Residência Pedagógica na Licenciatura Intercultural Indígena da

Universidade Federal de Rondônia: Estágio para Ensinar Ciências da

Natureza e Matemática
Pedagogical Residency at the Indigenous Intercultural Licentiate of the Federal University of
Rondônia: Internship to Teach Natural Sciences and Mathematics

Carma Maria Martini

Universidade Federal de Rondônia
carmamartini@unir.br
https://orcid.org/0000-0001-9068-4220
Eixo 18 - Formação inicial de professores que ensinam matemática

Resumo
O presente trabalho tem como objetivo apresentar o relato das experiências vivenciadas na orientação da
residência pedagógica de estudantes indígenas da Licenciatura em Educação Básica Intercultural da
Universidade Federal de Rondônia (UNIR), campus Ji-Paraná, com um recorte específico para a área de
Ciências da Natureza e da Matemática Intercultura. O Programa Residência Pedagógica (PRP) integra a
política nacional de formação de professores e visa proporcionar o aperfeiçoamento da formação prática
nos cursos de licenciatura, promovendo a imersão dos/as licenciandos/as nas escolas de educação básica, a
partir da segunda metade do curso. A seleção para participar do projeto foi realizada por meio de edital
específico e, entre os/as vinte e quatro estudantes selecionados, oito eram da área específica de Ciências da
Natureza e da Matemática. Os/as quais desenvolveram uma carga horária mínima de quatrocentas e
quarenta horas de atividades de estágio nas escolas de suas respectivas comunidades, com o aporte da
etnociência e da etnomatemática. Infelizmente o edital nº 06/2018/Capes não levava em conta as
especificidades das Licenciaturas Interculturais Indígenas, negligenciando o direito dos/as professores/as
indígenas a uma formação diferencia. Apesar disso, consideramos que o objetivo do projeto em contribuir
para o aperfeiçoamento do estágio supervisionado curricular do curso foi alcançado, visto que possibilitou
aos/às licenciandos/as a realização de um plano de atividades pautado pelos princípios que regem a
educação escolar indígena e realizaram as atividades nas escolas de suas comunidades, seus futuros campos
de trabalho.
Palavras-chave: Estágio curricular supervisionado; Programa Residência Pedagógica; formação de
docentes indígenas; Ciências da Natureza; Matemática.

Abstract
The present work aims to present the report of the experiences lived in the orientation of the pedagogical
residency of indigenous students of the Degree in Intercultural Basic Education at the Federal University
of Rondônia (UNIR), Ji-Paraná campus, with a specific focus for the area of Sciences of Nature and
Intercultural Mathematics. The Pedagogical Residency Program (PRP) is part of the national policy for
teacher training and aims to provide the improvement of practical training in undergraduate courses,
promoting the immersion of graduates in basic education schools, from the second half of the course.
Among the specific areas of the Degree in Intercultural Basic Education at UNIR, eight indigenous students
were selected to participate in the project, according to criteria established in the public notice, who
developed a minimum workload of four hundred and forty hours of activities of internship in the schools
of their respective communities, with the contribution of ethnoscience and ethnomathematics.
Unfortunately, public notice nº 06/2018/Capes did not take into account the specificities of Indigenous
Intercultural Degrees, neglecting the right of indigenous teachers to a differentiated training. Despite this,
we consider that the project's objective of contributing to the improvement of the supervised curricular
internship of the course was achieved, since it enabled the undergraduates to carry out an activity plan
guided by the principles that govern indigenous school education in schools. of their respective
communities, their future fields of work.
Keywords: Supervised internship; Pedagogical Residency Program; training indigenous teachers; Natural
Sciences; Math.

Introdução
Neste texto, apresentamos um relato das experiências vivenciadas na orientação
da residência pedagógica de estudantes indígenas na Licenciatura em Educação Básica
Intercultural da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), com um recorte específico
para a área de Ciências da Natureza e da Matemática Intercultural. A finalidade da
residência pedagógica é proporcionar aos/às futuros/as professores/as indígenas uma
imersão planejada e sistemática nas escolas de suas comunidades, visando a vivência e a
experimentação de situações concretas do cotidiano escolar que articulam teoria e prática
para um melhor entendimento sobre a docência. Vale ressaltar que a experiência aqui
relatada refere-se à primeira edição do Programa Residência Pedagógica e teve duração
de dezoito meses (agosto/2018 a janeiro/2020).
A Licenciatura em Educação Básica Intercultural da UNIR, campus Ji-Paraná, tem
por finalidade formar e habilitar docentes indígenas para lecionar em escolas indígenas
de educação básica, com vistas a atender a demanda dos mais de trinta povos que habitam
o Estado de Rondônia e região (UNIR, 2008). O curso tem duração de cinco anos, sendo
que os três primeiros compreendem o Ciclo de Formação Básica, o qual habilita para
atuar no ensino fundamental e, os dois últimos, o Ciclo de Formação Específica, habilita
para atuar nas áreas específicas do ensino médio, de acordo com a ênfase escolhida pelo/a
estudante, a saber: Educação Escolar Intercultural no Ensino Fundamental e Gestão
Escolar, Ciências da Linguagem Intercultural, Ciências da Natureza e da Matemática
Intercultural, Ciências da Sociedade Intercultural (UNIR, 2008).
O curso é voltado exclusivamente para os/as indígenas – a maioria deles/as
aldeados/as – que apresentam como principal característica a diversidade étnica,
linguística e cultural. A dinâmica de funcionamento da licenciatura é diferenciada e as
aulas presenciais ocorrem em etapas semestrais (Tempo Universidade), com regime
intensivo de estudos e com duração de nove semanas, o que demanda o deslocamento
dos/as estudantes indígenas de suas comunidades ao campus da UNIR de Ji-Paraná. Nos
períodos entre as etapas de aulas presenciais (Tempo Comunidade), os/as estudantes
retornam às suas aldeias e lá desenvolvem atividades com a orientação e o
acompanhamento dos/as professores/as do curso.
Orientar a primeira edição do Programa Residência Pedagógica na Licenciatura
em Educação Básica Intercultural da UNIR foi uma experiência desafiadora e, durante
todo o processo, procuramos garantir aos/às residentes uma formação pautada nos
princípios que regem a educação escolar indígena estabelecidos em lei: a
interculturalidade, o bilinguismo/multilinguismo, a especificidade e respeito à
diversidade. As atividades foram desenvolvidas tanto no campus da UNIR de Ji-Paraná
(Tempo Universidade), quanto nas escolas das comunidades indígenas (Tempo
Comunidade), conforme relataremos a seguir.

O Programa Residência Pedagógica

O Programa de Residência Pedagógica (PRP) integra a política nacional de
formação de professores e tem por objetivo proporcionar o aperfeiçoamento da formação
prática nos cursos de formação de docentes em nível superior (licenciaturas), promovendo
a imersão dos/as licenciandos/as na escolas de educação básica, a partir da segunda
metade do curso.
O primeiro edital do PRP foi lançado em 2018 e as Instituições de Ensino Superior
(IES) participantes tiveram seus projetos institucionais selecionadas por meio de edital
público nacional. Tal edital previa uma carga horária de quatrocentas e quarenta horas,
distribuídas da seguinte forma: sessenta hora para ambientação do/a residente na escola,
trezentas e vinte horas para imersão do/a residente na escola; vinte horas para a elaboração
do relatório final; quarenta horas para avaliação e socialização dos resultados obtidos.
O desenvolvimento do programa ocorre em regime de colaboração, mediante
acordo de cooperação firmado entre o governo federal; por meio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); Estados e Municípios, por meio
das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. O PRP concede bolsas na
modalidade Residente (discentes com matrícula ativa em curso de licenciatura que
tenham cursado o mínimo de 50% do curso); Coordenador Institucional (docente da IES
responsável pelo projeto institucional de Residência Pedagógica); Docente Orientador/a
(docente responsável pela orientação do estágio dos/as residentes estabelecendo a relação
entre teoria e prática); Preceptor/a (professor/a da escola de educação básica responsável
por acompanhar os/as residentes na escola).
 A UNIR participou do primeiro edital do PRP, tendo seu projeto institucional
aprovado. Para compor esse projeto foi realizado um processo seletivo interno em que os
cursos de licenciatura de todos os campi tiveram a oportunidade de participar. O
subprojeto da Licenciatura em Educação Básica Intercultural, campus de Ji-Paraná, foi
aprovado para compor o projeto institucional e contou com vinte e quatro bolsas para
Residentes, uma para Docente Orientador/a e três para Preceptores/as. Vale destacar que,
por meio da Resolução 526/CONSEA, de 09 de julho de 2018, foi feito um adendo ao
projeto pedagógico do curso reconhecendo as atividades referentes ao PRP, nos termos
da chamada pública do Edital nº 06/2018, como estágio curricular supervisionado (UNIR,
2018).

Vencendo os primeiros desafios

Foi realizado uma seleção, por meio de edital específico, para selecionar os/as
Residentes e os/as Preceptores/as para participar do PRP no âmbito da Licenciatura em
Educação Básica Intercultural. Dos/as vinte e quatro bolsistas selecionados/as, oito eram
da área específica de Ciências da Natureza e da Matemática Intercultural, conforme pode
ser observado no Quadro 1, a seguir.

Quadro 1: Relação dos/as residentes da Licenciatura em Educação Básica Intercultural,

área específica Ciências da Natureza e da Matemática Intercultural, por etnia, aldeia,
Terra Indígena e Município (Edital nº 06/2018/CAPES)
N. Etnia Aldeia Terra Indígena Município (RO)
1 Aikanã Nova Kwazá Kwazá do Rio São Pedro Parecis
2 Arara I’terap Igarapé Lourdes Ji-Paraná
3 Aricapú Ricardo Franco Rio Guaporé Guajará Mirim
4 Aruá Joaquim Sete de Setembro Cacoal
5 Cao Orowaje Sagarana Sagarana Guajará Mirim
6 Karitiana Central Karitiana Porto Velho
7 Puruborá Aperoí Puruborá* Seringueiras
8 Tupari Serrinha Rio Branco Alta Floresta D´Oeste
Fonte: Banco de dados da autora.
*
Terra indígena não demarcadas.

Embora o edital nº 06/2018/CAPES tenha passado por algumas alterações no

decorrer do processo para atender às demandas das Licenciaturas Interculturais Indígenas
e do Campo, de modo geral, os seus critérios foram pensados a partir das realidades das
licenciaturas que formam professores/as para atuar em contextos urbanos. Por diversas
vezes, expressamos a nossa preocupação à Coordenação Institucional do PRP e à Capes
sobre as dificuldades que enfrentaríamos para desenvolver o subprojeto nessas condições,
tendo em vista a dinâmica de funcionamento do nosso curso, as particularidades dos/as
estudantes atendidos e a realidade das escolas indígenas. Por exemplo, só havia a previsão
de bolsas para três preceptores/as, o que limitava, também, a três o número máximo de
escolas cadastradas para a realização das atividades. Esse número era insuficiente para o
nosso caso, considerando, o número de povos envolvidos, a vasta região geográfica
atendida, as dificuldades de deslocamento dos/as estudantes (especialmente nos períodos
chuvosos), as questões culturais e linguísticas1, os conflitos internos dos povos2, entre
outras coisas.
Infelizmente, nossas reivindicações para ampliar o número de bolsas para os/as
preceptores/as não foram atendidas. Diante desse impasse, o Departamento de Educação
Intercultural (DEINTER/UNIR) autorizou fracionar o número total de bolsas existentes e
convidar preceptores voluntários para que os/as estudantes selecionados pudessem
realizar as atividades de residência pedagógica nas escolas de suas comunidades. Tal
decisão foi comunicada à Coordenação Institucional do PRP e a qual autorizou o início
do desenvolvimento do projeto.

Desenvolvimento das atividades de residência pedagógica

Considerando a dinâmica de funcionamento do curso, aproveitamos as etapas de
aula presencial (Tempo Universidade) para preparar a equipe para participar do programa,
além de realizar planejamentos, orientações e atividades formativas. Assim, as atividades
práticas nas escolas indígenas foram realizadas nos períodos entre etapas (Tempo
Comunidade).
Após receber as devidas orientações, os/as residentes se apresentaram nas escolas
em suas respectivas comunidades e, acompanhados/as dos/as preceptores/as (bolsistas ou
voluntários), explicaram às comunidades os objetivos da residência pedagógica, assim
como elaboraram os planos de atividades de acordo com cada realidade. Destacamos a

1
A legislação educacional vigente no país garante aos povos indígenas uma educação escolar intercultural,
bilíngue/multilíngue, específica e diferenciada (BRASIL, 1988, 1996, 1998). Portanto, não é viável que
um/a residente da etnia Tupari realize a residência pedagógica em uma escola do povo Arara, por exemplo,
pois são povos com línguas e culturas distintas.
2
Os conflitos internos dos povos indígenas podem ser impedimentos para que um/a residente frequente a
escola da comunidade de seus desafetos, mesmo sendo da mesma etnia.
importância da participação das comunidades nesse processo, porque o “esforço de
projetar uma nova educação escolar indígena só será realmente concretizado com a
participação direta dos principais interessados - os povos indígenas, através de suas
comunidades educativas” (BRASIL, 1998, p. 24).
Após se ambientarem nas escolas, os/as residentes realizaram a observação e
participação das atividades didático-pedagógicas desenvolvidas pelos/as seus
respectivos/as preceptores/as. Segundo Freire (1996), por meio da observação o/a futuro/a
licenciado/a conhece a realidade da escola e da profissão docente, apura o seu olhar para
conseguir estabelecer relações entre teoria e prática, como também faz reflexões críticas.
Portanto, é uma atividade indispensável ao processo de formação docente.
Após realizar o devido planejamento, os/as residentes se dedicaram à regência e à
elaboração de materiais didáticos específicos. De acordo com Libâneo (2006, p. 222), o
planejamento da ação docente tem implicações sociais, consequentemente, têm uma
dimensão política. A ação de planejar não se reduz ao preenchimento de formulários, “é
uma atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas em ações
político-pedagógicas e tendo como referência permanente as situações didáticas
concretas” (LIBÂNEO, 2006, p. 222). A regência, por sua vez, é fundamental para o/a
licenciando/a estabelecer conexões entre teoria e prática, preparando-o/a para o exercício
efetivo da docência.
A produção de material didático está prevista nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Formação de Professores/as Indígenas (BRASIL, 2015) e no projeto
pedagógico do curso, tendo em vista a escassez desse tipo de material nas escolas
indígenas. Para tanto, é importante partir de pesquisas realizadas nas comunidades
indígenas, especialmente, com os mais velhos, e das experiências vividas pelos/as
professores/as em sala de aula. Diante disso, os cursos de formação de docentes indígenas
se constituem em espaços propícios para esse fim.
A regência foi realizada com o acompanhamento dos/as preceptores/as e com a
supervisão da docente orientadora, cada residente elaborou e colocou em prática um plano
de regência, tendo a obrigatoriedade de desenvolver pelo menos uma intervenção
pedagógica. Sendo assim, além de ministrar as aulas dos conteúdos curriculares, os/as
residentes planejaram e executaram intervenções pedagógicas de acordo com as
necessidades da escola e/ou das turmas, com aporte da etnociência e da etnomatemática.
O acompanhamento das atividades do subprojeto por parte da docente orientadora
foi realizado nas escolas de forma remota, via rádio, telefone, aplicativos de mensagens
e e-mail. Vale ressaltar que o acompanhamento presencial foi prejudicado por diversos
fatores, tais como: ter apenas uma única docente orientadora e envolver oito escolas
distribuídas em oito diferentes localidades, algumas em regiões de difícil acesso; a
ausência de recursos financeiros para custear as despesas de deslocamento, tampouco a
disponibilidade de veículo oficial com motorista para esse fim.
A socialização dos resultados do subprojeto ocorreu durante todo o processo,
tanto nas escolas quanto na universidade, com o objetivo de compartilhar os resultados,
as aprendizagens e as dificuldades encontradas no desenvolvimento das atividades. Para
tanto, realizamos rodas de conversa e comunicamos as ações do subprojeto nas reuniões
do Conselho do DEINTER/UNIR.
A avaliação do subprojeto foi realizada de forma contínua, por meio do
acompanhamento da execução das atividades, da realização de rodas de conversa e, ao
final do processo, por intermédio do preenchimento de fichas de avaliação. Além disso,
no período de 23 a 25 de outubro de 2019, ocorreu o seminário final com a participação
de toda a equipe, representantes de professores/as e lideranças indígenas, da universidade
e da comunidade em geral. Além de avaliar e socializar os resultados dos trabalhos
realizados, os/as residentes também tiveram a oportunidade de apresentar banners com
os relatos das experiências exitosas.
Por fim, os registros das atividades desenvolvidas pelos/as residentes foram
efetuados em fichas próprias, previamente elaboradas pela docente orientadora, bem
como por fotografias e vídeos. Esse material serviu de base à elaboração dos relatórios
individuais dos/as residentes, assim como do relatório final do subprojeto.

Considerações Finais
O PRP representa um avanço para as licenciaturas, tendo em vista que incentiva e
financia a realização de experiências inovadoras para o aperfeiçoamento do estágio
supervisionado curricular e, consequentemente, melhora a qualidade da formação
oferecida. Entretanto, ao que se refere às Licenciaturas Interculturais Indígenas,
consideramos preocupante não ter sido lançado um edital específico.
O fato de o PRP não reconhecer as particularidades e as complexidades das
Licenciaturas Interculturais dificultou a execução do subprojeto em questão. Foi
necessário adequar algumas regras, com o aval do DEINTER/UNIR, para permitir aos/às
residentes a realização das atividades nas escolas de suas respectivas comunidades, bem
como garantir o respeito às realidades particulares e aos projetos singulares das
comunidades indígenas. Acreditamos na necessidade de criar um PRP próprio para as
Licenciaturas Interculturais Indígenas, com regras que contemplem as diferentes
realidades dos cursos, aos moldes do extinto Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência para a Diversidade (PIBID Diversidade).
Apesar das dificuldades encontradas, avaliamos a experiência de forma positiva.
O subprojeto, da forma como foi executado, cumpriu com o seu objetivo e contribuiu para
o aperfeiçoamento do estágio supervisionado curricular do curso. Porém, ressaltamos a
necessidade de a Capes levar em conta a demanda das Licenciaturas Interculturais
Indígenas, assegurando aos/às docentes indígenas o direito a uma formação diferenciada,
conforme estabelece a legislação vigente no país.

Referências

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FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão: instrumentos metodológicos I. 2.
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