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Revista Ciencia & Inovação - FAM - V.5, N.

1 - JUN - 2020

A DOENÇA CELÍACA: BASES IMUNOLÓGICAS


E GENÉTICAS DA INTOLERÂNCIA AO GLÚTEN

Murieli Ribeiro Queiroz Leila Aidar Ugrinovich


Biomédica, Bióloga, Mestre e doutra em Microbiologia,
Faculdade de Americana, Faculdade de Americana,
murieliqueiroz@hotmail.com leila_ugrinovich@yahoo.com

Patricia Ucelli Simioni


Bióloga, Mestre e doutra em Imunologia,
Faculdade de Americana,
patriciasimioni@fam.br

Resumo ABSTRACT
A intolerância alimentar consiste em reações Food intolerance consists of reactions triggered by
desencadeadas por alimentos com composição foods with a protein composition that are recognized as
proteica, que são reconhecidos como estranhos pelo foreign by the body, leading to the immune response
organismo, levando à resposta imunológica mediada mediated mainly by immunoglobulins (Ig). Gluten
principalmente por Imunoglobulinas (Ig). A intolerância intolerance, known as Celiac Disease (CD) is much
ao glúten, conhecida como Doença Celíaca (DC) é studied, being characterized by the inability or difficulty
muito estudada, sendo caracterizada pela incapacidade to metabolize this protein. The immune response in this
ou dificuldade de metabolizar essa proteína. A resposta disease can be confused with other allergies or food
imunológica nessa doença pode ser confundida com changes, which can delay and / or make difficult the
outras alergias ou alterações alimentares, o que diagnosis of the patient. This work aimed to describe
pode tardar e ou dificultar o diagnóstico do paciente. the genetic and immunological basis of the gluten
Este trabalho teve como objetivo descrever as bases intolerance process. The in-depth knowledge of the
genéticas e imunológicas do processo de intolerância molecular and immunological bases of this type of
alimentar ao glúten. O conhecimento aprofundado response can be of great application to the patients of
das bases moleculares e imunológicas desse tipo the disease for an early diagnosis and better choice of
de resposta pode ser de grande aplicação para os the treatment.
portadores da doença para um diagnóstico precoce e
melhor escolha do tratamento.
Keywords: Intolerance; gluten; celiac disease, immune
response.
Palavras-chave: Intolerância; glúten; doença celíaca,
resposta imune.

INTRODUÇÃO Dentre as intolerâncias alimentares, a


intolerância ao glúten é uma das mais estudadas.
Conhecida como doença celíaca, é caracterizada pela
O intestino, órgão que garante a barreira incapacidade ou dificuldade do organismo metabolizar
eficiente contra vírus, bactérias e outros agentes essa proteína. O glúten é formado pela combinação de
patogênicos, é o local onde se desencadeia a resposta duas proteínas, a gliadina e a glutenina, encontradas
imunológica (BIOSYS, 2010). Conhecida como alergia em grão de trigo, centeio e cevada (MONTE, 2015).
tardia, hipersensibilidade alimentar ou alergia do Com forte associação com os antígenos leucocitários
tipo III, a intolerância alimentar consiste em reações humanos (HLAs) de classe II, a resposta imunológica
não tóxicas desencadeadas por alimentos – com na intolerância ao glúten está intimamente relacionada
composição proteica – reconhecidos como estranhos a indivíduos portadores dos receptores de HLA-
pelo organismo, levando a resposta imune mediada DQ 2.5 ou HLA DQ8 (KONING et al, 2015) que se
principalmente por Imunoglobulina (Ig) G. ligam a epítopos do glúten denominados DQ2.5-glia-
α1a e DQ2.5-glia-α2a e apresentam esse antígeno
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para as células TCD4+ (GUNNARSEN et al, 2017). primeira exposição a determinado alimento acarreta na
Prevalência de anticorpos IgA anti-gliadina (KOLCHAK sensibilização, com produção em grandes quantidades
et al, 2017), altos níveis de fator de necrose tumoral de IgE pelo sistema imune. No segundo contato, ocorre
(TNF) -α, interleucina (IL) -15 e IL-17 (KAMAL et al, a reação alérgica propriamente dita (PADUA, MOREIRA
2018) e reações mediadas por Ig E ligantes a proteínas et al., 2016). Quando componentes alimentares geram
do glúten (SKOCZWSKI et al, 2017) são comumente uma reação imunológica, sem indução voluntária
vistos na intolerância ao glúten. de sensibilização e com a produção de IgE, tem-
se intolerância (BOYCE, ASSA’AD et al., 2010). As
A intolerância alimentar é um problema muito
principais causas de reações da intolerância alimentar
frequente na atualidade, e dentre os diferentes tipos de
estão relacionadas com deficiência enzimática,
intolerância, a intolerância ao glúten, conhecida como
sensibilidade a aditivos de alimentos ou reações a
doença celíaca, tem sido muito diagnosticada. Essa
substâncias químicas próprias dos alimentos. Se uma
forma de resposta pode ser confundida com outras
pequena quantidade do alimento for consumida por um
alergias ou alterações alimentares, fato que pode
indivíduo intolerante, na maioria das vezes não haverá
retardar o diagnóstico correto e dificultar o tratamento
reação. Já a menor fração consumida por um indivíduo
adequado do paciente. Dessa forma, o conhecimento
alérgico pode desencadear uma forte reação, podendo
aprofundado das bases moleculares e imunes desse
levá-lo a óbito (LEONARDI, PECORARO et al., 2014).
tipo de resposta ao glúten pode ser de grande
aplicação para os portadores dessa alteração. O
presente trabalho teve por objetivo descrever as bases Doença Celíaca (intolerância ao glúten)
genéticas e imunológicas do processo de intolerância
A Doença Celíaca (DC) é uma patologia complexa,
alimentar ao glúten, conhecida como doença celíaca.
influenciada por fatores ambientais como a exposição
A metodologia utilizada para o desenvolvimento ao glúten, bem como fatores genéticos e imunológicos.
deste trabalho consistiu na realização de uma revisão Sua manifestação é dada pela intolerância ao glúten,
bibliográfica de artigos científicos eletrônicos, tanto nacionais uma proteína encontrada no trigo, centeio, cevada e
como internacionais. Os meios de pesquisa utilizados foram aveia e aos seus fragmentos, as prolaminas, que diferem
os sites PubMed, Scielo e Google Acadêmico. respectivamente em cada tipo de cereal, sendo seus
fragmentos, gliadina vindo do trigo, secalina do centeio,
hordeina da cevada e avenina da aveia (RITO NOBREET
et al, 2007). Atualmente, é sabido que a DC é uma
DESENVOLVIMENTO enteropatia imunomediada, desencadeada pela exposição
prévia ao glúten e que acomete o intestino delgado
Intolerância alimentar proximal de indivíduos geneticamente predispostos.
Tem como característica a atrofia total ou subtotal da
A intolerância alimentar, conhecida como alergia mucosa do intestino (SDEPANIAN, 1999), o que resulta
tardia, hipersensibilidade alimentar ou alergia do tipo III, em deficiência na absorção de ferro, ácido fólico, cálcio e
consiste em reações não tóxicas desencadeadas por vitaminas lipossolúveis (RITO NOBREET et al, 2007). Seu
alimentos – proteínas – reconhecidos como estranhos controle clínico se dá pela exclusão permanente do glúten
pelo organismo, levando a resposta imune mediada da alimentação destes pacientes (SHAMIR, 2003).
principalmente por IgG. Mais de 80% da resposta
imunológica do organismo ocorre no intestino, o qual Cerca de dois milhões de brasileiros têm a
garante uma barreira eficiente contra vírus, bactérias e doença celíaca, mas muitos ainda se encontram sem
outros agentes patogênicos. Nesse processo, alimentos, diagnóstico adequado. Geralmente, a doença se
substâncias ou fragmentos de proteínas inflamam a manifesta na infância, em crianças com idade entre 1 e
mucosa intestinal, o que aumenta a permeabilidade 3 anos, mas pode surgir em qualquer idade, inclusive
tecidual, permitindo a migração de proteínas para a em adultos. A DC acomete indivíduos de ambos os
circulação, onde estas são reconhecidas pelo sistema sexos, porém com predomínio em mulheres (3:1). A
imune como material estranho ou agressor. A resposta prevalência na população geral é em torno de 1/200
imunológica é então ativada e forma anticorpos que irão pessoas (PEDRO et al, 2016).
reagir com os antígenos formando imunocomplexos de Os primeiros sinais de intolerância ao glúten
antígenos e anticorpos que, quando não neutralizados surgem quando da introdução dos cereais na dieta,
ou fagocitados, são depositados em órgãos ou tecidos, sendo observados sintomas como diarreia, distensão
levando a processos inflamatórios com a presença de abdominal, anorexia, atraso no crescimento, atrofia
sinais e sintomas (BIOSYS, 2010). muscular e irritabilidade. Vômitos são mais frequentes
antes dos 9 meses de idade. Em crianças mais velhas
Diferença entre intolerância e alergia alimentar e adolescentes, a doença pode levar ao atraso no
desenvolvimento e da puberdade, raquitismo, diarreia,
A alergia alimentar é caracterizada pela anemia recorrente ou baixo desempenho escolar
resposta imunológica mediada por IgE, desencadeada (FARREL et al, 2001). Ao longo dos anos, a percepção
pela ingestão de um antígeno de origem proteica e apresentação de casos clínicos em adultos alterou-
alimentar (FREELAND et al., 2016). Nesses casos, a
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se drasticamente, passando-se a reconhecer uma humano (HLA) e análise histológica do tecido da


maior gama de manifestações clínicas, muitas vezes biópsia para a doença celíaca se tornou rotina. Algumas
com poucos sintomas. Isso eleva o índice de casos diretrizes descrevem que a positividade dos anticorpos
suspeitos, com objetivo de evitar atraso no diagnóstico IgA anti-transglutaminase 2 teciduais é suficiente para
ou complicações (LEPERS. et al, 2004). omitir biópsias duodenais em crianças selecionadas
com níveis muito altos de anticorpos, na presença
A tríade clássica de apresentação dos
de resposta clara aos sintomas, bem como um teste
sintomas na forma típica de intolerância já não mais
de anticorpos endomísio positivo e confirmação de
se constitui em esteatorreia, distensão abdominal e
suscetibilidade genética (HUSBY et al, 2014).
emagrecimento, uma vez que 30% dos indivíduos
celíacos apresentaram aumento no índice de massa
corpórea quando diagnosticados (RODRIGO, Genes associados com intolerância ao glúten
2001). Os sintomas gastrointestinais geralmente
Por volta de 90 a 95% dos pacientes
são inespecíficos, podendo ocorrer dor abdominal
portadores de DC expressam moléculas do MHC
prolongada ou não, distensão abdominal, alteração
de classe II DQ2. Outros pacientes, na maior parte,
no trânsito intestinal de constipação e diarreia. Perda
apresentam o haplótipo DQ8-DR4 (LEONARD et al,
de força muscular, mal-estar, vômitos e náuseas são
2017; RUBICZ et al, 2014). Porém, a molécula DQ2
frequentemente relatados. Estima-se que 4,6% dos
está presente na população em geral e apenas uma
indivíduos com síndrome do intestino irritável são
pequena parte desenvolve a DC. É estudado que
celíacos (FARREL et al, 2001; LEPERS. et al, 2004).
talvez este fenômeno ocorra por desregulação da
resposta imune, eventualmente relacionada com
Diagnóstico outros mecanismos genéticos subjacentes, citocinas
ou agentes infecciosos, ainda não conhecidos (CERF-
Há diversas variáveis para a classificação
BENSUSSAN et al, 2003). Além disso, estima-se
fenotípica da DC. A forma de classificação considerando
que os genes HLA contribuem somente para 40% do
idade ao diagnóstico, apresentação e complicações
componente hereditário da doença (DEWAR, 2004).
(APC) é considerada uma das mais explicativas e simples
Espera-se resultados de estudos com outros genes
para pacientes com doença celíaca. Essa classificação
potencialmente candidatos, designadamente genes
baseada em três fatores visa fornecer um diagnóstico
reguladores dos linfócitos T como as moléculas do
composto, onde inclui idade do diagnóstico, idade do
grupo de diferenciação (CD28), proteínas 4 associada
início dos sintomas, apresentação clínica, histórico familiar
ao linfócito T citotóxico (CTLA4) e coestimulador
a complicações (SOOD et al, 2018). Testes sorológicos
induzível de células T (ICOS).
são realizados para diagnóstico da DC, baseando-se na
detecção de anticorpos da classe Ig A, tais como anticorpos
anti-gliadina, anti-endomísio e anti-transglutaminase. O Mecanismos imunológicos da resposta ao glúten
resultado positivo confirma o diagnóstico de DC (RUBIO-
A fisiopatologia da doença celíaca envolve a
TAPIA et al, 2009; AKMAN et al, 2018).
resposta imune inata e adaptativa ao glúten da dieta
A endoscopia gastrointestinal superior e (LEBWOHL et al, 2016). O mecanismo de resposta
a biópsia duodenal são realizadas em pacientes imunológica associado com a intolerância ao glúten
sorologicamente positivos, como ensaio confirmatório. envolve a ação de linfócitos T CD4, bem como as
É necessária atenção para o reconhecimento de células T CD8 (MCALLISTER; KAGNOFF, 2012) contra
características duodeno-endoscópicas de grande os peptídeos derivados da gliadina e glutenina.
importância prática para o diagnóstico da doença
Em indivíduos celíacos a resposta imune é
celíaca. Recorte, padrão em mosaico, altura reduzida
direcionada contra frações de gliadina, promovendo
e nodularidade são os principais marcadores
uma reação inflamatória no intestino proximal, sendo
endoscópicos da doença celíaca. Marcadores
caracterizada por infiltração do epitélio e da lâmina
endoscópicos da mucosa duodenal podem ser
própria por células inflamatórias crônicas e atrofia das
importantes no diagnóstico precoce da doença celíaca
vilosidades. Esta resposta é mediada por células do
em pacientes submetidos à endoscopia em casos de
sistema imune inato e adquirido (SOLLID, 2002).
indicação de que não seja suspeito de doença celíaca
(SEMWAL et al, 2018). A resposta adquirida é encontrada na lâmina
própria devido à entrada dos peptídeos de gliadina neste
O diagnóstico da doença celíaca avançou
espaço, por aumento da permeabilidade da mucosa.
na última década devido ao aumento da consciência
A resposta inata ocorre predominantemente no epitélio
clínica e melhora dos testes de diagnóstico. A análise de
intestinal. A resposta do sistema imune adquirido é
anticorpos celíacos, como anti-transglutaminase 2, IgA
mediada pelas células T CD4+ reativas à gliadina
anti-tecidual e IgA anti-endomisiais, é uma ferramenta de
presentes na lâmina própria, que reconhecem os seus
diagnóstico de alta precisão o que reduz a dependência
peptídeos. Os linfócitos T CD4+ são sensibilizados pelas
de biópsias. Além disso, a determinação genética
proteínas ligadas ao HLA-DQ2 e HLA-DQ8. As moléculas
baseada no complexo major de histocompatibilidade
do MHC de classe II apresentam a gliadina aos receptores
(MHC), também conhecido como antígeno leucocitário
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das células T, as quais reconhecem múltiplos epítopos CONSIDERAÇÕES FINAIS


do glúten. Os clones linfocitários ativados proliferam e
A intolerância ao glúten pode ter seu
estimulam a produção de citocinas pró-inflamatórias,
diagnóstico tardio, pois devido sua sintomatologia,
responsáveis pela estimulação de células T citotóxicas. A
pode ser confundida com outros tipos de intolerância e/
transglutaminase tecidual é uma enzima que desamina os
ou problemas gastrointestinais.
peptídeos de gliadina, o que consequentemente aumenta
sua imunogenicidade (SOLLID, 2002). Com o avanço e melhora dos testes para a
pesquisa de anticorpos presentes na Doença Celíaca
Essa cascata de reações inflamatórias propicia
(DC), há uma alta precisão no diagnóstico.
a liberação de metaloproteinases (MMP-1, MMP-3,
MMP-9), inibidor tecidual das metapoproteinases 1 A determinação genética e imunológica
(TIMP-1) e outros mediadores, que lesam a mucosa das moléculas baseadas no complexo major de
intestinal, o que induz a hiperplasia das criptas, atrofia histocompatibilidade (MHC), expressadas na DC,
das vilosidades e ativação das células B que produzem indicam desregulação da resposta imune por meio
anticorpos. As metaloproteinases estão aumentadas de mecanismos genéticos com grande participação
em biopsias com lesões mais graves, sugerindo um de genes dos linfócitos T e coestimuladores, o
importante papel destas enzimas na constituição das conhecimento aprofundado no modo de atuação
lesões (MOHAMED et al, 2006). desses mecanismos torna o diagnóstico mais rápido
para o início do tratamento.
O aumento da interleucina (IL) -15 produzida
in situ é parte da resposta imune inata, sendo crucial
para o desenvolvimento de linfócitos intra-epiteliais que
expressam o receptor transmembrana que pertence à
família CD94/NK-G2 NK-G2D (membro da família de
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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T CD8+ e composto por moléculas α/β. Geralmente, V, LAUWERS GY. Linfocitose intra-epitelial em
uma pequena fração de linfócitos apresenta o receptor mucosa do intestino delgado proximal preservada
tipo γ/δ, porém esta população se expande quando há arquitetonicamente: Um problema crescente de
hipersensibilidade ao glúten (BROWN, 2006). diagnóstico com amplo diagnóstico diferencial.
Arquivos de Patologia e Medicina Laboratorial
Estas células ativadas tornam-se citotóxicas
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e destroem os enterócitos que expressam a cadeia A
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entanto, os mecanismos fisiopatológicos desvendados N, SCHMITZ J. Doença Celíaca: Uma atualização sobre fatos
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