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Separação e Purificação de Bioprodutos

Rutura /
Desintegração Celular

6.1
Biotecnologia + Engenharia Biomédica

Plano da aula

 Introdução
Separação e Purificação de Bioprodutos

 Parede celular
 Efeito das condições a montante

 Determinação do rendimento de rutura

 Métodos de rutura – princípios de funcionamento

 Métodos de rutura – vantagens e desvantagens


6.2
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1
Introdução

 O aparecimento de produtos obtidos por técnicas de ADN


Separação e Purificação de Bioprodutos

recombinante e a necessidade de se obter enzimas ou produtos


metabólicos específicos forçou o desenvolvimento de métodos
para a rutura celular

Células
produtoras de
Extracelular metabolitos de Intracelular
interesse
comercial

Romper a parede celular

6.3
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 A rutura celular
Separação e Purificação de Bioprodutos

 é das primeiras etapas no processo de isolamento de materiais


intracelulares
 é essencial no processo de "downstream“, afetando quer a
quantidade total da molécula de interesse a ser recuperada, quer a
sua atividade biológica

 Na rutura celular é importante:


 a associação da molécula de interesse com outros componentes
celulares;
 a possível presença de degradação enzimática;
 a eventual presença de contaminantes que podem influenciar o
desempenho das etapas subsequentes de purificação; e
 a eventual presença de contaminantes que afetem a atividade
biológica
6.4
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2
 O processo de rutura celular é um fator chave na produção e
Separação e Purificação de Bioprodutos

purificação de moléculas intracelulares, tendo impacto na


recuperação e qualidade do extrato celular

 No caso de proteínas (/enzimas) intracelulares:


 cada microrganismo possui características individuais quanto à
localização das enzimas intracelulares que produz
 a enzima de interesse pode estar no citoplasma, no periplasma ou,
ainda, estar armazenada no interior de algum organito celular, tal
como a mitocôndria.
 deste modo, o protocolo para a rutura celular e para a extração pode
variar em função do produto desejado

http://www.youtube.com/watch?v=1xaCxiIwEx4
Extraction of proteins from tumor tissues for studying different post
translational modifications in proteins
ESTE VÍDEO TEM ERROS NAS TEMPERATURAS
6.5
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Parede celular

 A parede celular tem funções mecânicas e funções


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bioquímicas
 função mecânica – confere rigidez à célula e permite-lhe resistir
a agressões do meio
 função bioquímica – permite trocas com o exterior necessárias
ao metabolismo celular

 Todos os organismos têm parede celular?


 não
 quando existe, a composição e estrutura da parede celular
varia de organismo para organismo

 As paredes celulares de diferentes organismos terão a


mesma resistência à rutura?
 não

6.6
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3
Parede celular

 A composição e estrutura da parede celular varia com a


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célula:

 Bactérias
 género Mycoplasma
 Gram-
 Gram+

 Fungos
 Leveduras ou bolores

 Tecidos vegetais

 Tecidos animais

6.7
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Parede celular – Bactérias

 O género Mycoplasma não possui parede celular


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 As bactérias dividem-se em dois grandes grupos, Gram+ e


Gram-

 Todas as bactérias possuem uma membrana celular (onde ocorre


a fosforilação oxidativa
 Envelope celular: distinção entre Gram+ e Gram-

 A parede celular varia – encontra-se fora da membrana celular; é


rígida e protege a célula da lise osmótica
Staphylocccus Proteus vulgaris e
aureus Pseudomonas sp.
(Gram+)
900x

6.8
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4
Coloração de Gram e o envelope celular

 Gram-
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 Membrana exterior é a principal barreira à permeabilidade

 Espaço entre a membrana interna e externa


 Espaço periplasmático: armazenamento de enzimas

6.9
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GRAM - - envelope celular


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Membrana exterior
(principal barreira à permeabilidade) Lipopolysaccharide
Porin

lipoproteina Braun

enzima

Periplasmic binding protein


Inner (cytoplasmic) membrane Permease

Cytoplasm
LDomingues 10
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5
Coloração de Gram e o envelope celular

 Gram+
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 Sem espaço periplasmático

 A maior espessura da camada de peptidoglucano, que nestes


organismos aparece associado a ácidos teicoicos e a
polissacáridos, confere-lhes, em geral, uma maior resistência à
rutura.

6.11
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GRAM + - envelope celular


enzima
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ácido Lipoteichoic ácido Peptidoglycan-teichoic

Membrana Citoplasmática

Citoplasma

6.12
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6
Parede celular-Fungos

 Os organismos que pertencem ao Reino Fungi contêm quitina


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na sua parede celular

 Composição química da parede celular


 Estrutura microfibrilar embebida numa matriz polimérica
 Polissacáridos (~80 %) associados a proteínas (~20 %) e
lípidos (1-13,5 %)

6.13
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Fungos - Organização vegetativa


Talo – estrutura somática ou vegetativa de um fungo
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a. Unicelular (Leveduras)

b. Filamentoso (Bolores)
hifas – filamentos microscópicos
micélio – rede de hifas

A hifa é a unidade estrutural


característica dos fungos

Dimorfismo

Alternância entre fase unicelular e micelar em resposta a variações nas condições


ambientais (temperatura, nutrientes, tensão de CO2, ...).

6.14
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7
Células vegetais e outras células

 Algas
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 A celulose é o principal componente estrutural da parede celular,


mas mananos e xilanos também se encontram presentes
 a parede celulósica, comum às células vegetais, é rígida e difícil
de romper

 As células animais, as bactérias halofílicas e as bactérias


Mycoplasma apresentam uma baixa resistência à rutura e
podem ser facilmente lisadas por stress osmótico num meio
hipotónico

 contudo, há células animais mais resistentes à rutura (e.g.,


parede dos vasos sanguíneos)

6.15
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Efeito das condições a montante

 Efeito das condições a montante no desempenho da rutura


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celular

 Condições que afetam a síntese da parede celular durante o


processo de crescimento

 Fase de crescimento
 fase estacionário vs fase de crescimento exponencial

 Taxa específica de crescimento

 Idade
 nº de gerações

 Como determinar o rendimento de desintegração?


 como avaliar a lise celular e a atividade do material libertado?

6.16
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8
Tecidos sem
sementes

vegetais
bactéria

animais
Células
células

parede
fungos
algas,

rígida
Descrição

Métodos físicos ou químicos


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Choque osmótico — — — — — •

Ciclos de azoto líquido — — — — — •


congelação-
descongelação

detergente por vezes a montante doutro método — — — — — •

enzimas e.g., celulases e pectinases em células vegetais; liticase • • — • — •


para leveduras; and lisozima para bactérias.
por vezes a montante doutro método

Métodos mecânicos
Sonicação Curtos ciclos de ondas ultrassónicas • • — — — •

• • — — — •
Prensa francesa

Moagem Pilão e almofariz • • • • • —

Homogeneização — — — • • —
mecânica

Homogeneização abrasão • • — — — •
com esferas de
vidro

6.17
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Separação e Purificação de Bioprodutos

Rendimento da
desintegração celular

6.18
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9
 Como determinar o rendimento de desintegração?
Separação e Purificação de Bioprodutos

 como avaliar a quantidade de células que se desintegraram e


a atividade do material libertado?

 Métodos diretos
 técnicas de plaqueamento
 observação/contagem ao microscópio
 contagem eletrónica
 …

 Métodos indiretos
 proteínas solúvel
 atividade enzimática
 turbidez
…
R – quantidade de produto libertado
Rm – quantidade máxima de produto para libertar
6.19
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Rutura celular
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suspensão
separação separação suspensão
em solução
das células de células em solução
de lavagem

solução 2ª separação 1ª separação


rutura
para de fragmentos de fragmentos
celular
purificação celulares celulares

 parte 1
 https://www.youtube.com/watch?v=5eKdZ0dVCCo
 parte 2
 https://www.youtube.com/watch?v=VKpthcW1llU
 parte 3
 https://www.youtube.com/watch?v=N7vxq948l-U 6.20
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10
Métodos de rutura celular
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Métodos de rutura celular

Mecânica Não mecânica

Atrito
Atrito sólido
hidrodinâmico Físicos Químicos Enzimáticos

6.21
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Métodos de rutura mecânicos


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Mecânicos

Atrito
Atrito sólido
Hidrodinâmico

Agitação mecânica Pressão Moagem Pressão


Ultra-sons
(Misturadores/ (Homogeneizador, (Moinho de bolas; (Prensa Hughes e
(Sonicação)
desintegradores) Prensa Francesa) Almofariz) X)

Os métodos mecânicos originam uma grande libertação de calor, sendo necessário arrefecer para
evitar a desnaturação dos produtos pretendidos

6.22
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11
Rutura mecânica – atrito sólido
 A suspensão celular é congelada (< -10 ºC) e forçada a
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passar por orifícios, onde a compressão contra os


cristais de gelo promove a rutura

6.23
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Rutura mecânica – atrito hidrodinâmico


 Homogeneizador mecânico de alta pressão (tipo APV
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Manton-Gaulin) – identico ao anterior, mas não


congelado

A, B – mola
C – válvula
D-sede da válvula
E – anel de impacto
6.24
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12
Homogeneizador mecânico de alta pressão

 Nos homogeneizadores de alta pressão, a suspensão celular é


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forçada através de um orifício existente na sede da válvula, que


funciona como pistão, obrigando as células a sofrer um forte
impacto contra um anel lateral.

 Conseguem-se eficiências de desintegração bastante elevadas,


sendo mesmo possível atingir os 100 %

 A cinética de desintegração é de primeira ordem relativamente


ao número de passagens:
k – constante
N – nº de passagens
P – pressão de operação
a – depende do organismo

6.25
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Homogeneizador mecânico de alta pressão

 Homogeneizador de Manton-Gaulin APV


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k – constante
N – nº de passagens
P – pressão de operação
a – depende do organismo

microrganismo a
Levedura padeiro 2,9
Bacillus brevis 1,8
Escherichia coli 2,2
Candida utilis 1,8
Saccharomyces cerevisiae 0,86
Bacillus subtilis 1,07
6.26
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13
 Problema
Separação e Purificação de Bioprodutos

 Testes com um homogeneizador Manton-Gaulin APV e uma


suspensão de levedura de padeiro indicaram uma recuperação
de proteína de 40 % por passagem, a uma queda de pressão de
400 bar.
 Calcule o número de passagens no homogeneizador para que a
recuperação suba para os 95 %.

6.27
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Moinho de bolas
Câmara cilíndrica, com diferente geometria, onde tensões de
Separação e Purificação de Bioprodutos

corte são geradas por discos fixos e esferas livres

6.28
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14
Moinho de bolas
Câmara cilíndrica, com diferente geometria, onde tensões de
Separação e Purificação de Bioprodutos

corte são geradas por discos fixos e esferas livres

 Operação em descontínuo

 Operação em contínuo
 Modelo dos tanques agitados em série

n – nº de tanques

6.29
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Moinho de bolas
Separação e Purificação de Bioprodutos

6.30
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15
Moinho de bolas
Fatores que afetam a velocidade de desintegração:
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1. Velocidade de rotação
2. Velocidade de alimentação
3. Diâmetro de esferas
4. Quantidade de esferas
5. Concentração de células
6. Temperatura
7. Geometria do agitador
8. Geometria da câmara

6.31
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Ultrassons
 Gerador de energia elétrica a alta frequência (ca. 20 kHz)
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a um transdutor que a transforma em vibração mecânica


(provoca cavitação e ondas de choque)

X – fração da proteína libertada (R/Rm)

6.32
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16
 Ultrassons: sonicação
Separação e Purificação de Bioprodutos

 Vantagens:
 Eficiente (~95 % rutura)
 Rápido (segundos a minutos)
 Efetivo contra muitos organismos
 Simples de operar
 Pequenos volumes (mililitros)
 Confinamento fácil

 Desvantagens:
 Grandes quantidades de calor geradas
 Uso laboratorial
 Baixa concentração celular
6.33
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 Problema
Separação e Purificação de Bioprodutos

 Usou-se uma estirpe de E. coli geneticamente modificada para produzir


citocromo b5 (proteína intracelular). A rutura das células foi feita por
sonicação a 20 kHz. Determinou-se o efeito da concentração celular na
eficiência de rutura e os resultados obtidos encontram-se apresentados
na Tabela 1.
Tabela 1 ‐ Efeito do volume da suspensão na cinética de
libertação de citocromo b5
Volume de suspensão k
(mL) (min-1)
50 0.93
100 0.44
200 0.23

 Com base na tabela, determine o tempo que demora a recuperar 90 % do


citocromo b5 em 200 ml de volume de suspensão.
 Explique como procederia para determinar a eficiência do processo de rutura
celular
10 min

6.34
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17
Métodos de rutura não-mecânicos
Separação e Purificação de Bioprodutos

Não-mecânicos

Secagem
Lise celular
(ar; vácuo; liofilização)

Química: Solventes;
Detergentes
Enzimática: lisozima e
Física: Osmótica; Ciclos Agentes caotrópicos enzimas relacionadas;
de Congelamento
Antibióticos fagos; antibióticos
Bases

6.35
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Físicos: choque osmótico


Conceito: induzir uma mudança rápida na pressão osmótica
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(NaCl, glicerol; sacarose), o que provoca o fluxo de água


para o interior da célula

Vantagens:
 Razoavelmente simples
 Não é necessário equipamento complexo
 Opera a baixas temperaturas
 Não afeta a estrutura proteica
 Efetivo contra células animais e bactérias gram-

Desvantagens:
 Nem sempre é efetivo contra outros microrganismos
 É necessária remoção de elevada concentração de sal a jusante
6.36
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18
Físicos: Ciclos de congelação/descongelação
Conceito: congelar e descongelar sucessivamente;
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permeabiliza a parede celular-conteúdos intracelulares


libertados na descongelação

Vantagens:
 A pasta celular pode ser manuseada num sistema assético
 Sistema ideal para armazenar o produto
 Relativamente simples e conveniente
 Capacidade para processar grandes amostras, desde que se
ultrapasse constrangimentos de transferência de calor

Desvantagens:
 Nem sempre é efetivo contra todos os microrganismos
 A eficiência de libertação da proteínas depende do organismo
 Dispendioso (principalmente a nível energético)
6.37
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Físicos - Secagem
Conceito: desidratar a célula e fragilizar a sua estrutura
Separação e Purificação de Bioprodutos

Vantagens:
 Razoavelmente simples
 Efetivo para grandes amostras: extratos de levedura e vegetais

Desvantagens:
 Etapas adicionais necessárias: concentração, desidratação
 Nem sempre efetivo contra todos os tipos de células
 Difícil de prever o desempenho
 Dispendioso (principalmente a nível energético)

6.38
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19
Métodos químicos e enzimáticos

 Os métodos químicos podem promover a solubilização da


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parede celular, atuando especificamente sobre alguns


componentes da membrana

 podem ser usados solventes orgânicos, detergentes, bases e


agentes quelantes

 Os enzimas podem hidrolisar as paredes das células


microbianas e, quando removida uma certa quantidade da
parede, a pressão osmótica pode rebentar a membrana
periplasmática, libertando o conteúdo intracelular.

 existem muitos preparados enzimáticos para utilização à escala


laboratorial
 apenas a lisozima é usada à escala industrial
6.39
Biotecnologia + Engenharia Biomédica

 Em muitos casos, os métodos químicos e os enzimáticos não


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provocam a desintegração celular, mas fragilizam a parede das


células tornando-as mais suscetíveis de romper por ação dos
métodos mecânicos

 É necessário ter em atenção o possível efeito desnaturante dos


agentes químicos sobre o produto que se pretende obter

6.40
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20
Agentes químicos usados
 Solventes: tolueno, benzeno, hexano, etc
Separação e Purificação de Bioprodutos

 o tolueno é o mais usado para permeabilizar células microbianas


 o clorofórmio também é usado em células Gram negativas para
extração seletiva de proteínas periplasmáticas

 Detergentes
 o SDS é o mais utilizado (com bact Gram negativas), e é mais
eficaz com células na fase exponencial de crescimento
 o Triton X-100 é mais utilizado com outras bactérias e com
leveduras
 detergentes não iónicos são usados para permeabilizar células
animais

6.41
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Agentes químicos usados


 Agentes alcalinos
Separação e Purificação de Bioprodutos

 a lise com substâncias alcalinas é das mais simples de promover


 as bases reagem com vários agentes da parede celular (e.g.,
saponificação de lípidos)
 exige produtos que mantenham atividade a pH entre os 11.5 e os
12.5, durante pelo menos 30 min

 Agentes quelantes
 estes agentes removem catiões da parede celular, desestabilizando-a
 o EDTA é o mais utilizado, ligando-se a Ca2+ e Mg2+

6.42
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21
Seleção do método de rutura

1. O tipo de célula
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2. Localização do produto intracelular


3. Aplicação pretendida para o produto
4. Sensibilidade do produto à temperatura e às forças de
tensão de corte
5. Facilidade de recuperação do produto dos segmentos
celulares
6. Simplicidade do método e custos de operação
7. Quantidade de células a processar

6.43
Biotecnologia + Engenharia Biomédica

Bibliografia

1. Product Recovery in Bioprocess Technology; J.


Separação e Purificação de Bioprodutos

Krijgsman; In: Biotechnology by open learning;


Butterworth-Heinemann, 1992

2. Aires Barros MR e Cabral JMS, Biosseparações, In:


Biotecnologia-Fundamentos e Aplicações, Lima N e Mota
M (eds), Lidel, 2003, pp 195-218.

6.44
Biotecnologia + Engenharia Biomédica

22
Separação e Purificação de Bioprodutos

Precipitação

7.45
Biotecnologia + Engenharia Biomédica

Precipitação

 A precipitação é um método clássico utilizado principalmente


Separação e Purificação de Bioprodutos

na recuperação de proteínas
 embora também possa ser utilizado na recuperação de outras
macromoléculas ou moléculas de baixo peso molecular
 o aumento de escala é simples

 A precipitação explora alterações na solubilidade de compostos


por alteração da composição do meio (e.g., adição de sais,
polímeros ou solventes)

 É predominantemente utilizada como etapa preliminar antes de


métodos de purificação de maior resolução
 e.g., antes duma cromatografia

7.46
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23
Precipitação

 Usando como modelo a separação de proteínas, estas


Separação e Purificação de Bioprodutos

apresentam à superfície grupos com carga positiva ou negativa


 em condições fisiológicas, a tendência é para a carga ser negativa

 Devido à polaridade, ocorre um equilíbrio entre a atração e a


repulsão entre os compostos polares em solução
 fruto destas forças, formam-se camadas limite à superfície das
proteínas com carga antagónica
 é a espessura desta camada limite que confere estabilidade à
proteína

 A adição de sais, polímeros, solventes ou polieletrólitos à


solução proteica, pode alterar a estrutura da camada limite que
estabiliza a molécula provocando a sua precipitação
7.47
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Precipitação – adição de sais

 A adição de sais aumenta a força iónica do meio, diminuindo as


Separação e Purificação de Bioprodutos

forças repulsivas e, consequentemente, a solubilidade – salting-


out

 As principais candicionantes da precipitação salina são:


 o custo do sal
 a solubilidade do sal (opera-se até 4 M)
 o calor de solução (pode desnaturar proteínas se elevado)
 a densidade final da solução (dificulta centrifugação)

 A eficiência é essencialmente devida ao anião (série de


Hofmeister)
citrato>fostafo>sulfato>acetato>cloreto>nitrato>tiocianato

 Os catiões devem ser monovalentes


7.48
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NH4+>K+>Na+

24
Precipitação – adição de sais
 Sais mais utilizados
Separação e Purificação de Bioprodutos

 Sulfato de amónio
 barato e muito solúvel
 corrosivo

 Sulfato de sódio
 elevado calor de dissolução
 baixa solubilidade abaixo dos 40 ºC

 Fosfatos de sódio ou potássio


 solúvel (menos que o sulfato de amónio e mais caro)
 corrosivo
 ação dependente da temperatura

7.49
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Precipitação – adição de sais

 A precipitação com sais é um dos métodos mais antigos utilizados


Separação e Purificação de Bioprodutos

para a recuperação de proteínas


 pela adição de sais, a solubilidade das proteínas (S) depende da força
iónica do meio de acordo com:

 onde:
  representa a força iónica do sistema;
  é característico de cada proteína e depende do pH e da temperatura
 K1 é característico de cada proteína e depende do sal utilizado

 aniões polivalentes (sais de sulfato ou de fosfato) apresentam valores


de K1 maiores, enquanto catiões polivalentes reduzem K1 (catiões de
cálcio ou de magnésio)
 daqui o sal mais utilizado ser o sulfato de amónio
 http://www.youtube.com/watch?v=F5pzOD-c6hg
7.50
Biotecnologia + Engenharia Biomédica

25
 Problema
Separação e Purificação de Bioprodutos

 Efetuaram-se testes preliminares para precipitar com sulfato de


amónio uma proteína que se encontra em solução numa
concentração de 15 g/l. Usaram-se duas concentrações de sal:
0,5 M e 1,0 M e as concentrações de proteína que
permaneceram em solução foram respetivamente 13,5 e 5,0 g/l.

Calcule a concentração de sulfato de amónio para se conseguir


recuperar 95 % da proteína.

7.51
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Precipitação – ponto isoelétrico

 Atendendo a que a solubilidade em água diminui na


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proximidade do pI

 o valor de  (equação anterior) atinge um mínimo perto do pI,


logo diminuindo a solubilidade

 a precipitação pode ocorrer usando menos sal ou outras sais mais


baratos e disponíveis (e.g., sais de ácido fosfórico, clorídrico ou
sulfúrico), e predominantemente a pH baixo

 em muitos casos não é necessário a posterior remoção do sal,


pois a concentração aplicada é baixa

7.52
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26
Precipitação – polímeros não iónicos
Separação e Purificação de Bioprodutos

 estes polímeros competem com as proteínas pela água de solvatação,


reduzindo a solvatação da proteína e a sua solubilidade

 estes não alteram a força iónica, nem o potencial eletrostático

 os polímeros mais usados são o dextrano e o polietileno glicol (PEG -


peso molecular entre os 4000 e os 6000 Da)
 na concentração usada (1 a 5 % PEG) a viscosidade não é elevada, nem
o custo elevado

 a solubilidade das proteínas decresce de forma exponencial com a


concentração do polímero, de acordo com

 S e S0 representam a solubilidade na presença e na ausência do polímero


e  uma constante
7.53
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Precipitação por solventes

 A precipitação de proteínas pode também alcançar-se com


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solventes orgânicos, neutros e de baixa polaridade


 e.g., metanol, etanol, ácido isopropílico

 A precipitação ocorre por redução da constante dielétrica que,


por sua vez, desestabiliza as interações eletrostáticas à
superfície das moléculas

 Atendendo a que estes solventes tendem a inativar moléculas


bioativas, a precipitação deve ocorrer a temperaturas baixas
Por vezes a temperaturas próximas de – 18 ºC

7.54
Biotecnologia + Engenharia Biomédica

27
Precipitação por solventes

 A variação da solubilidade na presença do solvente pode ser descrita


Separação e Purificação de Bioprodutos

por:

 onde:
 S e S0 representam a solubilidade na presença e na ausência do solvente;
 Dε representa a constante dielétrica (dependente do solvente)
 K2 representa uma constante dependente da temperatura e da proteína

 Quanto maior a constante dielétrica menor as forças de atração entre


grupos polares
 A Dε da água é cerca de 40 x maior que a de hexano
 o que indica uma força de atração muito maior em hexano e logo uma mais rápida
precipitação

7.55
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Precipitação por polieletrólitos

 Os polieletrólitos atuam como agentes floculantes, como


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combinação de efeitos de salting-out com exclusão molecular

 A interação é de natureza eletrostática, onde o polímero


polieletrólito liga-se a proteínas e a outros polímeros, formando
uma rede – ‘floco’

 Como exemplos de polieletrólitos destacam-se os polissacáridos


acídicos (e.g., carboximetil-celulose; alginato, pectato e
carraginato)

 A quantidade ótima de polieletrólito é determinada


empiricamente
7.56
Biotecnologia + Engenharia Biomédica

28
Precipitação por iões metálicos

 Os iões metálicos são especialmente eficazes na precipitação de


Separação e Purificação de Bioprodutos

proteínas de soluções diluídas

 Podem ser classificados em 3 grupos

Os que se ligam a ácidos carboxílicos e a compostos azotados


Mn2+, Fe2+, Co2+, Ni2+, Cu2+, Zn2+ e Cd2+

Os que se ligam a ácidos carboxílicos


Ca2+, Ba2+, Mg2+ e Pb2+

Os que se ligam a grupos contendo enxofre


Ag+, Hg2+ e Pb2+

7.57
Biotecnologia + Engenharia Biomédica

29

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