Você está na página 1de 10

1 O IASB e as Normas Internacionais

O IASC foi criado por influência dos profissionais de contabilidade britânicos, como resposta ao
processo harmonizador da União Europeia, reflectindo em grande medida as leis e praticas alemã.

Objectivos da criação do IASC:

 Formular e publicar, no interesse público, normas de contabilidade que possam ser


utilizadas na apresentação das demonstrações financeiras e promover a sua observância e
aceitação mundial

 Trabalhar, de uma forma geral, para a melhoria e harmonização dos regulamentos,


normas e procedimentos contabilísticos relacionados com a apresentação das
demonstrações financeiras.

1.1 As Normas internacionais criadas pelo IASB


Antes da criação das normas, o IASB criou a estrutura conceptual, designado (Framework)

a) Quadro conceptual do IASB 1

O “framework” não é tecnicamente uma norma mas sim a base de todas as normas e
interpretações. O “Framework” estabelece e define:

 Os objectivos das demonstrações financeiras, que determinam o tipo que cada uma
das peças contabilísticas deve oferecer.

 As características qualitativas que as demonstrações financeiras devem reunir.

 Os pressupostos inerentes a cada tipo de demonstrações financeiras.

 Os elementos das demonstrações financeiras;

 Os critérios de reconhecimento que devem ser observados antes que um elemento


possa ser reconhecido nas demonstrações financeiras.

 As bases de avaliação que podem ser usadas, e;

 Os conceitos de capital e de manutenção do capital, entre outros.

1
Pode ser visto no Capitulo 1.2 do SCE – Decreto 70/2009 de 22 de Dezembro
b) O Processo de emissão das normas
Como qualquer norma ou lei, parte-se de um fenómeno ou problema observado e avança-se para a criação
de instrumentos de orientação, regras e procedimentos de acções visando o alcance da solução do
problema.

 As propostas são formuladas pelos membros encarregues de desenvolvimento das normas,


“experts” na matéria em estudo e, perante consensos da maioria, emite-se um “exposure
draft”.

 O “exposure draft” só pode ser emitido depois da aprovação de pelo menos 8 dos 14
membros, devendo ser emitido com:
 As opiniões daqueles membros do IASB que não aprovaram o “exposure draft”.
 As bases para as conclusões que foram feitas pelos restantes membros.

 Qualquer parte interessada pode comentar. Os comentários recebidos são investigados,


sendo depois elaborada a norma.

 Após os comentários, consensos e ensaios com sucessos, publica-se a norma.

 Todas as normas são objecto de revisão, podendo culminar com alteração, eliminação ou
substituição de parte ou de todo o texto. As normas actuais foram revistas e publicadas em
2008.

1.1.1 Língua e tradução

As normas internacionais de contabilidade (IAS) ou de relato financeiro (IFRS), assim como as


normas de interpretação (IFRI) são publicadas em inglês que é a única versão oficial. A União
Europeia realizou uma tradução livre para o português assim como para outros idiomas (Francês,
Espanhol, Alemão etc.). Porém as traduções não são versões oficiais.

1.1.2 A Interpretação das normas


As interpretações são desenvolvidas quando os contabilistas e auditores notificam o Board das
dificuldades na interpretação e aplicação de certas partes da norma.
As IAS eram interpretadas pelo SIC (Standing Interpretations Committee), tendo desenvolvido 32
interpretações, algumas já descartadas no processo de harmonização.
As IFRS são interpretadas pelo IFRIC (International Financial Reporting Interpretations
Committee), tendo desenvolvido 7 interpretações.
1.1.3 Cumprimento das Normas
Legalmente as demonstrações financeiras devem conformar-se com a regulamentação e os padrões
nacionais de um dado país.

Todavia, quando o país adopta as IFRS, os instrumentos de normalização da contabilidade


internos devem subordinar-se a estas, visando o alcance dos padrões internacionais, em termos de
qualidades de demonstrações financeiras.

Se um país pretende que as entidades de negócio nacionais usem o GAS (Global Accounting
Standards) deve claramente referir que é obrigatório a observância das “International Financial
Reporting Standards” (IFRS).
Por outro lado a IAS 1- Presentation of Statments , requer que quando as empresas cumprem com
as IFRS, devem declarar tal facto nas demonstrações financeiras.

1.1.4 Moldura actual das Normas do IASB

No cumprimento dos objectivos da sua constituição, o IASB elaborou, ainda na vigência da


denominação IASC (International Accounting Standards), as normas designadas IAS
(International Accounting Standards), ou NIC (Normas Internacionais de Contabilidade), como
são conhecidas na expressão portuguesa. No entanto, a reestruturação a que o IASC foi sujeito e
que culminou com a alteração da denominação para IASB, modificou também a designação das
normas para IFRS (International Financial Reporting Standards).

A Moldura ACTUAL das normas do IASB é constituída por:


 41 Normas referenciadas como IAS (produzidas pelo IASC).
 17 Normas referenciadas como IFRS (produzidas pelo IASB

De salientar que para elaboração das normas contantes do PGC-NIRF do SCE aprovado pelo
Decreto 70/2009 de 22 de Dezembro, serviram de base as 41 IAS e 9 IFRS que haviam sido
emitidas e revistas até Outubro de 2008.

1.1.5 Normas Internacionais de Contabilidade (NIC) emitidas pelo IASC e


adoptadas pelo IASB

Segundo Garcia Dez. (2000:45) in Rodrigues & Pereira (2004: 147, 148), até a data da
reestruturação e adopção da denominação IASB, este organismo havia emitido e publicado 41
normas que, no seu conjunto abarcam quase todas as questões que se possam colocar na prática
contabilística e abordam uma multiplicidade de temas com rigor e profundidade, constituindo um
complexo compêndio dos aspectos inerentes a contabilidade actual.

As 41 normas do IASC adoptadas pelo IASB.


IAS 1 – Apresentação de demonstrações financeiras
IAS 2 –Inventários
IAS 7 – Demonstrações de Fluxos de Caixa
IAS 8 – Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros
IAS 10 -Acontecimentos após data do balanço
IAS 11 -Contractos de construção
IAS 12 -Impostos sobe Rendimento
IAS 14 -Relato por segmentos
IAS 15 -Informação reflectindo os efeitos das variações de preços
IAS 16 -Activos Fixos Tangíveis
IAS 17 -Locações
IAS 18 -Rédito
IAS 19 -Benefícios dos empregados
IAS 20 -Contabilização dos subsídios do governo e divulgação dos apoios do governo
IAS 21 -Os efeitos de alterações em taxas de câmbio
IAS 22 -Concentração de actividades empresariais
IAS 23 -Custos dos empréstimos obtidos
IAS 24 -Divulgações de partes relacionadas
IAS 26 -Contabilização e relato dos planos de benefícios de reforma
IAS 27 -Demonstrações financeiras consolidadas e separadas
IAS 28 -Investimentos em associados
IAS 29 -Relato financeiro em economias híper inflacionárias
IAS 30 -Divulgações nas demonstrações Financeiras de Bancos e de Instituições Financeiras
IAS 31 -Interesses em empreendimentos conjuntos
IAS 32 -Instrumentos financeiros: divulgação e apresentação
IAS 33 -Resultados por acção
IAS 34 -Relato financeiro intercalar
IAS 35 -Unidades operacionais em descontinuara
IAS 36 -Imparidade de activos
IAS 37 -Provisões, Passivos contingentes e Activos contingentes
IAS 38 -Activos intangíveis
IAS 39 – Instrumentos financeiros: Reconhecimento e mensuração
IAS 40 -Propriedades de investimento
IAS 41 -Agricultura
Os números de normas não mencionados foram eliminados no acto da revisão.

1.1.6 Normas Internacionais de Relato Financeiro (NIRF) emitidas pelo IASB

Com a reestruturação deste organismo e constiruição do novo organismo com a denominação


IASB, em 2001, as normas emitidas a partir dessa data passaram a designar-se IFRS
(International Financial Reporting Standards)

As 9 IFRS (incluídas no PGC NIRF)


IFRS 1 -Adopção pela primeira vez das Normas Internacionais de Relato Financeiro

IFRS 2 -Pagamento com base em acções


IFRS 3 -Concentração de actividades empresariais
IFRS 4 -Contractos de seguros
IFRS 5 -Activos não correntes detidos para venda e unidades operacionais descontinuadas
IFRS 6 -Exploração e avaliação de Recursos Minerais
IFRS 7 -Instrumentos financeiros: divulgação de informações

IFRS 8 - Segmentos operacionais

IFRS 9 - Instrumentos financeiros

As IFRS emitidas pelo IASB após 2009

IFRS 10 - Consolidated Financial Statements

IFRS 11 - Joint Arrangements

IFRS 12 - Disclosure of Interests in Other Entities

IFRS 13 - Fair Value Measurement

IFRS 14 - Regulatory Deferral Accounts

IFRS 15 - Revenue from Contracts with Customers

IFRS 16 – Leases

IFRS 17 - Insurance Contracts


1.2 As IFRS no mundo

Muitos países já adoptam as IFRS como suas próprias normas, sem modificações ou com
pequenas adições e exclusões, valendo, no entanto, a ressalva de que o IASB tem como objectivo
a adopção e não a adaptação de seus pronunciamentos. Segundo a IFRS Foundation, cerca de 130
países em 120 jurisdições adoptam as IFRS2.

1.3 As normas do IASB e a sua aceitação pela União Europeia

O acordo IASB-IOSCO constituiu o marco importante na história da harmonização contabilística


da U.E., pois marca a alteração definitiva da sua politica harmonizadora.

Partindo da ideia das dificuldades de implementação das normas, a U.E. decide juntar os esforços
àqueles desenvolvidos pelo IASB e IOSCO, visando conseguir uma harmonização mais
abrangente na aplicação das normas contabilísticas. Estes esforços tinham como fim proteger a
competitividade das empresas da U.E. na economia mundial e assegurar os princípios de livre
comércio em que se fundou a U.E.

Esta estratégia da U.E. visava igualmente evitar o risco acrescido de que algumas empresas
europeias fossem cada vez mais atraídas pelos USGAAP (United States General Accounting
Acepted Principles), desenvolvidos nos EUA sem qualquer intervenção europeia. Apesar do
poderio do FASB (Financial Accounting Standard Board) organismo de normalização
contabilística americano, as normas do IASB começara a ganhar espaço e protagonismo no
processo de harmonização internacional, sobretudo no que diz respeito a defesa dos interesses das
empresas da U.E. no mercado mundial.

"Se é verdade que os E.U.A possuem o maior organismo de normalização contabilística, o FASB,
e os maiores mercados de capitais, também é verdade que nem todo o pensamento contabilístico
actual vem dos EUA e o FASB não tem monopólio das boas ideias, nem é o único a dar respostas
correctas aos problemas contabilísticos". Rodrigues (2000:44) apud Rodrigues e Pereira 2004:
160).

1.4 O FASB

2
Disponível em https://cdn.ifrs.org/issued-standards/list-of-standards/, consultado em 18.02.2021
O FASB e uma organização responsável pela emissão de normas de contabilidade a serem
utilizados nas empresas Norte Americanas.

“Após a crise da bolsa da nova York, em 1929, membros do governo dos Estados Unidos
congressistas, dirigentes, empresários, auditores, analistas de crédito e do mercado de acções e
pesquisadores académicos se dedicaram a análise das razões para a crise e na concepção de
mecanismo para superar os problemas levantados. Foi então no âmbito da entidade que
congregava os auditores dos E.U.A, Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados
(AICPA) que se desenvolveu a ideia da criação do Accounting Principles Board (APB). Este
organismo foi criado na década 70 do século passado, o seu pronunciamento constitui a aparte
mais representativa dos chamados Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites nos Estados
Unidos (USGAAP). Por volta de 1973 este organismo foi substituído por uma entidade
independente, sem fins lucrativos, denominada FASB.

1.4.1 Divergências e convergências das Normas do IASB e do FASB

Os esforços do IASB e do IFRS Foundation estão em busca de uma convergência internacional


com o FASB3.

Conforme Haverty (2006), os principais pontos de divergência na implementação das IFRS, em


relação aos US GAAP são:
 goodwill,
 imposto de renda diferido
 efeito de variações cambiais
 gastos referentes à pesquisa e desenvolvimento5
 planos de pensão
 reavaliação de activos tangíveis.

Quanto à convergência, no actual panorama contabilístico mundial, o processo de convergência


entre as IAS e IFRS do IASB e as USGAAP do FASB assume importância crescente. Para
conseguir a compatibilidade, o IASB e o FASB concordam matérias de prioridade como:

3
Em 18 de Setembro de 2002, FASB e IASB se reuniram e divulgaram um "Memorando de Entendimento
(Memorandum of Understanding)". Norwalk (Connecticut),
 A eliminação, no curto prazo, das várias diferenças individuais entre as USGAAP e as
IAS-IFRS;
 Continuação de actuais projectos comuns e
 Incentivar da coordenação das actividades dos órgãos de interpretação das normas do FASB e
do IASB”. (ibid:361)

“Portanto o processo de convergência não se limita as IAS-IFRS e USGAAP, as áreas de


convergência em principal destaque são:
 Divulgação do resultado global, em linha separada.
 Definição de unidade operacionais documentadas.
 Alterações nos métodos de amortização dos activos existentes.
 Alterações não obrigatórias nas politicas contabilísticas.
 Uso do método “lifo” na determinação de custo dos inventários.
 Activos financeiros e passivos financeiros pelo justo de valor através dos lucros de perdas.
 Ajuste das demonstrações financeiras de entidade que opera em economia híper
inflacionária.
 Reconhecimento de subsídios de governo
Temas para trabalhos de pesquisa:
1. IASC, IASB e IFAC: apresentar o seu historial, denominação como organismo, suas
atribuições, membros, realizações, etc..
2. Normas internacionais do IASB: apresentar o quadro contendo as normas, as datas de emissão
e objecto.
3. Normas de Interpretação do IASB
4. Harmonização das normas do IASB e do FASB: os pontos de convergência e de divergência
5. A adopção das Normas Internacionais no mundo.
Bibliografia

 CARVALHO, L. Nelson, LEMES Siriel & DA COSTA, Fabio Moraes. Contabilidade


Internacional. Aplicação das IFRS 2005. Publicação Atlas

 Rodrigues L.L. 2004. A Diversidade Contabilística e o processo de harmonização


internacional. Publisher Team. Lisboa.

 UE. Normas consolidadas 2008

 Moçambique, Decreto 70/2009 de 22 de Dezembro: SCE

 IFRS Around the World. https://cdn.ifrs.org/issued-standards/list-of-standards/, consultado


em 18.04.2021

Você também pode gostar