profissional de


saúde especializado, para que você possa entender o cenário da
introdução alimentar da sua criança - mas não retire o aleitamento
"porque ele está prejudicando" a introdução alimentar! Isso não existe .

As fórmulas são de grande ajuda para nós, mães, e cada uma de nós é
livre para escolher amamentar ou não. Essa escolha é individual e
depende de inúmeros fatores, até porque o dia a dia e a realidade de
uma mãe apenas ela poderá entender - eu sei que é difícil amamentar.
Então, como suporte , existem as fórmulas.

Retomando nosso estudo sobre a fórmula de soja, o consumo dela não é


indicado para crianças IgE Mediadas, Mistas ou Não Mediadas antes dos 6
meses de idade. É preciso que haja muito cuidado com a utilização dessa
fórmula em crianças IgE Não Mediadas - com sintomas tardios
gastrointestinais, que tenham refluxo, distensão abdominal, gazes, dor
abdominal, muco e sangue nas fezes - , porque as proteínas da soja e do
leite são muito similares e, por isso, o sistema imunológico, na medida
que a criança faz o uso desse fórmula, pode entender ela como a
proteína do leite de vaca - o que ocasionará em uma reação alérgica. As
crianças IgE Mediadas para o leite tendem a aceitar melhor a fórmula de
soja e não reagir a ela. Contudo, essas mesmas crianças (IgE Mediada
para leite) podem também desenvolver uma reação não mediada para
soja - então, cuidado!
A fórmula de soja é uma opção, mas tenha muito cuidado com seu
uso. Para nenhum tipo de alérgico alimentar ela é recomendada
antes dos 6 meses e, para bebês acima de 6 meses, muito cuidado
com IgE Não Mediadas com sintomias gastrointestinais, porque o
sistema imunológico desses bebês tende a reagir alergicamente.

Anteriormente, eu disse que o


único alimento completo é o leite
materno.

Com o passar do tempo,


precisamos recorrer a vários
alimentos que têm nutrientes
diferentes e vários grupos
alimentares, para fazer uma
composição rica, que consiga
suprir, na nossa alimentação, aquilo
que o leite materno fazia sozinho.
Dessa forma, conseguimos
compreender como o alimento é
incompleto frente ao leite materno.

Cereais têm alguns nutrientes, as


oleaginosas (grupo de amêndoas,
castanhas, amendoim) têm outros
nutrientes, mas os dois não são tão
completos quanto o leite materno.

O leite de coco, por exemplo, também tem outras características, mas


também não é tão completo como o leite materno.

As fórmulas infantis são combinados que a indústria faz ao usar da


proteína desses alimentos e suplementá-los, equalizando os nutrientes e
os micronutrientes, que são as vitaminas e os minerais, na tentativa de
fazer com que o pó tenha, em termos nutricionais, a riqueza nutricional
do leite materno. Então, fórmulas são totalmente suplementadas,
alteradas - alguns nutrientes são aumentados e outros reduzidos, para
que ela fique com a caracterização mais próxima do leite materno.
LEITES VEGETAIS
Os leites vegetais - o extrato (suco) do vegetal - podem ser de cereais
(arroz, aveia), de oleaginosas (castanha, amendoim, pistache, amêndoas)
e até de fruta (como de coco), mas eles não são completos e, na maioria
das marcas, infelizmente não são suplementados com cálcio. Como
sabemos, o grupo de leite de vaca e derivados é parte muito importante
da nossa alimentação como fonte de cálcio. Algumas marcas de leite
vegetais suplementam esse mineral, mas outras nem isso fazem, o que
torna o leite, nesses casos, um caldo de vegetais.

Leites vegetais não são adequados para suprir as necessidades


nutricionais de crianças até 2 anos.

Até 2 anos, o que se preconiza é: na ausência do leite materno, use as


fórmulas infantis, que são modificadas para ficarem mais próximas do
leite materno. Após seis meses, soma-se essa dieta à introdução
alimentar.

Se a criança alérgica, acima de 2 anos, não é alérgica a múltiplos


alimentos (o que pode ser um dificultador para que a criança tenha
acesso a todos os nutrientes da dieta), por exemplo, se ela for alérgica
apenas a proteína do leite de vaca e ao ovo, ou apenas ao trigo, mas
come dos outros grupos alimentares de uma maneira equilibrada, em
quantidades suficientes, após dois anos, poderíamos pensar em tirar a
fórmula.

Então, o leite vegetal só pode ser usado por crianças maiores de 2 anos,
como "substituto" da fórmula, se a criança tiver uma dieta balanceada e
adequada.
O programa do SUS só fornece fórmulas até os 2 anos de idade.

Em termos de fórmulas hipoalergênicas, podemos considerar a remoção


delas e a manutenção de uma alimentação bastante equilibrada e
adequada, com o uso dos leites vegetais, para aquelas crianças que tem
necessidade de tomar algum líquido parecido com o leite. Nesses casos,
é imprescindível que essa criança tenha o acompanhamento de um
nutricionista, porque para a mãe que não entende como fazer essa dieta
equilibrada, é arriscado a remoção da fórmula de forma precoce, sem
que as necessidades da criança sejam atendidas. Então, leite vegetal só
pode ser usado a partir de 2 anos, como "substituto" da fórmula, apenas
se a criança tiver uma alimentação adequada.

O leite vegetal pode ser utilizado antes dessa idade só como ingredientes
em receitas culinárias (pães, bolos, biscoitos caseiros) para crianças a
partir de 10, 11 meses.

IMPORTANTE!
Fórmulas não podem ser esquentadas, pois perdem-se nutrientes.
Nunca esquente fórmula artificial, seja ela hipoalergênica ou não.

No caso de preparações, pode-se usar o leite vegetal. O que não pode


acontecer, de jeito algum, é retirar a fórmula antes de dois anos de idade
e adotar, no lugar, o leite vegetal. Isso é perigoso, além de trazer um risco
nutricional para a criança e consequentemente para sua saúde - até de
déficit de crescimento e carência de algumas vitaminas e minerais muito
importantes para o desenvolvimento neurológico e motor da criança.
Muito cuidado com isso! Não tire a fórmula antes de 2 anos e a
substitua por leite vegetal.
Essa substituição só pode ser feita se for em uma criança de 1 ano e
meio, no mínimo, e a nutricionista tenha calculado toda a sua dieta, de
maneira que ela já coma, em quantidade e qualidade suficientes, todos
os nutrientes necessários. Apenas nesses cenários, se necessário, ela
suplementará a dieta com o leite vegetal. Até porque, nesses casos, a
criança estará respaldada pelo cálculo profissional de sua dieta.
DÚVIDAS
Entenda um pouco mais sobre o assunto, a partir da experiência
de outras mamães como você!

"Minha bebê de 7 meses, no início, comia papinha, mas agora está fazendo vômito. O que eu
faço?"

Nesse caso é necessário uma avaliação. Esse era o sintoma de alergia alimentar? Ela está em
reação? Ela tem outros sintomas associados? Levantando possibilidades, o ideal seria verificar com o
médico que faz o acompanhamento, procurar um fonoaudiólogo, para saber se ela pode estar
tendo alguma reação de hipersensibilidade na boca.
Os alimentos que estão na papinha foram testados separadamente? Esses alimentos passaram? Não
fizeram reação? Casos como esse precisam de uma avaliação mais aprofundada.
.
"Meu bebê tem 8 meses, toma uma fórmula extensamente hidrolisada da proteína do leite
de vaca sem lactose, mas não aceita o leite puro, somente batido com frutas. À noite ele
ainda mama. Teria alguma coisa que eu posso misturar com o leite para eu tirar, aos poucos,
o peito?"

Digamos que você já tenha chegado no seu limite e não tenha mais como prosseguir com o
aleitamento materno, porque o ideal e o que eu sempre reforço é que se deve permanecer com o
aleitamento materno até 2 anos de idade da criança, mesmo que seja em apenas um horário,
existem algumas possibilidades contrárias. Você pode tentar dar no copo, não sei se você está
dando na mamadeira. Podemos colocar algumas gotas de baunilha branca, pode-se fazer uma
água de ervas, um chá sem adoçar e misturar para dar um gostinho, porque o tempo inteiro bater
com frutas não é o mais adequado. O adequado é dar a fruta para a criança comer. Toda vez que
nós batemos a fruta, nós aumentamos a quantidade de açúcar das frutas, então, realmente, não é o
ideal.

"A carne é ideal para bebê APLV a partir de quantos meses?"

Podemos testar carne a partir do primeiro mês. Lógico que isso dependerá. Há alguma suspeita?
Suspeitou-se em algum momento de reação a carne, via leite materno? Contudo, para os bebês que
acompanho, tenho uma escala de introdução de carne, que não no primeiro dia, mas no primeiro
mês de introdução alimentar, que ocorre a partir dos 6 meses de vida.

"Comecei bem a introdução alimentar com o meu bebê aos 6 meses, mas quando dei o
feijão, percebi que ele não reagiu bem. Como o feijão deve ser preparado? Precisa ficar de
molho quanto tempo?"

O feijão tem fitatos, que são substancias anti nutricionais, Essas substâncias quelam, grudam com
alguns minerais importantes, como magnésio, ferro, potássio, o manganês, e impedem a absorção
desses minerais que estão nos alimentos. Além disso, o feijão tem substâncias que causam gazes.
Esse fitato, porém, é hidrossolúvel, ou seja, se deixamos o feijão de molho, o fitato sai na água. O
ideal é que ocorra entre 8 horas a troca de pelo menos duas águas desse feijão. Deixe uma
quantidade de pelo menos 4 dedos acima desse feijão, porque o feijão puxará a água e ficará até
mais fácil de cozinhar.
Pode ter sido uma questão física do alimento e não uma reação alérgica. Deu gazes? Assim como
repolho, couve flor, brócolis, ovo, esses são alimentos que dão mais gazes. Um intestino sensível,
muito novinho, pode reagir com a produção de gazes, que é uma característica do alimento - e
não se caracterizando como reação alérgica, na maioria das vezes.
"Minha filha tem 6 meses, faz uso da fórmula de aminoácidos. Como fazer o TPO para a
fórmula extensamente hidrolisada do leite?"
O momento certo eu só consigo falar se eu estiver acompanhando a criança. Não sei se está no
momento certo de você fazer com a sua filha. O que eu faço é entrar com poucas medidas por dia.
Começo, então, tirando uma medida da fórmula de aminoácidos, colocando uma da extensamente
hidrolisada e evoluo uma medida a cada dois dias. É assim que eu faço. Os sintomas precisam ser
avaliados e o TPO precisa ocorrer em um momento que você não vá fazer mais nada de novo na
criança para que o organismo dela não confunda. Esse é um problema comum: fazer a introdução
alimentar junto da evolução de fórmula. Dessa forma, você não tem a certeza da causa de uma
possível reação.

"Eu, como mãe que amamento, posso usar qual leite que substitua o leite de vaca, para fazer
uma vitamina para mim?"
Para mães que estão em dieta, usam-se os leites vegetais. Tomem cuidado, porque alguns bebês
podem reagir à soja. Existem vários tipos - de arroz, de coco, de aveia, de amêndoas - e você pode
comprá-los industrializados ou pode fazê-los em casa. Há algumas marcas industrializadas que
suplementam o cálcio - opte por elas. No meu programa online, tenho várias receitas e eu também
falo quais são as marcas industrializadas que tem essa suplementação do cálcio.

"Minha bebê tem cinco meses. Amamento e passo na gastro todo mês. Agora ela está
estabilizada, mas, mesmo assim a médica acha que devo entrar com a fórmula
extensamente hidrolisada para complementar. Será que é necessário? Entrei com a IA."
Se você está amamentando e vai começar a introdução alimentar agora, pra quê essa fórmula
artificial? Ela servirá apenas se realmente você estiver no limite ou se houver alguma
impossibilidade de você oferecer o leite materno em livre demanda. Até mesmo caso haja a
necessidade de você sair - como para trabalhar algum período - você tem como tirar o seu leite,
congelar e pedir para outra pessoa descongelar e dar o seu leite materno ao bebê. Sempre que
entramos com fórmula artificial, principalmente com mamadeira, há alta chance do desmame
acontecer - o que não é aconselhável. Se você tem leite e tem condições de amamentar, não há
razões para entrar com a fórmula.

"Meu filho tem 1 ano e 2 meses, tem alergia a proteína do leite de vaca, mas a médica
mandou dar NINHO Fases."

Ninho Fases tem a proteína do leite de vaca integral. Se o seu filho ainda fizer reação alérgica à
proteína do leite, ele reagirá, com certeza. Se você fizer um TPO (Teste de Provocação Oral), faça,
gradativamente, a evolução de fórmula, porque seu filho pode reagir à alta quantidade de proteína,
principalmente se ele for IgE Não Mediada, que a reação pode ser mais prolongada.

"Meu filho está com 4 meses, tem sangramento nas fezes e está com problema respiratório,
bronquiolite. A médica passou uma fórmula, porém ele não gostou - ele mama duas medidas
e antes mamava muito mais. Não sei o que fazer. Fora o sono, as dores. Tem alguma coisa
para aliviar as dores? "

Dor é causada pela alergia. Enquanto ele estiver inflamado, ele vai ter dor. O que precisamos fazer é
o tratamento correto da alergia alimentar: a dieta, a fórmula correta, o isolamento correto, ou seja,
os cuidados do dia a dia que você tem que tomar. Na maioria das vezes, não é só a fórmula que
resolve. Existem inúmeras cuidados do dia a dia, depois de fazer a evolução correta da fórmula.
Você precisa avaliar. Era a mesma mamadeira que ele tomava antes? É o tipo do bico? Será que é o
gosto mesmo?
"Leite de coco, aveia e arroz feitos em casa podem ser dados a bebê APLV de 1 ano e 9
meses?"

Pode ser dado. Se ele estiver em aleitamento materno, eles podem entrar nos lanches ou
preparação de alimentos, sem problema algum. Se a alimentação dele for bem variada, bem
equilibrada, com todos os grupos alimentares bem reforçados, e se o profissional de saúde
(nutricionista) que está acompanhando o caso fizer uma análise e falar que ela está equilibrada e
adequada, aí tudo bem. Se não, eles não funcionam como substituto do leite materno - que deve,
sempre, permanecer com a criança no mínimo até 2 anos, assim como a fórmula (se for o caso).

"Meu bebê tem 1 ano e 4 meses e toma leite de soja. Qual outro leite, sem ser o de soja, eu
poderia dar a ele?"

Se o seu bebê é APLV, já toma leite de soja há bastante tempo e não está tendo reação, não precisa
mudar. Essas mudanças são apenas para crianças que não toleram.
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