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FLAVIA ANUNCIATI FREIRIA

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA OS


HAITIANOS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO CELEM

Londrina
2019

FLAVIA ANUNCIATI FREIRIA

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA OS


HAITIANOS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO CELEM
.

Trabalho de Conclusão do Curso de


Pedagogia, apresentado ao Centro de
Educação, Comunicação e Artes (CECA),
Departamento de Educação da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito parcial
à obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia.

Orientadora: Profª. Drª. Adriana Regina de


Jesus

Londrina
2019
FLAVIA ANUNCIATI FREIRIA

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA OS HAITIANOS:


DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO CELEM
.

Trabalho de Conclusão do Curso de


Pedagogia, apresentado ao Centro de
Educação, Comunicação e Artes (CECA),
Departamento de Educação da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito parcial
à obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

Profª Orientadora
Drª. Adriana Regina de Jesus
Universidade Estadual de Londrina

Componente da Banca
Profº
Universidade Estadual de Londrina

Componente da Banca
Profº
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, _____de ___________de _____.

“A cultura, enfim, é indefinível. Mas é a única


obra perene do homem.”
Waldenyr Caldas
FREIRIA, Flávia Anunciati. O ensino de Língua Portuguesa para os Haitianos:
Desafios e possibilidades do CELEM. 2019. XX páginas. Trabalho de Conclusão de
Curso de Pedagogia – Universidade Estadual de Londrina. Londrina, 2019.

RESUMO

Após a catástrofe no Haiti em 2010, há o apoio do Brasil aos Haitianos, ampliando o


processo de imigração para o nosso país. Isto nos fez refletir sobre algumas
questões relacionadas à recepção e amparo destes imigrantes, no que diz respeito
às políticas educacionais e o processo de aprendizagem da Língua Portuguesa.
Nosso objetivo geral é compreender a proposta pedagógica do Celem no que se
refere a promover o processo de ensino/aprendizagem aos migrantes que chegam
ao Brasil e especificamente na cidade de Londrina. Em relação aos objetivos
específicos pretendemos a) identificar como se dá o processo de ensino e
aprendizagem da Língua Portuguesa para haitianos em uma escola estadual da
cidade de Cambe a fim de identificar a dinâmica entre os participantes, os materiais
utilizados, os conteúdos trabalhados e a metodologia aplicada; b) Analisar as
percepções do docente e dos estudantes Haitianos acerca dos métodos educativos
no processo da compreensão da Língua Portuguesa, articulando então os
referenciais teóricos pesquisados e a prática docente do ensino da Língua
Portuguesa.

Palavras-Chave: Haiti. Língua Portuguesa. Ensino. CELEM.


FREIRIA, Flávia Anunciati. Portuguese Language Teaching for the Haitians:
Challenges and Possibilities of CELEM. 2019. Xx pages. Work for the Completion
of a Pedagogy Graduation - State University of Londrina. Londrina, 2018.

ABSTRACT

Following the catastrophe in Haiti in 2010, there is Brazil's support for the Haitians,
expanding the immigration process for our country. This has made us reflect on
some issues related to the reception and protection of these immigrants, regarding
the educational policies and the learning process of the Portuguese Language. Our
general objective is to understand the pedagogical proposal of Celem in what
concerns to promote the process of teaching / learning to the migrants who arrive in
Brazil and specifically in the city of Londrina. In relation to the specific objectives we
intend to a) identify how the teaching and learning process of the Portuguese
Language for Haitians occurs in a state school in the city of Cambe in order to
identify the dynamics among the participants, the materials used, the contents
worked and the applied methodology; b) To analyze the perceptions of teachers and
Haitian students about the educational methods in the process of understanding the
Portuguese Language, articulating then the theoretical references researched and
the teaching practice of the teaching of the Portuguese Language.

Keywords: Haiti. Portuguese language. Teaching. CELEM


SUMÁRIO

1
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 9

2 O
HAITI......................................................................................................................0
2.1 BREVE HISTÓRICO DO PAÍS......................................................................................0
2.1.1 A Colonização Francesa.....................................................................................0
2.1.2 O Processo de Independência Haitiana.............................................................0
2.1.3 Lutas, Perspectivas e Comtemporaneidade.......................................................0

3 O REFUGIADO ........................................................................................................0
3.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO..........................................................................................0
3.2 A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS............................................0
3.3 INSTITUTO DO ASILO E O INSTITUTO DO REFÚGIO......................................................0
3.4 A INTEGRAÇÃO SOCIAL COMO PROTEÇÃO ESSENCIAL...............................................0

4 A MIGRAÇÃO HAITIANA NO BRASIL ..................................................................0


4.1 ORIGENS, CAUSAS E DESAFIOS................................................................................0
4.2 OS DIREITOS DOS REFUGIADOS E SOLICITANTES DE REFÚGIO NO BRASIL..................0
4.2.1 A Lei n° 9.474/97................................................................................................ 0
4.2.2 A Nova Lei de Migração Brasileira n° 13.445/17................................................0
4.3 OS HAITIANOS NO PARANÁ.......................................................................................0

5 A EDUCAÇÃO VOLTADA AOS HAITIANOS NO BRASIL.....................................0


5.1 AS OPÇÕES DE ENSINO...........................................................................................0
5.2 O PERFIL DOS IMIGRANTES APRENDIZES..................................................................0
5.3 O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA.........................................................................0
5.4 O CELEM...............................................................................................................0

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 0

REFERÊNCIAS........................................................................................................... 0
1 INTRODUÇÃO

Este trabalho se deu a partir da preocupação com estrangeiros Haitianos e


seus filhos no que se refere à educação escolar dos mesmos, onde nas
proximidades da minha residência, no bairro Maria Lúcia, há um grande número de
Haitianos, e observando uma mãe com suas duas filhas a caminho da escola, refleti
sobre o processo formativo destas crianças, ou ainda, como seriam recepcionadas
pelas outras crianças, ou mesmo como se daria a relação entre pais e a escola.
Investigando sobre minhas questões, percebi que não precisava me
preocupar com a escolarização destas crianças, mas sim a de seus pais, que
necessitam de uma interação, porém, sem aprender o nosso idioma (português) esta
comunicação fica comprometida.
E neste processo investigativo observamos que não estamos preparados
para receber estes estrangeiros que buscam no Brasil um refúgio, uma morada, um
lar. Constata-se que alguns destes adultos estrangeiros são encaminhados para a
educação formal, como Educação de Jovens e Adultos – EJA1, que embora se trate
de um espaço que propicie a alfabetização, ela não tem esta especificidade do
ensino de língua portuguesa para imigrantes.
Outros são encaminhados para o ensino não formal e acabam aprendendo
com a ajuda de colegas de trabalho ou através de outro ensino que lhes permitam
se comunicar. Estes aprendizados são necessários para que os haitianos possam
cumprir suas necessidades básicas, como moradia, compras e matrículas de seus
filhos em instituições escolares.
A pesquisa tem como objetivo compreender a proposta pedagógica do Celem
no que se refere a promover o processo de ensino/aprendizagem aos migrantes que
chegam ao Brasil e especificamente na cidade de Londrina. Em relação aos

1
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem o objetivo de democratizar e assegurar o acesso à
Educação. Ela é voltada para a garantia de formação integral, da alfabetização às diferentes etapas
da escolarização ao longo da vida, inclusive àqueles em situação de privação de liberdade. A EJA é
pautada pela inclusão e pela qualidade social. Conforme o art. 37 da LDB “A Educação de Jovens e
Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino
Fundamental e Médio na idade própria”.(SEED, 2018)
objetivos específicos pretendemos a) identificar como se dá o processo de ensino e
aprendizagem da Língua Portuguesa para haitianos em uma escola estadual da
cidade de Cambe a fim de identificar a dinâmica entre os participantes, os materiais
utilizados, os conteúdos trabalhados e a metodologia aplicada; b) Analisar as
percepções do docente e dos estudantes Haitianos acerca dos métodos educativos
no processo da compreensão da Língua Portuguesa, articulando então os
referenciais teóricos pesquisados e a prática docente do ensino da Língua
Portuguesa.
De caráter qualitativo a primeira etapa metodológica desta pesquisa foi
constituída de uma revisão bibliográfica. Partindo da leitura, sequenciando com o
estudo e análise de livros, periódicos, teses e artigos, tendo como um aporte teórico
significativo e necessário para uma visão mais ampla sobre a imigração, a diáspora
haitiana, as opções educativas para imigrantes e sua prática e o funcionamento do
CELEM com o ensino de Língua Portuguesa para os Haitianos.
Por meio de pesquisa de campo utilizamos um questionário semiestruturado
para as entrevistas, sendo confeccionado um roteiro com perguntas principais que,
no decorrer da pesquisa, poderiam ser complementadas com mais informações. A
entrevista foi feita com 20 alunos Haitianos, com a coordenadora pedagógica e com
um professor de Língua Portuguesa, a fim de observar o processo
ensino/aprendizagem, bem como materiais e metodologias utilizadas. – VOCÊ
PRECISA DEFINIR SOBRE O TIPO DA PESQUISA (DIALOGANDO OU
ENTREVISTAS)
O trabalho foi dividido em quatro seções: na primeira faremos uma
apresentação do Haiti traçando um breve histórico do país através da narração de
sua história envolvendo o processo de colonização francesa, a independência do
país e todo o passado de lutas que até hoje influencia estes imigrantes em seu
convívio em novas terras.
Na segunda seção apresentaremos o refugiado, sua definição e históricos,
além das leis que asseguram sua movimentação para outros países que não
signifiquem ameaças à sua pessoa. Também, serão explanadas as ações
importantes ligadas á manutenção do direito dos refugiados, as condutas de asilo e
as ações de integração para os imigrantes.
Na terceira seção iremos apresentar alguns aspectos importantes da
migração haitiana no Brasil, as origens, causas e desafios, além dos respaldos
legais que abraçam estes indivíduos com o intuito de bem recebê-los em nosso país.
Já na última seção, serão abordadas algumas características sobre o ensino
e as opções existentes e o surgimento do CELEM como uma ferramenta facilitadora
e essencial ao aprendizado destes imigrantes, suas necessidades e finalidades,
demanda de estudantes e o mapeamento das escolas que atendem por meio do
CELEM em Cambé e região. Finalizaremos este trabalho com a exibição de algumas
entrevistas e diálogos ligados ao ensino da Língua Portuguesa aos haitianos, que
nos darão o suporte necessário para concluirmos este trabalho.
2 O HAITI

2.1 BREVE HISTÓRICO DO PAÍS

Localizado na região caribenha, o Haiti corresponde à parte ocidental da ilha


de Hispaniola, como foi nomeada pelos espanhóis, seus primeiros colonizadores. O
país, com 27.750 km², apresenta fronteira terrestre a leste com a República
Dominicana. As águas do oceano Altântico banham o norte do Haiti, já o sul abre-se
para o mar do Caribe. Após um século da chegada dos europeus na ilha de
Hispaniola, que ocorreu no ano de 1492, sua população nativa se encontrava quase
completamente dizimada em consequência dos males da colonização: extermínio,
doenças desconhecidas, trabalho forçado nas minas, fome, entre outros (James,
2010, p.19). Em 1695, com o Tratado de Ryswick, a Espanha cedeu à França o
direito legal sobre a parte ocidental da ilha. O Haiti permaneceria sob o domínio
francês por mais de um século, até a independência em 1804. (2.1.1...).
O país do Haiti ou Ayiti, que na língua dos nativos significa Terras Altas, é um
país da América central, e juntamente com a República Dominicana dividem a ilha
caribenha Hispaniola. O país de 27.750 km2, até 2016 possuía aproximadamente 10
847.334 habitantes. (BANCO MUNDIAL, 2016).
Colonizado pelos Franceses, os indígenas que ali moravam foram dizimados
devido ao uso da mão de obra escrava, no processo de mineração e nas lavouras
de cana-de-açúcar, havendo então a necessidade do tráfico de escravos
provenientes da África. A Figura 1 a seguir demonstra qual a localização exata do
Haiti no mapa mundial:

Figura 1 - Localização do Haiti


Fonte: Google Earth (2018)

Devido à miscigenação começa-se a divisão de grupos hierárquicos, com


uma população majoritariamente negra e mulata, desde 1740 as revoltas e rebeliões
eram comuns. Foi em 4 de fevereiro de 1794, que foi aprovado o Decreto onde
abolia a escravidão em Santo Domingo e L’Ouverture foi nomeado general.
Contudo Napoleão Bonaparte envia 50 mil homens para conter os
movimentos, e L’Ouverture é enviado para a França, morrendo em 1803. Porem os
movimentos continuam e Jean Jacques Dessalines se auto-intitula imperador, sendo
o primeiro chefe de estado.
No século XX sob o pretexto de estabelecer a democracia no Haiti, acontece
a intervenção norte-americana que vai de 1915 a 1934. Durante os dezenove anos
de ocupação norte-americana há um progresso no país, principalmente quanto às
melhorias na infraestrutura, como, estradas, hospitais, saneamento básico, sistema
de telefonia entre outros, observando que os benefícios eram sobre tudo para a elite
mulata. Valler Filho (2007)
Com o recuo da intervenção norte-americana em 1934, a violência é utilizada
em nome da ordem. Em 1957 é eleito presidente o médico François Duvalier,
conhecido como Papa Doc (papai médico), foi em extremo autoritário e tirano
declarando-se presidente vitalício até a sua morte em 1971, e é substituído por seu
filho Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, também nomeado presidente vitalício.
Após quase 30 anos de ditadura o Haiti é administrado por governos
provisórios. E nos anos seguintes dois presidentes interinos comandaram o país,
contudo os golpes de governo, as revoltas populares e a violência reinavam durante
este período.
Em 1990 o ex-padre Jean-Bertrand Aristide foi eleito democraticamente,
adepto a teologia da libertação não desfrutava da simpatia dos Estados Unidos, e
alguns meses depois foi deposto devido a um sangrento golpe militar, encabeçado
pelo general Raoul Cedras.
Sob a tutela militar dos Estados Unidos o ex-presidente Aristides é restituído
ao poder no ano de 1994, com o término do seu mandato em 1995, é eleito René
Préval aliado de Aristide, que governou de 1996 a 2000.
Mesmo durante o governo de Préval, a corrupção, a violência e a miséria
eram plena, e o país recebeu quatro missões da ONU. Em 2000, Aristide se reelege
presidente porem os resultados são questionados com a suspeita de fraude.
Em 2004 Aristides renuncia e se exila na África, com intuito de restabelecer
a paz e a democracia, a ONU, aprova uma operação de estabilização multinacional,
à Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH).
Em 2006, foi realizada nova eleição e René Préval foi eleito, assumindo o
governo até 2009, e em 2010, Michel Martelly assumi a presidência.
Ao longo da história mais de vinte e dois presidentes foram assassinados ou
depostos em seus mandatos. Com uma sequência de governos ditadores aos
poucos o ideal de uma sociedade justa e igualitária é abandonada.
Como se não bastasse toda instabilidade política, econômica e social, no dia
12 de janeiro de 2010 o país vivencia um terremoto de magnitude 7.0 (escala
Richter), com o epicentro a cerca de 25 km da capital Porto Príncipe, matando
aproximadamente 250 mil pessoas e desabrigando mais de um milhão. No final de
2010 devido à falta de saneamento o país sofre com um surto de cólera que matou
mais de 4.000 pessoas. (FARIA, 2013)
Em outubro de 2016 o sul da ilha foi devastado pelo furacão Matthew, sendo
o desastre mais devastador desde o terremoto em 2010.
Este quadro de tragédia e destruição se torna um ponto a mais para a
conhecida diáspora Haitiana2. Acredita-se que com o apoio do Brasil na força de paz
no Haiti, e com o crescimento econômico frente as obras executadas vistas à Copa
do Mundo de 2014 o Brasil se torna o destino mais viável aos Haitianos.

2.1.1 Colonização Francesa

A.......................................

2.1.2 O Processo de Independência Haitiana

A.......................................

2.1.3 As Lutas, Perspectivas e Contemporaneidade

A.......................................

2
“O termo diáspora é antigo, frequentemente associado às escrituras bíblicas e aos
judeus”. Segundo o no dicionário Houaiss de Língua Portuguesa (2009, p.681)
significa “dispersão de um povo em consequência de preconceito ou perseguição
política, religiosa ou étnica”. (GIACOMINI, 2017 p. 54)
3 O REFUGIADO

3.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO

O refugiado é definido pela Convenção das Nações Unidas, segundo o


Estatuto dos Refugiados, como a pessoa que, em razão de fundados temores de
perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado
grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por
causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar ao seu Estado (ACNUR,
1951).
Atesta Soares (2004) que, durante a Primeira Guerra Mundial, surgem os
primeiros problemas de movimentos massivos e a necessidade de a comunidade
internacional definir a condição jurídica dos refugiados e realizar atividades de
socorro, além disso há também a necessidade de organização de assentamentos e
a questão da repatriação. Contudo, é durante a Segunda Guerra Mundial que o
problema dos refugiados tomou grandes proporções, a partir do descolamento de
milhões de pessoas por várias partes do mundo.
Diante do sério problema internacional que se tornou a questão dos
refugiados, foram instituídos, ao longo dos anos, diversos órgãos visando à sua
proteção, como o Alto Comissariado para os refugiados da Alemanha, o Alto
Comissariado para os refugiados russos e armênios, e durante a Segunda Guerra
Mundial foi criada a Administração das Nações Unidas para Socorro e Reconstrução
(UNRRA) que tinha por objetivo repatriar as vítimas do nazi-fascismo, já em 1946
surge a Organização Internacional dos Refugiados (OIR) a fim de se discutir os
problemas dos refugiados pós-Segunda Guerra Mundial (SOARES, 2004).
Mazza (2017, n.p) assim publicou sobre a criação da Convenção de 1951:

Diante dos efeitos devastadores gerados no mundo decorrente da Segunda


Guerra Mundial, a ONU elaborou uma Convenção para regular a situação
jurídica dos refugiados. A Convenção foi aprovada pela Assembleia Geral
da ONU em 28 de julho de 1951 vigente a partir de 21 de abril de 1954. A
Convenção, todavia, estava limitada no tempo, pois só era aplicada para os
refugiados que tinham essa condição decorrente dos acontecimentos
ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951. Em outras palavras, destinava-se
para tratar das situações decorrentes do contexto posterior à Segunda
Guerra Mundial. A Convenção destacava, ainda, uma reserva geográfica,
visto que concedia aos signatários a faculdade de aplicá-la apenas às
situações dos refugiados no continente Europeu.

Ainda quanto ao que postula Soares (2004), diante do aparecimento de novas


situações de refugiados no mundo, surgiu a necessidade de ampliar as disposições
da Convenção de 1951, sendo o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967
um ampliador do conceito de refugiados no tocante ao limite temporal e geográfico.
De acordo com Leite (2016), esta Convenção determina algumas importantes
legalidades internacionais a respeito dos refugiados e proporciona uma codificação
bastante abrangente sobre os direitos destes indivíduos a nível internacional, ou
seja, determina padrões básicos sobre o tratamento destes refugiados, não impondo
limites para que os Estados intervenham neste acordo.
Leite (2016) explica que a Convenção não deve absorver nenhum conceito
que seja favorável à discriminação de raças, religiões, gênero ou país de origem, ela
instaura cláusulas que não consideram o refugiado como algo a ser devolvido, ou
em outras palavras, se guia através do princípio non-refoulement (“não-devolução”),
que diz que nenhum país deve expulsar um refugiado contra a sua própria vontade,
para territórios onde ela possa sofrer perseguições. A Convenção também institui
providências para que documentos sejam disponibilizados, como os de viajem
(passaporte), específicos para refugiados.
A instauração de providências que dessem novo fluxo aos refugiados se viu
necessária com o passar do tempo, e por isso um Protocolo do Estatuto dos
Refugiados foi regulado e submetido à Assembleia Geral das Nações Unidas em
1966. Este Protocolo foi assinado pelo Presidente da Assembleia Geral e Secretário
Geral no dia 31 de janeiro de 1967. Assim que ratificado, os países se viram
movidos a aplicar as provisões da Convenção de 1951 a todos os refugiados que
estivessem adequados na definição da carta, e livres de datas e espaço geográfico,
em outras palavras, a Convenção de 1951 e o Protocolo de 1967 são meios seguros
de garantir que qualquer pessoa possa exercer o direito de procurar e estar seguro
mesmo que refugiado em outro país. (LEITE, 2016).
Regulado na Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e o
Protocolo de 1967, sendo o Brasil signatário dos dois, o refúgio é um instituto
jurídico internacional de alcance universal, que em 1951, com a função de garantir a
proteção internacional aos refugiados, foi criado no âmbito do Secretariado da ONU,
sendo nomeado como Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR): instituição apolítica, humanitária e social (ACNUR, 2016).
Leite (2016) explica que foi construído ainda na ONU o Fundo de Emergência
das Nações Unidas, destinado aos refugiados e instituído o ano do refugiado (de
junho de 1959 a junho de 1960), com o intuito de chamar atenção da opinião pública
mundial para essa questão.
No Brasil, o ACNUR conta com um escritório em Brasília e uma unidade
recém-inaugurada em São Paulo. A agência atua em cooperação com o Comitê
Nacional para os Refugiados (CONARE), ligado ao Ministério da Justiça, além disso,
para garantir a assistência humanitária e a integração dos refugiados, o ACNUR
atua também em parceria com diversas organizações não-governamentais (ONGs)
em todo o país. São elas a Associação Antônio Vieira (ASAV), a Caritas
Arquidiocesana do Rio de Janeiro (CARJ), a Caritas Arquidiocesana de São Paulo
(CASP) e o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) (LEITE, 2016).

3.2 A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

A normatividade internacional de proteção dos direitos humanos, conquistada


através de incessantes lutas históricas e consubstanciada em inúmeros tratados
concluídos com esse propósito, é fruto de um lento e gradual processo de
internacionalização e universalização de tais direitos (MAZZUOLLI, 2001).
O mesmo autor explica que os direitos humanos passaram, então, com o
amadurecimento evolutivo desse processo, a transcender os interesses exclusivos
dos Estados, para salvaguardar, internamente, os interesses dos seres humanos
protegidos.
A internacionalização do tema dos direitos humanos é fruto do
desenvolvimento do Direito Internacional deste século, iniciado já na Liga das
Nações com a defesa das minorias e que foi acelerado pelo fim da Guerra Fria
(RAMOS, 2016).
As origens da proteção internacional dos direitos humanos estão associadas
ao Direito Humanitário, à Liga das Nações e à Organização Internacional do
Trabalho (OIT). A importância dos órgãos configura-os como precursores da
necessidade de uma ordem jurídica capaz de proteger direitos do cidadão na esfera
internacional. No entanto, apesar das referidas entidades semearem a ideia de uma
normatização internacional voltada à preservação da paz e do ser humano, o
chamado processo de internacionalização dos direitos humanos é um fenômeno que
tem suas origens nas reações da comunidade internacional às barbáries cometidas
pelo nazismo (SANTOS, 2010).
A proteção internacional dos direitos humanos exprime-se como um elemento
de diálogo entre as nações e um bem comum entre seus objetivos. Tanto a busca
pela governabilidade, quanto a busca pela legitimidade estão estimulando a
aceitação, pelos Estados, da internacionalização dos direitos humanos, sendo que a
demonstração disso, cite-se que, após a Conferência de Viena de 1993 sobre
Direitos Humanos, firmou-se um diálogo comum mínimo sobre o tema de direitos
humanos, aceitando-se por aclamação a universalidade e a indivisibilidade dos
mesmos (RAMOS, 2016).
Nos séculos XIX e XX, a proteção geral dos indivíduos era feita por meio do
instituto da proteção diplomática, já com o Tratado de Versalhes, o enfoque foi
mudado para a proteção geral dos indivíduos e neste Tratado foi instituída a
Organização Internacional do Trabalho, que tinha como estabelecer vários direitos
aos trabalhadores de qualquer parte do mundo. Reconhecendo também no mesmo
tratado a proteção pelo Direito Internacional ás minorias, tendo a proteção
internacional dos direitos humanos a proteção do indivíduo sem a importância de
sua nacionalidade.
Com a criação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, em fevereiro de
1863, e sua assinatura em agosto de 1864, foram instauradas as Convenções de
Genebra para a Melhoria das Condições dos Exércitos em Campanha, culminando
assim com a criação do Direito Internacional Humanitário (COMITÊ
INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA, 2018).
O Direito Internacional reúne regras que limitam os efeitos de um conflito
armado e protege os indivíduos que não participam da guerra, sendo também
conhecido por Direito de guerra. As fontes do Direito Internacional Humanitário são
de origem consuetudinária, mas foram amplamente codificadas durante o século XX
e, na maior parte dos casos, continuam a ter um valor consuetudinário para os
Estados que não ratificaram nem aderiram aos textos convencionais (RAMOS,
2016).
A página dhnet.org.br assim explana sobre as fontes convencionais dos
Direitos Internacional Humanitário:

1. FONTES CONVENCIONAIS Existem atualmente cerca de trinta textos


internacionais em matéria de DIH. Entre eles podemos citar: as 15
Convenções da Haia de 1899 e de 1907N.T.1, o Protocolo de Genebra de
17 de Junho de 1925N.T.2, as 4 Convenções de Genebra de 12 de Agosto
de 1949, a Convenção e o Protocolo da Haia de 14 de Maio de 1954N.T.3,
os 2 Protocolos Adicionais de 8 de Junho de 1977N.T.4, a Convenção das
Nações Unidas de 10 de Abril de 1981N.T.5, o Tratado de Paris de 15 de
Janeiro de 1993N.T.6 e a Convenção de Ottawa de 3 de Dezembro de
1997N.T.7 (FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO,
2018).

O ano de 1948 foi um marco para o Direito Internacional Humanitário, com a


criação da Carta das Nações, que destacou o abandono das características
territoriais, religião, étnica e destacando a coletividade da igualdade entre todos. O
DIH pode assim ser conceituado:

O DIH é acima de tudo um direito auto- nomo, mesmo que a priori pareça
paradoxal a existência de um direito da guerra, já que por um lado a guerra
consiste, na maior parte dos casos, numa violação do direito e por outro, por
ser esta mesma violação que vai condicionar a aplicabilidade do Direito
Humanitário (FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO,
2018).

As Convenções de Genebra e seus Protocolos são a fonte do Direito


Internacional Humanitário. Um sistema normativo que protege as pessoas que não
participam dos conflitos (civis, profissionais de saúde e de socorro) e os que não
mais participam (soldados feridos e prisioneiros de guerra).
Ramos (2016, p. 54) cita:

O art. 3º comum às quatro Convenções de Genebra sobre Direito


Internacional Humanitário converge com a proteção de direitos humanos
básicos, como o direito à vida e integridade física em tempo de paz. No
mesmo sentido, há garantias fundamentais que foram adotadas nos dois
Protocolos Adicionais de 1977 às Convenções de Genebra (Protocolo I, art.
75, e Protocolo II, artes. 4º a 6º.)

O Direito Internacional Humanitário não pode ser confundido com o Direito


Internacional dos Direitos Humanos, uma vez que este é aplicado aos indivíduos em
qualquer tempo, mesmo que não haja nenhuma guerra, sendo o Direito Internacional
Humanitário voltado ao amparo quando existir um conflito armado, enquanto que o
segundo serve para qualquer resguardo (RAMOS, 2016).
Ainda de acordo com Ramos (2016), os princípios do Direito Internacional
Humanitário são a proporcionalidade, o impedimento do uso de armas e projéteis,
assim como materiais ou métodos de guerra que criem males irreparáveis ou até
mesmo supérfluos, mas todos sofrimentos desnecessários aos indivíduos que o
assistem, e todos estes princípios também proíbem os ataques diretos a civis,
proíbem ataques indiscriminados e obrigam a tomada de ações que zelem pelos
indefesos e minimizem ao máximo o número de mortos e feridos, assim como danos
a seus bens.
Barbosa (2011) comenta os princípios sendo eles: Humanidade,
Imparcialidade, Neutralidade, Independência, Voluntariado, Unidade e
Universalidade:

a) Humanidade: é o primeiro de uma declaração, onde seu principal objetivo é


proteger, aliviar, prevenir, fazer respeitar. Princípios que requerem esforços
concretos.
b) Imparcialidade: é a essência do pensamento do Movimento e inerente às
Convenções de Genebra. Não há nenhuma distinção de nacionalidade, raça,
religião, condição social, nem credo político. É a não discriminação.
c) Neutralidade: sua finalidade é a ação. Para tanto precisa conservar a
confiança de todos. Daí se abstém de tomar parte nas hostilidades e a todo tempo,
nas controvérsias de ordem política, racial, religiosa e ideológica.
d) Independência: é estabelecida nas origens do Movimento, se
caracterizando hoje por três elementos: a afirmação geral de independência como
Princípio do Movimento, as Sociedades Nacionais como auxiliares dos poderes
públicos no âmbito humanitário e a necessidade destas em guardarem sua
autonomia, para que possam atuar sempre segundo os Princípios Fundamentais.
e) Voluntariado: é Movimento de socorro voluntário e de caráter
desinteressado. Onde o anônimo, com dom desinteressado de si mesmo, realiza
uma tarefa em favor do próximo, com espírito de fraternidade humana.
f) Unidade: em cada país só pode existir uma Sociedade de Cruz Vermelha,
que deve ser acessível a todos e estender sua ação humanitária à totalidade do
território. É um dos mais antigos entre os Princípios, pautando-se na unicidade da
instituição, na não discriminação no recrutamento dos membros e na generalidade
da ação.
g) Universalidade: é uma realidade, pois há uma Sociedade em quase todos
os países do mundo. Poucos não estão em condições ou não podem ser
reconhecidas como membros do Movimento. Dentro deste, todas têm os mesmos
direitos e o dever de ajudar-se mutuamente.

O Direito Internacional Humanitário traz a preocupação com o ser humano,


separando a religião do homem político em caráter internacional, protegendo
também em momentos de paz.
No Brasil os Direitos Humanos tiveram impulso quando houve a criação do
Programa nacional dos Direitos Humanos, com propostas de defesa ás minorias,
mulheres, adolescentes, imigrantes, migrantes e refugiados.
Nos entendimentos de Rezek (2011, p. 369-370):

O Direito Internacional Humanitário é uma construção marcadamente


costumeira, portanto, resultado do acumulo de diversos e sucessivos
momentos, com surgimento formal simultâneo ao da Cruz Vermelha. Ele só
veio a ficar conhecido como tal a partir das convenções de Genebra de
1949, sendo certo que sua expansão e seu aperfeiçoamento devem-se,
também, principalmente, ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha , que é,
na verdade, uma instituição internacional que pratica o Direito Humanitário,
e não um centro de estudos, razão pela qual se consideram também como
integrantes do Direito Internacional Humanitário, inclusive, as convenções
que visavam á proteção do Homem anteriores a existência destas
convenções e outros documentos, como as declarações multilaterais ou
convenções, inclusive já revogadas ou que nunca estiveram em vigor .

No decorrer do tempo, diversas organizações não governamentais foram


criadas, com intenções a proteção aos Direitos Humanos através da integração de
poderes públicos, entidades públicas e autoridades políticas.

3.3 INSTITUTO DO ASILO E O INSTITUTO DO REFÚGIO

O sentimento de altruísmo é o movedor de toda conduta predisposta a


proteger pessoas perseguidas por inúmeros motivos políticos, religiosos ou ligados a
sua nacionalidade e raça, este sentimento de proteção está presente na
humanidade há muito tempo e pode ser acompanhada em diferentes níveis
históricos de nossa sociedade (JUBILUT, 2007).
Piovesan (2006) defende uma adequada harmonização dos instrumentos de
direitos humanos, uma vez que todos eles constituem o sistema internacional
direcionado à proteção e garantia da dignidade e direitos a qualquer ser humano, em
suas mais diversas circunstâncias.
Segundo Ramos (2016), foi em 1919 que a discussão sobre o papel da
comunidade internacional na proteção dos refugiados teve sua importância, sendo
criada a Sociedade das Nações através da autorização dada pelo Conselho que
criou o Alo Comissariado para os Refugiados em 1921, sendo realmente fundado
em 1950. Também, a Segunda Guerra Mundial marcou um período de muitas
transições de pessoas fugitivas da guerra, o que motivou a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, que garantiu aos estrangeiros perseguidos o direito
de buscar asilo em outros países.
O asilo e o refúgio possuem conceitos diferentes, sendo eles os dois postos
acolhedores dos refugiados. O refúgio é um instituto considerado
internacionalmente, já o termo asilo representa um instituto regional da América
Latina. O processo do asilo diferencia do refúgio, quando se trata diretamente sobre
política dando somente ao Estado conceder o asilo. Para o refúgio basta ter o temor
de perseguição pessoal, para o asilo deve ter a perseguição presente e passado
contra a pessoa (PIOVESAN, 2006).
O site justiça.gov.br do Ministério da Justiça do Governo Federal assim
conceitua o refúgio:

O refúgio é concedido ao imigrante por fundado temor de perseguição por


motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas.
Enquanto tramita um processo de refúgio, pedidos de expulsão ou
extradição ficam em suspensos. O refúgio tem diretrizes globais definidas e
possui regulação pelo organismo internacional ACNUR - Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Refugiados. No Brasil, a matéria é regulada
pela Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997, que criou o Comitê Nacional para
os Refugiados – Conare, e pela Convenção das Nações Unidas sobre o
Estatuto dos Refugiados, de 28 de julho de 1951 (PÁGINA MINISTÉRIO DA
JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).

Os pedidos de asilo estão previstos no art. 4° da Constituição de 1988,


conforme explica o Ministério da Justiça do Governo Federal:

Não existe uma lei específica para tratar os casos de asilo, que é avaliado
diretamente pela Presidência da República. No caso do asilo, as garantias
são dadas apenas após a concessão. Antes disso, a pessoa que estiver em
território nacional estará em situação de ilegalidade. [...] Se concedido, o
requerente estará ao abrigo do Estado brasileiro, com as garantias devidas (
PÁGINA MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA, 201).

Segundo Barreto (2011), o local do asilo, muitas vezes, não exige que sua
instalação esteja fora do país de origem, podendo assim estar situado em uma
embaixada de determinada nação, já o refúgio ocorre fora do país de origem.
O asilo não tem nenhum ordenamento internacional ou organismo
encarregado sobre seu funcionamento e fiscalização, diferente do refúgio que segue
a Convenção de 1951, somado a seus organismos internacionais e suas ligações
nacionais, havendo assim a necessidade de uma fiscalização e um prosseguimento
legal mundial (BARRETO, 2011).
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (BRASIL, 2013), em
vista do número crescente de fluxo de refugiados no país, o governo brasileiro se viu
diante da necessidade de adotar novos meios e formas para facilitar a inserção
desses sujeitos no território nacional, como por exemplo, em 2013 foi criada pela
CONARE a Resolução nº17, na qual, considerando as proporções e alto número de
busca de refúgio e das dificuldades, resultante do conflito na República Árabe Síria,
além da dificuldade dos requerentes em cumprir os requisitos necessários para
comprovação e concessão de asilo, dispões formas para facilitar o acesso ao
refúgio, dispondo os seguintes artigos:

Art. 1º Poderá ser concedido, por razões humanitárias, o visto apropriado,


em conformidade com a Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, e do
Decreto 86.715, de 10 de dezembro de 1981, a indivíduos afetados pelo
conflito armado na República Árabe Síria que manifestem vontade de
buscar refúgio no Brasil.
Parágrafo único. Consideram-se razões humanitárias, para efeito desta
Resolução Normativa, aquelas resultantes do agravamento das condições
de vida da população em território sírio, ou nas regiões de fronteira com
este, como decorrência do conflito armado na República Árabe Síria.
Art. 2º O visto disciplinado por esta Resolução Normativa tem caráter
especial e será concedido pelo Ministério das Relações Exteriores.
Art. 3º Esta Resolução Normativa vigorará pelo prazo de 2 (dois) anos,
podendo ser prorrogada (Prazo prorrogado por igual período pela
Resolução Normativa CONARE Nº 20 DE 21/09/2015).
Art. 4º Esta Resolução Normativa entra em vigor na data de sua publicação
(BRASIL, 2013).

A legislação, contudo, ao reconhecer a condição do refugiado no território,


também dispõe mecanismos para proteção do governo brasileiro e pode, portanto,
obter documentos, trabalhar, estudar e exercer os mesmos direitos que qualquer
cidadão estrangeiro legalizado no Brasil que possui uma das legislações mais
modernas sobre o tema (BRASIL, 2017).
No Brasil, no ano de 2013, cerca de 5.200 refugiados foram reconhecidos
pelo governo, de mais de 80 nacionalidades diferentes. As mulheres constituem 34%
dessa população. A maioria dos refugiados está concentrada nos grandes centros
urbanos do país (BRASIL, 2017).
3.4 A INTEGRAÇÃO SOCIAL COMO PROTEÇÃO ESSENCIAL

A.............

4 A MIGRAÇÃO HAITIANA NO BRASIL

4.1 ORIGENS, CAUSAS E DESAFIOS

Para compreender a origem da diáspora Haitiana, é preciso primeiramente


voltar ao histórico do país, que é marcado pela disputa de poder, violência e coação
dos seus habitantes e que consequentemente tiveram os seus direitos e bem estar
desprezados.

Há diversas situações das quais acarretou a migração haitiana, e nas suas


motivações para deixar o país, que se sujeitam a condições e embarcações
desprovidas de conforto e segurança.
Segundo GIACOMINI, (2017) a diáspora haitiana possui “conotações sociais
e culturais”. A autora explica que o termo foi popularizado em 1980 por padres que
estavam nos Estados Unidos, como forma de reivindicar e denunciar a ditadura no
Haiti, e com a volta dos exilados em 1986 o termo já era conhecido e familiar
estando incorporado à língua crioula.
O termo diáspora é utilizado para designar os compatriotas residentes no
exterior, mas que voltam temporariamente ao Haiti e logo retornam para o exterior
[...].

As roupas enviadas são denominadas rad diáspora (roupa diáspora); o


dólar americano e o euro, lajan diáspora (moedas diáspora); as casas
construídas no Haiti por compatriotas residentes no exterior, combinando
objetos (eletrônicos e eletrodomésticos, etc.), materiais de construção
(cerâmicas, portas, janelas, luzes, etc.) do exterior com os do país, são
denominadas kay diáspora (casas diáspora). (HANDERSON, 2015, p. 53).

É sabido que muitos haitianos residem fora do seu país, “aproximadamente


entre 4 a 5 milhões de haitianos estão espalhados pelo mundo”, os Estados Unidos
é o país que mais possui haitianos, “cerca de 2 milhões; seguido da República
Dominicana (750 mil), Cuba (400 mil), Canadá (120 mil) e França (100 mil)” e
próximo de 75 mil não mencionados na América Latina. HANDERSON (2015, p. 52)
Dentre esses, cerca de 7 mil passaram pela Tríplice Fronteira Brasil,
Colômbia e Peru entre 2010 e 2013 e, atualmente, seriam entre 35 mil a 40 mil no
Brasil.
A trajetória mais utilizada pelos haitianos para chegar ao Brasil, foi por via
aérea partindo de Porto Príncipe, fazendo escala na República Dominicana e no
Panamá. Da Cidade do Panamá alguns vão para Quito (Equador) e outros vão para
Lima (Peru)3, até então estes países não exigiam vistos para os haitianos facilitando
a sua entrada. FARIA (2013)
O Brasil é um dos países com o maior índice de aprovações no quesito
refúgio. E foi devido a esta facilidade e acolhimento que eles se espalharam por todo
Brasil principalmente na região sul do país.
O mapa abaixo mostra o número de haitianos registrados em algum trabalho
formal ao longo do ano de 2014. Vale ressaltar ainda que, existem muitos outros que
estão de forma irregular no país, ou ainda aqueles que estão trabalhando na
informalidade.

3
O Peru passou a exigir o visto para haitianos somente em 2012. (FARIA, 2013, p. 86)
Figura 2 – Haitianos no Brasil

Fonte: Página FGV DAPP4

4
Disponível em:< http://dapp.fgv.br/haitianos-no-brasil-hipoteses-sobre-distribuicao-espacial-dos-
imigrantes-pelo-territorio-brasileiro/.. Acesso em 20 de out. 2018.
E devido esta demanda, o Brasil principalmente a região sul do país precisou
reavaliar suas políticas para atender esta população. Embora sabemos que o
terceiro setor tem se “responsabilizado” no acolhimento e encaminhamentos destes
imigrantes.
Observando que os haitianos em situação regular no país dispõem dos
mesmos direitos que os brasileiros, inclusive a educação na qualidade de política
pública, é necessário verificar como o Estado tem planejado e executado ações a
favor das suas necessidades e singularidades. Pois “Se a sociedade civil precisa
interferir/colaborar naquilo que é obrigação do Estado, talvez algo não esteja sendo
feito ou funcionando adequadamente.” (Giacomini, 2017, p.24)
No Brasil as políticas públicas voltadas ao imigrante desde a constituição de
1934 vêm sofrendo algumas alterações, onde institui o sistema de cotas, que
impede a aglomeração de imigrantes no território nacional. Na Constituição de 1937
expande as proibições migratórias, tendo a União o poder de legislar sobre
migração, podendo limitar certas etnias ou nacionalidades.
Lembra (Giacomini, 2017, p.84) que, “Após a II Guerra Mundial, o governo
brasileiro passa a flexibilizar a política migratória em busca de mão de obra e
também para acolher refugiados e deslocados dessa guerra”.
Posteriormente, temos o Decreto-Lei nº 941 de 13/10/1969 e a Lei nº 6.815
de 19/08/1980 (Estatuto do Estrangeiro), que define a situação jurídica do
estrangeiro no Brasil, cria o Conselho Nacional de Imigração e dá outras
providências.
O Brasil faz parte da Convenção Internacional sobre o Estatuto dos
refugiados de 1951 e do Protocolo de 1967, em 2013 firmaram um Acordo de
Cooperação Técnica para produzir, e contribuir com políticas públicas vinculadas ao
tema. O Estatuto criou o Conselho Nacional de Imigração (CNIg) que é responsável
pela política de migração Laboral. E a Lei 9.474/97 – Essa lei instituiu as normas
aplicáveis aos refugiados e aos solicitantes de refúgio no Brasil e criou o Conselho
Nacional de Refugiados (CONARE) órgão que é presidido pelo Ministério da Justiça
e integrado pelo Itamaraty (que exerce a Vice-Presidência), pelos Ministérios da
Saúde, Educação e Trabalho e Emprego, pela Polícia Federal e por organizações
não-governamentais dedicadas a atividades de assistência: o Instituto Migrações e
Direitos Humanos (IMDH) e as Cáritas Arquidiocesanas. (PORTAL LEGISLAÇÃO,
2018)
Após 2008 o Brasil passa por alterações de suas políticas públicas voltadas
aos imigrantes, inclusive com práticas de órgãos federais. São lançados os Projetos
de Lei, PL 5.655 de 2009 (enviado ao Congresso pelo Ministério da Justiça) que
dispõe sobre o ingresso, permanência e saída de estrangeiros no território nacional;
e o PLS - Projeto de Lei do Senado nº 288 de 2013 (Senador Aloysio Nunes) institui
a Lei de Migração e dispõe sobre os direitos e deveres do migrante e do visitante,
regulando a sua entrada e estada no país.(Giacomini, 2017)
A lei 288/2013 prevê que o imigrante:

Uma vez estabelecido, o imigrante passa a ser dotado de vários direitos:


igualdade de tratamento e de oportunidade; integração no trabalho e na
sociedade brasileira mediante política pública específica; processo
igualitário e livre aos serviços sociais, bens públicos, saúde, educação,
justiça, trabalho, moradia, serviço bancário, emprego e previdência social,
nos termos constitucionais; promoção e difusão dos seus direitos,
liberdades, garantias e obrigações. (BRASIL, PLS 288/13, p.39) grifos do
autor.

Com o PLS 288/13 há uma ampliação sobre os direitos e garantias dos


migrantes, contribuindo inclusive para a inserção social dos mesmos. “Sua
aprovação representa uma grande conquista principalmente para as comunidades
de migrantes e refugiados residentes no Brasil.” (Giacomini, 2017 p. 88)
As leis e decretos acima citado são particularmente num âmbito geral, mas
cada estado e município também implementam e organizam suas políticas internas
a fim de atender as particularidades de cada região, sanando então com as
necessidades dos migrantes, refugiados e apátridas.

4.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DO REFUGIADO NO BRASIL

O refúgio no Brasil teve impulso no decorrer da Segunda Guerra Mundial com


a vinda de Europeus deslocados pela guerra, em torno de 19.000 pessoas,
posteriormente em 1940 com a vinda de 50.000 judeus. Mas muitas dessas pessoas
não entraram no país como refugiados, por causa de perseguições políticas e
religiosas. Aos que prosseguiram com o processo de abrigo, seguiram de acordo
com a Convenção de 1951 (PAIVA, 2009).
A legislação no contexto internacional foi adotada plenamente pelo Brasil,
com sua participação ativa na Declaração Universal dos Direitos Humanos, e com a
assinatura, ratificação e promulgação da Convenção do Estatuto dos Refugiados de
1951, e seu Protocolo de 1967 (PAIVA, 2009).
O Brasil acolheu refugiados vindos do Angola, Irã e Vietnã na década de 70 a
90, perseguidos politicamente e religiosamente em seus países. Através destes e
outros acolhimentos de refúgio, o ordenamento jurídico começou a adaptar a matéria
dos refugiados, com eventos históricos marcantes, como a aprovação pelo CONARE
em 26 de maio de 1999, que regulamentou a estadia provisória no Brasil ao
requerente, autorizando conjunto a emissão da Carteira de Trabalho Provisória,
permitindo trabalhar até que se regularizem, comprometendo o estado brasileiro em
atuar profundamente nesse assunto (BARRETO, 2011).
Barreto (2011) também explica que o processo de redemocratização no Brasil
propiciou um aumento no fluxo de refugiados ao nosso país no início dos anos 80:

Chegam ao país milhares de angolanos em razão da guerra civil em Angola.


Em 1982, a presença do Acnur foi oficialmente aceita no país. Porém, como
o Brasil, ao aderir à Convenção de 1951, assumiu o dispositivo da reserva
geográfica, considerava como refugiados apenas os refugiados europeus, O
Acnur, então, inicia diálogo com o governo brasileiro no sentido de buscar a
suspensão dessa reserva geográfica, permitindo que todos os refugiados de
qualquer parte do mundo fossem assim recebidos (BARRETO, 2011, p. 18).

Em 1987, o Conselho Nacional de Imigração editou a Resolução n° 17 e


através desse ato pôde receber estrangeiros temporários no país, não como
refugiados, mas como cidadãos vítimas de perseguições relacionadas à ditadura
atuante em seus países de origem (BARRETO, 2011).
Ainda segundo o mesmo autor, em 1989, através do Decreto n° 98.602, o
Brasil levantou sua reserva geográfica e aderiu totalmente à Declaração de
Cartagena, que possibilitou ao nosso país receber um número maior de refugiados,
independente de seus países de origem, e em 1991, estando o Brasil em uma nova
fase de estabilidade política, o Ministério da Justiça editou a portaria interministerial
n° 394, com o dispositivo jurídico de proteção aos refugiados com a finalidade de
estabelecer um dinamismo processual para as solicitações e concessões de refúgio.

4.3 OS DIREITOS DOS REFUGIADOS E SOLICITANTES DE REFÚGIO NO BRASIL

O Brasil foi o primeiro país latino-americano a desenvolver uma legislação


específica para a proteção dos refugiados, além de designar um órgão nacional para
fornecer proteção e desenvolver mecanismos para regulamentar o status do
refugiado no país (ACNUR, 2010).
A Constituição de 1988, em seu art 1°, inciso III assegura a dignidade da
pessoa humana como um direito de maior hierarquia e “valor-guia”, que sobressai os
direitos fundamentais e toda a legislação brasileira, já o art. 5° da nossa Constituição
dispõe sobre a igualdade de direitos entre brasileiros e estrangeiros: “Art. 5º: Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. ” (BRASIL, 1988).
Ressalta-se assim a importância da dignidade humana e da igualdade entre
os indivíduos acima de qualquer designação de raça, sexo ou nacionalidade, o que
corrobora com a ideia de que o refugiado deve gozar dos mesmos direitos humanos
que recebe o brasileiro ou qualquer estrangeiro legalizado no país, mesmo não
estando em seu país de origem.
De acordo com o ACNUR (2016), os direitos básicos para qualquer refugiado
são a liberdade de pensamento, o direito ao deslocamento e a não sujeição a
tratamentos cruéis e degradantes. Seus direitos econômicos e sociais são o acesso
a serviços públicos, de saúde e educação, além do direito ao trabalho e de liberdade
de culto. Todos estes direitos são relativos à integração do refugiado à sociedade
brasileira e devem ser priorizados para que haja a agregação destes indivíduos à
nossa coletividade.
São também direitos dos refugiados segundo o ACNUR (2016): - Direito a não
devolução ao seu país ou expulsão para outro território que o coloque em risco ou
faça ser violado seus direitos humanos; Acompanhar seu processo de
reconhecimento como refugiado, sem ser assistido por um advogado e
gratuitamente; não ser punido e nem ter os familiares repreendidos por entrarem
ilegalmente no país; direito à reunião familiar que conceda o direito de extensão da
situação de refugiado para os familiares que dependam financeiramente do mesmo;
liberdade em escolher em qual lugar residirá em território nacional; permanência no
Brasil após quatro anos de vivência no país; melhor acesso ao reconhecimento de
diplomas e certificados com vistas a facilitar a integração dos migrantes através de
oportunidades iguais a todos.
Os direitos supracitados cabem a todos os refugiados, sem nenhuma
distinção.

4.4 A LEI N° 9.474/97

A Lei n° 9.474/97 foi criada com bases no Programa Nacional de Direitos


Humanos e idealizada pelos representantes da ACNUR (Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Refugiados) e do governo nacional. O projeto de lei foi
encaminhado ao Congresso Nacional no final do ano de 1996 e seguiu as definições
da Convenção de 51 e Protocolo de 67, sendo antes vislumbrado pelas Comissões
de Direitos Humanos, Relações Exteriores e pela Constituição e Justiça (JUBILUT,
2007).
A referida lei também deu origem ao Comitê Nacional para Refugiados
(CONARE) que objetiva coordenar todas as ações ligadas aos refugiados
priorizando sua proteção, dando assistência em território nacional os apoiando
juridicamente no que for necessário, este Comitê é descrito como um órgão
interministerial presidido pelo Ministério da Justiça e ligado a outros ministérios como
o da Saúde, Ministério da Educação, Ministério das Relações Exteriores, Ministério
do Trabalho e Emprego e Departamento da Polícia Federal (BARRETO, 2010).
Sobre o CONARE e suas competências, o art. 12° da Lei n° 9.474/97 e seus
incisos assim explanam:

Art. 12. Compete ao CONARE, em consonância com a Convenção sobre o


Estatuto dos Refugiados de 1951, com o Protocolo sobre o Estatuto dos
Refugiados de 1967 e com as demais fontes de direito internacional dos
refugiados: I - analisar o pedido e declarar o reconhecimento, em primeira
instância, da condição de refugiado; II - decidir a cessação, em primeira
instância, ex officio ou mediante requerimento das autoridades
competentes, da condição de refugiado; III - determinar a perda, em
primeira instância, da condição de refugiado; IV - orientar e coordenar as
ações necessárias à eficácia da proteção, assistência e apoio jurídico aos
refugiados; V - aprovar instruções normativas esclarecedoras à execução
desta Lei (BRASIL, 1997).

Os princípios da dignidade da pessoa humana serviram como base para a


estratificação da lei e esta jurisprudência foi um marco da proteção dos migrantes
refugiados no Brasil, garantindo direitos e estipulando deveres para estes
estrangeiros e para o Estado, que passou a responder por eles e dar proteções que
até então não existiam:

Art. 5º O refugiado gozará de direitos e estará sujeito aos deveres dos


estrangeiros no Brasil, ao disposto nesta Lei, na Convenção sobre o
Estatuto dos Refugiados de 1951 e no Protocolo sobre o Estatuto dos
Refugiados de 1967, cabendo-lhe a obrigação de acatar as leis,
regulamentos e providências destinados à manutenção da ordem pública
(BRASIL, 1997).

A Lei n° 9.474/97, que atua juntamente com a Sociedade Civil e o ACNUR,


determina o molde do processo administrativo e dá ao refugiado o status adequado
no ordenamento jurídico brasileiro (JUBILUT, 2007).

A Lei 9.474/97, além de ser um avanço na internalização do Direito


Internacional dos Refugiados, constituiu-se também numa política pública
de amplo significado nesta causa. Com o amadurecimento da temática e o
debate sobre a importância do acesso dos refugiados à educação, ao
trabalho, à saúde, à moradia, ao lazer, o Brasil vem reconhecendo, em
termos legais e teóricos, a necessidade de implementação de políticas
públicas específicas e a possibilidade de acesso dos refugiados às políticas
existentes, ao amparo, como já dissemos, da disposição constitucional de
tratamento paritário entre nacionais e estrangeiros residentes no país [...]
(CARLET; MILESI, 2006, p. 134).

Para que seja dado o amparo adequado ao refugiado, antes será necessário
que ele seja reconhecido perante as adequações de sua condição e assim justificar
o motivo de sua migração ao Brasil:

Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que: I - devido a


fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu
país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de
tal país; [...] III - devido a grave e generalizada violação de direitos
humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio
em outro país (BRASIL, 1997).

O estrangeiro que adentrar o território nacional deverá manifestar a vontade


de ser reconhecido e terá que procurar a autoridade que assim o faça não podendo,
em hipótese alguma, ser deportado, no entanto, se o refugiado preferir não se
manifestar e sua permanência no país for reconhecida como irregular, a ele não
poderá ser negado o refúgio nacional:

Art. 7º O estrangeiro que chegar ao território nacional poderá expressar sua


vontade de solicitar reconhecimento como refugiado a qualquer autoridade
migratória que se encontre na fronteira, a qual lhe proporcionará as
informações necessárias quanto ao procedimento cabível. - § 1º Em
hipótese alguma será efetuada sua deportação para fronteira de território
em que sua vida ou liberdade esteja ameaçada, em virtude de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opinião política.

Art. 8º O ingresso irregular no território nacional não constitui impedimento


para o estrangeiro solicitar refúgio às autoridades competentes (BRASIL,
1997).

Mesmo que o estrangeiro se instale de maneira irregular em território


nacional, a ele cabe o direito de solicitar refúgio caso seja de sua vontade.

4.5 A NOVA LEI DE MIGRAÇÃO BRASILEIRA N° 13.445/17

A.......................................

4.6 OS HAITIANOS NO PARANÁ


No estado do Paraná possui um variado grupo de imigrantes de 144
nacionalidades, só de haitianos há 5 mil, onde 2,5 mil residem em Curitiba. As
cidades paranaenses que mais recebem esses imigrantes são: Londrina, Maringá,
Paranavaí, Cascavel, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Ponta Grossa e Pato Branco.
(Paraná - 2014)

Um dos maiores atrativos aos imigrantes na vinda para o Paraná, são os


grandes frigoríficos bem como a agroindústria, visto que o Paraná é conhecido como
um dos maiores produtores e abatedouros de carnes. (IPARDES, 2015)
E devido a esta demanda no estado, gerou-se a necessidade da criação de
políticas públicas, promovendo o acolhimento e a garantia de direitos humanos aos
migrantes, refugiados e apátridas do Paraná, e é a Secretaria de Estado da Justiça,
que garante a Cidadania e Direitos Humanos aos imigrantes que optaram por residir
neste Estado. Alguns Estados Brasileiros criaram planos, convenções, comitês,
decretos e leis, atendendo aos direitos deste público,
As ações e atividades do Estado são realizadas de forma integrada e
intersetorial com as diversas políticas públicas e órgãos de defesa de direitos, sendo
responsável pela implementação das atividades, as seguintes Secretarias de
Estado:

* Da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos (SEJU);


* Da Família e Desenvolvimento Social (SEDS);
* Da Educação (SEED);
* Da Saúde (SESA);
* Da Administração e Previdência (SEAP).

No Paraná foram criados o Departamento de Direitos Humanos e Cidadania


(DEDIHC) – 2012; Comitê Estadual para Refugiados e Migrantes (CERM) - 2012;
Plano Estadual de Políticas Públicas para a promoção e defesa dos Direitos de
Refugiados, Migrantes e Apátridas – 2014 e o Decreto 5232 de 4 de outubro de –
2016.
O objetivo geral do Plano é proporcionar meios para a construção e
implementação de políticas públicas voltadas à proteção e promoção dos direitos da
população de Migrantes, Refugiados e Apátridas do Paraná.
Através destes objetivos, estruturam-se os eixos de acordo com a temática
das ações propostas. No Eixo 1 – Educação, contempla ações, metas, indicadores,
parcerias, prazo e orçamento, conforme tabela abaixo:

AÇOES METAS INDICADORES PARCERIAS PRAZO ORÇAMENTO

1. Articular a 1.1 Incluir a temática Realização de Comitê Estadual para Contínuo 2015-2018
inserção da temática da Migração, Refúgio seminários, Refugiados e Migrantes do
da Migração, e Apatridia de forma cursos e Paraná (CERM), Instituições de
Refúgio e Apatridia transversal nos palestras. Ensino Superior (IES Federais e
em espaços currículos estaduais e Estaduais), Secretaria de Estado
educativos e de municipais. de Educação (SEED),
formação. 1.2 Estabelecer Universidade Tecnológica
parcerias com Federal do Paraná (UTPR),
universidades e Instituto Federal do Paraná
centros universitários (IFPR), Secretaria da Ciência,
que pesquisem o Tecnologia e Ensino Superior
tema. (SETI).
1.3 Realizar
seminários, palestras
e cursos sobre a
temática da Migração,
Refúgio e Apatridia.
2. Desenvolver Construir parcerias Cursos de Língua Comitê Estadual para Contínuo 2015-2018
programas de com entidades que Portuguesa. Refugiados e Migrantes do
Ensino de Língua promovam o Ensino Paraná (CERM), Secretaria de
Portuguesa para de Língua Portuguesa Estado de Educação (SEED),
Migrantes, para Migrantes, Instituições de Ensino Superior
Refugiados e Refugiados e (público e privado), Secretaria da
Apátridas. Apátridas. Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior (SETI).

3. Estimular e Construir parcerias Curso de Língua Comitê Estadual para Contínuo 2015-2018
desenvolver com entidades que Estrangeira. Refugiados e Migrantes do
programas de promovam o Ensino Paraná (CERM), Secretaria de
Ensino de Língua de Língua Estrangeira Estado de Educação (SEED),
Estrangeira para para a equipe de Instituições de Ensino Superior
funcionários e funcionários dos (público e privado), Secretaria da
agentes dos órgãos órgãos públicos que Ciência, Tecnologia e Ensino
públicos que atendem as Superior (SETI).
atendem as comunidades de
comunidades de Migrantes, Refugiados
Migrantes, e Apátridas, que não
Refugiados e tenham fluência na
Apátridas. língua do público
atendido.

4. Garantir o pleno Realizar análise dos Acolhimento de Secretaria de Estado de Contínuo 2015-2018
acesso para currículos para 100% dos Educação (SEED), Secretaria da
Migrantes, reinserção do solicitantes de Ciência, Tecnologia e Ensino
Refugiado e estrangeiro na ingresso. Superior (SETI), Universidade
Apátridas à Educação Básica e Federal do Paraná (UFPR),
educação em todos Superior. Universidade Tecnológica
os níveis e Federal do Paraná

Fonte: Paraná (2014)

Nos deteremos ao eixo da educação por ser a nossa maior preocupação,


neste quadro percebe-se que a preocupação.
No que tange as políticas públicas, O Plano Estadual é o documento que
consente sobre a educação e ressalta a importância da implementação das Políticas
Públicas para que os direitos dos refugiados, migrantes e apátridas sejam
cumpridos, além do enfrentamento à xenofobia e à exploração do trabalho desse
público, promovendo o respeito aos indivíduos e possibilitando melhores condições
para o desenvolvimento da economia local e a promoção da circulação de bens e
recursos. (PARANÁ, 2014)

Como lembra Giacomini (2017), o plano e outras regulamentações a favor


dos Migrantes e Refugiados também é de interesse do Estado e por sua vez não se
caracteriza uma gestão temporária, “possuindo caráter estrutural, sistêmico e
organizacional”.

5 A EDUCAÇÃO VOLTADA AOS HAITIANOS NO BRASIL: PESQUISA

5.1 AS OPÇÕES DE ENSINO

No Brasil há duas modalidades que contemplam o ensino de Língua


Portuguesa, onde imigrantes e estrangeiros podem se apropriar da nossa língua
oficial. Estas são classificadas como ensino formal e ensino não formal.
No ensino formal temos o Centro de Línguas Estrangeiras Modernas-
CELEM e a Educação de Jovens e adultos – EJA. No ensino não formal temos as
instituições filantrópicas, projetos estaduais e municipais, grupos culturais e
religiosos, cooperativas, corporações, dentre outros.
Hoje no Brasil devido ao processo migratório em grande escala, o poder
público, privado e religioso tem se manifestado com programas de curto e médio
prazo para atender a demanda, principalmente no que diz respeito ao processo
educativo de crianças, jovens e adultos imigrantes.
No estado do Paraná estes programas têm se consolidado principalmente
em escolas, instituições universitárias e salões paroquiais, a fim de ajudar os
imigrantes que buscam o conhecimento de uma língua adicional. Como exemplo
destes projetos, tem o ensino de Língua Portuguesa para crianças na Universidade
Estadual de Londrina, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de
Cambé, o projeto de extensão foi criado em 2017, e funciona no contraturno do
período regular da escola, é ministrado pela estagiária Flávia Valéria Bresciani,
Bacharelado em Língua e Cultura Francesas da UEL.
Giacomini (2017) observa que a aprendizagem de uma “linguagem adicional”
também acontece fora dos espaços formais escolares e, esta é construída
coletivamente com a colaboração de diferentes atores sociais.
Porém na educação não formal percebe-se um ensino com o perfil de
acordo com o caráter ideológico de cada instituição, exemplo disto, é o ensino da
Língua Portuguesa nas instalações dos salões paroquiais onde o ensino se volta
para as questões religiosas; assim como nas empresas o perfil do ensino é
tecnicista, instrumentalizando o estrangeiro para o exercício do trabalho. Como
observado por Giacomini (2017, p. 24) “[...] a busca pelas diferentes modalidades

pode indicar uma diversidade de interesses daqueles que as procuram”.


Discutir sobre aprendizagem e o saber implica participar de um amplo
debate sobre a produção de conhecimento na contemporaneidade. (Gohn 2014)
Esta discussão acontece sob a observação das transformações sociais
devido à crise econômico-financeira no mundo globalizado, as inovações
socioculturais e as crescentes mudanças no campo das tecnologias. Cientistas de
diferentes áreas reconhecem que o conhecimento é uma ferramenta fundamental
para orientar a existência e conduzir a humanidade. (Gohn 2014)
No entanto para o ensino da Língua Portuguesa percebe-se uma inabilidade,
pois ou utiliza-se uma pedagogia tradicional, com apostilas retiradas da internet, ou
o professor não teve em sua formação elementos necessários para o ensino da
Língua Portuguesa para imigrantes e estrangeiros, limitando-se a uma aula
monótona e desestimulante.
Os desafios no processo de ensino-aprendizagem vão desde, os
professores que não dominam o crioulo haitiano e/ou língua francesa; o cansaço dos
alunos devido ao trabalho realizado nas empresas; o modo de pensar em Língua
Portuguesa que é diferente do modo de pensar na sua língua materna; além de
dificuldades em construções próprias da Língua Portuguesa referente à pronúncia e
gramática. (Giacomini, 2017)
Além das dificuldades físicas, conceituais e institucionais no processo de
ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa temos as dificuldades legais, sendo
que para o imigrante e o estrangeiro tenha acesso às instituições regulares de
ensino, precisam estar devidamente documentados, porém este processo é
extremamente demorado e burocrático.

5.2 O PERFIL DOS IMIGRANTES APRENDIZES

A.......................................

5.3 O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA

A.......................................
5.4 O CELEM

É muito importante que se conheça o CELEM, uma vez que ele é o Centro de
Línguas Estrangeiras e Modernas /CEP que possui estrutura pedagógica aos
docentes que queiram ofertar o ensino de línguas àqueles que necessitem aprender
o idioma português no Brasil.
Criado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED no ano de
1986 o Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – Celem, dispõe de cursos que
são gratuitos, não sendo cobradas quaisquer taxas e/ou mensalidades.
O Celem tem como objetivo o ensino plurilíngue de cursos básicos e de
aprimoramento, promovendo a aprendizagem de Língua Estrangeira Moderna (LEM)
por meio do discurso, a fim de desenvolver a compreensão de valores sociais,
adquirindo conhecimentos sobre outras culturas.
Seu público alvo são os alunos da Rede Pública Estadual que estão
matriculados no Ensino Fundamental (anos finais), no Ensino Médio, Educação
Profissional e na Educação de Jovens e Adultos (EJA), aos professores e
funcionários que estejam no efetivo exercício de suas funções na rede estadual e
também à comunidade.
Em Londrina e região há oferta de cursos básicos e aprimoramento, no ensino
de línguas estrangeiras modernas (LEM), funcionando na rede estadual de ensino,
os idiomas contemplados nesta modalidade são: Alemão, Espanhol, Francês, Inglês,
Italiano, Japonês, Mandarim, Polonês e Ucraniano. São ainda contemplados o
português para falantes de outras línguas (Pfol) e Língua Brasileira de Sinais
(Libras).
O Curso tem a carga horária semanal de 04 (quatro) horas/aula de 50
(cinquenta) minutos, e de acordo com cada instituição as aulas poderão ser uma ou
duas vezes por semana.
As instituições mantenedora do Celem são: a Secretaria de Estado da
Educação do Paraná (SEED-PR); Superintendência da Educação (SUED); O
departamento de Educação Básica (DEB); A coordenação do Centro de Línguas
Estrangeiras Modernas (CELEM/DEB/SEED).
A legislação que rege o Celem é a resolução nº 3904/2008 da SEED-PR (de
27/08/2008) que regulamenta e organiza o CELEM, e a Instrução Normativa nº
10/2013 SUED/SEED-PR de 17/12/2013 que define os critérios para assegurar a
implantação e funcionamento dos Cursos do CELEM.
Devido a demanda e a necessidade de acolher os imigrantes, Pfol foi
implantado em 2018,
O CELEM tem como:

As turmas do curso de Português para Falantes de Outras Línguas poderão


ser formadas conforme disposto no item 6.2, desta Instrução, com número
mínimo de 10 e máximo de 25 estudantes.
13.1 Com exceção do curso de Português para Falantes de Outras Línguas,
nos cursos de LEM e Libras, será obrigatória a frequência mínima de 75%
sobre a carga horária total do curso.
17.5 Aos concluintes do curso de Português para Falantes de Outras
Línguas será expedida certificação, desde que apresentem frequência igual
ou superior a 75% do total da carga horária obrigatória do curso e média
igual ou superior a 6,0. 17.6 O NRE deverá enviar ao CELEM/DEB/SEED a
relação dos concluintes do curso de Português para Falantes de Outras
Línguas. (PARANÁ, 2017)

5.5 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA – DEFINIR O TIPO DA PESQUISA


(ENTREVISTAS OU DIÁLOGOS) PARA QUE SEJA CORRIGIDO E
DESENVOLVIDO ESTE TÍTULO

A.......................................
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