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Conteudista: Prof.ª Dra. Karolina Marie Alix Benedictte Van Sebroeck Dória
Revisão Textual: Esp. Danilo Coutinho de Almeida Cavalcante
Objetivos da Unidade:
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📄 Referências
📄 Material Teórico
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Alergia Alimentar
A alergia alimentar é muito comum em todo o mundo e está se tornando um importante
problema de saúde pública. De acordo com a OMS (2022), aproximadamente 10% da população
sofre com algum tipo de alergia alimentar. Apesar das alergias alimentares afetarem apenas uma
pequena parte da população, a reação alérgica pode ser grave ou fatal. Além disso, é evidente que
as pessoas com alergias alimentares experimentam uma redução na qualidade de vida.
Com a crescente carga para o sistema de saúde representada pelos alérgenos alimentares, surge
uma expectativa de que as empresas do setor alimentar tomem medidas para declarar com
precisão a presença de ingredientes alergênicos, minimizando assim o risco e prevenindo a
presença acidental de alérgenos.
Não mediada por IgE (hipersensibilidade mediada por células ou retardada), cujos
sintomas aparecem várias horas após a ingestão do alimento e manifestam-se com
sintomas de dermatite de contato, síndromes respiratórias e gastrointestinais;
Vídeo
O que é Alergia Alimentar e o que Não é?
What's a Food Allergy -- and What's Not? | Body Stuff with Dr. Jen …
Ainda que cada tipo de alimento possa constituir um potencial alérgeno, a lista de alimentos
responsáveis pela grande maioria dos casos é relativamente curta. Em países desenvolvidos, os
alimentos mais frequentemente responsáveis por alergias em crianças são leite de vaca, ovos,
trigo, peixes e mariscos, amendoim, nozes e soja. Enquanto em adultos, os alérgenos mais
comuns são peixes e frutos do mar, amendoim, nozes, frutas e vegetais (BENEDÉ et al., 2016).
Nos países em desenvolvimento, a incidência de alergia alimentar também tem sido crescente. O
As doses que provocam as reações alérgicas são variáveis entre os indivíduos e dependem do
tipo de alérgeno. O contato cruzado com alérgenos pode ocorrer no processamento, preparo e
manuseio dos alimentos, alguns com maior potencial de contato cruzado com alérgenos, de
modo que medidas para prevenir ou minimizar essa ocorrência devem ser avaliadas pelas
empresas do setor alimentar.
Glossário
Alérgeno: é uma substância inofensiva capaz de desencadear uma resposta que se
inicia no sistema imunológico e resulta em uma reação alérgica. No caso dos
alimentos, é a proteína;
Um diagnóstico preciso é essencial para o manejo personalizado das pessoas que possuem
alergias alimentares. Saber a história clínica sobre a alergia alimentar, realizar o teste de
puntura, de IgE sérica específica, dietas de exclusão e desafios alimentares orais são
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Allergen Nomenclature
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Saiba Mais
Existem oito alimentos ou grupos de alimentos que são responsáveis
A seguir vamos conhecer um pouco mais sobre cada tipo de alergia e quais medidas são tomadas
para evitar que episódios de alergia alimentar ocorram.
Você Sabia?
A reatividade cruzada é baseada na ligação de um anticorpo IgE a
estruturas homólogas de alérgenos. Isso significa que uma pessoa com
APLV pode apresentar alergia também a outros tipos de leite como, por
exemplo, o de cabra, o de ovelha e o de búfala.
Alergia ao Ovo
A alergia ou hipersensibilidade ao ovo de galinha (Gallus gallus) afeta de 0,5% a 2,5% das
crianças em todo o mundo. Essa manifestação é mais comum na Austrália, com índice de alergia
de 1 para cada 20 crianças. Isso ocorre quando o sistema imunológico do indivíduo reage ao
entrar em contato com as proteínas do ovo (tanto da clara quanto da gema), desencadeando a
reação alérgica (TAN; JOSHI, 2013).
A clara possui vinte proteínas, das quais quatro são relacionadas à alergia alimentar, a saber:
ovomucoide (Gal d1), ovoalbumina (Gal d2), ovotransferrina (Gal d3) e lisozima (Gal d4) (DANG
et al., 2018).
As alergias a gema de ovo são mais comuns em adultos, ao contrário da clara que comumente
afeta crianças. A gema do ovo contém dois alérgenos: a albumina (Gal d5) e a glicoproteína 42 da
gema (Gal d6).
A reatividade cruzada com ovos de outras aves, como peru, pato, ganso e codorna, são comuns
na alergia ao ovo de galinha, sendo necessária a exclusão desses alimentos da dieta. Isso é
impraticável, pois os ovos são utilizados numa série de alimentos processados e produtos
farmacêuticos, como por exemplo vacinas (DONA; SUPHIOLU, 2020).
A dessensibilização para os indivíduos com alergia ao ovo tem sido praticada desde os anos
1900. Uma vez que o diagnóstico de alergia é confirmado, em particular ao ovo, o tratamento
envolve minimizar o contato com o alérgeno. Alguns medicamentos são utilizados para
neutralizar sintomas, mas não são curativos. A imunoterapia pode ser considerada a maneira
Alergia à Soja
A soja (Glycine max) é originária da China e do Japão. Ela pertence à família Fabaceae, assim
como o amendoim, o feijão e a lentilha. As primeiras alergias à soja em humanos foram
descritas em 1934 (DUKE, 1934).
Figura 4 – Leite de soja e grãos
Fonte: Getty Images
Os relatos de alergia à soja não são tão comuns como aqueles relacionados à alergia à proteína
do leite de vaca; porém de 10% a 14% dos pacientes que possuem APLV também são alérgicos à
soja. A proteína da soja possui um alto peso molecular, o que a torna um antígeno em potencial.
Foram identificadas 28 proteínas na soja que são capazes de se ligar ao IgE, causando alergia
alimentar (TEIXEIRA; QUEIROZ, 2021).
A recomendação é que a utilização de fórmulas à base de soja só ocorra como substituição para o
leite de vaca quando se confirmar que o paciente não tem alergia à soja. A lecitina de soja e o óleo
de soja altamente refinados são tolerados por pessoas que apresentam alergia à soja.
A reatividade cruzada da soja com o amendoim foi observada em apenas 7% dos casos. Quando
comparada com outras leguminosas, como amendoim, feijão lentilha e grão de bico, não houve
reatividade. Ou seja, não há necessidade de exclusão desses alimentos do consumo (TEIXEIRA;
QUEIROZ, 2021).
Alergia ao Trigo
O trigo (Triticum aestivum) é o vegetal mais cultivado no mundo devido à sua facilidade de cultivo
e produtividade elevada. Ele possui elevado valor nutricional, é palatável e pode ser processado
para diversos alimentos, que variam de pães e massas a bebidas, como a cerveja.
As reações alérgicas ao trigo mediadas por IgE são bem conhecidas e podem ser decorrentes
tanto da ingestão (alergia alimentar) quanto da inalação (alergia respiratória).
A alergia alimentar ao trigo manifesta-se com sintomas que variam de urticária, asma, rinite
alérgica, dor abdominal e vômitos a anafilaxia induzida por exercício. Testes cutâneos indicam
que até 3% da população pediátrica da américa é alérgica ao trigo (CIANFERONI, 2016).
As crianças apresentam alergia alimentar ao trigo com maior frequência quando comparadas
aos adultos, especialmente se o trigo for introduzido após os 6 meses de idade. Essa frequência
mais elevada em crianças pode ser explicada pelo fato de que a maioria dos pacientes supera a
alergia até os 16 anos de idade (CIANFERONI, 2016).
As alergias respiratórias mediadas por IgE ao trigo são representadas pela asma ou rinite de
padeiro e estão frequentemente associadas às doenças ocupacionais.
O teor de proteína no trigo representa de 10% a 15% do peso seco do grão. As proteínas podem
ser classificadas em duas frações, a saber: solúvel em sal (inclui as albuminas e globulinas e
representa de 15% a 20% das proteínas totais) e a insolúvel em sal (inclui a gliadina e o glúten,
representando 80% do conteúdo proteico do trigo) (CIANFERONI, 2016).
A recomendação para evitar que a alergia ocorra é que o trigo seja excluído da alimentação. A
reatividade cruzada não é comum, porém pode ocorrer com o centeio e a cevada, pois possuem
similaridade proteica, uma vez que esses vegetais pertencem à mesma família botânica.
Alergia ao Amendoim
A alergia ao amendoim (Arachis hypogea) é uma das alergias alimentares mais comuns entre
crianças nos países ocidentais, chegando a atingir 2% da população e sendo uma condição que
pode permanecer pela vida toda em 80% dos casos (LIEBERMAN et al., 2020). O início da alergia
ao amendoim geralmente ocorre na primeira infância.
Figura 6 – Amendoim
Fonte: Getty Images
Profilina Ara h 5
PR-10 Ara h 8
Proteína de transferência
Ara h 9, Ara h 16 e Ara h 17
de lipídio não específica
A alergia ao amendoim exerce uma enorme pressão na qualidade de vida do indivíduo e dos
familiares, uma vez que a modificação na dieta e hábitos alimentares restritivos são necessários.
Por ser considerada um problema de saúde pública (EUA e Reino Unido), é uma das alergias mais
estudadas em virtude de sua gravidade e frequência.
A alergia aos frutos do mar pode persistir ao longo da vida em 90% dos pacientes (LALY;
SANKAR, 2021). O camarão é o responsável pela maior parte das alergias relatadas, e pode incluir
como sintoma reações anafiláticas graves.
Não é comum a reatividade cruzada entre os frutos do mar e os peixes, ou seja, geralmente
pessoas alérgicas a frutos do mar podem comer peixe. A reatividade cruzada entre crustáceos e
O tratamento dessa alergia alimentar implica na retirada do alimento da dieta. Essa é uma das
alergias menos estudadas, porém não menos importante.
Alergia a Peixe
O consumo de peixes tem crescido nos últimos anos graças ao seu conteúdo nutricional, e esse
aumento foi associado ao aumento na alergia a peixes. Essa alergia é uma das mais comuns, e os
dados disponíveis estimam que 2,9% da população tenha essa alergia.
A sensibilização geralmente ocorre por ingestão, inalação ou por contato com a pele. Os
sintomas observados na alergia ao peixe podem incluir a anafilaxia (TONG et al., 2018).
A reatividade cruzada entre as várias espécies de peixe é comum. Portanto, o tratamento sugere a
exclusão do peixe da dieta alimentar.
Alergia a Castanhas
A alergia à castanha é comum e tornou-se um importante problema de saúde na medida em que
o consumo de castanhas aumentou. A disponibilidade de castanhas aumentou tanto para o
consumo in natura quanto em alimentos processados e produtos de panificação. A alergia a
castanhas é mais comum em crianças, que acabam a desenvolvendo por volta dos 2 anos de
idade (WEINBERG; SICHERER, 2018).
Nove castanhas são responsáveis pela maioria das alergias alimentares, a saber: noz, amêndoa,
pistache, caju, noz pecã, avelã, macadâmia, castanha-do-pará e pignoli.
Existem oito alérgenos mais comuns e as reações alérgicas podem ser graves, ocasionando
casos de anafilaxia variando de 18% a 40% dos casos.
Importante!
É comum indivíduos que tenham alergia à castanha de caju também
apresentarem reação contra o pistache e vice-versa. Outro exemplo são
aqueles que possuem alergia à noz também serem alérgicos à noz-pecã.
Figura 9 – Castanhas
Fonte: Getty Images
O tratamento para essa alergia inclui a retirada das castanhas da dieta. Um componente
essencial é a evitação de alimentos que possam ter castanhas; para tanto, a leitura de rótulos e o
reconhecimento do alérgeno é fundamental.
Site
Allergen Nomenclature
Para ter maiores informações sobre os alérgenos aprovados pela
Organização Mundial da Saúde e pela União Internacional das
Sociedades Imunológicas, consulte:
ACESSE
História Clínica
Consiste na escuta ativa sobre a queixa do indivíduo ou dos familiares. Nessa etapa são
observados os sintomas e as reações que ocorreram após a ingestão do alimento. Descrever a
história pessoal e os sintomas associados à ingestão de outros alimentos, avaliar o consumo
alimentar e o estado nutricional.
Exames Laboratoriais
Utilizados para aprimorar o diagnóstico da alergia alimentar. Com base nos mecanismos
imunológicos, a investigação pode ser: mediada por IgE, não mediada por IgE e forma mista. Os
testes aplicados para mecanismos mediados por IgE e forma mista são: Prick test (teste de
puntura), dosagem sérica de IgE específica e TPO (teste de provocação oral) para reações
imediatas e tardia (esta última somente para a forma mista). O teste aplicado para o mecanismo
não mediado por IgE é o TPO para reações tardias.
Dieta
A dieta normalmente consiste na exclusão do alimento que contém o alérgeno.
Aberta: teste em fase única no qual o médico e o paciente sabem que o alimento está
sendo ofertado;
Simples-cego: teste realizado com ou sem placebo. O paciente sabe que o alimento
pode ou não ser ofertado;
Duplo-cego: duas fases de condução, sendo uma com a oferta do alimento real ou do
placebo. Nem o médico nem o paciente sabem o que está sendo ofertado em cada
fase do teste.
Uma das formas empregadas como tratamento das alergias alimentares é a imunoterapia, que
consiste no desenvolvimento e na utilização de anticorpo monoclonal anti-IgE que diminuiria
os sintomas alérgicos para que a imunoterapia convencional possa ser utilizada com pouco risco
de eventos adversos. O objetivo da imunoterapia é alcançar uma ausência permanente de
respostas aos alérgenos alimentares, ou pelo menos aumentar a dose limite de alimento
necessária para desencadear uma reação alérgica.
Alimentos modificados com alergenicidade reduzida também podem promover menor risco de
reação alérgica.
Hipersensibilidade Tardia
Na hipersensibilidade tardia os sintomas ocorrem entre 6 e 24 horas após a ingestão do
alimento. É um processo lento e que pode chegar ao pico dos sintomas 48 horas ou mais após a
Vídeo
FSA Explains: Food Hypersensitivity
FSA Explains: Food hypersensitivity
Doença Celíaca
Pode ser definida como uma síndrome de má absorção que ocorre em pessoas que ingerem o
trigo ou outros grãos, como cevada ou centeio, causando uma reação inflamatória localizada no
intestino.
Esse processo inflamatório tem como resultado a “mucosa careca”, ou seja, um menor número
de células especializadas na digestão e na absorção e, consequentemente, um prejuízo na
absorção de nutrientes.
O agente causador da doença celíaca é o glúten (também conhecido como prolamina). Tanto a
fração solúvel (gliadina) quanto a insolúvel (gluteína) estão envolvidas no desencadeamento da
doença celíaca.
Figura 10 – Símbolo de alimento sem glúten
Fonte: Getty Images
A doença celíaca pode ter sintomas de anemia, câimbras, fadiga, diarreia, distensão abdominal,
além de problemas nutricionais.
Assim como as alergias alimentares mediadas por IgE, a doença celíaca também é tratada com
dieta restritiva. Há necessidade de evitar ingredientes que contenham a proteína alergênica.
Intolerância Alimentar
A intolerância alimentar agrupa outra categoria de reações adversas associadas à ingestão de
alimentos. Estima-se que até 20% da população seja acometida por intolerância alimentar
(TUCK et al., 2019).
Podem ser classificadas em: reações anafilactóides, distúrbios enzimáticos no sistema digestivo
e reações idiossincráticas.
As reações anafilactóides estão associadas à liberação de histamina e de outros mediadores de
reações alérgicas. Os distúrbios enzimáticos no sistema digestivo podem ser resultantes de uma
anormalidade genética hereditária que não permite metabolizar alguns alimentos. Existem dois
Intolerância à Lactose
A intolerância à lactose é um distúrbio metabólico no qual os indivíduos são incapazes de digerir
a lactose devido aos níveis insuficientes da enzima lactase (IBRAHIM et al., 2021).
A eliminação completa de leites e derivados da dieta humana pode ter impacto negativo na
saúde, já que esses produtos correspondem a até 75% da ingestão de cálcio. Várias abordagens
estão sendo estudadas para reduzir os sintomas de intolerância à lactose e para manipular a
presença de lactose em alimentos e ingredientes lácteos. Atualmente existem muitos produtos
lácteos produzidos com lactose hidrolisada, reduzindo assim o risco de reações adversas.
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Allergy Encyclopedia
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📄 Referências
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