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TESTE 10

Grupo I
A
Lê o poema e responde às questões.

Doces e claras águas do Mondego,


doce repouso de minha lembrança,
onde a comprida e pérfida1 esperança
longo tempo após si me trouxe cego:

de vós me aparto; mas porém não nego


que inda a memória longa, que me alcança,
me não deixa de vós fazer mudança;
mas quanto mais me alongo, mais me achego.

Bem pudera Fortuna este instrumento


d’ alma levar por terra nova e estranha,
oferecido ao mar remoto, vento;

mas a alma, que de cá vos acompanha,


nas asas do ligeiro pensamento,
para vós, águas, voa, e em vós se banha.
Luís de Camões, Lírica Completa – II, Lisboa: IN-CM, 1994, p. 155.

1. Identifica o interlocutor do sujeito poético, justificando com expressões textuais.


2. Caracteriza o sujeito poético e a situação em que se encontra.
3. Explicita o papel do Destino e a sua relação com o “eu”.
4. Identifica o recurso expressivo presente no último terceto e explica a sua
expressividade.

B
Tendo em conta o conhecimento global da Farsa de Inês Pereira, demonstra a
atualidade da peça, numa exposição (130-170 palavras). Ilustra o teu texto com
referências concretas à obra.
A tua exposição deve incluir:
 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento no qual explicites a atualidade da peça,
fundamentando as características apresentadas em, pelo menos, um
exemplo significativo;
 uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

1
traiçoeira, desleal.

1
Grupo II
Lê o texto e seleciona a única opção correta.
Uma vida num poema
Em 1624, pouco mais de 50 anos depois da morte de Camões, é publicada em
Évora, por Manuel Carvalho, impressor da Universidade, a obra Discursos vários
políticos, de Manuel Severim de Faria, chantre e cónego na Santa Sé de Évora, que
contém uma extensa biografia de Luís de Camões. O autor dá-nos o registo minucioso
de todas as informações que conseguiu obter sobre a vida do poeta, e confere muito do
que apurou com os poemas, sobretudo da sua lírica, onde Camões terá falado de si
próprio através de múltiplas alusões baseadas na sua experiência.
É interessante termos este documento para nos precavermos contra as biografias
romanceadas que foram surgindo ao longo dos séculos. Não refiro apenas o lado
amoroso, que aqui é visto com precaução dado que, segundo Faria, a ferida que Camões
recebeu em Ceuta, tirando-lhe a visão de um olho, “lhe afetou notavelmente o rosto, por
onde era chamado das Damas Diabo e Cara sem olhos, a que ele respondeu muitas
vezes cortesã e graciosamente, como se vê de seus versos.”
Por volta de 1553 embarca para a Índia, fugindo de Lisboa onde se envolvera em
conflitos, e depois de um período mais ou menos atribulado vai para a China: “Em
Macau teve o ofício de Provedor mor dos defuntos, e com a comodidade do lugar devia
de compor aqui alguma boa parte dos seus Lusíadas, pois de lá os trouxe consigo”. (…)
Sabemos por Diogo Couto que, quando o poeta chegou à ilha de Moçambique
em estado extremo de pobreza, o seu Parnaso lusitano lhe foi roubado, sem se saber
que destino teve. No entanto, os poemas deviam já circular em cópias manuscritas na
posse de amigos e destinatários para permitirem a salvação das Rimas, embora Camões,
no regresso a Lisboa, só se tivesse preocupado em editar Os Lusíadas.
Isto por não atribuir grande importância à sua lírica, a crer nas palavras de um
outro biógrafo, D. Francisco Alexandre Lobo, bispo de Viseu, no 1.º volume das suas
obras impressas em 1848 “à custa do seminário da sua diocese; e diz o bispo que
“tempo sobejo temos gastado com as Rimas de Camões, que o seu mesmo Autor tinha
em muito pouco”. Sublinhando em nota: “Pondo tanto empenho em fazer imprimir o
Poema Épico, nenhum pôs, antes e depois disso, em que as Rimas, no todo ou em parte,
fossem impressas”, o que só teria lugar postumamente em 1595 com a edição feita por
Fernão Rodrigues Lobo Soropita, também ele poeta. (…)
Em todas estas opiniões, próximas ou mais distantes, o que é comum é ver como
Camões obteve logo após a sua morte um lugar destacado na poesia ibérica. O seu
poema épico adquire esse lugar pela diferença em relação a outros autores que não
souberam afastar-se de modelos em que a história e louvor dos heróis não permitem a
surpresa que decorre da articulação entre realidade e mitologia, pondo no mesmo plano
o positivo e o negativo da História, e sobretudo dando igual destaque a todas as
personagens, sem atender à sua classe.
Nuno Júdice, Jornal de Letras, 26 de janeiro a 8 de fevereiro de 2022, pp.10-11.

1. O título do texto é uma alusão

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(A) às Rimas de Luís de Camões.
(B) ao poema épico.
(C) a uma redondilha de Camões.
(D) a um soneto de Camões.

2. Segundo o autor do texto, um dos biógrafos de Luís de Camões


(A) questiona a biografia de Manuel Severim de Faria.
(B) faz um registo minucioso de todos os poemas de Camões.
(C) relata experiências de Camões a partir da leitura de Os Lusíadas.
(D) apresenta a biografia do poeta a partir de informações que recolheu nos
seus poemas.

3. De acordo com a opinião do autor do texto, há biografias de Luís de Camões


(A) que não dão importância ao ferimento de Camões.
(B) que sobrevalorizam o defeito facial do poeta.
(C) que menosprezam a temática amorosa.
(D) que não são fidedignas.

4. O autor do texto salienta o facto de Luís de Camões


(A) não valorizar a sua poesia lírica.
(B) não valorizar a publicação de Os Lusíadas.
(C) não querer publicar as Rimas.
(D) ter publicado anteriormente alguns episódios de Os Lusíadas.

5. A oração “que conseguiu obter sobre a vida do poeta” (l. 5) desempenha a


função sintática de
(A) modificador do grupo verbal.
(B) complemento direto.
(C) modificador do nome restritivo.
(D) modificador do nome apositivo.

6. Na expressão “que aqui é visto com precaução” (l. 10), indica o antecedente do
pronome.
7. Indica a função sintática do pronome relativo na oração “que decorre da
articulação entre realidade e mitologia” (ll. 34-35).

3
Grupo III

Graça Morais, Camões.

Num texto bem estruturado, com um mínimo de cento e cinquenta e um máximo


de duzentas e cinquenta palavras, faz uma apreciação crítica da pintura de Graça Morais
intitulada Camões.
O teu texto deve incluir:
 a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos
da sua composição;
 um comentário crítico, fundamentando devidamente a tua apreciação e
utilizando um discurso valorativo;
 uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos.

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